Cálculo Diferencial e
Integral
Material Teórico
Aplicações de Cálculo
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Esp. Clovis Jose Serra Damiano
Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
Aplicações de Cálculo
• Integral indefinida
• Integrais Definidas
• Teorema do Valor Médio (para Integrais)
• Função de duas ou mais variáveis
• Domínio e imagem da função de várias variáveis
• Introdução ao estudo de Derivada Parcial
• Notação
• Representação Gráfica
Nesta Unidade, trabalharemos algumas das aplicações das
integrais. Em seguida, vamos definir funções com duas ou
mais variáveis e, então, iniciar nossos estudos a respeito das
derivadas parciais, que são utilizadas quando as funções a
serem derivadas têm mais do que uma variável independente.
Desse modo, vamos interpretar problemas que dependam do
cálculo integral como uma forma de solução.
A proposta desta Unidade é trabalhar o cálculo integral de uma forma aplicada, introduzir o
conceito de função de duas ou mais variáveis e abordar a introdução de derivadas parciais.
Além disso, vale destacar que os objetivos da unidade são:
• resolução de problemas, utilizando as integrais indefinidas;
• resolução de problemas, utilizando as integrais definidas;
• cálculo de área entre curvas;
• teorema do Valor Médio para integrais;
• definição de função de duas ou mais variáveis;
• descrição algébrica de uma função de duas variáveis;
• noções de domínio e imagem de uma função de várias variáveis;
• introdução do estudo de derivadas parciais.
5
Unidade: Aplicações de Cálculo
Contextualização
O curso de Cálculo Diferencial e Integral, geralmente, é lecionado nas etapas iniciais
dos cursos de Engenharia com a finalidade de dar suporte para a resolução de problemas.
Basicamente, é dividido em três etapas: limites, derivadas e integrais. O objeto de estudo
do cálculo são as funções.
Normalmente, os alunos costumam ter muita dificuldade com essa disciplina. Por isso,
com propósito de buscar novas dinâmicas, sugiro a você que assista ao vídeo, disponibilizado
no link abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=P5i-cu8zwYI&list=PL8884F539CF7C4DE3&in
dex=21
Trata-se de uma demonstração do Geogebra, que é um software de Matemática dinâmica,
gratuito e de código aberto para todos níveis de ensino e disponível em vários idiomas.
As ferramentas dinâmicas vão auxiliá-lo no entendimento daquilo que se estuda na disciplina
de Cálculo.
6
Integral indefinida
Em muitos problemas, a derivada de uma função é conhecida e o objetivo é encontrar
a própria função. Por exemplo, se a taxa de crescimento de uma determinada população é
conhecida, pode-se desejar saber qual o tamanho da população em algum instante futuro;
conhecendo a velocidade de um corpo em movimento, pode-se querer calcular a sua posição
em um momento qualquer; conhecendo o índice de inflação, deseja-se estimar os preços, e
assim por diante. O processo de obter uma função a partir de sua derivada é chamado de
antiderivação ou integração indefinida, que aprendemos a calcular na unidade anterior.
Exemplo 1:
Estima-se que daqui a t meses a população de certa cidade esteja aumentando a taxa de
2
4 + 5t 3 habitantes
por mês. Se a população atual é 10.000 habitantes, qual será a população
daqui a 8 meses?
Resolução:
A taxa de crescimento (taxa de variação) da população é fornecida, e pede-se o tamanho da
população daqui a 8 meses, que será algum número maior do que 10.000, que é o número de
2
habitantes atual. A primitiva da função 4 + 5t 3 permitirá o cálculo do tamanho da população em
função do tempo.
Passos para a resolução:
1. Achar a primitiva da taxa de crescimento.
2. Fixar um valor inicial para achar o valor de C.
3. Substituir na primitiva o valor de “t” por 8 meses para saber qual será o tamanho da
população daqui a 8 meses.
Vamos chamar a taxa de variação da população de p(t):
2
p ( t=
) 4 + 5t dt
3
2
+1
t3
P (t ) =
4t + 5 +C
2
+1
3
5
t
3
P ( t ) =4t + 5 +C
5
3
7
Unidade: Aplicações de Cálculo
3 53
P ( t ) =+
4t .5t + C
5
5
P ( t ) =4t + 3t + C 3
Para determinar o valor de C, temo que fixar uma condição inicial, isto é, no instante (0) a
população é de 10.000:
5
10.000 = 4.0 + 3.0 + C → C = 10.000
3
5
P ( t ) =4t + 3t + 10.000
3
Para saber qual o tamanho da população, daqui a 8 meses, basta substituir o valor de “t” por 8:
5
P ( 8) =
4.8 + 3. (8) + 10.000 =
3 10.128
Exemplo 2:
Um corpo está se movendo de tal forma que sua velocidade após t minutos é
v(t ) =1 + 4t + 3t 2 m / min. Que distância o corpo percorreu entre os instantes 2 e 3?
Resolução:
O problema nos dá a função velocidade: v(t). A velocidade á a taxa de variação do espaço
em função do tempo. Portanto, se acharmos a primitiva da velocidade, teremos uma função que
nos dará a posição em função do tempo.
Passos para a resolução:
1. Achar a primitiva de v(t), que será a função “posição”.
2. Calcular a posição nos instantes 2 e 3.
3. Fazer a diferença entre os dois valores encontrados para saber qual foi a distância
percorrida pelo objeto nesse intervalo de tempo.
A primitiva da velocidade dá a função espaço s(t).
A primitiva da função aceleração a(t) dá a função velocidade v(t).
8
v ( t ) =+
1 4t + 3t 2
s (t ) = ∫ (1+ 4t + 3t
2
)dt
t2 t3
s (t ) =
t +4 +3 +C
2 3
s ( t ) =t + 2t 2 + t 3 + C
Não há como especificar uma condição inicial para se determinar o valor de C, mas isso não
vai alterar o nosso resultado. Vamos achar a posição ocupada nos instantes 2 e 3:
s(2) = 2 + 2(2)2 +(2)3 + C → s(2) =18 + C
s(3) = 3 + 2(3)2 + (3)3 + C → s(3) = 30 + C
A distância percorrida será dada por:
Distância = s(3) - s(2)
Distância = 48 + C - (18+C)
Distância = 48 + C - 18 - C) = 30
Integrais Definidas
Área de Região Entre Curvas
Suponha que f e g sejam definidas e contínuas em [ a, b ] e tais que f ( x ) ≥ g ( x ) , ∀ x ∈ [ a, b ] .
A área da região R limitada pelos gráficos de f e g e pelas retas x = a e x = b é dada por:
b
=A ∫ f ( x ) − g ( x ) dx
a
Há 3 possibilidades:
1º caso: f ( x ) ≥ 0 e g ( x ) ≥ 0, e f ( x ) ≥ g ( x ) , ∀ x ∈ [ a, b ] ,neste caso:
b b
=A ∫ f ( x ) dx − ∫g ( x ) dx
a a
9
Unidade: Aplicações de Cálculo
a b
2º caso: f(x) ≥ 0 e g(x) ≤ 0, ∀ x ϵ [a,b],neste caso:
b
b
A ∫ f ( x ) + − ∫ g ( x ) dx
=
a a
a b
g
3º caso: f(x) ≤ 0 e g(x) ≤ 0, e f(x) ≥ g(x), ∀ x ϵ [a,b],neste caso:
b
b
A =− ∫ g ( x ) dx − − ∫ f ( x ) dx
a a
a b
f
10
Exemplo 1:
Encontre a área limitada pelas curvas dadas por f(x)=-x2+4x e g(x)= x2, sabendo que as
interseções ocorrem em 0 e 2.
15
10
5
0
-4 - 2 0 2 4
-5
-10
-15
-20
-25
Resolução:
Temos duas funções que se interceptam. Os pontos em que elas se interceptam são os limites
de integração que serão utilizados para o cálculo da área entre essas duas curvas. Esse problema
se enquadra no 1º caso de área entre curvas. Observe que no intervalo [0,2] a função f(x) é
sempre maior do que g(x).
∫[ f ( x ) − g ( x)]dx
o
∫ (− x
2
+ 4 x − x 2 )dx
0
∫ ( −2 x )
2
+ 4 x dx
0
x3 x2 2 x3
H ( x) =
−2 + 4 → H ( x ) = + 2 x 2
3 2 3
=A H ( 3) − H ( 0)
11
Unidade: Aplicações de Cálculo
−2 ( 2)3 2 ( 0)3
+ 2 x ( 0)
2 2
A
= + 2(2) −
3 3
16
A = − + 8 − 0
3
8
A=
3
Trocando Ideias
Quando vamos calcular uma integral definida, não precisamos nos preocupar com o valor
da constante arbitrária.
Exemplo 2:
Em um estudo realizado em 2004 para o Ministério de Energia de um país hipotético,
especialistas concluíram que se um projeto de Lei sobre o consumo de Energia fosse
implementado em 2005, o consumo de energia daquele país pelos próximos 5 anos cresceria
de acordo como modelo R(t) = 10e0,02t, em que t é medido em anos (t = 0 correspondendo ao
ano de 2005) e R(t) em milhões de Kwh. Sem essas medidas, entretanto, a taxa de crescimento
de consumo de energia seria dada por R1 (t) = 10e0,05t milhões de Kwh por mês. Utilizando esses
modelos determine quanto de energia teria sido economizada de 2005 a 2010 se o projeto de
lei tivesse sido implementado.
Resolução:
O consumo de energia poder ser analisado sob duas perspectivas:
» R(t) = 10e0,02t → consumo sob a vigência do projeto de lei.
» R1 (t) = 10e0,05t → consumo na ausência do projeto de lei.
O consumo está modelado em duas funções exponenciais, sendo que, em R1 (t), o consumo
será sempre maior do que em R(t).
Podemos fazer a seguinte interpretação:
No período de 2005 (t=0) a 2010 (t=5) a área sob a curva de R(t) = 10e0,02t nos dará o
consumo de energia naquele intervalo de tempo, o mesmo ocorrendo para R1 (t) = 10e0,05t. A
diferença entre as áreas dessas duas curvas representa a economia de energia caso o projeto e
lei seja implementado.
12
Vamos visualizar essas informações na representação gráfica a seguir:
y
30
y = R1 (t)
S
25
10
y = R (t)
-4 -2 0 2 4 t
Para achar a área de S, faremos:
5
S (t )
= ∫ R (t ) − R (t ) dt
1
0
R(t) = 10e0,02t → achar a primiva C(T) → C(5) - C(0)
10 0,02t
(t )
C= e ( t ) 500e0,02t
→ C=
0, 02
C(5) = 500e0,02.5 ≅ 552,59
C(0) = 500e0,02.0 = 500
C(5) - C(0) = 552,59 - 500,00 ≅ 52,59
O valor encontrado é a área abaixo da curva R(t) = 10e0,02t e representa o consumo de
energia de 2005 a 2010, caso o projeto de lei seja implementado. Nosso próximo passo será
calcular o consumo na ausência do projeto de lei, que é dado pela função:
R1 (t) = 10e0,05 → achar a primiva C1 (T) → C(5) - C(0)
10 0,05t
(t )
C1 = e ( t ) 200e0,05t
→ C2 =
0, 05
C(5)= 200e0,02.5 ≅ 256,81
C(0)= 500e0,02.0 = 200
13
Unidade: Aplicações de Cálculo
C(5) - C(0) = 256,81 - 200,00 ≅ 56,81
5
S (t ) = ∫ R (t ) − R (t ) dt → S (t ) =
1 56,81 − 52,59 ≅ 4, 22
0
O consumo de energia, caso o projeto de lei entre em vigor, será de aproximadamente 4,22
milhões de Kwh, no período de 5 anos.
Teorema do Valor Médio (para Integrais)
Se f é uma função contínua em [a, b], então existe Z z ϵ (a,b),tal que:
b b
1
∫a f ( x ) dx =
f ( z )( b − a ) , ou seja, existe z ∈ ( a.b ) tal que f ( z ) =
b − a ∫a
f ( x ) dx
Portanto, o valor médio de f é dado por:
b
1
f ( x ) dx
b − a ∫a
VM =
Exemplo 1:
Sendo f ( x ) = x
Determine o valor médio da função f(x) no intervalo [0, 4].
Resolução:
4
1
4 − 0 ∫0
x dx
4
1 12
4 ∫0
x dx
1 3
+1
x 2
x 2 2
F ( x) = → F ( x ) = → F ( x ) = x3
1 3 3
+1
2 2
14
2 3 16
F ( 4)
= = 4
3 3
2
F ( 0)= = 0
3
1 16 1 16 16 4
Valor Médio = − 0 = . = =
4 3 4 3 12 3
4
O valor médio da função f(x) no intervalo [0,4] é .
3
Exemplo 2:
As taxas de juros cobradas por uma financeira sobre empréstimos para a compra de carros
usados, durante um período de 6 meses no ano de 2014, são aproximadas pela função
1 3 7 2
r ( t ) =− t + t − 3t + 12 ( 0 ≤ t ≤ 6) em que t é medido em meses e r(t) é a porcentagem anual. Qual
12 8
foi a taxa média dos empréstimos concedidos pela financeira no período em questão?
Resolução:
Vamos aplicar o Teorema do Valor Médio para integrais para resolver essa questão.
Passos para a solução:
1. Achar a primitiva de r(t).
2. Calcular R(6) – R(0).
3. Achar a taxa média usando a fórmula do teorema do valor médio.
6
1 1 3 7 2
Taxa Média = ∫ − t + t − 3t + 12 dt
6 − 0 0 12 8
t 4 7t 3 3t 2
R (t ) =
− + − + 12t
48 24 2
64 7 ( 6) 3 ( 6)
3 2
R ( 6) =
− + − + 12 ( 6) =
54
48 24 2
04 7 ( 0) 3 ( 0)
3 2
R ( 0) =
− + − + 12 ( 0) =
0
48 24 2
15
Unidade: Aplicações de Cálculo
R(6) - R(0) = 54
1
Taxa Média = × 54 =
9
6
Resposta: A taxa média no período foi de 9%.
Função de duas ou mais variáveis
Quando se usa a modelagem matemática para explicar os fenômenos que ocorrem no mundo
real, raramente, os resultados são determinados por uma única variável. Vamos, a título de
exemplo, pensar na receita (R) de uma companhia de aviação obtida pela venda de passagens
aéreas. Para evitar voos vazios, alguns bilhetes são vendidos pelo preço normal e outros pelo
preço com desconto. Se x representar o preço das passagens sem desconto e de y o preço das
passagens com desconto, dizemos que R e função de x e y, e escreve-se:
R = f(x,y)
Essa notação é semelhante à notação que se usa nas funções de uma variável, sendo que
nesse caso:
» R → Variável dependente
» x e y → São as varáveis indepéndentes.
Uma função de várias variáveis pode ser representada:
1. Numericamente por uma tabela de valores.
2. Algebricamente por uma fórmula.
3. Graficamente por um diagrama de curvas de nível.
Função Descrita Numericamente
A tabela abaixo mostra a renda da companhia aérea em função das passagens vendidas
(com ou sem desconto).
Tabela 1: Renda da venda de bilhetes em função de x e y.
Número de bilhetes (x) vendidos sem desconto
R = f(x)
100 200 300 400
200 75.000 110.000 145.000 180.000
Número de
400 115.000 150.000 185.000 220.000
bilhetes (y)
600 155.000 190.000 225.000 260.000
vendidos com
o desconto 800 195.000 230.000 265.000 300.000
1000 235.000 270.000 305.000 340.000
16
Olhando a tabela é possível se conseguir informações diversas, por exemplo: A receita dada
pela venda de 800 passagens com desconto e 400 sem desconte é de R$ 300.000,00.
R(400,800) = 300.000
Observe a diferença em relação às funções de uma variável, em que uma linha e uma
coluna eram suficientes para listar os valores da função. No caso que estamos analisando, são
necessárias muitas colunas e linhas, pois a função tem um valor distinto para cada par de
variáveis independentes.
Descrição Algébrica da função de duas variáveis
É possível representar a função descrita na Tabela 1 através de uma fórmula. Vamos analisar
os padrões de regularidade da função e escrever a lei que a determina. Ao examinar as linhas,
observa-se que a cada 100 bilhetes vendidos a preço normal (sem desconto) a receita aumenta
em R$ 35.000,00, portanto cada bilhete foi vendido a R$ 350,00. Olhando, agora, a coluna das
passagens vendidas com desconto, observa-se que a receita aumenta R$ 40.000,00 a cada 200
bilhetes vendidos, portanto cada bilhete é vendido por R$ 200,00. Com esses dados, é possível
escrever a função receita:
R(x,y) = 350x + 200y
Exemplo:
Uma locadora de veículos de passageiros cobra R$ 70,00 por dia de uso mais R$ 2,00 por
quilômetro rodado.
a. Obtenha uma fórmula para o custo “C” do aluguel de um carro em função do número “d”
de dias e “k” de quilômetros rodados.
b. Se C = f(d,k), calcule f(5,300) e interprete o resultado.
Resolução:
a. O custo será dado por R$70,00 vezes o número de dias do aluguel, mais R$ 2,00 vezes o
número de quilômetros rodados.
C(d,k) = 70d + 2k
b. Basta substituir os dados na função e efetuar os cálculos:
C(5,300) = 70(5) + 2(300)
C(5,300) = 350+600 = 950
Interpretação: Se um carro for alugado por 5 dias e rodar 300 quilômetros, o custo da
locação será de R$ 950,00.
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Unidade: Aplicações de Cálculo
Em Síntese
z
Função com duas variáveis f(x,f)
D é um subconjunto (uma região) do espaço R (plano).
2
Chama-se função f de D a relação que associa a cada par (x, y) do domínio y
um único número real representado por f(x, y). (x,y) D
x
Como calcular o valor da função de duas variáveis?
É só substituir na função o valor de cada variável.
Exemplo 1:
f(x,y) = x2+2y
Qual é a imagem (o valor da função):
f(2,3) = 22 + 2(3) = 4 + 6 = 10
Definição
Seja A ⊂ Rn, e n = 2 ou n = 3. Uma função f definida no subconjunto A com valores em R,
é uma regra que associa a cada número “u” que pertença ao subconjunto A um único número
real f(u). Chama-se de “u” a variável independente da função, e sua notação é:
f: A ⊂ Rn → R
Se n = 2
A variável independente é denotada por: u = (x,y)
A função é denotada por: z = f(x,y)
Se n=3
A variável independente é denotada por: u = (x,y,z)
A função é denotada por: w = f(x,y,z)
Domínio e imagem da função de várias variáveis
O domínio dessas funções segue as mesmas regras do domínio de funções de uma variável
real, ou seja, o domínio é a região pertencente ao plano, de forma que os valores calculados da
função, para todo (x,y) que pertença ao domínio resulte em valores reais e finitos para f(x,y).
18
Exemplo 1:
Qual o domínio da função: f(x,y)= y − x ?
A condição de existência dessa função é que o valor que está dentro do radical seja maior ou
igual a zero, pois não existe raiz quadrada de número negativo.
D={(x,y) ℇ R2 | y - x ≥ 0}
Definição
Seja f ∶ A ⊂ Rn → R uma função.
O conjunto de todas as variáveis independentes “u”, que pertençam ao plano Rn de tal forma
que f(u) exista é chamado domínio de f.
O conjunto dos números “z” que pertençam a R, de tal forma que f(u) = z e “u” pertença
ao domínio de f é chamado imagem de f.
Exemplo 1:
O volume (V) de um cilindro é função de sua altura (h) e do raio (r) de sua base. Temos então:
V(h,r) = hπr2
Note que tanto o volume como o raio devem ser maior do que zero para que o cilindro exista.
Sabemos que o domínio são os valores que as variáveis independentes podem assumir. Para
determinar o domínio de uma função depende-se do contexto em que o problema se insere. No
caso do cilindro, podemos dizer que o domínio são todos os números reais positivos:
Dom(f)={(r,h) ∈ R2 |h > 0 ≠ r > 0}
Exemplo 2
x
Qual é o domínio da função f(x,y) = .
x− y
A função f não está definida para x = y, pois de denominador x - y ≠ 0.
Dom(f) = {(x,y) ∈ R2 | x ≠ y}
O domínio da função é toda região do plano. Exceto a linha tracejada.
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Unidade: Aplicações de Cálculo
Gráfico de funções de várias variáveis
Definição
Seja f: A ⊂ R2 → R uma função, o gráfico de f será o subconjunto de R(n+1):
G(f)={(x, f(x) ∈ R(n+1) | x ∈ Dom(f)}
Exemplo
Se n= 2 e x= (x,y), então o gráfico, em geral, é uma superfície em R3, ou seja, no espaço
tridimensional.
Se n= 3 e x= (x,y,z), então G(f) é uma superfície em R4.
Para n= 2 a projeção do gráfico de f sobre o plano (x,y) é exatamente o domínio de f.
Gráficos de funções de duas variáveis
Nas funções com uma variável y= f(x), o gráfico de f é o conjunto de todos os pontos (x,y)
em duas dimensões, tais que y= f(x). O gráfico de uma função “f” de duas variáveis, é o
conjunto de todos os pontos (x,y,z), tais que z= f(x,y). Geralmente, o gráfico de uma função de
duas variáveis é uma superfície em 3D (tridimensional). Veja, a seguir, o gráfico de uma função
de duas variáveis, esboçado ponto a ponto.
Introdução ao estudo de Derivada Parcial
A derivada da função de uma variável mede a sua taxa de variação. Quando se trabalha com
uma função de duas variáveis teremos duas taxas de variação: uma quando x varia (mantendo
y constante) e outra quando y varia (mantendo x constante).
Estudaremos a influência de x e de y no valor da função f(x,y) separadamente. Esse
procedimento será feito da seguinte forma: uma variável será mantida fixa e a outra variando.
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Definição
Derivadas Parciais de f em relação a x e y.
Para todos os pontos em que o limite existe, define-se derivadas parciais no ponto (a,b) por:
fx (a,b) → Taxa de variação de f em relação a x no ponto (a,b)=
lim f
( a + h, b ) − f ( a , b )
h→0 h
f y (a,b) → Taxa de variação de f em relação a y no ponto (a,b)=
lim f
( a, b + h ) − f ( a, b )
h→0 h
Permitindo que a e b variem, teremos as funções derivadas parciais:
fx (x, y)
fy (x, y)
Vamos entender o que estamos estudando:
Nós aprendemos a calcular a derivada de uma função de uma variável, da seguinte forma:
f(x)= y= x2
Para calcular a derivada dessa função aprendemos a usar a regra do “tombo”.
f’ (x) = 2x
Uma outra notação para representar a derivada é:
dy
= 2x
dx
Isto é. A derivada de y em relação a x é 2x.
dy
Vimos, então, duas notações (f ’ (x) e ) para indicar a derivada de uma função de uma variável.
dx
Vamos analisar agora uma função com duas variáveis:
f(x,y) = x3 y + 4y2
A função f depende de x e de y. Vamos chamar a função f de “z”. A representação dessa
função se dará no plano 3D (tridimensional). Temos, então, uma função z que depende das
variáveis x e y.
21
Unidade: Aplicações de Cálculo
Para achar a derivada da função em relação a x, denota-se da seguinte maneira:
fx (x,y) → É a derivada da função z em relação a x. Para calcular o valor dessa derivada, é preciso:
1. Tratar a variável y como uma constante.
2. Derivar x usando as regras conhecidas.
Exemplo:
f(x,y) = x3y + 4y2
fx (x,y) = 3x2y + 0
Trocando Ideias
Quando a constante está associada a uma variável ela multiplica o valor a derivada.
Exemplo: f(x)= x33 → f’(x)= 3x33 = 9x2. No exemplo, vimos que a constante “y” está associada à
variável x, por isso ela não é zero. Na derivada de 4y2, todo esse número é uma constante. Portanto,
sua derivada é zero.
Calculamos a derivada da função f em relação a x. Agora, calcularemos a derivada de f em
relação a y e para isso agora a variável x funcionará como uma constante:
f(x,y)= x3y + 4y2 → fy (x,y)= x31 + 2.4y2-1
f y (x,y)= x3 + 8y2
Notação
Quando aprendemos a derivar uma função com uma variável, usamos a notação f’(x) para
derivada primeira. Podemos usar, também, para indicar a derivada de uma função de primeira
ordem, a seguinte notação:
dy
→ derivada da função y em relação a variável x.
dx
Quando trabalhamos com uma função de duas ou mais variáveis, a notação utilizada é:
∂y
→ o símbolo (que parece um 6 ao contrário) indica que a função que está sendo derivada
∂x depende de mais do que uma variável.
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Vamos analisar o esquema, a seguir, que indica as variáveis das funções z, x e y.
z é uma função que depende das variáveis x e y.
x é um a função que depende das variáveis t e u
y é uma função que depende apenas da variável t.
A derivada de z em relação a x será indicada como:
∂z
∂x
Usa-se essa notação porque x não é única variável de z (veja no esquema).
A derivada de z em relação a y será indicada:
∂z
∂y
A derivada de x em relação a t será indicada:
∂z
∂t
A derivada de x em relação a u será indicada:
∂z
∂u
A derivada de y em relação a t será indicada:
∂y
∂t
Observe que a notação mudou para a indicação da derivada de uma função com uma
variável real.
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Unidade: Aplicações de Cálculo
Em Síntese
A notação indica se estamos derivando uma função com uma variável ou se a derivada é
uma função com várias variáveis:
dy
→ indica que a função que está sendo derivada depende de apenas uma variável.
dx
∂y
→ indica que a função que está sendo derivada depende de mais do que uma variável.
∂x
Representação Gráfica
Quando se deriva uma função de uma variável real, a sua representação gráfica é feita no
plano cartesiano, ou seja, em 2D, ou espaço bidimensional. A derivada da função em um ponto
nada mais é do que a inclinação da reta tangente ao gráfico nesse ponto. Observe que a reta “r”
é a derivada da função f(x) no ponto P, indicados no esquema gráfico a seguir:
r
y
y - f(x)
Q
y0 + ∆ y0
∆ y0
P α
y0 S
∆ x0
0 x0 x0 + ∆ x0 x
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Derivadas parciais em um gráfico
A questão é: como visualizamos a derivada parcial fx (a,b)?
A derivada de fx (a,b) é a inclinação da reta tangente a essa curva em x= a. O gráfico
de uma função de duas variáveis é uma superfície. A reta que tangencia um ponto dessa
superfície é a derivada da função nesse ponto em relação a uma determinada variável.
Um ponto P no espaço 3D é determinado por (a,b,f(a,b)).
Observe as representações abaixo:
Reta tem inclinação
z fx (a.b)
Ponto
(a.b.f(ab)) Gráfico de
f (x.b)
x y
Reta tem inclinação
fy (a.b) z
Ponto
Gráfico de (a.b.f(ab))
f (y.b)
x y
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Unidade: Aplicações de Cálculo
Material Complementar
Para aprofundar seus estudos sobre o estudo das derivadas parciais, consulte os sites e as
referências a seguir:
https://www.youtube.com/watch?v=j9jjZHFasYE
https://www.youtube.com/watch?v=bTXco9OwefI
https://www.youtube.com/watch?v=Thl0Mrru7aU
https://www.youtube.com/watch?v=XrfrwH7YCp4
Outra indicação:
Capítulo 15 do livro Cálculo (George B. Thomas Jr), (volume 2), de Maurice D. Weir,
Joel Hass, Frank R. Giordano São Paulo: Addison Wesley, 2009. ) p. 287 a 295.
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Referências
FLEMMING, Diva Marília; GONCALVES, Miriam Buss. Cálculo A: funções, limite, derivação,
integração. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
GUIDORIZZI, Hamilton Luiz. Um curso de cálculo. 5 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001-2002.
HUGHES-HALLET...[at all] Cálculo a uma e a várias variáveis, volume I e II. 5 ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2011.
LAPA, Nilton; Matemática Aplicada. São Paulo Saraiva, 2012.
STEWART, James. Cálculo 6. Ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
THOMAS JR., George B Et Al. Cálculo (de) george b. thomas jr. 12 ed. São Paulo: Addison-
Wesley, 2003.
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Unidade: Aplicações de Cálculo
Anotações
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