UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
TEORIA DAS ESTRUTURAS APLICADAS AOS AVIÕES I
CARGAS EM AERONAVES
PROFESSORES: RODRIGO DE SÁ MARTINS E HÉLIO DE ASSIS PEGADO
9 CARGAS DE FUSELAGEM
9.1 NATUREZA DAS CARGAS
As cargas na fuselagem podem ser classificadas em 4 tipos principais:
Aerodinâmicas, devido à distribuição de pressão no corpo da fuselagem.
Cargas de componentes: que geram carregamentos concentrados no C.A. ou
C.G. do componente.
Cargas de pressurização.
Cargas inerciais.
Essas cargas são ilustradas
Figura – Cargas em uma fuselagem
9.2 CARGAS AERODINÂMICAS
Conforme Iscold (2002): “a carga aerodinâmica atuante sobre a superfície da
fuselagem leve deve ser obtida através da integração dos resultados de pressão obtidos através
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de ensaios em túnel de vento ou simulações computacionais. Em geral, para aeronaves de
transporte comercial, devem ser analisados diversos casos com a combinação entre Número
de Mach, ângulo de ataque e ângulo de derrapagem. Estas cargas podem ser consideradas
como cargas de pressão externa que, combinadas com as cargas de pressão interna devido á
pressurização, compõe as cargas de pressão atuantes em uma fuselagem.”
Figura: Análise Computacional da Pressão sobre a Fuselagem da Aeronave CEA-308
– Iscold(2002)
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Figura: Distribuição de pressão ao longo da fuselagem da aeronave CEA-308 – Iscold(2002)
9.3 CARGAS GERADAS PELAS EMPENAGENS
Segundo Iscold (2002): “As diversas cargas devidas as empenagens devem ser
combinadas e seus esforços produzidos na fuselagem, devem ser analisados de forma a definir
as condições criticas. O critério para proceder esta combinação são definidos pelos
regulamentos de acordo com a condição de voo da aeronave.”
9.4 CARGAS NO TREM DE POUSO
Conforme visto no capítulo anterior, as condições do pouso realizado pela aeronave
permitem o cálculo das cargas que serão transmitidos à fuselagem. Segundo Iscold, as
condições de taxi e manuseio no solo também devem ser considerados e deve ser dada
atenção especial as condições de pouso forçado definidas no parágrafo 561 dos regulamentos.
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9.5 DISTRIBUIÇÃO DA CARGA PAGA
A distribuição da carga afeta a posição e o passeio do Centro de Gravidade e
influencia nas cargas em voo, principalmente nas da empenagem horizontal e da asa. A
dissimetria das cargas na cauda podem causar significativa torção na parte traseira da
fuselagem, assim como, cargas na cauda contribuem para a flexão da fuselagem
9.6 CARGAS DE PRESSURIZAÇÃO
Conforme Iscold (2002), estas cargas são tratadas como internas a aeronave e o
regulamento indica três condições que devem ser analisadas:
- pressurização sem cargas de voo ou pouso;
- pressurização com cargas de voo (sobretudo a distribuição de pressão externa); e
- pressurização com cargas de pouso.
9.7 ANÁLISE ESTRUTURAL
Ao avaliar a estrutura de uma aeronave, deve-se ter em mente que ela é hipostática. Ou
seja, ela possui movimento de corpo rígido. Dessa forma, deve-se fazer o equilíbrio em torno
do centro de gravidade e traçar os diagramas de esforço cortante, momento fletor e torsor ao
longo de todo o comprimento da fuselagem, considerando-a como uma viga de Euler.
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Figura: Idealização da Aeronave como viga – Sauer (2018)
As tensões atuantes, com base na teoria de vigas, são calculados de acordo com a
M .c
σ=
I
distribuição de momentos fletores de acordo com , onde I é o momento de inércia e
c é a distância do centro da fuselagem ao revestimento, e é representado na Figura a seguir.
Figura: Distribuição de Tensões - Sauer(2018)
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A parte traseira da fuselagem, conectada a cauda, resiste a força cortante e a um
momento fletor. O revestimento resiste a tensões de cisalhamento com uma distribuição
relacionada a força cortante e I o momento de inércia da seção transversal. As longarinas e o
revestimento resistem a tensões normais de tração devido ao momento fletor enquanto as
inferiores resistem as tensões de compressão conforme a Figura a seguir.
Figura: Tensões Normais na parte superior e inferior da fuselagem - Sauer(2018)
Para análise da fuselagem as longarinas e reforçadores são idealizados como cargas
concentradas (booms) e as tensões de cisalhamento se distribuem conforme a figura abaixo.
Figura: Distribuição das Tensões de Cisalhamento na Seção Transversal da Fuselagem –
Sauer(2018)