RESUMO AULA 1 –
Ética e moral. Da ética e seus fundamentos. Classificação da ética. Relação da ética com
outras disciplinas. Ética e Direito.
INTRODUÇÃO À MORAL
A verdadeira moral zomba da moral.
Os valores diante de pessoas e coisas, estamos constantemente fazendo juízos de valor. Esta
caneta é ruim, pois falha muito. Esta moça é atraente. Este vaso pode não ser bonito, mas foi
presente de alguém que estimo bastante, por isso, cuidado para não quebrá-lo! Gosto tanto
de dia chuvoso, quando não preciso sair de casa!
Acho que João agiu mal não ajudando você. 'Isso significa que fazemos juízos de realidade,
dizendo que esta caneta, esta moça, este vaso existem, mas também emitimos juízos de valor
quando o mesmo conteúdo mobiliza nossa atração ou repulsa. Nos exemplos, referimo-nos,
entre outros, a valores que encarnam a utilidade, a beleza, a bondade. Mas o que são valores?
Embora a preocupação com os valores seja tão antiga como a humanidade, só no século XIX
surge uma disciplina específica, a teoria dos valores ou axiologia (do grego rodos, "valor"). A
axiologia não se ocupa dos seres, mas das relações que se estabelecem entre os seres e o
sujeito que os aprecia.
Diante dos seres (sejam eles coisas inertes, ou seres vivos, ou ideias etc.) somos mobilizados
pela afetividade, somos afetados de alguma forma por eles, porque nos atraem ou provocam
nossa repulsa. Portanto, algo possui valor quando não permite que permaneçamos
indiferentes. É nesse sentido que García Morente diz: "Os valores não são, mas valem. Uma
coisa é valor e outra coisa é ser.
Quando dizemos de algo que vale, não dizemos nada do seu ser, mas dizemos que não é
indiferente. A não indiferença constitui esta variedade ontológica que contrapõe o valor ao
ser. A não-indiferença é a essência do valer".
Os valores são, num primeiro momento, herdados por nós O mundo cultural é um sistema de
significados já estabelecidos por outros, de tal modo que aprendemos desde cedo como nos
comportar à mesa, na rua, diante de estranhos, como, quando e quanto falar em
determinadas circunstâncias; como andar, correr, brincar; como cobrir o corpo e quando
desnudá-lo; qual o padrão de beleza; que direitos e deveres temos. Conforme atendemos ou
transgredimos os padrões, os comportamentos são avaliados como bons ou maus.
A partir da valoração, as pessoas nos recriminam por não termos seguido as formas da boa
educação ao não ter cedido lugar à pessoa mais velha; ou nos elogiam por sabermos escolher
as cores mais bonitas para a decoração de um ambiente; ou nos admoestam por termos
faltado com a verdade. Nós próprios nos alegramos ou nos arrependemos ou até sentimos
remorsos dependendo da ação praticada. Isso quer dizer que o resultado de nossos atos está
sujeito à sanção, ou seja, ao elogio ou à reprimenda, à recompensa ou à punição, nas mais
diversas intensidades, desde "aquele" olhar da mãe, a crítica de um amigo, a indignação ou até
a coerção física (isto é, a repressão pelo uso da força).
. A moral
Os conceitos de moral e ética, embora sejam diferentes, são com frequência usados como
sinônimos. Aliás, a etimologia dos termos é semelhante: moral vem do latim mos, moris, que
significa "maneira de se comportar regulada pelo uso", daí "costume", e de moralis, morale,
adjetivo referente ao que é "relativo aos costumes". Ética vem do grego ethos, que tem o
mesmo significado de "costume".
Em sentido bem amplo, a moral é o conjunto das regras de conduta admitidas em
determinada época ou por um grupo de homens. Nesse sentido, o homem moral é aquele que
age bem ou mal na medida em que acata ou transgride as regras do grupo.
A ética ou filosofia moral é a parte da filosofia que se ocupa com à reflexão a respeito das
noções e princípios que fundamentam a vida moral. Essa reflexão pode seguir as mais diversas
direções, dependendo da concepção de homem que se toma como ponto de partida. Então, à
pergunta "O que é o bem e o mal?", respondemos diferentemente, caso o fundamento da
moral esteja na ordem cósmica, na vontade de Deus ou em nenhuma ordem exterior à própria
consciência humana. Podemos perguntar ainda: Há uma hierarquia de valores? Se houver, o
bem supremo é a felicidade? É o prazer? É a utilidade? Por outro lado, é possível questionar:
Os valores são essências? Têm conteúdo determinado, universal, válido em todos os tempos e
lugares? Ou, ao contrário, são relativos: "verdade aquém, erro além dos Pireneus", como dizia
Pascal? Ou, ainda, haveria possibilidade de superação das duas posições contraditórias do
universalismo e do relativismo?
Caráter pessoal da moral
No entanto, a moral não se reduz à herança dos valores recebidos pela tradição. À medida que
a criança se aproxima da adolescência, aprimorando o pensamento abstrato e a reflexão
crítica, ela tende a colocar em questão os valores herdados. Algo semelhante acontece nas
sociedades primitivas, quando os grupos tribais abandonam a abrangência da consciência
mítica e desenvolvem o questionamento racional.
A ampliação do grau de consciência e de liberdade, e portanto de responsabilidade pessoal no
comportamento moral, introduz um elemento contraditório que irá, o tempo todo, angustiar o
homem: a moral, ao mesmo tempo que é o conjunto de regras que determina como deve ser o
comportamento dos indivíduos do grupo, é também a livre e consciente aceitação das normas.
Isso significa que o ato só é propriamente moral se passar pelo crivo da aceitação pessoal da
norma.
A exterioridade da moral contrapõe-se à necessidade da interioridade, da adesão mais íntima.
Portanto, o homem, ao mesmo tempo que é herdeiro, é criador de cultura, e só terá vida
autenticamente moral se, diante da moral constituída, for capaz de propor a moral
constituinte, aquela que é feita dolorosamente por meio das experiências vividas.
O ato voluntário
Se o que caracteriza fundamentalmente o agir humano é a capacidade de antecipação ideal do
resultado a ser alcançado, concluímos que é isso que torna o ato moral propriamente
voluntário, ou seja, um ato de vontade que decide pela busca do fim proposto. Nesse sentido,
é importante não confundir desejo e vontade. O desejo surge em nós com toda a sua força e
exige a realização; é algo que se impõe e, portanto, não resulta de escolha. Já a vontade
consiste no poder de moral e da possibilidade de qualquer vida em sociedade. Aliás, não é essa
a aprendizagem da criança, que, a partir da tirania do desejo, deve chegar ao controle do
desejo? Observe que não estamos dizendo repressão do desejo, pois a repressão é uma força
externa que coage, enquanto o controle supõe a autonomia do sujeito que escolhe entre os
seus desejos, os prioriza e diz: "Este fica para depois"; "Aquele não devo realizar nunca"; "Este
realizo agora com muito gosto" .
O ato responsável
A complexidade do ato moral está no fato de que ele provoca efeitos não só na pessoa que
age, mas naqueles que a cercam e na própria sociedade como um todo. Portanto, para que um
ato seja considerado moral, ele deve ser livre, consciente, intencional, mas também é preciso
que não seja um ato solitário e sim solidário. O ato moral supõe a solidariedade, a
reciprocidade com aqueles com os quais nos comprometemos. E o compromisso não deve ser
entendido como algo superficial e exterior, mas como o ato que deriva do ser total do homem,
como uma "promessa" pela qual ele se encontra vinculado à comunidade. Dessas
características decorre a exigência da responsabilidade. Responsável é aquele que "responde
por seus atos", isto é, o homem consciente e livre assume a autoria do seu ato, reconhecendo-
o como seu e respondendo pelas consequências dele.
O dever e a liberdade
O comportamento moral é consciente, livre e responsável. É também obrigatório, cria um
dever. Mas a natureza da obrigatoriedade moral não reside na exterioridade; é moral
justamente porque deriva do próprio sujeito que se impõe a necessidade do cumprimento da
norma. Pode parecer paradoxal, mas a obediência à lei livremente escolhida não é prisão; ao
contrário, é liberdade.
DIREITO E MORAL
O que podemos observar neste início de aprendizagem é que tanto as regras jurídicas como as
regras do direito natural ditam comportamentos, ou seja, os fundamentos das regras de
convívio em sociedade variam no tempo e no espaço. Os comportamentos das pessoas são
ditados pelas regras da religião, da política, do mercado de trabalho, da família, enfim, por
vários fatores, sem que essas regras sejam normas jurídicas. É por determinarem
comportamentos que podemos apontar as normas morais como componentes do conjunto de
regras que regula a sociedade.
Ao diferenciar as leis físicas das leis humanas, o ex-governador do Estado de São Paulo e
juspensador brasileiro Franco Montoro (1997) afirmava que as leis éticas ou morais diziam
respeito ao campo da atividade humana, no qual surge uma característica diferente,
representada pela consciência e pela liberdade
A moral, por exemplo, pode ser constitutiva de um grupo de valores predominantes para um
grupo de pessoas dentro da sociedade. Está presente quando se fala em moral dos justos,
moral dos vencedores, moral existente dentro do sistema penitenciário etc. A norma jurídica,
portanto, é apenas mais uma das possíveis formas de constituição de regramento do direito. O
Direito pode ser estudado de forma autônoma, mas não pode ser analisado sem levar em
consideração todas as experiências que o constituem. O direito se apropria das experiências
constituídas na sociedade, seja do campo religioso, político, ideológico ou de grupos
específicos. A partir do momento em que tais experiências ingressam no ordenamento como
normas jurídicas, passam a ter a força vinculante para se tornar direitos a serem exigidos.
Os indivíduos abastecem o direito por meio de conceitos e padrões éticos. A sociedade produz
padrões e conceitos morais que são introduzidos na consciência dos indivíduos através de
tradições, mitos, costumes, pressões sociais e diversas formas de comunicação. São os valores
sociais e jurídicos, colocados em situação de equilíbrio de forças, que fazem nascer e
sustentam o Direito. A relação entre a moral e o Direito é intensa. O Direito, como produto
cultural que é, não se restringe a um conjunto de normas ou a uma sucessão de fatos sociais,
mas integra-se de valores e juízos que buscam produzir um Direito Justo e que corresponda
aos princípios do Direito Natural.
Ao buscar esse Direito Justo, há uma sintonia entre a ordem moral e a ordem jurídica. É por
isso que a moral fornece embasamento para a formação do Direito Positivo, até porque a
noção de justiça está inserida no contexto de categorias morais, conforme aprenderemos na
seção sobre Direito e Justiça.
Sedimentado assim nosso entendimento de que a norma jurídica é compreendida como
oriunda de um Direito Positivo, regra do “dever ser”, observemos agora as semelhanças, as
diferenças e as principais características da moral e do Direito
Conclusão
O delicado tecido da moral diz respeito ao indivíduo no mais fundo de seu "foro íntimo", ao
mesmo tempo que o vincula aos homens com os quais convive. Embora a ética não se
confunda com a política, cada uma tendo seu campo específico, elas se relacionam
necessariamente. Por um lado, a política, ao estender a justiça social a todos, permite a melhor
formação moral dos indivíduos. Por outro lado, as exigências éticas não se separam da ação
dos governantes, que não devem interpor seus interesses pessoais aos coletivos. Estabelecer a
dialética entre o privado e o público é tarefa das mais difíceis e exige aprendizagem e têmpera.
É assim que se forja o caráter das pessoas.
A SIGNIFICAÇÃO DA ÉTICA
É como um saber que se verte e se direciona para o comportamento que se deve definir e
divisar conceitualmente o que seja a ética. De fato concebê-la distante da palpitação diuturna
das experiências humanas, fora do calor das decisões morais, fora dos dilemas existenciais e
comportamentais vividos e experimentados em tomo do controle das paixões, das agitações
psicoafetivas e sociais que movimentam pessoas, grupos, coletividades e sociedades, é o
mesmo que afastá-la de sua matéria-prima de reflexão. A ética encontra na mais robusta fonte
de inquietações humanas o alento para sua existência. É na balança ética que se devem pesar
as diferenças de comportamentos, para medir-lhes a utilidade, a finalidade, o direcionamento,
as consequências, os mecanismos, os frutos. Se há que se especular em ética sobre alguma
coisa, essa "alguma coisa" é a ação humana. O fino equilíbrio sobre a modulação e a dosagem
dos comportamentos no plano da ação importa à ética.
O OBJETO DO SABER ÉTICO E O DIREITO
O saber ético estuda o agir humano. Isso já se disse. Também já se disse que as normas morais
convivem com normas sociais. Porém, o que ainda está por ser dito é que dentre as normas
sociais e as demais convenções se destacam as normas jurídicas, com as quais interagem as
normas morais. Assim, há que se investigar as relações existentes entre ambas as categorias de
normas, procurando-se definir o âmbito de alcance de cada qual.
As normas jurídicas distinguem-se das normas morais, sobretudo em função da cogência e da
imperatividade que as caracterizam. Eis aí uma primeira delimitação de suma importância. As
normas morais possuem autonomia com relação ao direito, e, pode-se dizer, vice-versa, o que,
por contrapartida, não significa dizer que não possuam influências, ou que não possuam
relações e imbricações recíprocas.
De maneira fundamental, o que se quer dizer é que a relação entre direito e ética, entre
normas jurídicas e normas morais, é estreita, não obstante se possam identificar nitidamente
as diferenças que se marcam entre os dois campos de estudo. Com essa observação, quer-se
simplesmente dizer que é possível a constituição de uma especulação ética independente de
uma ciência do direito, uma vez que a incidência daquela recairá sobre as ações eticamente
relevantes, e a incidência desta será sobre as ações declaradas e constituídas como
juridicamente relevantes.
Por vezes, as ações são coincidentemente ética e juridicamente relevantes, o que não
prejudica a autonomia das referidas ciências, nem faz confundir o campo do jurídico com o
campo da ética. Deve-se admitir que a cumplicidade existente entre direito e ética é notória,
além de inegável. Quando se trata de relacionar ética e direito, é de crucial importância
assinalar que, às vezes, ética e direito convergem, às vezes, divergem. Que dizer das normas
jurídicas de direitos humanos, contrárias à discriminação, contrárias ao desmando... senão que
se trata de um conjunto de preceitos morais que deságuam no universo das prescrições
jurídicas para encontrar seu reforço na coação estatal? Que dizer das normas jurídicas que
caminham dissociadas de quaisquer resguardos éticos ou, por vezes, contrárias à ética?
É por demais importante grifar que se torna impossível ao jurista penetrar adequadamente
nos meandros jurídicos menosprezando por completo as regras morais. Se isso já é por si difícil
e prejudicial, então se torna inaceitável a posição que receita ao jurista manter distância
absoluta do estudo das normas éticas. Em outras palavras, e sinteticamente, tudo confirma a
hipótese de que a pesquisa jurídica deve ser uma pesquisa conjugada com a ética; deve-se
perceber que os entrelaçamentos entre o direito e a temática ética são inegáveis.
DIREITO E ÉTICA
Os valores morais, conforme aprendemos, são positivados, ou seja, convicções pessoais,
quando compartilhadas socialmente e erigidas a categoria de valor ético, possui forte chance
de ser positivado tornando-se lei. Contudo, nem toda conduta protegida pela lei é um valor
ético comungado pela sociedade.
Não somente isto, é possível notar situações de lacuna da lei, em que a norma não proíbe uma
conduta, contudo, a concepção de ética da sociedade é violentada pela conduta não punível.
Um clássico de conflitos éticos contemporâneos, levados à arena do Judiciário, refere-se à área
da Bioética, onde a evolução dos conhecimentos científicos relacionados à vida e corpo
humano chocam-se com valores morais caros a um grupo social.
Exemplo deste conflito, ordinariamente levado ao judiciário, é o conflito que envolve ética
médica, e ética jurídica envolvendo Testemunhas de Jeová que se recusam a receber
transfusão de sangue.
Nesta aula em um caso levado até você, por um médico, este informa que um senhor de meia
idade se recusa a receber transfusão de sangue, ou autorizar que um familiar, adulto receba. O
médico sabe que ao não realizar a transfusão está seguindo as recomendações de respeito à
autonomia do paciente da ética médica. Contudo, argumenta que sua postura pode assimilar-
se à negativa de atendimento médico, o que implicaria, eventualmente, em uma conduta
criminosa. Você como juiz, ciente de fatos, sabe que não existe previsão legal que obrigue um
paciente a receber transfusão de sangue para salvar sua vida. Você deixaria o paciente
morrer?
A ética tem por objeto o estudo da moral, levando em consideração seus aspectos normativos,
ainda que sem a exclusividade deste aspecto como pensam alguns autores. Assim, o
conhecimento ético tem por objeto o estudo da moral, também conhecida como
“deontologia”. É através deste conhecimento ético que se analisa o conjunto de preceitos
relativos ao comportamento humano, seja individual ou coletivo. A ética busca responder a
pergunta sobre o comportamento moral devido e indevido, socialmente.
O indivíduo realiza seus padrões éticos por meio da sociedade e o reverso também é
verdadeiro por meio das suas instituições, tradições, mitos, etc. Assim, tanto a sociedade como
os indivíduos produzem os padrões éticos que servem como parâmetros para o convívio em
sociedade não sendo, todavia, as únicas origens sobre a concepção de moral. Diante disso, não
temos dúvidas que as normas éticas convivem com as normas jurídicas, embora sejam
diferentes uma da outra. Portanto, estudar a ética é analisar o comportamento humano seja
de forma individual ou coletiva.
O direito e a ética se relacionam de forma muito notória, mas também se diferenciam em
alguns aspectos, como, por exemplo, no que tange as características sancionatórias e ao
processo de sua duração. A ciência ética atua sobre as normas morais, enquanto o Direito atua
sobre as normas jurídicas. A violação de uma norma moral pode acarretar o remorso, mas não
a prisão como ocorre nas normas jurídicas. Por outro lado, as normas jurídicas podem ter uma
data de duração ou vigência, enquanto as normas éticas perduram sem tempo determinado.
O progresso da sociedade se dá à luz de postulados éticos, sendo que o direito faz irradiar
esses princípios morais. O direito não apenas realiza valores, mas dispõe sobre os mesmos. Ao
disciplinar as relações de convivência, procura exercer a proteção dos bens que possuem
significado para o ser racional.
Há no mínimo uma presunção entre as regras morais e as regras jurídicas. O estudo do direito
reconhece na moral sua pertinência costumeira, impedindo o teórico de lançar-se em exageros
de conteúdos para sua aplicação concreta. Os princípios e os valores encontram lugar comum
na ética e no direito e devem ser levados em consideração. Todavia, a prática da moral não
deve seguir um modelo de exatidão, algo matemático, mas considerar aspirações diversas e
que envolvem interesses múltiplos, qualifica como prudência em Aristóteles e que foi tão
brilhantemente aplicada na jurisprudência romana.
Percebemos, assim, que existem várias classificações quando se trata da abordagem dos
valores elencados pelos homens, todavia, nos chama a atenção o aspecto da hierarquização,
pois visualizamos ser comum entre os autores, ainda que as classificações se alterem. Isso
mostra que o estudo da axiologia é extremamente importante para o Direito, uma vez que são
eles que irão balizar a criação e a aplicação das normas jurídicas. As normas morais jurídicas
são interdependentes e em que pese as primeiras serem mais rigorosas, há que se balizar pela
prudência de sua aplicação, de acordo com os vários interesses existentes em sociedade.
SITUAÇÃO-PROBLEMA
Em um caso levado até você, por um médico, este informa que um senhor de meia idade se
recusa a receber transfusão de sangue, ou autorizar que um familiar, adulto receba. O médico
sabe que ao não realizar a transfusão está seguindo as recomendações de respeito à
autonomia do paciente da ética médica. Contudo, argumenta que sua postura pode assimilar-
se à negativa de atendimento médico, o que implicaria, eventualmente, em uma conduta
criminosa. Você como juiz, ciente de fatos, sabe que não existe previsão legal que obrigue um
paciente a receber transfusão de sangue para salvar sua vida. Você deixaria o paciente
morrer?