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Gardnerella Vaginalis

Este documento discute a Gardnerella vaginalis, uma bactéria associada à vaginose bacteriana, uma infecção vaginal comum. O documento aborda tópicos como epidemiologia, patogênese, sintomas, diagnóstico e tratamento da infecção.
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Gardnerella Vaginalis

Este documento discute a Gardnerella vaginalis, uma bactéria associada à vaginose bacteriana, uma infecção vaginal comum. O documento aborda tópicos como epidemiologia, patogênese, sintomas, diagnóstico e tratamento da infecção.
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Gardnerella vaginalis: assistência de enfermagem Enfermagem

Introdução
Na área da enfermagem ginecológica, a consulta é um momento crucial para
promover a saúde e o bem-estar das mulheres. Durante a consulta, o enfermeiro
desempenha um papel fundamental ao realizar exames físicos, coletar histórico médico e
oferecer orientações sobre cuidados preventivos. Essa abordagem holística busca não
apenas tratar problemas de saúde, mas também educar e empoderar as pacientes em
relação ao seu próprio corpo.
Um dos desafios comuns enfrentados durante as consultas ginecológicas é a
presença de infecções, como a causada pela bactéria Gardnerella vaginalis. Essa infecção,
conhecida como vaginose bacteriana, pode causar desconforto e complicações se não for
tratada adequadamente. Portanto, é essencial que o enfermeiro esteja familiarizado com as
características dessa infecção e saiba como orientar as pacientes sobre os cuidados
necessários.
Ao abordar a Gardnerella durante a consulta ginecológica, o enfermeiro pode
fornecer informações sobre os sintomas, diagnóstico, tratamento e medidas preventivas.
Isso inclui a importância da higiene íntima adequada, o uso correto de preservativos e a
adesão ao tratamento prescrito pelo médico. Assim, a consulta não apenas trata a condição
atual, mas também capacita a paciente a tomar decisões informadas para sua saúde
ginecológica a longo prazo.
A Gardnerella vaginalis e a Gardnerella mobiluncus são duas bactérias que
normalmente vivem na vagina sem causar qualquer tipo de sintoma. No entanto, quando se
multiplicam de forma exagerada, podem causar uma infecção conhecida popularmente
como vaginose bacteriana, que levam à produção de corrimento branco-acinzentado e de
cheiro forte.
O tratamento é feito com remédios antibióticos, como Metronidazol ou Clindamicina,
em forma de comprimido oral ou pomadas que devem ser aplicadas na vagina, embora, em
alguns casos, a cura possa ser alcançada apenas com a lavagem adequada da região.
A infecção por Gardnerella ocorre com mais frequência em mulheres, já que a
bactéria faz parte da microbiota vaginal normal, porém os homens também podem ser
infectados através de relações sem preservativo com uma parceira infectada.
Gardnerella vaginalis é uma bactéria Gram-negativa anaeróbia facultativa,
frequentemente associada à vaginose bacteriana (VB), uma das infecções vaginais mais
comuns em mulheres em idade reprodutiva. Neste trabalho, discutiremos epidemiologia,
patogênese, apresentação clínica, diagnóstico, tratamento e cuidados de enfermagem
relacionados à Gardnerella vaginalis e à vaginose bacteriana.

Epidemiologia
A epidemiologia da Gardnerella vaginalis, associada à vaginose bacteriana, reflete
uma condição comum e amplamente prevalente entre as mulheres em idade reprodutiva.
Estudos epidemiológicos indicam que a vaginose bacteriana afeta aproximadamente 30% a
50% das mulheres em todo o mundo, tornando-a uma das infecções ginecológicas mais
frequentes. A prevalência varia conforme a região geográfica, fatores demográficos e
comportamentais, além de fatores de risco específicos, como o uso de contraceptivos
hormonais, tabagismo e histórico de infecções sexualmente transmissíveis.
A Gardnerella vaginalis não é contagiosa, pois faz parte da flora vaginal normal. No
entanto, alguns fatores podem aumentar o risco de multiplicação dessa bactéria, como
vários parceiros sexuais, uso de cigarro, prática regular de lavagens vaginais ou uso de DIU
como método contraceptivo. Além disso, pessoas com o sistema imunológico enfraquecido,
devido a HIV, AIDS ou tratamento do câncer, por exemplo, podem apresentar vaginose
bacteriana com mais frequência. Esses fatores de risco destacam a complexidade da
epidemiologia da Gardnerella vaginalis, ressaltando a importância da educação sobre saúde
sexual e reprodutiva, bem como da avaliação regular da saúde ginecológica para prevenção
e detecção precoce de condições como a vaginose bacteriana.

Patogênese
A patogênese da Gardnerella vaginalis na vaginose bacteriana envolve um
desequilíbrio complexo no microbioma vaginal. Esse desequilíbrio é caracterizado pela
diminuição dos lactobacilos, bactérias benéficas que normalmente mantêm o pH vaginal
ácido, e pelo aumento do pH vaginal, criando um ambiente favorável ao crescimento de
bactérias anaeróbicas como a Gardnerella. Durante períodos de maior produção de
estrógeno, como na fase ovulatória do ciclo menstrual, há um aumento da população de
lactobacilos e um acúmulo de glicogênio nas células vaginais.
Os lactobacilos desempenham um papel crucial ao converter o glicogênio em ácido
lático, contribuindo para a manutenção do pH vaginal ácido, que inibe o crescimento de
micro-organismos patogênicos. No entanto, quando ocorre um desequilíbrio nesse sistema,
com a diminuição dos lactobacilos e a redução da produção de ácido lático e peróxido de
hidrogênio (H₂O₂), microrganismos como a Gardnerella vaginalis podem prosperar. A
Gardnerella pode se aproveitar desse ambiente menos ácido para colonizar a vagina de
forma excessiva, desencadeando a vaginose bacteriana, que se manifesta clinicamente por
sintomas como corrimento vaginal anormal e odor desagradável.
Portanto, compreender a patogênese da Gardnerella vaginalis na vaginose
bacteriana é fundamental para o manejo adequado dessa condição. Estratégias que visam
restaurar o equilíbrio do microbioma vaginal, como o uso de probióticos e tratamentos
antimicrobianos específicos, são essenciais para controlar o crescimento excessivo da
Gardnerella e promover a saúde ginecológica das pacientes.

Apresentação Clínica
Os sintomas da VB incluem corrimento vaginal acinzentado ou branco, odor de
peixe, prurido vulvar, queimação ao urinar e dor durante o sexo. Entretanto, algumas
mulheres podem ser assintomáticas.
A presença da Gardnerella manifesta-se de forma diferente na mulher e no homem,
apresentando um ou mais dos seguintes sintomas:

Sintomas na mulher Sintomas no homem

Vermelhidão no prepúcio, glande


Corrimento branco ou acinzentado ou uretra

Pequenas bolhas na vagina


Dor ao urinar
Odor desagradável que se intensifica após o contato Coceira no pênis
íntimo desprotegido

Dor durante o contato íntimo


Secreção amarelada na uretra

Em muitos homens, é mais comum que a infecção por Gardnerella sp. não provoque
qualquer sintoma e, por isso, também pode não ser necessário fazer tratamento. Porém, se
tornar muito frequente na mulher pode ser recomendado, pelo médico, que o homem
também faça o tratamento, pois pode estar passando de novo para a mulher, especialmente
se praticarem o contato íntimo sem preservativo.

Diagnóstico
O diagnóstico é baseado em critérios clínicos, como odor de peixe após adição de
hidróxido de potássio ao corrimento, pH vaginal elevado (>4,5), presença de células clue
(células epiteliais cobertas por bactérias) no esfregaço vaginal e ausência de leucorreia.
Além disso, uma anamnese completa, incluindo histórico sexual e sintomas relatados pelas
pacientes, é fundamental para um diagnóstico preciso. Testes laboratoriais, como cultura ou
PCR, podem ser realizados em casos complexos.
Alguns exames podem ser realizados, como: Papanicolau, teste das aminas, os
exames a fresco (corados pelo Gram) e medição do pH vaginal. Através do exame de
Papanicolau é possível identificar alterações inflamatórias e lesões neoplásicas no colo do
útero, sendo uma ferramenta importante no reconhecimento de alterações na microbiota
vaginal, comumente utilizado para realizar a triagem por se tratar de um exame rápido e de
baixo custo. Devido a indisponibilidade de alguns desses exames na prática clínica diária,
especialmente nos países em desenvolvimento, foi adotada outra forma de identificação de
alterações vaginais, intitulada Abordagem Sindrômica (ABS), fundamentada na identificação
de sinais e sintomas observados durante a avaliação clínica.

Tratamento
Não há indicação de rastreamento de vaginose bacteriana em mulheres
assintomáticas. O tratamento é recomendado para mulheres sintomáticas,
especialmente aquelas com histórico de comorbidades ou potencial risco de
complicações (previamente à inserção de DIU, cirurgias ginecológicas e exames
invasivos no trato genital). A recorrência de VB após o tratamento é comum: 15% a 30%
das mulheres apresentam VB sintomática 30 a 90 dias após a terapia com antibióticos,
enquanto 70% das pacientes experimentam uma recorrência em nove meses.
Algumas causas justificam a falta de resposta terapêutica aos esquemas
convencionais; dentre elas, atividade sexual frequente sem uso de preservativos,
duchas vaginais, utilização de DIU, inadequada resposta imune e resistência bacteriana
aos imidazólicos. Cepas de Atopobium vaginae resistentes ao metronidazol são
identificadas em várias portadoras de vaginose bacteriana recorrente (VBR), contudo,
esses bacilos são sensíveis à clindamicina e às cefalosporinas. O tratamento padrão
inclui metronidazol oral ou vaginal e clindamicina vaginal. Terapias alternativas incluem
tinidazol e combinações de antibióticos. É importante considerar tratamento para
parceiros sexuais e evitar relações sexuais durante o tratamento.

VAGINOSE BACTERIANA TRATAMENTO

Metronidazol 250mg. 2 comprimidos VO, 2x


por dia, por 7 dias
OU
Metronidazol 400mg. 1 comprimidos VO,
8/8h, por 7 dias
Primeira opção OU
Metronidazol 400mg, 5 comprimidos, VO,
dose única (dose total de tratamento 2g)
OU
Metronidazol gel vaginal 100mg/g, um
aplicador cheio via vaginal, à noite ao
deitar-se, por 5 dias

Segunda opção Clindamicina 300mg, VO, 2x por dia, por 7


dias

Recorrentes Encaminhar para consulta médica

Observação: O tratamento das parcerias sexuais não está recomendado. Para o


tratamento com Metronidazol 2g, orientar o paciente em relação à intolerância gástrica. No
caso de gestantes, deve-se consultar o Protocolo de Enfermagem de Assistência ao
Pré-Natal de risco habitual e intermediário do município de Toledo. Durante o tratamento
com Metronidazol, é crucial evitar a ingestão de álcool devido ao efeito antabuse, que é
causado pela interação de derivados imidazólicos com álcool, resultando em mal-estar,
náuseas, tonturas e um "gosto metálico na boca". Também é recomendado suspender as
relações sexuais durante o tratamento e manter o tratamento mesmo durante a
menstruação.

Cuidados de Enfermagem
Os enfermeiros desempenham um papel fundamental na educação e
aconselhamento sobre higiene vaginal adequada, uso de preservativos, efeitos colaterais
dos medicamentos, importância da adesão ao tratamento e prevenção de recorrências.
Além disso, é essencial fornecer apoio emocional às pacientes, pois infecções genitais
podem ter um impacto significativo na qualidade de vida. Inclua também informações sobre
a importância da educação sexual e do apoio psicológico durante o tratamento.
Aconselhar também uso de roupas íntimas de algodão e/ou dormir sem as mesmas
a fim de promover melhor ventilação; Banho de assento com ácido acético (vinagre), (1-2
colheres de sopa em 1 litro de água) a fim de melhorar os sintomas; Evitar roupas
apertadas ou diminuir o tempo.

Conclusão
A Gardnerella vaginalis e a vaginose bacteriana representam desafios significativos
na saúde das mulheres, exigindo uma abordagem abrangente e especializada por parte dos
profissionais de enfermagem. Essas condições, muitas vezes subestimadas, podem
impactar profundamente a qualidade de vida das pacientes, afetando não apenas a saúde
física, mas também o bem-estar emocional e psicológico. É fundamental que os enfermeiros
reconheçam a importância de se aprofundar no conhecimento dessas patologias,
compreendendo sua fisiopatologia, métodos de diagnóstico e opções terapêuticas
disponíveis.
Ao investir na educação contínua e na atualização constante de práticas baseadas
em evidências, os enfermeiros desempenham um papel crucial na prevenção e no manejo
eficaz da Gardnerella vaginalis e da vaginose bacteriana. Essa expertise não apenas
permite a identificação precoce dessas condições, mas também facilita a implementação de
estratégias terapêuticas personalizadas, levando em consideração as necessidades
individuais de cada paciente. Além disso, ao promover uma abordagem holística da saúde
feminina, os enfermeiros contribuem para o fortalecimento da autonomia e do
empoderamento das pacientes, capacitando-as a tomar decisões informadas sobre sua
saúde reprodutiva.
Portanto, é imperativo que os enfermeiros reconheçam a Gardnerella vaginalis e a
vaginose bacteriana como questões de saúde prioritárias, integrando o cuidado preventivo,
educativo e terapêutico de forma interdisciplinar. Somente através de uma colaboração
eficaz entre profissionais de saúde, pacientes e comunidade é possível alcançar resultados
ótimos e promover a saúde e o bem-estar duradouros das mulheres afetadas por essas
condições.

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