Dimensionamento das terças de cobertura:
Pré-dimensionamento:
Inicialmente é possível estabelecer uma relação entre a altura do perfil (d) e o vão da terça (L) a
fim de se ter uma estimativa da altura do perfil.
L L
d= a d=
40 60
Desse modo temos:
5000
d= =125 mm
40
5000
d= =83 , 33 mm
60
Portanto, o perfil deve ter uma altura entre 83,3 e 125 mm aproximadamente.
Análise estrutural das terças:
O primeiro passo para dimensionar as terças é determinar as cargas atuantes na cobertura.
Considerando o peso próprio (Peso próprio da terça + tirante+ telha), a sobrecarga e a carga de
vento referente ao coeficiente de pressão médio (Cpe).
PP:= 0,2 KN/m2
SC:= 0,25 kN/m2
V:= 1,4*0,24 = 0,336 kN/m2 sendo 0,24 KN/m^2 a carga da pressão dinâmica do vento retirada
da análise de ventos. Considerando α=9,1°
Utilizando a combinação de cargas no ELU, temos:
No eixo “x”, em KN/m:
Qx 1=( 1 , 4∗PP∗cos ( α ) +1 , 4∗SC∗cos ( α ) )∗1 , 5=0,9331
Qx 2=( 1, 4∗PP∗cos ( α ) +1 , 4∗SC∗cos ( α )−1 , 4∗0 , 6∗V )∗1 ,5=0,5097
Qx 3= ( 1∗PP∗cos ( α )−1 , 4∗V )∗1 ,5=−0,4094
Qx 4=( 1, 4∗PP∗cos ( α ) )∗1, 5=1,4147
No eixo “y”, em KN/m:
Q y 1=¿
Qy 2=¿
Qy 3=( 1∗PP∗sin ( α )) ¿∗1 ,5=0 , 0474
Segundo o item 2.2.1.4 da ABNT NBR 6120:1980, deve-se verificar para elementos como as
terças a sua resistência ao peso próprio somado a uma carga concentrada de 1 kN no ponto
mais desfavorável do elemento, que no caso da terça é o centro do vão.
Q y 4=( 1 , 4∗PP∗sin ( α ) )∗1 ,5+1=1,0664
Para o dimensionamento dos perfis das terças é necessário obter os diagramas de esforços
atuantes nos dois eixos de flexão dos mesmos.
Tabela 01 – Resumo de esforços nas terças para Q1, Q2, Q3 e Q4:
Mx (KNm) My (KNm) Cx (KN) Cy (KN)
Qx1 2,916 0 2,3328 0
Qy1 0 0,1 0 0,2
Qx2 1,593 0 1,2744 0
Qy2 0 0,1 0 0,2
Qx3 -1,2793 0 -1,0234 0
Qy3 0 0,018 0 0
Qx4 4,421 0 3,5368 0
Qy4 0 0,805 0 1,6
Além disso, para se obter uma redução nos momentos e melhorar as condições de estabilidade
do perfil das terças, podem ser projetadas linhas de correntes (rígidas ou flexíveis) nos sentidos
de menor inércia dos perfis das terças. Assim, são adotadas para o caso correntes de tirantes
flexíveis no centro do vão das terças, que serão dimensionadas posteriormente, com isso a
análise dos esforços no sentido de menor inercia (eixo y) será feita como uma viga contínua,
enquanto a análise no eixo x será de viga bi apoiada.
Dimensionamento dos perfis:
O perfil analisado é um U152 X 15,6. Para seu dimensionamento, deve-se considerar a atuação
de flexão nos dois eixos do perfil. Vale ressaltar que há uma linha de tirantes projetada que
reduz o comprimento de flambagem em torno do eixo “y”.
Seguindo a NBR8800/2008, anexo G, Momento fletor resistente de cálculo de vigas de alma
não-esbelta, temos que verificar os momentos resistentes deste perfil.
Após obter as propriedades geométricas deste perfil no catálogo do fabricante, e considerando
os comprimentos de flambagem iguais a:
Lx = 5 m e Ly= 5 m
Além de E= 200000 Mpa. O primeiro passo deve ser a verificação da capacidade do perfil à
compressão. Porém, como não existem esforços deste tipo atuando na estrutura, o cálculo
passa para as verificações à flexão.
1) - Verificando o Momento resistente para estado limite para flambagem lateral com
torção no eixo x (FLT(x)):
Parâmetro de esbeltez:
100∗Lb
λ FLT = =186,5672
ry
Parâmetro de esbeltez correspondente a plastificação:
λ P =1 , 76
FLT
√ E
fy
=49,7803
Parâmetro de esbeltez correspondente ao início do escoamento (Nota 1, anexo G da
Norma NBR8800/2008):
λ R =273,6572
FLT
Seguindo a NBR8800, item G.2.1. b) temos:
M R =16,9877kNm
FLT
2) Momento resistente FLM(x) segundo a tabela G1 da NBR8800:
Parâmetro de esbeltez:
λ FL M =5,9242
Parâmetro de esbeltez correspondente a plastificação:
λP FL M =10,748
Parâmetro de esbeltez correspondente ao início do escoamento
λR FL M =28,0591
Seguindo a NBR8800, item G.2.3. temos:
MR FL M =22,9545 kNm
3) Momento resistente FLA(x):
Parâmetro de esbeltez:
λ FL A =19,0977
Parâmetro de esbeltez correspondente a plastificação:
λP FL A =106 , 34 89
Parâmetro de esbeltez correspondente ao início do escoamento
λR FL A =161,2203
Seguindo a NBR8800, item G.2.2.a) temos:
MR FL A =22,9545 kNm
Portanto, o momento resistente de dimensionamento para flexão em torno do eixo x é o
menor valor entre esses, M R T =16,9877 kNm.
FL
Segundo o anexo G da NBR8800:2008, Tabela G.1, Nota 3, para seção U, o estado-limite FLM
aplica-se somente quando a extremidade livre das mesas for comprimida pelo momento fletor.
4) Verificação do Momento resistente para o estado limite de FLM(y):
Parâmetro de esbeltez:
λ FL M =5,9242
Parâmetro de esbeltez correspondente a plastificação:
λP FL M =10,748
Parâmetro de esbeltez correspondente ao início do escoamento
λR FL M =28,0591
Segundo o anexo G da norma, item G.2.3, temos que:
MR FL M =4,3182 kNm
5) Momento resistente FLA(y):
Parâmetro de esbeltez:
λ FLA =19,0977
Parâmetro de esbeltez correspondente a plastificação:
λ P =31,6784
FLA
Parâmetro de esbeltez correspondente ao início do escoamento
λ R =39,598
FLA
Segundo o anexo G da norma, item G.2.2, temos que:
M R =4,3182 kNm
FLA
Portanto, o momento resistente de dimensionamento para flexão em torno do eixo Y é o
menor valor entre esses, M R A =4,3182 kNm.
FL
Verificação da capacidade ao cisalhamento em torno do eixo ‘x’:
a) Parâmetro de esbeltez:
λ x ,V =17,0063
b) Parâmetro de esbeltez correspondente a plastificação:
λ x , P=69,5701
c) Parâmetro de esbeltez correspondente ao início do escoamento
λ x , R=86,6464 kN
Portanto temos:
λ x , RD=165 , 83 89
Verificação da capacidade ao cisalhamento em torno do eixo ‘Y’:
a) Parâmetro de esbeltez:
λ y ,V =5,9242
b) Parâmetro de esbeltez correspondente a plastificação:
λ y , P=34,0823
c) Parâmetro de esbeltez correspondente ao início do escoamento
λ y , R=42,4479
Portanto temos:
λ x , RD=122,5735 kN
Como o esforço cortante resistente é muito maior que o esforço cortante solicitante, então a
peça passa pela verificação de cisalhamento.
Verificação para a combinação de esforços solicitantes:
Realizando a iteração com a seguinte equação, temos:
M s x M sy
+ ≤1
M R x M Ry
Para a combinação 1:
M s x M sy
+ =0,1948
M R x M Ry
Para a combinação 2:
M s x M sy
+ =0,1169
M R x M Ry
Para a combinação 3:
M s x M sy
+ =0,0795
M R x M Ry
Para a combinação 4:
M s x M sy
+ =0,4467
M R x M Ry
Verifica-se que a combinação 4 é a mais desfavorável ao perfil, porém sua iteração é menor
que 1 e passa na avaliação. Deste modo, mostra-se a eficiência do perfil U152 x 15,6 em resistir
aos esforços solicitantes de cálculo, sendo este, portanto, o perfil adotado para as terças aqui
dimensionadas.
Verificação da flecha:
De acordo com a anexo C, tabela C.1 da ABNT NBR8800/2008, o deslocamento máximo para
terças de coberturas considerando as combinações com as ações variáveis de sentido oposto as
permanentes são dadas por L/120, sendo L o vão livre da terça.
Com isso, determinam-se as combinações no estado limite de serviço as quais são:
Q s x 1=( 1∗PP∗cos ( α ) +0 ,3∗SC∗cos ( α ) )∗1 , 5=0,5184 kN /m
Q sy 1=( 1∗PP∗sin ( α ) +0 , 6∗SC∗sin ( α ))∗1 , 5=0 , 083 kN /m
Q sx 3= ( 1∗PP∗cos ( α )−0 , 3∗V )∗1 , 5=0 ,14 5
Q sy 3=( 1∗PP∗sin ( α ))∗1 ,5=0 , 0474
E finalmente, o deslocamento máximo no centro do vão é:
4
5∗Qsx 1∗L
δ= =0,3338 cm
384∗E∗Ix
L
δ máx = =4,1667 cm
120
Assim, δ ≤ δ.máx OK!
No eixo y foi adotado o software Ftool para verificação da flecha, visto que a análise seria em
uma viga continua. A força utilizada foi a Qsy1 de valor 0,083 kN/m que resultou em uma
flecha de 5,08 * 10-2 mm.
Dimensionamento dos tirantes de cobertura:
Os tirantes de cobertura são usados para fortalecer a estrutura de cobertura e garantir sua
estabilidade, prevenindo possíveis problemas, como o colapso da estrutura devido a cargas
externas ou condições climáticas adversas. Eles são essenciais para garantir a segurança e a
durabilidade das construções com coberturas.
Serão utilizadas barras redondas com extremidades rosqueadas para servirem de tirantes.
Segundo o item 6.3 da ABNT NBR 8800/2008, para o dimensionamento de barras redondas
com extremidades rosqueadas verifica-se a menor resistência entre o escoamento da seção
bruta e a ruptura da seção rosqueada.
Figura X - Disposição das linhas de tirantes na cobertura e sua área de influência – Fonte:
Galpões para usos gerais /Instituto Aço Brasil, Zacarias M.Ch
As roscas deverão atender aos requisitos da ASME B18.2.6 com tolerância classe 2A, e as
porcas das barras deverão ter dimensões conforme especificado na ASME B.18.2.6 para porcas
hexagonais
1) Area efetiva:
Adotando barras de 12,5 mm de diâmetro procede-se o cálculo da área efetiva
conforme o item 6.3.2 da ABNT NBR8800:
2
Ab =0 , 25∗π∗d =122,7185 mm2
Aef =0 ,75∗Ab =92,0388 mm2
2) Força de tração para seção efetiva:
A ef∗Frup
F t , rd= =27270,7696 N
γa 2
3) Força de tração para a seção bruta:
A ef∗F yb
F t , rd= =227 25 , 6413 N
γa 2
4) Cargas atuantes nos tirantes de cobertura:
Peso próprio: Terça+ tirante+ telha
PPt = 1 KN/m
Sobrecarga:
SCt = 1,25 kN/m
Combinação crítica:
F d=1 , 25∗PPt +1 ,5∗SCt =3,125 kN /m
F d , x =F d∗sin (α )=0,4942 kN /m
Para o tirante T1:
F T 1=F d , x∗2∗1 ,5=1,4827 kN
Para o tirante T2:
T 2=√ 1, 52 +2 , 52=2,9155 m
β=tan ( 12 ,5,5 )=0,6841 °
Fd , x∗3∗1, 5
F T 2= =3,5191 kN
sin (β)
Deste modo tem se:
1,4827 kN < 3,5191 kN< 27,27 kN
Constata-se neste item que a força de tração resistente dos tirantes da cobertura é
consideravelmente superior à força atuante.