Ensino de
Linguagem
Perspectivas teéricas
© praticas pedagdgicas
(Organizadoras)
EDITORA
ur yeOralidade na escola:
caracteristicas e funcées das
atividades de escutg
Vanessa Titonelli Alyim
Vania Guedes Magathie
Introdu¢ao
¢ artigo tem a finalidade de apresentar, na perspectiva
de casino de oralidade na escola bisica como pritica essencial
para o desenvolvimento de ususirios competentes da sua lingua, as
caracteristicas ¢ fungées das atividades de escuta ativa, explorada
Imente de forma intuitiva e que visa apenas & apreensio de
um contetdo especifico, em detrimento de atividades de anilise
neuistica do texto oral. Defendemos que as atividades de escura
na escola nao significam silenciamento e passividade; elas devem
propiciar aten¢ao, compreensao oral plena ¢ comportamento ativo
nas interac6es orais.
Partimos dos pressupostos tedricos que defendem 0 ensino
de oralidade como atividade sistematica na educagao em lingua
materna. Além disso, tomamos como base os géneros textuais,
articulados a atividades de anilise linguistica que propiciem reflexoes
sobre os usos da linguagem, contribuindo, efetivamente, Part formar
alunos capazes de compreender a lingua ¢ seus sentidos, atrelados aos
contextos de uso.
O capitulo apresenta reflexoes sobre ensine da oralidade 10
aprendizado da Lingua Portuguesa (LP), sua relagao com os géncrosrextuais ¢ a caract da atividade de exeryes .
trabalho foi realizado como parte da py ‘h
que este pa Perattiee
finalirada ;
O ensino de Lingua Portuguesa »
oralidade
Sabemos que 0 ensino de lingua f
soften
5 an
cransformagoes a0 longo do séeulo passado, mas esti sing,
Jo pela auséncia de relaga bran
caracterizado pela auséncia de relagao com 08 us0s socinis 4
° linen
Mudane
de grande
‘omer
Aram
Nas décadas de 1980 ¢ 1990, comegamos a observar algumay
paradigmaticas, advindas dos estudos linguisticos, sendo
contribuigo as perspectivas textuais ¢ discursivas, que
a levar em consideragao a heterogeneidade da lingua ¢ sug relacig
com seus usuarios. A proposta de se iniciar mudangas no ensing de
gramitica também foi de suma importancia, passando a ser visuals
como objeto de andlise e reflexéo, além da escrita, a fala. De xoip
com Marcuschi (2001a), essas novas concepgées passaram a relet
diretamente nas propostas dos Parametros Curriculares Nacionas
(PCN) de Lingua Portuguesa (1997, 1998), ampliando para quixw
as habilidades necessdrias ao desenvolvimento do aluno: falar, escua,
ler e escrever, contudo numa perspectiva dos letramentos, atreladas 1
usos sociais (SrreeT, 2012).
Assim, na base dessas mudangas est4 uma nova concepyi?
de linguagem, vista agora em seus aspectos interacionais, com foco 0s
enunciados produzidos em diferentes situagdes comunicativas. As pats?
de andlise linguistica desenvolvidas pelo professor cém como obs *
texto, seja ele oral ou escrito, a ser analisado dentro de wm cones
producio. Sendo assim, documentos oficais defendem se “
atividades com base no tripe uso-reflexdo-uso, além da prop “
102
i
iecdallhar com tenwn reais
pres
Rs Ferranveritng dive shite
Tormando come hase wena oo
once de Hingis fd deserits
eNO primeino capén
apirnto deca ahra, & Rindumental
desenvolvermons desde cedo na cecola pese
Prfricas de wey dower Iftygea em
funcionamento para que os alunos catham asthe com ph 4
em diversas situacées sociais. Uma ver que é considerada varlivel
hererogénca, histérica, social (Marcuse, 2001) ¢ abmerida 4
condigdes de produgao, varios estudos linguisticns, durante o seule
XX, focaram-se no apenas na escrita, mas também na oralidade ¢ nas
suas relages com a escrita
De acordo com Marcuschi, a oralidade é uma “pritica social
gue se apresenta sob variadas formas ou géneros textuais que vio desde
© mais informal ao mais formal e nos mais variados contextos de uso”
(1997, p. 126). Tanto letramento quanto oralidade se referem 4 priticas
sociais (da escrita ¢ da fala), sendo ambas de suma importancia para o
ensino.
Nesse sentido, cabe 4 escola desenvolver priticas com os
géneros orais formais publicos, tratando nao apenas de inserir 0 aluno
em usos orais que cles nao dominam ainda, mas também de refletir
sobre tais usos, 0 que se configura, para nés, as atividades de andlise
linguistica do texto oral realizada a partir da escuta ativa, foco deste
trabalho. Nesse sentido, buscamos romper com uma visio dicotémica
entre fala ¢ escrita, em prol do reconhecimento de especificidades ¢
aproximagées entre as modalidades.
Para Marcuschi (2005), a fala € uma forma de produ¢ao
textual-discursiva para fins comunicativos na modalidade oral, situada
no plano da oralidade, que nao necessita de uma tecnologia além do
aparato biolégico humano para ser emitida. Ja a escrita ¢ um modo
de produgao textual-discursiva com objetivo d
situada no plano do letramento. Esses dois planos, entao, compocin 4
Jingua em seu aspecto social, discursive.
le comunicagao, porem
103pe Hedricas # OrANICaL Dedagagicg,
Eneino de Hnguogem pert u
tiva de telagio fala-escrira,
Essa perspe denominad,
sociointeracionista (Marcuscnt, 2001, p. 32) € a mais prog. ua
para a sala de aula, uma ver que tal relagio & considerada num Viéy
nlc ow sia, sho observadas em rela a0s Fat linguistics gm
i usos sociais, Assim, as “relagdes entre fala e escrita nao sig Sbviag
nem lineares, pois elas reletem um constante dinamismo fundado no
continuum que se manifesta entre essas duas modalidades da lingua’
Marcuscnt, 2001, p. 34). Nessa linha, hé possibilidade de telacionar
formas linguisticas ao contexto, além de haver articulagao direta com
os géneros textuais, importantes instrumentos de apropriacio da
linguagem pelos aprendizes. O continuum dos géneros textuais, no qual
essa perspectiva estd fundamentada, é 0 que
distingue © cortelaciona os textos de cadg
modalidade (fala e esrita) quanto ds estratégias
de formulagio que determina 0 continuo das
caracteristicas que produzem as variagoes das
estruturas textuais-discursivas, selegées lexicais,
estilo, grau de formalidade etc. (Marcusci,
2001, p. 42).
Uma vez que algumas praticas de oralidade exigem um nivel
maior de formalidade, que nao costumam ser adquiridas naturalmente,
€ necessaria uma sistematizagio sobre esses conhecimentos na escola.
Para realizar um trabalho com a oralidade € preciso, entio,
ue Nos pautemos em pr:
modalidade falada. Para isso, d
cas sociais de uso e reflexio sobre a
lefendemos a utilizacao de alguns géneros
de uma oralidade letrada. De acordo com
€ fungao da escola ensinar o aluno a utilizar
orais, propicios para o ensino
Schneuvly Dolz (2004),
mais formais,
Leal e Gois (2012) ressaltam que os géneros formais da fala
també, : Gn ae
“™ Possuem regras © que um dos Principios dessa organizagao do
104a
de na escola: caracteristi
oralida cate ee
a8 atividad
les de
aneste Th escuta
Hi AL
i
rexto oral, bem como da interacio oral entre Sujeitos, é
4 compreensio
de que enquanto um fala, 0 outro escuta, aprendizado esse fund
6 se fuundamenta
para as interagoes em sala de aula © na sociedade em gera |
gera
Nesse sentido, vale destaca entende!
s } F que entendemos por géner
108 por géneros o
que foi proposto por Bakhtin:
L.] uma dada fungio (cientifica, técnica
ideoldgica, oficial, cotidiana) ¢ dadas condicées
espectficas para cada uma das esferas da
comunicagao verbal, geram um dado género, ou
seja, um dado tipo de enunciado telativamente
estével do ponto de vista tematico, composicional
€ estilistico (BAKHTIN, 1997, p. 285).
Com rela¢ao especificamente aos géneros orais, Leal e Gois
(2012) destacam com base também nos pressupostos elencados por
Bakhtin, que esses s4o “dotados de regularidades © que, em situacées
publicas, muitos géneros sao de dificil construgao”. Nessa direcao,
defendemos a inclusao dos géneros orais nos curriculos escolares como
objetos de ensino ¢ reflexao, proporcionando a aquisi¢ao de habilidades
que vo
[a] desde desenvolvimento de atitudes de respeito
20 que 0 outro fala, monitoramento deseu proprio
tempo de fala, escura atenta do que 0 outro diz,
até conhecimentos ¢ habilidades relativos a forma
composicional de generos complexes, como
noticias orais ou debates regrados,
seminirios,
ou mesmo conhecimentos relatives aos papeis
dlesempenhados pelos envolvides em ums
fo de interagio, como um ju
determinada situaga
ma, 2012, p- 20)
(Lear; BraNDAo; Lt
4 a ionar, desde
O papel da escola estd, entdo, em proporionas .
i i i la oralidade,
0s anos iniciais, um trabalho diversificado com 0 ¢Ixe da \
s de
; a) valorizagao de texto
contemplando quatro dimens6es centrait
105ticdo oral; b) oralizacko de textos esctitos: ©) variacées linguisticas «
tradig&o oral: b)
produgio ¢ compreensio de géneros ora
relacées entre fala e escrita d)
012
Lear; Branpaos Lima, 2012)
+ pevessivio dire, ainda, que a atividadles de escuta,foco de
jiscussto deste estudo, estio situadas nos qua ro eixos, sendo “variacio
discussio deste ¢ 7
scrita” ¢ “produgao € compreensao
linguistica ¢ relagdes fala e e
géneros orais” os mais propicios para isso.
Como se ensina o oral?
As possiveis formas para se tomar 0 oral como objeto de
ensino estio baseadas, dentre outras, na perspectiva do Interacionismo
Sociodiscursivo (ISD), cujos principios gerais est4o nos capitulos 1 e
4 desta obra. De acordo com Bronckart (1999, 2006), o ser humano
interage pela linguagem, sendo os géneros textuais formas de ago. Os
géneros, entao, “sto formagées sécio-linguageiras fechadas, organizadas
segundo modalidades heterogéneas” (2003, p. 66). Assim, apropriar-
se dos géneros, para o autor, € um “mecanismo fundamental de
socializagio, de insergéo pratica nas atividades comunicativas humanas”
(1999, p. 103). Vem dai a necessidade de, na escola, ensinar a oralidade e
a escrita pela via dos géneros textuais. Com base neles, podemos realizar
mapeamentos sobre as caracteristicas linguistico-discursivas do oral que
queremos ensinar, 0 que ocorre nos processos de modelizagao didatica
de géneros (cf. capitulo 1 ¢ 4), Como afirmam Dolz ¢ Schneuwly
(2004), € necessério definirmos um conjunto minimo das caracteristicas
dos géneros a serem ensinados, tornando-os, de fato, objetos de ensino
legitimos, assim como a gramética e a escrita, para as quais temos
diretrizes de ensino mais definidas, explicitas e consolidadas na escola.
Vale destacar ainda que o ensino da oralidade nao envolve
ap sticas py : en
penas priticas pautadas na oralizagéo da escrita, ou seja, a utilizagao
106ee
orolidode no escola: coracteristicas @ tuncaa
de leitura em vor alta, nem em conversas em sala de aul
ma de aula: o ensine di
priticas orais vai além desses exercicios
Inicialmente, nos estudos de Schnenwly © Dol
¢ Dole (2004)
os pesquisadores afirmam que devemos, para fazer da orld
objeto de ensino, compreendé-la sob o ponto de vista biol
@ Diologico
suportes actisticos, os ¢ .
uportes actisticos, 0s elementos prosédicos envolvidos no procesn
de compreensio, que podem ser analisados em termos de alti
de altura
intensidade ¢ durag4o. Sao esses a entonagdo, a acentuacio, o rirm
5 40, 0 ritmo
¢ a vocalizagao. A comunicagao oral nao se esgota nos elementos
linguisticos e prosédicos. Os autores afirmam que, ao nos comunicar-
mos oralmente, podemos utilizar signos de sistemas semiticos nao
linguisticos, desde que sejam convencionais numa determinada
comunidade, reconhecidos como sinais, atitudes. Destacamos, entio,
as mimicas faciais, posturas, a gestualidade do corpo ao longo da
interagéo comunicativa.
O desafio dos profissionais de educag4o esté em buscar uma
sistematizac4o dessas caracteristicas em fungao do desenvolvimento
das capacidades de linguagem. Assim sendo, usar os géneros orais
como experiéncias praticas na escola promove a compreensio cos
fendmenos linguisticos relacionados as situagoes de comunicagio,
tornando, assim, o ensino cada vez mais produtivo. Um dos aspectos
destacados pelos autores do ISD est4 na importincia da constatagao
das caracteristicas dos diferentes géneros, que s4o os lugares socials de
produgao; a finalidade das situagoes de comunicagao;
textual, 0 vocabuldrio ¢ as formas linguisticas, além dos elementos
extralinguisticos, como a dicgao, os gestos, 4 entonasss
ura, a utilizagao de imagens
Douz, 2004, p. 149)
a organizaga0
0, as expressoes
Qu
corporais, a voz, a entonagao, a post
suportes, como as notas de apoio (SCHNEUWLYS
vidos ensinaveis, levando os discentes
‘Transformar tais aspectos em conte
sta de reflexao linguistica
a andlise discursiva dos géneros, € uma prop
necessdria 4 educagao em lingua materna.
107nqvagem. perspectivas feoricas © PrAHICA’ Pedagdgica,
je linguage
Ensino dt en
Guedes Magathies (Org
Os autores destacam, ainda, que para se conseguir Observar
« carncteristicas comuns aos géneros, € necessério um trabalho ge
tais «
caleta de documentos auténticos, de forma a construir um corps ge
tormario modelos para o ensino, Uma das fungées dag
textos, que se
colocar os alunos em contato com textoy
atividades de escuta € esta:
scelares, Existem discuss6es ¢ debates entre pesquisadores brasileiros
transposigio dos géneros as realidades escolares ¢
sobre o processo de
mo afirma Soares (2006), aquil
sua inevitavel escolarizagao. Assim co!
que “entra” na escola se torna escolarizado: a chave do proceso est4 na
forma como esses contetidos séo abordados, na metodologia adotada,
Para a escola ampliar as capacidades de linguagem dos alunos
com os géneros orais mais formais, os autores afirmam que a criacdo de
situacées reais na escola s4o eficientes. Sendo assim, entendemos que: a)
© ensino da oralidade é possivel, contudo, pouco realizado nas escolas;
b) “o texto empirico oral” deve ser tomado como objeto de ensino,
ou seja, os géneros orais, por meio da modelizagao ¢ das sequéncias
didéticas'; c) os géneros orais formais puiblicos devem ser privilegiados
no ensino, partindo das “formas cotidianas de producao” que o aluno
ja traz para a escola.
As bases teéricas aqui apresentadas impulsionaram propostas
de ensino da oralidade, 0 que é defendido nos documentos oficiais
brasileiros, que passamos a apresentar na secao seguinte.
Sobre as atividades de escuta
Nesta segao, apresentaremos algumas observagées especificas
sobre as atividades de escuta, baseando-nos tanto nos pressupostos do
ISD, acima descritos, quanto nos documentos ofici
——___
1 Ver capitulo |
108,-
dade no escola: COTOCIETINIC OL # for
ovo! devas de
A escuta na perspectiva
dos documentos oficiols
Os documentos oficiais’ travem
consideragies sobre a
syalidade ¢ indicam que as atividades de escuta deve |
deve ser realizadas
em sala de aula
Je PCN de 184"
Oc PEN de 1" 4" séties afirmam que escutar é uma habilidade
necessarias NO Processo de produgao ¢ compreensio de textos orais. Além
simo, as direrizes apresentam-na como tuma das quatro habilidades que
os alunos devem desenvolver ao longo do processo de escolarizagao: fala,
escuta, leitura ¢ escrita, Nessas atividades, 0 documento enfatiza que 0
professor deve diversificar as situagées propostas em relagio a oralidade,
aos aspectos formais € a0 tipo da atividade, que demandam fala, escuta ¢/
exio sobre a lingua. E fundamental que haja uma contextualizagio
isso, é preciso que a escura seja
ou refi
para realizagao de tais atividades; além
fazer sentido, ou servir como base para
nntos de contar historias
ativa € atenta, para que possa
realizacao de tarefas posteriores. Assim, mome
‘ou relatos sao estratégias para que 0s alunos aprendam e!
significativos, que observem a vez de falar, aprendem a respeitar 0 outro,
bem como comportar-se ¢m varias situagdes. Também sio sugeridas
atividades com gravacao de Audio ¢ video de exposigoes, pare posterior
escuta € anilise. No uso de programas de radio ¢ TV, como debates
M CONTEXtOS
os ofciais nas pesquisas que s€ ansorait
aids cbrico que considera es wives PAP raat de
educacional, sistema de ensino ¢ SSC) didaticos
a pvidades desenvolvdas em sl S10
nda que precrevas 0 cabalho do
mos como «ein si cranspostos
disso, desempenhasn papel
pesquisadloves
vilise dos document
‘Consideramos relevante uma an:
no ISD, uma vez que trata-se de w
questbes voltadas ao ensino: sistema
(cf Mactiapo, 2009). Assim, entte a teoria
documentos, Nessa complexa relagéo, casas dette
professor, tornam-se proficuos 1m: nilise para saber
conhecimentos para outras instanc jas ¢ escolus). Alem
fundamental na atividade escola, de alguns amos Por P
vinculados a diversas correntes de pesd
Entendemos que € importante, para nose
que, como jé foi amplamente afirmado, divulgaram a props
3, Parimetros Curriculares Nacionais ~ Ensino Fundamental (EF
Carriculares para o Ensino Médio (CEM), de 2006
ateriais de an
jas (secretat
sendo foco, 40 longo
isas no Brasil, que ®
trabalho, situar & atividades de ccuta 08
ca de genetos no ets de LP
) de 1997 € 1998, « Onientanoe
PCN
109a
soectivar MOrICOH # OrdtIear Dedagsatca,
Envinn de linquagee parte .
Jo. 0 professor condur os alunos para atrihy
© entrevistas, por exemp \y Y 7
centide ¢ compreender a intencto dos inreragenres. A sensibilinacsio par,
Jementoe pralinguisticns, como gestos, postura, expressin Facial, mm
‘ id € enfarizada nas séties iniciais
de var e entonacso, jf
No documento de 5* a 8 séries, assumit o oral como objeto de
ensino €um dos destaquies: falar, ler, escrever ¢ escutar séo as habilidade
nfariradas, coerentes ao que se propds na etapa anterior. A anfage
dade nessa etapa € na sistematizagao do ensino do oral, visando aog
contextos piiblicos da vida escolar ¢ profissional. Nessa etapa também
aparecem as atividades de reflexao linguistica sobre a oralidade, para
@ qual atividade de escuta é fundamental. Para ampliar © dominio
ativo do discurso, fala e escuta devem obter espaco dentro do ambiente
escolar, assim como a leitura ¢ a escrita. O professor pode Propor
analisar textos orais, a partir de materiais de video ¢ audio de TV «
radio, por exemplo. Nas séries finais, os alunos s40 expostos a atividades
de planejamento das apresentagées, fato que amplia o conhecimento
da etapa anterior. A andlise linguistica do texto oral, de forma mais
aprofundada, que pode ser inclusive de gravacGes dos préprios alunos,
envolve elementos tipicos da oralidade, como gestos,
entona¢ao, ritmo
€ aspectos extralinguisticos;
para além da identificacao, a Proposta é que
tais clementos estejam relacionados aos efeitos de sentido produzidos
na construcao do sentido do texto,
leitura. As indicagoes de géneros
iniciais,
similar & construgao de sentido na
sdo ampliadas em relagao as séries
abarcando os literdrios, de imprensa,
© publicitarios. Entram, também,
aprendizagem das tomadas de not
de divulgacao cientifica
aliadas as atividades de escuta, a
as, 0 levantamento de hipdteses ¢ 4
produgao de inferéncias a Partir dos textos orais.
Ja no ensino médio, as atividades de anilise linguistica sobre a
40 longo do EF. A teflexdo sob,
no documento, sobretudo no
1€ a relacdo oral-escrito é bastante evidente
Processo de retextualizacio, muito reforgado
110> —
oralidade no excola: caract
PTHNCOS ® Fonca
4 de ereure
yarn 0 EM. Para 0 alino transformar 6
term da my
eacrita, é necessria uma atividad
idade de escur:
4 atenta e
desse processo destacadas no doce
Mento extho na pr
resenhas a partir de géneros orais re
Desse me
odo, o que se pode observar & que os tré
o8 trés documen
esto coerentes ¢ apresentam contribuigées pata a abord : .
vordagem da eseuta,
do que ela deve ser ampliada em seu nivel de compl -
sendo q' r complexidade ao longo
dos anos. em atividades de andlise linguistica, que pas
umes
na segao abaixo.
A escuta como fonte
propici
linguistica da oralidade ae ne
‘A “anilise linguistica” (AL), termo que tem sido usado
eouivocadamente como sinénimo de “ensino de gramatica” nos tltimos
esté embasada numa concepgao focada nos usos € fungées sociais
racao humana. De acordo com Mendonga (2006),
‘eraldi no seu livro intitulado O sexto
anos,
da linguagem na inte!
o conceito de AL foi criado por G
na sala de aula. Segundo esse autor,
uso da expressio “andlise linguistica” nao se
gosto por novas terminologias. A
deve ao mero
10 sobre
anilise linguistica inclui canto trabalhy
as quest6es tradicionais da gramécica
quest6es amplas a propésit do texto, entre
as quais vale a pena citar: coesao, coeréncias
uagio do texto 40s
internas do textos adeq!
anilise dos recursos
izagio ¢ inclusao de
quanco
precendidos;
s utilizados; orga
jeRaLDl, 1984, P- 74),
objetivos
expressive
informagoes ete (C
de
Mendonga destaca que ©¢ conceito surge COM objetivo
ctiva de reflexao so!
plementar as pr
lingua maceros:
bre o ensino de
a ¢ produgae
criar uma nova perspe
jticas de leur
como uma alternativa com|
ait=
jas tedricas @ praticas pedagégicas
Enrino de linowaoem Pert
extual. Possibilita, assim, @ fe lexao consciente sobre os fendm
textual ibilita, fl
ticais € rextuais-discursive
ler/escutar, de produzir textos ou de refletir sobre
os que perpassam Os usos linguisticos,
gramal
seia no momento de
exces mesmos usos da lingua us
Em se tratando de oralidade, uma dtivida frequente é 0 que
analisar no texto oral. A pesquisadora afirma que a AL pode auxiliar
a formacao do aluno ao propor reflexdes sobre aspectos como, por
exemplo, o uso inadequado de yocabuldrio em determinados contextos
de fala ¢ a inadequagao no grau de formalidade dos géneros orais.
Cavalcanti e Melo (2006) explicam que, quando
compreendemos que a oralidade apresenta multissistemas, envolvendo
aspectos como a gestualidade, a mimica, a prosddia, teremos
alguns critérios de andlise que séo os elementos extralinguisticos,
paralinguisticos e linguisticos. A partir da compreensio de tais
elementos nos géneros orais, as autoras defendem a importancia de o
professor ter clareza sobre esses aspectos para, entao, tornd-los objetos
de ensino de maneira explicita e consciente.
Em relacao aos aspectos extralinguisticos, as autoras mostram
que devemos analisar grau de publicidade: niamero de participantes
(produtores € receptores) ou tamanho do publico envolvido na
situa¢4o comunicativa; graw de intimidade: conhecimento entre os
Participantes; conhecimentos partilhados, gtau de institucionalizagao
do evento; rau da participagao emocional: afetividade, relacionamento
na situa¢ao, emo¢ao e expressividade; proximidade fisica dos parceiros
tempo ou aa face a face, distanciamento, no mesmo
hoe Go tempos diversos; grau de cooperagéo: possibilidade
‘asa direta no evento, tal como no didlogo ou num texto
monologado ou Produzido a di
comunicaca stancia; grau de espontaneidade:
©4640 preparada previamente ou nao
€ ou nao fixado ¢
‘Om antecedéncia; .
Mzto, 2006, p.93-9, 0 tema é
).
de comunicagdo: comunic:
; fixagdo temdtica: 0 tema
espontaneo (CavALCANTS,
119Outro grupo de elementos destacados S autoras sao
meni
Out tos di dos pelas aur
po de ae \s as
s linguisticos © cinésicos. O primeiro tefere-se ;
is i @ aspectos co
andlise da qualidade da vor, a elocusio, pausas, rege en”
tise
D8, Suspiros,
irritagao. J4 dentro dos elementos cinésicos estio a Piros, choro,
atitudes corporai
s variadas, os di Porais,
as postura’ os diferentes gestos (mexer co;
Mas mos
ritualizados: acenar, + Bestos
apo f inai: iti
pontar, fazer sinais de positivo ¢ negativo). Por
fim, no ultimo grupo de elementos, estao aspectos linguisticos
oo como os
marcadores conversacionais,
aS Tepetigoes, as correcées, as hesitacdes
as digressdes, as expressdes “formulaicas”,
» 0S atos de fala e as estratégias
de polidez.
Todos esses elementos listados podem ser observados a0
longo das atividades de escuta, compreendidos gradativamente, pois
envolvem som e imagem, em materiais de video e Audio. Ressaltamos,
ainda, que é relevante os alunos reconhecerem e compreenderem todos
esses elementos da fala, com objetivo de aprimorar seu proprio discurso
¢.acompreensio do texto. Nao sio aspectos que devem ser decorados
e utilizados de forma irrefletida, como um modelo a ser repetido; nem
mesmo como exercicios mecanicos, mas como atividades graduais
de reflex4o sobre a contribuigdo de tais elementos na construcao do
significado global dos textos.
As pesquisadoras afirmam que 0 professor deve, também,
levar o aluno a refletir sobre a finalidade dos géneros orais, considerando
seus critérios caracteristicos, tanto na produgio quanto na anilise. A
ideia central defendida por elas é partir da andlise da natureza do evento
os percebam.
sociocomunicativo em curso ¢ fazer com que oS alunos p'
semelhangas e diferengas entre os géneros.
Sendo assim, ha consenso sobre a nec
ividades de produsa
issemos, mas sim at
a de contribuir com
essidade de praticas de
(0 oral ¢ escuta,
i lo at
oralidade na escola, envolvend rs
© que nao forma alunos passivos, como jad :
ml Ns. . a ii a form:
ativos diante das interages orais, como um
a educacio linguistica do aluno.
113
ammactivas te6ricas e praticas pedagogicas
fe linguagem: persPe
edes Magathaes (Org.)
Ensino d}
purtado d
Mendonca Cytanka € TANIA C
Resumindo: quals sao as caracteristicas e
as fungdoes do escuta?
Apés as consideragoes feitas anteriormente, pretendemos,
nesta segao, elaborar uma sistematizagio das caracteristicas ¢ fungées
1s aspectos tebricos e metodol6gicos acima
a, com base em set
baixo criadas por nds
da escut
elencados, a partir das categorias a
a) Eixo de trabalho: oralidade
guia de escuta, escuta ativa,
b) Nomes dados as atividades:
escuta orientada, compreensio oral
«) Caracterizagio da atividade:
T) Géneros € atividades sugeridos: cordel, causos, narrativas,
poemas, leitura ou encenagio de texto teatral, cangao, contagao de
histérias; comentarios radiofénicos, entrevistas, debate, depoimentos,
apresentagdes publicas, exposi¢ao oral, semindrio, palestra, propaganda.
II) Materiais e eventos: gravagées em dudio dos alunos,
gravagées radiofénicas ou pod cast (internet); gravagées em video de
programas de TV, rédio, videos de internet ou dos alunos; apresentacoes
escolares ao vivo, saraus literdrios, feiras e eventos escolares.
d) Objetivos da atividade de escuta:
1) Compreender 0 texto oral ou texto oralizado:
A compreensio dos géneros orais, ou do texto oralizado
(na leitura oral, por exemplo) é 0 foco desta categoria. A escuta, aqui,
permite a identificagao do tema, do género e dos aspectos envolvidos
(interlocutores, contexto de produgao, objetivo comunicativo), °
levantamento de hipéteses e a produgao de inferéncias sobre os objetivos
comunicati’ i s. . 7 . ,
junicativos, a intengio do interlocutor, a identificagao de elementos
114
tesdiscursivos para o reconhecimento de intencdes ¢ val
valores veiey
discurso. tadog no
Il) Analisar 0 texto oral observando u
> questies linguis ic
icas
(prosédic. e
cinésicas (gestuais) como: Prowse)
elementos linguisticos: telaca
relagao de elem,
lentos linguist
cos
com 4 situagio comunticativa (vatiedades, elementos. 4
, Sy los de coesa
coeréncia ete). "
— extralinguisticos (ou extratextuais): grau de publicidad
lade,
Participagdo emocional, proximidade
fisica, cooperagao, espontaneidade, etc,
intimidade dos participantes,
— paralinguisticos (ou Prosédicos): marcadores,
entonagao,
ritmo, pausas, altura da voz ¢ intensidade,
dicgao, promtincia das
palavras etc.
— cinésicos (ou gestuais): gestos, expressoes faciais, olhar,
postura corporal.
II) Aprender a escutar e se comportar nas interag6es orais:
A partir da escuta, podemos abordar aspectos do
comportamento linguistico nas interagdes orais, como entender a
estrutura de participac4o* dos eventos comunicativos orais, falar um
4 Extralinguisticos, para Dole e Scnheuwly (2004, p. 162), envolvem os clmentos
paralinguisticos e cinésicos; contudo, adotamos as categorias acima porque as consideramos
‘mais didéticas para as atividades aplicadas em rurmas de EF 1, em que uma pesquiss-agio foi
desenvolvida, pesquisa essa ainda nao divulgada.
5 O termo “estrutura de participagao” advém da Sociolinguistica Interacional, como Erickson
© Shultz (1981 [2002], p. 218), que a definem como “configuragées da agio conjanta dos
participantes de uma interagao que englobam maneiras de falar, de ouvir, de obter o curno,
manté-lo ¢ conduzi-lo”, Biar Bastos (2009) afirmam que: “Posto um estado de conversa,
sua estrutura de participagio, isto é, a distribuigio de papéis, direitos ¢ deveres em uma
interagéo, poderd incluir tipos diferentes de ouvintes: aqueles para os quais a fala ect sendo
sinalizadamente dirigida; aqueles que, por alguma razio circunstancial, estio num dado
‘momento ouvindo, ainda que a fala no seja a cles dirigidas aqueles para quem a fala =
davida estd sendo dirigida, ainda que de maneira ndo sinalizada, entre outros, a depender de
elementos culturais ¢ situacionais, uma vez que o objetivo de Goffman anlar
nio foi o de estabelecertaxionomias rigidas de audiéncias possiveis. ReVEL, v. 7,0. 13.2
Disponivel em:
115QungAM OAIEDEC TIVO TAGTICOS # BrAtCaL Dedagdatcas
Ensino de Hinge
Juno de cada ver. esperar sua ver de falar, ouvir o outro, orientar se 4
aluno
vos ors, assumit papeis socias, aspects esses de suing
partir de
portincin para o bom desenvolvimento das relagées discursivas em
variados conrextos sociais
TV) Obter modelos de textos orais:
F importante propor situagées modelares, para que, assim
os alunos possam analisar eventos comunicativos ¢ desenvolver
iades para neles atuar, bem como reconhecer génetos oraig
© seu funcionamento discursivo para melhor compreendé-los
produzi-los
V) Tomar notas:
O emprego de estratégias de registro documentacio escrita
fas acvidades orais ¢ de suma importincia. E um processo que deve
ser desenvolvido desde os anos iniciais, pois é usado ao longo da
sscolarizacao até os cursos de pés-gradua¢do, ou mesmo na vida pessoal
© pronssional. Esse recurso permite que o aluno selecione elementos
para registrar, algo que fazemos, intuitivamente, mas que por ser uma
pratica de letramento’, deve ser ensinada.
VI) Retextualizar e analisar a relagao oral escrito a partir da
wanscricdo:
Segundo Marcuschi (2001), retextualizar é um processo de
‘ransformacao complexo que envolve diferentes operagées, interferindo
tanto no cédigo, quanto nos sentidos, evidenciando, assim, aspectos nem
sempre bem compreendidos das relagées oralidade-escrita. F, portanto,
‘im processo de suma importéncia que pode envolver uma atividade de
“Scuta, que perpassa a compreensao do texto de uma modalidade, para
“'sisp-10 4 outra. Marcuschi (2001) propée um quadro-sintese” das
—_—___
© Ch Sucet (2012) Pritica © evento de letramento,
or questes de expaso,néo vamos reprodusir, aqui o quadro. ‘Trata-se da proposta apresentadt
fom teu lio Da fal para a exrta(2001, p. 5)
116
—_ecole. coracterisne
fo escola coracte Ws t foncde
n,oudode ™
racer + Fhe: Ae wt Be
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0 Rewer + ale» co
Quadro 1 — Prapas do exerck
Fonte: As autoras
Apos essa pesquisa tedrica, em que buscamos sistemati
s nar
as caracteristicas € fungdes das atividades de escuta, a partir de varios
autores de referéncia, realizamos uma pesquisa-agao em que pudemos
restar tais funcoes, dados que apresentaremos em futuros trabalhos.
Consideracgées finais
Reafirmamos que nao queremos, no ensino da oralidade,
queremos uma pritica de escuta
silenciar alunos, mas, ao contrdrio,
sa compreender os outros de
ativa, capaz de formar cidadaos apto:
forma reflexiva, bem como saber expor seu pono d
quisa, que sio poucos 0
Constatamos, com esta pes
guesa sobre a oralidade: 20
rea do ensino de Lingua Portu
gio para as aividades de escutt, @ dus
as referencias existentes
le vista.
5 estudos
aplicados na
direcionarmos nossa inves
observamos € que s40 pouquissimas
A pesquisa tedrica realizada a
estudo, 0 que nos fez des
2014, para validar os seis eixos d
nis. Os dados da pesquisa-asao revelar
das séries iniciais sobre os usos Oras da ling
aprendem questoes de lingu
pa de
pontou para novi . Acesso em: fev. 2015.
BRASIL. Ministério da Educagéo e Cultura. Secretaria de Educagio
Fundamental. Pardmetros curric
uulares nacionais: primeito ¢ segundo ciclo
do ensino fundamental: Lingua Portuguesa, Brasilia MECISEE, 1997
BRASIL, Ministério da Educa
40 ¢ Cultura. Secretaria de Educagao
Fundamental, Pardmetros
n curriculares nacionais: vetceiro e quarto ciclos do
‘ovsur. ‘fenva] 01x91 2p orSeuacu> no einpiay ‘sewed
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