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Gado Guzerá Artigo COMPLETO

Este documento descreve a raça bovina Guzerá, originada da Índia e introduzida no Brasil em 1870. A raça é resistente e se adapta bem aos sistemas de criação extensivos no Brasil. Apesar de seu potencial leiteiro e genético, ainda há trabalho a ser feito para melhorar a raça, como correção fenotípica e seleção de animais produtores de leite A2.

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Gado Guzerá Artigo COMPLETO

Este documento descreve a raça bovina Guzerá, originada da Índia e introduzida no Brasil em 1870. A raça é resistente e se adapta bem aos sistemas de criação extensivos no Brasil. Apesar de seu potencial leiteiro e genético, ainda há trabalho a ser feito para melhorar a raça, como correção fenotípica e seleção de animais produtores de leite A2.

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Sistema de criação e características do gado Guzerá leiteiro

Thainá Alves Ferreira Grechi 1; Caroline Baena Fernandes 2; José Carlos Telles Carriel da
Silva3
1Graduanda em Medicina Veterinária, Universidade Iguaçu – UNIG, Nova Iguaçu/RJ – Brasil. E-mail: [email protected]

2Graduanda em Medicina Veterinária, Universidade Iguaçu – UNIG, Nova Iguaçu/RJ – Brasil. E-mail: [email protected]

3Graduando em Medicina Veterinária, Universidade Iguaçu – UNIG, Nova Iguaçu/RJ – Brasil. E-mail: [email protected]

RESUMO. Guzerá é uma raça de dupla aptidão originada da Índia e foi a primeira raça zebuína a
ser introduzida no Brasil por volta de 1870. Sua origem na humanidade vem datando de muitos
anos antes de Cristo, tendo sido encontrados selos impressos em cerâmica em sítios arqueológicos
da Índia, Paquistão e Iraque. Devido a características resistência e adaptabilidade as intempéries
climáticas, o Brasil começou a investir em programas de melhoramento genético, tanto para carne,
quando para leite e em 1994 surgiu o Programa Nacional de Melhoramento do Guzerá para leite.
De acordo com o grau de pureza do Guzerá, ele se adapta bem no sistema semi-intensivo e
extensivo – que é a criação a pasto, já que é um animal pouco exigente com tecnologias, resistente
ao nosso clima e a ectoparasitas e dono de um leite extremamente importante as pessoas alérgicas.
Nossa metodologia foi qualitativa em busca a referências bibliográficas a respeito da raça e
sistemas de criação para o mesmo; concluímos que apesar de todo potencial leiteiro e genético que
essa raça zebuína traz, há muito trabalho a se fazer, como correção fenotípica de animais com
cascos despigmentados e cornos exagerados e seleção criteriosa de animais produtores do leite A2.
Palavras-chave: bovino; gado guzerá, guzerá, gado leiteiro; sistemas de criação.

Breeding system and characteristics of Guzera dairy cattle


ABSTRACT. Guzera is a dual-aptitude breed that originated in India and was the first Zebu breed
to be introduced in Brazil around 1870. Its origin in humanity dates back many years before Christ,
and seals printed on pottery have been found in archaeological sites in India, Pakistan and Iraq.
Due to its resistance and adaptability to climatic conditions, Brazil began to invest in genetic
improvement programs, both for meat and milk, and in 1994 The National Program for the
Improvement of Guzera for milk was created. According to the degree of purity of the Guzerá, it
adapts well to the semi-intensive and extensive system – which is pasture farming, since it is an
animal that is not demanding with technologies, resistant to our climate and ectoparasites and
owner of an extremely important milk for allergic people. Our methodology was qualitative in
search of bibliographic references regarding the breed and breeding systems for it. We conclude
that despite all the dairy and genetic potential that this zebu breed brings, there is a lot of work to
be done, such as phenotypic correction of animals with depigmented hooves and exaggerated horns
and careful selection of animals producing A2 milk.
Keywords: cattle; Guzera cattle, Guzera, dairy cattle; breeding systems.
Sistema de cría y características del ganado lechero Guzera
RESUMEN. Guzera es una raza de doble aptitud que se originó en la India y fue la primera raza
cebú que se introdujo en Brasil alrededor de 1870. Su origen en la humanidad se remonta a muchos
años antes de Cristo, y se han encontrado sellos impresos en cerámica en sitios arqueológicos de
India, Pakistán e Irak. Debido a su resistencia y adaptabilidad a las condiciones climáticas, Brasil
comenzó a invertir en programas de mejoramiento genético, tanto para carne como para leche, y
en 1994 Se creó el Programa Nacional para el Mejoramiento de la Guzera para la leche. De acuerdo
con el grado de pureza del Guzerá, se adapta bien al sistema semi-intensivo y extensivo – que es
la ganadería de pasturas, ya que es un animal poco exigente con las tecnologías, resistente a nuestro
clima y ectoparásitos y dueño de una leche sumamente importante para las personas alérgicas.
Nuestra metodología fue cualitativa en la búsqueda de referencias bibliográficas sobre la raza y
los sistemas de cría de la misma; Concluimos que a pesar de todo el potencial lechero y genético
que aporta esta raza cebú, queda mucho trabajo por hacer, como la corrección fenotípica de
animales con pezuñas despigmentadas y cuernos exagerados y una cuidadosa selección de
animales productores de leche A2.
Palabras clave: bovinos; Ganado Guzera, Guzera, ganado lechero; sistemas de cría.

INTRODUÇÃO

Ao se falar da raça Guzerá estaremos então falando de uma raça de bovinos com
rusticidade, rendimento de carcaça e precocidade sexual, sendo assim, nos últimos anos a raça
veem se tornando a preferida dos pecuaristas brasileiros, principalmente no Nordeste do país. O
Guzerá não é uma raça brasileira, originada da Índia a raça foi a primeira raça zebuína a ser
introduzida no Brasil por volta de 1870, por intermédio do Barão de Duas Barras (Bruneli; Peixoto;
Penna, 2023). De acordo com as suas características o boi Guzerá em 1920 alcançou o seu ápice
na pecuária brasileira, principalmente com a introdução da raça Indubrasil. Décadas a frente o
Nordeste brasileiro enfrentaria uma de suas piores secas, a grande seca entre 1978 a 1983 onde
apenas os animais da raça Guzerá conseguiram sobreviver, o que comprovou a sua resistência e
adaptabilidade as intempéries climáticas, alcançando então grande fama em todo o território
nacional, sendo recomendada para diversos cruzamentos e linhagens espalhadas por todos país,
alguns para produção de leite e outros para produção de carne Barras (Bruneli; Peixoto; Penna,
2023).

O GUZERÁ
De acordo com a Associação Brasileira dos Criadores de Guzerá – ABCG (2016), a história do
Kankrej, ou mais conhecido como Guzerá, perde-se na origem da humanidade, tendo sido
encontrados selos impressos em cerâmica e em terracota nos sítios arqueológicos de Mohenjo-
Daro e Harappa, na Índia e Paquistão; e sua imagem em peças diversas nas regiões da antiga Assíria
e Mesopotâmia, bem como no Iraque, o Museu de Bagdá apresenta muitas peças e artefatos de
ouro com a imagem do touro Guzerá, exatamente como ele é hoje, indicando que o Kankrej era
personagem importante nas pelejas, nos transportes e nas caçadas da antiga Mesopotâmia. O
habitat do Guzerá é a região pré-desértica de Kutch, em Gujarat, sequenciado ao norte pelo deserto
de Thar e pelo deserto de Sindi. No Brasil, o Guzerá está espalhado em várias regiões, mas é
notória sua presença na região nordestina. (ABCG, 2016).
Os benefícios da raça guzerá vêm atraindo inclusive os olhares de sua pátria mãe. A Índia,
quem tem buscado no Brasil parcerias e material genético, reflexo do engajamento e da resiliência
dos criadores e pesquisadores envolvidos com essa raça milenar presente no Brasil desde o século
XIX (Barras (Bruneli; Peixoto; Penna, 2023).

Matriz Guzerá. Fonte: guzeradeboafamilia.com

Touro Guzerá. Fonte: Fazenda Serraria - ES


HISTÓRICO DA RAÇA
Dados retrospectivos da raça Guzerá remontam há pelo menos 5000 anos; foram
encontrados em escavações de Monhenjo-Daro, esculturas, desenhos que indicavam o tipo de gado
existente até então. Ao longos dos séculos suautilização na produção de leite e tração lhe conferiu
porte muscular, com capacidade de adaptação e produção de carne. De acordo a com associação
dos criadores de Guzerá- ABCG (2016). Segundo Gonsales (2022), Guzerá foi a primeira raça de
gado zebuíno a ser introduzida no Brasil, trazida da Índia pelo Barão de Duas Barras e na época
sua presença foi marcante nos cafezais do Rio de Janeiro, sendo utilizado para puxar carroças e
vagões de café devido ao seu porte físico e rusticidade. Logo, entre os anos de 1978-1983, o
Guzerá ganhou grande força na região Nordeste do país, pois nesse período houve uma grande
seca nordestina e somente a raça Guzerá conseguira sobreviver e hoje há dados de 70% do
rebanho nordestino ser composto apenas por animais dessa raça, uma vez que somente eles
conseguiam suportar tamanha estiagem.
Devido a toda repercussão da raça, em 1956 foi fundada em Uberaba – Minas Gerais, a
Associação Brasileira dos Criadores de Guzerá (ABCG), com intuito de reunir criadores de guzerá
e lutar pelos interesses dos mesmos. A associação é reconhecida pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA) e conta com mais de 300 associados atualmente (Gonsales,
2022). Segunda a Associação Brasileira de Criadores de Zebuínos (2017), o rebanho brasileiro da
raça guzerá corresponde a 4% do rebanho total de zebuínos no Brasil.
Os animais da raça Guzerá se destacam por ser uma raça de dupla aptidão, sendo utilizados
como gado de corte e com algumas linhagens específicas voltadas para a produção de leite, ou
seja, essa característica propicia ao produtor aproveitar as fêmeas para dar sequência na produção,
enquanto os machos, seguem para engorda ou venda para produção de carne, melhorando a
rentabilidade (Embrapa, 2020). Devido a origem do guzerá ser de alta temperatura, a rusticidade
do animal e a capacidade de suportar o calor são características potentes na raça. Além de
apresentar boa conversão alimentar e um bom rendimento de carcaça, a rusticidade da raça faz
com que os animais sejam resistentes a enfermidades e ectoparasitas, sendo os carrapatos palco de
muitos problemas na produção de bovinos no Brasil. Dentre as características físicas do Guzerá,
as mais marcantes são: Chifres grandes em formato de lira, cabeça curta e larga, pelagem em várias
tonalidades cinzas e até tons pardos, as fêmeas geralmente possuem tons de pelagem mais claros
que os machos, orelhas médias e relativamente largas e olhos pretos e elípticos - nos touros,
protegidos por pela pálpebra superior (Embrapa, 2020).

CARACTERÍSTICAS DA RAÇA
O guzerá é reconhecido como um gado reativo com traços fenotípicos característicos da raça.
Tais características envolvem chifres grandes e escuros em forma de lira, cabeça curta, larga e
expressiva com perfil subcôncavo a retilíneo, olhos pretos e elípticos, focinho preto, narinas
dilatadas, orelhas levemente largas, alaranjadas no interior, pendentes e com pontas arredondadas,
fronte relativamente larga subcôncava ou quase plana, pelagem com tom cinza-claro a cinza escuro,
ou pardo a prateado e mais clara nas fêmeas (Oliveira, 2018).
É a raça mais antiga, com representação arqueológica milenar e grupo genético resultante de
seu cruzamento com o gado Holandês, comumente chamado de Guzolando, o que é uma forte
realidade na produção leiteira nacional. A raça conta com 499.526 animais registrados (nov/2020),
os machos atingem 187 kg a desmama e as fêmeas 175 kg. Ao sobreano, em regime de pasto, os
machos atingem 312 kg e as fêmeas 270 kg. Nas linhagens leiteiras, a produção média de leite é
da ordem de 2.194 kg de leite por lactação com 4,86% de gordura, esses dados de acordo com a
Associação Brasileira de Criadores de Zebu - ABCZ (2021).
Segundo Miranda (2009), O Guzerá é fonte de DNA puro, capaz de gerar heterose em qualquer
cruzamento seja em zebuínos ou com raças européias e quando selecionado em rebanhos puros
tem muitas possibilidades genéticas, linhagens abertas facilitando o ganho por genética aditiva,
logo, tem como principal característica imprimir suas qualidades em qualquer cruzamento,
melhorando a habilidade materna, carcaça e conversão alimentar.

PROGRAMA NACIONAL DE MELHORAMENTO DO GUZERÁ PARA LEITE


(PNMGUL)
O Programa Nacional de Melhoramento do Guzerá para leite, foi implantado em 1994,
executado pela Embrapa Gado de Leite e pelo Centro Brasileiro de Melhoramento do Guzerá
(CBMG/ACGB). Essa operação envolveu na sua execução a participação de diversos órgãos
públicos e privados, tais como a ABCZ – Associação Brasileira de Criadores de Zebu, Centrais de
Processamento de Sêmen, Empresas Estaduais de Pesquisa, Universidade Federal de Minas
Gerais, Associação Nacional dos Criadores e Pesquisadores, criadores de gado Guzerá puro e
fazendas colaboradoras que utilizam o Guzerá em cruzamentos (Peixoto et al., 2012).
O PNMGUL é financeiramente apoiado pela Embrapa, CBMG, ACGB, CNPq, Fapemig,
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA e criadores de gado da raça Guzerá.
Esse programa tem como base a integração de modernas ferramentas do melhoramento animal
para imprimir rapidez e confiabilidade à seleção, constando de três esquemas integrados, geradores
de informação: O primeiro consiste do trabalho de seleção em fazenda, executado pelos criadores
da raça, reunindo informações dos animais produzidos por acasalamentos dirigidos, em controle
leiteiro não seletivo; O segundo, o Núcleo de Múltipla Ovulação e Transferência de Embriões
(MOET), é um esquema caracterizado por imprimir alta intensidade e rapidez à seleção ao avaliar
filhos de vacas geneticamente superiores para produção de leite, multiplicadas por transferência
de embriões. No núcleo, o principal objetivo é a identificação precoce de touros geneticamente
superiores para leite, que serão utilizados diretamente em rebanhos da raça e em cruzamentos, e,
posteriormente, poderão ser incluídos no Programa de Teste de Progênie, para serem reavaliados
e para obtenção de acurácia adicional. A avaliação desses touros jovens baseia-se no desempenho
de suas irmãs completas, meio-irmãs paternas e maternas, e demais parentes; E o terceiro, baseia-
se no desempenho produtivo das filhas de touros em teste de progênie, produzidas por
acasalamentos aleatórios, sendo esse, embora mais lento que o anterior, o método mais precisão
para se avaliar o real potencial genético de um touro para a produção de leite. Os dados oriundos
das distintas fontes são conectados geneticamente e reunidos em um arquivo único, o banco de
dados Embrapa/CBMG/ABCZ. A avaliação genética é, portanto, integrada, única e comparativa.
Sendo o Guzerá uma raça de dupla aptidão, tanto o Núcleo MOET como vários rebanhos parceiros
do programa também participam do Programa de Avaliação Genética para Corte (PAGRG)
(Peixoto et al., 2012).
Novilha Guzerá na Índia.
Fonte: Mahalakshmi Dairy
Farm

Novilha Guzerá no
Brasil. Fonte: MF Rural
ESTUDOS MOLECULARES DO GUZERÁ: O LEITE PROMISSOR PARA SAÚDE
HUMANA
Segundo o Programa Nacional de Melhoramento do Guzerá para Leite: resultados do Teste
de Progênie, do Arquivo Zootécnico Nacional e do Núcleo MOETA (Bruneli; Peixoto; Penna,
2023), ao longo das últimas décadas, o consumo de leite e de produtos lácteos tem sido alvo de
muitos questionamentos, gerando amplos debates, sendo dois aspectos têm sido mais investigados
quando se fala em leite para saúde humana: as proteínas e o perfil de ácidos graxos. Em relação a
proteínas, o Guzerá na maioria dos animais produz um leite rico A2, ou seja, com a Beta-caseína
A2, devido ao alelo A2 que é de fácil digestibilidade, minimizando a chance de doenças
autoimunes, que na literatura médicas estão intimamente atreladas a Beta-caseomorfina – BCM7,
presente no leite A1 das raças de gado europeu. Sendo assim a Embrapa está mapeando o
sequenciamento genético completo do genoma do Guzerá para sequenciar animais que produzam
leite A2 e demais proteínas benéficas a saúde do ser humano (Bruneli; Peixoto; Penna, 2023).
Durante décadas o leite e seus derivados lácteos são demonizados pela comunidade médica
e nutricional devido ao elevador teor de gorduras saturadas, entretanto tais gorduras são
importantes para inúmeras funções do organismo humano, como sínteses de vitamina D e sais
biliares e síntese de hormônios esteroides que estão relacionados intimamente a reprodução sexual.
Assim, estudos conduzidos de grupo de pesquisa da EMBRAPA têm buscado responder a algumas
perguntas: Há variação individual no perfil de ácidos graxos do leite de vacas Guzerá? Um estudo
piloto nos mostrou que sim, e que essa variação é considerável para alguns ácidos graxos de
interesse à saúde humana e animal. um estudo com grande número de vacas Guzerá de diferentes
rebanhos nos permitiu identificar variantes já descritas e algumas inéditas em genes chave, visando
à produção de leite com elevado valor nutracêutico (Bruneli; Peixoto; Penna, 2023).
Os animais da raça Guzerá foram isolados no leite várias linhagens bacterianas benéficas,
como Lactobacillus e Lactococcus, que estão presentes na microbiota residente dos tetos da
Guzerá, que parecem proteger o úbere desses animais do ataque destas bactérias de natureza
patológica explicando o baixo índice de mastite observado na raça, bem como as reduzidas médias
de contagens de células somáticas (CCS) encontradas nos rebanhos, que são enormes prejuízos
econômicos à cadeia do leite (Bruneli; Peixoto; Penna, 2023).
OBJETIVO
1. Objetivo geral
O artigo objetivou registrar em documento único informações pertinentes à raça Guzerá a fim
de orientar e servir de base para pesquisas futuras.

2. Objetivo específico
O artigo propôs registrar em documento único informações sobre a aptidão leiteira da fêmea
Guzerá, seu sistema de melhoramento genético e de criação, dado que informações sobre seu
sistema de criação mais difundido são escassas e vagas.

MATERIAL E MÉTODOS
Metodologia qualitativa através de revisões bibliográficas em bases de artigos, cadernos
on-line da Embrapa e sites de Associações. Pesquisa realizada no período correspondente entre 18
e 24 de março de 2024.

SISTEMA DE CRIAÇÃO
O sistema de criação do Guzerá leiteiro pode variar de acordo com o grau de pureza da
raça, capital de investimento em tecnologias e com a opção do produtor. Animais zebuínos
possuem de média a alta produtividade leiteira permitindo erro de manejo tornando a raça uma
opção lucrativa para produtores iniciantes. A raça apresenta excelente ganho de peso com uma
conversar alimentar satisfatória com pequena quantidade de alimento e menor quantidade de ração
concentrada, característica que conferiu primeiro lugar do gado Guzerá nas categorias rendimento
de carcaça e conversão alimentar (Embrapa, 2021).
Sua rusticidade torna a raça menos exigente e ideal para a produção a pasto. A menor
necessidade de investimento e exigência de manejo faz com que sua produção tenha ótimo custo-
benefício. Por ser um animal de dupla aptidão possui menor precocidade sexual e sua produção
por lactação é inferior a animais com aptidão puramente leiteira. A ordenha é mais demorada, a
descida do leite ocorre com o bezerro ao pé gerando em torno de 2.064kg de leite por lactação,
correspondendo a 6,8kg/dia num período de 260 dias (Neto, 2019).
PRODUÇÃO A PASTO
Entende-se por sistema de criação um grupo de componentes de interação entre animais e ambiente
reagindo a estímulos internos e externos (Spedding, 1988). Independentemente do sistema de
criação adotado, requisitos de bem-estar animal devem ser atendidos de modo que o animal viva
livre de fome, sede, estresse, dor, desconforto, com liberdade de expressar seu comportamento
animal natural (Nobrega, 2021) e amparado de cuidados com higiene e saúde.
O sistema extensivo é definido como produção animal exclusivamente a campo, com
acesso aos recursos naturais, alimentação de pastagem sem suplementação, com instalações
simples limitadas a um curral de ordenha, mínimo de equipamentos agrícolas e mão de obra. Esse
sistema possui a vantagem de baixo investimento em estruturas e tecnologias, porém, com a
desvantagem da necessidade de grande extensão de terra com disponibilidade de pasto, baixa
rentabilidade, baixa qualidade e produção sazonal (Nobrega, 2021). Equivocadamente, o sistema
extensivo muitas vezes é confundido como um sistema que desvaloriza o animal promovendo
produções inadequadas (Pedreira, 2002), contudo, é perceptível a importância econômica da
pecuária bovina a pasto e as medidas tomadas para promoção de aumento da sustentabilidade e
ganho em produção e qualidade.
Para melhor qualidade de produção investimentos em terra se tornam essenciais. A
adubação nitrogenada aumenta produção da forragem. A magnitude desse aumento depende
principalmente da espécie forrageira, dose e modo de aplicação, tipo de solo, condições climáticas
e a interação entre todo o sistema. Assim, para se alcançar a produtividade leiteira desejada num
sistema de pastejo os componentes devem ser estudados e manipulados de forma coerente de modo
que se permitam adaptações futuras (Baroni et al., 2002) e o todo não seja visto e tratado como

Guzerá no sistema de criação a pasto. Fonte: Compre rural - SP


problemas pontuais e sim como um sistema de interações, respeitando a capacidade suporte da
pastagem (Corsi et al., 2001).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante de todas as considerações apresentadas neste artigo, chegamos à conclusão que a


raça Guzerá, que é uma raça zebuína milenar, utilizada exclusivamente para o trabalho em carros
de boi e no Rio de janeiro puxando através de terrenos íngremes vagões de café, e claro
eventualmente animais descartados forneciam a sociedade da época carne e leite. Após a abolição
da escravatura e a grande seca que abalou seriamente o Nordeste brasileiro, os criadores, o governo
e as empresas particulares tiveram interesse na raça Guzerá, que devido a sua fácil adaptação a
climas secos extremos, rusticidade e sua excelente conversão alimentar que não há grandes declive
de produção tanto de leite, quanto para carne, logo se resolveu investir pesadamente em pesquisas
sobre genoma e melhoramento de genético que não eram interessantes à raça, através da
EMBRAPA pesquisa de leite, houve a criação de uma Associação de Criadores Brasileiros de
Guzerá, bem como despertou o interesse da Associação de Criadores Brasileiros de Zebu, que hoje
investem pesado num banco de dados leiteiro, de matrizes com produção espetaculares para raça,
bem como a vantagem de produção de leite A2, e uma baixíssima contagem de mastite subclínica
devido o mínimo percentual de células somáticas no leite. O DNA puro do Guzerá pelos seus
pontos mais positivos que negativos, levou os pesquisadores a cruzar o Guzerá ou outras raças
européias e zebuínas, a fim de criar indivíduos mais produtivos, com boa conversão alimentar,
rusticidade e um manejo menos exigente, características próprias do Guzerá leiteiro/Guzerá de
corte que não exigem um capital alto de investimento. Foi então que foram criadas algumas das
raças muito expressivas na pecuária brasileira, como o Indubrasil, o Tabapuã, o Guzolando (Guzerá
+ Girolando) e Guzonel (Guzerá + nelore) e entre outros – com positivos resultados relacionados
a produção leiteira e componentes ideias do leite.
Todas as raças possuem a sua parte negativa, com o gado Guzerá não foi diferente, mesmo
depois de ter apresentado tantos benefícios da raça, há pontos que necessitam ser melhorados com
a seleção geneticamente de indivíduos, para minimizar defeitos da carcaça e um temperamento
reativo típico de alguns animais, já que normalmente grande parte dos animais são mansos e
doceis. Justamente por isso existe uma grande necessidade do cadastro dos criadores de Guzerá
para mapear animais com características indesejáveis e descartá-los, como aprumos por fora do
padrão, cornos exagerados e fora do padrão racial, bezerros machos desenvolvendo características
femininas ao crescimento, e fêmeas com características fenotípicas masculinas, fêmeas e machos
apresentando focinho menor, cílios brancos, cascos despigmentados que conferem fragilidade ao
suportar o peso da animal, e entre outras características indesejáveis.

REFERÊNCIAS

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