Iluminação de Interiores
Iluminação de Interiores
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 2
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1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
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2 HISTÓRICO DA UTILIZAÇÃO DA LUZ NAS EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS
Assim que o homem percebeu que poderia controlar o fogo e usá-lo para
trazer conforto, este deixou de ter apenas sentido simbólico para assumir um
sentido funcional, começando a ser utilizado apenas para aquecer, cozinhar
e iluminar. Nesta época a quantidade de iluminação dependia da forma de
combustão e das propriedades da madeira. (FELIPPE, 2010 apud LOSS,
2013)
3
um êxodo rural, consequência da grande necessidade de mão de obra nas amplas
zonas industriais na cidade, levando ao inchaço dos núcleos urbanos (MASCARÓ,
2005).
A população que migrou para as cidades se alojou em locais conhecidos como
cortiços, que eram insalubres e precários em infraestrutura, o que fomentava a
proliferação de doenças e agravavam as epidemias, gerando uma crise de saúde
pública. Assim, ainda segundo a autora, tiveram de ser difundidas ideias de higiene,
eficiência e economia para controle do ambiente, ratificadas pelo desagrado estético,
má iluminação proveniente do gás e ventilação precária. Assim, a eletricidade deixou
de ser um luxo e se tornou popular a partir do início do século XIX. “Luz, ar e sol se
tornaram premissas para uma edificação mais salubre” (CORRODI e
SPECHTENHAUSER, 2008 apud LOSS, 2013).
Loss (2013) diz que no século XIX a luz já estava bastante presente nas
residências e que no século seguinte emergiram novas tecnologias e posteriormente
houve o desenvolvimento de estudos pertinentes à redução do consumo de energia
elétrica a fim de otimizar a iluminação. Mascaró (2005) afirma que a difusão da luz
elétrica aperfeiçoou as condições pertinentes para a cidade moderna do século XX.
Em termos de inovações tecnológicas importantes para a iluminação de espaços de
interiores, no fim da década de 1940 é incorporada ao mercado a lâmpada de tubo
fluorescente.
Ainda segundo a autora, nesse momento, houve uma homogeneização da
forma dos edifícios, que se transformaram em grandes caixas envidraçadas, deixando
de levar em conta os parâmetros naturais do local de implantação e o conforto
termoacústico das edificações.
Assim, pode-se dizer que a iluminação artificial e o ar condicionado foram
considerados inovações tecnológicas marcantes na história da arquitetura, porque
permitiram o domínio de quase todos os fatores climáticos, denotando um consumo
muito alto de energia elétrica.
Embora as novas tecnologias oferecessem vantagens no caráter econômico e
funcional, essas inovações mudaram os princípios do projeto arquitetônico e fizeram
com que este se afastasse do meio natural e também do ser humano. A tecnologia
era aplicada desprovida de unidade conceitual, não incorporando os aspectos
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humanos ou estéticos, e era exclusivamente consequência de soluções engenhosas,
próprias de pós-guerra.
“O desencontro entre a arquitetura e a iluminação era gritante” (MASCARÓ,
2005).
Devido às fachadas de vidro, especificamente às perdas e ganhos térmicos
próprios da capacidade térmica do material, e também à perda de iluminação artificial
durante a noite, os gastos e desperdícios de energia eram substanciais, conforme
autora. Ainda de acordo com Mascaró (2005), os problemas e especificidades da
iluminação artificial nem sempre eram objeto de entendimento dos projetistas e, nesse
momento, se proliferavam nos exteriores com o uso da iluminação de fachadas
publicitárias, além da iluminação pública.
Era um período dominado pela produção, sem encontrar ritmo e conceito
próprio (GIEDION, 1978 apud MASCARÓ, 2005). Entretanto, na década de 1970, com
a crise do petróleo, a economia de energia se tornou uma prioridade. Houve um
avanço tecnológico no sentido de melhorar a eficácia das lâmpadas e seu rendimento
energético, controlar o ofuscamento e melhorar o sistema ótico como um todo das
luminárias, devido à maior luminância das fontes, além do aperfeiçoamento dos
materiais (MASCARÓ, 2005).
De acordo com a autora, a década de 1980 foi marcada pelo aprofundamento
das pesquisas sobre o tema, principalmente sobre as lâmpadas, o seu rendimento e
qualidade de cor.
Houve também grandes progressos no âmbito da visão e da percepção, que
foram a premissa para os projetos vindouros de iluminação, que repercutiram de forma
categórica em temas específicos como a cor, o que levou a iluminação para um pleno
desenvolvimento (MASCARÓ, 2005).
3 O QUE É LUZ
De acordo com MICHAELIS (2008), a luz pode ser definida como uma onda
eletromagnética, na qual o comprimento de ondas possui intervalos, tornando-se
sensível aos olhos e atuando nos órgãos visuais, produzindo a sensação da visão.
Ela é emitida por objetos energéticos ou quentes como, por exemplo, o Sol e o
fogo, e é refletida por objetos não luminosos.
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Um psicólogo que estude a sensação visual não apenas examinaria a estrutura
física do olho e suas reações à energia luminosa, mas também tentaria estabelecer
de que maneira as experiências sensoriais se relacionam tanto ao estímulo da luz
ambiental quanto ao funcionamento do olho (SCHIFFMAN, 2005, p35).
A luz natural como o próprio nome diz, é gerada naturalmente sem influências
do homem. É uma luz benéfica e saudável ao ser humano, pois faz com que o
organismo produza vitamina D, além disso, é ela que aumenta a energia e regulariza
o metabolismo. Isso tudo depende de que se tenha uma exposição moderada a ela,
pois uma exposição em excesso à luz solar causa prejuízos, podendo acarretar em
câncer de pele, danos aos olhos, resultando em cataratas.
A luz solar, diferente da luz artificial, não pode ser regulada conforme as
necessidades humanas e sua intensidade e variação de radiação são difíceis de
simular com iluminação artificial.
“O Sol ilumina a vida e deve ser usado como tal na concepção de qualquer
casa” (WRIGHT, 1943, p. 53).
“A iluminação natural é um dos principais critérios a influir na qualidade de um
ambiente” (GABRIEL, 2017).
Barnabé (2007 apud MENEZES, 2013) anuncia que a luz natural é um dos
aspectos primordiais para o processo de concepção do projeto arquitetônico e que,
para se obter como resultado um ambiente de alta qualidade, é necessário utilizá-la
como diretriz no momento de concepção, visando os elementos construídos.
Costa (2013) afirma que luz e arquitetura estão intimamente associadas ao
longo da história. A maneira como os arquitetos utilizavam a luz do dia representava
as características dos períodos históricos e das respectivas culturas, adquirindo
inúmeros significados, desde divino, poder, democracia, transparência, a honra e a
verdade, o avanço tecnológico, à proximidade e o respeito pela natureza. Assim, a luz
e o calor do sol induziram o ser humano a desenvolver maneiras específicas de
conceber as edificações a fim de gerar condições de conforto durante todo o ano
(COSTA, 2013).
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A luz natural proveniente de uma janela pode vir de diversas fontes: luz solar
direta, céu claro, céu parcialmente encoberto, céu encoberto, luz refletida do
solo, vegetação e edifícios. Assim, dependendo da fonte, a luz varia não só
em quantidade e carga térmica, mas também, em qualidade, como cor,
difusão e eficácia. (COSTA, 2013)
As várias componentes da luz natural – luz solar direta, luz do céu difusa, luz
refletida
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um ambiente, os seus hábitos e estados de espírito, determinando o aspecto
emocional do lugar.
As condições atmosféricas locais e a qualidade do ar também interferem na
disponibilidade de luz natural. Nas zonas urbanas, as camadas de ar mais próximas
ao solo se encontram repletas de partículas e gases poluentes que formam barreiras
aos raios solares, o que pode significar uma redução da quantidade de luz de cerca
de 60% no interior das cidades, segundo Costa (2013).
As condições morfológicas influenciam do mesmo modo, como algum eventual
sombreamento gerado pela vegetação, relevo ou outras construções vindouras. Por
isso, de acordo com Knowles (1981 apud COSTA, 2013), é fundamental a concepção
da forma arquitetônica correta e a implantação urbana mais apropriada para que seja
assegurado o acesso à luz natural e a possibilidade de controle dessa luz, contribuindo
para que se possa alcançar níveis excelentes de iluminação natural no interior da
edificação, levando em conta as formas urbanas e arquitetônicas, a começar da
definição da malha urbana, ruas, praças, vegetação e suas relações com o projeto
arquitetônico, o que tem como consequência um possível impacto positivo no conforto
térmico e consumo de energia.
A forma de um edifício deve levar em conta o percurso solar (COSTA, 2013).
Segundo Sharp et al. (2014 apud TOLEDO; CÁRDENAS, 2015), a orientação
e localização do prédio e suas aberturas são imprescindíveis para o êxito e
maximização da eficácia de um sistema de iluminação natural.
Costa (2013) afirma que a arquitetura pertence ao local e cada lugar tem a sua
luz peculiar, sendo esta a regra para a compreensão do problema arquitetônico. Essa
luz torna o ambiente único e memorável quanto ao lugar em si e suas particularidades,
mas também caracteriza as mudanças que ocorrem no seu próprio sistema ao longo
do tempo, criando padrões distintos e mudanças sazonais.
Por conseguinte, ainda segundo Costa (2013), a intensidade com a qual a luz
natural chega num ambiente interno e a sua distribuição neste estão a mercê de
alguns fatores como a disponibilidade da luz natural, existência ou não de obstáculos
externos e da dimensão e forma do espaço em questão. Além disso, o tamanho,
orientação, posição e forma das aberturas, incluindo as características ópticas dos
vidros é igualmente de extrema importância. O que vai determinar o tamanho, tipo e
o número de aberturas são os materiais construtivos disponíveis, métodos
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construtivos, condições climáticas e cultura local. Essas aberturas são fatores que
influenciam na forma arquitetônica e têm a capacidade de criar diferentes relações
com o exterior, visto que “se as aberturas ultrapassarem certas dimensões, o volume
transformar-se-á num esqueleto, se forem relativamente pequenas, reforçam a
impressão de robustez” (COSTA, 2013). Ademais, a função das janelas e aberturas
de possibilitar as vistas do exterior afetam positivamente a saúde dos usuários, além
de serem agradáveis e melhorarem a ventilação e qualidade do ar interior (TOLEDO;
CÁRDENAS, 2015).
A capacidade de reflexão das superfícies internas é outro aspecto influenciador
(COSTA, 2013). As características dos materiais utilizados no projeto do interior, as
cores e refletâncias das superfícies das paredes e mobiliário influenciam
significativamente nos níveis de iluminação dos ambientes (ALZOUBI et al., 2013
apud TOLEDO; CÁRDENAS, 2015).
Um projeto de iluminação natural considerado eficiente é aquele que aproveita
a luz e tem a capacidade de controlá-la, possível através de soluções arquitetônicas
adequadas e maior compreensão do comportamento da luz, a fim de potencializar os
benefícios e vantagens e reduzir as desvantagens da iluminação solar no ambiente
(COSTA, 2013). Além de ser uma fonte de energia renovável, segundo Majoros (1998
apud AMORIM, 2002), a luz natural apresenta maior qualidade, em virtude do
desenvolvimento da visão humana dependente da luz natural (o que vai guiar os
parâmetros da luz artificial); é suscetível a variações, o que propicia a experiência de
diferentes sensações no ambiente; e oferece iluminação suficiente durante grande
parte do período de luz diário. Porém, a baixa luminosidade dificulta a visão por níveis
de iluminância insuficientes e a alta luminosidade é responsável por ofuscamentos no
campo de visão, ambas situações inadequadas (BOGO, 2010 apud GABRIEL, 2017).
A iluminação natural não só permite perceber materiais e cores, mas também
define a volumetria através dos jogos de sombras e de claros-escuros. Portanto, para
uma boa iluminação é necessário levar em conta no projeto de iluminação natural a
sombra e a escuridão com a mesma importância que a luz, pois estas aumentam a
sensibilidade do usuário à claridade, além de transformar radicalmente os ambientes
conforme as sombras vão se modificando ao longo do dia (COSTA, 2013).
A luz natural traz incontáveis benefícios, seja no âmbito econômico, no tocante
a redução do consumo de energia elétrica, seja oferecendo bem-estar e melhorando
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a saúde e/ou desempenho daqueles que ocupam os ambientes. Além de permitir uma
visão adequada, a luz natural desencadeia vários efeitos biológicos, circadianos,
neuroendócrinos e neurocomportamentais, que devem ser levados em conta no
projeto arquitetônico. Portanto, se faz necessário estudar variadas estratégias para
maximizar a entrada de luz, mas, ao mesmo tempo, procurar atenuar ou eliminar os
efeitos negativos que podem vir a existir. Enfatiza-se também a importância da
integração correta com sistemas de iluminação artificial para que haja economia de
energia elétrica (BELLIA et al, 2013; LESLIE, 2011; ANDERSEN et al., 2013 apud
TOLEDO; CÁRDENAS, 2015).
Segundo Costa (2013), todos os espaços demandam de luz natural ou artificial
por razões funcionais ou decorativas. “A luz dá coloração às coisas e influencia o
homem, determina a atmosfera e o ambiente do lugar” (COSTA, 2013). Portanto,
pode-se concluir que a luz solar é um elemento imprescindível de design que
aperfeiçoa os aspectos estéticos do espaço arquitetônico, porém, a sua qualidade e
desempenho luminoso estão submetidos a inúmeras variantes e por isso cada projeto
demanda soluções específicas (TOLEDO; CÁRDENAS, 2015).
Segundo Barbosa (2010 apud GABRIEL, 2017), a luz artificial no período diurno
é um complemento fundamental que possibilita a execução de determinadas
atividades com estabilidade, eficiência e produtividade, levando em conta as
inconstâncias da luz natural, além de prover luz no período noturno.
Diferentemente da luz in natura, a luz artificial pode ser controlada. O advento
da iluminação artificial foi viabilizado pela descoberta da eletricidade, que permitiu o
desenvolvimento de tarefas e atividades diversas em locais internos com pouca ou
nenhuma iluminação natural e, principalmente, no período noturno, modificando as
práticas humanas dessas atividades (BRAGATTO, 2013). Consequentemente, de
acordo com Fostervold et al. (2010 apud LOSS, 2013) os aperfeiçoamentos no campo
da iluminação vêm aumentando o uso e dependência da luz artificial.
A iluminação adequada tem a capacidade de proporcionar maiores níveis de
conforto, modificar a forma que a arquitetura se apresenta e valorizar os ambientes.
Além disso, dá identidade e ajuda a definir a atmosfera dos espaços, variando desde
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o relaxante ao estimulante, o que é tão importante quanto a arquitetura em si e
também os outros aspectos dela, como sons, cheiros e o tato (GODOY, 2000 apud
BRAGATTO, 2013).
Nascimento (2014) defende o
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Bragatto (2013) completa afirmando que a economia de energia pode ser
alcançada através de um projeto luminotécnico condizente e mudanças de hábitos de
uso. Além dos hábitos inadequados, iluminação em excesso, falta de aproveitamento
da iluminação natural, uso de aparatos com baixa eficiência luminosa, falta de
interruptores e pouca manutenção são os problemas mais recorrentes relacionados à
eficiência da iluminação encontrados nas edificações (RODRIGUES, 2002 apud
BRAGATTO, 2013). Shuboni e Yan (2010 apud LOSS, 2013) destacam também a
mudança de outra circunstância, afirmando que a luz elétrica alterou as condições e,
por conseguinte, as dinâmicas ambientais com noites visivelmente mais claras. É
possível observar esse fenômeno principalmente nos grandes centros urbanos, onde
a densidade de edifícios é maior e onde a luz artificial é utilizada sem critérios e os
níveis de iluminância são cada vez maiores (LOSS, 2013).
Logo, é imprescindível que a iluminação artificial e natural, a arquitetura e o
design de interior do ambiente estejam intimamente integrados, compondo com
sucesso o projeto (BRAGATTO, 2013).
Além disso, o conhecimento relacionado à iluminação artificial, ratificado pelo
uso das novas tecnologias que a indústria tem colocado à disposição dos projetistas,
pode oferecer aos usuários uma nova forma de utilização e usufruir da iluminação
(LOSS, 2013).
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Acomodação – corresponde a capacidade que o olho tem de ajustar-se às
distâncias diferentes dos objetos, formando assim uma imagem nítida na retina. Este
ajuste se faz variando a curvatura do cristalino e com ele a distância focal por
contração ou distensão dos músculos ciliares.
Acuidade - capacidade que o olho tem de reconhecer com nitidez e precisão
os objetos; a habilidade do olho de ver detalhes. Normalmente, é definida como um
valor que expressa a proporção entre o tamanho do detalhe crítico da tarefa e a
distância desta até o olho.
Cores - a sensibilidade dos olhos para as cores presume também uma
sensibilidade na percepção de diferentes luminosidades das mesmas cores.
Se cada uma das radiações que contem a luz branca chegasse ao olho
separadamente, este as captaria em suas diversas cores com distintas intensidades,
devido ao fato de que a sensibilidade dos cones da retina é diferente para cada cor
(ALOY, 1943, p.12).
Adaptação - é a capacidade que o olho tem de se ajustar automaticamente as
diferentes luminâncias dos objetos. A adaptação do olho à luz e às cores é um
processo fisiológico complexo. O que se vê depende não somente da qualidade de
luz ou da cor presente, mas também do estado dos olhos na hora da visão e da
quantidade de experiência visual.
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combinações entre essas três cores primárias quando tratando de cor luz. Isso se dá
porque na retina existem células fotossensíveis: os bastonetes, sensíveis à
luminosidade, responsáveis pela percepção dos contrastes claro-escuro, silhuetas e
dos tons de cinza; e os cones, sensíveis às cores, existindo três tipos, cada um
sensibilizado por uma cor primária (ROCHA, 2011).
Espectro eletromagnético
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Composição das cores - modelo RGB
Fluxo Luminoso (Φ) é a potência de radiação total emitida por uma fonte
luminosa em todas as direções, capaz de produzir sensação de luminosidade por meio
do estímulo da retina, ou seja, é a potência de energia luminosa de uma fonte
percebida pelo olho humano (DE FREITAS, 2009). Sua unidade é o lúmen (lm).
Fluxo Luminoso
Fonte: OSRAM, 2014 apud FERREIRA, 2014
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Intensidade Luminosa
Fonte: OSRAM apud PEREIRA, 2010.
Iluminância (E) “é a razão entre o fluxo luminoso emitido por uma fonte e a
superfície iluminada a certa distância da fonte” (LOSS, 2013). Em outras palavras, é
o fluxo luminoso (lm) que incide perpendicularmente numa superfície por unidade de
área (m²) (Figura 11). Pereira (2010) afirma que o melhor conceito a ser empregado
ao termo é “uma densidade de luz necessária para realização de uma determinada
tarefa visual”. Sua unidade é o lux (1 lux = 1 lm / m²).
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Eficiência luminosa (η) é a relação entre o fluxo total emitido por uma fonte
luminosa e a potência em watts consumida por ela, ou seja, a quantidade de luz que
uma fonte pode gerar a partir da potência elétrica de 1 watt (W) (PROCEL, 2002 apud
PEREIRA, 2010). Sua unidade é lm/w.
Eficiência luminosa
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200cd/m², a luminância é considerada incômoda.” (OSRAM, 2014a apud FERREIRA,
2014)
Tipos de ofuscamento
Fonte: OSRAM, 2014a FERREIRA, 2014.
Segundo a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF- 2010), a luz que uma
lâmpada irradia, relacionada à superfície a qual incide, define uma nova grandeza
luminotécnica denominada de iluminamento, nível de iluminação ou iluminância.
A iluminância é a sensação de claridade provocada no olho por uma fonte de
luz ou por uma superfície iluminada em uma dada direção, representa a intensidade
luminosa da superfície dividida pela sua área aparente, dada pela posição do
observador, dependendo também das características de reflexão da superfície.
(OSRAM, 2014a apud FERREIRA, 2014)
Na medição da luz usa-se um instrumento, o medidor de luz, ou luxímetro,
que mede a energia não diretamente, mas da forma como é vista pelo olho. O olho
não vê as radiações infravermelha ou ultravioleta, assim o luxímetro não reage a estes
comprimentos de onda. Os luxímetros de melhor qualidade correspondem de forma
mais sensível às características do olho humano. (OSRAM, 2014a apud FERREIRA,
2014)
A escala a que este instrumento está graduado é o Lux, que é uma unidade
de medida que indica o fluxo luminoso de uma fonte de luz que incide sobre a
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superfície situada a certa distância dessa fonte. (OSRAM, 2014a apud FERREIRA,
2014)
Um luxímetro consiste numa superfície sensível protegida, ou fotocélula, ligada
eletricamente a um medidor. Assim a NBR 5413, (1992) especificou o valor mínimo
de iluminância média, para ambientes diferenciados pela atividade exercida
relacionada ao conforto visual. Pois, quanto maior for à exigência visual da atividade
maior deverá ser o valor da iluminância média.
Figura 1 – Iluminância
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Grandjean (1998, p.10) afirma que a iluminação muito alta é inconveniente,
visto que iluminação de 1000 Lux aumenta o risco de reflexos perturbadores, de
sombras pronunciadas ou outros contrastes exagerados.
A figura a seguir representa o fluxo luminoso de uma fonte de luz que incide
sobre uma superfície situada a uma certa distância desta fonte. A seguir, a NBR 5413
(1992) determina conforme demonstrado nas tabelas em sequência, níveis de
iluminância para alguns ambientes e tarefas.
Tabela 2 – Nível de Luminância
5 SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO
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essencial para a escolha do tipo de iluminação necessária. GURGEL cita dois tipos
de efeito da iluminação, segundo a orientação do facho e conforme a luminária.
Segundo a orientação do facho está dividido em: iluminação direta, direta de
efeito, indireta, built-in, difusa e wall-washing.
6 CONFORTO AMBIENTAL
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ambiente. Relação esta que é dependente daquilo que o meio possibilita ao indivíduo
em termos de luz, som, calor, uso do espaço e das experiências próprias de cada
pessoa. Experiências que, por sua vez, vão também orientar suas respostas aos
estímulos recebidos, suas necessidades e aspirações.
Trata- se da necessidade de um ambiente estar adequado ao dia-a-dia do
homem, pois quanto menor for o esforço de adaptação do indivíduo, maior será sua
sensação de conforto.
Esse ambiente deve ser confortável para que as pessoas que passam ali horas
trabalhando, tornem-se dispostas, bem-humoradas e estimuladas a trabalhar.
Além do ambiente de trabalho, deve-se pensar também no conforto dos
consumidores ou visitantes, já que eles podem ser essenciais para o fechamento de
negócios e aumento dos lucros da empresa.
O conforto ambiental não é influenciado apenas por um fator, pode ser obtido
também por meio de boa iluminação, ventilação, cores agradáveis e que atuem de
modo positivo nas pessoas, elementos arquitetônicos que explorem sensações e os
sentidos, tornando-se ferramentas que devem ser colocadas em prática e exploradas
ao máximo.
“A qualidade do espaço é medida pela sua temperatura, sua iluminação, seu
ambiente, e o modo pelo qual o espaço é servido de luz, ar e som devem ser
incorporados ao conceito de espaço em si” (KAHN, 1940, p.22).
Entende-se que luz causa um grande impacto psicofisiológico nos seres
humanos interferindo em seus sentimentos podendo causar diversos efeitos, desde
um clima romântico até uma compra de um objeto em uma loja. Uma iluminação
inadequada pode ser prejudicial causando alguns problemas como baixa produção,
baixo aprendizado, acidentes, stress entre outros danos. Mas do mesmo modo que
uma iluminação inadequada é prejudicial uma iluminação adequada traz inúmeros
benefícios.
“O objetivo de qualquer iluminação é proporcionar o ótimo desempenho de uma
tarefa visual, seja ela qual for” (VIANA, GONCALVES, 2004, p.45).
O esforço realizado para ver todos os dias causa uma boa parte do cansaço
físico. Utilizando o exemplo de uma escola, a atividade de ler e escrever exige uma
boa iluminação, e segundo a norma ABNT 5413 (1992), são exigidos 300 lux como
mínimo e 500 lux como ótimo.
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6.1 Iluminação Inadequada
A utilização da luz envolve não só o campo das ciências exata aplicadas, como
também o das ciências humanas como fisiologia, a psicóloga, a segurança, a arte...
Desta forma, o estudioso em iluminação deverá dedicar-se não só ao formulismo
matemático, mas também aos efeitos comportamentais do indivíduo frente a um
sistema de iluminação, ou seja, dos efeitos sobre o indivíduo e o ato de ver (COSTA,
2005, p. 13).
Estudos comprovaram que a iluminação inadequada está
relacionada a diversos problemas de saúde humana. Uma longa exposição à
iluminação inadequada, durante o dia e à noite contribui para a perda de ordem
temporal interna ou perturbação cronológica. Além disso, também podem estar
associados a problemas como depressão, insônia, câncer e doenças
cardiovasculares.
Segundo a OMS (2014), a forte exposição à luz está relacionada com
alterações nas taxas metabólicas, resultando em obesidade, diabetes tipo II e doenças
cardíacas. Além disso, estudos procuram uma relação de causa e efeito entre
alterações no sistema imunológico, alguns casos de câncer com exposição exagerada
à luz e a baixos níveis de melatonina.
Concluiu- se que além dos efeitos prejudiciais à saúde pelo estilo de vida das
pessoas (sedentarismo, má alimentação, estresse), a poluição luminosa também é
preocupante. Por esse motivo, a International Lighting Association (ILA) - associação
que através de técnicas e tecnologias busca mostrar como a luz pode causar reações
no organismo - sugere que sejam evitadas iluminações incoerentes que podem causar
desordem ao sistema vital como: luminosidade sem indução de soletrol (hormônio
benéfico à produção de vitamina D e proteção provável contra alguns tipos de câncer),
claridade excessiva à noite, e a exposição à claridade por longos períodos no inverno.
Sugere ainda uma iluminação artificial ideal, empregando temperatura de cores abaixo
de 3000K, com espectro contínuo, sem mercúrio, sem frequências moduladas e sem
distúrbios eletromagnéticos. (OMS 2014).
Em síntese, uma iluminação inadequada pode causar ao usuário da edificação:
fadiga visual, dor de cabeça, redução da eficiência visual, ofuscamento, acidentes,
baixo rendimento, desconforto. (OMS 2014).
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7 ILUMINAÇÃO E AMBIENTE
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Em design de interiores, a criação da atmosfera do ambiente é definida pelas
sensações causadas no observador e provocadas pelas características do espaço. A
percepção do espaço é um processo de apreensão da realidade fundamentada nas
relações traçadas entre o mundo percebido e experiências anteriores. Esse processo
se dá permanentemente ao longo do tempo e é fundamentalmente subjetivo, distinto
em cada cultura e em cada indivíduo e formador da significação das experiências, dos
espaços e objetos. Muitas dessas associações são feitas com relações a padrões de
luz e sombra presentes na natureza, que foram experienciados inúmeras vezes,
constituindo significações que auxiliam no processo de percepção de novos espaços
(TREGENZA; LOE, 2015).
A construção de padrões de luz e sombra também foi desenvolvida por
diferentes artistas na pintura e no teatro como forma de criação de ambiências e
significação. A maneira com que cada um ilumina suas cenas confere identidade à
tela ou peça dramática, além de carregar conteúdo simbólico (ARNHEIM, 2000).
Em arquitetura, a luz é um elemento fundamental na concepção dos espaços
e, por outro lado, a conformação dos espaços e suas aberturas definem as
possibilidades de entrada de luz ao interior da edificação — assim, é uma via de mão
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dupla. A função do ambiente tem influência direta sobre as relações entre luz e
espaço, uma vez que apresenta as limitações e potencialidades possíveis de serem
exploradas na criação dos mesmos (GONÇALVES; VIANNA, 2001).
As definições espaciais estão intrinsecamente relacionadas à manipulação da
luz natural, uma vez que a geometria dos espaços internos e suas aberturas são
determinantes para a passagem de luz. Do mesmo modo, as relações da luz com a
materialidade das formas permitem inúmeras explorações estéticas. Os materiais
apresentam diferentes comportamentos físicos à luz, assim como a luz pode assumir
diferentes características, interferindo na visualização dos materiais. Essa gama de
combinações possíveis entre material e luz pode gerar efeitos visuais surpreendentes,
contribuindo para a criação da atmosfera do ambiente. (GONÇALVES; VIANNA,
2001).
A cor do material pode ter sua percepção alterada conforme o espectro
eletromagnético da fonte de luz, que interfere na reprodução de cores do material.
Texturas são mais valorizadas sob luz direta do que sob difusa, uma vez que o
contraste entre um ponto e seu entorno fica mais acentuado. A geometria da luz em
relação ao objeto também pode contribuir para a relação de contrastes, dramatizando
as sombras. Materiais translúcidos têm a capacidade de alterar as qualidades de cor
e direção da luz, podendo ser utilizados como elementos de controle de luz.
(GONÇALVES; VIANNA, 2001).
A iluminação de espaços interiores tem o poder de definir o grau de conexão
ou separação entre interior e exterior. Fachadas translúcidas conectam exteriores e
interiores, ao passo que espaços mais opacos criam relação de contraste com o meio
externo, gerando situações de iluminação bem distintas. Além disso, outro fator
relevante na conformação dos espaços é a distribuição da luz integrando ou
separando-os. A luz uniforme, por exemplo, tem o poder de unificar ambientes, uma
vez que não diferencia os níveis de iluminação (INNES, 2014).
Alguns limites espaciais podem ser definidos pela luz, seja iluminando
elementos periféricos, seja criando zonas de luz em um entorno mais escurecido. As
definições de claro-escuro dos espaços podem conferir-lhes hierarquias, ritmo e
movimento, e o olhar pode ser direcionado pela luz, focalizando objetos ou
destacando elementos arquitetônicos, gerando um ponto de interesse visual por meio
do contraste entre objeto e entorno. (GONÇALVES; VIANNA, 2001).
30
7.1 Fontes de iluminação de um ambiente
32
Quando a iluminação natural se torna insuficiente, por pouca captação ou
durante o período noturno, temos a possibilidade de sua complementação ou
substituição com a iluminação artificial. A luz artificial permite que diferentes sistemas
de iluminação atuem em conjunto, definindo espaços, atendendo a aspectos
funcionais e criando ambiências. (GONÇALVES; VIANNA, 2001).
Do ponto de vista funcional, tanto a iluminação natural quanto a artificial devem
atender a alguns quesitos, como evitar ofuscamentos, contrastes excessivos e
reflexos indesejados para ambientes nos quais seja necessário conforto visual,
proporcionando, assim, a iluminação adequada às funções a serem exercidas no
ambiente. Isso significa dizer que se deve buscar boa distribuição de luz, em níveis
adequados às tarefas relacionadas aos espaços, contando com os mecanismos de
controle da luz natural. (GONÇALVES; VIANNA, 2001).
A maioria dos espaços conta com iluminação natural e artificial, o que nos leva
a elaborar formas de integração entre os dois sistemas buscando satisfazer as
necessidades objetivas e subjetivas da criação dos espaços. Para o sistema de
iluminação de qualidade, com desenho integrado, recomenda-se que sejam seguidos
alguns princípios básicos, tais como (GONÇALVES; VIANNA, 2001):
Observação do nível de iluminação necessário e exigido das atividades
em questão;
Observação das relações de contraste entre a iluminação natural e
artificial, de forma a evitar ofuscamentos e oferecer boa sensação
subjetiva dos contrastes;
Recomendação de obtenção de contrastes de 3:1 entre a tarefa visual e
a superfície de trabalho, 10:1 entre a tarefa visual e o espaço
circundante, 20:1 entre a fonte de luz e seu fundo, mantendo a máxima
diferença no campo visual de 40:1, evitando fadiga visual dos usuários;
Manutenção da aparência e reprodução de cor, evitando que o sistema
suplementar se destaque em relação à iluminação natural;
Graduação da iluminação suplementar das áreas mais ou menos
próximas às janelas, mantendo a variação da iluminação sobre a área
desejada na proporção de 3:1;
Sistema de iluminação artificial utilizado a partir de um CIN (coeficiente
de luz natural) de 1% a 1,5% no máximo;
33
Seleção dos equipamentos de iluminação considerando, além dos
critérios expostos, as questões de eficiência energética dos sistemas.
Partindo das premissas de integração, é possível estabelecer estratégias de
projeto que definem a distribuição da luz no ambiente. Os sistemas de iluminação
podem ser classificados segundo seus objetivos de atuação nos ambientes
(GONÇALVES; VIANNA, 2001; INNES, 2014; TORRES, 2009;
BIGONI, 2009). Ainda que haja variações conforme os diferentes autores,
podemos classificá-los da seguinte forma:
Iluminação geral: é a iluminação que fornece a iluminância mínima para
os ambientes segundo estabelecido pela norma. A distribuição das
luminárias tende a ser homogênea e visa uniformidade de iluminâncias
no ambiente e no plano de trabalho, o que, por consequência, conforma
ambientes com flexibilidade de leiaute, como os laborativos, como
grandes escritórios, oficinas, salas de aula, fábricas, etc. Em outros tipos
de ambientes, além de fornecer os níveis mínimos, funciona para
atenuar contrates excessivos da iluminação direta ou indireta.
Iluminação de destaque/direcional: é a iluminação que objetiva enfatizar
elementos, seja pelo contraste entre as intensidades luminosas entre o
ponto de interesse e seu entorno imediato, seja pela tonalidade de luz e
de cor. São comumente utilizadas lâmpadas de facho dirigido e
projetores.
Iluminação suplementar de tarefa: tem por objetivo complementar a
iluminação geral fornecendo níveis de iluminação adequados à
execução das tarefas no plano de trabalho. Pode ser uma luminária de
mesa, pedestal ou embutida em um móvel que execute essa função.
Diferencia-se da iluminação de destaque por seu objetivo mais funcional
de complementação e por evitar contrastes excessivos com o entorno
imediato que possam causar problemas de adaptação visual. Busca-se
contraste na proporção de 1:5 com a iluminação geral do ambiente.
Iluminação decorativa: utilizada para caracterizar o ambiente, dar-lhe
identidade, atribuir ambiências ao espaço ou gerar novos padrões de luz
e sombra no ambiente. Não tem por objetivo contribuir quantitativamente
com a iluminação geral.
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Iluminação de orientação: indica sentido ou caminho pelo alinhamento
das luminárias de sinalização ou balizamento. Existem diferentes
técnicas que podem ser aplicadas para indicar percurso.
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Backlight: é o efeito causado pela luz quando instalada em cavidade com
difusores translúcidos (acrílicos, policarbonatos, vidros, tecidos, etc). Cria um plano
de luz de fundo e os objetos sobrepostos a ele têm sua silhueta valorizada pelo efeito
contraluz.
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As relações de contraste são peças-chave para a percepção do espaço e dos
objetos nele inseridos. Para oferecer boas condições de visibilidade de uma
determinada tarefa visual sobre o plano de trabalho, a proporção de 3:1 é suficiente,
mas, se o objetivo for gerar destaque sobre o entorno, a proporção deve aumentar
(TREGENZA; LOE, 2015).
É interessante observar que o contraste entre figura e fundo se dá pela
proporcionalidade. O destaque e a criação de camadas de luz devem trabalhar no
sentido de realçar aspectos significativos da composição espacial. Assim como o
contraste, outros aspectos da iluminação, como a direção da luz, de combinações de
cores, padrões de sombras e dinâmica da luz, são fundamentais para a criação de
efeitos de iluminação. (TREGENZA; LOE, 2015).
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um sistema principal, focado na funcionalidade, e um ou mais sistemas secundários
[...]”, responsáveis pelos efeitos emocionais mais específicos (SILVA, 2013)
Pereira (2010) completa afirmando que, para oferecer flexibilidade, é sempre
pertinente a instalação de vários focos de luz no ambiente, a fim de se obter uma
iluminação específica para cada atividade que se realize no local.
O progresso material e o conforto ofertado pela industrialização e uso da
energia elétrica são anseios das populações contemporâneas (MENEZES, 2013). De
acordo com Silva (2013), entre os novos desejos em relação às residências está uma
iluminação adequada, fruto do recente reconhecimento do valor funcional e estético
que um projeto de iluminação adequado pode agregar, em detrimento do simples e
convencional ponto de luz central. A autora completa dizendo que essas novas
exigências de inovação e qualidade conduzem os projetistas a investigar diferentes
formas de reformular soluções antiquadas, refinando-as. Além disso, os novos
materiais e tecnologias que têm se desenvolvido, as aplicações criativas e maiores
possibilidades de adaptação de usos permitem mais de possibilidades projetuais e
pluralidade de efeitos (SILVA 2013).
O progresso material e o conforto ofertado pela industrialização e uso da
energia elétrica são anseios das populações contemporâneas (MENEZES, 2013).
De acordo com Silva (2013), entre os novos desejos em relação às residências
está uma iluminação adequada, fruto do recente reconhecimento do valor funcional e
estético que um projeto de iluminação adequado pode agregar, em detrimento do
simples e convencional ponto de luz central. A autora completa dizendo que essas
novas exigências de inovação e qualidade conduzem os projetistas a investigar
diferentes formas de reformular soluções antiquadas, refinando-as. Além disso, os
novos materiais e tecnologias que têm se desenvolvido, as aplicações criativas e
maiores possibilidades de adaptação de usos permitem mais de possibilidades
projetuais e pluralidade de efeitos (SILVA 2013).
O mercado consumidor impulsionou o desenvolvimento do setor industrial, que
passou a contar com uma ampla gama de lâmpadas e luminárias, sistemas de
automação, emprego de forros rebaixados, o que oferece uma infinidade de efeitos,
decorrentes das combinações desses itens (SILVA, 2013). Além da recente evolução
na tecnologia e no design das lâmpadas e luminárias, o que fez com que esses
40
elementos se tornassem fatores importantes na decoração, a luz começou a ser usada
como recurso e elemento ativo no projeto de interiores residencial (LOSS, 2013).
Silva (2013) defende que para a seleção dos equipamentos, principalmente as
lâmpadas, é necessário definir muito bem o efeito luminotécnico desejado.
A especificação dos produtos será em função dos modelos que atendem aos
efeitos pretendidos, a disponibilidade no mercado, dimensões, custo-benefício, entre
outros fatores (SILVA, 2013).
Além disso, Pereira (2010) lembra que as soluções são, sobretudo, pessoais,
dependendo do projetista e dos moradores.
Assim, de acordo com Niskier e Macintyre (2000 apud PEREIRA), para definir
o valor de iluminância adequada, deve-se atentar para a idade dos moradores da
residência, a velocidade e precisão que as tarefas visuais que serão exercidas nos
espaços exigem para serem realizadas e a refletância das superfícies que servirão de
fundo ao se desenvolverem as tarefas. Ainda de acordo com os autores, a refletância
(ou fator de reflexão) se define pela “relação, expressa em porcentagem, entre o fluxo
luminoso refletido por uma superfície e o fluxo luminoso incidente sobre ela. [...] varia
sempre em função das cores ou acabamentos das superfícies e suas características
de refletância.” (NISKIER; MACINTYRE, 2000 apud PEREIRA, 2010).
De acordo com Silva (2013), “o elemento refletor da luz deve ser o mais claro
e polido possível, o que sem dúvida amplia o rebatimento e a percepção de
luminosidade.”, mas se o nível de luminância pretendido for menor do que a
capacidade das lâmpadas e do sistema e não houver possibilidade de dimerização, o
teto, parede ou outra superfície refletora podem ser coloridas de forma a diminuir a
luminosidade (SILVA, 2013).
Além disso, o uso da dimerização é muito importante, pois apenas diminuindo
o nível de iluminância, transforma-se completamente a ambiência (Figura 18). Em
residências mais compactas, principalmente, onde os cômodos possuem várias
funções, esse investimento pode ser compensador, além de interferir positivamente
no conforto diário (SILVA, 2013). Loss (2013) também defende que, para ser
considerado bem elaborado e eficiente, um projeto de iluminação deve permitir
aumentar ou diminuir o nível de iluminamento dos espaços em função da atividade a
ser executada, além de ser concebido de maneira a suprir as demais necessidades
dos usuários. A dimerização permite criar uma iluminação mais suave e relaxante nos
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momentos de descanso, que não interrompa funções fisiológicas importantes do
organismo (LOSS, 2013).
Se tratando da iluminação geral de residências, os níveis de iluminância não
precisam ser necessariamente elevados, assim o projetista deve levar em conta
outros fatores que influenciam na qualidade do projeto, como a harmonização da
iluminação com a arquitetura e a decoração (PEREIRA, 2010).
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ou fitas LED abaixo dos armários superiores, fazendo uso da parede de fundo como
refletor para ampliar a luminosidade no espaço de trabalho.” (SILVA, 2013).
De acordo com Schmid (2005 apud LOSS, 2013), o período noturno
usualmente é utilizado para atividades que induzem ao relaxamento e descanso,
demandando uma iluminação mais suave. Porém atividades comuns desse período,
como a leitura, necessitam de condições específicas de iluminação para serem
realizadas, o que enfatiza a importância da flexibilidade do projeto. O autor também
defende que a iluminação seja concebida e executada de maneira a preservar o
caráter da noite, sem necessidade de grandes contrastes, sendo a luz difusa ideal
para essas situações.
A norma NBR 15575-2008 (apud LOSS, 2013) recomenda assegurar a
iluminação natural em todos os cômodos da habitação durante o dia e especifica que,
para o período noturno, o sistema de iluminação artificial deve proporcionar
circunstâncias adequadas para ocupação e circulação com segurança e conforto.
Porém, o nível geral de iluminamento recomendado na norma para o período
da noite é maior do que no período diurno, sendo que o ideal seria o inverso, já que o
período noturno é mais conveniente para o relaxamento e descanso e, portanto, não
necessitando de mais luz do que o período do dia, quando são realizadas a grande
maioria das tarefas e atividades (LOSS, 2013); além de auxiliar na economia de
energia elétrica.
A fim de conseguir resultados satisfatórios é imprescindível adquirir
conhecimento sobre o comportamento da luz e dos equipamentos disponíveis, para
que os princípios projetuais sejam congruentes com o desempenho luminotécnico
procurado. Portanto, na concepção do projeto, deve-se utilizar diferentes critérios,
técnicas, além de ter conhecimento do que se está propondo, considerando a
pluralidade de efeitos a serem explorados, as dimensões do ambiente a ser iluminado,
assim como a forma de manutenção dos equipamentos, para que seja um projeto rico,
que faça sentido, priorizando soluções de melhor custo-benefício (SILVA, 2013).
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10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, Gilberto J.C. Iluminação econômica: Calculo e avaliação. 3. ed. Porto Alegre:
EDIPUCRS, 2005.
LIMA, Mariana Regina Coimbra de; SAN MARTIN, Ramon. Percepção lumínica.
Revista Lume Arquitetura, São Paulo: De Maio Com. e editora Ltda, n. 36, p 5257,209.
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em Engenharia de Construção Civil)- Setor de Tecnologia, Universidade Federal do
Paraná, Curitiba, 2013.
SILVA, Simone Ito da. Iluminação indireta em sancas e mobiliário para ambientes
residenciais. Revista Especialize On-line IPOG, Goiânia, p. 1-19, jan. 2013.
TREGENZA, P.; LOE, D. Projeto de iluminação. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
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