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Elen Rose - LASERA 2022

Este artigo resume três teses sobre práticas educacionais de inclusão para estudantes surdos. As teses discutem: 1) educação bilíngue; 2) interação entre profissionais de educação especial e regular; 3) necessidade de formação continuada de professores com foco em colaboração e uso de recursos tecnológicos.

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Elen Rose - LASERA 2022

Este artigo resume três teses sobre práticas educacionais de inclusão para estudantes surdos. As teses discutem: 1) educação bilíngue; 2) interação entre profissionais de educação especial e regular; 3) necessidade de formação continuada de professores com foco em colaboração e uso de recursos tecnológicos.

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Lat. Am. J. Sci. Educ.

2, 22001 (2022)

Latin American Journal of Science Education


www.lajse.org

Mapeamento de Teses que versam sobre práticas educacionais de


inclusão para estudantes com surdez
Cunha, Elen Rose da Cruz 1a, Ramos, Ivo de Jesus 2b
a
Mestranda do Programa de Pós-graduação em Educação Tecnológica do CEFET-MG
b
Professor e pesquisador do Programa de Pós-graduação em Educação Tecnológica do CEFET-MG

ARTICLE INFO ABSTRACT

Received: As part of a master’s research, this work aims to review the literature on educational
Accepted: practices that include education for students with special needs focused on deafness in the
Available on-line: inclusion model. This work had a qualitative approach, from which we searched for Theses
published in the period from 2002 to 2022, on the Brazilian Digital Library of Theses and
Keywords: Dissertations platform, with the descriptor education for students with special needs,
Educação especial; Surdez; Inclusão deafness and inclusion, we found seven Works. By eliminating duplicate Works and those
that were not directly related to the topic, we obtained three Works that deal with: bilingual
E-mail addresses: education; the interaction between special education professionals and regular education
[email protected] professionals; and the need for continuous training of teachers in the perspective of
[email protected] collaboration, which, intertwined with the use of technological resources, signal to be
essencial for a better performance in the construction of knowledge by the Deaf.
ISSN 2007-9842

© 2013 Institute of Science Education.


All rights reserved
Como parte de uma pesquisa de mestrado, este trabalho tem como objetivo, fazer uma
revisão bibliográfica sobre práticas educacionais que contemple a educação para estudantes
com necessidades especiais focado na surdez no modelo de inclusão. Este trabalho teve uma
abordagem qualitativa, do qual buscamos por Teses publicadas no período de 2002 a 2022,
na plataforma Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, com o descritor
educação para estudantes com necessidades especiais, surdez e inclusão, encontramos sete
trabalhos. Ao eliminar os trabalhos duplicados e os que não se relacionavam diretamente
com o tema, obtivemos três trabalhos que versam sobre: o ensino bilíngue; a interação entre
os profissionais da educação especial com os do ensino regular; e a necessidade de formação
continuada de professores na perspectiva de colaboração, que imbricados com o uso de
recursos tecnológicos, sinalizam ser essencial para um melhor desempenho na construção
de conhecimento pelos Surdos.

I. INTRODUÇÃO

Quando se fala de práticas educacionais de inclusão para estudantes com surdez, estamos nos referindo a
estudantes Surdos matriculados em escola regular, onde na maioria das vezes, se encontram sozinhos em meio a
estudantes ouvintes, sem ao menos terem pares para estabelecer trocas tão comuns dentro do espaço escolar,
representando um grupo minoritário trazendo prejuízos imensuráveis com relação a aquisição da linguagem, do qual
Capovilla (2000) nos traz a seguinte contribuição:
Cunha; Elen Rose da Cruz et al. / Lat. Am. J. Sci. Educ. 2, 22001 (2022) 2

A linguagem permite à criança obter explicações sobre o funcionamento das coisas do mundo e sobre as razões
do comportamento das pessoas. Se não houver uma base linguística suficientemente compartilhada, e um bom
nível de competência linguística para permitir uma comunicação ampla e eficaz, o mundo da criança ficará
confinado a comportamentos estereotipados aprendidos em situações limitadas. Assim, se a linguagem tem a
importante função interpessoal de permitir comunicação social, ela também tem a vital função intrapessoal de
permitir o pensamento, a formação e o reconhecimento de conceitos, a deliberada resolução de problemas, a
atuação refletida e a aprendizagem consciente. (p. 100).

Por si só, pelo simples fato destes estudantes Surdos não terem pares, já mostra uma fragilidade neste processo
de inclusão.
Por aquisição de linguagem aos Surdos, Cunha (2020), de acordo com contatos estabelecidos com a comunidade
surda e estudos relacionados a surdez, acrescenta que “fica claro perceber que a aquisição de uma língua é relevante não
apenas para se comunicar, mas para propiciar, capacidade de se constituir como ser pensante, crítico e consciente de seus
atos”. (p. 2).
Cunha (2020), orienta sobre a importância de os professores da área da educação conhecerem a respeito das
filosofias educacionais sobre a educação dos Surdos, como forma de proporcionar reflexão e compreensão do porque o
melhor método a ser utilizado é o bilinguismo. (p. 1).
A comunidade Surda, em luta para conquistar o direito de receber uma educação que respeitasse sua
singularidade linguística que se dá pela modalidade gesto visual, teve a partir da Lei 10.436 de 24 de abril de 2002, que
dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, o reconhecimento desta, em seu Art. 1º, “como meio legal de
comunicação e expressão da comunidade surda, além de outros recursos de expressão a ela associados”.
Estudos apontam que pouco ainda se tem feito em relação a oferta de uma educação significativa, pois, mesmo
tendo garantido a inclusão do ensino da Libras na grade curricular dos cursos de Formação de Educação Especial,
Fonoaudiologia e Magistério à formação de profissionais da área da educação constantes no Art. 3º da referida Lei sendo
pautado também pelo Decreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005, que a regulamenta, ainda é incipiente, pois, não traz
contribuições acerca da aplicação de práticas educativas.
A disciplina da Libras, ofertada aos cursos de graduação como obrigatória nas licenciatura e optativas para o
bacharelado, foca mais no ensino básico da Libras e na conscientização a respeito sobre quem é o sujeito Surdo e suas
singularidades linguísticas, tendo como outro fator importante de ser destacado, é que nas grades curriculares dos cursos
de Libras ofertados de acordo com o Decreto supracitado, ainda não há conformidade entre as instituições, sobre o que
será contemplado de conteúdo, nem a carga horária a ser cumprida.
Outro problema que se observa, é com relação a formação destes professores formadores, que são convocados
ou efetivados para ministrar esta disciplina, priorizando muitas vezes, formação em Letras, dos quais também tiveram
em sua grade curricular, apenas a oferta desta disciplina, não estando habilitados com notório saber para ofertar esta
formação, cabendo maiores investigações a respeito.
Com relação a proposta de ensino bilíngue, Lima (2006) nos esclarece que:

A proposta bilíngue traz uma grande contribuição para o desenvolvimento da criança surda ao reconhecer a
LIBRAS como uma língua [...]. O bilinguismo favorece o desenvolvimento cognitivo, alarga horizontes e amplia
o pensamento criativo da criança surda. Ao abordar a questão da “cultura surda”, a proposta bilíngue chama a
atenção para o aspecto da identificação da criança com seus pares, que lhe possibilita e permite construir a
compreensão de sua “diferença”, e assim de sua própria identidade. (p.7)

Diante do modelo atual de inclusão que é ofertado aos estudantes Surdos, há dentro dos espaços acadêmicos
muitos relatos de profissionais que atuam na área da educação que desconhecem como proporcionar a esse grupo
minoritário, práticas educacionais que propiciem aprendizagem significativa.
Ausubel (2000) corrobora com este pensar apresentando o papel que a linguagem desempenha por ser um
importante facilitador, contribuindo para que ocorra a aprendizagem significativa (p.5).
3 Cunha, Elen Rose da Cruz et al. / Lat. Am. J. Sci. Educ. 2, 22001 (2022)

Por aprendizagem significativa, Ausubel (2000) descreve que “não é um processo passivo. Pelo contrário, é
necessariamente, um processo activo, que exige acção e reflexão do aprendiz e que é facilitada pela organização
cuidadosa das matérias e das experiências de ensino”, sendo esta a aprendizagem significativa por recepção. (p.7).
De forma bastante interessante, Mayer (2009) apresenta em seus estudos que as informações são processadas em
mais de um canal, do qual ele nomeia de canal duplo, que baseia seus estudos nomeado de aprendizagem multimídia,
apresentando a seguinte definição:

Embora minha definição de aprendizagem multimídia seja baseada na visão de modos de apresentação (ou seja,
aprendizagem multimídia envolve aprender com palavras e imagens), a visão de modalidades sensórias (ou seja,
aprendizagem multimídia envolve aprender com material auditivo e visual) também é uma maneira útil de
conceituar a natureza dos canais duplos no sistema de informação humano. (p. 10).

Os Surdos e os cegos apreendem o mundo que lhes cerca por apenas um canal receptor porém distintos,
onde para os Surdos seu canal receptor é a visão, para os cegos é a audição, diferentemente para as pessoas
ouvintes e videntes, por possuírem dois canais receptores, que lhes proporcionam o entendimento de mundo,
portanto a audição e a visão, sendo esta, a única diferença existente entre estes grupos, não havendo portanto,
nenhum outro comprometimento cognitivo a menos que a pessoa seja acometida de outros fatores fisiológicos.
Partindo do princípio, de que os canais receptores são distintos, há de se ter em mente que também a
forma de transmitir o conhecimento deverá ser pensado de forma individualizada, atendendo a especificidade
linguística, aqui no caso, se referindo ao estudante Surdo para depois, planejar a atividade de forma a
contemplar a todos, senão, estaremos priorizando mais um grupo do que outro, que é o que tem ocorrido com
a educação dos surdos.
Como parte de uma pesquisa de mestrado, este trabalho tem como objetivo, fazer um mapeamento de Teses que
versam sobre práticas educacionais de inclusão para estudantes com surdez, como forma de compreender: como tem
ocorrido as práticas educacionais como promotoras de aprendizagem significativa para estudantes com surdez no modelo
de inclusão? Aspiramos conforme Bardin (2016) “[...] uma interpretação final fundamentada” (p.49).
O mapeamento de pesquisas em contextos reais de aprendizagem, de acordo com Machado e Ramos (2019) “[...]
contribuem e enriquecem a investigação” (p. 2), portanto, o estudo aqui apresentado, contribuirá para verificar se, no
modelo da inclusão, tem ocorrido aplicação de práticas educacionais como promotoras de aprendizagem significativa
para estudantes com surdez.

II. METODOLOGIA

Com o intuito de ter acesso a Teses que tratassem sobre práticas educacionais de inclusão para estudantes com
surdez, optamos por realizar a pesquisa com uma abordagem qualitativa, fazendo um mapeamento da base de dados na
plataforma da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), do Instituto Brasileiro de Informações em
Ciências e Tecnologia (IBICT), com o descritor: educação para estudantes com necessidades especiais, aparecendo
1.163 resultados.
Por objetivar estudos focados na área da surdez e inclusão e como estratégia para refinar a pesquisa,
acrescentamos na busca com o auxílio do boleando AND, os seguintes descritores: surdez e inclusão, obtendo 26
resultados, sendo 19 Dissertações e 7 Teses. Optou-se por Teses, que havia sido um dos critérios estipulados ao iniciar a
busca. O período de busca desses temas foi definido nos últimos 21 anos, portanto, no período de 2002 a 2022. Este
período foi pensado para se iniciar a busca, pelo fato de em 2002 ter sido aprovado a Lei da Libras citado do tópico
anterior, mantendo-se o resultado de 07 Teses, conforme apresentado da Tabela 1.
Cunha; Elen Rose da Cruz et al. / Lat. Am. J. Sci. Educ. 2, 22001 (2022) 4

Ao iniciar a leitura do material coletado, deparou-se com 2 Teses postadas em duplicidade, e outras duas que não
contemplavam o foco deste estudo por trazer estudos relacionados a Implante Coclear (IC), que trata da surdez, e a
formação de professores com abordagem em deficientes visuais (Dvs).

Tabela I. Teses encontradas para análise no período de 2002 a 2022.

Título dos trabalhos Autores Data Defesa Instituição

1. Práticas pedagógicas inclusivas Zanatta, Eliana 2004 UFSCAR


para alunos surdos numa perspectiva Marques Universidade Federal de São
colaboradora. Carlos
2. Práticas pedagógicas inclusivas Zanatta, Eliana 2004 UFSC
para alunos surdos numa perspectiva Marques Universidade Federal de Santa
colaboradora. Catarina
3. A Libras no ensino de leis de Cozendey, 2013 UFSCAR
Newton em uma turma inclusiva de Sabrina Gomes Universidade Federal de São
Ensino médio Carlos
4. Saberes profissionais para o Field’s, Karla 2014 UFG
exercício da docência em química voltado Amâncio Pinto Universidade Federal de Goiás
à educação inclusiva
5. Intervenção pedagógica para o Barbosa, Regiane 2015 UFSCAR
ensino de leitura, escrita e aritmética para da Silva Universidade Federal de São
uma criança com implante coclear Carlos
6. A Libras no ensino de leis de Cozendey, 2013 UFSC
Newton em uma turma inclusiva do Sabrina Gomes Universidade Federal de Santa
Ensino médio Catarina
7. A política linguística nos Bentes, Rita de 2020 USP
documentos: oficiais de orientação Nazareth Souza Universidade de São Paulo
didática da língua portuguesa para surdos
entre 1.979 e 2010: arquitetônica,
memória e discurso
Filtros Aplicados
Descritores Educação para estudantes com necessidades especiais; Surdez;
Inclusão
Tipo Documento Teses
Ano Defesa 2002 a 2022
Fonte: Elaborado pelos autores.

III. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ao eliminar os trabalhos duplicados e os que não se relacionavam diretamente com o tema, obtivemos três
trabalhos que versam sobre: o ensino bilíngue; a interação entre os profissionais da educação especial com os do ensino
regular; e a necessidade de formação continuada de professores na perspectiva de colaboração, que imbricados com o
uso de recursos tecnológicos, sinalizam ser essencial para um melhor desempenho na construção de conhecimento pelos
Surdos. Na Tabela 2, em ordem cronológica de publicação, é possível verificar as Teses das quais foram feitas as análises.

Tabela II - Distribuição das Teses da amostra.

Autores / Ano / Instituição Títulos dos trabalhos

BENTES, Rita de A política linguística nos documentos: oficiais de orientação didática da língua
Nazareth Souza. (2020) portuguesa para surdos entre 1.979 e 2010: arquitetônica, memória e discurso.
5 Cunha, Elen Rose da Cruz et al. / Lat. Am. J. Sci. Educ. 2, 22001 (2022)

USP
COZENDEY, Sabrina A Libras no ensino de leis de Newton em uma turma inclusiva do Ensino médio.
Gomes. (2013)
UFSCAR

ZANATTA, Eliana Práticas pedagógicas inclusivas para alunos surdos numa perspectiva colaboradora.
Marques. (2004)
UFSCAR

Fonte: Elaborado pelos autores.

Podemos perceber pelo número de amostras coletadas, que há poucas pesquisas relacionadas à educação de
surdos, que contemple estudos científicos voltados para aplicação de atividades utilizando recursos tecnológicos de forma
a ofertar uma educação que possibilite a aprendizagem significativa.
Destacamos entre as três Teses que fazem parte da amostra deste trabalho, apresentadas na Tabela 2, que apenas
uma evidenciou por experimentos científicos e com o uso de recursos tecnológicos, a criação de um recurso educacional
mais inclusivo de forma que pudesse beneficiar não apenas o estudante Surdo no modelo de inclusão, mas também a
todos.
Zanatta (2004), descreve em sua Tese Práticas pedagógicas inclusivas para alunos surdos numa perspectiva
colaboradora, a preocupação centrada no discurso de professores e da comunidade acadêmica como um todo, cuja ênfase
tem sido o despreparo para ensinar crianças com necessidades educacionais especiais destacando estudantes Surdos,
desencadeando discussões teóricas e ideológicas à área do processo de inclusão, como uma demanda para qualificação
docente e mais específica, por meio de ensino e intervenção colaborativo.
Cozendey (2013), em sua Tese A Libras no ensino de leis de Newton em uma turma inclusiva do Ensino médio,
buscou criar um recurso educacional ainda mais inclusivo (vídeo educacional bilíngue), que auxiliasse todos os
estudantes na aprendizagem dos conceitos da Física, inclusive estudantes com deficiência auditiva. Evidenciou a
importância da capacitação de professores comuns e educação especial, além de propor condições para reflexões,
questionando se é possível estudantes assimilarem conceitos com apenas uma estratégia de ensino, propondo adaptação
curricular.
Essa pesquisa se aproxima com a ideologia que os autores trazem ao fazer esse mapeamento, por apresentar
contribuições evidenciados por meio de experimentos científicos, mostrando ser assertivo propostas fundamentadas por
meio da Teoria Cognitiva da Aprendizagem Multimídia (TCAM), por acreditar ser de grande contribuição tanto para
professores que têm estudantes Surdos inclusos em sua sala de aula, quanto para os próprios estudantes Surdos e os
estudantes ouvintes, sem que se dê mais ênfase em uma modalidade de língua sobre a outra, favorecendo assim, a
aprendizagem significativa para os dois grupos destacados.
Bentes (2020), em sua Tese A política nos documentos oficiais de orientação didática da língua portuguesa para
surdos entre 1979 e 2010: arquitetônica, memória e discurso, buscou compreender os principais problemas relacionados
à política linguística no que diz respeito ao ensino de Língua Portuguesa (LP) na formação de professores para atuarem
no ensino de LP para surdos nas instituições especializadas e nas escolas comuns da rede de ensino brasileira, buscando
contribuir com a reflexão sobre a produção e documentos oficiais especificamente de orientação ao ensino de LP como
segunda língua à luz da teoria linguística e da abordagem de ensino que considera as singularidades de aprendizagem
dos estudantes Surdos.
É notório perceber entre as amostras levantadas, apontamentos acerca da falta de formação continuada dos
professores que têm estudantes Surdos no modelo de inclusão, corroborando com as falácias comumente tecidas no meio
acadêmico conforme apontado na introdução deste trabalho.
Com relação a formação continuada, Machado (2015), apresenta a preocupação da formação de professores
também em âmbito da Educação Profissional Tecnológica (EPT), não sendo uma especificidade apenas dos profissionais
da educação regular de ensino, uma vez que também estão suscetíveis a ter estudantes Surdos inclusos em sua sala de
Cunha; Elen Rose da Cruz et al. / Lat. Am. J. Sci. Educ. 2, 22001 (2022) 6

aula em meio a estudantes ouvintes, não bastando portanto, apenas o saber fazer, apontando as licenciaturas como
essenciais para a formação destes profissionais na formação docente inicial onde, “para formar a força de trabalho
requerida pela dinâmica tecnológica que se dissemina mundialmente, é preciso um outro perfil de docentes capaz de
desenvolver pedagogias do trabalho independente e criativo, construir a autonomia progressiva dos alunos e participar
de projetos interdisciplinares”. (p. 15).
A falta da obrigatoriedade destes profissionais terem uma formação em licenciatura, os distancia ainda mais do
entendimento a respeito de quem é esse sujeito Surdo, por não receberem a formação da disciplina da Libras, que é
obrigatória na grade curricular dos cursos de licenciatura em atendimento às normatizações do Decreto 5.626, de 22 de
dezembro de 2005, tratado no capítulo II, em específico em seu Art. 3º.
É possível perceber que em todas as amostras são apontadas a relevância de se contemplar as especificidades
linguísticas dos estudantes Surdos, voltados para uma educação bilíngue, ou seja, priorizando o ensino por meio da Libra,
sendo um dos principais norteadores apontados nos livros didáticos e demais matérias, incluindo documentos oficiais de
orientação didática da pesquisa feita por Bentes (2020).

IV. CONCLUSÕES

Pesquisas apontam discussões a respeito da educação bilíngue para estudantes Surdos incluídos em salas regulares com
estudantes ouvintes. Pouco ainda se tem feito de concreto de forma a contribuir para a formação deste sujeito que se
encontra muitas vezes sozinho e imerso numa sociedade que se forma à sua frente. Foi possível perceber apontamentos
a respeito da importância da oferta de capacitação dos profissionais da educação, sendo sujeito destacado como principal
mediador desse processo. Diante dos resultados apresentados e pela aprovação da Libras como língua, ser ainda recente,
não há profissionais das diversas áreas do conhecimento cientes e capacitados a respeito das especificidades linguísticas
do sujeito Surdo em número suficiente que pudesse dar conta de atender a todos dentro do que se espera de uma educação
satisfatória, em termos de conhecimentos educacionais e para a formação crítica deste público minoritário, sugerindo
uma pesquisa a respeito da formação destes profissionais para lidar com a educação de Surdos das diversas áreas do
conhecimento, estendendo também, aos profissionais da EPT, não sendo portanto, objeto deste estudo. Considerando a
escassez de trabalhos publicados que versam sobre atividades com o uso de recursos tecnológicos comprovadas
cientificamente, de forma a contribuir para aprendizagem significativa, não apenas para estudantes com necessidades
especiais, mas para todos, o mapeamento de Teses aqui apresentado que versam sobre práticas educacionais de inclusão
para alunos com surdez, possibilitou a visão, da utilização da TCAM imbricados com o uso de recursos tecnológicos,
para a aplicação de atividades com foco para estudantes Surdos, uma vez que esta foi aplicada pelo autor da obra, apenas
para estudantes ouvintes, vislumbrando contribuições para nortear as práticas educacionais de inclusão mediadas pelos
professores em detrimento a oferta de uma aprendizagem significativa a todos, possibilitando também, vir a ser modelo
para recursos a serem criados para compor bancos de recursos didáticos inclusivos, para fomentar a criação de
documentos oficiais orientadores, para profissionais da sala de atendimento especializado, sugerindo uma
transdisciplinaridade entre os profissionais que atuam com a educação de Surdos no modelo da inclusão.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET/MG, pelo apoio no
desenvolvimento da referida pesquisa, e ao Professor e pesquisador do programa de Pós-graduação da referida
instituição, pelo suporte necessário para subsidiar o estudo em questão.
7 Cunha, Elen Rose da Cruz et al. / Lat. Am. J. Sci. Educ. 2, 22001 (2022)

REFERÊNCIAS

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Capovilla, Fernando C. (2000). Filosofias educacionais em relação ao surdo: do oralismo à comunicação total ao
bilinguismo. Revista Brasileira de Educação Especial, v.6, n.1. Recuperado de https://abpee.net/pdf/artigos/art-6-6.pdf

Cunha, Elen Rose da Cruz. (2000). Contribuições para nortear a prática docente dos professores. In Anais do I
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para--nortear-a-pratica-docente-de-professores/

Decreto 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a
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Mayer, Richard E. (2009). Multimedia Learning, 2a ed. New York: Cambridge University Press.

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