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Fontes de Rendimento Familiar-Nanda

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1.

FONTES DE RENDIMENTO FAMILIAR

Em Moçambique, tal como em outros países da África Austral, a maior parte da população vive
na zona rural, onde a agricultura desempenha um papel muito importante como fonte de renda e
de alimentos básicos. Os dados do Censo 2007 indicam que em Moçambique 70,2% da
população vive na zona rural e 76% da força de trabalho pratica a agricultura, silvicultura, pesca
e extracção mineral (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA - INE, 2009). A produção
orientada para o mercado tem crescido nos últimos anos. Com o término da guerra civil em 1992,
o movimento de pessoas e bens tornou-se cada vez maior. Uma das principais restrições para o
desenvolvimento da agricultura é a falta de infra-estrutura, como, por exemplo, uma rede de vias
de acesso capaz de facilitar o escoamento de produtos agrícolas das zonas produtoras aos centros
de consumo. O uso reduzido de tecnologias melhoradas de produção, que oferecem melhores
rendimentos, é também um factor determinante do pequeno crescimento da produção. Os dados
do Trabalho de Inquérito Agrícola – TIA (2008) mostram que menos de 3% têm acesso a crédito
e menos de 10% dos produtores usam sementes melhoradas.

Em Moçambique, além do Ministério da Agricultura, há várias organizações sem fins lucrativos,


entre nacionais e internacionais, implantando projectos que visam a transformar a agricultura
familiar ou de subsistência numa agricultura orientada para o mercado pela provisão de serviços
de extensão rural nas áreas de produção agrícola e pecuária, comercialização, processamento e
associativismo. Existem também organizações que promovem actividades de geração de renda
não necessariamente na agricultura. Em geral, a finalidade de todas essas organizações é tirar as
famílias da pobreza pelo emprego da sua mão-de-obra e dos recursos naturais, como, por
exemplo, a terra de que dispõem.

O país tem condição agro ecológicas subaproveitadas, e a localização na costa com três portos
principais (Maputo, Beira e Nacala) confere ao país maior vantagem competitiva para o
aproveitamento do mercado externo comparativamente aos países do interior que dependem de
portos moçambicanos. Em 2010, a contribuição da agricultura1 para o PIB foi de 23,3%
(INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA – INE, 2011). Esta contribuição para o PIB tem
condições de ser aumentada com o uso eficiente dos recursos naturais, promovendo mais
emprego e aumento da renda.

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1.1. Indicadores de fontes de rendimento familiar

Existem alguns estudos sobre determinantes da renda rural em Moçambique com base em dados
do Trabalho de Inquérito Agrícola (TIA) produzidos pelo Ministério da Agricultura. Walker et al.
(2004) analisaram os determinantes da renda rural, pobreza e serviços como alfaiate, pedreiro e
reparação de rádios e bicicletas; produção artesanal, carpintaria ou marceneiro, produção de
blocos e tijolos. As remessas correspondem ao valor recebido pela família em dinheiro e/ou em
espécie enviado por familiares e valor da pensão.

O estudo de Mather et al. (2008) analisou a renda e activos de famílias rurais entre 2002 e 2005 e
encontrou que a renda por adulto equivalente aumentou 15%, mas a mediana por adulto
equivalente baixou 1%, ou seja, houve um aumento da dispersão de renda, isto é, as famílias
mais pobres em 2002 aumentaram a sua pobreza em 2005, enquanto as famílias ricas em 2002 se
tornaram mais ricas em 2005. Em relação aos activos, os resultados indicam que as famílias
acumularam activos como terra, animais e bicicletas entre 2002 e 2005. A desigualdade de renda
familiar é muito alta nas zonas rurais de Moçambique. Assim sendo, estudos detalhados sobre os
determinantes da desigualdade de renda nas zonas rurais de Moçambique são urgentes para
orientar políticas que promovam igualdade de renda.

O efeito de políticas pode variar consideravelmente por fontes de renda, daí que um simples
conhecimento dos níveis de desigualdade não é suficiente para o desenho de políticas públicas
adequadas (BELLU; LIBERATI, 2006). Segundo Ellis (1999), estudos empíricos mostram que
um dos efeitos negativos da diversificação de fontes de renda é o aumento da desigualdade da
renda entre as famílias. Isto ocorre porque as famílias de estrado de renda alto são capazes de
entrar no mercado de trabalho de maior remuneração do que as famílias pobres e isto está
associado aos recursos da família, principalmente o capital humano.

As pesquisas de Walker et al. (2004), Cunguara (2008) e Mather et al. (2008) não analisaram os
factores que determinam a participação de indivíduos em actividades de geração de renda e os
determinantes da desigualdade de renda familiar no meio rural em Moçambique. Esta pesquisa
irá complementar os trabalhos já existentes introduzindo a análise de participação de indivíduos
nas actividades de geração de renda e a decomposição da desigualdade por fontes de renda,
contribuindo com informação actualizada sobre a renda rural em Moçambique. Dado que o

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último TIA foi realizado em 2008 e já houve estudos cobrindo o período de 2002 e 2005, esta
pesquisa vai cobrir o período remanescente de 2005 a 2008, em que houve grande crescimento
em investimentos públicos para a agricultura.

No Mundo, várias abordagens vêm sendo aplicadas para promover a melhoria das condições de
vida no meio rural. Até princípios da década de 90, havia duas abordagens complementares:

i) O incentivo e assistência para aumentar a produção dos pequenos produtores através de


tecnologias da revolução verde e;

ii) A abordagem “indústria primeiro” que se baseava na criação de oportunidades de


emprego para transferir o excesso da mão-de-obra rural para fora da agricultura de
pequena escala. Essas políticas causaram um crescimento da economia pela
intensificação da produção, economias de escala e expansão de mercados, mas o sucesso
foi parcial, pois prevaleciam fome e pobreza na maioria das regiões onde estas políticas
foram aplicadas (WARREN, 2002).

1.2. Identificação de rendimentos e despesas

O primeiro passo para elaborar o orçamento é a identificação rigorosa de todos os rendimentos e


despesas. Os rendimentos correspondem ao dinheiro que se recebe e as despesas aos pagamentos
que há que efectuar. Ao subtrair as despesas aos rendimentos obtém-se o saldo com a situação
financeira.

1.2.1. Rendimentos

Os rendimentos dependem da situação laboral dos membros do agregado familiar e do seu


património. Para os trabalhadores por conta de outrem, o salário é certamente a componente mais
importante do rendimento. Os trabalhadores empregados podem também receber prémios ou
bónus anuais.

No caso dos trabalhadores por conta própria, a principal fonte de rendimento são as receitas da
sua actividade profissional.

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Alguns agregados familiares recebem também abonos de família em função do número de filhos.

Os trabalhadores reformados recebem, em regra, uma pensão de reforma ou invalidez, se for o


caso. Podem também receber complementos de reforma, tais como rendimentos de aplicações
financeiras que tenham feito voluntariamente durante a vida activa.

Os agregados familiares podem também receber rendimentos associados ao património, como


sejam os juros de aplicações financeiras e as rendas recebidas pelo arrendamento de imóveis.

Os rendimentos do agregado familiar podem classificar-se em fixos ou variáveis:

 Os rendimentos fixos são aqueles cujo valor se mantém inalterado durante o período de
tempo que se conhece (por exemplo, os salários ou as pensões de reforma).

 Os rendimentos variáveis, tal como o nome indica, são os que variam ao longo do tempo
(por exemplo, comissões recebidas em função das vendas realizadas).

1.2.2. Despesas

Na realização do orçamento familiar as despesas devem ser todas identificadas,


independentemente da sua natureza.

As despesas do agregado familiar podem classificar-se em necessárias ou supérfluas:

 As despesas necessárias correspondem ao pagamento de bens e serviços considerados


essenciais, como a alimentação, o vestuário, a habitação ou as despesas com saúde e
educação;

 As despesas supérfluas correspondem ao pagamento de bens e serviços destinados à


satisfação de desejos como, por exemplo, a aquisição dos últimos modelos de vestuário
ou calçado;

 As despesas do agregado familiar, necessárias ou supérfluas, podem também classificar-


se em fixas ou variáveis, distinguindo-se pelo seu grau de flexibilidade;

 As despesas fixas são despesas cujo montante não podemos alterar no curto prazo, porque
não dependem do nosso consumo. Podem ser totalmente fixas ou sofrer alterações ao

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longo do tempo, por exemplo, a renda de uma casa alugada ou a prestação de um crédito
à habitação;

 As despesas variáveis dependem do consumo mensal e podem ser alteradas, reduzidas ou


eliminadas, embora algumas não possam reduzir para além de um certo limite, por
exemplo, a alimentação, água e electricidade;

 Os encargos com as despesas dependem de diversos factores, como sejam a dimensão do


agregado familiar e as preferências individuais e familiares;

 O peso de cada tipo de despesa no orçamento familiar é revelante;

 Um peso elevado de despesas fixas significa que grande parte do rendimento se destina
ao pagamento de encargos que, no curto prazo, são difíceis de ajustar porque se
encontram fora da margem de decisão dos membros do agregado familiar;

 Quanto maior for o peso das despesas fixas no total das despesas mais difícil se torna a
uma família ajustar o seu orçamento a uma eventual queda inesperada do rendimento,
devido, por exemplo, a uma situação de desemprego.

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