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TCC Júnior

O documento discute os conceitos de ecologia industrial e agroenergia e sua aplicação na produção sustentável de etanol. A ecologia industrial busca integrar as atividades industriais e o meio ambiente através do reaproveitamento de resíduos e fluxos de materiais e energia entre as indústrias. A agroenergia pode contribuir para a sustentabilidade na produção de etanol a partir da biomassa agrícola.
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O documento discute os conceitos de ecologia industrial e agroenergia e sua aplicação na produção sustentável de etanol. A ecologia industrial busca integrar as atividades industriais e o meio ambiente através do reaproveitamento de resíduos e fluxos de materiais e energia entre as indústrias. A agroenergia pode contribuir para a sustentabilidade na produção de etanol a partir da biomassa agrícola.
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CENTRO PAULA SOUZA

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE ITAPETININGA


CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM AGRONEGÓCIOS

REGINALDO ELEUTERIO JUNIOR

ECOLOGIA INDUSTRIAL E AGROENERGIA APLICADAS A


PRODUÇÃO DE ETANOL E SUSTENTABILIDADE

Itapetininga, SP
1º Semestre/2015
REGINALDO ELEUTERIO JUNIOR

ECOLOGIA INDUSTRIAL E AGROENERGIA APLICADAS A


PRODUÇÃO DE ETANOL E SUSTENTABILIDADE

Trabalho de Graduação apresentado


à Faculdade de Tecnologia de
Itapetininga para obtenção do grau
de Tecnólogo em Agronegócios.

Orientador: Prof. MSc. Paulo Doimo


Mendes

Itapetininga, SP
1º Semestre/2015
REGINALDO ELEUTERIO JUNIOR

ECOLOGIA INDUSTRIAL E AGROENERGIA APLICADAS A


PRODUÇÃO DE ETANOL E SUSTENTABILIDADE

Trabalho de Graduação apresentado


à Banca Examinadora

_____________________________
Prof
Faculdade de Tecnologia de
Itapetininga

_____________________________
Prof
Faculdade de Tecnologia de
Itapetininga

_____________________________
Prof
Faculdade de Tecnologia de
Itapetininga

Itapetininga, __ de _______ de 2015


Dedico à minha
família pelo apoio
dado durante estes
anos de faculdade.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pela força dada nesses três anos de


faculdade.
A meu pai Antonio e a minha mãe Neide, que em todos os momentos
difíceis estiveram do meu lado juntamente com minhas irmãs, me apoiando e
me incentivando nessa caminhada.
Aos professores, que me ajudaram a concluir essa jornada, em especial
a Orientadora Professora Luciana Ruggiero Gonzáles, pela sua contribuição e
paciência.
Aos grandes amigos que me proporcionaram grandes alegrias em
especial a Fernanda, Thamires, Renata, Francisco e Fabrício.
Aos produtores de eucalipto do município de Itapetininga-SP, que
tiveram papel fundamental para conclusão dessa pesquisa.
Em especial para Daniel, meu namorado, pela paciência e apoio nesses
três anos.
“Só é digno da liberdade, como
da vida, aquele que se empenha
em conquista-la”.
(Jhoann Goethe)
RESUMO

PALAVRAS-CHAVE:
ABSTRACT

KEY-WORDS:
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 -
Figura 2 -
Figura 3 -
Figura 4 -
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 -
Tabela 2 -
LISTA DE GRÁFICOS

Tabela 1 -
Tabela 2 -
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................

2. OBJETIVO.................................................................................................................

3. REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................................

6 CONCLUSÃO.............................................................................................................

REFERÊNCIAS.............................................................................................................
1.0 INTRODUÇÃO

O surgimento do agronegócio brasileiro é atribuído historicamente à


expansão das fronteiras agrícolas e dos recursos naturais, uma forma especial
de mineração do solo e recursos naturais (JUNIOR; LUVIZOTO, 2013)
Partindo da ideia de que os sistemas industriais deveriam se valer de uma
reestruturação para que a sustentabilidade seja parte integrante da produção,
Costa (2002), afirma que princípios organizacionais como reciclagem dos
materiais, interdependência das espécies, utilização da fonte energética solar
deveriam estar inclusos no setor industrial para otimizar o uso de energia,
utilizar fontes renováveis, e promover o fechamento do ciclo de materiais nas
atividades de produção e consumo.
Estudar o fluxo industrial é o principal objetivo a Ecologia Industrial, que tem
início desde a entrada de matéria prima e energia, seguindo pela
transformação, até chegar ao final, na saída do produto e resíduos do
processo, através de balanços de massa e energia (SANTOS; MELO, 2004).
Entretanto, uma das questões chave para o agronegócio é a problemática
da sustentabilidade. Isso acontece devido à necessidade de minimizar os
grandes impactos causados, sobretudo, na agricultura, com erosão dos solos,
poluição do solo, da água e dos alimentos (ROMEIRO, 2007).
Sendo assim, esse trabalho faz uma revisão bibliográfica sobre o assunto e
expõe as diferentes visões da Ecologia industrial e Sustentabilidade no setor
Sucroalcooleiro.
2.0 OBJETIVO

Relacionar conceitos de Ecologia Industrial e Agroenergia com a produção


de etanol, visando o reaproveitamento da biomassa, produção mais limpa e
sustentabilidade no setor.
3.0 ECOLOGIA INDUSTRIAL

O estudo da Ecologia Industrial é recente, sendo suas ideias iniciais


datadas do final da década de 80 e início da década de 90 (ERKMAN, 1997).
Segundo Costa (2002), o termo Ecologia Industrial provoca dúvidas por
conta das atividades industriais dos anos 70 que tiveram suas atividades
regadas à geração de poluentes e degradação de recursos. No entanto o autor
afirma que as atividades industriais podem ser consideradas como
ecossistemas onde as etapas de produção se equivalem a níveis tróficos e
sendo assim a realização de reciclagem de materiais se torna um objetivo
maior quando comparadas aos sistemas sustentáveis.
A expressão “ecologia industrial” relembra o conceito de ecologia como
encontrado na natureza e ao estudo científico das interações entre os
organismos e o seu ambiente (BEGON et al., 2008). Já o termo “industrial” da
expressão refere-se à indústria, que possui processos de transformação de
insumos em produtos, gerando também coprodutos e resíduos. (SANTOS;
MELLO, 2004)
Para Costa (2002), a Ecologia Industrial identifica e propõe novos arranjos
para os fluxos de energia e materiais em sistemas industriais; busca também a
integração das atividades econômicas e a redução da degradação ambiental. O
autor ainda propõe que a Ecologia Industrial reúne conceitos já existentes,
como Prevenção da Poluição e Produção Mais Limpa, e cria uma nova agenda
de reorganização das atividades industriais, entendidas no seu contexto mais
amplo de atividades econômicas, não restrito ao setor industrial.
Os autores Ayres; Ayres (2002) afirmam que a Ecologia Industrial procura
identificar processos ineficientes que acabam por poluir, para posteriormente
realizar alterações nesses processos, seja um rearranjo, adoção de tecnologias
ambientalmente mais adequadas ou ainda outras soluções que diminuam a
quantidade de resíduo final.
Já para Santos; Melo (2004) a Ecologia Industrial tem a função de agregar a
indústria e o ecossistema natural e para isso desenvolve técnicas de reuso de
materiais, redução no consumo de energia, água e matéria-prima, além de
trabalhar para diminuir dos resíduos gerados nas indústrias. Por isso foca na
substituição de tecnologias tradicionais por tecnologias mais limpas dentro da
linha de produção.
De acordo com Costa (2002), na Ecologia Industrial, as unidades de
produção (indústrias e processos) são sistemas integrados e não isolados e
este ponto de vista permite pensar nas conexões entre as atividades
produtivas.
A amplitude da Ecologia Industrial leva a diversas definições. Segundo
Allenby (1992) a Ecologia Industrial:
“(...) pode ser definida como os meios pelos quais um estado de
desenvolvimento sustentável é atingido e mantido. Consiste em uma visão
sistêmica das atividades econômicas e suas relações com os sistemas
biológicos, químicos e físicos com o objetivo de alcançar e manter a espécie
humana em um nível que pode ser sustentado indefinidamente, dadas as
evoluções econômica, cultural e tecnológica.”
Já o foco de Jelinsky et al. (1992) é voltado para eficiência dos fluxos de
materiais e desmaterialização de sistemas industriais específicos, assim a
Ecologia Industrial é definida como
“(...) uma nova abordagem para o projeto de produtos e processos e para a
implementação de estratégias de sistemas de produção industrial sustentáveis.
É um conceito em que os sistemas industrias são vistos em interação com o
meio ambiente que o envolve. O objetivo é a otimização do ciclo de materiais,
desde a extração até a deposição final.”
Para a Ecologia Industrial, a produção em geral é como um sistema da
biosfera que se organiza em fluxos de matéria, energia e informação, dando
origem a um ciclo fechado. (SANTOS; MELO, 2004)
A Figura 1 a seguir, demonstra como a Ecologia Industrial reaproveita os
resíduos e trabalha em ciclo fechado.

Figura 1- Reaproveitamento de resíduos na Ecologia industrial.


Fonte: (SANTOS; MELO, 2004)

Segundo a figura, entram insumos e energia que, depois de transformados


pelo processo industrial, dão origem a produtos, coprodutos e resíduos, que ao
invés de serem descartados, são reaproveitados no próprio processo industrial.
Ricklefs (2010), propõe que os ecossistemas devem estar o mais parecido
possível do seu estado natural quanto possível, evitando a gestão humana afim
de manter os processos ecossistêmicos naturais intactos. Ainda segundo o
autor, dois aspectos importantes da ecossistêmica é o melhor aproveitamento
da energia e a contínua reciclagem dos materiais.
Segundo Chertow (2000), as ideias da Ecologia Industrial podem ser
aplicadas nos vários níveis produtivos por exemplo dentro da empresa, entre
empresas ou em escala regional ou global como demonstra na figura 2.
Figura 2- Áreas de abrangência da ecologia industrial.
Fonte: (SANTOS; MELO, 2004)

Dentro das empresas, podem-se ter programas de Prevenção da Poluição,


Produção mais Limpa, Projeto para o Meio Ambiente, Contabilidade Verde,
Química Verde. Entre empresas, Análise de Ciclo de Vida, Simbiose Industrial,
Atuação Responsável. Já na escala regional, contemplam Análise de Fluxo de
Substância e Energia, Planejamento Estratégico Institucional e Plano de
Desenvolvimento Regional.

4.0 AGROENERGIA E O AGRONEGÓCIO

A modernização agrícola no Brasil avançou de São Paulo e do Paraná para


as outras regiões do país, principalmente para o Centro-oeste com as culturas
e produções de carne, leite, soja, milho, algodão, feijão e cana-de-açúcar,
gerando negócios, créditos e assistências técnicas dando origem assim ao
agronegócio brasileiro (MARTINE; GARCIA, 1987).
Para Davis e Goldberg, 1957 o conceito de agrobusiness é de “contribuir
para o estudo das atividades ligadas aos sistemas produtivos de base
agropecuária, por intermédio da introdução de conceitos que podem ser
considerados originais na teoria dos sistemas” (BATALHA, 2005).
Portanto agronegócio nada mais é que “a soma das operações de
produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção
nas unidades agrícolas, do armazenamento, processamento e distribuição dos
produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles” (DAVIS; GOLDBERG,
1957).
Já quando se trata de uma análise sociológica, o agronegócio afeta
diretamente relações sociais, econômicas e ambientais e o fator
sustentabilidade é alterado na medida em que surgem conflitos de ordem
social, econômica e ambiental (JUNIOR; LUVIZOTTO, 2013)

4.1 Perspectivas da Agroenergia no Brasil

Segundo Bacchi (2006) a nível mundial, os recursos renováveis são


aproximadamente 20% do suprimento total de energia, sendo 14% de
biomassa e 6% de fonte hídrica. Já para o Brasil, de toda a energia consumida,
cerca de 35% é de origem hídrica e 25% é proveniente de biomassa, o que
significa que os recursos renováveis suprem pouco menos de dois terços dos
requisitos energéticos do País.
Ainda segundo a autora, os aumentos significativos nos preços dos
combustíveis fósseis, tem possibilitado a utilização de algumas fontes
energéticas alternativas que antes não apresentavam competitividade
econômica, entre elas está a agroenergia e mais importante ainda é que o
Brasil, possuindo 140 milhões de hectares de área agricultável, tecnologia
própria e mão-de-obra disponível, é o país que detém as melhores condições
para liderar demanda de agroenergia, sendo que a produção de etanol é a
mais importante e reconhecida produção de energia gerada por biomassa, com
tecnologia e gestão de negócios.
De acordo com o gráfico 1 e segundo Vian et al. (2008), o Brasil é o
segundo maior produtor mundial de etanol, com 33,1% do volume total
produzido em 2006 (15 bilhões de litros), sendo os Estados Unidos (39,1%) o
maior produtor. Outros grandes produtores são a China (7,5%), pela União
Européia (4,6%) e pela Índia (3,7%) (Gráfico 2). Deve-se destacar que o Brasil
perdeu a posição de maior produtor mundial nos últimos dois anos, por conta
da aceleração da produção americana.
Gráfico 1: Evolução da produção de etanol por país (em bilhões de litros)

Fonte: F.O. Licht

Sobre a produção de álcool, Bacchi (2006) afirma que o álcool tem sido
apontado pela comunidade internacional como uma das possíveis soluções aos
problemas ambientais, destacando-se como uma fonte energética compatível
com os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo – MDL, preconizado no
Protocolo de Kyoto. Recentemente tem se estudado a possibilidade de
substituir o diesel, integral ou parcialmente, por óleo vegetal no uso em
motores, entre os quais os automotivos, o que pode desencadear ganhos
sócio-econômicos e desenvolvimento sustentável principalmente nas áreas
rurais.
De acordo com Vian et al. (2008), os maiores produtores de etanol são
também os maiores consumidores e unicamente o Brasil possui o uso
exclusivo do produto como combustível para motores exclusivamente ao álcool
ou Flex Fuel.
Sendo assim segundo a autora Bacchi (2006), resume as justificativas
para investimentos buscando o aproveitamento da biomassa para a geração de
energia no Brasil são:
(i) o reconhecimento sobre a importância da agronergia na mudança da
matriz energética atual, baseada no petróleo, para outra cujas fontes
sejam compatíveis com exigências fundamentadas em problemas
ambientais, dada a crescente preocupação da sociedade com as
mudanças climáticas globais;
(ii) aumento da demanda por energia, especialmente nos países em
desenvolvimento;
(iii) os preços crescentes de combustíveis fósseis devido ao esgotamento
das reservas.
(iv) os preços de combustíveis fósseis estarão sujeitos a oscilações, além
da tendência crescente, devido a disputas políticas. Pelo mesmo
motivo, os fluxos de abastecimento podem sofrer interrupção;
(v) a energia passará a ser um componente importante do custo de
produção de diversos segmentos da agroindústria, tornando
progressivamente atraente a geração de energia dentro da propriedade;
(vi) contribuir para a balança comercial reduzindo as importações de
petróleo e aumentando a exportação de biocombustível;
(vii) indiscutível potencial que o Brasil tem para a geração de biomassa e,
portanto, de agroenergia, o que tem motivado um crescente interesse
de investidores internacionais para formalizar contratos de longo prazo
para o fornecimento de biocombustíveis, especialmente para o álcool.

5.0 SUSTENTABILIDADE

De acordo com Buainain (2006), o conceito de sustentabilidade traz um


apelo no quesito ambiental e de preservação e recuperação dos ecossistemas
e dos recursos naturais. Portanto, segundo o autor, ao se tratar de
sustentabilidade, geralmente os exemplos remetem à sustentabilidade
ambiental, pois esta é a que tem maior evidência, sobretudo porque uma ação
danosa ao ambiente em uma determinada região pode afetar de forma diretora
ou indireta outras localidades, mesmo que distante geograficamente, porém o
conceito sustentabilidade vai além de simplesmente não degradar o ambiente,
incorporando questões de qualidade de vida, competitividade empresarial,
resultados positivos, tecnologias limpas, utilização racional dos recursos,
responsabilidade social, entre outros.
Segundo Silva (2012), a sustentabilidade tem ganhado destaque por conta
da conscientização da necessidade de melhoria nas condições ambientais,
econômicas e sociais, afim de aumentar qualidade de vida de toda a
sociedade, preservando o meio ambiente, assim como ter organizações
sustentáveis econômicas e indivíduos socialmente sustentáveis. Além de todos
os benefícios à sociedade, a prática sustentável tem sido estrategicamente
pensada como uma forma de diferenciação de produtos e também para
inserção em alguns mercados, como por exemplo no agronegócio que tem-se
fortemente a utilização de insumos nocivos ao meio ambiente e práticas
produtivas que causam danos.
De acordo com Savitz e Weber (2007), a sustentabilidade é gestão do
negócio de maneira a promover o crescimento e gerar lucro, reconhecendo e
facilitando a realização das aspirações econômicas e não-econômicas das
pessoas de quem a empresa depende, dentro e fora da organização”.
Para Ehlers (1994), a sustentabilidade é a manutenção a longo prazo
dos recursos naturais e da produtividade agrícola com o mínimo de impactos
adversos ao ambiente e retornos adequados aos produtores com otimização da
produção das culturas e a satisfação das necessidades humanas de alimentos
e renda além do atendimento das necessidades sociais das famílias e das
comunidades rurais.
De acordo com Giordano (2005), as atividades agrícolas são
reconhecidamente causadoras de problemas ao meio ambiente. Portanto os
processos ou produções agrícolas que agem de maneira sustentável, são bem-
vindas, para que sejam minimizados os problemas enfrentados pelos
produtores, principalmente quanto à colocação dos produtos no mercado, seja
por logística, custos ou escala.
Giordano (2005) ainda propõe algumas práticas de produção agrícola que
ele considera adequada à produção sustentável: práticas de cultivo mínimo,
plantio direto, bacias de infiltração de água no solo, conservação de estradas
rurais, planejamento da localização de bueiros e desaguadouros em estradas
rurais, recobrimento vegetal de áreas desnudas, proteção vegetal de taludes,
manutenção de áreas florestais nativas, conservação e replantio de espécies
vegetais nativas, manutenção das áreas de preservação permanentes,
proibição da caça predatória e instituição de estação de caça e pesca onde for
possível, proibição e fiscalização rigorosa do corte de matas nativas, manejo
integrado de pragas, rotação de culturas, respeito aos períodos de carência
dos agroquímicos, dosagem correta e localizada dos defensivos, uso de
defensivos seletivos e menos agressivos ao ambiente e ao homem, restituição
de matéria orgânica ao solo (restos de cultura, restilo, folhas e galhos
triturados, etc.) e resgate de práticas de incorporação de compostos orgânicos,
sistemas de coleta seletiva de recipientes de defensivos educação ambiental
nas escolas primárias rurais e urbanas.
Para finalizar, segundo Silva (2012), o agronegócio, como sistema
composto de empresas/organizações, a aplicação do conceito de
sustentabilidade torna-se mais evidente em seu aspecto ambiental,
principalmente pela degradação do ambiente, mas questões como lucro e
justiça social não podem ser desconsideradas.

6.0 AGROENERGIA COM FOCO NA PRODUÇÃO DE ETANOL

Segundo o Conselho de Informações sobre Biotecnologia (2009) o etanol,


pode ser obtido através da destilação de açúcar, amido e celulose (MARQUES,
2009). No caso do álcool de cana-de-açúcar, o principal componente da
fermentação é a sacarose contida no caldo. O álcool é uma mistura binária
etanol-água, que pode ser destinada diretamente ao abastecimento de veículos
ou, ainda, sofrer desidratação e originar o álcool anidro, que é utilizado como
aditivo da gasolina (MENEGUETTI, MEZAROBA, GROFF, 2010)
Durante os processos de produção do álcool são gerados resíduos que
quando não reutilizados podem causar impactos ambientais, entre esses
resíduos estão: bagaço, torta de filtro, vinhaça, levedura seca e óleo fusel.
Nesse aspecto destacam-se nesse trabalho medidas de reaproveitamento
desses resíduos objetivando evitar esses impactos e ainda gerar lucros para
própria usina além de evitar gastos (MENEGUETTI, MEZAROBA, GROFF,
2010)
Em uma usina de cana-de-açúcar são vários os processos industriais e a
partir de uma unidade central de produção, são desencadeadas várias
atividades cujo objetivo é tornar o uso da biomassa o mais eficiente possível.
Para praticar o ciclo fechado, o sistema utiliza a biomassa energética e gera
coprodutos que serão novamente inseridos na produção na forma de insumos.
Esse processo, junto à emissão mínima de poluentes, busca resíduo zero e
sustentabilidade social e econômica (SANTOS, MELO, 2004).
Figura 3: Exemplo de ciclo fechado na agroenergia.
FONTE: (SANTOS, MELO, 2004).

Para exemplificar melhor a agroenergia, sustentabilidade e produção de


etanol, açúcar e biodiesel, a partir da cana-de-açúcar e das microalgas, tem-se
a figura abaixo.

Figura 4: Modelo de Ecologia Industrial aplicado a agroenergia na


produção.
Fonte: (SANTOS, MELO, 2004).

Segundo a figura e os autores Santos e Melo (2004), a produção pode


originar vários produtos e coprodutos que serão aproveitados internamente
como a vinhaça e glicerina, ou ainda iniciar um processo que aproveite o
material residual em outras cadeias agroindustriais (CO2 e leveduras). As
entradas são os insumos, água e energia. Os principais processos industriais
são a fermentação, destilação, cristalização, transesterificação, combustão,
gaseificação, pirólise rápida e hidrotratamento.
Os produtos centrais são etanol, açúcar, butanol, biodiesel e bioquerosene
de aviação. Alguns resíduos como a vinhaça, CO2, levedura, glicerina, água,
calor, bagaço e palha retornam ao processo industrial como entradas,
complementando ou até suprindo integralmente a demanda por insumos (como
é o caso da energia). Então, a partir destas são gerados mais etanol, biogás,
fertilizantes, ração animal, bioeletricidade, entre outros produtos (SANTOS,
MELO, 2004).
Ainda segundo os autores, há resíduos que podem ser direcionados como
insumos a outras cadeias produtivas, a exemplo da produção de microalgas as
quais se alimentam do CO2 e servem para produção de biodiesel, gerando
novos resíduos que por sua vez serão reintroduzidos ao processo de produção.
Sendo assim, Santos e Melo (2004) observam que em todo o processo, o
etanol é o produto final e também atua como insumo (álcool) para a produção
de biodiesel. Já o bagaço e a palha, além de gerar energia para os processos
agrícolas e industriais, podem também ser utilizados para fabricação de papel.
Importante ressaltar que o processo industrial apresentado envolve duas
cadeias produtivas: bioetanol e biodiesel.

7.0 AGROENERGIA E A PRODUÇÃO MAIS LIMPA DO ETANOL

De acordo com Barbieri (2007), Produção mais limpa é uma ação


preventiva que e aplicada em processos, produtos e serviços para minimizar os
impactos sobre o meio ambiente e deve considerar todas as de um processo
ou de um produto, com o objetivo de prevenir e minimizar os riscos para os
seres humanos e o ambiente a curto e em longo prazo.
Ainda, segundo o mesmo autor, a Produção mais Limpa segue uma
sequência de ações que são: prevenção, redução, reuso e reciclagem,
tratamento com recuperação de materiais e energia, tratamento e disposição
final. Essas ações são executadas afim de conservar energia e matéria-prima,
eliminar sustâncias tóxicas e reduzir os desperdícios e a poluição resultantes
dos produtos e dos processos produtivos. A indústria sucroalcooleira, tanto no
setor agrícola quanto no setor industrial, pode reduzir seus problemas
ambientais mediante Produção mais Limpa.
O setor sucroalcooleiro em variados casos já realiza diversas atividades de
produção mais limpa. O uso da vinhaça e da torta-de-filtro pode ser
caracterizado como inserido como forma de produção mais limpa. A cogeração
de energia a partir do bagaço de cana está inserida no contexto de Produção
mais Limpa, além de ser considerado um impacto positivo ao meio ambiente
(SIMÕES, 2008)
De acordo com Filho (2007), uma tonelada de cana produz cerca de 140
quilos de bagaço. Desses, 90% são usados na produção de energia (entre
térmica e elétrica). Há também que se considerar a capacidade de
aproveitamento da palha da cana que atualmente é deixada no campo ou é
queimada. Uma tonelada de cana é capaz de gerar 140 quilos de palha.
A Tabela 1 abaixo, retirada do site da CETESB (2002) simplifica os principais
resíduos da indústria sucroalcooleira e seus respectivos exemplos de medidas
de Produção mais Limpa. Em tal tabela, consta o tipo de rejeito da indústria
sucroalcooleira, sua origem e seus principais componentes. A partir da mesma,
a última coluna exemplifica as medidas de produção mais limpa para cada
subproduto indicado que se enquadram como forma de Redução e
Reuso/Reciclagem.
Tabela 1- Medidas de Produção Mais Limpa para o setor sucroalcooleiro.

Fonte: CETESB, 2002


Não só o setor sucroalcooleiro, mas também todos os setores
econômicos produtivos, a presença da sociedade mais consciente sobre as
origens e os destinos dos produtos que consome tem refletido em mudanças
de paradigmas e dogmas.
CONCLUSÃO

Conclui-se que as estratégias e ferramentas da Ecologia Industrial


melhoram o aproveitamento de biomassa da cadeia produtiva da agroenergia e
o desenvolvimento da Ecologia Industrial é uma tentativa de prover um novo
conceito para melhor entender os impactos de sistemas produtivos no meio
ambiente. Essa abordagem auxilia na identificação e posteriormente na
implementação de estratégias para a minimização de impactos ambientais de
produtos e processos.
O trabalho ainda demonstra que são necessários estudos a respeito da
tecnologia agronômica que permita obter matéria-prima para a geração de
energia utilizando processos sustentáveis e em conformidade com normas e
regulamentos apesar do Brasil já estar avançando e muito nesse processo.
Por fim, desenvolver a Produção mais Limpa em usinas é importante
para aumentar o potencial de geração de energia elétrica a partir do bagaço de
cana. A geração de toda energia consumida pelas usinas e a também a
possibilidade de venda do excedente de energia produzida é um avanço com
benefícios para todos os setores econômicos, não apenas para o
sucroalcooleiro.

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