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Trabalho de H.O.V

Este documento discute a orientação vocacional e profissional em Moçambique. Aborda conceitos como orientação vocacional, profissional e o papel das instituições escolares no processo. Também discute os desafios da orientação em Moçambique, incluindo a falta de recursos e infraestrutura adequada.
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Trabalho de H.O.V

Este documento discute a orientação vocacional e profissional em Moçambique. Aborda conceitos como orientação vocacional, profissional e o papel das instituições escolares no processo. Também discute os desafios da orientação em Moçambique, incluindo a falta de recursos e infraestrutura adequada.
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1

Beti Issufo

Glória Horancio Monnene

Júlia Manuel Abudo

Natália Joaquim Horacio

Saide Waite

Wassia Rodrigues Chissindo

Orientação em Moçambique

( Licebciatura em Psicologia Educacional)

Universidade Rovuma

Extensão Niassa

2024
2

Beth Issufo

Glória Horancio Monnene

Júlia Manuel Abudo

Natália Joaquim Horacio

Saide Waite

Wassia Rodrigues Chissindo

Orientação em Mocambique

Universidade Rovuma

Extensão Niassa

2024
3

Índice
Introdução ..................................................................................................................... 4
Objetivo Geral: ............................................................................................................. 4
Objetivos Específicos: .................................................................................................. 4
Orientação Vocacional : Conceito ................................................................................ 5
Orientação profissional ................................................................................................. 5
Orientação vocacional e profissional ............................................................................ 5
Breve historial da orientação vocacional e profissional ............................................... 6
Sistema de orientação profissional em Moçambique.................................................... 6
Orientacao em mocambique ......................................................................................... 7
O Papel das Instituições Escolares ................................................................................ 8
Adolescência e Carreira ................................................................................................ 8
O Papel da Exploração .................................................................................................. 9
O Papel da Tomada de Decisão .................................................................................... 9
O Papel dos Valores ...................................................................................................... 9
Centro de Estudos e Apoio Psicológico ...................................................................... 10
SDO Consultoria ......................................................................................................... 11
Desafios da Orientacao em Mocambique ................................................................... 11
Conclusão.................................................................................................................... 13
Referências .................................................................................................................. 14
4

Introdução
Este estudo visa apresentar as condições que o sistema educativo e profissional
moçambicano disponibiliza aos jovens bem como outras condições de desenvolvimento
vocacional naquele contexto, tendo por base a revisão da literatura sobre o conceito e a
investigação do desenvolvimento vocacional, e o levantamento bibliográfico e
documental sobre a situação socioeducativa e económica moçambicana.

Assim, no mundo actual, em constantes mudanças, as decisões de carreira já não


se aplicam para toda vida. Ao contrário das gerações anteriores, onde se terminava os
estudos e se ia trabalhar num emprego até à reforma, hoje isso já não se verifica para
muitas pessoas (OCDE, 2004; O’Riain, 2002; Oyebade, 2003), visto os empregos serem
redefinidos constantemente, contrariamente ao passado, onde os empregos eram
estáveis e duradouros.

Por estas e outras razões (e.g., globalização, problemas económicos,


instabilidades sociais) é importante apostar no desenvolvimento de modelos e
programas de intervenção vocacional que apoiem os indivíduos a lidar adequadamente
com as suas carreiras (Savickas, 2002). A orientação vocacional nas escolas, enquanto
serviço de carreira, mesmo com o avanço dos desenvolvimentos científicos das últimas
décadas, continua a ser um desafio em praticamente todas as sociedades.
Independentemente do foco das preocupações nos diversos países, há ainda muitas
questões por resolver e apurar (e.g., os valores, a cultura, as questões de género, a
condição socioeconómica) (cf. Grispum, 1994).

Objetivo Geral:
 Promover o desenvolvimento integral dos indivíduos:

Objetivos Específicos:
 Melhorar o acesso à orientação educacional:
 Fornecer orientação vocacional e profissional:
 Promover a orientação para o empreendedorismo:
5

Orientação Vocacional: Conceito


Matlombe (2008, p. 23), define orientação vocacional como um processo mais
abrangente que diz respeito não somente às informações sobre as profissões, mas a toda
busca de conhecimentos a respeito de características pessoais, familiares e sociais do
orientado, promovendo o encontro entre as afinidades do mesmo, com aquilo que pode
vir a realizar em forma de trabalho.

Segundo Brott, (2005) citado por Correia (2016), a orientação vocacional auxilia
os adolescentes a realizar escolhas mais esclarecidas, reconhecendo as influências que
podem estar a interferir com a exequibilidade dos seus planos de carreira, e
proporcionando momentos de reflexão, baseados em experiências passadas e presentes.

Orientação profissional
Ferreira Marques (1993) como citado em Taveira e Silva (2011, p. 144) define
orientação profissional como sendo uma actividade que consiste em analisar as
capacidades do indivíduo, compará-las com as exigidas pela profissão, e ajudá-lo a
escolher a profissão que melhor se adequa.

Parafraseando Claraparéde (1992, p.37) como citados em Tavares (2009, p. 34),


apresentam uma definição semelhante à Marques afirmando que orientação profissional
tem como fim dirigir ou guiar o indivíduo a uma profissão que lhe ofereça mais
probabilidades de sucesso, correspondendo às suas atitudes psíquicas e físicas. Este
autor acrescenta ainda que é indispensável que além da comparação feita entre as
capacidades do indivíduo e as habilidades exigidas pela profissão, considere-se o
mercado regional de trabalho. Deste modo, a solução teria como base três factores
principais:

 Conhecimento do individuo que está a ser orientado;

 Conhecimento das aptidões requeridas para a execução das várias profissões;

 Conhecimento do mercado regional de trabalho.

Orientação vocacional e profissional


Por sua vez, Moreo (1987) como citado em Tavares (2009), descreve que a
orientação vocacional e profissional é um processo de formação que exige três
actuações principais: análise da pessoa, para conhecer as suas capacidades, interesses e
temperamento; a análise das tarefas, para que o orientado conheça os requisitos e as
várias oportunidades de trabalho; e, por último, a compreensão conjunta das análises
feitas, para permitir uma relação profícua entre o orientado e o orientador.

Analisando as abordagens acima descritas em harmonia, compreende-se que a


orientação vocacional e profissional é um processo que visa ajudar sistematicamente
pessoas que necessitam de decidir sobre o futuro da formação ou profissão. Portanto, a
OVP é a chave do sucesso do estudante ao longo da sua carreira académica, bem como
na sua inserção no mercado de trabalho.
6

Breve historial da orientação vocacional e profissional


Para uma abordagem histórica relativamente à orientação profissional e
vocacional, recorrer-se-á ao teórico Parson que é tido como um dos pioneiros desta
temática, conforme descreve Ribeiro (2011) como citado em Agibo (2016), Frank
Parsons é o precursor da orientação vocacional e profissional por ser um dos primeiros a
executar sistematicamente o trabalho de orientação no vocation Bureau dentro de Cívic
Service House, em Boston Estados Unidos da América (EUA). Este actuava em duas
frentes:

1. Orientação vocacional: Auxílio a jovens oriundos do actual ensino médio, que


desejavam orientação para o ingresso numa universidade.

2. Orientação profissional: Auxílio a pessoas que desejavam ingressar no mundo de


trabalho.

Sistema de orientação profissional em Moçambique


De acordo com Pinto (2013, p. 1) o ETP (Ensino técnico e profissional) em
Moçambique e o seu Sistema de Educação é marcado pelos momentos da História da
Educação e do País. Tendo em consideração todas as transformações ocorridas no país
pode-se dizer que a história do ETP é parte integrante da história das práticas
económicas, políticas, culturais e sociais, dos avanços e recuos da sociedade
moçambicana.

O ETP está presente quer na educação formal quer na educação não formal e
podemos ver isso quer através do quotidiano pela sobrevivência ou pela manutenção.

De acordo Pinto (2015, p. 64) considera quatro momentos marcantes no sistema do


ETP:

 A era colonial com um sistema discriminatório e não adaptado à realidade do


País;
 A era logo pós-independência (década 70) onde, numa primeira fase, se tentou
gerir a situação existente no país e do novo Sistema Nacional de Educação
(SNE) (década de 80) com uma nova estratégia de acordo com o caminho
traçado pelo Governo, e numa segunda fase, fim da guerra civil (início da
década 90), com a aprovação de um novo SNE que fizesse face à nova realidade
política, económica e social do País;
 A era pós-guerra civil (meados da década 90 e princípio do novo século), com
uma nova Política Nacional de Educação e Estratégias de Implementação, face
à uma nova realidade política, económica e social, assim como a preparação e
aprovação de uma Estratégia do Ensino Técnico-Profissional 2002-2011;
 A era actual e futura (século XXI), de implementação da nova Estratégia do
ETP e da REP (Reforma da Educação Profissional) adequada ao novo milénio,
às novas exigências, realidade, objectivos, metas e desafios como o de redução
da pobreza absoluta e a elevação do nível de vida dos moçambicanos.
7

A estrutura do subsistema do ETP compreende três níveis de formação (Ibidem, p. 84):

 Ensino Elementar Técnico e Profissional: que se faz após a conclusão do 1º


Grau do Ensino Primário Geral ou Educação de adultos, com um tempo de
formação de 2000 horas como mínimo. Inclui matérias de formação geral e
técnica, conferindo um nível escolar correspondente ao Ensino Primário geral
(7ª Classe) ou Educação de adultos;
 Ensino Básico Técnico e Profissional: que se faz após a conclusão do Ensino
Primário Geral (7ª Classe) ou Educação de adultos ou do Ensino Elementar
Técnico- Profissional, com um tempo de formação compreendido entre 2700 a
4500 horas, distribuído ao longo de 2 a 4 anos, conferindo um nível escolar
correspondente ao 2º nível (10ª Classe) do Subsistema de Educação Geral e
permitindo o ingresso ao 3º nível de qualquer dos subsistemas do Sistema
Nacional de Educação;
 Ensino Médio Técnico e Profissional: que se faz após a conclusão do 2º nível
(10 ª Classe) dos subsistemas de Educação Geral, de Educação de Adultos, ou de
Educação Técnico-Profissional, mediante a realização de um exame de
admissão, com um tempo de formação compreendido entre 3900 e 4800,
distribuídas ao longo de 2 a 4 anos, conferindo um nível escolar equivalente ao
3º nível (12ª Classe) do subsistema de educação Geral e permitindo o ingresso
no Subsistema de Educação Superior ou no nível Superior do Subsistema de
Formação de Professores.

Orientacao em Mocambique
Em Moçambique, a reintegração social de muitas crianças e jovens passa pela
escola e esta por sua vez tem o dever de orientá-los vocacionalmente. Será importante,
neste âmbito, considerar os valiosos contributos da Psicologia Vocacional, que desde os
anos 40 do século passado, tem oferecido perspectivas e resultados empíricos sobre o
comportamento vocacional, e sobre tudo, sobre os modelos e métodos de intervenção na
carreira (cf. Taveira & Silva, 2008).

O desenho e avaliação de um modelo de intervenção vocacional nas escolas


públicas de Moçambique pode constituir uma mais-valia, quer no desenvolvimento de
teorias e práticas culturalmente mais ajustadas, quer no desenvolvimento de uma
psicologia actual, ela própria, também, mais enriquecida pela investigação das
realidades e problemáticas do continente africano. Neste contexto, considera-se
importante criar novas perspectivas nas escolas e universidade públicas, onde a
práticavocacional não é realizada metódica e intencionalmente. Para tal, será importante
proceder a um estudo profundo sobre as suas vantagens, os modelos e métodos a
adoptar na intervenção vocacional, com a população da escola pública em Moçambique.

Autores como Vondracek e Skorikov (1997) assumem ainda mais, e afirmam


que a escola é um factor importante na determinação dos interesses, valores e decisões
vocacionais, mas, neste caso, ainda pouco estudada, apontando para a necessidade de se
clarificar a relação entre desenvolvimento de carreira e as experiências escolares dos
8

adolescentes. Estas considerações estão na base do interesse mais recente pelo estudo do
papel da escola na orientação escolar e profissional dos jovens e do seu
desenvolvimento de carreira a nível internacional (e.g., Athanasou & Esbroeck, 2008;
Taveira, Coelho, Oliveira & Leonardo, 2004).

O Papel das Instituições Escolares


O desenvolvimento vocacional na adolescência é um processo que implica uma
forte exploração, diferenciação dos valores, interesses, necessidades, objectivos e
tomada de decisão a vários níveis. É uma fase em que os jovens têm que tomar muitas
decisões (Taveira, 2005).

Em Moçambique este processo é pouco usado nas escolas, sendo até mais visível
fora dela (e.g., Ministérios do Trabalho, da Educação e INEFP). O que se faz na maior
parte das escolas não se apresenta como um processo de orientação vocacional. Müller
(1988) salienta que não existe uma preocupação sistemática da escola em ensinar os
alunos as habilidades de tomada de decisão. A escola não tem cumprido com alguns dos
seus objectivos como, por exemplo, ensinar a escolher, a pensar, a resolver conflitos, a
reflectir sobre a realidade e se o faz isso acontece de forma ocasional e desarticulada. A
ausência dessas oportunidades na adolescência pode resultar em imaturidade e
insegurança nos jovens e adultos (Stone & Mortimer, 1998).

Se as instituições que lidam com adolescentes e jovens em Moçambique


pretendem contribuir de modo eficaz no desenvolvimento de carreira destes, no mundo
do trabalho e no seu desenvolvimento psicossocial, existem várias formas que podem
seguir, como a educação para a carreira (Balbinotti, 2006; Jenschke, 2002; Watts,
2001), a orientação ocupacional (Montane, 1993), a preparação para a transição da
escola para o trabalho (Savickas, 2001) ou para a procura de emprego (Sarriera,
Câmara, & Berlini, 2000; Sarriera Chies, Falck, Giacomolli, & Silva, 1994). Contudo,
independente do modelo que possa ser adoptado na intervenção é importante considerar
que o contexto (e.g., familiar, escolar, social e cultural) de cada adolescente é
fundamental para uma intervenção adequada (Berger & Luckmann, 2002).

Adolescência e Carreira
A adolescência é uma fase do desenvolvimento humano na qual ocorrem
diversas mudanças no indivíduo, não só biológicas cognitivas e psicológicas, mas
também, mudanças relacionadas com os papéis sociais (Braconnier, & Marcelli, 2000).
Nas sociedades actuais, o papel de profissional é um dos papéis social novo
equacionado e, muitas vezes, assumido pelos adolescentes. Este facto coloca a
adolescência como um momento da vida do individuo, de elevada importância para os
processos de desenvolvimento e de escolha vocacional. (Bee, 1997; Steinberg 1999).
Neste âmbito, apesar de alguns adolescentes demonstrarem algumas atitudes e
comportamentos vocacionais que facilitam a autodeterminação e avanço nas decisões de
carreira, outros há, que vivem as transições vocacionais com dificuldades precisando de
apoio vocacional (Guichard, 2005; Savickas, 2005).
9

Sendo assim, existe uma grande necessidade de intervenções de


desenvolvimento de carreira que apoiem e facilitem a aquisição da capacidade dos
estudantes para tomar decisões académicas e profissionais (Rojewski, 1995). Neste
sentido, as instituições de ensino deviam ter a responsabilidade de prestar assistência ao
desenvolvimento de carreira desses alunos, mas, de acordo com a prática comum, os
serviços por elas oferecidos são, muitas vezes, insuficientes para atender às
necessidades dos alunos (Goodson, 1981; OCDE, 2005).

De acordo com Lassance, Grocks e Francisco (1993), a entrada na universidade


tem sido vista como um percurso natural que é assumido pelos jovens que terminam o
ensino médio. Neste sentido, a escolha de um curso universitário acaba, muitas vezes,
por ser feita sem exploração vocacional suficiente e sem a definição de um projecto
vocacional realista, fazendo com que as escolhas vocacionais dos jovens sejam
realizadas com base na fantasia e em estereótipos.

O Papel da Exploração
Para que os adolescentes possam desenvolver e realizar de forma consciente e
esclarecida, a escolha de uma profissão é importante que reflictam sobre que sejam
sobre quem gostariam de vir a ser, e que procurem e explorem informações sobre as
diferentes profissões existentes, o mercado de trabalho, as possibilidades de formação
profissional, entre outras, imaginando-se em várias profissões e testando hipóteses sobre
o que é necessário pôr em prática para alcançar este autoconhecimento, bem como o
conhecimento do mundo do trabalho o que resulta, em geral, por um processo de
exploração do self em relação às oportunidades escolares e profissionais (Fuqua, Blum,
& Hartman, 1988).

O Papel da Tomada de Decisão


Como vimos, o processo de decisão de carreira na adolescência é um dos
aspectos mais importantes que os adolescentes têm que realizar. A tomada de decisão de
carreira está relacionada com o estilo de vida de um indivíduo bem como com a
satisfação pessoal e vocacional (Betz & Taylor, 2006; Lounsbury, Tatum, Chambers,
Owens, & Gibson, 1999; Taveira, 2010). De salientar que alguns adolescentes são
capazes de tomar esta decisão muito rapidamente e com bastante facilidade, enquanto
outros demonstram ter muitas dificuldades com este processo (Rounds & Tinsley, 1984;
Gati, Krausz & Osipow, 1996). Assim, para um aconselhamento de carreira efectivo, é
importante saber quais são os factores que influenciam a tomada de decisão de carreira.

O Papel dos Valores


Na literatura vocacional, e fora dela, reconhecem-se os valores como outro
componente importante da orientação e do desenvolvimento da carreira e da vida,
sobretudo a partir dos anos intermédios da adolescência. Os valores são considerados
como os sentimentos, as cognições, as experiências e emoções de cada indivíduo
(Xiaohe, 1999). Embora esta visão determine que os valores são parte integrante do
indivíduo, esse facto não ajuda a especificar a sua natureza ou função. Para este efeito,
os investigadores dos valores propõem que, enquanto os animais agem por instinto e são
10

pré-programados a responder a estímulos, os humanos agem de livre vontade e


escolhem como responder aos estímulos de acordo com seus valores (Gill, 2000). Ou
seja, os valores humanos são de facto determinantes importantes das escolhas pessoais
(Hultman & Gellermann, 2002).

Instituições de orientação vocacional e profissional em Maputo


Em Moçambique, especificamente na província de Maputo, foram identificadas
três instituições que prestam serviços de orientação profissional, a CEAP (Centro de
Exames e Atendimento Psicológico), a CPAEP (Centro Psicológico de Atendimento e
Exames Psicotécnicos), a SDO Consultoria.

Centro de Estudos e Apoio Psicológico


O Centro de Estudos e Apoio Psicológico (CEAP) pertence a Faculdade de
Educação da Universidade Eduardo Mondlane e serve para prestar apoio psicológico à
comunidade estudantil e ao público em geral e ainda coordenar a realização da parte
prática do curso de Psicologia oferecido pela Universidade Eduardo Mondlane. De
acordo com Guambe (2015), os serviços oferecidos pelo CEAP são:

 Psicologia clínica e psicoterapia de apoio;

 Aconselhamento psicológico;

 Necessidades educativas especiais e dificuldades de aprendizagem;

 Orientação escolar, vocacional/profissional;

 Consultas de terapia familiar.

Conforme pode-se notar, um dos serviços fornecidos por este centro é a


orientação escolar, vocacional/profissional. Para aceder este serviço deve-se marcar
uma consulta no valor de 100MZN para estudantes internos da Universidade Eduardo
Mondlane (UEM), e 500MZN para estudantes externos. Geralmente, depois da primeira
consulta são marcadas outras sessões no sentido de obter resultados mais consistentes.
Daí, são requeridos mais e mais recursos financeiros.

Centro Psicológico de Atendimento e Exames Psicotécnicos O (CPAEP) é uma


instituição pública que se dedica em actividades que promovem a saúde mental. Uma
dessas actividades é a orientação profissional. Para realizar esta actividade são tomados
em consideração sessões com o estudante, de forma a conhecê-lo para posteriormente
decidir a sua inclinação profissional. Geralmente durante essas sessões, o psicólogo faz
algumas questões ao estudante. E com base nas respostas, pode-se obter um resultado
correspondente a inclinação profissional do estudante. Mas este resultado não é
completamente satisfatório, é requerido ainda o uso de testes psicotécnicos.

Para que um estudante tenha acesso aos serviços de orientação profissional na


CPAEP deve pagar inicialmente um valor de 1000MZN. Para a aquisição de testes na
CEGOC, são pagos altos valores monetários. Daí que, ao longo do processo de
11

orientação profissional, se o psicólogo recomendar o uso de testes o estudante deve


pagar pelos testes. O processo completo pode variar de 1500 a 3000MZN.

SDO Consultoria
SDO Consultoria é uma empresa Moçambicana, cujo foco é oferecer soluções
integradas e inovadoras no mercado de Consultoria que contribuam para o
desenvolvimento do negócio dos seus clientes, valorizando as pessoas e criando futuro
para as organizações. De entre diversas actividades realizadas pela SDO Consultoria,
encontra-se a orientação profissional. Esta, é aplicada não só a estudantes que queiram
iniciar a sua carreira, mas também a indivíduos que desejam trocar de profissão. Para
adquirir este serviço o indivíduo tem de pagar um valor de 1000MZN para a consulta
inicial, e posteriormente se for necessário, deve pagar um outro valor para o teste.

A existência de Instituições de orientação vocacional e profissional em Maputo


nos dá a visão que a OVP é uma realidade efectiva pois, tendo em conta que o
desenvolvimento de carreira dos alunos é influenciado pelo contexto social, económico,
pelas oportunidades educacionais e de trabalho às quais cada indivíduo tem acesso.
Promover o desenvolvimento de carreira dos alunos deve ser um compromisso e uma
tarefa de toda a sociedade de modo a que se avance no sentido de se desenvolver acções
de intervenção eficientes e eficazes no contexto do sistema educativo nacional. Todavia,
as Instituições de orientação vocacional e profissional devem fazer parcerias com as
escolas públicas no sentido de melhor expansão dos seus serviços de modo que em
conjunto busquem soluções para melhor auxiliar os alunos no momento das suas
escolhas.

Desafios da Orientacao em Moçambique


Em Moçambique, como em muitos outros países, a orientação enfrenta uma
série de desafios que podem dificultar sua eficácia e alcance. Alguns desses desafios
incluem:

Falta de recursos: A escassez de recursos financeiros, materiais e humanos é um


dos principais desafios enfrentados pelos serviços de orientação em Moçambique. Isso
pode limitar a disponibilidade e qualidade dos programas de orientação em várias
comunidades.

Infraestrutura inadequada: Muitas áreas de Moçambique, especialmente as


rurais, carecem de infraestrutura básica, como escolas, centros comunitários e serviços
de saúde. Isso dificulta a implementação eficaz de programas de orientação nessas
regiões.

Disparidades regionais: Existem disparidades significativas no acesso aos


serviços de orientação entre áreas urbanas e rurais, bem como entre diferentes regiões
do país. As áreas urbanas geralmente têm mais recursos e oportunidades de orientação
em comparação com as áreas rurais e remotas.
12

Falta de orientadores qualificados: A escassez de orientadores qualificados e


treinados é outro desafio. A falta de profissionais capacitados pode limitar a capacidade
dos serviços de orientação de atender às necessidades diversificadas da população.

Barreiras culturais e linguísticas: Moçambique é uma nação culturalmente


diversa, com várias línguas e tradições. Barreiras culturais e linguísticas podem
dificultar a comunicação eficaz entre os orientadores e as comunidades que servem.

Falta de conscientização sobre a importância da orientação: Em algumas


comunidades, pode haver uma falta de compreensão sobre os benefícios da orientação e
seu papel no desenvolvimento pessoal e profissional. Isso pode levar à subutilização dos
serviços de orientação disponíveis.

Superar esses desafios requer um compromisso contínuo por parte do governo,


organizações não governamentais e outros stakeholders para investir em recursos,
infraestrutura e capacitação de pessoal. Além disso, é importante adaptar os programas
de orientação para atender às necessidades específicas de diferentes grupos
populacionais e garantir que eles sejam culturalmente sensíveis e linguisticamente
acessíveis.
13

Conclusão
A orientação em Moçambique em diversos contextos, desde a educação até ao
desenvolvimento comunitário. Apesar dos desafios como a falta de recursos e
infraestrutura inadequada, há esforços significativos sendo feitos por organizações
governamentais e não governamentais para promover a orientação em todo o país. A
orientação não se limita apenas ao ambiente educacional, abrangendo também a
orientação vocacional, para o empreendedorismo e o apoio psicossocial. No entanto, é
necessário um investimento contínuo em formação de orientadores, melhoria da
infraestrutura e desenvolvimento de currículos relevantes para fortalecer e expandir os
serviços de orientação. Conclui-se que a orientação desempenha um papel vital no
desenvolvimento humano e social de Moçambique, sendo essencial para garantir
oportunidades de crescimento pessoal e profissional para todos os moçambicanos,
contribuindo para um futuro mais próspero e equitativo para o país.
14

Referências
Afonso, M., & Taveira, M. (2001). Exploração vocacional de jovens: Condições do
contexto relacionadas com o estatuto socioeconómico e com o género. Braga:
Lusografe.

Almeida, L., & Lopes, M. (2004). O Inventário dos Valores de Vida (LVI): Estudos
com adultos trabalhadores. Comportamento Organizacional e Gestão, 2, 189- 206.

Almeida M., & Pinto, H. (2002). Inventário dos Valores de Vida. Lisboa: Edição de
autor. Athanasou, J., & Esbroeck, R. (2008). International Handbook of Career
Guidance, Springer Science.

Agibo, M. L. L. C. (2016). Intervenção e avaliação em Orientação Profissional:


Narrativas de adolescentes moçambicanos sobre a escolha da profissão e a influência
parental. Dissertação de Doutoramento, Faculdade de Filosofia, Ribeirão Preto.
Recuperado de, https://teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-19012017-
151935/publico/MARIALUISACHICOTEAGIBOcorrigida.pdf.

Agibo, M. & Melo-Silva, L. (2018). Orientação profissional e de carreira na perspectiva


de adolescentes moçambicanos. Revista da SPAGESP, 19 (2), 49-63. Recuperado de
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-
29702018000200005&lng=pt&tlng=pt.

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