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Iluminação de Interiores

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 2

2 HISTÓRICO DA UTILIZAÇÃO DA LUZ NAS EDIFICAÇÕES


RESIDENCIAIS............................................................................................................3

3 O QUE É LUZ .................................................................................... 5

3.1 Iluminação Natural ............................................................................... 6

3.2 Iluminação Artificial............................................................................. 10

3.3 Propriedades Do Olho Em Relação À Luz ......................................... 14

4 CONCEITOS BÁSICOS DE LUMINOTÉCNICA .............................. 15

4.1 Nível De Iluminância........................................................................... 21

5 SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO .......................................................... 23

5.1 Efeitos De Luz .................................................................................... 24

6 CONFORTO AMBIENTAL ............................................................... 25

6.1 Iluminação Inadequada ...................................................................... 27

7 ILUMINAÇÃO E AMBIENTE ............................................................ 28

7.1 Fontes de iluminação de um ambiente ............................................... 31

8 TÉCNICAS DE ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL ..................................... 35

8.1 Percepção visual dos efeitos da iluminação ....................................... 37

9 ILUMINAÇÃO NO ESPAÇO RESIDENCIAL .................................... 38

10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................. 44

1
1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

2
2 HISTÓRICO DA UTILIZAÇÃO DA LUZ NAS EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS

Desde os primórdios, a luz solar sempre foi a fonte de iluminação dominante


(BRAGATTO, 2013), além do fogo. Para Corrodi e Spechtenhauser (2008 apud LOSS,
2013), o culto a esses dois elementos foram as primeiras experiências de luz pois,
ambos eram dádivas da natureza. Além disto, os templos eram sempre orientados de
acordo com o trânsito solar.

Assim que o homem percebeu que poderia controlar o fogo e usá-lo para
trazer conforto, este deixou de ter apenas sentido simbólico para assumir um
sentido funcional, começando a ser utilizado apenas para aquecer, cozinhar
e iluminar. Nesta época a quantidade de iluminação dependia da forma de
combustão e das propriedades da madeira. (FELIPPE, 2010 apud LOSS,
2013)

Segundo Mascaró (2005), a forma de emprego da luz no espaço representa o


princípio de um período histórico. De acordo com Menezes (2013), na Idade Média a
luz era utilizada como elemento expressivo e relacionada à origem do divino. Suas
catedrais utilizavam de recursos como a luz natural e verticalidade para despertar
sentimentos de religiosidade e de pequenez nos fiéis, feito alcançado através da
criação da traçaria para as janelas, inovação técnica e estética que possibilitou a
abertura de janelas grandes, criando ambientes de solenidade suprema (MASCARÓ,
2005). Em contraposição, ainda segundo a autora, as residências medievais eram
escuras, frias, desprovidas de qualquer conforto. A iluminação não tinha como fim
satisfazer às necessidades humanas, nem na execução de práticas domésticas. Os
espaços próximos às janelas eram atribuídos aos encargos visuais mais meticulosos,
além de ser onde se dava a relação com o exterior.
De acordo com Mascaró (2005), a Renascença é afetada pelas limitações
energéticas do século XVI, o que faz emergir novos conceitos de conforto,
apresentando soluções solares passivas e bioclimáticas como, por exemplo, a
orientação dos principais cômodos de acordo com o sol e a instalação de janelas
amplas envidraçadas nas edificações, o que permitia a entrada de luz e calor de forma
controlada, tornando os ambientes mais iluminados e com fortes contrastes.
Para Bragatto (2013), foi durante a Revolução Industrial no século XIX que a
demanda pela iluminação natural cresceu, fomentada pelas novas tecnologias, como
novas técnicas de produção de vidro e materiais como o ferro. Nessa época, houve

3
um êxodo rural, consequência da grande necessidade de mão de obra nas amplas
zonas industriais na cidade, levando ao inchaço dos núcleos urbanos (MASCARÓ,
2005).
A população que migrou para as cidades se alojou em locais conhecidos como
cortiços, que eram insalubres e precários em infraestrutura, o que fomentava a
proliferação de doenças e agravavam as epidemias, gerando uma crise de saúde
pública. Assim, ainda segundo a autora, tiveram de ser difundidas ideias de higiene,
eficiência e economia para controle do ambiente, ratificadas pelo desagrado estético,
má iluminação proveniente do gás e ventilação precária. Assim, a eletricidade deixou
de ser um luxo e se tornou popular a partir do início do século XIX. “Luz, ar e sol se
tornaram premissas para uma edificação mais salubre” (CORRODI e
SPECHTENHAUSER, 2008 apud LOSS, 2013).
Loss (2013) diz que no século XIX a luz já estava bastante presente nas
residências e que no século seguinte emergiram novas tecnologias e posteriormente
houve o desenvolvimento de estudos pertinentes à redução do consumo de energia
elétrica a fim de otimizar a iluminação. Mascaró (2005) afirma que a difusão da luz
elétrica aperfeiçoou as condições pertinentes para a cidade moderna do século XX.
Em termos de inovações tecnológicas importantes para a iluminação de espaços de
interiores, no fim da década de 1940 é incorporada ao mercado a lâmpada de tubo
fluorescente.
Ainda segundo a autora, nesse momento, houve uma homogeneização da
forma dos edifícios, que se transformaram em grandes caixas envidraçadas, deixando
de levar em conta os parâmetros naturais do local de implantação e o conforto
termoacústico das edificações.
Assim, pode-se dizer que a iluminação artificial e o ar condicionado foram
considerados inovações tecnológicas marcantes na história da arquitetura, porque
permitiram o domínio de quase todos os fatores climáticos, denotando um consumo
muito alto de energia elétrica.
Embora as novas tecnologias oferecessem vantagens no caráter econômico e
funcional, essas inovações mudaram os princípios do projeto arquitetônico e fizeram
com que este se afastasse do meio natural e também do ser humano. A tecnologia
era aplicada desprovida de unidade conceitual, não incorporando os aspectos

4
humanos ou estéticos, e era exclusivamente consequência de soluções engenhosas,
próprias de pós-guerra.
“O desencontro entre a arquitetura e a iluminação era gritante” (MASCARÓ,
2005).
Devido às fachadas de vidro, especificamente às perdas e ganhos térmicos
próprios da capacidade térmica do material, e também à perda de iluminação artificial
durante a noite, os gastos e desperdícios de energia eram substanciais, conforme
autora. Ainda de acordo com Mascaró (2005), os problemas e especificidades da
iluminação artificial nem sempre eram objeto de entendimento dos projetistas e, nesse
momento, se proliferavam nos exteriores com o uso da iluminação de fachadas
publicitárias, além da iluminação pública.
Era um período dominado pela produção, sem encontrar ritmo e conceito
próprio (GIEDION, 1978 apud MASCARÓ, 2005). Entretanto, na década de 1970, com
a crise do petróleo, a economia de energia se tornou uma prioridade. Houve um
avanço tecnológico no sentido de melhorar a eficácia das lâmpadas e seu rendimento
energético, controlar o ofuscamento e melhorar o sistema ótico como um todo das
luminárias, devido à maior luminância das fontes, além do aperfeiçoamento dos
materiais (MASCARÓ, 2005).
De acordo com a autora, a década de 1980 foi marcada pelo aprofundamento
das pesquisas sobre o tema, principalmente sobre as lâmpadas, o seu rendimento e
qualidade de cor.
Houve também grandes progressos no âmbito da visão e da percepção, que
foram a premissa para os projetos vindouros de iluminação, que repercutiram de forma
categórica em temas específicos como a cor, o que levou a iluminação para um pleno
desenvolvimento (MASCARÓ, 2005).

3 O QUE É LUZ

De acordo com MICHAELIS (2008), a luz pode ser definida como uma onda
eletromagnética, na qual o comprimento de ondas possui intervalos, tornando-se
sensível aos olhos e atuando nos órgãos visuais, produzindo a sensação da visão.
Ela é emitida por objetos energéticos ou quentes como, por exemplo, o Sol e o
fogo, e é refletida por objetos não luminosos.

5
Um psicólogo que estude a sensação visual não apenas examinaria a estrutura
física do olho e suas reações à energia luminosa, mas também tentaria estabelecer
de que maneira as experiências sensoriais se relacionam tanto ao estímulo da luz
ambiental quanto ao funcionamento do olho (SCHIFFMAN, 2005, p35).

3.1 Iluminação Natural

A luz natural como o próprio nome diz, é gerada naturalmente sem influências
do homem. É uma luz benéfica e saudável ao ser humano, pois faz com que o
organismo produza vitamina D, além disso, é ela que aumenta a energia e regulariza
o metabolismo. Isso tudo depende de que se tenha uma exposição moderada a ela,
pois uma exposição em excesso à luz solar causa prejuízos, podendo acarretar em
câncer de pele, danos aos olhos, resultando em cataratas.
A luz solar, diferente da luz artificial, não pode ser regulada conforme as
necessidades humanas e sua intensidade e variação de radiação são difíceis de
simular com iluminação artificial.
“O Sol ilumina a vida e deve ser usado como tal na concepção de qualquer
casa” (WRIGHT, 1943, p. 53).
“A iluminação natural é um dos principais critérios a influir na qualidade de um
ambiente” (GABRIEL, 2017).
Barnabé (2007 apud MENEZES, 2013) anuncia que a luz natural é um dos
aspectos primordiais para o processo de concepção do projeto arquitetônico e que,
para se obter como resultado um ambiente de alta qualidade, é necessário utilizá-la
como diretriz no momento de concepção, visando os elementos construídos.
Costa (2013) afirma que luz e arquitetura estão intimamente associadas ao
longo da história. A maneira como os arquitetos utilizavam a luz do dia representava
as características dos períodos históricos e das respectivas culturas, adquirindo
inúmeros significados, desde divino, poder, democracia, transparência, a honra e a
verdade, o avanço tecnológico, à proximidade e o respeito pela natureza. Assim, a luz
e o calor do sol induziram o ser humano a desenvolver maneiras específicas de
conceber as edificações a fim de gerar condições de conforto durante todo o ano
(COSTA, 2013).

6
A luz natural proveniente de uma janela pode vir de diversas fontes: luz solar
direta, céu claro, céu parcialmente encoberto, céu encoberto, luz refletida do
solo, vegetação e edifícios. Assim, dependendo da fonte, a luz varia não só
em quantidade e carga térmica, mas também, em qualidade, como cor,
difusão e eficácia. (COSTA, 2013)

Ainda segundo a autora, a disponibilidade da luz solar é passível de sofrer


grandes variações por influência de várias circunstâncias naturais determinantes e
muito dinâmicas, como as estações do ano, a orientação do edifício, o dia e as horas.
A latitude é um fator importante para saber como a luz se comporta no local de
implantação do edifício, pois esta determina os ângulos de incidência dos raios solares
e o tempo que o sol permanece acima do respectivo horizonte, isto é, quanto maior a
latitude, menores os níveis de luz natural disponível (COSTA, 2013).
Outro aspecto que exerce grande influência é a continentalidade, definida como
a distância de um local em relação a grandes massas de água, como mares, oceanos
e grandes lagoas urbanas. A proximidade da água é positiva, pois estas agem como
extensos espelhos d’água, refletindo a luz do sol e maximizando a oferta de luz natural
(COSTA, 2013).

As várias componentes da luz natural – luz solar direta, luz do céu difusa, luz
refletida

Fonte: COSTA, 2013

Ainda de acordo com a autora, o clima também é um agente influenciador das


propriedades da luz natural, principalmente em locais de grande variação dessas
condições climática e ambientais. Costa (2013) afirma que “a interação entre luz e
clima é multidimensional”, pois este afeta também o modo como as pessoas vivenciam

7
um ambiente, os seus hábitos e estados de espírito, determinando o aspecto
emocional do lugar.
As condições atmosféricas locais e a qualidade do ar também interferem na
disponibilidade de luz natural. Nas zonas urbanas, as camadas de ar mais próximas
ao solo se encontram repletas de partículas e gases poluentes que formam barreiras
aos raios solares, o que pode significar uma redução da quantidade de luz de cerca
de 60% no interior das cidades, segundo Costa (2013).
As condições morfológicas influenciam do mesmo modo, como algum eventual
sombreamento gerado pela vegetação, relevo ou outras construções vindouras. Por
isso, de acordo com Knowles (1981 apud COSTA, 2013), é fundamental a concepção
da forma arquitetônica correta e a implantação urbana mais apropriada para que seja
assegurado o acesso à luz natural e a possibilidade de controle dessa luz, contribuindo
para que se possa alcançar níveis excelentes de iluminação natural no interior da
edificação, levando em conta as formas urbanas e arquitetônicas, a começar da
definição da malha urbana, ruas, praças, vegetação e suas relações com o projeto
arquitetônico, o que tem como consequência um possível impacto positivo no conforto
térmico e consumo de energia.
A forma de um edifício deve levar em conta o percurso solar (COSTA, 2013).
Segundo Sharp et al. (2014 apud TOLEDO; CÁRDENAS, 2015), a orientação
e localização do prédio e suas aberturas são imprescindíveis para o êxito e
maximização da eficácia de um sistema de iluminação natural.
Costa (2013) afirma que a arquitetura pertence ao local e cada lugar tem a sua
luz peculiar, sendo esta a regra para a compreensão do problema arquitetônico. Essa
luz torna o ambiente único e memorável quanto ao lugar em si e suas particularidades,
mas também caracteriza as mudanças que ocorrem no seu próprio sistema ao longo
do tempo, criando padrões distintos e mudanças sazonais.
Por conseguinte, ainda segundo Costa (2013), a intensidade com a qual a luz
natural chega num ambiente interno e a sua distribuição neste estão a mercê de
alguns fatores como a disponibilidade da luz natural, existência ou não de obstáculos
externos e da dimensão e forma do espaço em questão. Além disso, o tamanho,
orientação, posição e forma das aberturas, incluindo as características ópticas dos
vidros é igualmente de extrema importância. O que vai determinar o tamanho, tipo e
o número de aberturas são os materiais construtivos disponíveis, métodos

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construtivos, condições climáticas e cultura local. Essas aberturas são fatores que
influenciam na forma arquitetônica e têm a capacidade de criar diferentes relações
com o exterior, visto que “se as aberturas ultrapassarem certas dimensões, o volume
transformar-se-á num esqueleto, se forem relativamente pequenas, reforçam a
impressão de robustez” (COSTA, 2013). Ademais, a função das janelas e aberturas
de possibilitar as vistas do exterior afetam positivamente a saúde dos usuários, além
de serem agradáveis e melhorarem a ventilação e qualidade do ar interior (TOLEDO;
CÁRDENAS, 2015).
A capacidade de reflexão das superfícies internas é outro aspecto influenciador
(COSTA, 2013). As características dos materiais utilizados no projeto do interior, as
cores e refletâncias das superfícies das paredes e mobiliário influenciam
significativamente nos níveis de iluminação dos ambientes (ALZOUBI et al., 2013
apud TOLEDO; CÁRDENAS, 2015).
Um projeto de iluminação natural considerado eficiente é aquele que aproveita
a luz e tem a capacidade de controlá-la, possível através de soluções arquitetônicas
adequadas e maior compreensão do comportamento da luz, a fim de potencializar os
benefícios e vantagens e reduzir as desvantagens da iluminação solar no ambiente
(COSTA, 2013). Além de ser uma fonte de energia renovável, segundo Majoros (1998
apud AMORIM, 2002), a luz natural apresenta maior qualidade, em virtude do
desenvolvimento da visão humana dependente da luz natural (o que vai guiar os
parâmetros da luz artificial); é suscetível a variações, o que propicia a experiência de
diferentes sensações no ambiente; e oferece iluminação suficiente durante grande
parte do período de luz diário. Porém, a baixa luminosidade dificulta a visão por níveis
de iluminância insuficientes e a alta luminosidade é responsável por ofuscamentos no
campo de visão, ambas situações inadequadas (BOGO, 2010 apud GABRIEL, 2017).
A iluminação natural não só permite perceber materiais e cores, mas também
define a volumetria através dos jogos de sombras e de claros-escuros. Portanto, para
uma boa iluminação é necessário levar em conta no projeto de iluminação natural a
sombra e a escuridão com a mesma importância que a luz, pois estas aumentam a
sensibilidade do usuário à claridade, além de transformar radicalmente os ambientes
conforme as sombras vão se modificando ao longo do dia (COSTA, 2013).
A luz natural traz incontáveis benefícios, seja no âmbito econômico, no tocante
a redução do consumo de energia elétrica, seja oferecendo bem-estar e melhorando

9
a saúde e/ou desempenho daqueles que ocupam os ambientes. Além de permitir uma
visão adequada, a luz natural desencadeia vários efeitos biológicos, circadianos,
neuroendócrinos e neurocomportamentais, que devem ser levados em conta no
projeto arquitetônico. Portanto, se faz necessário estudar variadas estratégias para
maximizar a entrada de luz, mas, ao mesmo tempo, procurar atenuar ou eliminar os
efeitos negativos que podem vir a existir. Enfatiza-se também a importância da
integração correta com sistemas de iluminação artificial para que haja economia de
energia elétrica (BELLIA et al, 2013; LESLIE, 2011; ANDERSEN et al., 2013 apud
TOLEDO; CÁRDENAS, 2015).
Segundo Costa (2013), todos os espaços demandam de luz natural ou artificial
por razões funcionais ou decorativas. “A luz dá coloração às coisas e influencia o
homem, determina a atmosfera e o ambiente do lugar” (COSTA, 2013). Portanto,
pode-se concluir que a luz solar é um elemento imprescindível de design que
aperfeiçoa os aspectos estéticos do espaço arquitetônico, porém, a sua qualidade e
desempenho luminoso estão submetidos a inúmeras variantes e por isso cada projeto
demanda soluções específicas (TOLEDO; CÁRDENAS, 2015).

3.2 Iluminação Artificial

Segundo Barbosa (2010 apud GABRIEL, 2017), a luz artificial no período diurno
é um complemento fundamental que possibilita a execução de determinadas
atividades com estabilidade, eficiência e produtividade, levando em conta as
inconstâncias da luz natural, além de prover luz no período noturno.
Diferentemente da luz in natura, a luz artificial pode ser controlada. O advento
da iluminação artificial foi viabilizado pela descoberta da eletricidade, que permitiu o
desenvolvimento de tarefas e atividades diversas em locais internos com pouca ou
nenhuma iluminação natural e, principalmente, no período noturno, modificando as
práticas humanas dessas atividades (BRAGATTO, 2013). Consequentemente, de
acordo com Fostervold et al. (2010 apud LOSS, 2013) os aperfeiçoamentos no campo
da iluminação vêm aumentando o uso e dependência da luz artificial.
A iluminação adequada tem a capacidade de proporcionar maiores níveis de
conforto, modificar a forma que a arquitetura se apresenta e valorizar os ambientes.
Além disso, dá identidade e ajuda a definir a atmosfera dos espaços, variando desde

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o relaxante ao estimulante, o que é tão importante quanto a arquitetura em si e
também os outros aspectos dela, como sons, cheiros e o tato (GODOY, 2000 apud
BRAGATTO, 2013).
Nascimento (2014) defende o

(...) desenvolvimento de técnicas e ferramentas para gerar, no ambiente


interno, atmosferas propícias ao convívio particular e social, estimulando o
prazer ou a excitação, motivando a descontração ou facilitando a
concentração, a depender da atividade destinada e do desejo do cliente. Ter
bastante luz passou a não ser necessariamente sinônimo de uma iluminação
adequada. (NASCIMENTO, 2014)

Pode-se classificar os sistemas de iluminação das luminárias de acordo com a


forma pela qual o fluxo luminoso é irradiado (para cima ou para baixo do plano
horizontal), mas vários autores classificam os sistemas como direto, indireto e direto-
indireto (OSRAM, 2012 apud LOSS, 2013).
A iluminação difusa e geral ilumina uniformemente e não gera sombras, o que
minimiza as formas e volumes e desmaterializa o ambiente, porém é tranquilizador e
relaxante (Kaufman e Christensen, 1972 apud BRAGATTO, 2013).
Segundo Bragatto (2013), a iluminação difusa não é capaz de criar muitos
contrastes, que são responsáveis por trazer movimento ao ambiente e causar diversas
emoções e reações nos usuários, por isso, ambientes com poucos contrastes tendem
a ser monótonos. Diferentes proporções e tons de luz provocam sensação de
profundidade, definindo melhor as formas dos objetos, e podem criar a impressão de
hierarquia ou destacar pontos específicos, discriminar diferentes ambientes num
mesmo espaço ou conectá-los, e também direcionar tanto o olhar quanto o
movimento. Portanto, de acordo com Bragatto (2013), o projeto luminotécnico deve
levar em conta os aspectos endêmicos do local de implantação para que as diferentes
técnicas de iluminação sejam combinadas eficientemente, com o objetivo de criar os
contrastes pretendidos e evitar o ofuscamento e áreas muito escuras, equilibrando os
extremos.
Atualmente, soluções mais elaboradas estão disponíveis através de novas
técnicas visuais, com focos de luz, ângulos, materiais, texturas, cores e efeitos muito
diferentes das técnicas de iluminação tradicionais. Entre essas técnicas está a
iluminação cênica aplicada à arquitetura, também chamada de “iluminação de efeitos”,
pois tem a intenção de provocar respostas visuais e sensoriais dos usuários, não
somente buscando iluminar algo. A utilização das diversas técnicas cênicas contribui
11
para evidenciar as novas e diferenciadas soluções arquitetônicas, tornando a função
de iluminar em uma expressão criativa e artística (GODOY, 2000 apud BRAGATTO,
2013).
Bragatto (2013) afirma que a iluminação com focos de luz é capaz de direcionar
o movimento, o olhar (ou fixá-lo), criar uma hierarquia, despertar o interesse e a
atenção, organizar, destacar elementos importantes, criar ambientações e
sistematizar a profundidade do ambiente através de uma sequência de centros
focados. Ainda de acordo com a autora, sabe-se que a cor, além das iluminâncias e
seus contrastes, é um aspecto que desempenha grande influência no comportamento
humano, por isso luzes coloridas estão sendo empregadas em vários projetos.
Torres (2008 apud BRAGATTO, 2013) afirma que as cores quentes (vermelho,
laranja e amarelo) trazem sensações de aconchego e proximidade, avançando em
direção ao usuário, suavizando e “diminuindo” o espaço. Em contrapartida, as cores
frias (azul, verde e violeta) trazem sensações de distanciamento, ampliando o espaço.
A utilização harmonizada de cores quentes e frias em um mesmo ambiente faz com
que este ganhe diferentes profundidades e, consequentemente, ritmo próprio.
Além disso, de acordo com Senzi (2003 apud BRAGATTO, 2013), a cor da luz
também afeta a produtividade, sendo que a luz fria aumenta a produtividade e luzes
amareladas fazem o rendimento cair entre 40% e 60%.

 Exemplo de sistemas de iluminação direta e indireta atuando em conjunto

Fonte: casa e jardim


12
Porém, Nascimento (2014) adverte que não se deve atentar apenas à descrição
técnica da lâmpada e da luz, como pacote de luz, índice de reprodução de cor,
abertura do facho, temperatura de cor, aparência da cor, etc, uma vez que há outras
variáveis que influenciam. Essas variáveis vão desde as condições físicas, como
facilidade de instalação, de manutenção, de ajuste, passando pelas condições
técnicas, como tensão, potência, tempo de ignição, de apagamento, intensidade, até
as condições ambientais, como temperatura, umidade, salinidade, etc. Além disso,
também devem ser levadas em conta as metas financeiras do cliente, abrangendo
custo inicial, custo operacional, vida útil, e, não obstante, os aspectos estéticos, que
abrangem a aparência da luminária e da lâmpada ligada e desligada, efeito, harmonia,
o entorno, posicionamento, levando em conta não somente a luz em si mas também
a fonte da luz. O autor também defende a tentativa de aproximar a linguagem técnica
do vocabulário do público-alvo (NASCIMENTO, 2014).
Além de evidenciar as funções objetivas da iluminação – iluminar e permitir a
visão – o autor também chama atenção para o lado subjetivo e as sensações a serem
estimuladas, para que o observador se emocione de diversas formas e se sinta atraído
positivamente pelo ambiente, incentivando-o a ocupar o espaço. Nascimento (2014)
também chama atenção para o fato de que a distribuição das fontes luminosas aguça
a percepção visual, auxiliada dos níveis de iluminância, contraste, ofuscamento,
sombras, variados ângulos de visão, etc. Porém, as sensações incitadas pela
iluminação são parte de uma experiência pessoal e está sujeita às e experiências
vividas por cada usuário, por isso, pode-se inferir que as pessoas têm um certo nível
de conhecimento intrínseco sobre iluminação (NASCIMENTO, 2014).
Planejar um projeto de iluminação eficiente exige mais que a seleção de
luminárias e demais equipamentos adequados. Um sistema de iluminação bem
planejado oferece uma quantidade adequada de luz, no momento e local onde é
necessária, exigindo uma quantidade mínima de energia para pleno funcionamento
(BECKER, 1985 apud BRAGATTO, 2013). Além disso, de acordo com Gabriel (2017),
é necessário ter conhecimento sobre a aplicação das estratégias de iluminação
consciente de quando, como utilizá-las e conciliá-las de forma a obter um resultado
que valorize o ambiente, ofereça conforto visual e incentive a apropriação do espaço,
além de economizar energia elétrica.

13
Bragatto (2013) completa afirmando que a economia de energia pode ser
alcançada através de um projeto luminotécnico condizente e mudanças de hábitos de
uso. Além dos hábitos inadequados, iluminação em excesso, falta de aproveitamento
da iluminação natural, uso de aparatos com baixa eficiência luminosa, falta de
interruptores e pouca manutenção são os problemas mais recorrentes relacionados à
eficiência da iluminação encontrados nas edificações (RODRIGUES, 2002 apud
BRAGATTO, 2013). Shuboni e Yan (2010 apud LOSS, 2013) destacam também a
mudança de outra circunstância, afirmando que a luz elétrica alterou as condições e,
por conseguinte, as dinâmicas ambientais com noites visivelmente mais claras. É
possível observar esse fenômeno principalmente nos grandes centros urbanos, onde
a densidade de edifícios é maior e onde a luz artificial é utilizada sem critérios e os
níveis de iluminância são cada vez maiores (LOSS, 2013).
Logo, é imprescindível que a iluminação artificial e natural, a arquitetura e o
design de interior do ambiente estejam intimamente integrados, compondo com
sucesso o projeto (BRAGATTO, 2013).
Além disso, o conhecimento relacionado à iluminação artificial, ratificado pelo
uso das novas tecnologias que a indústria tem colocado à disposição dos projetistas,
pode oferecer aos usuários uma nova forma de utilização e usufruir da iluminação
(LOSS, 2013).

3.3 Propriedades Do Olho Em Relação À Luz

Segundo Viana, Gonçalves o olho humano apresenta as seguintes


propriedades (2004, p. 91):
Seletividade - a retina não é sensível a todas as radiações. As que produzem
sensação visual são as que estão entre 0,380 e 0,780 microns.
Maior e menor Sensibilidade - a maior sensibilidade do olho encontra- se no
comprimento de onda correspondente a 0,55 microns (amarelo- esverdeado) e a
menor para as cores roxo e violeta (extremos do espectro).
Percepção das cores - a percepção de cores é uma característica de
seletividade do olho - é a sensação causada pelos distintos comprimentos de onda
entre 0,38µm a 0,78µm. A cor é, portanto, uma característica da sensação.

14
Acomodação – corresponde a capacidade que o olho tem de ajustar-se às
distâncias diferentes dos objetos, formando assim uma imagem nítida na retina. Este
ajuste se faz variando a curvatura do cristalino e com ele a distância focal por
contração ou distensão dos músculos ciliares.
Acuidade - capacidade que o olho tem de reconhecer com nitidez e precisão
os objetos; a habilidade do olho de ver detalhes. Normalmente, é definida como um
valor que expressa a proporção entre o tamanho do detalhe crítico da tarefa e a
distância desta até o olho.
Cores - a sensibilidade dos olhos para as cores presume também uma
sensibilidade na percepção de diferentes luminosidades das mesmas cores.
Se cada uma das radiações que contem a luz branca chegasse ao olho
separadamente, este as captaria em suas diversas cores com distintas intensidades,
devido ao fato de que a sensibilidade dos cones da retina é diferente para cada cor
(ALOY, 1943, p.12).
Adaptação - é a capacidade que o olho tem de se ajustar automaticamente as
diferentes luminâncias dos objetos. A adaptação do olho à luz e às cores é um
processo fisiológico complexo. O que se vê depende não somente da qualidade de
luz ou da cor presente, mas também do estado dos olhos na hora da visão e da
quantidade de experiência visual.

4 CONCEITOS BÁSICOS DE LUMINOTÉCNICA

A Luz é uma radiação eletromagnética capaz de sensibilizar os olhos humanos


e causar sensação visual (SCHMID, 2005 apud LOSS, 2013).
O conjunto de fenômenos eletromagnéticos é chamado espectro
eletromagnético e é dividido em ondas (de alta e baixa frequência) e radiações. A faixa
das ondas antecede a faixa da radiação, que se inicia com as infravermelhas,
invisíveis, percebidas como calor, continuando com a faixa visível (380 nm a 780 nm),
capaz de sensibilizar o olho humano, e seguindo com as radiações ultravioletas, raios
X, gama e raios cósmicos (COSTA, 2000 apud PEREIRA, 2010).
Porém, o ser humano possui visão tricrômica, ou seja, o olho é sensível a
apenas três cores do espectro visível: vermelho (red), verde (green) e azul (blue),
modelo cromático RGB. Todas as demais cores são baseadas em diferentes

15
combinações entre essas três cores primárias quando tratando de cor luz. Isso se dá
porque na retina existem células fotossensíveis: os bastonetes, sensíveis à
luminosidade, responsáveis pela percepção dos contrastes claro-escuro, silhuetas e
dos tons de cinza; e os cones, sensíveis às cores, existindo três tipos, cada um
sensibilizado por uma cor primária (ROCHA, 2011).

Espectro eletromagnético

Fonte: ROCHA, 2011

16
Composição das cores - modelo RGB

Fluxo Luminoso (Φ) é a potência de radiação total emitida por uma fonte
luminosa em todas as direções, capaz de produzir sensação de luminosidade por meio
do estímulo da retina, ou seja, é a potência de energia luminosa de uma fonte
percebida pelo olho humano (DE FREITAS, 2009). Sua unidade é o lúmen (lm).

Fluxo Luminoso
Fonte: OSRAM, 2014 apud FERREIRA, 2014

Intensidade luminosa (I) é a potência da radiação luminosa em uma dada


direção (DE FREITAS, 2009). Sua unidade é a candela (cd).

17
Intensidade Luminosa
Fonte: OSRAM apud PEREIRA, 2010.

Iluminância (E) “é a razão entre o fluxo luminoso emitido por uma fonte e a
superfície iluminada a certa distância da fonte” (LOSS, 2013). Em outras palavras, é
o fluxo luminoso (lm) que incide perpendicularmente numa superfície por unidade de
área (m²) (Figura 11). Pereira (2010) afirma que o melhor conceito a ser empregado
ao termo é “uma densidade de luz necessária para realização de uma determinada
tarefa visual”. Sua unidade é o lux (1 lux = 1 lm / m²).

Luminância (L) “é a luz refletida pelas superfícies em direção aos olhos do


observador. Depende tanto da iluminância quanto das propriedades reflexivas das
superfícies” (ELEKTRO, 2014 apud FERREIRA, 2014). É devido a iluminância que
uma pessoa consegue enxergar (PEREIRA, 2010). Sua unidade é cd/m².

Fonte: OSRAM, 2014a apud FERREIRA, 2014

18
Eficiência luminosa (η) é a relação entre o fluxo total emitido por uma fonte
luminosa e a potência em watts consumida por ela, ou seja, a quantidade de luz que
uma fonte pode gerar a partir da potência elétrica de 1 watt (W) (PROCEL, 2002 apud
PEREIRA, 2010). Sua unidade é lm/w.

Eficiência luminosa

Temperatura de cor correlata (TCC) diz respeito a aparência de cor da luz


emitida por uma fonte luminosa em comparação a cor emitida pelo corpo negro
radiador, ou seja, não se refere ao calor específico da lâmpada, mas a tonalidade
dada ao ambiente (NOVICKI; MARTINEZ, 2008). É expressa em graus Kelvin (K).
Quanto mais alta a temperatura de cor, mais branca é a cor da luz, ou seja, luzes
quentes, de aparência avermelhadas, alaranjadas e amarelas, possuem temperatura
de cor baixa (abaixo de 3000 K), e as luzes frias, com aparência branco-azuladas,
“branco natural”, têm temperatura de cor alta (por volta dos 5000 K até 6500 K). As
lâmpadas de aparência neutra possuem temperatura de cor em torno dos 4000 K
(LOSS, 2013).

Temperatura de cor correlata

Índice de reprodução de cores (IRC) representa a qualidade em que as cores


serão reproduzidas por uma fonte de luz, comparando com a cor real que é
19
reproduzida sob a luz branca solar natural, independente da temperatura de cor da
fonte” (NOVICKI; MARTINEZ, 2008), ou seja, “a temperatura de cor mede o quão
próximo do branco é a cor de uma fonte de luz, e o IRC sua capacidade de mostrar o
maior número de cores possíveis do espectro visível”, segundo Pereira (2010). Varia
de 0 a 100, é adimensional, e quanto mais próximo de 100, maior é a fidelidade de
reprodução de cor e menor a distorção cromática (ALUMBRA, 2014 apud FERREIRA,
2014) e quanto mais próximo de 0, mais deficiente. De acordo com a OSRAM, “um
IRC entre 90 e 100 é considerado excelente, entre 80 e 89 – muito bom, entre 70 e 79
– bom, entre 60 e 69 – regular, entre 59 e 40 – pobre, abaixo de 40 – muito pobre”
(PEREIRA, 2010).

Índice de reprodução de cor

Ofuscamento, de acordo com a OSRAM (apud FERREIRA, 2014) é definido


como incômodo visual provocado por uma disposição inapropriada de luz, brilhos e
demasiados contrastes, diminuindo a capacidade de identificar objetos no campo de
visão, gerando sensação de desconforto em detrimento das atividades realizadas no
espaço. Pode ser direto, através de uma fonte de luz direcionada ao campo visual, ou
reflexivo, através da reflexão no plano de trabalho ou demais superfícies. “A partir de

20
200cd/m², a luminância é considerada incômoda.” (OSRAM, 2014a apud FERREIRA,
2014)

Tipos de ofuscamento
Fonte: OSRAM, 2014a FERREIRA, 2014.

4.1 Nível De Iluminância

Segundo a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF- 2010), a luz que uma
lâmpada irradia, relacionada à superfície a qual incide, define uma nova grandeza
luminotécnica denominada de iluminamento, nível de iluminação ou iluminância.
A iluminância é a sensação de claridade provocada no olho por uma fonte de
luz ou por uma superfície iluminada em uma dada direção, representa a intensidade
luminosa da superfície dividida pela sua área aparente, dada pela posição do
observador, dependendo também das características de reflexão da superfície.
(OSRAM, 2014a apud FERREIRA, 2014)
Na medição da luz usa-se um instrumento, o medidor de luz, ou luxímetro,
que mede a energia não diretamente, mas da forma como é vista pelo olho. O olho
não vê as radiações infravermelha ou ultravioleta, assim o luxímetro não reage a estes
comprimentos de onda. Os luxímetros de melhor qualidade correspondem de forma
mais sensível às características do olho humano. (OSRAM, 2014a apud FERREIRA,
2014)
A escala a que este instrumento está graduado é o Lux, que é uma unidade
de medida que indica o fluxo luminoso de uma fonte de luz que incide sobre a
21
superfície situada a certa distância dessa fonte. (OSRAM, 2014a apud FERREIRA,
2014)
Um luxímetro consiste numa superfície sensível protegida, ou fotocélula, ligada
eletricamente a um medidor. Assim a NBR 5413, (1992) especificou o valor mínimo
de iluminância média, para ambientes diferenciados pela atividade exercida
relacionada ao conforto visual. Pois, quanto maior for à exigência visual da atividade
maior deverá ser o valor da iluminância média.
Figura 1 – Iluminância

Fonte: Catálogo comercial OSRAM (2010/2011).

Tabela 1 – luminâncias por classe de tarefas visuais

Fonte: NBR 5413 (1992)

22
Grandjean (1998, p.10) afirma que a iluminação muito alta é inconveniente,
visto que iluminação de 1000 Lux aumenta o risco de reflexos perturbadores, de
sombras pronunciadas ou outros contrastes exagerados.
A figura a seguir representa o fluxo luminoso de uma fonte de luz que incide
sobre uma superfície situada a uma certa distância desta fonte. A seguir, a NBR 5413
(1992) determina conforme demonstrado nas tabelas em sequência, níveis de
iluminância para alguns ambientes e tarefas.
Tabela 2 – Nível de Luminância

Fonte: NBR 5413 (1992)

Nessa tabela estão especificados alguns ambientes, definindo- se o Lux


mínimo e máximo para que se possa ter uma iluminação adequada sem causar
nenhum dano ao usuário.

5 SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO

Segundo OSRAM (2014), basicamente existem dois tipos de sistema de


iluminação: o sistema principal, para as necessidades funcionais, e o sistema
secundário que evidencia a personalidade do ambiente e seu design.
Sistema principal: é dividido em iluminação geral e iluminação localizada.
Iluminação geral: é a distribuição regular das luminárias pelo teto, apesar de
oferecer uma maior flexibilidade na disposição interna do ambiente, essa não atende
as necessidades específicas de locais que requerem níveis de iluminância elevados,
apresentando um grande consumo de energia e em certos casos desfavorecendo o
23
controle de ofuscamento - cegueira momentânea causada pelo excesso de luz em
nossos olhos - este sistema se emprega geralmente em salas de aula, fábricas,
oficinas.
Iluminação localizada: concentração da luminária em locais de principal
interesse, esse tipo de iluminação é útil para áreas restritas em trabalho em fabricas,
devendo ser instaladas altas o suficiente para cobrir a superfície adjacente, para que
seja possível um alto nível de iluminância sobre o plano de trabalho, oferecendo uma
maior economia de energia, com um posicionamento que evite o ofuscamento.
Iluminação de tarefa: luminária posicionada próxima à tarefa visual,
iluminando uma área muito pequena, possibilitando maio controle do efeito da
iluminação e também uma maior economia de energia.
Sistema secundário: divide-se em luz de destaque, luz de efeito e luz
decorativa.
Luz de destaque: a iluminação chama atenção do olhar para um objeto ou
uma superfície, esse efeito geralmente é obtido com o uso de spots ou com o
posicionamento da luz muito próximo à superfície a ser iluminada. Pode ser usada em
paredes, gôndolas, quadros etc.
Luz de efeito: o objeto de interesse é a própria luz. Contraste de luz e
sombras, fachos nas paredes, luz colorida, etc.

Luz decorativa: o principal objetivo dessa iluminação é destacar o objeto que


a emite como, por exemplo: lustres, arandelas, velas, etc.

5.1 Efeitos De Luz

De acordo com GURGEL, (2004) a iluminação interfere diretamente na maneira


de ver e sentir o espaço. Cores e texturas devem ser pensadas junto com a luz e seus
efeitos.
Através da luminotécnica é possível ampliar ou reduzir a sensação de tamanho
de um cômodo, valorizar produtos em uma loja, gerar a sensação de conforto ou até
mesmo direcionar circulações.
Segundo GURGEL, (2004) a luz pode ser utilizada para várias finalidades. Seu
efeito é importante para obter a atmosfera desejada, a compreensão do ambiente e

24
essencial para a escolha do tipo de iluminação necessária. GURGEL cita dois tipos
de efeito da iluminação, segundo a orientação do facho e conforme a luminária.
Segundo a orientação do facho está dividido em: iluminação direta, direta de
efeito, indireta, built-in, difusa e wall-washing.

 Direta - é orientada para uma superfície em forma de facho aberto,


gerando sombra.
 Direta de efeito - lâmpadas de facho fechado e concentrado realçam a
textura, o volume e a cor de superfícies ou objetos.
 Indireta - ilumina por meio da reflexão da luz nas paredes ou no teto.
Amplia-se visualmente um pé-direito baixo jogando a luz toda para o
teto.
 Built-in (in direta embutida) - pode estar embutida ou incorporada à
arquitetura, ou a peças do mobiliário.
 Difusa - a luz espalha-se uniformemente pelo o ambiente
 Wall-washing - esse efeito é obtido ao se ilumina r uma parede com
lâmpada halogena bipolar e refletores específicos.

Conforme a luminária: difusa geral, direta- indireta, semidireta, semi-indireta,


indireta e direta.
 Difusa geral - distribui a luz de forma homogênea em todas as direções.
 Direta - indireta - dirige a luz em facho para cima e para baixo.
 Semidireta - emite de 10% a 40% da luz para cim a e o restante, para
baixo.
 Semi-indireta - distribui de 60% a 90% para cima e o restante, para baixo.
 Indireta - joga praticamente toda a luz para o teto.
 Direta - o facho de luz é dirigido totalmente para baixo.

6 CONFORTO AMBIENTAL

Dentro da conceituação proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS,


2014), o conforto é função da relação que o homem estabelece com seu meio-

25
ambiente. Relação esta que é dependente daquilo que o meio possibilita ao indivíduo
em termos de luz, som, calor, uso do espaço e das experiências próprias de cada
pessoa. Experiências que, por sua vez, vão também orientar suas respostas aos
estímulos recebidos, suas necessidades e aspirações.
Trata- se da necessidade de um ambiente estar adequado ao dia-a-dia do
homem, pois quanto menor for o esforço de adaptação do indivíduo, maior será sua
sensação de conforto.
Esse ambiente deve ser confortável para que as pessoas que passam ali horas
trabalhando, tornem-se dispostas, bem-humoradas e estimuladas a trabalhar.
Além do ambiente de trabalho, deve-se pensar também no conforto dos
consumidores ou visitantes, já que eles podem ser essenciais para o fechamento de
negócios e aumento dos lucros da empresa.
O conforto ambiental não é influenciado apenas por um fator, pode ser obtido
também por meio de boa iluminação, ventilação, cores agradáveis e que atuem de
modo positivo nas pessoas, elementos arquitetônicos que explorem sensações e os
sentidos, tornando-se ferramentas que devem ser colocadas em prática e exploradas
ao máximo.
“A qualidade do espaço é medida pela sua temperatura, sua iluminação, seu
ambiente, e o modo pelo qual o espaço é servido de luz, ar e som devem ser
incorporados ao conceito de espaço em si” (KAHN, 1940, p.22).
Entende-se que luz causa um grande impacto psicofisiológico nos seres
humanos interferindo em seus sentimentos podendo causar diversos efeitos, desde
um clima romântico até uma compra de um objeto em uma loja. Uma iluminação
inadequada pode ser prejudicial causando alguns problemas como baixa produção,
baixo aprendizado, acidentes, stress entre outros danos. Mas do mesmo modo que
uma iluminação inadequada é prejudicial uma iluminação adequada traz inúmeros
benefícios.
“O objetivo de qualquer iluminação é proporcionar o ótimo desempenho de uma
tarefa visual, seja ela qual for” (VIANA, GONCALVES, 2004, p.45).
O esforço realizado para ver todos os dias causa uma boa parte do cansaço
físico. Utilizando o exemplo de uma escola, a atividade de ler e escrever exige uma
boa iluminação, e segundo a norma ABNT 5413 (1992), são exigidos 300 lux como
mínimo e 500 lux como ótimo.

26
6.1 Iluminação Inadequada

A utilização da luz envolve não só o campo das ciências exata aplicadas, como
também o das ciências humanas como fisiologia, a psicóloga, a segurança, a arte...
Desta forma, o estudioso em iluminação deverá dedicar-se não só ao formulismo
matemático, mas também aos efeitos comportamentais do indivíduo frente a um
sistema de iluminação, ou seja, dos efeitos sobre o indivíduo e o ato de ver (COSTA,
2005, p. 13).
Estudos comprovaram que a iluminação inadequada está
relacionada a diversos problemas de saúde humana. Uma longa exposição à
iluminação inadequada, durante o dia e à noite contribui para a perda de ordem
temporal interna ou perturbação cronológica. Além disso, também podem estar
associados a problemas como depressão, insônia, câncer e doenças
cardiovasculares.
Segundo a OMS (2014), a forte exposição à luz está relacionada com
alterações nas taxas metabólicas, resultando em obesidade, diabetes tipo II e doenças
cardíacas. Além disso, estudos procuram uma relação de causa e efeito entre
alterações no sistema imunológico, alguns casos de câncer com exposição exagerada
à luz e a baixos níveis de melatonina.
Concluiu- se que além dos efeitos prejudiciais à saúde pelo estilo de vida das
pessoas (sedentarismo, má alimentação, estresse), a poluição luminosa também é
preocupante. Por esse motivo, a International Lighting Association (ILA) - associação
que através de técnicas e tecnologias busca mostrar como a luz pode causar reações
no organismo - sugere que sejam evitadas iluminações incoerentes que podem causar
desordem ao sistema vital como: luminosidade sem indução de soletrol (hormônio
benéfico à produção de vitamina D e proteção provável contra alguns tipos de câncer),
claridade excessiva à noite, e a exposição à claridade por longos períodos no inverno.
Sugere ainda uma iluminação artificial ideal, empregando temperatura de cores abaixo
de 3000K, com espectro contínuo, sem mercúrio, sem frequências moduladas e sem
distúrbios eletromagnéticos. (OMS 2014).
Em síntese, uma iluminação inadequada pode causar ao usuário da edificação:
fadiga visual, dor de cabeça, redução da eficiência visual, ofuscamento, acidentes,
baixo rendimento, desconforto. (OMS 2014).

27
7 ILUMINAÇÃO E AMBIENTE

A iluminação é o recurso que nos permite ver e perceber o espaço construído.


Sem ela, nossa experiência espacial seria bastante diferente e muito mais limitada.
Assim como a iluminação viabiliza a visão, também sua forma de interação com o
espaço é determinante na nossa percepção visual. A distribuição da iluminação
permite trabalhar a hierarquização de elementos da composição, o destaque de
objetos em relação ao seu entorno ou o estabelecimento da homogeneidade dos
níveis de iluminação (INNES, 2014).
Historicamente, a iluminação artificial se desenvolveu com maior força em
ambientes industriais ou de escritórios, que tinham por característica a uniformidade
dos níveis de iluminação, uma vez que se destinavam a atender funções laborativas,
que requerem boas condições visuais. A qualidade da iluminação nesses espaços
visava maior produtividade por meio da melhoria das condições de trabalho
(GONÇALVES; VIANNA, 2001).
Assim, os primórdios da iluminação artificial consolidaram um ideário de
iluminação de qualidade relacionado à quantidade de iluminação existente no
ambiente. Entretanto, desde a década de 1970, o projeto de iluminação com base em
aspectos quantitativos já é dado como ineficiente para contemplar as necessidades
humanas e suas capacidades perceptivas (GANSLANDT; HOFMANN, 1992).
Atualmente, o conceito de iluminação de qualidade estabelecido pela IESNA
(REA, 2000) contempla necessidades humanas, como visibilidade, desempenho de
tarefas, conforto visual, comunicação social, atmosfera, saúde, segurança, bem-estar
e estética; aspectos de arquitetura, como forma, composição, estilo, além das
legislações; e, por fim, aspectos econômicos e ambientais, como instalação,
manutenção, operação, energia e meio ambiente. Esses critérios são aplicados aos
projetos de iluminação conforme as funções desempenhadas pelos espaços
iluminados.

28
Em design de interiores, a criação da atmosfera do ambiente é definida pelas
sensações causadas no observador e provocadas pelas características do espaço. A
percepção do espaço é um processo de apreensão da realidade fundamentada nas
relações traçadas entre o mundo percebido e experiências anteriores. Esse processo
se dá permanentemente ao longo do tempo e é fundamentalmente subjetivo, distinto
em cada cultura e em cada indivíduo e formador da significação das experiências, dos
espaços e objetos. Muitas dessas associações são feitas com relações a padrões de
luz e sombra presentes na natureza, que foram experienciados inúmeras vezes,
constituindo significações que auxiliam no processo de percepção de novos espaços
(TREGENZA; LOE, 2015).
A construção de padrões de luz e sombra também foi desenvolvida por
diferentes artistas na pintura e no teatro como forma de criação de ambiências e
significação. A maneira com que cada um ilumina suas cenas confere identidade à
tela ou peça dramática, além de carregar conteúdo simbólico (ARNHEIM, 2000).
Em arquitetura, a luz é um elemento fundamental na concepção dos espaços
e, por outro lado, a conformação dos espaços e suas aberturas definem as
possibilidades de entrada de luz ao interior da edificação — assim, é uma via de mão
29
dupla. A função do ambiente tem influência direta sobre as relações entre luz e
espaço, uma vez que apresenta as limitações e potencialidades possíveis de serem
exploradas na criação dos mesmos (GONÇALVES; VIANNA, 2001).
As definições espaciais estão intrinsecamente relacionadas à manipulação da
luz natural, uma vez que a geometria dos espaços internos e suas aberturas são
determinantes para a passagem de luz. Do mesmo modo, as relações da luz com a
materialidade das formas permitem inúmeras explorações estéticas. Os materiais
apresentam diferentes comportamentos físicos à luz, assim como a luz pode assumir
diferentes características, interferindo na visualização dos materiais. Essa gama de
combinações possíveis entre material e luz pode gerar efeitos visuais surpreendentes,
contribuindo para a criação da atmosfera do ambiente. (GONÇALVES; VIANNA,
2001).
A cor do material pode ter sua percepção alterada conforme o espectro
eletromagnético da fonte de luz, que interfere na reprodução de cores do material.
Texturas são mais valorizadas sob luz direta do que sob difusa, uma vez que o
contraste entre um ponto e seu entorno fica mais acentuado. A geometria da luz em
relação ao objeto também pode contribuir para a relação de contrastes, dramatizando
as sombras. Materiais translúcidos têm a capacidade de alterar as qualidades de cor
e direção da luz, podendo ser utilizados como elementos de controle de luz.
(GONÇALVES; VIANNA, 2001).
A iluminação de espaços interiores tem o poder de definir o grau de conexão
ou separação entre interior e exterior. Fachadas translúcidas conectam exteriores e
interiores, ao passo que espaços mais opacos criam relação de contraste com o meio
externo, gerando situações de iluminação bem distintas. Além disso, outro fator
relevante na conformação dos espaços é a distribuição da luz integrando ou
separando-os. A luz uniforme, por exemplo, tem o poder de unificar ambientes, uma
vez que não diferencia os níveis de iluminação (INNES, 2014).
Alguns limites espaciais podem ser definidos pela luz, seja iluminando
elementos periféricos, seja criando zonas de luz em um entorno mais escurecido. As
definições de claro-escuro dos espaços podem conferir-lhes hierarquias, ritmo e
movimento, e o olhar pode ser direcionado pela luz, focalizando objetos ou
destacando elementos arquitetônicos, gerando um ponto de interesse visual por meio
do contraste entre objeto e entorno. (GONÇALVES; VIANNA, 2001).

30
7.1 Fontes de iluminação de um ambiente

A iluminação dos ambientes pode ser realizada basicamente de dois modos:


pela luz natural e pela luz artificial. A luz natural é indispensável para a arquitetura,
uma vez que suas variações qualitativas e quantitativas ao longo do dia (e do ano)
são responsáveis pela regulação hormonal, influenciando o ciclo circadiano (relógio
biológico), interferindo diretamente na saúde, no bem-estar e no estado de alerta
humano — entre outras funções metabólicas —, sendo, assim, essencial à vida
humana. Além das reações fisiológicas, a luz traz consequências psicológicas sobre
nós, já que variações na intensidade e qualidade da luz provocam diferentes
sensações (REA, 2000).
A incidência de luz solar direta nos espaços interiores pode atingir de 60.000 a
100.000 lux, o que é considerado excessivo para o desempenho de funções
laborativas no ambiente, enquanto a entrada de luz difusa nos ambientes é
consideravelmente menor, variando entre 5.000 e 20.000 lux. A definição da entrada
de luz direta ou difusa é dada pela orientação solar, pelo tipo de céu e por estratégias
de controle de entrada de luz natural. Além disso, é importante considerar que a
entrada de radiação solar direta está associada à entrada de calor no interior da
edificação (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2013).
Mesmo dentro das categorias de luz direta e indireta, pode haver uma grande
variação nas quantidades de iluminância para cada tipo de incidência, na ordem de
1:1000, dentro de um mesmo ambiente interno. Como forma de simplificação, foram
estabelecidos três tipos de céus: céu claro, parcialmente coberto (anisotrópico) e
encoberto (isotrópico). Em dias de céu claro, a radiação direta é predominante e há
radiação difusa nas proximidades do sol e do horizonte. Em dias de céu encoberto, o
sol não é visível e há um turvamento da abóboda celeste, gerando distribuição de luz
uniforme (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2013).
As variações de intensidade e direção da luz natural, além das variações do
tipo de céu, são consequências da posição da Terra em relação ao Sol, tanto no que
se refere às estações do ano quanto às variações ao longo do dia. Temos como
direção predominante da luz natural a vertical — é assim que ela se apresenta com
maior frequência e, por isso, é registrada em nossas memórias como a luz esperada.
A luz é mais forte quando vem de cima, ainda que a luz refletida possa contribuir
significativamente para a iluminação geral (INNES, 2014).
31
Há outros fatores que influenciam a quantidade de luz natural presente no
ambiente. Além das aberturas — suas quantidades, dimensões, seus formatos e
orientações —, é importante considerarmos a geometria do ambiente e os coeficientes
de reflexão dos materiais. As dimensões e proporções dos ambientes podem gerar
zonas mais escurecidas pelo distanciamento de aberturas, assim como a reflexão dos
materiais altera a quantidade de luz refletida no ambiente, além de interferir
diretamente na percepção do espaço (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2013).
Um parâmetro utilizado para a verificação da quantidade de luz natural
disponível no espaço interno é o coeficiente de luz diurna, também chamado de
contribuição da iluminação natural (CIN), que confere a proporção de iluminância
interna e externa, indicando a aparência do ambiente. Coeficientes na ordem de 5%
ou mais apresentam grande área de envidraçamento, na ordem de ¼ da área de
paredes, ou seja, bastante iluminado. Coeficientes na ordem de 2% ou menos, por
outro lado, demandam a utilização de iluminação artificial (TREGENZA; LOE, 2015).
Você pode conferir algumas dessas relações a seguir.

32
Quando a iluminação natural se torna insuficiente, por pouca captação ou
durante o período noturno, temos a possibilidade de sua complementação ou
substituição com a iluminação artificial. A luz artificial permite que diferentes sistemas
de iluminação atuem em conjunto, definindo espaços, atendendo a aspectos
funcionais e criando ambiências. (GONÇALVES; VIANNA, 2001).
Do ponto de vista funcional, tanto a iluminação natural quanto a artificial devem
atender a alguns quesitos, como evitar ofuscamentos, contrastes excessivos e
reflexos indesejados para ambientes nos quais seja necessário conforto visual,
proporcionando, assim, a iluminação adequada às funções a serem exercidas no
ambiente. Isso significa dizer que se deve buscar boa distribuição de luz, em níveis
adequados às tarefas relacionadas aos espaços, contando com os mecanismos de
controle da luz natural. (GONÇALVES; VIANNA, 2001).
A maioria dos espaços conta com iluminação natural e artificial, o que nos leva
a elaborar formas de integração entre os dois sistemas buscando satisfazer as
necessidades objetivas e subjetivas da criação dos espaços. Para o sistema de
iluminação de qualidade, com desenho integrado, recomenda-se que sejam seguidos
alguns princípios básicos, tais como (GONÇALVES; VIANNA, 2001):
 Observação do nível de iluminação necessário e exigido das atividades
em questão;
 Observação das relações de contraste entre a iluminação natural e
artificial, de forma a evitar ofuscamentos e oferecer boa sensação
subjetiva dos contrastes;
 Recomendação de obtenção de contrastes de 3:1 entre a tarefa visual e
a superfície de trabalho, 10:1 entre a tarefa visual e o espaço
circundante, 20:1 entre a fonte de luz e seu fundo, mantendo a máxima
diferença no campo visual de 40:1, evitando fadiga visual dos usuários;
 Manutenção da aparência e reprodução de cor, evitando que o sistema
suplementar se destaque em relação à iluminação natural;
 Graduação da iluminação suplementar das áreas mais ou menos
próximas às janelas, mantendo a variação da iluminação sobre a área
desejada na proporção de 3:1;
 Sistema de iluminação artificial utilizado a partir de um CIN (coeficiente
de luz natural) de 1% a 1,5% no máximo;

33
 Seleção dos equipamentos de iluminação considerando, além dos
critérios expostos, as questões de eficiência energética dos sistemas.
Partindo das premissas de integração, é possível estabelecer estratégias de
projeto que definem a distribuição da luz no ambiente. Os sistemas de iluminação
podem ser classificados segundo seus objetivos de atuação nos ambientes
(GONÇALVES; VIANNA, 2001; INNES, 2014; TORRES, 2009;
BIGONI, 2009). Ainda que haja variações conforme os diferentes autores,
podemos classificá-los da seguinte forma:
 Iluminação geral: é a iluminação que fornece a iluminância mínima para
os ambientes segundo estabelecido pela norma. A distribuição das
luminárias tende a ser homogênea e visa uniformidade de iluminâncias
no ambiente e no plano de trabalho, o que, por consequência, conforma
ambientes com flexibilidade de leiaute, como os laborativos, como
grandes escritórios, oficinas, salas de aula, fábricas, etc. Em outros tipos
de ambientes, além de fornecer os níveis mínimos, funciona para
atenuar contrates excessivos da iluminação direta ou indireta.
 Iluminação de destaque/direcional: é a iluminação que objetiva enfatizar
elementos, seja pelo contraste entre as intensidades luminosas entre o
ponto de interesse e seu entorno imediato, seja pela tonalidade de luz e
de cor. São comumente utilizadas lâmpadas de facho dirigido e
projetores.
 Iluminação suplementar de tarefa: tem por objetivo complementar a
iluminação geral fornecendo níveis de iluminação adequados à
execução das tarefas no plano de trabalho. Pode ser uma luminária de
mesa, pedestal ou embutida em um móvel que execute essa função.
Diferencia-se da iluminação de destaque por seu objetivo mais funcional
de complementação e por evitar contrastes excessivos com o entorno
imediato que possam causar problemas de adaptação visual. Busca-se
contraste na proporção de 1:5 com a iluminação geral do ambiente.
 Iluminação decorativa: utilizada para caracterizar o ambiente, dar-lhe
identidade, atribuir ambiências ao espaço ou gerar novos padrões de luz
e sombra no ambiente. Não tem por objetivo contribuir quantitativamente
com a iluminação geral.

34
 Iluminação de orientação: indica sentido ou caminho pelo alinhamento
das luminárias de sinalização ou balizamento. Existem diferentes
técnicas que podem ser aplicadas para indicar percurso.

8 TÉCNICAS DE ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL

Em ambientes nos quais se desenvolvem funções não laborativas, a iluminação


pode assumir formas mais cênicas, valendo-se de princípios de percepção para gerar
efeitos visuais que contribuam na criação de ambiências e identidade dos espaços. A
interação entre a luz e os materiais que compõem os ambientes pode criar efeitos
bem distintos entre si. Superfícies opacas foscas dependem apenas da iluminância
sobre elas incidente; já as superfícies lustrosas ganham maior realce quando
iluminadas por fontes de luz puntiformes brilhantes e perdem o destaque sob
iluminação difusa (TREGENZA; LOE, 2015).
A iluminação artificial pode criar diversos efeitos visuais quando aplicada aos
ambientes. O direcionamento, foco ou difusão, a abertura de fachos, a temperatura
de cor é variável que o projetista deve manipular no projeto de iluminação. Algumas
formas usuais foram classificadas de forma genérica, como (BIGONI, 2009; TORRES,
2009; TREGENZA; LOE, 2015):
Downlight: luz direcionada de cima para baixo. É a técnica mais recorrente,
podendo ser mais focada ou difusa.
Uplight: luz direcionada de baixo para cima; frequentemente utilizada para
valorização de elementos verticais, como pilares, ou criação de ritmo em elementos
verticais contínuos mais extensos; tem grande efeito cênico e pode ser trabalhada
com diferentes aberturas de facho.
Wallwash ou lavagem de parede: é o direcionamento da luz uniforme para uma
superfície vertical. Cria a sensação de amplitude do espaço e pode ser simétrica ou
assimétrica, conforme a distribuição de luz da luminária.
Grazing: é também uma lavagem de luz da superfície vertical, mas com a
intenção de salientar texturas dos materiais, portanto, não uniforme. Em geral, a
luminária ou o sistema de iluminação é localizado bem próximo à superfície vertical
para gerar as sombras necessárias.

35
Backlight: é o efeito causado pela luz quando instalada em cavidade com
difusores translúcidos (acrílicos, policarbonatos, vidros, tecidos, etc). Cria um plano
de luz de fundo e os objetos sobrepostos a ele têm sua silhueta valorizada pelo efeito
contraluz.

É importante avaliar as formas de integração da luz natural e artificial


ponderando aspectos funcionais, construtivos e tecnológicos visando uma solução
projetual. A busca pela integração dos projetos objetiva que as características da luz
natural possam ser complementadas pela artificial nos interiores, mantendo a
qualidade visual. Tanto as diferentes formas de iluminação natural quanto as técnicas
de iluminação artificial podem ser associadas no projeto de iluminação, e diferentes
36
sistemas de iluminação natural podem funcionar conjuntamente para atender a
requisitos de uniformidade. (BIGONI, 2009; TORRES, 2009; TREGENZA; LOE, 2015)
Nesse sentido, a inovação tecnológica dos materiais e sistemas de iluminação
representa a ampliação da gama de alternativas de projeto que podem, e devem
contribuir para qualificar a arquitetura.

8.1 Percepção visual dos efeitos da iluminação

O processo perceptivo envolve os estímulos sensoriais, sejam esses visuais ou


não, e as experiências vividas por cada indivíduo que interpreta o espaço. A
interpretação dos estímulos é feita a partir das associações entre as experiências
significadas e as novas experiências. Os padrões de claro e escuro e os materiais nos
remetem a memórias que nos auxiliam a formar uma imagem do lugar a partir dos
nossos filtros culturais e individuais. Esse processo é inconsciente e subjetivo e é
fundamental para a percepção de ambiência dos espaços (TREGENZA; LOE, 2015).
Diferentes formas de iluminar, somadas aos diversos materiais que compõem
o espaço, criam ambientes com caráter completamente diferentes entre si, conforme
podemos ver na Figura 4. As configurações de luz e cor dos ambientes atribuem
identidade aos lugares, ainda que possam variar de cultura para cultura ou de pessoa
para pessoa. Em geral, cores escuras dão sensação de fechamento, redução do
espaço, enquanto cores claras remetem à ideia de amplitude (TREGENZA; LOE,
2015).

37
As relações de contraste são peças-chave para a percepção do espaço e dos
objetos nele inseridos. Para oferecer boas condições de visibilidade de uma
determinada tarefa visual sobre o plano de trabalho, a proporção de 3:1 é suficiente,
mas, se o objetivo for gerar destaque sobre o entorno, a proporção deve aumentar
(TREGENZA; LOE, 2015).
É interessante observar que o contraste entre figura e fundo se dá pela
proporcionalidade. O destaque e a criação de camadas de luz devem trabalhar no
sentido de realçar aspectos significativos da composição espacial. Assim como o
contraste, outros aspectos da iluminação, como a direção da luz, de combinações de
cores, padrões de sombras e dinâmica da luz, são fundamentais para a criação de
efeitos de iluminação. (TREGENZA; LOE, 2015).

9 ILUMINAÇÃO NO ESPAÇO RESIDENCIAL

As pessoas passam a maioria do seu tempo no interior de edificações


iluminadas natural ou artificialmente e, portanto, de acordo com Halliday (1997 apud
LOSS), estas deveriam ser funcionais, eficientes e saudáveis, capazes de oferecer
bem-estar aos usuários. Porém é nas residências onde os seres humanos passam os
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maiores períodos de tempo. Dentre outras justificativas, devido à possibilidade de
exercer atividades remuneradas no próprio domicílio (utilizando as redes de
comunicação - homeoffice), a busca por maior conforto através da obtenção de
eletrodomésticos e outros equipamentos eletrônicos, e a sensação de insegurança
dos centros urbanos (PROCEL, ELETROBRAS, 2007 apud LOSS, 2013).
Bragatto (2013) afirma que, para que o projeto de iluminação seja considerado
eficiente, ele deve considerar e aproveitar durante o maior período possível a
iluminação natural, gerar um conceito de iluminação artificial baseado em cálculos
concretos, criar diferentes circuitos de iluminação que permitam o uso de diferentes
sistemas em momentos específicos, prevendo os pontos de luz e cargas e evitando
gastos desnecessários. “Assim, com as informações definidas, inicia-se o
desenvolvimento das soluções, elegendo os objetivos visuais, compondo os
ambientes, criando efeitos” (GODOY, 2000, p. 4 apud BRAGATTO, 2013).
Pereira (2010) afirma que a iluminação residencial é de extrema importância
para que haja uma melhoria na qualidade de vida e no bem-estar dos moradores e
outros eventuais usuários. Assim, ao se projetar considerando os conceitos de
iluminação, conhecendo as possibilidades de aplicação e os elementos a serem
utilizados, são criados ambientes mais atraentes, confortáveis, seguros e, sobretudo,
saudáveis. Ainda de acordo com o autor, a iluminação residencial tem como principais
funções iluminar, obter boas condições de visão em cada ambiente de acordo com as
diferentes tarefas visuais a serem realizadas (como, por exemplo, ler, escrever,
cozinhar, assistir TV, trabalhar, etc), além de criar um tipo de atmosfera e ambientação
específica, deixando os espaços agradáveis e destacando objetos, detalhes,
superfícies e, não obstante, oferecendo segurança, orientação e visibilidade.
De acordo com Silva (2013), o projeto de arquitetura deve ter condições
favoráveis para o desenvolvimento do projeto de iluminação e este, por sua vez, deve
valorizar aquele. O projeto luminotécnico deve se iniciar a partir de questionamentos
em relação ao usuário, às funções do espaço e as atividades às quais ele está
destinado, além dos elementos que se intenciona destacar. Com base nas respostas
obtidas, define-se o tipo de luz pretendida para o local e, em seguida, determina-se
os equipamentos que oferecem os efeitos desejados. “Dificilmente um só sistema
consegue suprir as necessidades luminosas de um espaço. Normalmente, utiliza-se

39
um sistema principal, focado na funcionalidade, e um ou mais sistemas secundários
[...]”, responsáveis pelos efeitos emocionais mais específicos (SILVA, 2013)
Pereira (2010) completa afirmando que, para oferecer flexibilidade, é sempre
pertinente a instalação de vários focos de luz no ambiente, a fim de se obter uma
iluminação específica para cada atividade que se realize no local.
O progresso material e o conforto ofertado pela industrialização e uso da
energia elétrica são anseios das populações contemporâneas (MENEZES, 2013). De
acordo com Silva (2013), entre os novos desejos em relação às residências está uma
iluminação adequada, fruto do recente reconhecimento do valor funcional e estético
que um projeto de iluminação adequado pode agregar, em detrimento do simples e
convencional ponto de luz central. A autora completa dizendo que essas novas
exigências de inovação e qualidade conduzem os projetistas a investigar diferentes
formas de reformular soluções antiquadas, refinando-as. Além disso, os novos
materiais e tecnologias que têm se desenvolvido, as aplicações criativas e maiores
possibilidades de adaptação de usos permitem mais de possibilidades projetuais e
pluralidade de efeitos (SILVA 2013).
O progresso material e o conforto ofertado pela industrialização e uso da
energia elétrica são anseios das populações contemporâneas (MENEZES, 2013).
De acordo com Silva (2013), entre os novos desejos em relação às residências
está uma iluminação adequada, fruto do recente reconhecimento do valor funcional e
estético que um projeto de iluminação adequado pode agregar, em detrimento do
simples e convencional ponto de luz central. A autora completa dizendo que essas
novas exigências de inovação e qualidade conduzem os projetistas a investigar
diferentes formas de reformular soluções antiquadas, refinando-as. Além disso, os
novos materiais e tecnologias que têm se desenvolvido, as aplicações criativas e
maiores possibilidades de adaptação de usos permitem mais de possibilidades
projetuais e pluralidade de efeitos (SILVA 2013).
O mercado consumidor impulsionou o desenvolvimento do setor industrial, que
passou a contar com uma ampla gama de lâmpadas e luminárias, sistemas de
automação, emprego de forros rebaixados, o que oferece uma infinidade de efeitos,
decorrentes das combinações desses itens (SILVA, 2013). Além da recente evolução
na tecnologia e no design das lâmpadas e luminárias, o que fez com que esses

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elementos se tornassem fatores importantes na decoração, a luz começou a ser usada
como recurso e elemento ativo no projeto de interiores residencial (LOSS, 2013).
Silva (2013) defende que para a seleção dos equipamentos, principalmente as
lâmpadas, é necessário definir muito bem o efeito luminotécnico desejado.
A especificação dos produtos será em função dos modelos que atendem aos
efeitos pretendidos, a disponibilidade no mercado, dimensões, custo-benefício, entre
outros fatores (SILVA, 2013).
Além disso, Pereira (2010) lembra que as soluções são, sobretudo, pessoais,
dependendo do projetista e dos moradores.
Assim, de acordo com Niskier e Macintyre (2000 apud PEREIRA), para definir
o valor de iluminância adequada, deve-se atentar para a idade dos moradores da
residência, a velocidade e precisão que as tarefas visuais que serão exercidas nos
espaços exigem para serem realizadas e a refletância das superfícies que servirão de
fundo ao se desenvolverem as tarefas. Ainda de acordo com os autores, a refletância
(ou fator de reflexão) se define pela “relação, expressa em porcentagem, entre o fluxo
luminoso refletido por uma superfície e o fluxo luminoso incidente sobre ela. [...] varia
sempre em função das cores ou acabamentos das superfícies e suas características
de refletância.” (NISKIER; MACINTYRE, 2000 apud PEREIRA, 2010).
De acordo com Silva (2013), “o elemento refletor da luz deve ser o mais claro
e polido possível, o que sem dúvida amplia o rebatimento e a percepção de
luminosidade.”, mas se o nível de luminância pretendido for menor do que a
capacidade das lâmpadas e do sistema e não houver possibilidade de dimerização, o
teto, parede ou outra superfície refletora podem ser coloridas de forma a diminuir a
luminosidade (SILVA, 2013).
Além disso, o uso da dimerização é muito importante, pois apenas diminuindo
o nível de iluminância, transforma-se completamente a ambiência (Figura 18). Em
residências mais compactas, principalmente, onde os cômodos possuem várias
funções, esse investimento pode ser compensador, além de interferir positivamente
no conforto diário (SILVA, 2013). Loss (2013) também defende que, para ser
considerado bem elaborado e eficiente, um projeto de iluminação deve permitir
aumentar ou diminuir o nível de iluminamento dos espaços em função da atividade a
ser executada, além de ser concebido de maneira a suprir as demais necessidades
dos usuários. A dimerização permite criar uma iluminação mais suave e relaxante nos

41
momentos de descanso, que não interrompa funções fisiológicas importantes do
organismo (LOSS, 2013).
Se tratando da iluminação geral de residências, os níveis de iluminância não
precisam ser necessariamente elevados, assim o projetista deve levar em conta
outros fatores que influenciam na qualidade do projeto, como a harmonização da
iluminação com a arquitetura e a decoração (PEREIRA, 2010).

Dimerização em iluminação de quarto de casal

De acordo com Silva (2013), a luz geral é distribuída de forma homogênea o


ambiente e é imprescindível onde a atividade envolve altos níveis de concentração,
rendimento e precisão. A autora ressalta que mesmo se tratando da iluminação geral,
não significa que esta deve ser obrigatoriamente convencional.
As atividades que necessitam de menor quantidade de luz são as relacionadas
ao descanso, acompanhadas das atividades relativas a estar e comer, depois as
relacionadas à limpeza e, por último, atividades relacionadas à cozinha, que são mais
complexas e exigem maior quantidade de luz (SOUSA, 2014). Segundo Silva (2013),
num ambiente de estar, prioriza-se o descanso e o relaxamento, favorecido por uma
luz suave, de cor âmbar ou branco morno, além de serem áreas onde comumente
procura-se valorizar revestimentos, objetos, setores ou formas arquitetônicas que
oferecem personalidade aos espaços.
Já os escritórios residenciais são ambientes que abrigam diferentes atividades,
sendo necessária uma iluminação que estimule a produtividade e a concentração,
mas também que possibilite um cenário relaxante. Nos dormitórios, é sabido que é
uma questão de saúde manter baixos os níveis de luminância próximo ao horário de
dormir. “A cabeceira, com lâmpadas embutidas numa cava superior, é uma proposta
viável para incentivar este hábito, já que proporciona luz suave [...]” (SILVA, 2013).
Nas lavanderias e cozinhas, onde é interessante aumentar as condições visuais
nas bancadas de preparos, “uma solução é embutir lâmpadas fluorescentes tubulares

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ou fitas LED abaixo dos armários superiores, fazendo uso da parede de fundo como
refletor para ampliar a luminosidade no espaço de trabalho.” (SILVA, 2013).
De acordo com Schmid (2005 apud LOSS, 2013), o período noturno
usualmente é utilizado para atividades que induzem ao relaxamento e descanso,
demandando uma iluminação mais suave. Porém atividades comuns desse período,
como a leitura, necessitam de condições específicas de iluminação para serem
realizadas, o que enfatiza a importância da flexibilidade do projeto. O autor também
defende que a iluminação seja concebida e executada de maneira a preservar o
caráter da noite, sem necessidade de grandes contrastes, sendo a luz difusa ideal
para essas situações.
A norma NBR 15575-2008 (apud LOSS, 2013) recomenda assegurar a
iluminação natural em todos os cômodos da habitação durante o dia e especifica que,
para o período noturno, o sistema de iluminação artificial deve proporcionar
circunstâncias adequadas para ocupação e circulação com segurança e conforto.
Porém, o nível geral de iluminamento recomendado na norma para o período
da noite é maior do que no período diurno, sendo que o ideal seria o inverso, já que o
período noturno é mais conveniente para o relaxamento e descanso e, portanto, não
necessitando de mais luz do que o período do dia, quando são realizadas a grande
maioria das tarefas e atividades (LOSS, 2013); além de auxiliar na economia de
energia elétrica.
A fim de conseguir resultados satisfatórios é imprescindível adquirir
conhecimento sobre o comportamento da luz e dos equipamentos disponíveis, para
que os princípios projetuais sejam congruentes com o desempenho luminotécnico
procurado. Portanto, na concepção do projeto, deve-se utilizar diferentes critérios,
técnicas, além de ter conhecimento do que se está propondo, considerando a
pluralidade de efeitos a serem explorados, as dimensões do ambiente a ser iluminado,
assim como a forma de manutenção dos equipamentos, para que seja um projeto rico,
que faça sentido, priorizando soluções de melhor custo-benefício (SILVA, 2013).

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10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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