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Alfabetizar Na Prática

O documento discute a história da alfabetização no Brasil, passando por diferentes métodos ao longo do tempo como os métodos sintéticos, analíticos e mistos. Também apresenta críticas às cartilhas tradicionais usadas no processo de alfabetização.
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O documento discute a história da alfabetização no Brasil, passando por diferentes métodos ao longo do tempo como os métodos sintéticos, analíticos e mistos. Também apresenta críticas às cartilhas tradicionais usadas no processo de alfabetização.
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PRÁTICAS DE ALFABETIZAÇÃO I

Ma. Karen Roberta Moriggi


http://lattes.cnpq.br/8738105051977157

As temáticas Alfabetização e Letramento vem sendo discutidas ao longo


do tempo. Pesquisas tem verificado dificuldades no processo de alfabetização,
e consequentemente nos resultados deste processo. (Sores, 2010). “Na
história do Brasil, temos vivenciado a dura realidade de constatar que muitas
crianças têm concluído sua escolarização sem estarem alfabetizadas.” (PNAIC,
p. 10, 2015). Este é um desafio que vem instigando diversas pesquisas e
debates, movendo várias ações tanto por parte de educadores, pesquisadores,
quanto de pelo poder público. Documentos como o Pacto Nacional pela
Alfabetização na Idade certa, o Plano Nacional de Educação (2014-2024),
trouxeram à pauta algumas problemáticas a serem repensadas, dentre elas:
Como se aprende? Como garantir a alfabetização para todos?
No intuito de compreendermos a história da alfabetização no Brasil,
neste material encontra-se aspectos da alfabetização inseridos no contexto
histórico, perpassando por diferentes métodos e perspectivas. Para delinear
este percurso traremos os autores SOARES (2003 e 2004), CAGLIARI (2002) e
MORTATI (2002).

ALFABETIZAÇÃO E A QUESTÃO DO MÉTODO: CONTEXTUALIZAÇÃO E


DEFINIÇÕES

Até os anos 80, o objetivo principal da alfabetização era em alfabetizar,


no sentido literal da palavra, ou seja - alfabetização - levar à aquisição do
alfabeto – neste contexto, alfabetizar era garantir a aquisição do sistema
convencional de escrita, o conhecimento de seu código, de forma mecânica
pela codificação e decodificação na relação fonema/grafema, dissociado de
práticas sociais, voltado à técnica ou a aquisição da “tecnologia da escrita”.
Soares (2003) define tecnologia da escrita como sendo um conjunto de
técnicas e habilidades necessárias ao indivíduo para que esse domine o código

1
da leitura e escrita, alfabetizar aqui corresponde à aquisição do sistema
convencional de leitura e escrita.
Habilidades tais como:
 Codificação de fonemas em grafemas e de decodificação de
grafemas em fonemas;
 Utilização dos instrumentos necessários para a escrita (lápis,
borracha, caneta etc.)
 Escrita na direção correta (da esquerda para direita, de cima para
baixo);
 Utilização correta de materiais de leitura e escrita (caderno, livro,
revista, tela do computador, celular, tablet...) (SOARES, 2003)

Desta forma, no Brasil a escolarização e o processo de alfabetização


passou por idas e vindas entre os métodos sintéticos (métodos alfabético,
fônico e silábico) e analíticos (palavração, sentenciação e global de contos),
tendo como material principal a cartilha.

Métodos sintéticos (método fônico, método silábico)


[...] Ora a opção pelo princípio da síntese, segundo o qual
a alfabetização deve partir das unidades menores da
língua – os fonemas, as sílabas – em direção às
unidades maiores – a palavra, a frase, o texto (método
fônico, método silábico); (Soares, 2004, p. 3)

Métodos analíticos (método da palavração, método da sentenciação, método


global)
Ora a opção pelo princípio da análise, segundo o qual a
alfabetização deve, ao contrário, partir das unidades
maiores e portadoras de sentido – a palavra, a frase, o
texto – em direção às unidades menores (método da
palavração, método da sentenciação, método global)
(Soares, 2004, p. 3).

Método Misto, eclético ou analítico-sintético


Segundo MORTATI (2006) em 1934 Lourenço filho propõe o teste ABC,
o intuito era medir e classificar os alunos de acordo com a maturidade
verificada em teste, assim dividi-los em salas homogêneas, aproximando
alunos com dificuldades de aprendizagem. “[...] o método de ensino se

2
subordina ao nível de maturidade das crianças em classes homogêneas”
(p. 9).
[...] A importância do método de alfabetização passou a ser
relativizada, secundarizada e considerada tradicional.” (p. 9-
10) , momento chamado por ela de “alfabetização sob medida”,
mesmo com perspectiva teórica diferente do até então
apresentado, há “[...] a permanência da função instrumental do
ensino e aprendizagem da leitura, enfatizando-se a
simultaneidade do ensino de ambas, as quais eram entendidas
como habilidades visuais, auditivas e motoras. (p. 10). O
método busca conciliar os métodos sintéticos e analíticos,
surgindo então os chamados métodos mistos ou ecléticos, ora
sintéticos-analíticos, ora analíticos e-sintéticos. (MORTATI,
2000. p.2):

Crítica às Cartilhas: Sobre cartilhas, de forma geral, apresentamos, algumas


das críticas apontadas por Cagliari (1996):

[...] a cartilha era antigamente apenas um abecedário;


depois tornou-se uma tabela de letras, que
representava as escritas dos padrões silábicos da
fala; reestruturando-se em seguida em palavras e
sílabas geradoras, deixando assim de ser apenas um livro
para ensinar a ler e tornando-se um livro para fazer
escrita. Uma análise mais cuidadosa mostra que esses
livros têm em comum o fato de alfabetizarem através de
palavras-chave e de sílabas geradoras, ou seja,
aplicando o ba-bé-bi-bó-bu. A única coisa que varia é
a maneira que esse “produto” vem apresentado
(CAGLIARI, 1996, p. 81)

O autor coloca que as cartilhas apresentam textos sem contexto, sem


elementos de coesão e coerência, simplista, não sendo um bom exemplo de
texto a ser apresentados aos alunos, além disso coloca que as cartilhas
apresentam uma concepção errada de fácil e difícil em relação a apresentação
das letras e sílabas, entre muitas outras críticas. Ele coloca:

A conclusão, pois, que se é levado a tirar, mostra que as


cartilhas são incompetentes e um equívoco educacional.
Se os alunos ainda aprendem, apesar das cartilhas, isto
se deve, de maneira precípua, ao bom senso e ao
trabalho dos professores [...] (Cagliari, 1996, p. 26)

3
Este tema não será aqui aprofundado, mas para os interessados, indico
a leitura do livro do autor Cagliari (1996), bem como o material disponível na
internet também citado nas referências bibliográficas deste material.

Considerações Finais:
Nesta etapa do material perpassamos por conceitos fundamentais em
relação à alfabetização inseridos no contexto histórico, transcursando por
diferentes métodos e perspectivas, não com o objetivo de esgotar o tema, nem
tão pouco sanar todas as dúvidas, mas ao contrário suscitar mais
questionamentos e inquietações a fim de impulsionar mais leituras, pesquisas e
reflexões, no próximo material teremos a continuação deste tema.

Referencial Bibliográfico:
BRASIL, Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão
Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.
Interdisciplinaridade no ciclo de alfabetização. Caderno de Apresentação /
Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à
Gestão Educacional. – Brasília: MEC, SEB, 2015.
CAGLIARI, Luis Carlos. Alfabetizando sem o Bá-Bé-Bi-Bó-Bu. 1ª ed. São
Paulo: Scipione, 1996.
MORTATTI, Maria Rosário Longo. Cartilha de alfabetização e cultura escolar:
Um pacto secular. Cad. CEDES vol.20 no.52 Campinas Nov. 2000.
MORTATTI, Maria Rosário Longo. História dos métodos de alfabetização no
Brasil. Conferência proferida no Seminário "Alfabetização e letramento em
debate", Departamento de Políticas de Educação Infantil e Ensino
Fundamental da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação,
Brasília, 27/04/2006.
SOARES, Magda. Alfabetização e Letramento. 1ª ed. São Paulo: Contexto,
2003.
SOARES, Magda, – Alfabetização e Letramento: caminhos e Descaminhos.
Revista Pedagógica - Artmed Editora. 29 de fevereiro de 2004.

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