Historia e Historiografia Sergipana Aula 1
Historia e Historiografia Sergipana Aula 1
Sergipana
Antônio Lindvaldo Sousa
São Cristóvão/SE
2013
História e Historiografia Sergipana
Elaboração de Conteúdo
Antônio Lindvaldo Sousa
Projeto Gráfico
Neverton Correia da Silva
Nycolas Menezes Melo
Capa
Hermeson Alves de Menezes
Diagramação
Nycolas Menezes Melo
Copy Desk
Flávia Ferreira da Silva
CDU 93/94(813.7)
Presidente da República Chefe de Gabinete
Dilma Vana Rousseff Ednalva Freire Caetano
Vice-Reitor
André Maurício Conceição de Souza
AULA 2
Textos pioneiros da Historiografia Sergipana ................................... 23
AULA 3
A Historiografia Sergipana se amplia nas primeiras décadas do século XX...37
AULA 4
Notas sobre a Historiografia Sergipana dos anos de 1940 e 1950: o
surgimento da FAFI.............................................................................57
AULA 5
No limiar de uma História mais profissional. ..................................... 81
NOTAS INTRODUTÓRIAS
Estimadas alunas e prezados alunos! O presente livro
“HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA: notas para reflexão” faz parte
da disciplina “História e Historiografia Sergipana”. Escrevemos estas
cinco lições buscando apresentar um painel mais geral possível da
historiografia sergipana do final do século XIX até aos anos de 1980.
Todos os cinco capítulo partiram da leitura do texto “Introdução
ao estudo da historiografia sergipana” IEHS) de José Calasans Brandão
da Silva (JCBS).
Textos complementares serão apresentados posteriormente
para ajudarem a entender temas pouco explorados nas cinco lições,
especialmente a última onde é necessário contemplarmos a produção
sobre o passado sergipano das duas últimas décadas do século XX e
das inicias do século XXI.
Igualmente iremos usar outros suportes de comunicação social
(como blog, grupo de discussões do Facebook e outras redes sociais)
para divulgarmos textos e imagens. O blog “vicissitudes” será um
dos meios dessa divulgação: http://antoniolindvaldosousa.blogspot.
com.br/
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programação do seu semestre letivo.
Aula 1
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA
HISTORIOGRAFIA SERGIPANA:
UMA PRIMEIRA REFLEXÃO
META
No final desta lição o aluno deverá capaz de identificar o texto “Introdução ao estudo da
historiografia sergipana” de José Calasans da Silva Brandão no contexto do debate sobre
a produção da historiografia brasileira da década de 1970, percebendo que o mesmo é
produzido numa fase em que o campo da historiografia era ainda pouco percorrido pelos
historiadores. Deverá tomar conhecimento de que na atualidade há mais abertura para a
inclusão de textos de historiografia regional mediante a necessidade de se ter um painel
mais amplo possível que contemple a diversidade da historiografia de um
imenso país como o nosso.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
compreender aspectos da Historiografia Sergipana. Iniciaremos analisando um dos
principais textos que teve como foco central esse estudo. Começaremos a apresentar
o texto “Introdução a Historiografia Sergipana”, produzido por José Calazans Brandão
da Silva. Tentaremos identificá-lo no debate sobre a produção historiográfica dos anos
de 1970, percebendo-o como um texto que transita num campo pouco percorrido pelos
historiadores desta fase. Outros textos de Historiografia Sergipana serão apontados. Como
parte deste primeiro capítulo, incluímos uma definição acerca do que seja historiografia,
as várias formas de análise dos textos historiográficos e o breve percurso do caminhar dos
historiadores nesse campo da história que teve como início os anos de 1970.
INTRODUÇÃO
Não é fácil fazer um inventário de obras e de autores nem tampouco
apontar um critério que divida a produção historiográfica de forma
cronológica, temática, geográfica. É uma tarefa que demanda muito tempo.
É necessário percorrer bibliotecas públicas e particulares. Exige-se a consulta
de textos que já se debruçaram sobre a História da Historiografia. Idem
a tarefa de percorrer introduções e prefácios de livros. Da mesma forma,
averiguar os anais de eventos científicos onde historiadores e pesquisadores
afins se debruçaram na temática da historiografia.
É um trabalho cansativo e muitas vezes frustrante. O pesquisador irá
perceber que as condições dessa coleta de dados não é favorável ao seu
trabalho. Verificará, de imediato, que muitas obas perscrutadas estão em
estado péssimo de consultas ou só existem na citação de um autor ou outro
autor. Muitas delas desapareceram por causa de incêndios, enchentes ou
diversos problemas criados por acomodações favoráveis aos insetos, pragas e
umidade. Sem falar que muitas delas sumiram das estantes por outras razões.
O descaso com esse patrimônio é uma das constatações que temos
quando estamos na primeira fase de arrolamento dos dados.
Mas o pesquisador precisa dar continuidade ao seu trabalho. Ele
deve garimparos livros que tem em mãos e procurar citar outras obras
mencionadas por diversos pesquisadores. Por isto a necessidade de verificar
os textos que falam sobre a história de Historiografia. Debruçar-se sobre
trabalhos de arrolamento de obras e de autores é um dos primeiros passos
importantes para melhor apontar discussões sobre essa produção e o
“lugar” da mesma.
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Introdução ao estudo da Historiografia Sergipana Aula 1
Para Certeau, “a operação histórica se refere a combinação de um lugar
social e de práticas “científicas” e de uma escrita”. (2002:66). Entende esse
“lugar” como institucional e é a partir dele que deve haver a apreensão da
pesquisa historiográfica. “É em função deste lugar que se instauram os mé-
todos, que se delineia uma topografia de interesses, que os documentos e as
questões, que lhes serão propostas, se organizam” (CERTEAU, 2002, p. 67)
A operação historiográfica é dinâmica. Há diversificadas apropria-
ções e manuseios, uma variedade de usos e abusos no fazer das diferentes
Histórias. Essa pluralidade indica a existência e circulação de uma História
socialmente aceita, ou seja, compartilhada num lugar social.
E os trabalhos escritos por aqueles que não são historiadores profis-
sionais não podem ser tidos como “de História”? Para não cair nessa ex-
clusão, Falcon nos sugere “a não privilegiar o autor, mas o texto, como já
propunha Iglésias, em 1971, isto é, ‘dar prioridade às obras de História e
estudos sobre as obras históricas’, a intenção de historiar, de escrever ‘obra
de história’, e o seu reconhecimento pelo público, sobretudo, neste caso, a
comunidade historiadora, que nos deverá orientar aqui, em primeiro lugar”.
(FALCON, 2011, p.19).
Ainda, segundo, Falcon, o universo historiográfico não se compõe apenas
de “obras de História”. Devem-se incluir outros setores das ciências humanas.
(FALCON, idem). Também textos de literatura que tematizam o passado.
Uma questão importante é a periodização. Tornou-se frequente di-
vidir a produção historiográfica entre a que é anterior e a que é posterior
a 1971, em função da argumentação de que é somente a partir dessa data,
que marca a “institucionalização dos cursos de pós-graduação” no país.
Falcon afirma que esta periodização pode lançar ao esquecimento tudo o
que ocorreu no período anterior no âmbito da historiografia e do ensino de
História. Escreve esse autor, “ao longo dos anos de 1950, agravaram-se as
diferenças entre os historiadores quanto às formas de entenderem a História
do Brasil”. Falcon quer dizer que existiu uma época “caracterizada pelo
entrecruzamento de vários tipos de “dualismo”: o teórico-interpretativo, o
historiográfico propriamente dito e o acadêmico”. (FALCON, p.20)
Essa discussão de Falcon torna-se muito importante para entendermos
a produção historiográfica dos anos de 1970 e 1980. É sobre influência de
Michel de Certeau que tentaremos compreender a existência de uma História
socialmente aceita. Usaremos a categoria “lugar” no sentido “institucional”.
É a partir dele que percebermos a produção da pesquisa historiográfica
sergipana. O departamento de História da Universidade Federal de Sergipe
será um dos lugares a se produzir sobre o passado. No último capítulo
abordaremos esse “lugar” e compreenderemos que nele se instauram os
métodos, delineou-se uma topografia de interesses, etc.
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História e Historiografia Sergipana
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Introdução ao estudo da Historiografia Sergipana Aula 1
obra é resultante das atividades do Centro de Referência historiográfica da
UFOP –CNRH, fundado em 1993. Funcionou até 1999.
Mesmo com o crescimento de autores que se debruçaram sobre a
historiografia brasileira ao longo das últimas décadas do final do século
XX e início do século XX, não se pode dizer que esse campo tornou-se
um “espaço” bem frequentado.
Um minucioso levantamento de textos da História da historiografia
brasileira produzidos por outros autores fora do eixo Rio - São Paulo,
certamente apontara que essa produção historiográfica é diversa e muitas
delas surgiram também na década de 1970. Um exemplo é a produção do
texto de José Calasans Brandão da Silva.
A “INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA
HISTORIOGRAFIA SERGIPANA” DE JOSÉ
CALASANS BRANDÃO DA SILVA: UM DOS TEXTOS
PIONEIROS DA HISTORIOGRAFIA REGIONAL
BRASILEIRA DOS ANOS DE 1970
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História e Historiografia Sergipana
(Foto da capa do livro “Do Passado para o Futuro” , organizado por Raquel Glezer).
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Introdução ao estudo da Historiografia Sergipana Aula 1
Os autores dos textos desse livro assumem que escreveram uma
historiografia regional e constatam que ela é diversa, espalhada por vários
lugares institucionais. Os autores apontam produções não somente nas
instituições localizadas geograficamente na capital do seu Estado. A
produção de textos de História do Norte do Paraná, por exemplo, são
incluídas como parte das comunidades de historiadores paranaenses, não
se restringindo somente a Universidade Federal do Paraná, em Curitiba.
Dessa forma, outras histórias das Histórias de diversas realidades
do Brasil passam a ter um tratamento mais diferenciado do que vinha
acontecendo em alguns textos da história da História brasileira. O olhar
do historiador atual passa a vislumbrar a valorização dos trabalhos da
historiografia regional. Esse olhar desconfia dos textos que prometem
uma história da História do Brasil, tomando como referências somente os
trabalhos de poucos historiadores pertencentes a lugares institucionais de
certas capitais brasileiras. Somando-se a essa desconfiança, tem-se a certeza
de “que não há a possibilidade de um só autor dominar a totalidade das
experiências dos historiadores nos vários espaços em que atuam no país”.
(GLEZER: 2011, p. 10)
Ao incorporar outros estudos distintos, pertencentes a diversas
instituições, sem ser as da capital do Estado, como citamos a exemplo da
historiografia do Norte do Paraná, consolida-se a certeza de que muitos dos
lugares de pesquisas produzem importantes trabalhos historiográficos e ao
mesmo tempo são distintos um dos outros e, também interagiam, em parte,
entre si. De igual forma, percebem que essas realidades tão diferenciadas
necessitam mais tempo para serem analisadas. De igual maneira, estão cientes
que somente é possível um painel mais geral da Histografia do seu Estado
e que seus textos somente conseguem dar conta de algumas direções de
pesquisas. Diante dessa constatação, muitos passam a usar nos títulos dos
seus textos as seguintes expressões: 1) “algumas direções e pesquisas”; 2)
“notas”; 3) “tentativa de avaliação crítica”.
Tomando como referência esse novo olhar dos historiadores de que
trata o livro em apreço, entendemos haver na atualidade uma boa aceitação
dos textos que enfocam a História regional e que os vislumbram como
o retrato mais próximo, onde denominamos de análise da produção da
História do Brasil. Igualmente é perceptível o incentivo para que haja mais
novas produções.
O texto “Introdução ao estudo da Historiografia sergipana” de Silva, portanto,
voltemos a ressaltar, também é um trabalho de História do Brasil que foca
sua análise na História regional. Esse autor se debruça sobre a historiografia
sergipana no ano de 1973, num tempo em que a historiografia brasileira
não estava com esse olhar acolhedor sobre a diversidade da história da
História regional.
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História e Historiografia Sergipana
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Introdução ao estudo da Historiografia Sergipana Aula 1
OUTROS TEXTOS SOBRE A HISTORIOGRAFIA
SERGIPANA
São raros os estudos que elencam ou analisam a produção da História
sobre Sergipe. O hábito desta tarefa não é também muito frequente nos
historiadores que estudam a História sergipana. Mas não se pode dizer que
nada foi feito até o presente momento. Em nosso levantamento para a
confecção desta lição, encontramos dois outros textos que procuraram com-
preensão da produção da História de Sergipe sem o ser o texto: “Introdução
ao estudo da Historiografia sergipana”, de Silva: 1) “Historiografia sergipana”, de
Itamar Freitas e 2) “A Historiografia sergipana nos últimos 50 anos: tentativa de
avaliação crítica”, de Antônio Fernando de Araújo Sá.
Também há outros textos que fazem um balanço historiográfico a
partir de um aspecto, de um tema, como parte da construção de um objeto
de pesquisa. Muitos autores concedem um espaço dedicado à “revisão da
literatura” onde fazem esse painel historiográfico. No levantamento que
fizemos detectamos os seguintes trabalhos: 1) “Historiografia Sergipana de José
Silvério Fontes”; 2) A História em/ de Sergipe de Vladmir de Souza Carvalho;
3) “A Historiografia sergipana” de Francisco Carlos Teixeira;
Tentamos perseguir essa ideia de apresentar um painel mais geral possível
de determinados tempos da História de Sergipe quando estudamos os índios,
os colonizadores e o processo de colonização de Sergipe até a fase das primei-
ras décadas do século XX nas disciplinas de TEMAS DE HISTÓRIA DE
SERGIPE I e TEMAS DE HISTÓRIA DE SERGIPE II. Apontamos, por
exemplo, no texto “Enquanto a ordem prevalecer: os núcleos de povoamento, o Estado e
o Padroado” um breve balanço historiográfico de como a historiografia brasileira
aponta a função dos núcleos de povoamento no processo de conquista e
colonização do Brasil. Reservamos um espaço para também apreender como
a historiografia sergipana enxerga o papel de São Cristóvão na fase posterior a
conquista de Sergipe em 1590. Também publicamos essa revisão historiográ-
fica em 2012 no texto “Núcleos de povoamento e expansão da cristandade na América
Portuguesa no século XVII: o caso de Sergipe Del Rey” no livro “O Pulso de Clio...
Religiosidade, cultura e Identidade”.
Outros textos que também parecem trilhar nessa perspectiva de apontar
uma revisão da historiografia foram publicados em jornais, revistas, pre-
fácios de livros, etc. Conseguimos identificar vários textos de autores que
tiveram uma preocupação em apontar algumas referências a produção da
Historiografia sergipana. Entre os consultados, estão: Luiz Antônio Barreto,
Maria Thétis Nunes, Francisco José Alves, Jorge Carvalho do Nascimento,
Maria Nele Santos, José Ibarê Dantas, entre outros.
Incorporam esta lista diversos alunos de pós-graduação quando eles
apresentaram um painel mais geral possível da revisão da literatura na in-
trodução ou em um capítulo especial de suas dissertações ou teses. De igual
forma, não menos importante, são os Trabalhos de Conclusão de Curso de
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CONCLUSÃO
RESUMO
Neste primeiro capítulo demos nossos primeiros passos para
compreendermos aspectos da Historiografia Sergipana. Começamos a
analisar um dos principais textos que tiveram como foco central de estudo
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Introdução ao estudo da Historiografia Sergipana Aula 1
a Historiografia sergipana: “Introdução a Historiografia Sergipana”, produzido
por José Calazans Brandão da Silva. Identificamos o mesmo no debate
sobre a produção historiográfica dos anos de 1970, percebendo-o como
um texto que transita num campo pouco percorrido pelos historiadores
desta fase. Apontamos outros textos de Historiografia Sergipana. Também
incluímos uma definição a cerca do que seja historiografia, as formas
variadas de análise dos textos historiográficos e um pequeno percurso do
caminhar dos historiadores nesse campo da história que teve como início
os anos de 1970.
ATIVIDADES
REFERÊNCIAS
ALVES, Francisco José. Histórias da História: Uma crítica preliminar.
Debates Regionais. João Pessoa, no. 02, 104-111, 1995.
_____. A Fortuna Crítica de Felisbelo Freire – 1888-1891. Cadernos UFS:
História, S. Cristóvão, v.2, n. 2, p. 51-59, jan-jul. 1996.
_____. A Divulgação do Evolucionismo no Brasil. Aspectos do pensamento
de Felisbelo Freire. Cadernos UFS: História, São Cristóvão, v. 2, no. 3,
p. 49-59, jul, 1996.
BARRETO, Luiz Antônio. A formação do povo sergipano (Prefácio). In:
FONTES, José Silvério Leite. Formação do Povo Sergipano (Ensaios
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