Ficha de Educação Literária 5
Fernando Pessoa, Mensagem
Nome___________________________________ N.o _____ 12.o _____ Data ____/ ____/ ____
Avaliação ____________________ E. de Educação _____________ Professor/a ____________
Unidade 1 (Subunidade 1.3)
Texto A
Lê o poema seguinte e responde às questões.
Ocidente
Com duas mãos – o Ato e o Destino –
Desvendámos. No mesmo gesto, ao céu
Uma ergue o facho trémulo e divino
E a outra afasta o véu.
5 Fosse a hora que haver ou a que havia
A mão que ao Ocidente o véu rasgou,
Foi alma a Ciência e corpo a Ousadia
Da mão que desvendou.
Fosse Acaso, ou Vontade, ou Temporal
Carlos Botelho, Lisboa e o Tejo, domingo, 1935.
10 A mão que ergueu o facho que luziu,
Foi Deus a alma e o corpo Portugal
Da mão que o conduziu.
Fernando Pessoa, Poemas publicados em vida II –
Mensagem,
edição de Luiz Fagundes Duarte, Lisboa, INCM, 2020, p. 61.
1. Explicita a forma como a dualidade «o Ato e o Destino» (verso 1) se desenvolve ao longo do
poema.
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2. Comprova a predestinação de Portugal, fundamentando a tua resposta com elementos
textuais pertinentes.
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3. Identifica no poema duas características do discurso épico, documentando-as com exemplos
significativos.
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Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 12.° ano 45
Texto B
Lê o poema seguinte e responde às questões.
O mostrengo
O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
5 E disse, «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tetos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo,
«El-Rei D. João Segundo!»
10 «De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso,
«Quem vem poder o que só eu posso,
15 Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse,
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu, Desenho de Fragonard e gravura de
20 Três vezes ao leme as reprendeu, Bovinet, edição de Os Lusíadas, Paris, 1837.
E disse no fim de temer três vezes,
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um Povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
25 E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»
Fernando Pessoa, op.cit., p. 58.
1. Caracteriza a figura do «mostrengo», justificando com elementos do texto.
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2. Demonstra que as reações do «homem do leme» ao discurso do «mostrengo» evoluem em
sentido crescente.
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3. Explica a simbologia de ambas as figuras: o «mostrengo» e o «homem do leme».
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46 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 12.° ano