0% acharam este documento útil (0 voto)
269 visualizações98 páginas

Cowgirl Bikers MC 2 EES

Medley defende Cassia quando seu meio-irmão Ivar chega para levá-la para morar em Nova York. Medley ordena que Ivar saia da propriedade, mas ele insiste em falar com Cassia. Medley avisa Ivar que Cassia está feliz morando no rancho com suas irmãs.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
269 visualizações98 páginas

Cowgirl Bikers MC 2 EES

Medley defende Cassia quando seu meio-irmão Ivar chega para levá-la para morar em Nova York. Medley ordena que Ivar saia da propriedade, mas ele insiste em falar com Cassia. Medley avisa Ivar que Cassia está feliz morando no rancho com suas irmãs.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 98

AVISO

A presente tradução foi efetuada por um grupo de fãs da autora, de modo a


proporcionar aos restantes fãs o acesso à obra, incentivando à posterior aquisição.
O objetivo do grupo é selecionar livros sem previsão de publicação no Brasil,
traduzindo-os de fã para fã, e disponibilizando-os aos leitores fãs da autora, sem
qualquer forma de obter lucro, seja ele direto ou indireto.
Levamos como objetivo sério, o incentivo para os leitores fãs adquirirem as obras,
dando a conhecer os autores que, de outro modo, não poderiam ser lidos, a não ser
no idioma original, impossibilitando o conhecimento de muitos autores
desconhecidos no Brasil.
A fim de preservar os direitos autorais e contratuais de autores e editoras, este
grupo de fãs poderá, sem aviso prévio e quando entender necessário, suspender o
acesso aos livros e retirar o link de disponibilização dos mesmos, daqueles que
forem lançados por editoras brasileiras.
Todo aquele que tiver acesso à presente tradução fica ciente de que o download se
destina exclusivamente ao uso pessoal e privado, abstendo-se de o divulgar nas
redes sociais bem como tornar público o trabalho de tradução dos grupos, sem que
exista uma prévia autorização expressa dos mesmos.
O leitor e usuário, ao acessar o livro disponibilizado responderá pelo uso incorreto
e ilícito do mesmo, eximindo este grupo de fãs de qualquer parceria, coautoria ou
coparticipação em eventual delito cometido por aquele que, por ato ou omissão,
tentar ou concretamente utilizar a presente obra literária para obtenção de lucro
direto ou indireto, nos termos do art. 184 do código penal e lei 9.610/1998.

PROIBIDA A VENDA DESTE LIVRO.


É PARA USO GRATUITO.
DE FÃS PARA FÃS
Jujubs
Tyche
Jewell Designs

Janeiro 2024
COWGIRL BIKERS MC
Cowgirl Bikers MC
#2

Esther E. Schmidt
SINOPSE
Medley
Sou a vice-presidente de um MC só de mulheres localizado em um enorme rancho
que cria cavalos e outros animais. Não estou fingindo ser uma motociclista ou sem
noção de como manter o rancho em pé..

Sou uma mulher que luta muito pelo meu clube e por aqueles que amo.

Ivar
Ser rico não significa que você tem tudo o que seu coração deseja; família é
importante e o motivo pelo qual quero que minha meia-irmã venha morar na
cidade sou eu. Quando chego ao rancho para trazê-la para casa, me deparo com
Medley, uma mulher mal-humorada que defende minha meia-irmã e me coloca no
meu devido lugar. Medley é cativante, leal e voltada para a família; disposta a
fazer qualquer coisa para manter suas irmãs seguras. Reivindicar esta mulher como
minha é fácil, fazer com que ela reconheça minha reivindicação é dar um passo de
cada vez. Especialmente quando ela está focada em manter os membros de seu MC
seguros e inteiros.

A vida nunca é fácil, e tanto o futuro como o amor nunca são garantidos.

AVISO: cada livro da série Cowgirl Bikers MC é um conto autônomo que


apresenta um novo casal e pode ser lido em conjunto ou separadamente.

Inclui: Amor à primeira vista. Química fora de série. HEA. E cada história
o deixará querendo mais cowgirls motoqueiras!
CAPÍTULO UM

- MEDLEY -

— Ah, não, — resmunga Cassia, e olho para cima, enquanto retiro o


esterco da baia em que estou trabalhando.

Coloco o ancinho de limpar o esterco contra a parede e saio.

— O que há de errado? — Pergunto quando a vejo olhando para fora do


estábulo com uma expressão preocupada no rosto.

Cassia solta um suspiro profundo.

— Eu disse-lhe para não vir. Mencionei isso em nossos e-mails,


mensagens de texto, diabos, sinais de fumaça, o que quer que seja. E pensar que
não nos vemos há cinco anos, além dos textos e e-mails casuais. Ele nem mesmo
foi ao funeral de papai e agora, de repente, quer que eu vá morar com ele em Nova
York. Nova York, VP!

Ela me lança um olhar de total horror e tenho certeza de que estou


usando a mesma expressão porque não consigo acreditar na merda que ela está
falando.

— Ivar quer vir buscá-la? — Pergunto para ter certeza de que a entendi
corretamente.

Sério? Agora o cara quer se intrometer e exigir que ela largue tudo para
viver mais perto dele? Ivar é seu meio-irmão. Mesma mãe, pai diferente.
Provavelmente, ele não foi ao funeral porque não se dava bem com o pai dela. Ele
tinha oito anos de idade quando o pai dela e a mãe dele se uniram, e Ivar foi para a
Marinha assim que teve idade suficiente.

Ugh. Ivar. Só o nome dele me traz de volta a lembrança horrível e


vergonhosa que tenho dele. Eu tinha uma grande queda por ele porque ele tinha
dezessete anos quando o conheci e eu tinha dez. Sim, minha primeira paixão e eu
era estúpida o suficiente para me derreter em uma poça. Ele tirava sarro de mim
quando eu desmaiava em cima dele, então a paixão não durou muito, mas ainda
assim... uma paixão de ódio pode ser tão feroz quanto.

— Não. Ivar está aqui, — ela resmunga frustrada e estende a mão para
agarrar meu braço. — Você tem que me ajudar.

Eu bufo com sua linha de pensamento.

— Você sabe que o cara é um SEAL. Já mencionou isso uma ou duas


vezes. Quer dizer, eu consigo me manter firme em uma luta, mas odeio dizer a
você, garota... minhas habilidades têm limites. Então... acho que seria melhor você
correr enquanto eu o mantenho ocupado, porque uma vantagem é tudo o que você
vai receber de mim.

Ela balança a cabeça e está prestes a ir embora, mas se inclina e sussurra


ferozmente:

— Não conte a ninguém que eu lhe disse isso e não deixe que Ivar saiba
que você está ciente, mas ele recebeu alta médica devido a um incidente que
causou perda de audição. Olhe diretamente para ele. Ivar lê os lábios ou capta a
maioria das palavras e adivinha seu caminho em uma conversa. É o que ele faz
quando fazemos chamadas de vídeo. Ele tenta esconder isso do mundo exterior,
mas... droga. Tenho que ir.

Cassia sai correndo e eu me viro para ver um homem grande saindo da


traseira de uma limusine, sua cabeça se vira para nós e eu sei que ele acabou de vê-
la sair correndo. O homem é bem constituído e, a essa distância, posso dizer que o
terno de três peças que está usando foi feito sob medida para complementar
perfeitamente seu corpo.

Seu cabelo ainda é preto como breu e alisado para trás. Ele costumava tê-
lo um pouco mais comprido na parte superior, mas agora parece que o prendeu em
um nó na nuca. Definitivamente, é uma combinação estranha com todo o estilo
bilionário e elegante que ele está buscando.

Que droga. Minha paixão pelo ódio se transformou em um sonho


molhado no qual quero me afundar. A irritação bate. Não há como eu ser jogada de
volta ao passado e me transformar em uma poça aos pés dele. Eu podia ter dez
anos de idade, mas jurei a mim mesma que nunca mais iria me apaixonar por um
cara.

E quem esse idiota pensa que é? Vindo aqui em nossa propriedade,


achando que pode exigir que a irmã vá com ele para Nova York. A vida na cidade
versus a vida no campo. Que idiota. Quando Ivar se aproxima, fica claro que o
homem está acostumado ao luxo em vez de trabalhar duro. SEAL ou não, aposto
que ele vomitaria se estivesse com os tornozelos cheios de esterco como eu estava
há alguns segundos.

Caminhando em minha direção, ele inclina a cabeça e me dá um olhar


duro e resmunga:
— Se importa em me dizer para onde Cassia fugiu?

— Se importa em colocar seu traseiro de volta em sua limusine chique e


sair da minha propriedade? — Eu ordeno sem rodeios, coloco uma das mãos no
quadril e levanto levemente o meu Stetson com a outra para ter certeza de que
posso dar um olhar igualmente duro para o homem.

O canto de sua boca se contrai e seu olhar duro se transforma


ligeiramente em apreciação enquanto ele deixa seu olhar deslizar sobre mim.
Sentindo-me examinada, cruzo os braços na frente do peito e lhe dou um olhar
feroz em troca.

Ele não está fazendo nenhum movimento, então pego o ancinho e estou
prestes a me virar quando ele diz:

— Acho que começamos com o pé errado. Deixe eu me apresentar,


sou....

— Ivar Larksson. Sim, acredite, não preciso me lembrar disso. — Solto


uma bufada e lhe dou outro olhar condescendente. — Sua meia-irmã não quer
morar em Nova York. Ela está bem aqui, cercada por todas as irmãs que estiveram
ao seu lado quando ela mais precisou. Agora, como eu disse... saia da minha
propriedade.

Ele se aproxima e, lentamente, inclino a cabeça para trás para olhar o


homem nos olhos, já que ele está acima de mim. Talvez muitas pessoas se
sentissem ameaçadas, mas eu já vi muita coisa nos últimos anos e não há nada que
me faça sentir o calor da cauda do demônio.

— Quem é você para julgar? — ele rosna em um tom ameaçador.


— Medley Wesselings. — Eu lhe dou um sorriso e me certifico de que
ele consegue ler meus lábios quando acrescento: — Você era um idiota quando eu
tinha dez anos e vejo que a vida o tornou ainda mais idiota. E sim, eu tenho
permissão para julgar quando você entra aqui com seu terno chique latindo para
sua irmã e querendo arrastá-la com você. Olhe ao redor, amigo. Isso aqui é o que
ela ama e gosta e você quer tirar tudo isso e depois o quê? Arrumar um emprego de
escritório para ela? Deixá-la mergulhar no luxo para preencher seu tempo pintando
as unhas ao lado da piscina para que ela possa trabalhar em suas linhas de
bronzeamento? Essa é claramente a sua visão do que as mulheres devem ter em
suas vidas. Acorde e sinta o cheiro do esterco, amigo. Ela tem permissão para
perseguir seus próprios sonhos.

Um sorriso lento transforma seu rosto.

— Macacos me mordam. Medley Wesselings.

— A primeira e única. — Empurro o ancinho entre nós, forçando-o a dar


um passo para trás ou sujar seu terno elegante. — Tchau, Ivar. Vejo você daqui a
uns dez anos ou mais.

Viro-me e entro no estábulo em que estava trabalhando, colocando o


esterco no ancinho e despejando-o no carrinho de mão. Repito o processo mais
algumas vezes até perceber que o carro está indo embora.

Levanto minha voz e grito:

— A costa está livre, Cassia. Pode sair agora, — digo, sabendo que ela
está se escondendo atrás do feno na parte de trás dos estábulos.
— Obrigada, VP, por me apoiar. Achei que ele nunca iria embora, —
suspira Cassia. — Não consigo entender por que, de repente, ele quer bancar o
irmão mais velho.

— Quem sabe. — Dou de ombros e me apoio no garfo de esterco. —


Talvez ele esteja ficando sentimental e perceba que você é a única família que lhe
resta.

— Então ele deveria ter se envolvido mais em minha vida nos últimos
anos e não ter aparecido como uma galinha sem cabeça, — resmunga Cassia.

— É verdade, — concordo, porque o que mais há para dizer, exceto: —


Talvez ele também tenha seus motivos. Sugiro conversar com ele, isso pode
esclarecer as coisas entre vocês.

— Ivar não fala: ele exige e dá ordens. O homem não consegue lidar
com uma simples conversa, muito menos ouvir o que outra pessoa está dizendo ou
sugerindo. — Cassia solta um suspiro profundo. — Muito bem, chega. Essa merda
está me dando dor de cabeça. Vou dar uma olhada no nosso novo potro.

— Vejo você mais tarde, — brinco e volto a me concentrar na tarefa que


tenho em mãos.

Depois de uma hora de trabalho árduo, finalmente saio do estábulo e me


dirijo à sede do clube. Há alguns meses, esse rancho ainda pertencia ao meu pai.
Ele era o presidente do Valorous Sally, um clube de motociclistas repleto de Navy
SEALs.

Até que todos eles foram massacrados e ninguém sabia por quê ou quem
havia feito isso. Minhas irmãs e eu juramos vingança. Junto com as filhas dos
irmãos mortos, começamos uma nova era, na qual o Valorous Sally MC se tornou
uma irmandade em vez de uma fraternidade; um clube de motociclistas repleto de
mulheres.

Temos mantido o rancho em funcionamento e conseguimos descobrir


quem assassinou nossos pais. Surpreendentemente, foi um dos nossos. Minha irmã
mais velha, Hudsyn, e seu Old Man, Ezra, ajudaram - junto com alguns de seus
irmãos do MC do qual ele era membro na época - e conseguimos eliminar o
assassino.

Eu sorrio amplamente quando entro na sala principal. Hudsyn, que é a


presidente do MC, está fora da cidade com Ezra. Ele a levou em uma semana de
férias para visitar seus velhos amigos. Ezra já foi um nômade e também fez parte
do Cowboy Bikers MC Lawmen, um clube de motociclistas que também
administra um rancho, além de ser uma divisão especial do governo e basicamente
resolve casos de crimes.

Hudsyn merece um tempo de folga para se concentrar em si mesma e em


seu homem, para variar. Ela tem se concentrado totalmente em acabar com a
incerteza da morte de nosso pai por meses a fio. Com o caso resolvido, finalmente
podemos respirar e conduzir nosso MC para mares mais calmos.

Bem, exceto, talvez, hoje, quando o maldito Ivar apareceu pensando que
poderia tirar Cassia da vida que ela claramente gosta. Se foi sua própria escolha
fazer as malas e deixar tudo para trás? Todo o amor e os melhores votos. Mas
Cassia me pediu para dar um passo à frente e eu o fiz. Não é preciso dizer que foi
muito bom dizer a Ivar para se foder. Ainda estou sorrindo com essa lembrança.

— VP, — brinca Ramona. — Precisa de mim amanhã?


— Droga, Ramona, — resmungo. — Não me dê outra maldita desculpa.
Você ficou trancada em seu quarto por três dias na semana passada. Acrescente o
dia de ontem e agora você quer o dia de amanhã também? Temos três novos
Longhorns chegando amanhã e eu quero você lá.

Ela estremece porque sabe muito bem que estou certa.

— Desculpe. VP. Tenho estado muito cansada ultimamente. Não tenho a


menor ideia do que está acontecendo.

— Talvez você precise parar de transar com o cara da construção. Quero


dizer, a sala deveria estar pronta há semanas, é como se ele estivesse fazendo mais
por você do que pelo maldito trabalho dele, — resmungo. — E, na verdade, o
quarto parece pronto para uso, então por que não assinar e acabar logo com isso?
Não é como se ele precisasse de um motivo para pular em sua cama.

Kit e Posie dão uma risadinha e os ombros de Ramona caem.

— Não acho que estejamos transando muito, — admite ela em um


sussurro baixo.

Merda. Drama. Não é o que eu precisava com o dia que tive. Levantei-
me às cinco da manhã e fiz uma série de tarefas que minha irmã costuma fazer e,
depois, acrescentei minha própria carga de trabalho e o fato de Ivar ter aparecido;
estou pronta para tomar uma cerveja gelada e relaxar um pouco. Mas acho que isso
terá de esperar.

— Igreja, Ramona, — brinco e dou uma olhada na sala. Meu olhar se


conecta com a pessoa que estou procurando e sacudo o queixo com um estalo de
seu nome, — Sonnet.
Nós três entramos na igreja e, quando fecho a porta e as duas se sentam,
vou até à pequena geladeira no canto e pego uma cerveja gelada antes de exigir:

— Comece a falar, Ramona.

Ela está torcendo as mãos e odeio vê-la assim. Pensando bem, tenho
certeza de que não a vejo tão assustada há muito tempo.

Suavizando minha voz, inclino-me para a frente e cubro sua mão com a
minha.

— Desculpe-me se fui muito dura antes. Tive um dia infernal e sei que
isso não é desculpa. Tudo o que estou dizendo é: você está segura aqui. Não há
nada que você diga que possa sair desta sala. Vamos lá, Mona. Não podemos
ajudar se você não falar.

Em vez de dizer algo, ela afasta a mão da minha e arregaça as mangas.

— Nas últimas semanas, tive... não consigo... não sei como dizer outra
coisa senão... continuo acordando com hematomas. Não me lembro de ter dormido
e ainda estou cansada quando acordo. Você acha que eu deveria consultar um
médico? Fazer um exame de sangue?

A fúria flui através de mim. Sou uma ávida leitora de romances policiais
e li algo que me parece vagamente familiar ao que ela está dizendo. Mas, antes de
tirar conclusões precipitadas, preciso ter certeza.

— Henrick, o trabalhador da construção civil com quem você tem saído,


está com você quando você dorme? — Mal consigo conter o veneno em minha
voz.

Ela faz um leve aceno de cabeça.


— Eu já lhe perguntei. Henrick disse que tenho um sono agitado e que
vou ao banheiro algumas vezes durante a noite e que bato nas paredes como
sonâmbula. Ele mencionou que acordou algumas vezes por causa das batidas
fortes. Como eu disse. Eu deveria ir a um médico, certo?

Olho para Sonnet, mas ela está com a mesma raiva que eu e não estou
gostando da voz fina de Ramona. Ela é uma das mulheres mais fortes que conheço
e vê-la assim alerta todos os meus sentidos de aranha.

— Ramona, — começo com cuidado. — Em todos os anos em que a


conhecemos, se você dormia no mesmo quarto ou no sofá enquanto muitas de nós
estivamos acordadas... teríamos notado algo. Isso não se parece nem um pouco
com você. E, de repente, começar a ter sonambulismo, bater em paredes e coisas
do gênero? Acho que você deve passar na clínica, mas precisa fazer um exame de
sangue. Certifique-se de que eles também estejam testando para qualquer tipo de
droga.

Seus olhos se arregalam.

— O quê? Eu não uso drogas, nunca usei, nunca usarei.

— Acho que a que nossa vice-presidente está tentando dizer, e eu


concordo plenamente, é que você pode estar sendo drogada logo antes de dormir,
— afirma Sonnet cuidadosamente.

O medo toma conta de seu rosto e ela cai de volta na cadeira. Ela bate
com as mãos no rosto e murmura:

— Estou acordando dolorida, mas acabei de pensar... oh, merda. Ah,


droga. Oh... oh, não. Meu Deus... não.
Envolvo gentilmente meus dedos em torno de seus pulsos e passo meus
polegares ao longo de seu pulso.

— Sonnet, você se importaria de ligar para a médica e pedir que ela


passe aqui para tirar sangue e acelerar o processo? Acho que é melhor do que
passar na clínica.

Sonnet empurra sua cadeira para trás, pega seu telefone e caminha para o
outro lado da sala, enquanto eu me levanto para ficar mais perto de Ramona e me
agacho ao lado de sua cadeira.

— Olhe para mim, Mona, — eu peço.

Suas mãos caem do rosto.

— A brincadeira com o Henrick termina agora. Vou me certificar de que


uma de nós fique com você durante a noite para que ele não a pegue. Seja o que for
que esteja acontecendo, nós vamos acabar com isso, ok?

Que droga. O olhar sem vida que ela me dá é diferente do da Ramona.

— Não podemos instalar uma câmera? — ela diz de repente. — Por que
não pensei nisso antes? Podemos fazer isso? Ele virá aqui hoje à noite. Posso
gravá-lo em vídeo e ver o que ele faz. Eu preciso saber, Medley. Preciso ver o que
acontece quando estou... preciso... — Ela fica em silêncio, mas sei exatamente o
que ela quer dizer com essas palavras.

— A doutora está a caminho, — anuncia Sonnet. — E odeio dizer isso...


mas concordo com a Ramona. Temos que pegar o desgraçado no ato. Quem sabe o
que ele faz, como ele faz e há quanto tempo ele está fazendo.
— Faça acontecer, mas faça rápido. — Olho para o relógio. — A que
horas o Henrick costuma passar pelo seu quarto?

— Dez, — diz Ramona, com a voz levemente trêmula.

Sonnet encontra meu olhar.

— Acho que Zoanne ainda tem aquele urso com a câmera dentro da
barriga. Ele tem um mecanismo de gravação que só permite gravar por quatro
horas. Acho que terá de servir.

— Cuide disso, — peço e espero até que Sonnet saia da sala para me
concentrar em Ramona e conversar com ela mais um pouco.

Minha cerveja foi esquecida há muito tempo e um novo objetivo tomou


conta dos meus músculos doloridos e do meu cérebro cansado. Não descansarei até
descobrir exatamente o que está acontecendo com Ramona. Que inferno, bem
debaixo do nosso próprio teto.

Eu deixo minha raiva de lado e me concentro na mulher que precisa de


apoio e compreensão, além de um pouco de força para se recuperar. Por um
segundo, espero que haja outra explicação lógica, mas, no fundo, sei a verdade:
Henrick está se aproveitando dela enquanto ela dorme.
CAPÍTULO DOIS

- IVAR -

Três dias depois

Estaciono minha motocicleta e bato no suporte enquanto olho em volta.


Mesmo depois de todos esses anos - desde o incidente que causou a perda de
oitenta por cento da minha audição - sinto falta dos sons da natureza quando
observo o ambiente ao meu redor.

Algo tão simples como o ruído de fundo é considerado natural quando


você não é confrontado com a perda dele. Acho que devo me sentir sortudo por
ainda conseguir ouvir um pequeno fragmento quando alguém coloca a boca bem
perto do meu ouvido e fala diretamente nele.

Aparelhos auditivos não são uma opção para mim. Eu os odiava e eles
também causavam irritação na pele. Além disso, sempre fui observador, não é tão
difícil interpretar a expressão no rosto de alguém. E captar uma palavra ou uma
frase curta observando o movimento dos lábios é algo que conheço bem quando é
preciso ficar quieto em situações de vida ou morte.

Com o passar dos anos, aprendi a expandir minhas habilidades e a me


adaptar, porque, na verdade, quando você pega outro caminho que a vida lhe dá,
não há outra escolha a não ser seguir em frente. O que basicamente significa que
aprendi a ler perfeitamente os lábios e a expressão das pessoas, além da linguagem
corporal, para facilitar a adaptação e ouvir de uma maneira diferente.

Bem, talvez não perfeitamente, porque muito disso depende da


percepção e é um pouco difícil se as pessoas se movem, viram a cabeça ou falam
quando não estão de frente para mim. Então, sim, não há nada de perfeito nisso,
mas eu consigo.

Balançando a perna para fora, solto o capacete e o coloco na motocicleta.


Outro motivo pelo qual os aparelhos auditivos não são para mim é o capacete.
Embora eles sejam muito pequenos hoje em dia, como eu disse, consigo viver
minha vida muito bem. Durante as reuniões de negócios, costumo ir de limusine,
mas não deixo de andar de moto por nada; talvez seja a única coisa que meu
padrasto e eu temos em comum: o amor por andar de moto.

É claro que isso ajuda o fato de eu ter muito dinheiro devido aos
investimentos que tenho feito ao longo dos anos, o que me permite fazer o que eu
quiser na vida. Os últimos meses têm sido bastante conflituosos. Scott, um dos
meus antigos colegas de equipe, tirou a própria vida e outros dois foram mortos no
cumprimento do dever. Tudo isso em apenas alguns meses.

É tudo uma lembrança vívida do que aconteceu quando o IED1 foi


atingido e eu perdi minha audição junto com alguns membros da minha equipe,
sendo um deles a esposa do meu melhor amigo, Perry. Isso com certeza coloca a
vida em perspectiva.

Quando Cassia ligou para mim contando que seu pai havia sido
assassinado, comecei a pensar que eu e ela éramos a única família viva. Meu

1 Bomba fabricada de maneira improvisada.


padrasto e eu nunca nos demos bem, mas eu deveria ter apoiado minha meia-irmã,
já que ele era o pai dela, mas eu estava tentando colocar a cabeça no lugar,
enfrentando meus próprios demônios.

Até que ela me enviou uma mensagem com informações atualizadas


sobre como parte da sede do clube foi explodida e uma das mulheres desse MC
feminino do qual ela é membro perdeu a vida. Sem mencionar que o responsável
por matar todos os pais delas, explodir um cômodo do clube e tirar a vida de uma
delas era um deles. É muito perigoso para Cassia ficar aqui.

Como eu disse, ela é a única família viva que me resta e não vou permitir
que alguém a tire de mim. Eu deveria ter feito isso meses atrás, mas agora estou
aqui. E não aceitarei um não como resposta, e certamente nenhuma mulher vai me
impedir quando eu quiser me reconectar com minha meia-irmã.

Certamente não Medley. Que droga. A última vez que a vi, ela era uma
coisinha minúscula, olhando para mim com olhos de cachorrinho. E agora? O fogo
que vem de seu olhar sedutor é algo que eu gostaria de sentir em mim quando eu a
dominar com meu corpo. A mulher tem boca, é linda de morrer e tem curvas que
quero explorar com minha língua.

Ela provavelmente não me deixaria, mas estou sempre pronto para um


desafio. Principalmente quando faz anos que não estou com uma mulher. Depois
que minha audição foi prejudicada, entrei em uma espécie de mecanismo de defesa
em que me concentrava apenas em mim mesmo. Isso claramente chegou ao fim
quando meu pau se contraiu na calça pela forma como Medley me enfrentou. Mais
um motivo para fazer uma nova visita.
E como minha irmã está ligada a esse MC, eu diria que a melhor maneira
de me reconectar é me aproximar para que Cassia veja que minhas intenções são
verdadeiras. Nunca tive a intenção de afastá-la de tudo isso e acho que estou em
dívida com a vice-presidente mal-humorada desse MC, porque ela estava certa em
jogar esse fato na minha cara.

Fui egoísta e não pensei quando quis Cassia por perto. Achei que
oferecer-lhe um apartamento com tudo o que seu coração desejava seria suficiente
para persuadi-la. Quero dizer, a maioria das mulheres que conheci é movida pelo
luxo, pela atenção e por tudo o mais que puderem obter.

A questão da vida na cidade versus a vida no campo? Acho que isso me


fez pensar em Nova York quando saí daqui há alguns dias. Quando cheguei ao meu
apartamento, fiz uma mala, peguei minha motocicleta e voltei para cá.

A viagem me deu tempo suficiente para clarear a cabeça e pensar em um


plano. O que basicamente implicava em tirar umas férias curtas aqui para passar
algum tempo com Cassia e partir daí.

Noto Cassia que está vindo em minha direção e leio facilmente seus
lábios.

— Que diabos você está fazendo aqui?

— Achei que poderíamos passar algum tempo juntos e colocar a


conversa em dia. Juro que não estou aqui para arrastá-la. Além disso, tenho certeza
de que a outra garota atrás da qual você se escondeu da última vez arrancaria
minha cabeça se eu fizesse isso. No entanto, tenho que admitir que ela é gostosa,
então não me importarei de ter outro encontro com a senhorita.

A boca de Cassia se transforma em um sorriso.


— Medley é uma força a ser reconhecida. Confie em mim quando digo
que você não conseguiria lidar com ela.

Isso é o que veremos, respondo mentalmente.

Limpo a garganta para lhe dar as palavras:

— Alguma chance de você querer comprar uma cerveja para o seu


irmão?

— Você pode comprar uma cervejaria inteira e ainda assim está aqui me
pedindo para comprar uma maldita cerveja para você. — Cassia balança a cabeça e
dá um passo à frente para prender seu braço no meu. Inclinando-se para perto do
meu ouvido, ouço levemente sua voz quando ela diz: — Uma cerveja eu consigo.

Ela me leva para dentro da sede do clube e muitos olhares nos atingem
simultaneamente. Há apenas um par que me chama a atenção e é o da beldade de
cabelos castanhos e avermelhados que sai de uma sala à minha direita.

Seus longos cabelos estão divididos em dois e caem sobre cada seio,
amarrados com um laço branco para que fiquem no lugar. Um belo conjunto de
seios na mulher que está usando uma camiseta regata branca para acentuar suas
curvas e mostrar a tinta em ambos os braços.

Chame-me de fascinado porque quero lamber cada centímetro de pele


antes de chegar à parte entre suas pernas. No entanto, a expressão em seu rosto me
diz que não me deixaria me banquetear com ela tão cedo. Ela se aproxima de mim
e, com isso, quero dizer que suas botas de cowboy batem em minhas botas de
motociclista e ela tem de inclinar a cabeça para trás para me encarar.

— O que acha que está fazendo aqui? — Ela me deixa ler seus lábios em
alto e bom som.
— Estou seguindo seu conselho, — digo-lhe sem rodeios.

Seus olhos se estreitam.

— Que parte?

— Gente da cidade, gente do campo. Acho que estou aqui para ficar por
um tempo, para me reconectar com minha irmã e entender por que é aqui que ela
quer estar na vida. — Deslizo meu olhar para Cassia. — Porque eu posso lhe
oferecer muito mais e espero que ela faça a escolha certa a longo prazo, mas, por
enquanto, estarei aqui, respeitando suas escolhas.

Eu me viro bem a tempo de ouvir a resposta de Medley, mas ela não está
focada em mim, sua atenção está em Cassia. Só consegui captar parte de suas
palavras. Mas tenho certeza de que ela disse algo como:

— Seja fiel a si mesma e não deixe que esse idiota a force a fazer algo
que você não quer. Avise-me se quiser que ele vá embora e eu mesma o expulsarei.

Um estrondo baixo flui em meu peito, mas muda para uma risada quando
a vejo me dar um fora e ela nem mesmo se vira para mim, mas volta para a sala de
onde veio.

— Essa mulher precisa ser colocada sobre os meus joelhos, — murmuro


para mim mesmo.

Um tapa em meu peito atrai meu olhar para Cassia, deixando-me ler seus
lábios.

— Se alguém pode persuadi-la a se submeter a um cara, esse alguém é


você. Mas saiba para que tipo de luta você está se preparando, porque Medley não
é como as outras garotas que você namorou no passado. — Cassia cita a parte do
namoro porque nós dois sabemos que eu nunca namorei ou tive um relacionamento
no passado.

Minha carreira como SEAL tinha prioridades e, quando recebi alta


médica, minha vida mudou de tal forma que não precisava de companhia feminina.
Mas e agora? Meu pau salta ao pensar em agarrar o rabos de cavalo de Medley e
guiar sua cabeça em direção à minha virilha para me engolir inteiro ou mantê-la no
lugar enquanto eu a fodo por trás.

Cassia balança um dedo na minha cara.

— Má ideia, Ivar. Seja lá o que for que esteja pensando. E,


definitivamente, é um momento ruim. Estamos lidando com algumas merdas
agora, assuntos do clube, e Medley está ocupada com isso porque Hudsyn, nossa
Prez, está fora por alguns dias.

— Que tipo de assuntos? — Pergunto e mantenho minha atenção em


seus lábios.

— Do tipo em que uma de nossas irmãs teve um cara com quem ela
estava saindo que acabou se revelando um canalha fodido. Um cara que achava
que não havia problema em drogá-la antes de ela dormir para que ele pudesse
amarrá-la e molestá-la da maneira que quisesse. Ela achava que estava
enlouquecendo e não conseguia identificar os hematomas e a dor em seu corpo.
Colocamos uma câmera no local para confirmar nossas suspeitas e conseguimos
flagrá-lo em vídeo colocando algo na água dela e como ele a amarrou. Acabamos
com isso quando ele estava prestes a colocar seu pau dentro dela.

Minha raiva está aumentando muito, mas Cassia balança a cabeça.


— E fica pior. O desgraçado atacou a Medley e ela deu um soco no
desgraçado quando a polícia apareceu. Fomos nós que chamamos a polícia, mas
ele alegou que era a vítima, dá para acreditar? Temos provas, mas o fato de ele ter
dito que ela consentiu e que tinham um relacionamento e tudo mais... dificultou, e
o desgraçado saiu do escritório do xerife algumas horas depois. Ele não apresentou
queixa contra Medley, mas conseguiu convencer o xerife a acreditar que tudo não
passou de um mal-entendido. Briga de namorados, irmãs apoiando umas às outras
e exagerando nas proporções. Ele disse ao xerife que entendia o que parecia, mas
que era uma ocorrência consensual no relacionamento deles. Ramona está
completamente afastada. Como eu disse, o momento é péssimo.

Esfrego a mão no rosto e resmungo:

— E você se pergunta por que eu quero que você saia desse lugar e
venha morar perto de mim. Pelo amor de Deus, que merda é essa?

Cassia agarra meu pulso para que nossos olhares se cruzem.

— A vida é uma merda, não preciso lembrá-lo de todas as coisas ruins


que você e seus amigos encontraram, certo?

O desafio é grande entre nós e, com relutância, admito:

— Certo.

— Ótimo, agora vamos tomar aquela cerveja juntos e talvez eu peça a


Medley para lhe dar um quarto por algumas noites para que possamos conversar
antes de você voltar para a sua vida enquanto eu continuo a viver a minha do jeito
que eu quiser, certo?

— Porra, — murmuro, mas meus lábios estão se contraindo. — Ainda é


tão teimosa quanto me lembro de você quando era criança.
O sorriso que ela me dá aquece meu coração e eu a puxo para um abraço.

— Nunca mude, — murmuro e dou um beijo no topo de sua cabeça.

Ao olhar para cima, percebo Medley encostada no batente da porta. Ela


está nos observando com os braços cruzados na frente do peito. Posso ver a
apreciação escrita em seu rosto quando ela levanta o queixo e se retira para o
quarto mais uma vez.

Cassia se afasta e me arrasta em direção ao bar. As horas passam entre a


cerveja e o bate-papo e percebo que talvez eu precisasse mais disso do que minha
irmã. Sua proximidade, nossas conversas sem sentido sobre tudo e qualquer coisa,
brincadeiras e apenas passar algum tempo de qualidade juntos.

Em vez de ficar alguns dias, eu poderia facilmente estender minha


viagem para uma semana ou talvez duas, ou o tempo que for necessário para
aproveitar meu tempo aqui.
CAPÍTULO TRÊS

- MEDLEY -

Deixo cair a caneta e começo a esfregar os olhos. Ainda bem que só uso
um pouco de maquiagem quando vou ao bar ou algo do gênero. Bufo mentalmente.
Não consigo nem me lembrar da última vez que saí. Não que eu sinta falta disso.
Prefiro o trabalho no rancho e andar de motocicleta a qualquer outra coisa.

Bem, talvez não o lado administrativo das coisas, penso, com o laptop à
minha frente e o bloquinho de anotações em que escrevi minha lista de tarefas para
não me esquecer de encomendar os suprimentos depois de terminar os livros.

— Dia longo? — diz uma voz masculina à minha direita.

Deixo cair as mãos e pisco algumas vezes para ver Ivar parado na porta.
Olhando a hora no laptop, percebo que já são quase duas da manhã. Droga.

Lembrando-me do que Cassia mencionou sobre seu irmão, eu me


certifico de encará-lo completamente, permitindo que ele leia meus lábios quando
lhe digo:

— O tempo continua fugindo de mim.

Ele acena com a cabeça e entra na igreja.

— Eu queria lhe agradecer pelo que você disse há alguns dias.


— Sobre a vida fazer de você um idiota maior do que já é? — pergunto
com doçura.

Fico feliz com a forma como seus olhos se estreitam, mas ele tem razão,
foi um longo dia.

— Cassia passou por aqui hoje cedo e perguntou se você poderia ficar
aqui por alguns dias. Ela também mencionou que desistiu de arrastá-la para a
cidade para ir morar com você. Acho que sou eu quem gostaria de lhe agradecer. O
sorriso no rosto dela era algo que ela precisava, com certeza. Fico feliz que vocês
tenham se reconectado.

Pego o laptop e o fecho. Fechando meu notebook, pego tudo e tranco no


armário.

— Agradeço a hospitalidade, — ele murmura.

Acenando com a cabeça, eu lhe dou um sorriso.

— Não tem de quê.

Quando estava prestes a passar por ele, ele me impediu, colocando os


dedos em volta do meu pulso. Fagulhas de consciência aquecem minha pele com o
simples toque e meu ritmo cardíaco se acelera.

— Que tal tomarmos um drinque à noite? — Sua voz é rouca e a frase


que ele acabou de me dar sugere mais do que apenas compartilhar uma bebida.

Nossos olhares se cruzam e é o desejo que toma conta das pupilas dele
que me torna ousada e audaciosa o suficiente para dizer:

— Se você está oferecendo um acordo único entre os lençóis, sou


totalmente a favor. Mas eu não faço encontros sociais ou coisas de longo prazo
porque nós dois sabemos que você não vai ficar por aqui. E isso ficaria entre nós,
ninguém jamais saberia.

Por que diabos eu disse isso? Devo estar perdendo a cabeça. Por outro
lado, minha mente parece saber do que preciso, porque Ivar é forte como um
tanque, sexy em um terno, mas vê-lo de jeans, botas de motoqueiro e com o cabelo
solto sobre os ombros?

A luxúria toma conta do meu corpo instantaneamente e eu quero ceder


devido à semana de merda que estou tendo. Preciso de um tempo para relaxar, para
queimar todo o estresse acumulado, e já faz tempo demais que não faço sexo. Ele
está aqui por pouco tempo, e espero que esteja disponível, vale a pena tentar. Não é
mesmo?

— Não seria melhor encostar na parede ou na mesa do que entre os


lençóis?

Oh.

Meu.

Que loucura.

Deus.

Sim. Por favor!

— Com certeza, — respondo e solto a camisa da calça jeans e a tiro


sobre a cabeça, deixando-a cair no chão.

Ivar não perde o ritmo e fecha a porta, trancando nós dois lá dentro para
evitar que o mundo exterior interrompa. Ele estende a mão e segura a parte de trás
da minha cabeça para me puxar para perto e não me deixa outra opção a não ser
olhar fixamente para ele.

— Sem arrependimentos, — ele murmura com o olhar fixo em meus


lábios.

— Sem arrependimentos, — repito. Sua boca se fecha, mas rapidamente


coloco um dedo contra seus lábios. — Nada de beijos.

Caramba. Por que eu disse isso? Porque é muito íntimo e se tornaria


mais do que apenas físico, respondo mentalmente à minha própria pergunta não
dita. Ugh. Minha mente claramente se desviou para o fundo do poço.

— Tudo bem, — concorda Ivar, e meu coração dispara quando ele


enterra a cabeça na curva do meu pescoço. Os dentes mordiscam minha pele e,
logo em seguida, sua língua lambe a ardência. Sim. É disso que eu preciso; posso
sentir a tensão deixar meu corpo enquanto ele se enche de prazer.

Eu gemo e deixo meus dedos encontrarem sua camisa, puxando o tecido


para fora. Deslizo por baixo para tocar os músculos duros do que parece ser seu
abdômen. Estou prestes a explorar um pouco mais quando ele solta um grunhido
gutural e, de repente, sou agarrada e levantada no ar.

Um momento depois, minha bunda está sobre a mesa e o rasgo de tecido


flui pelo ar quando olho para baixo e fico ofegante ao descobrir que meu sutiã foi
arrancado do meu corpo. Se possível, estou mais excitada do que nunca em toda a
minha maldita vida quando o homem começa a se comportar de maneira
neandertal e começa a arrancar meu jeans.

Ajudando o homem, tiro as botas e coloco as mãos na mesa para levantar


minha bunda e deslizar para fora do jeans que ele está arrancando. Minha calcinha
se junta à calça no chão e fico completamente nua enquanto ele ainda está usando
tudo.

— Isso precisa sair, — murmuro, mas o homem não reage.

Seu rosto está enterrado entre meus seios e eu não deveria estar
reclamando quando um dos meus mamilos é sugado por sua boca, mas eu
realmente quero vê-lo e senti-lo. Que merda. Ele claramente não me ouviu.
Gentilmente, seguro seu rosto e o puxo para cima. Seus olhos encharcados de
desejo se fixam nos meus, deslizando até meus lábios.

— Roupas. Tire. Quero ver e sentir você, — falo, sabendo que não
preciso das palavras para que ele ouça o que quero.

Ele dá um passo para trás e puxa a camisa por cima da cabeça, deixando-
a cair no chão para que suas mãos possam alcançar o cinto. Estou lambendo os
lábios ao ver a protuberância grossa delineando sua calça jeans. Ivar não se apressa
e pega a parte de trás da calça jeans primeiro para tirar a carteira.

Ele está segurando um pacote de papel alumínio fino amassado.

— Isso tem mais de cinco anos. Precisamos disso? Estou limpo... se a


idade da camisinha não diz, já faz anos que estou limpo.

— Para mim também já faz um tempo. Estou tomando a pílula. Então...


se você quiser...

— Eu quero, — ele rosna e deixa a carteira e o preservativo caírem no


chão.

Ele abaixa a calça jeans e a chuta para longe, junto com as botas. Suas
coxas são musculosas e totalmente tatuadas, assim como o resto de seu torso. Puxa
vida. Como esse homem pode aparecer vestido com um terno e não deixar
transparecer nem uma lasca de pele marcada e depois aparecer novamente vestido
casualmente e ficar assim nu?

Eu sabia que minha mente tinha tido um pane cerebral quando o


convidei para fazer sexo, mas, caramba, agora está perto de ser uma decisão
brilhante. Coloco as duas mãos em seu peito para empurrá-lo para trás do meio das
minhas pernas e pulo da mesa, afundando graciosamente de joelhos no momento
seguinte.

Ele diz palavrões suaves e, quando envolvo meus dedos em torno de seu
pau grosso e longo que brota de um pedaço de cachos escuros bem aparados, ele
fica completamente em silêncio. Uma gota de sêmen está vazando da fenda e está
me chamando para provar.

O cheiro dele me envolve e é limpo, masculino, algo selvagem e, de


alguma forma, perigoso... tudo está me estimulando quando seus dedos deslizam
para o meu cabelo. Suavemente, ele me puxa para a frente, enquanto seu olhar está
absorvendo a cena abaixo dele.

Inclinando-me, deixo minha língua circular a cabeça grossa e vermelha.


Saboreio-o enquanto provo a fenda e a parte de baixo de seu pau. Seu peito sobe e
desce, mas ele não diz nem faz nada além de me observar.

Posso sentir o desejo crescendo dentro de mim, transbordando entre as


minhas pernas por lhe dar prazer e observar como ele recebe o que eu lhe dou. É
uma ocorrência rara, que eu nunca havia experimentado antes, ter um homem
olhando para mim como se eu fosse uma espécie de revelação de felicidade.
Tenho que fechar os olhos antes de ler mais do que deveria. Não se trata
de emoções; trata-se de se deixar levar e aproveitar o momento. Envolvendo meus
lábios em torno de seu membro inchado, eu o chupo profundo o suficiente para
senti-lo atingir o fundo da minha garganta.

Ele solta um grunhido e eu sinto a picada de seus dedos apertando meu


cabelo em um punho, guiando minha cabeça no ritmo que ele exige enquanto eu
chupo seu pau como se fosse um trabalho único na vida. Estou tão excitada que
praticamente posso sentir um orgasmo se formando só de dar prazer a esse homem.

Estou tão envolvida em tudo que ofego de surpresa quando ele me puxa
com força de seu pau e me levanta por baixo dos braços para colocar minha bunda
na mesa novamente. Ele separa minhas pernas e enterra o rosto bem no meu
centro.

Tenho de morder o lábio para não gritar de prazer. O homem não tem
piedade quando roça meu clitóris, enfia a língua na minha boceta e consegue enfiar
dois dedos dentro de mim enquanto faz isso. Puxa vida. O orgasmo que corre em
minhas veias é desproporcional, uma felicidade fora de série. Do tipo que nunca
experimentei em toda a minha vida. Minha mente fica completamente vazia e estou
basicamente nadando em prazer.

Em um estado de torpor, observo Ivar se erguer enquanto ele coloca a


palma da mão em seu pau e desliza pelos lábios da minha boceta. Ele cobre meu
corpo colocando uma mão na mesa enquanto começa a empurrar lentamente,
enterrando-se centímetro por centímetro deliciosamente.
Seu rosto está pairando sobre mim. Nossos olhares estão conectados e
talvez ambos estejamos agindo sob uma névoa de luxúria, mas de alguma forma
isso aqui parece mais íntimo do que compartilhar um beijo apaixonado.

Não consigo desviar o olhar e ele também não, enquanto continua a


deslizar para dentro e para fora do meu corpo, trazendo de volta o prazer com o
qual eu estava saciada há alguns instantes. Sem pensar, estendo a mão, deixando
meus dedos deslizarem sobre a lateral de seu rosto para afundar em seu cabelo e
expor mais de seu rosto.

Engulo com força as emoções que lutam para ficar longe do homem que
está tomando meu corpo. Só que, nessa intimidade, meu coração se perde a ponto
de ele imaginar pegá-lo para mim. Sempre tão perto. Sempre tão perdido. Mas ele
está lá comigo, compartilhando, tomando, dando, experimentando nossos corpos se
tornarem vivos um contra o outro.

Sua testa se conecta com a minha. Posso sentir seu hálito quente
deslizando sobre meus lábios a cada grunhido gutural que sai de mim enquanto ele
penetra em meu corpo. Ele me enche de prazer à medida que cada movimento para
cima roça meu clitóris, causando fricção suficiente para me levar ao limite.

Agarro sua cabeça, coloco meus lábios bem perto de sua orelha e gemo
seu nome com o prazer que ele está me proporcionando. No momento em que faço
isso, ele engrossa um pouco mais dentro de mim e começa a descarregar em jatos
quentes. Meu nome em sua língua, fluindo com tanta emoção, prende meu coração
em um momento de choque por tempo suficiente para perceber que esse homem é
único em todos os sentidos.
Mas, principalmente, aquele que poderia me destruir de forma
irreparável; fazer com que eu me apaixonasse por ele, sabendo que nossas vidas
são muito diferentes. Nós nunca poderíamos ser. É um adeus ao meu coração, mas
não me importo com esse momento.

Seu corpo estremece em cima de mim e ele se levanta, olhando de


relance para onde estamos conectados. Ele se abaixa e a pura curiosidade me leva a
ver o que ele está fazendo. Ele coloca os dedos em volta da base do pau,
apertando-o enquanto se joga suavemente dentro da minha boceta, como se
estivesse tentando iniciar outra rodada.

Observo com admiração quando ele consegue encher seu pau com todo o
sangue necessário para deixá-lo duro como uma rocha. Mas então sou roubada da
vista quando ele se retira, me vira e cobre minhas costas antes de me penetrar mais
uma vez. Esse pode ser um acordo único que fizemos, mas vou aproveitá-lo
enquanto durar.
CAPÍTULO QUATRO

- IVAR -

Fecho os olhos e inspiro profundamente. Droga. Essa mulher. Quando


transei com ela duas vezes na sala que elas chamam de igreja, ela praticamente
caiu no sono em meus braços, esgotada de toda a energia. Nem sequer lutou
comigo quando a cutuquei para que se vestisse um pouco para que pudéssemos ir
para o quarto. Sem mencionar que acabamos indo para uma terceira rodada.

Um maldito gosto e é como se nós dois fôssemos insaciáveis. Acordar


depois de um punhado de horas de sono foi uma sensação magnífica com a mulher
enrolada contra mim. Fazia anos que eu não sentia uma boceta enrolada em meu
pau e, de repente, meu corpo se sobressaltou quando fiquei cara a cara com
Medley.

A química se chocando, fazendo com que nos atirassemos como


maníacos loucos por sexo para transar até que ambos caíssemos. E agora? Inalando
o cheiro dela? Meu pau está duro desde o momento em que abri os olhos e percebi
suas curvas pressionadas contra mim.

Nenhum dinheiro no mundo pode fornecer algo que seja tão bom. E,
com certeza, vou me afastar dela, mesmo que ela não tenha me deixado beijá-la.
Ela provavelmente queria manter distância entre nós e não deixar que as coisas
ficassem muito íntimas. Claramente não conseguiu; ela se infiltrou bem debaixo da
minha pele. Não tenho ideia de como isso funcionará a longo prazo, mas nos
próximos dias vou explorar a conexão que está surgindo entre nós para ver onde
isso vai dar.

De repente, ela se levanta e seus olhos se arregalam, e seus longos


cabelos se enrolam em sua cabeça e corpo.

— O que há de errado? — Eu grunhi.

Medley está olhando para a parede atrás da cama, mas sua boca está
virada para mim para que eu possa ler seus lábios.

— Ramona está acordando.

— Posso ajudar em alguma coisa? Cassia mencionou o que aconteceu.


Mas por que você... — Interrompo minha pergunta porque percebo que Medley
deve ter sido acordada pelo som.

Som que não consigo ouvir com minha audição ruim.

Medley coloca as mãos à esquerda e à direita da minha cabeça.


Mantendo os braços retos, ela olha diretamente para mim.

— Ela grita assim que acorda. E parece que Cassia tem uma boca
grande, então nós duas sabemos o que está acontecendo na vida da outra.

Sua cabeça cai ao lado da minha orelha esquerda e seus magníficos seios
se achatam contra meu peito nu.

— Você lê os lábios e só consegue captar os sons se eles estiverem


próximos o suficiente. — A voz dela é filtrada e eu respiro fundo. — Só para você
saber? Vou guardar seu pequeno segredo, embora eu não entenda por que você o
esconde de todos. Isso não faz de você um homem inferior. Eu diria que o desafio
de se manter firme e dar uma volta para expandir sua capacidade auditiva
demonstra força e determinação. Eu acho isso muito sexy.

Que droga. Que sensação boa. O som fraco de sua voz, seu corpo sobre o
meu, seu hálito quente acariciando minha orelha e as palavras que ela acabou de
me dizer. Em um movimento suave, eu a viro e pressiono meu corpo contra ela, tão
perto que meu pau está praticamente batendo em sua entrada.

Minha atenção está em seus lábios exuberantes quando pergunto:

— Você precisa ir para Ramona?

— Não. — Sua resposta de três letras sai de sua boca antes que eu a
pegue e enfie minha língua dentro dela para iniciar uma dança sensual com a dela,
enquanto jogo meus quadris para a frente, enchendo-a de meu pau com um deslize.

Que se dane a regra de não beijar; estou tirando tudo o que posso dessa
mulher. A excitação dela está possibilitando que eu a domine profunda e
intensamente sem nenhuma preliminar. Nossa conexão é mútua. A maneira como
ela enrola o corpo para fora do colchão para atender às minhas investidas está me
levando a bombear com mais força e profundidade, dando a ela tudo o que tenho
para dar, enquanto ela aceita de bom grado e exige mais.

Ela passa as unhas pelo meu couro cabeludo, pelo meu cabelo e o puxa
para arrancar sua boca da minha e poder me guiar até à curva de seu pescoço. Sua
boca permanece em meu ombro, depositando beijos suaves entre mordiscadas na
pele, enquanto ela se aproxima do lado do meu rosto e eu recuo um pouco.

A melhor sensação dessa intimidade compartilhada para mim é a


maneira como sinto a respiração dela se espalhar sobre minha orelha. Estou me
esforçando para ouvir ou imaginar o som de seus gemidos pela forma como seu
corpo vibra e se move embaixo de mim, mas estou consumido por esse momento.

Sua boceta agarra meu pau, sugando-me para dentro de seu calor e
apertando-o a um nível estrangulador, em um esforço para arrancar o esperma de
dentro de mim. Um rosnado ecoa em meu peito e eu meio que pulo de joelhos,
puxando os braços para trás para jogar as pernas dela no ar e deslocando-as de
modo que fiquem pressionadas uma contra a outra, enquanto as coloco sobre um
dos ombros para apertar ainda mais sua doce boceta.

E é uma coisa linda, como mergulhar seu pau em um mar de felicidade,


aumentando o prazer a cada investida. Não é apenas a sensação dela enrolada em
mim, é olhar para o rosto dela, cheio de prazer combinado com o desejo que
compartilhamos.

Igualmente exigentes e generosos, enquanto nos dirigimos para uma


liberação compartilhada. Ela está tão perto, mas já posso sentir minhas bolas
começarem a formigar. Mudando meus quadris, tento um ângulo diferente, e é aí
que ela atinge o orgasmo.

Ela grita meu nome e não só sinto isso em seu corpo, como também é tão
alto que chego a ouvir o som abafado em uma distância distante, o que faz com que
meu próprio prazer se instale em mim. Continuo bombeando minha semente no
fundo de sua boceta, gritando seu nome enquanto dou tudo o que tenho em mim.

Que droga. Acho que joguei meu coração fora junto com ela. Essa
mulher. Essa boceta. O fogo em seus olhos e a maneira como ela defende as
pessoas de quem gosta. As merdas que vi e ouvi de Cassia - o que vivenciei
enquanto estive com Medley - tudo me dá um vislumbre de uma mulher com quem
quero construir um futuro.

Desabo ao seu lado e a puxo para perto de mim para enterrar meu rosto
em seus cabelos. Foi então que percebi por que não fiz sexo depois do IED que
danificou minha audição. Esse tipo de intimidade, estar exposto a uma mulher que
pode potencialmente descobrir sobre minha audição, o que parece ser uma
fraqueza minha, é muito aberto e cru.

Sei que não deveria, mas, de alguma forma, sinto como se conhecesse
Medley há anos, em vez de nos conhecermos de um passado distante, quando
éramos muito jovens e agora nos encontramos para nos reconectar. Somos
totalmente estranhos e, ainda assim, combinamos em tantos níveis que isso traz o
tipo de conforto que você quer absorver e saborear.

A maneira como ela se aconchega em meu peito enquanto seus dedos se


demoram suavemente em minha barriga também indica o quanto ela está à
vontade; bem ali, na zona de conforto comigo. Alguns minutos se passam enquanto
acalmamos nossos corações em fúria e recuperamos o fôlego.

Medley é a primeira a se levantar e, ao olhar diretamente para mim, ela


diz:

— Você está disposto a trabalhar enquanto estiver aqui?

Não preciso pensar em uma resposta e respondo imediatamente:

— Claro. O que você tem em mente?

— Fique de olho em Ramona. Todas nós nos esforçamos, mas sinto que
ela está se retraindo e temos que impedir que isso piore. Os únicos momentos em
que seus olhos mostram alguma forma de vida é quando ela está trabalhando com
os cavalos. E quando um entregador entrou na sede do clube ontem, ela
praticamente desapareceu na parede para se tornar invisível.

Posso sentir uma carranca no lugar quando me pergunto:

— Como posso ajudar?

— Minha irmã e seu Old Man2, Ezra, ligaram para dizer que estão
adicionando mais alguns dias às férias deles. Ezra é o único homem que fica por
aqui, mas, como eu disse, vai demorar um pouco até ele voltar. Ela precisa se sentir
à vontade e saber que nem todos os homens são idiotas.

— Obrigado, — murmuro, e ela revira os olhos.

— Você sabe o que quero dizer.

— Qualquer coisa para ajudar, — concordo. — Talvez nós dois


possamos ficar perto dela quando ela estiver trabalhando com os cavalos hoje?
Também posso observar como ela está se saindo e lhe dizer o que penso. Nem
todas as pessoas superam as coisas da mesma forma... algumas só precisam de
mais tempo e, pelo que ouvi, tudo isso ainda está fresco em sua mente.

— Parece bom. Remi, minha irmã do meio, é a única que está com ela
hoje. — Medley engole com dificuldade. — Temos que observar Ramona de perto.
Ela... ela está em uma situação ruim no momento. Com todos os exames que o
médico fez... o exame de sangue mostrou que ela está grávida. Tudo... é muita
coisa para assimilar.

— Filho da puta, — resmungo. — Claro, estou aqui para o que você


precisar. Já decidi que vou ficar mais um pouco.

2 Mesmo que Old Lady em MC masculino. É o/a companheiro/a.


— Ah, você decidiu, não foi? E quando foi que você decidiu isso? — Os
cantos de sua boca se viram e um lindo sorriso envolve seu rosto.

— No momento em que eu estava com o pau enterrado dentro de você.


Talvez antes, quando você me contou sobre minha irmã. Mas aqui e agora, com
você por perto? Sei muito bem que não vou conseguir me afastar de você. O
acordo de uma única vez entre os lençóis está cancelado. Mas você sabia disso
quando eu a peguei duas vezes na mesa e mais algumas vezes nesta cama e no
segundo em que minha boca pegou a sua para acabar com a regra de não beijar.

Estudo seu rosto enquanto ela absorve as palavras que acabei de lhe dar.

Seus lábios se movem e eu percebo as palavras:

— Não sou um tipo de garota que gosta de relacionamentos.

— Eu também nunca tive um relacionamento, mas reconheço algo bom


quando o sinto em minhas entranhas, e você e eu? Mais do que muito bom.

Ela não diz nada enquanto se inclina lentamente para a frente e me dá um


beijo sensual que faz com que meu pau volte a chamar a atenção. No entanto, desta
vez estou ignorando a parte inferior do meu corpo porque essa conexão entre nós
não será apenas sobre luxúria que precisa ser saciada.

Agora percebo que cheguei a um ponto em minha vida em que quero


mais. E com Cassia aqui, a mulher que chamou minha atenção e trouxe meu corpo
de volta à vida, em minhas mãos, não vou a lugar algum tão cedo.

Eu devoro sua boca antes de desacelerar o beijo e, por fim, me afastar.

— Ramona já decidiu sobre a gravidez?

Medley balança a cabeça.


— Ela não disse nada a ninguém. O médico nos disse para dar a ela
alguns dias, pois ainda está no início da gravidez. Também não acho que tenha
sido uma boa ideia mudá-la para o quarto que Henrick reformou, mas ela também
não queria ficar em seu antigo quarto.

— Você me colocou no antigo quarto dela?

— Acho que sim.

Medley se encolhe levemente.

— Eu lhe ofereceria para passar alguns dias em meu apartamento em


Nova York e ter Perry, um de meus amigos, para cuidar dela, mas não acho que
isso seria bom. Ela precisa superar seus próprios demônios aqui mesmo, onde ela
pertence. É muito ruim ter uma quebra de confiança em seu próprio quarto. Sem
mencionar o fato de ter sido feito pelo próprio namorado.

Medley acena com a cabeça e desliza para fora da cama. Ela joga a
camiseta sobre a cabeça e começa a se vestir rapidamente.

De frente para mim, ela diz:

— Vou me refrescar e fazer algumas ligações. — Ela dá de ombros. —


Trabalho. Entregas e coisas do gênero. Remi deve estar nos estábulos com Ramona
quando você estiver vestido. Vou encontrar vocês quando terminar.

Jogo as pernas para fora da cama e me levanto para esticar os membros.


A satisfação me invade quando noto que o olhar apreciador de Medley está
percorrendo todo o meu corpo. Eu me dirijo nu até ela.

Deslizando meus dedos pelos seus longos cabelos, eu lhe digo mais uma
vez:
— Ainda não terminei com você. Parece que afundar meu pau em sua
boceta deu a oportunidade de entrar em minha pele. E não estou me arrependendo
nem um pouco. Agora vamos ver o que nós dois podemos fazer com isso.

Seus dedos envolvem minha grossura e ela me aperta. Eu sibilo e deixo


minha cabeça cair para trás. Caralho. A sensação é boa. Sua mão delicada, mas
calejada, continua a bombear meu pau enquanto sinto seus outros dedos agarrarem
meu cabelo para inclinar minha cabeça para trás e encará-la.

— Vamos ver, — ela concorda, e essas duas palavras são a maneira


perfeita de começar a manhã de minha vida, à medida que ela muda para formar
um novo futuro.

Um compartilhado. Um diferente daquele que eu tinha em mente, mas


para ser sincero? Algumas coisas na vida simplesmente cruzam seu caminho sem
que você saiba que está pronto para elas. E, definitivamente, quando menos se
espera.

Também sei que ela não é o tipo normal de mulher. Ela demonstra isso
ao me dar outro aperto forte e dizer:

— Vamos deixar isso para depois, então. — E sai pela porta, deixando-
me com um tesão danado.

Sim. Desafiadora, independente, forte, impetuosa e muito mais, além de


ser sexy e inteligente. Isso também me faz saber que tenho de trabalhar para
conquistá-la, e não para arrebatá-la com coisas sofisticadas. Não. Ela é um tipo de
mulher que se preocupa com o coração.

Isso significa que as coisas com as quais ela mais se importa são a
maneira mais próxima de me infiltrar em sua pele, assim como ela conseguiu se
infiltrar na minha. O primeiro passo é ajudar sua amiga, ou uma de suas irmãs,
como ela chama as mulheres em seu MC.

Medley é a vice-presidente desse clube de motociclistas que administra


um rancho para manter as coisas funcionando. Sua irmã mais velha é a presidente,
sua irmã do meio é enfermeira e trabalha em uma clínica da cidade, ao mesmo
tempo em que faz parte dessa irmandade. Está claro que o coração dela está
enraizado no lugar e se eu realmente quero isso da maneira que meu instinto está
me dizendo para conduzir minha vida para seguir em frente? Então tenho que
aceitar tudo isso e reorganizar a minha vida.

Acontece que eu acho que ela vale a pena, pois ainda estou olhando para
a porta fechada pela qual acabou de passar, continuando a pensar na melhor
maneira de unir nossas vidas em uma só. E assim será, porque Medley é minha.

Mas, primeiro, tenho que tomar uma ducha fria.


CAPÍTULO CINCO

- MEDLEY -

— Eu deveria estar aí, — resmunga Hudsyn.

Soltando um suspiro profundo, olho para o telefone que está sobre a


mesa à minha frente. Coloquei-o no viva-voz para que possamos conversar e fazer
anotações sobre algumas das coisas que tenho de discutir com todas quando
formos à igreja mais tarde.

— Estou aqui, irmã. Você merece um tempo com seu homem, —


argumento.

— Eu sei, mas você mencionou que ela pode estar ficando nervosa com
homens. Talvez eu possa perguntar a Ezra se um de seus antigos irmãos gostaria de
vir para cá por algumas semanas?

De pé, vou até à janela e noto Ivar apoiado na cerca enquanto observa
Ramona montando seu cavalo.

— Não é necessário. Pedi a Ivar para ficar por aqui e ajudar com o
problema, — respondi sem pensar.

Sei que fiz besteira quando ela grita:

— Ivar? Ivar, Ivar? Como o meio-irmão de Cassia e aquele que esmagou


a paixão que você tinha por ele quando tinha dez anos de idade? Esse Ivar? Você
disse que ele apareceu há alguns dias e cuidou disso. Ele apareceu no rancho de
novo?

— Cale a boca, — resmungo e volto para a mesa para colocar minhas


mãos sobre ela e me inclinar para olhar o telefone. — Ele está aqui para passar um
tempo com Cassia, os dois precisam disso.

— E, no entanto, foi você quem pediu que ele ficasse por aí. Não faz
sentido, há mais... eu sei. Agora. Desembuche.

O silêncio se intensifica enquanto penso no que lhe dizer.

Aparentemente, não preciso dizer nada porque ela está ofegante e suas
próximas palavras soam como se ela estivesse segurando o telefone perto do rosto
enquanto o segura como se estivesse discutindo o maior segredo do mundo quando
ela diz:

— Oh. Meu Deus. Você o pegou, não foi? Diga-me, ele é bom? Ele
correspondeu a todas as fantasias que você teve sobre ele ao longo dos anos? Estou
muito orgulhosa de você. Finalmente.

Passo a mão no rosto e admito com relutância:

— Fizemos sexo quatro vezes.

— Caramba, — sussurra Hudsyn.

— Desde a noite passada, — acrescento.

— Puta merda. Mesmo? Não é à toa que você pediu para ele ficar por aí.
— Ótimo. Minha irmã mais velha está morrendo de rir.

— Não é nada disso. Bem, ele disse que ainda não tinha terminado
comigo, mas... não sei... nós também conversamos. Não apenas conversa de
travesseiro, mas compartilhamos coisas pessoais. — Pego o telefone e o tiro do
alto-falante enquanto me viro para olhar pela janela. — A sensação é diferente,
mas não tenho a menor ideia se posso confiar nesses sentimentos estranhos. Eu
simplesmente não sei.

— Medley, — diz Hudsyn em um tom carinhoso.

— Sim?

— Foi para lá que minha mente e meu corpo foram quando colidi com
Ezra, entrando em ação quando ele apareceu no rancho.

— Porra, — murmuro.

— Sim, acredito que você já fez isso quatro vezes. Eu diria que você tem
essa parte coberta.

— Muito engraçado, Prez, — eu disse.

— Oh, acho que sim. — Hudsyn dá uma risadinha e limpa a garganta.


Sua voz é séria e profissional quando ela diz: — Mas também é o momento
perfeito e uma ótima escolha. Quando você mencionou que ele apareceu há alguns
dias, meu homem pediu a Atticus para verificar os antecedentes de Ivar Larksson.

Isso não é uma surpresa. Atualmente, ela está hospedada no Cowboy


Bikers MC Lawmen, um MC que lida com casos de crime e é uma divisão do
governo. Mantive Hudsyn atualizada sobre o rancho e nossa irmandade. Ela pode
ser minha irmã mais velha, mas também é a presidente do nosso MC.

Quando alguém vem atrás de um dos nossos, como Ivar fez e como
Cassia reagiu, faz sentido que ela mergulhe na vida da pessoa que pode ser uma
ameaça para todos nós.
— E? — Eu insisto, subitamente curiosa.

— Registro impecável. O homem é muito rico devido a investimentos,


que ele começou a fazer desde cedo. Atticus mencionou algo sobre como ele
possuía diferentes propriedades na cidade de Nova York e que essas propriedades
valem muito, mas ele também tem uma conta bancária cheia. O homem não precisa
mexer um dedo sequer pelo resto de sua vida. Portanto, não é de se admirar que ele
não tenha nenhum problema em ficar por aí. Mas me diga. Como o terno está
lidando com o cheiro de esterco fresco pela manhã?

— O terno apareceu de calça jeans, botas de motociclista e pilotando


uma maldita moto em vez de sentar no banco de trás de uma limusine desta vez.

Sua risada supera o silêncio da sala.

— Certo, quer saber? Não falo mais com você. Vá aproveitar suas férias
e eu vou terminar por aqui e ver como está Ramona, já que eu deveria ter me
juntado a eles há duas horas, — resmungo.

— Ora, ora, não fique chateada comigo quando a vida lhe der algo
gostoso para provocar. Além disso, deu certo, não deu? — Sua voz passa de uma
provocação para um tom suave, mas sério, quando ela acrescenta: — Divirta-se
para variar e não pense demais nas coisas. Atticus mencionou que conhecia alguém
que fazia parte da equipe dele antes de receber alta médica como SEAL. Ele é um
dos mocinhos, mana. Você sabe que o Atticus não diz essas coisas levianamente.

— Sim, — murmuro. — Tenho que ir.

— Estou falando sério, — diz Hudsyn. — Pegue-o pelo menos mais


quatro vezes antes de você... — Encerro a chamada para interromper suas
divagações e balanço a cabeça, agradecida por haver quilômetros entre nós.
Meu olhar se volta novamente para a janela, onde Ivar está encostado na
cerca. Que bom. Ele está de frente para Remi e parece que eles estão conversando
profundamente. Ugh. Acabei de lidar com a minha irmã mais velha e agora a do
meio está conversando com ele. Enfio o celular no bolso e vou para fora.

— Ei, — eu brinco e, quando Remi encontra meu olhar, pergunto: — A


que horas começa seu turno na clínica?

Ela me dá um sorriso e, em vez de responder à minha pergunta, me dá


um sorriso em troca. — Quer se livrar de mim, não é? — Ela ri e caminha em
minha direção para se inclinar e acrescenta em um sussurro: — Não se preocupe, o
homem só tem olhos para você e basicamente me interrogou para saber tudo sobre
você.

Minhas bochechas esquentam e eu viro a cabeça para longe de Ivar para


sibilar: — Você não disse nada a ele, disse?

Ela me dá um rápido beijo na bochecha. — Não se preocupe, irmã. Você


me conhece, eu virei o jogo e fiz todas as minhas perguntas a ele. Ah, e só para
você saber? Eu aprovo. Ok, tenho que ir. Tchau.

— Remi! — Eu grito enquanto ela corre em direção à sede do clube, mas


ela apenas acena sem olhar para trás.

Droga. Como ele pode ter o voto de ambas as minhas irmãs quando eu
mesma não tenho certeza de onde isso vai dar?

— Ei, — diz a voz de Ivar, e sinto seu dedo levantar meu queixo para
que eu fique de frente para ele. — Está tudo bem?

— Além do fato de que ambas as minhas irmãs o aprovam? Muito bem.


Simplesmente fantástico.
O sorriso de Ivar aumenta e percebo que acabei de expressar meus
pensamentos. Que merda.

Rapidamente o contornei e perguntei a Ramona:

— Como está indo? — Coloco minha bota na cerca e apoio meus


antebraços nela também.

Ela me dá um sinal de positivo ao mesmo tempo em que Ivar chega perto


de mim.

— Tudo bem se eu tirar uma foto do cavalo? Ramona disse que terminou
de treiná-lo e que ele está pronto para ser vendido. Perry, um amigo meu, pode
estar interessado. Ele mencionou a compra de um pequeno rancho. Perry cresceu
por aqui, em alguma cidade, se bem me lembro. Ele quer criar cavalos da raça
frísia, mas também queria ter um cavalo quarto de milha para usar no rancho.

— Claro, mas deixe-me perguntar a Ramona primeiro. Todos nós temos


nossas próprias tarefas aqui no rancho quando se trata de criar animais. Os cavalos
têm uma rotina diferente. Quem os treina é a pessoa que decide quando estão
prontos e quando, e para quem, eles podem ser vendidos. É uma questão pessoal,
todo o ângulo do início ao fim que colocamos em prática.

— Parece um plano bem elaborado, — murmura Ivar.

Eu lhe dou um sorriso.

— Funciona. Mas também tenho que perguntar a Ramona, porque não


sei como está sua mente.

O rosto de Ivar fica sério.

— Ela não está tão quebrada quanto se pensa.


Estou me preparando para dizer algo como ‘Cuide da sua vida’, mas ele
balança um pouco a cabeça.

— As coisas pelas quais ela passou são traumáticas e ainda estão frescas
na mente de todas, mas dê-lhe alguma margem de manobra. Os pesadelos?
Aconteceram à noite e ela não consegue controlá-los, daí o fato de acordar da
maneira como tem sido arrancada do sono. Mas ela também sente como se todas
estivessem pisando em ovos ao seu redor e é por isso que, como você mencionou,
ela se sente melhor quando está aqui fora trabalhando com os cavalos. É um
trabalho solitário em que vocês não ficam encostando o nariz no vidro para
observar cada movimento dela.

Engulo em seco e digo:

— Ela disse tudo isso?

— Algumas, mas não precisava. Para uma pessoa de fora, é muito fácil
observar as pessoas, — ele diz simplesmente.

— Aconteceu bem debaixo de nossos narizes. Debaixo de nosso próprio


teto, — eu disse.

Ele estende as mãos.

— Não arranque minha cabeça com uma mordida. Você pediu minha
ajuda, e eu a estou dando a você. A mulher forte ainda está aí, ela só precisa tirar a
poeira de algumas coisas antes de poder brilhar novamente, e essa poeira é dela,
que deve lidar com ela em seu próprio tempo.

— Entendi, — resmungo.

Ele verifica o relógio e saca o celular, e é então que eu pergunto:


— O seu relógio dá alertas do seu celular?

Segurando o telefone, ele acrescenta:

— Sim, facilita a vida se eu não sentir o telefone vibrar. Recebi uma


mensagem de texto do meu amigo Perry Woodards. Mandei uma mensagem para
ter certeza de que ele ainda estava interessado em comprar um cavalo Quarto de
Milha.

— E?

— Ele está. — Ivar sorri. — Então, que tal uma foto?

Viro-me e agarro a cerca. Levantando-me, inclino-me e aceno para


chamar a atenção de Ramona.

Ela guia o cavalo em minha direção e eu pergunto:

— Ivar pode ter um comprador para Dover. Você disse a ele que ele
estava pronto para ser vendido? Se sim, ele pode tirar uma foto?

— Claro. — Ramona acena com a cabeça e dá de ombros.

Ivar olha para mim em busca de confirmação e eu digo:

— Vá em frente.

Ele não perde tempo e rapidamente tira uma foto para enviá-la ao amigo.
Observo seus polegares sobrevoarem a tela e eles parecem estar conversando
profundamente.

Ramona e Dover se aproximam quando Ivar pergunta:

— Ele quer ligar. Tudo bem se eu colocá-lo no viva-voz?


Ivar mantém meu olhar fixo e sei que, se ele colocar o telefone no viva-
voz, não conseguirá ouvir o lado da conversa do amigo.

— Claro, — eu brinco.

Ele passa o polegar na tela e, instantaneamente, uma voz ressoa:

— Como eu disse... estou interessado nesse cavalo, mas a mulher que o


monta tem que ser a que o vende para mim. Dessa forma, posso convidá-la para
jantar.

— Encantador, — responde Ramona em um tom de desaprovação. —


Mas primeiro você precisa me convencer por que acha que está apto a ser o novo
proprietário desse cavalo. Veja bem, nós não criamos cavalos apenas por diversão
ou por dinheiro. Nós os criamos e treinamos para que sejam os mais adequados ao
novo proprietário e às expectativas que ele tem em relação a um cavalo. Portanto,
em vez de querer me levar para jantar fora, deixe-me ouvir seus encantos pelo
cavalo e ele poderá se tornar seu.

Tudo o que ela recebe em resposta é uma risada rouca e as palavras:

— Encantadora, de fato. Vou deixar que Ivar lhe dê meu número e


conversaremos mais em particular.

A conexão é interrompida e Ivar levanta uma sobrancelha para mim em


sinal de dúvida. Meus olhos se voltam para Ramona e há um leve brilho em seus
olhos e um pequeno sorriso puxando seus lábios. Isso pode ser exatamente o que
ela precisa para recuperar seu foco e seguir em frente.

— O Sr. Galanteador está interessado, mas não acho que a Ramona


esteja impressionada. Ele vai pedir que você dê o número dele para ela. — Dirijo
minha atenção para Ramona. — E?
— O quê? — Ela franze os lábios. — Eu lhe disse que ele teria de
encantar o cavalo, não a mim. Se ele passar no teste, eu permitirei que ele venha
me visitar e veremos se é compatível.

O teste consiste em uma lista de perguntas e ela as fará junto com o


cliente em potencial e, se ele de fato parecer compatível, Ramona o convidará para
ir ao local. Assim, ela poderá ver como o cavalo reage e vice-versa.

Ramona incentiva Dover e sai trotando.

De frente para Ivar, eu lhe digo: — Dê o telefone de seu amigo para


Ramona. Quem se importa em vender o cavalo, você viu a reação dela?

Ivar sorri.

— Eu lhe disse.

Acho que sim.

O barulho de uma motocicleta chama minha atenção e, ao olhar por cima


do ombro de Ivar, vejo Sonnet atravessando o pasto, vindo direto para nós.

Ela para e grita para mim:

— Os Longhorns no pasto leste se soltaram.

— Porra, — murmuro e, pensando rápido, acrescento: — Volte para lá.


Estou logo atrás de você e peço ajuda a algumas outras.

Sonnet parte e eu estou prestes a encarar Ramona quando Ivar coloca


seus dedos em volta do meu pulso, fazendo com que nossos olhares se cruzem.

— Não sei o que está acontecendo, mas estou aqui se você precisar de
mim.
Fico pensando por alguns segundos enquanto envio uma mensagem
rápida para pedir ajuda a outras pessoas, mas acho que vale a pena tentar.

— Você é muito bom nessa sua moto? — Eu lhe dou um sorriso quando
ele parece ofendido. — Alguns de nossos Longhorns se soltaram e precisamos
levá-los para outro pasto.

— Com motos? — ele pergunta com uma expressão atônita.

Dou de ombros.

— Cavalos, motocicletas, nosso gado está acostumado a ambos. Meu pai


e seus irmãos fizeram isso antes de nós e é tudo o que conhecemos. Você não
estava por perto quando seu padrasto trabalhava no rancho? Você cresceu nesta
cidade, me surpreende que não saiba como conduzimos nosso gado.

Uma careta se espalha em seu rosto.

— Nunca nos demos bem. Foi por isso que fui embora assim que pude.

Eu dou uma piscadela para ele e digo:

— Bem, coloque o cinto de segurança.

Com o que Ivar disse sobre Ramona, acho que vale a pena tentar parar de
andar na ponta dos pés e agir normalmente.

É por essa razão que eu grito:

— Ramona, os Longhorns escaparam do pasto leste.

— Abra o portão! — ela diz e empurra Dover naquela direção.


Atendo ao pedido dela e agarro a mão de Ivar enquanto saio em direção
às nossas motocicletas. Zoanne, Kit e Cassia saem correndo da sede do clube e se
dirigem para suas motos.

Toco o braço de Ivar e digo as palavras:

— Observe. Normalmente, usamos fones de ouvido para nos mantermos


conectadas enquanto transferimos os rebanhos, mas vamos depender de sinais e
gritos. Então, como eu disse, fique atento, ok?

Ele me dá um sorriso seguro de si mesmo.

— Querida, já sobrevivi a uma ou duas zonas de guerra, acho que posso


lidar com uma manada de Longhorns quando tenho todas vocês ao meu lado.

— Bem, quando você coloca as coisas dessa forma, — resmungo e ouço


sua risada antes que ela desapareça quando ligo a moto.

Zoanne e Kitt estão atrás de nós e Ivar está bem ao meu lado. Presumo
que Cassia esteja atrás de nós, mas meu foco está em Ramona, que está vindo pelo
lado esquerdo. Ela já está conduzindo os Longhorns na direção em que eles
precisam ir junto com Sonnet.

Todos nós nos movemos em direção a eles para formar uma fila e guiar
os Longhorns para outro pasto. Quando o rebanho está em movimento, Cassia é
quem os acompanha junto com Kitt para garantir que não escapem.

Tudo está indo bem até que o rebanho entra no pasto e alguns deles saem
correndo quando ficam um pouco agitados ao entrarem no pasto ao mesmo tempo.
Três deles se separam do rebanho. Ramona assobia e sai correndo com Dover.
Estou prestes a ajudar, mas noto que Ivar já está acelerando em seu
caminho para ajudá-la. Kitt e Sonnet estão com todos os Longhorns no pasto e os
outros três também estão sendo guiados com facilidade. Cassia para bem perto de
mim.

— Muito bom. Rápido e fácil. — Ela me dá um sorriso e acrescenta: —


É bom ver que meu irmão também está se divertindo.

— Sim, — comento, sem saber mais o que dizer e, além disso, me sinto
um pouco constrangida porque passei a noite desfrutando do irmão dela de várias
maneiras deliciosas.

Que merda. Eu deveria ter uma conversa com ela se Ivar e eu vamos
continuar a explorar o que temos juntos.

Sonnet fecha o portão e tranca os Longhorns em segurança. Ramona e


Ivar estão cavalgando lado a lado e vêm em nossa direção. Ela está sorrindo e isso
me atinge em cheio no peito. Que droga. Algo tão pequeno como um sorriso e,
ainda assim, uma conquista tão grande depois de dias de tormento.

— Excelente trabalho, meninas, — brinca Ramona.

— Menos uma garota, já que ela é um ele. — Cassia dá uma risadinha e


mostra a língua para Ivar, que balança a cabeça enquanto olha para ela.

Ele para bem ao meu lado e se dirige à irmã.

— Definitivamente, não sou uma garota.

Estou atordoada demais para impedi-lo quando ele apalpa minha nuca e
cobre sua boca com a minha. O beijo está beirando a possessividade, mas o calor
que preenche meu corpo está me colocando voluntariamente sob seu feitiço.
Isso até eu ouvir Cassie gritar:

— Que porra é essa, Ivar?


CAPÍTULO SEIS

- IVAR -

Medley fica rígida e interrompe o beijo. Uma rápida olhada ao redor me


permite ver a expressão furiosa no rosto de minha irmã.

Seus lábios se movem e eu capto facilmente as palavras:

— Repito: que porra é essa, Ivar?

— O quê? — Dou de ombros. — Um cara não pode beijar sua mulher?

Os olhos de Cassia ficam enormes.

— Sua mulher? Você não tem uma mulher, nem queria ter uma, se bem
me lembro.

— Os tempos mudam. Especialmente quando finalmente conheço


alguém que é extraordinária, inacreditável. — Mantenho seu olhar fixo e me
certifico de que ela, assim como todas ao meu redor e de Medley, saibam: — Não
preciso da opinião ou da aprovação de ninguém, desde que essa senhora me queira
como eu a quero. E, se depender de mim, vamos nos contentar com um
relacionamento de longo prazo, porque consigo me ver compartilhando um futuro
com ela, se ela me permitir.

O queixo de Cassia cai e, quando olho em volta, algumas das outras têm
a mesma expressão, inclusive Medley.

— Eu avisei que ainda não tinha terminado com você.


— Sim, mas eu estava pensando era em fazer mais sexo, — ela
responde.

A cabeça de Medley balança na direção de Cassia antes de ela me


encarar novamente e seus lábios se moverem.

— Sim, mais de uma vez, Cassia. — Ela revira os olhos e cutuca meu
peito logo em seguida. — Isso era algo que precisávamos discutir sem minhas
irmãs por perto. E, definitivamente, em particular com Cassia antes de você me
beijar na frente de todas.

— Talvez, mas não fará diferença de qualquer maneira.

— Ela é sua irmã! É claro que isso faz diferença! Eu deveria ter falado
com ela primeiro. — A intensidade em seu rosto está me dizendo que ela está
levantando a voz.

Ela é tão linda com aqueles olhos que cospem fogo.

— Continue assim e eu vou beijar você mais um pouco, — digo-lhe com


sinceridade.

Cassia caminha ao redor de nossas motos e para entre nós.

— Então, isso é sério?

Sua voz não é acusadora, pelo contrário, há uma esperança latente.

— Anel em seu dedo no futuro, sério, — eu digo sem rodeios.

Agora é Cassia que está sorrindo, enquanto Medley está me olhando


como se meu cabelo estivesse pegando fogo.

— Ótima escolha, vice-presidente. Que droga. Quem diria que você se


tornaria minha irmã, irmã. Não apenas minha irmã como...
Medley estende a mão e aperta os lábios de Cassia entre o polegar e o
indicador.

— Silêncio. Ivar e eu acabamos de começar a nos ver. Estamos juntos há


menos de um dia, acalme-se.

Cassia se afasta e faz beicinho.

— Tudo bem. Mas é melhor que você o reivindique para que eu possa ter
meu irmão aqui comigo em vez de a centenas de quilômetros de distância. E se
isso não ficou claro? Estou perfeitamente bem com vocês dois transando por aí.
Mais do que bem. Melhor do que...

Agora sou eu quem está prendendo seus lábios entre os dedos.

— Já entendemos o quadro.

Ela se afasta e sorri antes de passar os braços ao meu redor e me abraçar


com força.

Seus lábios estão bem perto da minha orelha quando ouço levemente sua
voz.

— Estou muito feliz por você. Medley tem um coração puro, dedicado e
destemido. Vocês dois combinam. Por que não percebi esse pequeno fato antes?

Eu recuo e digo-lhe:

— Algumas coisas têm um jeito de se encaixar no momento certo.


Agora, deixe Medley se recuperar antes que você comece a assustá-la,
pressionando-a com muita força e muito rápido. Porque tenho certeza de que já
estou fazendo isso o suficiente por mim mesmo.
Cassia acena com a cabeça e sorri enquanto caminha de volta para sua
motocicleta.

— Chega, pessoal. Vamos voltar ao trabalho, — diz Medley.

Ela liga a moto e eu a sigo, enquanto Ramona já está conduzindo Dover


na direção dos estábulos. Quando chegamos à sede do clube, estacionamos nossas
motos e entramos. Espero que ela me arraste para uma sala com quatro paredes
para arrancar minha cabeça, mas, em vez disso, ela se dirige ao bar.

— Café, água, refrigerante, cerveja? O que posso lhe servir? — ela


brinca e dá a volta no bar para ir até à geladeira.

Espero até que ela pegue uma garrafa de água, abra-a e leve-a à boca,
enquanto me encara e eu lhe digo exatamente do que estou com sede.

— Sua boceta. Bunda na barra, pernas bem abertas para que eu possa me
saciar.

A água jorra em todas as direções. Medley começa a tossir e bate a água


no balcão, fazendo-a jorrar como uma fonte, enquanto olha para mim.

— Você perguntou, — digo-lhe com um sorriso convencido.

Cassia se aproxima de Medley e lhe dá um tapa nas costas.

Seus olhos encontram os meus e eu leio as palavras ‘O que você fez


agora?’ em seus lábios.

— Eu lhe disse a verdade. — Eu ando em volta delas e pego uma garrafa


de água na geladeira.

Tomo um gole e mantenho meus olhos nos lábios de Medley, captando


facilmente as palavras que ela diz à minha irmã.
— Seu irmão tem uma boca suja e uma mente que só pensa em uma
coisa. Mas acho que eu não deveria ter perguntado se não estivesse pronta para a
verdade, então agora eu sei.

— Agora você já sabe, — respondo com um sorriso enorme no rosto.

Com certeza faz algum tempo que não me sinto tão relaxado e tranquilo.
É uma grande mudança em relação à vida na cidade e não tenho certeza de como
isso funcionará a longo prazo, mas acho que veremos como as coisas evoluirão.

Ainda estou olhando para Medley quando ela sacode o queixo para algo
atrás de mim, dizendo:

— Sei que tenho toda a sua atenção e você tem a minha, mas Ramona
queria lhe perguntar algo em particular. Vá conversar e voltaremos a falar sobre o
que você quer ainda hoje.

— Com certeza voltaremos, — murmuro e me viro para encarar


Ramona.

Ramona colocou uma certa distância entre nós. Percebi hoje como ela
faz isso com todos ao seu redor, e posso dizer que está nervosa, mas mesmo assim
as palavras saem de seus lábios.

— Vamos para o meu quarto? Tenho algumas perguntas sobre seu amigo
que quer comprar um cavalo.

— Claro, vá na frente. — Levanto lentamente a mão para acrescentar à


minha declaração.
Ela avança e eu aceno para Medley, adorando o fato de ela ter me dito
que eu não tinha ouvido a pergunta de Ramona por causa da minha perda auditiva.
Medley me dá uma piscadela e isso faz meu pau saltar dentro da calça jeans.

Que se dane estar junto por menos de um dia; quando vocês colidem, se
fundem e fluem para a frente em uma nuvem de prazer mútuo... você pode muito
bem deixar essa porra flutuar por toda a vida.

Ramona entra em seu quarto. Está completamente escuro, mas a luz do


corredor que ilumina seu quarto permite que eu perceba instantaneamente algo que
chama minha atenção. Ramona acende as luzes e meus olhos se fixam no ponto
que despertou meu interesse e tenho noventa e nove por cento de certeza de minhas
descobertas. Decido não explorar minhas suspeitas e, em vez disso, quero sair do
quarto e discutir as coisas com Medley primeiro.

Viro-me para Ramona.

— Podemos ir para os estábulos? Gostaria de ver Dover novamente antes


de explicar um pouco mais sobre o comprador.

Ramona parece confusa, mas acena com a cabeça e sai de seu quarto.
Fecho cuidadosamente a porta atrás de mim e, enquanto atravessamos a sala
principal do clube, faço um sinal para que Medley se junte a nós do lado de fora.
Ela não perde o ritmo, mas nos segue e, quando estamos em campo aberto, paro e
me inclino para o espaço de Medley.

Falo mais baixo e digo a ela:

— Tenho quase certeza de que há uma microcâmera no quarto de


Ramona. Foi algo que vocês fizeram para ficar de olho nela? Se for, eu a trouxe
aqui para nada. Se o filho da puta que reformou o quarto fez essa merda... podemos
ter um problema maior em nossas mãos. Um problema em que precisamos chamar
as autoridades aqui agora mesmo, porque sabe-se lá há quanto tempo ele a está
vigiando.

A mão de Medley vai até meu peito como se ela precisasse se equilibrar.

Ela aperta o tecido da minha camisa e balança a cabeça enquanto olha


diretamente para mim.

— Com certeza não a colocamos nem pedimos a ele que o fizesse. Você
tem razão. Aquele pervertido fez isso para espionar Ramona ou quem quer que
estivesse morando naquele quarto. Como todas nós somos mulheres, tenho certeza
de que seu objetivo era nos pegar nuas para sua própria mente doentia e distorcida.
Ah, que droga. O desgraçado pode colocar as imagens na internet ou algo assim.

— Acho que é melhor chamar as autoridades e deixar que cuidem disso,


— digo a ela.

Os olhos de Medley passam por cima de meu ombro.

— Aguente firme, Ramona. Já estamos indo para lá. Só preciso discutir


algo com Ivar. — Seus olhos se cruzam com os meus e eu leio as palavras que ela
me diz. — Ela perguntou se estávamos indo, já que você queria checar o Dover. O
que vamos fazer? Devemos contar-lhe? Ela tem ficado naquele quarto depois que
pegamos o desgraçado e agora descobrimos que ele conseguiu continuar com uma
versão distorcida. E novamente sem que ela saiba o que ele está fazendo.

— Ligue para sua irmã. Você mencionou seus contatos com um MC que
trabalha na aplicação da lei e ela está com eles no momento, certo? Acho que é
melhor mantermos isso em segredo enquanto eles podem vir à cidade e pegá-lo em
flagrante. Se chamarmos o xerife, ele poderá se livrar de coisas como o telefone ou
o modo como está acessando a transmissão de vídeo. Esses motociclistas
trabalham de forma diferente das autoridades daqui e podem fazer coisas sem
esperar por mandados.

Medley pega seu telefone e seus olhos deslizam para Ramona. Sei o que
ela está pensando, mas também sei que esconder isso dela causará mais danos a
longo prazo, mesmo que seja feito para protegê-la.

É por esse motivo que expresso minha opinião.

— Traga-a para o plano de pegá-lo de uma vez por todas. Ela é mais
forte do que você pensa.

— Você vive dizendo isso, — ela resmunga.

O canto da minha boca se contrai e eu estendo a mão para segurar sua


nuca, trazendo-a para perto de mim e roçando meus lábios nos dela. É um beijo
rápido, mas completo, deixando-a sentir as emoções que ela desperta em mim.

Ela se afasta e eu me divirto com a expressão atordoada de seu rosto.

— Faça a ligação e eu falarei com Ramona, ok?

— Está bem. — Ela se vira e passa o dedo no celular enquanto eu vou na


direção da Ramona.

— O que está acontecendo? Sei que há algo. Posso ver pela cara da
minha VP que ela está escondendo coisas de mim. — Ela pisa com sua bota de
cowboy na terra e acrescenta: — Estou tão cansada dessa merda. Sinto como se
Henrick tivesse roubado mais do que minha dignidade e todas elas me veem como
uma peça quebrada que precisa ser consertada.
— Elas se preocupam com você e querem que você supere tudo sozinha
enquanto elas a apoiam, — argumento.

— Bem, parece que todas elas usam luvas e andam sobre ovos. Sim,
tenho pesadelos, mas isso é porque não consigo controlar o que acontece quando
meu corpo se desliga. É a parte em que não consigo cuidar de mim mesma. Mas eu
me recuso a deixar que ele domine minha vida. Hoje, percebi o quanto gosto de
conduzir os Longhorns de volta ao pasto e deixar Dover fazer curvas fechadas e
correr a toda velocidade. Essas coisas fazem com que eu me sinta viva e provocam
uma descarga de adrenalina que eu absorvo imediatamente. É assim que sei que, a
partir deste momento, terei um motivo para superar tudo isso. E talvez não seja
hoje ou no próximo mês que os pesadelos acabem. Talvez nunca acabem, mas a
vida é mais do que ter medo do passado: Tenho um futuro com o qual posso me
animar.

— Que tal uma chance de pegar o desgraçado em flagrante com a ajuda


da lei para que ele não escape como fez quando vocês o pegaram drogando sua
água? Por algo que seja igual e, ao mesmo tempo, diferente. Algo de que ele não
conseguirá se livrar? — Eu desafio e posso ver a raiva e a determinação surgindo
em seus olhos.

— Claro que sim. Diga-me.

Cruzo os braços na frente do peito e a encaro.

— Se você fizer isso, terá que se concentrar no objetivo final e não ficar
remoendo o passado, mesmo que esse passado seja tão recente quanto um minuto
atrás.

Ela imita minha pose.


— Me jogue o que for.

— Tenho quase certeza de que notei uma microcâmera no seu quarto. As


luzes reflexivas da lente da câmera chamaram minha atenção instantaneamente.

Seus olhos se arregalam.

— Foi por isso que você quis sair do quarto e vir para os estábulos.

— Há uma pequena chance de eu estar exagerando e de não haver uma


câmera, mas com o seu histórico, o cara que está reformando a sala e que permite
que ele coloque uma câmera atrás da parede, totalmente instalada no sistema
elétrico, com streaming e tal, é fácil pra caramba. Espero estar errado. Mas os
motoqueiros da polícia virão e o objetivo é pegá-lo, proteger qualquer celular ou
laptop e revirar o quarto para ter certeza.

— Espero que você não esteja errado. — Ramona coloca as mãos nos
quadris e todo o seu rosto mostra que ela está muito irritada. — Então ele não
poderá negar quão doente da cabeça é. Droga, isso me faz pensar se há outras
mulheres com quem ele fez isso. Talvez outras casas ou quaisquer projetos em que
ele tenha trabalhado que lhe permitiram colocar câmeras dentro das paredes e se
divertir observando as mulheres em seus momentos privados.

Que droga. Eu nem sequer pensei tão longe.

Medley toca meu braço e meu olhar pousa em seus lábios.

— Tudo pronto. Eles estão a caminho.

Aceno com a cabeça e olho para Ramona para ver sua reação.

— Ótimo. Agora precisamos fazer um plano de como vamos lidar com


esta noite, porque eu não vou dormir naquele quarto nunca mais.
Não poderia concordar mais.
CAPÍTULO SETE

- MEDLEY -

— Ela parece estar de bom humor, — diz Ivar.

Observo o olhar pensativo em seu rosto. Seu cabelo está preso em um


coque na parte de trás do pescoço. Eu o vi fazer isso quando entrei no banheiro esta
manhã, depois que ele tomou banho. Tivemos outra noite de sexo entusiasmado e
acordamos nos braços um do outro.

A qualquer momento, espero que a bolha estoure e ele se transforme em


um babaca rabugento e autoritário que exija que eu desista de tudo o que me é
querido para segui-lo de volta a Nova York. Em vez disso, ele continua me
surpreendendo, apoiando minhas escolhas, protegendo a mim e às minhas irmãs e
dando sua opinião.

Olho rapidamente para Ramona, que acordou há quase uma hora no sofá
da sala principal do clube e está deixando os polegares deslizarem sobre a tela do
celular. Sei exatamente por que seu humor mudou.

Certifico-me de que o olhar de Ivar está em mim quando lhe digo:

— Sonnet, Zoanne e alguns dos outros foram com ela para um longo
passeio na noite passada. Ramona estava inquieta e queria sentir a estrada e o
barulho da motocicleta embaixo dela.
Às vezes, esqueço que ele não é capaz de captar o que estou falando se
eu não estiver de frente para ele. Ele tem maneiras de se manter na discussão em
andamento, e admiro sua maneira de lidar com isso, mas isso não significa que eu
não possa participar. É por isso que tento olhar fixamente em seus olhos calorosos
sempre que tenho algo a dizer.

Como agora, quando acrescento:

— Além disso, seu amigo Perry, que está interessado em comprar Dover,
parece estar se saindo muito bem em persuadi-la. Ela acordou com algumas
mensagens de texto e me mostrou uma em que ele enviou uma foto dele montado
em um cavalo quando tinha oito anos de idade.

— Perry é um cara legal, — resmunga Ivar.

Há algo que muda em seus olhos e é o toque de emoção em sua voz que
me faz dizer:

— O que aconteceu?

Ivar passa a mão no rosto e solta um suspiro profundo.

— Perry era casado. A esposa dele fazia parte da minha equipe. O IED
que danificou minha audição tirou a vida dela.

— Puxa vida, — sussurro.

— Três de nossa unidade morreram naquele dia. Outro perdeu a perna e


minha audição foi prejudicada. Todos nós carregamos nossas próprias cicatrizes
emocionais. Perry não estava lá, mas ele também as carrega. Pode não ser visível
para as pessoas de fora ou para aqueles que não conhecem seu passado, mas ele
com certeza as tem. Ele percorreu um longo caminho ao longo dos anos.
Ramona dá uma risadinha e eu dou uma olhada rápida para ver seu rosto
sem preocupação, tristeza ou raiva. Em vez disso, há um enorme sorriso quando
ela segura o celular e começa a digitar mais uma vez.

Dou um sorriso esperançoso para Ivar.

— Talvez eles possam lembrar um ao outro de sorrir de vez em quando.

Ele segura a lateral do meu rosto e se inclina para perto.

— A maneira como você elevou meu espírito junto com meu pau.

— Você começou de forma romântica, mas logo se transformou em


divagações sujas, — resmungo.

Sua risada rouca provoca um formigamento em minha espinha e eu me


inclino para beijá-lo, mas a porta do clube se abre. Minha irmã, seu Old Man e
alguns Cowboy Bikers MC Lawmen entraram, fazendo com que todos os olhares
da sala se voltassem para eles.

Hudsyn está olhando diretamente para mim, ou pelo menos é o que eu


acho, porque ela não se dirige a mim, mas a Ivar, quando diz:

— É você que está fazendo o show de nu horizontal com minha irmã?

— Hudsyn, — eu suspiro e empurro seu ombro.

— Nem sempre na horizontal, mas... sim, isso sou eu e isso é entre sua
irmã e eu. Você não tem nada que meter o nariz em nossas merdas, — rebate Ivar.

Observo como ele encolhe os ombros, pronto para aguentar o que quer
que ela jogue nele, enquanto equilibra o olhar entre minha irmã e Ezra, que agora
está em pé logo atrás da minha irmã.
Eu me afasto e me certifico de que estou ao lado de Ivar quando bato
meu dedo contra o peito da minha irmã.

— Você o ouviu, não é da sua conta. Além disso, você sabia o que
estava acontecendo entre nós. Eu liguei para você, lembra? E não foi você que me
disse que ele é um dos mocinhos?

A mão de Ivar vai até ao meu quadril, apertando-o gentilmente enquanto


ele me puxa para mais perto de seu corpo.

— Está defendendo ele, não é, irmã? — desafia Hudsyn. — Pronta para


reivindicar?

Que merda. Isso é que é colocar as tetas de outra irmã em um bloco de


execução.

— Eu sou dela, — Ivar murmura ao meu lado.

Inclinando minha cabeça para cima, ele me olha fixamente.

Sei que, nesse momento, ele não se importa com o que minha irmã ou
qualquer outra pessoa tem a dizer, porque não pode ouvi-los. Ele escolhe a mim.
Totalmente concentrado em mim e em como vou reagir enquanto meu peito se
enche de calor.

Como posso deixar de fazê-lo quando esse cara está no meio de uma
sede de clube, com todas as pessoas ligadas a mim, enquanto expõe seus
sentimentos para que todos ouçam. Tudo isso enquanto ele só tem sua irmã aqui.

— Não estou me mudando para Nova York ou para qualquer outro lugar,
— digo com a boca, de modo que somente ele entenda as palavras que lhe dou.
— Se alguma coisa me mostrou e me ensinou nesses últimos dias foi o
fato de que minha vida está onde você e minha irmã estão.

As emoções causadas por suas palavras me atingem com força e


obstruem minha garganta. Engulo com força e encaro minha irmã.

— Ivar é o meu Old Man, — eu digo baixinho.

Minha irmã grita e me puxa para um abraço apertado.

— Eu sabia, — ela sussurra em meu ouvido. — Estou muito feliz por


você. Cassia me ligou ontem à noite e falou sobre o irmão dela e o que ele
mencionou sobre você.

Que diabos Ivar disse a Cassia? Eu sabia que eles tiveram uma longa
conversa no quarto dela, Cassia queria esclarecer as coisas entre eles. Depois, ela
disse que não havia nada para esclarecer, mas que só queria ouvi-lo sobre mim.
Claramente, ela fez isso com um propósito quando ligou para minha irmã logo
depois para fazer fofoca sobre mim e Ivar.

Um xingamento alto ecoa pelo ar e nós dois nos afastamos para olhar
para um Atticus, presidente do Cowboy Bikers MC Lawmen, xingando. Ele grunhe
mais algumas palavras de raiva em seu telefone e se desconecta, enfiando o
telefone no bolso da frente da calça jeans.

— Aquele desgraçado está fugindo, — diz Atticus.

— Quem está fugindo? — Ramona pergunta e vem para perto de nós.

Atticus caminha em nossa direção.

— Antes de chegarmos à cidade, liguei para o escritório do xerife para


pedir ajuda. Eles estavam nos esperando a uma quadra da casa de Henrick para que
pudéssemos trabalhar juntos. O xerife o prendeu e o levou para a delegacia. Um de
nossos prospectos nos acompanhou para garantir que seus pertences fossem
processados corretamente. Tudo isso para que pudéssemos revistar sua casa e obter
mais evidências do que as encontradas no local do crime quando examinamos seu
telefone. O desgraçado conseguiu se conectar a uma transmissão ao vivo de uma
sala que o Hudsyn confirmou ser a que ele reformou na sede do clube.

Ramona pragueja e eu estendo a mão para apertar sua mão.

Ela fica em silêncio e Atticus continua.

— O promotor acabou de ligar. Enquanto ele estava na delegacia


protegendo as provas em outra sala, ouviu um tiro. Quando verificou o que estava
acontecendo, encontrou o delegado no chão com um tiro no peito, expelindo seu
último suspiro. Henrick sabia que ele ia cair porque nós nos certificamos de que ele
soubesse que tínhamos as provas para prendê-lo por um longo tempo. O
desgraçado não tinha nada a perder e, quando viu uma chance de escapar,
aproveitou-a. Henrick conseguiu pegar a arma do delegado, atirou nele e saiu da
delegacia. Ele entrou no carro de patrulha e atropelou o xerife que estava
atravessando a rua.

— Você ligou para os irmãos que estão na casa dele neste momento? Ele
pode voltar para lá, — Ezra resmunga.

— Pedi ao prospecto que ligasse para eles antes de desligar. Enviarei


uma mensagem de texto em um momento. Precisamos proteger a área junto com a
sala que Henrick reformou para que possamos proteger as provas. Esse desgraçado
vai ser preso, de um jeito ou de outro. — Atticus tira o celular do bolso e dá uma
olhada na tela.
Colocando o celular de volta no bolso, seu olhar agora se volta para
Hudsyn.

— Tudo bem se usarmos a igreja para montar um centro de controle?


Tenho que fazer muitas ligações. O xerife acabou de morrer ao chegar ao hospital.
Henrick agora é um fugitivo que tem o sangue de dois policiais em suas mãos.

— Vá em frente, — disse minha irmã, acenando com a mão na direção


da igreja. — Se precisar de ajuda, me avise.

— Por enquanto, precisamos que todos vocês fiquem quietos. Aposto


que esse desgraçado está furioso e sua raiva está voltada para vocês porque ele os
viu, Hudsyn. Ele sabe que foram vocês que o expuseram, — alerta Atticus.

— Então, nós somos basicamente os prisioneiros aqui? — Cassia brinca.

— É para sua própria segurança e nos permitam fazer nosso trabalho.


Agora, se me derem licença. — Atticus simplesmente se vira e entra na igreja,
alguns de seus irmãos o seguem antes de fechar a porta.

— Puta merda, — Sonnet suspira. — Dá para acreditar? É como uma


cena de filme ruim em que o vilão fica louco e vai para a cidade para uma boa e
velha matança. Que. Porra. É. Essa?

— Eu sei. — Zoanne afirma calmamente.

— Não precisa entrar em pânico, — afirma Ezra. — Atticus


provavelmente trará a polícia estadual para cá em pouco tempo. Aposto que ele
está organizando uma caça ao homem neste momento. Confie no homem e faça o
que ele diz: fique quieta. Tudo estará resolvido em breve.
— Por que não colocamos um pouco de comida na mesa? — afirma
Hudsyn. — Temos visitas e muitas bocas para alimentar. Sem mencionar que isso
nos dará algo para fazer e tirar nossa mente dessa bagunça, pois não há nada que
possamos fazer.

— Ramona? — Hudsyn brinca.

O canto da minha boca se contrai quando vejo que ela não está prestando
atenção em tudo ao seu redor ou na Prez, que está tentando falar com ela. Não. Ela
está concentrada em seu telefone e um pequeno sorriso está se formando em seus
lábios.

Eu me inclino e sussurro para Hudsyn:

— Ela está trocando mensagens com Perry, um amigo de Ivar que


demonstrou interesse em comprar Dover.

Minha irmã observa Ramona e a forma como seus polegares voam sobre
a tela do telefone.

— Parece que ele pode receber mais do que o cavalo, — murmura


Hudsyn.

Ezra ri.

— Seja o que for, é exatamente o que ela precisa agora.

— Eu não poderia concordar mais. — Olho em volta e peço: — Cassia,


verifique a cozinha para ver que comida podemos colocar na mesa. Sonnet,
Zoanne, ajudem-na e me avisem se precisarem de mais gente.

Elas desaparecem na direção da cozinha, deixando Hudsyn, Ezra, Ivar e


eu juntos.
— Vou enviar uma mensagem de texto no bate-papo em grupo para que
todas as irmãs saibam o que está acontecendo, — afirma Hudsyn ao pegar o celular
e começar a digitar.

Uma mão grande e quente desliza sobre minhas costas, deixando sua
força penetrar em mim. Respiro fundo e solto o ar lentamente.

A boca de Ivar está bem perto do meu ouvido quando ele sussurra:

— Não conheço esses caras, apenas pelo que você me disse, mas a
maneira como Atticus agiu agora mostra sua experiência. Tenho certeza de que
eles conseguem. Todos nós iremos ultrapassar isso. E, com certeza, não deixarei
que nada aconteça com você agora que mal começamos. Nunca fiz toda essa coisa
de relacionamento, mas tenho uma visão de nós dois vendo nossos netos montando
os cavalos que criamos e treinamos juntos.

O calor que ele libera em meu peito é algo desconhecido e talvez se


encaixe no critério de adoração, quase amoroso, mas sei que é cedo demais. No
entanto, é um ajuste perfeito para o que sinto quando olho fixamente em seus olhos
intensos.

— Essa é uma visão pela qual vale a pena lutar, — digo-lhe e me levanto
na ponta dos pés para beijá-lo, sem me importar com o fato de minha irmã e seu
homem estarem bem perto de nós.
CAPÍTULO OITO

- IVAR -

Dois dias depois

— Pronta? — Perguntei ao fechar a porta do curral da égua que eu estava


cuidando.

Medley sai da baia bem ao meu lado. Seus olhos encontram os meus
quando ela resmunga:

— Odeio não poder cavalgar.

— Você sabe que há um bom motivo para não podermos.

Ela fecha a baia e suas mãos se afastam do corpo enquanto seus lábios se
movem para me dizer:

— Henrick pode estar em um estado diferente agora. Já se passaram dois


malditos dias e eles não conseguiram localizá-lo. Tudo o que encontraram foi um
carro de patrulha abandonado que ele usou para atropelar o xerife. Preciso lembrá-
lo de que foi abandonado nos arredores da cidade? Ele claramente fugiu para nunca
mais voltar.

— Você realmente acredita nisso? — questiono.


Seus ombros caem e mal consigo captar o movimento de sua boca
quando ela resmunga:

— Não.

Estendo a mão e envolvo seu braço na cintura para puxá-la para perto de
mim. Eu a abraço com força, pois gosto de a sentir contra o meu corpo. Beijando o
topo de sua cabeça, respiro seu perfume e deixo que ele me acalme.

Estou nervoso há dois dias e não acho que isso vá mudar tão cedo. Não a
menos que esse maldito Henrick esteja morto ou atrás das grades. Allaric nos
informou sobre o desenrolar do caso em que ele está trabalhando, mas há vários
ângulos a serem trabalhados aqui.

O fato de o xerife e o delegado terem sido mortos também não facilita as


coisas. No entanto, devido às mortes deles, o caso se tornou de alto perfil e há um
alerta para Henrick em todo o país. Eu esperava que já o tivessem pego, mas é
óbvio que ele ainda está sendo procurado.

— Vamos, — digo a ela e me afasto para entrelaçar nossos dedos. —


Vamos jantar, já está ficando tarde e estamos aqui há horas. Veja, já está escuro lá
fora. Atticus quer todo mundo dentro de casa antes do anoitecer.

Ela aperta meus dedos e, quando saímos dos estábulos, olho para baixo
para ler seus lábios.

— Acho que Ramona está negando o fato de estar grávida.

Balanço a cabeça, sem saber como responder à sua observação.

O aperto de Medley em minha mão se transforma em um aperto doloroso


e ela para simultaneamente. Olho para seu rosto e ele está horrorizado. Meu
coração começa a bater contra a caixa torácica enquanto examino rapidamente o
ambiente ao meu redor.

Henrick sai das sombras ao lado da sede do clube, e a luz da lua me


permite ler seus lábios. — Diga-me, droga. Ela está grávida de um filho meu?

Eu me recuso a tirar os olhos da ameaça à nossa frente. O desgraçado


está com uma arma apontada para a minha mulher e não me importa o que Medley
responda; tenho que me concentrar para poder tirá-la da linha de fogo quando for
necessário.

Isso agora se tornou um jogo de espera em que estou contando os


segundos. Há uma câmera apontada para esse ângulo e Atticus nos garantiu que há
alguém observando isso o tempo todo. O que significa que eles pegaram Henrick
apontando uma arma para nós e os reforços estão a caminho. Bem, espero que sim,
porra.

Sua cabeça gira e eu olho rapidamente para o que chamou sua atenção.

Porra, é Ramona, e ela está vomitando as palavras:

— Você está aqui por mim, certo? Então venha até mim, idiota. Você só
foi capaz de se esconder no escuro e atrás de paredes, câmeras, drogas e toda essa
merda e nunca foi capaz de me encarar de frente, seu patético e pequeno filho da
puta.

Seu braço se estende e eu me lanço para a frente. Estou longe demais


para impedir que o primeiro tiro seja disparado, mas quando ele está prestes a
puxar o gatilho pela segunda vez, é quando nossos corpos se chocam. Batemos no
chão com força e posso sentir os chutes que ele está tentando desferir em meu
corpo, mas com minhas habilidades de combate corpo a corpo de anos de
treinamento, é fácil me defender.

Meu foco principal é a mão que segura a arma, que eu agarrei e estou
tentando esmagar para que ele a solte. Ainda estamos lutando quando percebo que
há outros braços, mãos e botas ao nosso redor.

A arma é arrancada da mão de Henrick e noto um vislumbre de metal


brilhante quando percebo que alguém o algema. Atticus está na minha frente e me
puxa para cima. Ele bate em minhas costas e me olha de relance.

— Você está bem? O desgraçado não atirou em você? — ele pergunta.

Dou uma sacudida brusca e olho por cima do ombro para o local onde
Medley estava, mas ela não está lá. Em pânico, viro rapidamente a cabeça para trás
e a vejo ajoelhada no chão, onde o corpo de Ramona está caído em uma poça de
sangue.

Correndo para lá, noto que Frankie, a Old Lady de Atticus que chegou
ontem, está pressionando um pano contra o estômago de Ramona. Quero oferecer
minha ajuda, mas sei que a melhor coisa a fazer agora é manter distância, pois
Frankie está tentando estancar o sangramento enquanto Medley tenta confortar
Ramona.

Eu me movo ao redor deles para ficar atrás da minha mulher, caso ela
precise de mim. Isso também coloca a sede do clube às minhas costas e a cena à
minha frente para observar. Caramba, às vezes odeio não ser capaz de ouvir o
tumulto ao meu redor. No entanto, isso me leva a usar outros sentidos e é
exatamente isso que estou fazendo.
As cabeças se viram em uma direção e eu sigo a linha de visão deles para
também perceber que a ambulância está quase chegando. Desvio meu olhar para
onde Atticus está empurrando Henrick para dentro de uma SUV sem identificação
e fecha a porta. Há dois motoqueiros na frente e dois logo atrás do SUV quando ele
sai da propriedade.

Atticus vem em minha direção e posso ler facilmente o que ele está
dizendo.

— Desta vez, nós cuidaremos do transporte e do registro. Ele não vai


escapar.

Os paramédicos começaram a cercar Ramona. Medley corre em minha


direção e eu abro meus braços para abraçá-la com força.

Frankie caminha até Atticus, com o rosto sombrio. — A bala entrou em


sua barriga. Estão tentando estabilizá-la para levá-la ao hospital o mais rápido
possível.

— Ela está grávida, — eu digo, sabendo que é um detalhe que os


médicos precisam saber, mas tenho certeza de que eles já mencionaram.

Frankie faz uma careta. — A localização da bala não prevê nada de bom.
Vamos torcer para que ela ainda tenha a opção de ficar com o bebê antes que ela
seja tirada de suas mãos.

Sinto o corpo de Medley começar a tremer suavemente contra mim.


Ramona está dentro da ambulância quando Hudsyn entra e eles fecham a porta.
Alguns segundos depois, as luzes piscantes nos cercam enquanto a ambulância
acelera para levá-la ao hospital o mais rápido possível.
— Quero que minha senhora saia do frio, — digo e guio Medley em
direção à sede do clube.

Os membros do MC estão olhando pelas janelas quando entramos na sala


principal. Todos viraram a cabeça e, antes que pudessem falar, voltei minha
atenção para Medley.

— Você quer ir para o hospital com alguns dos outros ou ficar aqui até
ter notícias de Hudsyn?

Ela pisca para mim e posso dizer que ela ainda está processando a merda
que acabou de acontecer. Pego seu rosto em minhas mãos e acaricio suavemente
sua bochecha. Medley fecha os olhos e se inclina para o meu toque, tirando um
momento para si mesma. Seus olhos tempestuosos se chocam com os meus
enquanto a determinação desliza por seu rosto.

Seus lábios se movem.

— Obrigada.

— Sempre, — murmuro e lhe dou um beijo rápido antes de me afastar


para que ela possa se dirigir às outras.

— Preciso que algumas de vocês fiquem aqui e outras virão comigo para
o hospital. — Medley caminha em direção às mulheres e suas mãos começam a
apontar em diferentes direções.

Não estou entendendo as palavras, pois ela está de costas para mim, mas
sua postura mostra a mulher feroz que enfrentei na primeira vez que vim a este
rancho. Medley se vira e vem em minha direção. Frankie aparece à minha esquerda
e eu me aproximo para ler seus lábios.
— Temos um carro esperando lá fora para levá-los ao hospital. Tudo
aqui está resolvido se vocês quiserem ir, mas Atticus acabou de ligar para informar
que Ramona está sendo operada às pressas, portanto, levaremos algumas horas até
termos outra atualização. A última coisa que ele ouviu é que eles têm boas
esperanças de que ela vai se recuperar, mas não teremos certeza até que ela saia da
cirurgia.

Medley balança a cabeça.

— Obrigada. Você vai ficar aqui?

— Sim, estou supervisionando algumas coisas para Atticus. Você pode


entrar em contato a qualquer momento para o que precisar e eu cuidarei disso para
você, — responde Frankie.

Pelo que me foi dito, ela era uma agente especial quando se tornou a Old
Lady de Atticus e agora faz parte da equipe de combate ao crime do governo. Isso
também fica claro na maneira como ela se comporta e age, tanto como agente
quanto como a Old Lady do presidente.

Quando olho para os rostos que enchem a sala principal da sede do


clube, fica claro que a irmandade e o vínculo profundo se manifestam no apoio e
na força como um todo. O rosto de cada uma é marcado pela mesma preocupação,
mas há determinação em sua postura.

Elas não são flores murchas que se transformam em uma bagunça


chorosa; elas são fortes e capazes de lidar com a parte mais difícil da vida. É claro
que essas mulheres não tiveram uma vida fácil, pois seus pais foram assassinados e
fizeram justiça com as próprias mãos com a ajuda do MC de Atticus. Exatamente o
que aconteceu esta noite, quando alguém invadiu o porto seguro que elas criaram.
Esperamos que as coisas se acalmem daqui para a frente. Todas elas
merecem isso. E espero que Ramona consiga se recuperar. Ela também merece sair
do lugar sombrio para o qual aquele maldito a empurrou.

Uma mão colocada em meu antebraço me tira de meus pensamentos.


Meu olhar se volta para a mulher que tocou meu coração e o transformou em um
lugar que contém uma série de sentimentos que agora reconheço como adoração e
que estão na ponta da balança do amor. Sei que é muito cedo e não é o momento
certo para lhe dizer as palavras que acabei de admitir para mim mesmo e é por isso
que a deixo falar e estudo sua boca.

— Cassia está fazendo uma mala para levarmos conosco. Ramona vai
precisar de algumas coisas quando sair da cirurgia e tiver que ficar por alguns dias.

— Pensamento inteligente, — elogio e estendo a mão para entrelaçar


seus dedos com os meus e apertá-la suavemente.

Minha irmã volta correndo para a sala principal com uma sacola na mão.
— Pronta.

Seguimos para o carro de espera que leva alguns de nós para o hospital,
onde nos encontramos com Hudsyn, que está andando em uma sala de espera. Não
há informações atualizadas e temos que esperar por horas até que finalmente um
médico vem em nossa direção para dar a notícia aliviadora de que Ramona
conseguiu passar pela cirurgia.

Infelizmente, ela perdeu o bebê devido ao ferimento que sofreu. Ramona


ainda não sabe, pois ela ainda está sentindo o efeito da anestesia. Apenas duas
pessoas podem vê-la, e Hudsyn e Medley ficarão ao seu lado.
Remi está sentada ao meu lado, junto com Cassia e o restante das
mulheres que se reuniram na sala de espera. Atticus ligou para Hudsyn com uma
atualização para nos informar que Henrick estava preso em segurança dessa vez.
Outra coisa com a qual não precisamos nos preocupar.

A vida não tem sido fácil para nenhuma dessas mulheres, mas quando
dou uma olhada na sala de espera, fica claro que elas criaram uma base na qual
cada membro pode se apoiar para amortecer as quedas que a vida provoca. Isso
permite que elas tenham um momento para recuperar o fôlego antes de montar
novamente no cavalo e continuar sua cavalgada rumo ao pôr do sol,
independentemente do que a vida possa lhes reservar no futuro.

Sou grato por fazer parte disso. Nunca pensei que me encontraria na
mesma cidade que deixei quando era mais jovem, mas agora percebo que isso era
inevitável. Cercado por minha irmã, uma nova família e a mulher que amo ao meu
lado, é hora de começar um novo capítulo em minha vida.

Um lugar onde espero começar nossa própria família um dia e ver o que
mais está reservado para nós.
EPÍLOGO

- MEDLEY -

Dois anos depois

— Tudo pronto? — Hudsyn pergunta e apoia os antebraços na cerca ao


meu lado.

Mantenho minha atenção em Ivar, que está montando Bones, uma égua
branca que compramos há quase dois anos. Não há nada mais sexy do que ver o
homem que você ama montado em seu cavalo, ou em sua moto, por exemplo.

— Sim, — digo a ela com um sorriso na voz. — Estou planejando o


nosso primeiro presente de aniversário de casamento há mais de seis semanas, e é
de se esperar que eu já tenha as partes mais importantes no lugar.

Hudsyn dá de ombros.

— Tenho certeza de que seu homem não se importaria de qualquer


forma, apenas tê-la nua já é bom o suficiente para ele.

Bato em seu ombro com as costas da minha mão.

— Tomei muito cuidado ao planejar e decidir o que vestir e o que fazer


com o quarto, a comida e tudo mais. Além disso, quero lhe dar o item especial que
mandei fazer para ele, sabe... o que discuti na igreja e todos nós votamos.
Hudsyn ri. — Seu marido é rico pra caramba e a levou para uma lua de
mel ao redor do mundo para tomar champanhe com a bunda em uma praia
diferente a cada dia. Tudo isso enquanto vocês dois corriam para casa, porque
ambos gostam muito mais do rancho e dos animais do que passar um tempo em um
hotel de luxo ou um fim de semana no apartamento dele em Nova York. Você
sabe, aquele que ele vendeu no ano passado para se mudar para cá por tempo
indeterminado. Por isso estou lhe dizendo que... nua em uma cama seria
igualmente festivo para o seu marido.

Pretendo terminar nua ou com ele usando apenas o presente que mandei
fazer especialmente para ele, mas há outra coisa. Algo crucial que venho
planejando há mais de algumas semanas.

— É diferente porque... — Paro de revelar o segredo que estava


guardando e murmuro: — Não importa, você tem razão. Como estão se saindo os
dois potros frísios? Perry e Ramona estão fazendo um trabalho incrível com essa
raça, não é?

— Certo, conversem sobre essa merda. Você não está me enganando,


irmã. Desembuche. O que há de tão especial no aniversário de um ano de
casamento que você planejou?

Tiro os olhos de Ivar e coloco uma mão perto da boca para ter certeza de
que meu marido não consegue ler meus lábios quando digo à minha irmã:

— Queríamos começar uma família quando estivéssemos casados há


pelo menos um ano. Ivar queria tentar mais cedo, mas você sabe como eu gosto de
planejar com antecedência, então parei de tomar a pílula e monitorei quando eu
estava ovulando e assim por diante e... bem... hoje deve ser o melhor momento
para ter um bebê. Espero que sim. Todos nós sabemos que a mãe natureza tem suas
próprias regras, limitações, maneiras de sacudir a vida no estilo montanha-russa, o
que for. Mas, sim... eu queria surpreendê-lo...

— Fazendo fofoca pelas minhas costas? — Ivar resmunga e minha mão


se afasta do meu rosto.

Minhas bochechas esquentam e eu respondo:

— Esconder-se das pessoas não é muito legal.

— Impedir que eu escute também não é muito legal, — ele rebate.

Eu estreito os olhos e disparo minhas palavras:

— Ouvir não é muito legal, é considerado falta de educação.

Um sorriso desliza por seu rosto ao mesmo tempo em que Hudsyn diz:

— Pronto, pronto, crianças. Se comportem bem. Feliz aniversário e tudo


o mais. — Ela dá um tapa na perna de Ivar para chamar sua atenção. — Desça de
seu cavalo alto. Vou cuidar de Bones para que você possa cuidar de sua esposa.

Ivar não se opõe, mas imediatamente desmonta e entrega as rédeas a


Hudsyn. Ele pula a cerca ao mesmo tempo em que Hudsyn sobe para chegar ao
cavalo. Não tenho tempo de respirar novamente quando seus lábios pousam nos
meus. Eu me afundo no beijo e deixo seu calor, juntamente com as pontadas de
desejo, preencherem meu corpo.

— Levem isso para dentro, crianças, — minha irmã me diz com uma
risada em sua voz.

Eu o afasto e, ao mesmo tempo, interrompo o beijo que estou dando em


meu marido para praticamente arrastá-lo para a sede do clube. Ainda temos um
quarto aqui, embora tenhamos comprado um grande pedaço de terra há oito meses
que está conectado a este rancho.

Queríamos ter nossa própria casa, mas ainda assim ficar perto do clube.
Também não queríamos levar nossos cavalos conosco, pois os grandes pastos e as
áreas de treinamento em torno desse rancho são perfeitos. Foi por isso que
concordamos em construir uma casa no terreno que compramos, para estarmos
perto de tudo e ainda termos a privacidade de nossa própria casa.

A casa ainda não está pronta, mas está chegando lá aos poucos. Mal
posso esperar para me mudar completamente e, com sorte, enchê-la com nossa
própria família um dia. Talvez até mesmo um dia em breve, se tudo der certo hoje
à noite. Mas acho que algumas coisas estão fora de nosso alcance e temos que
confiar nas circunstâncias para enriquecer nosso futuro.

Passamos pela porta do nosso quarto e meu corpo está girando ao mesmo
tempo em que a porta se fecha. Ivar me pressiona contra ela e, no instante seguinte,
sua boca cobre a minha. Nossa conexão se intensificou ao longo dos anos em que
estamos juntos.

Talvez tenhamos começado a mergulhar de cabeça em um


relacionamento, mas não nos arrependemos de ter decolado a toda velocidade. Na
verdade, não perdemos um segundo sequer para compartilhar uma vida juntos.
Ouso até dizer que foi uma das melhores decisões que já tomei.

Suas mãos percorrem meu corpo e estou quase perdida em desejo de


ceder e cavalgar esse homem até à terra do orgasmo, mas tenho um presente
especial para lhe dar primeiro. Na verdade, tenho dois, mas um precisa ser dado em
palavras, enquanto o outro contém uma carga de sentimento e significado.
— Espere, — murmuro contra seus lábios.

Sei que ele não pode me ouvir, mas o homem é perspicaz e sente a
vibração com o corpo em vez de usar os ouvidos. Ele se afasta e me dá um olhar
intenso. O amor que brilha dele está me colocando no centro das atenções, onde
me sinto confortável para ser o centro das atenções somente para ele.

— Tenho algo para você, — respiro.

— Também tenho algo para você, — ele murmura sedutoramente.

Estou prestes a resmungar: — Se você disser 'meu pau', vou cortá-lo, —


mas o homem dá um passo para trás e tira uma pequena caixa de veludo do bolso
da calça jeans.

Ele o abre e há um pingente de prata com uma cabeça de cavalo gravada


em detalhes. Ele está em um colar de couro e mostra como meu homem é
observador. Eu estava de olho nesse colar desde que visitamos a joalheria há
alguns meses, quando fomos lá para ajudar Perry a escolher um anel de noivado
para Ramona.

— Obrigada, — eu digo e agarro o rosto dele com as duas mãos para


beijá-lo com toda a força.

Recuando, pego a caixa de veludo e retiro o colar, colocando-o


rapidamente. Consigo me afastar da porta e me ajoelho em frente à cama.

— Legal, — ouço Ivar gemer e tenho certeza de que ele está olhando
para a minha bunda que está no ar enquanto pego a caixa que coloquei lá hoje de
manhã.
Eu me levanto e mantenho a caixa na minha frente. Sua cabeça se inclina
para o lado enquanto ele me observa. Estou tentando encontrar as palavras para
dizer-lhe que estamos prontos para começar uma família agora, mas a declaração
que pensei nos últimos dias saiu da minha mente.

— Você vai me dar o meu presente? — ele diz suavemente com uma
ponta de sorriso na voz.

— Espere, — eu guincho e seguro a caixa com mais força. — Deixe-me


pensar em como vou lhe dizer isso.

— Me dizer o quê? — ele insiste.

— Deixe-me. Pensar. — eu me arrebento.

O canto de sua boca se contrai e ele cruza os braços sobre o peito


enquanto se recosta contra a parede como se tivesse todo o tempo do mundo.
Droga. Eu estava planejando isso há algum tempo. Bebidas na geladeira, comida
gostosa na mesa do canto. Um espartilho sexy no banheiro, com o qual eu queria
me trocar.

Ugh. Que se dane.

— Meu corpo está pronto para você colocar um bebê dentro de mim.

Ok, isso soou muito melhor na minha cabeça e tenho certeza de que a
formulação foi muito mais significativa com a declaração em que trabalhei por
semanas, mas devido a um peido cerebral, isso é claramente tudo o que tenho. Mas
é mais do que suficiente quando sou atingida pelo olhar intenso em seus olhos.

Segurando a caixa, sussurro:


— Mandei fazer isso para você e espero que queira usar. É algo que
combinamos na igreja e tenho certeza de que minha irmã também vai querer que
seu Old Man use um que ela vai comprar para ele. Enfim... aqui.

Ele pega a caixa de minhas mãos e a abre. Tirando um corte de couro


liso da caixa, ele o segura e observa os remendos na parte de trás.

— Foda-se, — ele se contorce e o coloca. Virando-se de costas para


mim, ele pergunta: — Como está ficando?

Eu me aproximo e deixo as pontas dos meus dedos deslizarem sobre o


adesivo Valorous Sally MC e o balancim embaixo declara orgulhosamente
‘Propriedade de Medley’.

Passando por ele, envolvo meus braços em seu pescoço e o puxo para
perto para um beijo. Sua língua desliza entre meus lábios e eu gemo quando ele
começa a me devorar. Suas mãos trabalham rapidamente para arrancar a calça
jeans do meu corpo, junto com a calcinha.

Ele me levanta e eu ergo minhas pernas para envolver sua cintura. O som
de seu zíper é todo o aviso que recebo antes que a cabeça grossa de seu pau
cutuque minha entrada. Meu corpo está pronto para recebê-lo quando ele o
empurra para dentro de mim.

O prazer corre quente em minhas veias. Minhas unhas se cravam


enquanto ele enterra a cabeça na curva do meu pescoço. Ele pode não me ouvir,
mas sei que sente as vibrações de meus gemidos. A maneira como ele geme com o
prazer que extrai do meu corpo está aumentando o êxtase dentro de mim.

Pressiono meu calcanhar contra sua bunda para incentivá-lo a entrar mais
fundo no meu corpo. Sua velocidade aumenta e ele me fode com mais força. Que
se danem os momentos sensuais, cativantes e especiais. Uma rapidinha de sexo
quente e sujo é o que nós dois precisamos para aliviar a tensão.

A sensação de seus dedos provocando minha bunda, seus grunhidos, o


tapa de carne contra carne quando minha cabeça bate na parede com a força de
suas investidas. Essa é a sensação de ser desejada, de ser amada, de ser desejada
agora, para sempre, enquanto nosso sangue estiver sendo bombeado por nossos
corações em fúria.

Exatamente como deveria ser.

E quando meu orgasmo chega e sinto seu pau engrossar dentro de mim
antes de começar a pulsar e encher meu útero com seu esperma, é então que ouço
sua voz áspera roncar as palavras:

— Eu te amo muito.

— Amo você mais, — digo a ele com firmeza.

Seu aperto em meu corpo se torna mais forte, como se ele tivesse me
ouvido dizer as palavras e, ainda assim, de alguma forma, ele as ouviu porque
captou as vibrações. Na realidade, não precisamos de nossas vozes para sermos
ouvidos ou para transmitirmos uma mensagem. Nossos corpos e corações estão
conectados, permitindo que ambos tenhamos consciência de nossos sentimentos
compartilhados.

E quem sabe, daqui a muitos anos, poderemos ter a visão que Ivar
mencionou uma vez. Aquela em que, quando estivermos velhos e grisalhos,
veremos nossos netos montando os cavalos que criamos e treinamos. Dando o
presente de nosso passado e futuro de uma geração para a outra.
Mas, por enquanto, eu o abraço com força e vivo o momento. Um
momento em que meu Old Man está usando um remendo de minha propriedade e
em que, com sorte, uma nova vida começa neste dia e talvez possamos abraçar
uma criança em nossos braços daqui a nove meses.

Pois estamos sempre prontos para sonhar, prontos para viver e prontos
para aproveitar tudo o que a vida nos oferece.

FIM

Você também pode gostar