Dislexia: Uma Revisão Sistemática: Dyslexia: An Systematic Review
Dislexia: Uma Revisão Sistemática: Dyslexia: An Systematic Review
53660/CONJ-840-F18
RESUMO
A primeira infância é sem dúvida marcada por intensos processos de desenvolvimento, justamente nessa
fase as crianças começam a lidar com a aprendizagem. Se a aquisição da linguagem não ocorrer de forma
natural e espontânea, é necessário investigar se a criança possui algum transtorno de aprendizagem, como
por exemplo a dislexia. Sendo assim, o presente estudo propõe realizar uma revisão sistemática da literatura
para demonstrar o estado atual da contribuição acadêmica em torno da dislexia, inclusive sobre o
conhecimento de professores. A metodologia consistiu em um levantamento bibliográfico de artigos
completos publicados em periódicos nacionais nos últimos dez anos. Observou-se que a literatura dispõe
de muitas definições e conceitos sobre a dislexia, os sintomas/sinais são muito bem descritos, os testes de
rastreio consistem basicamente em provas de habilidades fonológicas e a abordagem consiste em
intervenções educacionais, incluindo instruções diretas quanto às habilidades de reconhecimento de
palavras. Observou-se que são inegáveis os benefícios das intervenções pedagógicas voltadas para o
desenvolvimento cognitivo como forma de se evitar o fracasso escolar, a repetência e a evasão escolar.
Palavras-chave: Dislexia; Identificação; Intervenção.
ABSTRACT
Early childhood is realy marked by intense development processes, precisely at this stage children begin to
deal with learning. If language acquisition does not occur naturally and spontaneously, it is necessary to
investigate whether the child has a learning disorder, such as dyslexia. Therefore, the present study proposes
to carry out a systematic review of the literature to demonstrate the current state of the academic
contribution around dyslexia, including on the knowledge of teachers. The methodology consisted of a
bibliographic survey of complete articles published in national journals in the last ten years. It was observed
that the literature has many definitions and concepts about dyslexia, the symptoms/signs are very well
described, the screening tests basically consist of phonological skills tests and the approach consists of
educational interventions, including direct instructions regarding the skills of word recognition. It was
observed that the benefits of pedagogical interventions aimed at cognitive development to avoid school
failure, repetition and dropout are undeniable.
Keywords: Dyslexia; Identification; Intervention.
1
EMEIF Expedito Leão – Secretaria Municipal de Educação de Santa Bárbara do Pará
*E-mail: [email protected]
2
Instituto de Estudos Superiores de Fafe (Portugal).
1535
professores aumentarem seus conhecimentos para identificarem esses alunos por meio do
reconhecimento de suas características e embasarem-se teoricamente para o
desenvolvimento de práticas pedagógicas que abarquem as especificidades dos alunos
com dislexia.
Sendo assim, este estudo tem por objetivo de realizar uma revisão sistemática da
literatura, demonstrar o estágio atual da contribuição acadêmica em torno da dislexia, a
partir de estudos científicos publicados nos últimos dez anos.
REFERENCIAL TEÓRICO
Dislexia na escola e a formação de professores
1536
fonoaudiólogos, a fim de otimizar o tempo de respostas às intervenções e melhorar a
condição de aprendizagem e autoestima destes educandos.
É fundamental que os professores e professoras tenham sólidos conhecimento
sobre a dislexia, uma vez que ela afeta as habilidades de leitura e escrita, que são a base
da aprendizagem escolar, necessárias para todos os outros ensinamentos posteriores a
alfabetização, como ciências, história e geografia, entre outras disciplinas (SOARES,
2016). Uma consequência da carência de conhecimentos sobre a dislexia é a possibilidade
de muitas crianças chegarem à fase escolar com dificuldades na aquisição do processo de
leitura e escrita, já que os atrasos em seu processo de desenvolvimento pré-escolar não
foram devidamente trabalhados ou corrigidos.
Segundo recomenda Pinto & Matos (2016, p. 641), “a dislexia não pode passar
despercebida, pois não é ultrapassada sem um uma abordagem apropriada, numa
intervenção precoce”.
Identificando a dislexia
1537
de dígitos, nomeação de letras, ordem de sons, cópia de formas, atenção, vocabulário,
coordenação viso motora.
Capellini et al. (2009) propuseram um protocolo de identificação precoce de
problemas de leitura em alunos da 1ª série para avaliar habilidades cognitivo-linguísticas
de conhecimento do alfabeto, consciência fonológica, produção e identificação de rimas,
segmentação silábica, produção de palavras com base em determinado fonema, síntese e
análise fonêmica, identificação de som inicial, memória de trabalho, atenção visual,
velocidade de acesso às informações fonológicas, leitura de palavras e pseudopalavras e
compreensão de frases a partir das figuras apresentadas.
Alves et al. (2015) apresentaram os processos de construção de um teste de
triagem para avaliar sinais de dislexia, denominado Teste para Identificação de Sinais de
Dislexia (TIDS), destinado a crianças na faixa etária de 8 a 11 anos. O teste é composto
pela avaliação de oito habilidades: leitura, escrita, atenção visual, cálculo, habilidades
motoras, consciência fonológica, nomeação rápida e memória imediata. Posteriormente,
foi realizado um estudo a fim de verificar evidências de validade e confiabilidade do teste,
concluindo que o TISD é capaz de indicar o grupo com dislexia, o que evidencia validade
de critério para o teste (Alves et al, 2018).
1538
De acordo com Pinto & Matos (2016, p. 644), “já foram desenvolvidos diversos
programas para intervir na dislexia, a maioria das abordagens enfatiza a assimilação de
fonemas, o desenvolvimento do vocábulo, a melhoria da compreensão e fluência na
leitura”. Tais intervenções ajudam a pessoa a reconhecer sons, sílabas, palavras e, por fim
frases. Pode-se fazer com que a criança leia em voz alta com um adulto para que possa
corrigi-la, para tanto, é importante lembrar que é um processo trabalhoso e exige muita
atenção e repetição, mas o que certamente renderá bons resultados.
Segundo Rodrigues & Ciasca (2016, p. 93), “as intervenções, especialmente as
que trabalham com consciência fonológica, são bastante eficazes para melhorar o quadro
da dislexia”. Dentro do espectro da consciência fonológica, podem ser trabalhadas
questões atencionais, rimas, correspondência fonema/grafema e a capacidade de analisar
sílabas, palavras e frases. Há consenso de que o ensino infantil e as séries iniciais
representam uma "janela de oportunidades" para se prevenir problemas com a leitura
(assim como outros problemas de aprendizagem). Além disso, na ausência de intervenção
se observa aumento de discrepância de desempenho, quando comparado aos seus pares,
ao longo das séries posteriores.
METODOLOGIA
Coleta de dados
1539
de dados foi utilizada a busca avançada, adotando os seguintes descritores em português:
dislexia, professor, dificuldade de aprendizagem, rastreio, identificação e intervenção. O
descritor dislexia foi utilizado, inicialmente, de forma isolada e, em seguida, combinado
com os demais descritores, em todas as bases de dados pesquisadas. Como critério de
inclusão foram considerados artigos completos publicados no idioma português, entre
2011 e 2020. Em relação ao período escolhido, justifica-se que este corresponde às
referências mais recentes.
Foram selecionados para esta revisão os trabalhos que abordaram o tema dislexia,
observado a partir da leitura do título e resumo. Foram excluídos desta revisão os artigos
repetidos nas bases de dados e estudos em que o objetivo era de caráter meramente
informativo a respeito da dislexia. Artigos que, mesmo tendo sido encontrados a partir
dos descritores propostos, se apresentavam fora do contexto de interesse à pesquisa, após
terem sido lidos na íntegra, foram descartados.
A análise dos dados foi composta da seguinte forma: verificar a quantidade de
artigos científicos por ano de publicação, no período de 2011 a 2020, em seguida agrupar
os artigos científicos quanto à natureza dos estudos: Verificação do conhecimento de
professores sobre a dislexia (V), Rastreio/Identificação (R), Intervenção (I) e Revisão de
literatura (RL).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1 - Distribuição das publicações consideradas neste trabalho no período de 2011 a 2020.
1540
Observa-se que a média é de 3,5 artigos por ano, não é uma quantidade pequena,
mas dada a importância do tema, seria importante que mais pesquisas na área fossem
publicadas com o objetivo de subsidiar o trabalho dos professores em sala de aula.
Observa-se também que nos últimos cinco anos houve uma tendência de crescimento no
número de publicações, apresentando uma queda em 2020, provavelmente no momento
em que as atenções se voltam à pandemia do novo coronavírus, COVID-19, situação que
limita o acesso a uma amostra de participantes. Caso contrário, o número de publicações
provavelmente continuaria a crescer.
Os artigos selecionados com os descritores utilizados na busca foram apreciados
individualmente e posteriormente foram classificados de acordo com o seu enfoque
principal em quatro categorias:
• Artigos que tratam da concepção de educadores a respeito da dislexia, que é um
transtorno de aprendizagem que afeta diretamente crianças em idade escolar, cujo
objetivo tratou de descrever o conhecimento de professores a respeito da dislexia
infantil.
• Artigos que tratam da identificação da dislexia, cujo objetivo tratou do
rastreamento de alunos que apresentam sintomas da dislexia. Foram citados sinais
de dislexia e sinais de risco para dislexia.
• Artigos que mencionavam intervenção /remediação da dislexia em crianças, cujo
objetivo tratou de propor/implementar programas de intervenção para alunos que
apresentavam sinais de risco para dislexia. Foram citados: programa de
intervenção, programa de intervenção fonológica; programa de treinamento
fonológico, programa de intervenção perceptivo-visual e visual-motora;
intervenção fônica computadorizada; consciência fonológica; treinamento de
habilidades fonológicas e correspondência grafema-fonema.
• Artigos que tratam da revisão da literatura dentro da temática dislexia, nesse caso
observou-se que as abordagens são diversas e buscam em sua maioria analisar
possibilidades e formas de intervenção.
1541
Tabela 1 - Quantidade de artigos por temática apresentada.
Quantidade de Temática
artigos (%)
3 (8,8%) Conhecimentos dos professores sobre a dislexia (V)
5 (14,7%) Identificação / rastreio dos sinais de risco para dislexia (R)
15 (44,2%) Intervenção para remediação da dislexia (I)
11 (32,3%) Revisão da literatura a respeito da dislexia (RL)
Fonte: Dados da pesquisa
1542
Tabela 2 – Descrição dos artigos selecionados.
Autor/Data Título Tipo Descrição do estudo Principais conclusões
Programa de remediação com
Programa de remediação com a Foi eficaz e com aplicabilidade,
a nomeação rápida e leitura
(Santos e Capellini, nomeação rápida e leitura, bem como a podendo ser utilizado instrumento de
para escolares com dislexia: I
2020) verificação da significância clínica da intervenção baseada em evidência
elaboração e significância
aplicação do programa. científica para escolares com dislexia.
clínica
O programa gerou melhor
Compreensão de leitura em Programa terapêutico fonoaudiológico e
(Martins e Carnio, desempenho na compreensão leitora
disléxicos após programa de I a verificação dos seus efeitos na
2020) dos escolares disléxicos e na
intervenção compreensão de leitura.
motivação para a leitura.
A tríade diagnóstico, intervenção
Intervenções escolares para Verificar o que está sendo estudado sobre
escolar e conhecimento por parte dos
(Lumertz, 2020) alunos com dislexia: revisão RL dislexia e as metodologias de reabilitação
docentes é fundamental para ajudar o
integrativa que podem ser empregadas na escola.
aluno disléxico.
Leitura de Estudantes com Conclui-se que a participação dos
Verificação do impacto de uma
Dislexia do Desenvolvimento: disléxicos em uma intervenção
intervenção envolvendo o método fônico
(Medina e Impactos de uma Intervenção focando o desenvolvimento da
I associado à estimulação de funções
Guimarães, 2019) com Método Fônico consciência fonêmica, da leitura, das
executivas, consciência fonêmica e
Associado à Estimulação de funções executivas foi eficiente para
leitura.
Funções Executivas promover o desempenho em leitura.
Conclui-se que o desempenho inferior
Indicadores cognitivo-
Identificação dos indicadores cognitivo- nas habilidades avaliadas indica uma
(Silva e Capellini, linguístico em escolares com
R linguísticos em escolares com transtorno limitação cognitivo-linguística,
2019) transtorno fonológico de risco
fonológico de risco para a dislexia. evidenciando os sinais de risco para a
para a dislexia
dislexia.
1543
(Cruz, 2019) Dislexia e a dificuldade na RL Conceituar a dislexia e analisar como é Conceitua-se a dislexia como um
aprendizagem: identificação e realizada sua identificação e distúrbio neurológico persistente, de
possibilidades de intervenção possibilidades de intervenção origem genética. A avaliação deve ser
feita por uma equipe
multiprofissional, a intervenção deve
ser significativa e realizada
coletivamente por todos que fazem
parte da escola.
(Gonçalves, 2019) A dislexia no ensino RL Caracterizar a dislexia e compreender Conclui-se que a participação do
fundamental como deve ser o acolhimento e o trabalho docente de LP é de extrema
no ensino fundamental com alunos que importância no desenvolvimento e
apresentam dislexia. trabalho com os alunos disléxicos,
além disso a escola deve contar com o
apoio de uma equipe multidisciplinar
para acompanhar o aluno e sua
família.
(Silva, 2019) Método repetitivo para RL Evidenciar as principais manifestações de Como resultado, foi elaborado o
disléxicos: como diagnosticar bloqueio da linguagem e apresentar um Método Repetitivo para Disléxicos,
e desenvolver habilidades de método para desenvolver habilidades de levando em consideração a
leitura em disléxicos leitura. estimulação educacional
multissensorial.
(Cidrim, Braga e Desembaralhando: um RL Apresentar um novo aplicativo Destaca-se o recurso de rotacionar as
Madeiro, 2018) aplicativo mobile para desenvolvido para dispositivos móveis, letras para facilitar o reconhecimento
intervenção no problema da denominado Desembaralhando, para a da grafia correta, associação com a
escrita espelho de crianças intervenção no problema do imagem que representa a palavra,
disléxicas espelhamento de letras por crianças como também o recurso de áudio.
disléxicas
1544
(Rech e Miranda, Dislexia: A contribuição da RL Compreender os aspectos do distúrbio Para a criança aprender a ler e
2018) Psicopedagogia no que se que afeta o desenvolvimento da leitura e escrever, ela precisa desenvolver
refere aos distúrbios de escrita, identificar os problemas de novos modos de representar e
aprendizagem que afeta o aprendizagem na leitura e na escrita e compreender a realidade, é preciso
desenvolvimento da leitura e reconhecer a necessidade do que ela tenha uma boa capacidade de
da escrita Psicopedagogo nas intervenções compreensão e expressão oral.
educacionais.
(Nascimento, Rosal Conhecimento de professores V Descrever o conhecimento de professores A partir desse estudo, as
e Queiroga, 2018) do ensino fundamental sobre do ensino fundamental a respeito da pesquisadoras concluíram que os
dislexia dislexia infantil. professores desconhecem a dislexia,
apesar de terem formação em nível de
pós-graduação e participarem de
formações continuadas.
(Alves et al. 2018) Teste para Identificação de R Investigar mais profundamente Os resultados obtidos no estudo
Sinais de Dislexia: Evidências evidências de validade baseadas nas sugerem que o teste foi capaz de
de Validade de Critério relações com variáveis externas para o diferenciar grupos, indicando
Teste para Identificação de Sinais de evidências de validade a partir das
Dislexia (TISD). relações com variáveis externas.
(Cidrim e Madeiro, Estudos sobre ortografia no RL Revisar a literatura relacionada a Pesquisadores sugerem que além de
2017) âmbito da dislexia: revisão de pesquisas nacionais e internacionais atividades fonológicas, as estratégias
literatura sobre as dificuldades ortográficas de intervenção contemplem atividades
enfrentadas por disléxicos e identificar as ortográficas e lexicais.
abordagens de intervenção.
(Cidrim e Madeiro, Tecnologias da Informação e RL Apresentar uma revisão integrativa da Verifica-se a necessidade de mais
2017) da Comunicação (TIC) literatura, contemplando artigos que estudos sobre essa temática, tendo em
aplicadas à dislexia: revisão de abordam o uso das tecnologias da vista os benefícios das TIC no âmbito
literatura informação e da comunicação (TIC) da avaliação e intervenção em
aplicadas à dislexia. dislexia.
1545
(Rodrigues e Dislexia na escola: RL Abordar os principais conceitos relativos A intervenção psicopedagógica
Ciasca, 2016) identificação e possibilidades à dislexia, sua identificação e algumas adequada no contexto escolar é
de intervenção possibilidades de intervenção. possível e viável, desde que haja
estudo constante, formação
continuada, envolvimento e
perseverança por parte da escola.
(Silva e Capellini, Eficácia de um programa de I Verificação da eficácia de um programa Foi eficaz para os escolares, pois,
2015) intervenção fonológica em de intervenção fonológica em escolares possibilitou o desenvolvimento da
escolares de risco para a de risco para a dislexia. consciência fonológica.
dislexia
(Fusco, Germano e Eficácia de um programa de I Verificação da eficácia de um programa O programa mostrou-se adequado
Capellini, 2015) intervenção percepto-viso- de intervenção perceptivo-visual e visual- para ser aplicado em alunos com
motora para escolares com motora para escolares com dislexia. dislexia apresentando efeitos
dislexia positivos.
(Alves et al. 2015) Teste para Identificação de R Apresentar os processos de construção de Como resultado, foi elaborado o teste
Sinais de Dislexia: processo de um teste de triagem para avaliação de para Identificação de Sinais de
construção sinais de dislexia. Dislexia, para crianças entre 8 e 11
anos.
(Andrade, Sawaya Dislexia na escola: o professor V Verificar se os professores têm formação Conclui-se que a maioria dos
e Silva, 2015) tem formação para identificar? para identificar os sinais que caracterizam professores investigados, não possui
a dislexia na escola. conhecimento suficiente para
identificar a dislexia na escola.
(Machado e Aplicação do modelo de I Análise e comparação do desempenho em Conclui-se que houve uma melhora
Capellini, 2014) tutoria em tarefas de leitura e tarefas de leitura e escrita em crianças significativa em algumas tarefas de
escrita para crianças com com dislexia do desenvolvimento após leitura e escrita quando essas foram
dislexia do desenvolvimento um programa de tutoria baseado no administradas em um programa de
modelo de RTI. intervenção com tutoria.
1546
(Gomides, et al. Utilização de Técnicas de I Avaliação da eficácia de um programa de Os resultados demonstraram que
2014) Manejo Comportamental e intervenção da matemática, focado na todos os pacientes obtiveram ganhos
Neuropsicológicas para habilidade de transcodificação numérica. tanto quantitativos, quanto
Intervenção dos Transtornos qualitativos. Entretanto, nem todas as
de Aprendizagem habilidades treinadas obtiveram uma
melhora significativa
(Machado e Tutoria em leitura e escrita I Análise e comparação do desempenho em Conclui-se que houve uma melhora
Capellini, 2014) baseado no modelo de RTI – tarefas de leitura e escrita em crianças significativa em algumas tarefas de
resposta à intervenção em com dislexia do desenvolvimento após leitura e escrita quando essas foram
crianças com dislexia do tutoria baseado no modelo de resposta à administradas em um programa de
desenvolvimento intervenção. intervenção com tutoria.
1547
(Martins, et al. Rastreio de disgrafia motora R Rastreamento de sinais de alerta para a Alta prevalência de indicadores de
2013) em escolares da rede pública disgrafia em escolares do 6° ano do disgrafia em escolares do 6° ano
de ensino ensino fundamental. (22%), assim como a co-ocorrência de
outros distúrbios de aprendizagem.
(Germano, Pinheiro Desempenho de escolares com I Verificação do desempenho de escolares Os programas foram eficazes uma vez
e Capellini, 2013) dislexia: Programas de com dislexia em programa de intervenção que ficou comprovada a melhora das
intervenção metalinguístico e fonológica, programa de leitura e habilidades cognitivo-linguísticas.
de leitura programa de intervenção fonológica e
leitura.
(Fukuda e Programa de intervenção I Identificar os escolares com sinais de As crianças com sinais de risco para a
Capellini, 2012) fonológica associado à risco para a dislexia e verificar neles a dislexia, apresentaram melhora do
correspondência grafema- eficácia do programa de treinamento desempenho. Esse fato evidencia a
fonema em escolares de risco fonológico associado à correspondência eficácia do programa e a resposta à
para a dislexia grafema-fonema. intervenção como um critério de
identificação para dislexia.
1548
(Fadini e Capellini, Eficácia do treinamento de I Identificação dos sinais da dislexia em Foi eficaz para as crianças de risco
2011) habilidades fonológicas em escolares de 1ª série do Ensino para dislexia, comprovados pela
crianças de risco para dislexia Fundamental e verificação da eficácia do melhora das habilidades fonológicas e
programa de treinamento fonológico em de leitura.
crianças de risco para a dislexia.
(Fukuda e Treinamento de habilidades I Identificação dos sinais da dislexia em Foi eficaz para a identificação das
Capellini, 2011) fonológicas e correspondência escolares de 1ª série do Ensino crianças com sinais de dislexia,
grafema-fonema em crianças Fundamental e verificação da eficácia do comprovado pela melhora das
de risco para dislexia programa de treinamento fonológico e habilidades fonológicas e de leitura.
correspondência grafema-fonema em
crianças de risco para a dislexia.
(Oliveira, et al. Análise da produção escrita de I Verificar mudanças no padrão de escrita A utilização do software pode auxiliar
2011) crianças com dislexia do de disléxicos submetidos à intervenção no desenvolvimento da escrita em
desenvolvimento submetidas a com o software Alfabetização Fônica crianças disléxicas em conjunto ao
intervenção fônica Computadorizada, por meio da análise treinamento de habilidades
computadorizada dos tipos de erros ortográficos ortográficas.
(Martins e Intervenção precoce em RL Mapear os artigos publicados sobre Evidenciam a preocupação dos
Capellini, 2011) escolares de risco para a intervenção com escolares de risco para pesquisadores em elaborar,
dislexia: revisão da literatura dislexia. desenvolver e validar instrumentos de
avaliações e intervenções que
contribuam para a identificação
precoce da dislexia.
(Costa, et al. 2011) Abordagem tecnológica para R É apresentar um sistema “inteligente” Os resultados confirmam a
rastreio de pessoas com desenvolvido para rastrear pessoas com pertinência do uso das redes neurais
dislexia dislexia e a comorbidade TDAH como uma tecnologia computacional
associada adequada no rastreio de pessoas com
possíveis sinais de dislexia e TDAH
associada.
Fonte: Dados da pesquisa
1549
DOI: 10.53660/CONJ-840-F18
Através da leitura e análise dos artigos selecionados foi possível observar que o
objeto dos estudos são professores das séries iniciais, de escolas públicas e particulares.
A entrevista semiestruturada e os questionários utilizados na metodologia dos trabalhos,
apresentaram questões referentes ao conhecimento do professor em relação à definição,
causa, identificação dos sinais e manifestações das Perturbações da Aprendizagem
Específica.
De maneira geral, os professores demonstraram certa dificuldade para definir os
transtornos, atribuir suas causas e pontuar as manifestações deles. Separando-se os
professores pelo tipo de escolas (pública e particular) não foi observada diferença
significativa na maioria das respostas.
Ressalta-se que apesar da recomendação do Ministério da Educação, sobre à
importância da formação de professores e a necessidade de organização de sistemas
educacionais inclusivos para a concretização dos direitos dos alunos com necessidade
educacionais especiais, observa-se que ainda é frequente a ocorrência de profissionais em
sala de aula sem a devida capacitação.
Através da leitura dos artigos selecionados foi possível observar que a maioria das
intervenções aplicadas em escolares, diz respeito à instrução direta, ao treinamento
fonológico, à remediação com a nomeação rápida e leitura, treinamento de habilidades
fonológicas e correspondência grafema-fonema, programa terapêutico fonoaudiológico e
programa de intervenção percepto-viso-motora.
A metodologia empregada nos trabalhos é variada, no geral os programas iniciam
com o rastreio, das crianças que apresentam sinais de dislexia. Estas recebem o
treinamento proposto pelo programa de intervenção e o grupo (de controle) de crianças
que não apresentam sintomas de dislexia. Em alguns casos, o grupo de controle é um
grupo de alunos que não recebem o treinamento. Numa outra abordagem, são formados
diferentes grupos e cada grupo recebe um treinamento diferente. Normalmente a
avaliação dos programas consiste na comparação do desempenho entre os grupos, em
situações de pré e pós-testes. O público-alvo dessas intervenções, são escolares na faixa
etária de 5 a 14 anos, devidamente matriculadas no Ensino Fundamental.
Em todos os programas de intervenção foram observadas melhoras significativas
das habilidades cognitivo-linguísticas, demonstrando que à intervenção é importante e
necessária para que a criança possa ter confiança, motivação e ser encorajada a realizar
suas tarefas escolares de forma satisfatória.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
1551
condições de igualdade entre os alunos no ambiente escolar. Infelizmente, muitos
professores não possuem conhecimento suficiente sobre a dislexia e essa carência pode
influenciar negativamente no desenvolvimento da criança com dislexia. Esses
profissionais precisam de orientação em relação ao trabalho efetivo com estes alunos, no
sentido de garantir habilidades e competências em consciência fonológica, visto que uma
perturbação neste domínio causa impacto no desenvolvimento acadêmico, emocional e
social da criança.
A identificação dos sintomas de dislexia é uma estratégia interessante pois
possibilita avaliar as habilidades e necessidades de cada aluno, para que assim possam
fazer uso do programa de intervenção que melhor se adeque às caraterísticas de cada um.
O rastreio ajuda o professor a compreender como as incapacidades podem afetar a
aprendizagem, ajudando a tornar as suas práticas pedagógicas cada vez mais inclusivas.
As intervenções no geral fazem uso de ferramentas de bases fonológicas, que contribuem
para à aquisição e o desenvolvimento do processo de aprendizagem da leitura/escrita. São
inegáveis os benefícios das intervenções pedagógicas voltadas para o desenvolvimento
cognitivo como forma de se evitar o insucesso e o abandono escolar.
REFERÊNCIAS
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preliminar com escolares de 1º ano escolar. Rev. Psicopedagogia, v. 26, n. 81, p. 367-375,
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ISBN: 978-85-283-0408-4
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Second edition (DEST-2). Sheffield: University of Sheffield, 2003.
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da produção escrita de crianças com dislexia do desenvolvimento submetidas a intervenção
fônica computadorizada. Rev. Psicopedagogia, v. 28, n. 87, p. 246-255, 2011.
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1555