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Algas Marinhas e Planejamento Espacial

Este documento discute o planejamento espacial marinho no Brasil e o potencial das algas marinhas como recurso econômico. A pesquisa envolve uma revisão bibliográfica sobre o tema e análise de dados sobre o comércio de algas. Conclui que as algas marinhas podem ser importantes recursos para o desenvolvimento do país, mas ainda falta mapeamento e estratégias de gestão por parte do governo e outros atores.

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Algas Marinhas e Planejamento Espacial

Este documento discute o planejamento espacial marinho no Brasil e o potencial das algas marinhas como recurso econômico. A pesquisa envolve uma revisão bibliográfica sobre o tema e análise de dados sobre o comércio de algas. Conclui que as algas marinhas podem ser importantes recursos para o desenvolvimento do país, mas ainda falta mapeamento e estratégias de gestão por parte do governo e outros atores.

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AS ALGAS MARINHAS

E O PLANEJAMENTO ESPACIAL MARINHO

Danilo Sorato Oliveira Moreira

INTRODUÇÃO

N
os últimos anos, a ciência e tecnologia nacionais têm
aumentado o interesse na pesquisa com algas marinhas.
Destaca-se nesse processo, o papel de instituições de pesquisa
como a Embrapa que descobriram o uso de corantes naturais. Também, vale
destacar a parceria estabelecida com a iniciativa privada por meio do Boticário,
um dos agentes que estimularam o desenvolvimento dessa tecnologia
(MOREIRA, 2021, p.21).
O Planejamento Espacial Marinho (PEM) é um importante instrumento
de mapeamento e organização dos recursos marítimos brasileiros. A
identificação das potencialidades nas zonas costeiras poderá trazer o
desenvolvimento econômico, desde que o Estado como agente desse processo
CONDOMÍNIO ATLÂNTICO: ESTUDOS E DEBATES

possa estar presente. No caso das algas marinhas, existem muitos caminhos a
percorrer, sobretudo pela escassa fonte de dados sobre a presença desses
organismos em nossas margens marítimas.
Para chamar atenção a essa discussão, o presente capítulo tem por
finalidade apresentar o papel estratégico das algas marinhas como recurso
marítimo para o PEM. Em termos metodológicos, a pesquisa utilizará a revisão
de literatura acerca do Planejamento Espacial Marinho, a análise de
documentos oficiais sobre algas e a análise de dados quantitativos sobre o
comércio de algas. Os resultados mostram que as algas marinhas são potenciais
recursos para o desenvolvimento econômico nacional, mas ainda carece de
estratégias de mapeamento mais substanciais por parte dos atores envolvidos
no processo, sobretudo do ente estatal.

O PLANEJAMENTO ESPACIAL MARINHO E O MODELO TRÍPLICE HÉLICE

O PEM tem crescido nos últimos anos com crescentes interesses de


diversos atores, sejam eles acadêmicos, sejam eles agentes governamentais,
sejam eles pessoal da iniciativa privada. Como nos apresentam Ehler, Zaucha e
Gee (tradução nossa, 2018, p.1):

O Planejamento Espacial Marinho (PEM) trata da gestão da distribuição


das atividades humanas no espaço e no tempo para alcançar objetivos
ecológicos, econômicos e sociais. É um processo político e social
informado pelas ciências naturais e sociais. Nos últimos 20 anos, o MSP
amadureceu de um conceito para uma abordagem prática para avançar
em direção ao desenvolvimento sustentável nos oceanos. Planos
espaciais marinhos integrados foram implementados por cerca de 20
países, e espera-se que até 2030, pelo menos um terço da superfície das

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CONDOMÍNIO ATLÂNTICO: ESTUDOS E DEBATES

zonas econômicas exclusivas do mundo tenham planos espaciais


marinhos aprovados pelo governo.1

O PEM trata do gerenciamento das atividades humanas no espaço e


tempo com finalidades ecológicas, econômicas e sociais. Essa definição, feita
pelos autores, são necessários para a discussão sobre os recursos marítimos no
Brasil e alhures, sendo que são estratégicos para o futuro do desenvolvimento
tecnológico e econômico nacionais. Como eles afirmaram, a discussão do PEM
ganhou fôlego renovado nos últimos 20 anos, especificamente centrada nas
discussões acerca do desenvolvimento sustentável nos oceanos.
Aproximadamente 20 países implementaram seus planejamentos marinhos
visando as discussões da década oceânica até 2030.
O Brasil não está apartado desses debates, pois recentemente o estado
brasileiro aprovou seu X Plano Setorial para os Recursos do Mar (PSRM).
Nesse plano, o país tem como desafio monitorar os recursos marinhos em suas
zonas costeiras. Como diz o documento a seguir:

[...] Com esse enfoque e em consonância com a PNRM, a execução do


PSRM se dá pelo desenvolvimento de diversas ações voltadas à
conservação e à exploração sustentável dos recursos marinhos. Essas
ações são conduzidas e coordenadas pelos diversos Ministérios e pela
Marinha do Brasil. O X PSRM é o desdobramento da PNRM, uma vez
que visa à integração do mar territorial, da zona econômica exclusiva e
da plataforma continental ao espaço brasileiro, por intermédio de
atividades de pesquisa, de monitoramento oceanográfico e estudos do

1
O trecho em original do inglês: Marine/maritime spatial planning (MSP) is about managing the
distribution of human activities in space and time to achieve ecological, economic and social
objective sand out comes. It is a political and social process informed by both the natural and
social sciences. Over the last 20 years, MSP has matured from a concept to a practical approach
to moving towards sustainable development in the oceans. Integrated marine spatial plans have
been implemented by about 20 countries, and it is expected that by 2030, at least a third of the

spatial plans.

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CONDOMÍNIO ATLÂNTICO: ESTUDOS E DEBATES

clima, bem como de exploração e conservação dos seus recursos


naturais. O X PSRM tem o propósito de sistematizar as atividades de
pesquisa para atender à demanda de informações sobre os recursos
naturais e energéticos das águas jurisdicionais brasileiras, das ilhas
oceânicas e das áreas marítimas internacionais de interesse,
propiciando condições para a exploração sustentável e o monitoramento
efetivo da Amazônia Azul, que permita contribuir para o enfrentamento
de situações emergenciais, como alterações climáticas significativas, e
para o desenvolvimento e a implementação da economia azul, gerando
inúmeros benefícios para toda a sociedade brasileira. [...] (BRASIL,
2020, grifo nosso).

O X PSRM procura racionalizar as atividades de pesquisa feitas nas


zonas marítimas brasileiras, com a finalidade de garantir informações
essenciais para a conservação e exploração dos seus recursos marinhos, bem
como a proteção contra situações limites no entorno marítimo, como a
Amazônia. Dessa forma, entende-se que o estado brasileiro tem se preocupado
com o mapeamento dos seus recursos marinhos desde pelo menos uma década.
Além do estado brasileiro, quais outros atores vêm se engajando no PEM?
Um dos atores mais importantes no processo é a universidade, cujo papel
é basilar na produção de informações estratégicas para que os tomadores de
decisão e empresários possam investir seu tempo e energia em relação aos
recursos marinhos. Nesse sentido, é notável o crescimento de grupos de pesquisa
centrados no PEM. Por exemplo, o Centro de Estudos Estratégicos e
Planejamento Espacial Marinho (CEDEPEM), iniciativa vinculada a
Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Universidade Federal Fluminense
(UFF), produz estudos multidisciplinares sobre os estudos do mar. Há uma
miríade de temas fundamentais que vão desde Conservação Ambiental e
Planejamento Espacial Marinho, Direito, Estudos do Mar Cultura e Natureza,
Geopolítica e Governança Oceânica, Gestão Econômica, Tecnologia e Uso dos

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CONDOMÍNIO ATLÂNTICO: ESTUDOS E DEBATES

Recursos Marítimos, Segurança e Defesa e Sociologia e Estudos do Mar. Esse


escopo amplo é necessário para que os estudos sobre o PEM ganhem densidade
nas diversas áreas do conhecimento científico, o que futuramente garante
retorno aos tomadores de decisão ao investir suas ações nas zonas marítimas
nacionais2.
Figura
1), a iniciativa privada tem que estar alinhada de forma conjunta com o
governo e a universidade para que possam estimular o desenvolvimento
econômico a partir da inovação, ciência e tecnologia. No caso do PEM, esse é
um universo a ser descoberto através de parcerias que estimulem a conservação
e exploração dos recursos marinhos. Por exemplo, o caso das algas marinhas
no cenário brasileiro é fonte de interesse do grupo Boticário.
Eles entraram com investimento financeiro junto a expertise técnica da
EMBRAPA em produzir corantes naturais advindos desses seres vivos. No
caso do setor privado, o seu investimento é centrado em alcançar maiores
lucros e nas demandas dos consumidores. Como as discussões recentes sobre
desenvolvimento sustentável estão alterando as formas de consumo e produção
mundiais, é lógico que os consumidores apresentem novos tipos de
comportamento, especificamente na indústria de cosméticos, pois sempre
esteve ligada à exploração dos recursos naturais. Portanto, é necessário
estimular a participação do empresariado nacional por meio de informações
seguras e confiáveis sobre os recursos marinhos, e fundamentalmente que
sejam alinhadas às demandas de mercado.

2
Para maiores informações sobre o CEDEPEM: <https://wp.ufpel.edu.br/cedepem/>.

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CONDOMÍNIO ATLÂNTICO: ESTUDOS E DEBATES

Figura 1. Modelo de Tríplice Hélice.


Fonte: ETZKOWITZ; ZHOU (2017, p.41), com design de Ricardo De Toma Garcia.

O modelo integrado de Tríplice Hélice mostra, que os três atores,


interagem simultaneamente em modelos de inovação que visem melhoras às
condições econômicas e sociais. Esse é o modelo utilizado em países como os
EUA, Israel e parte da Europa Ocidental. Ele poderá estimular o
desenvolvimento do incrível potencial econômico que as algas marinhas
poderão trazer ao país nos próximos anos.

AS ALGAS MARINHAS E O MAPEAMENTO DE EMPRESAS

A exploração e conservação de algas marinhas têm um longo recorrido


na legislação nacional. Em 1997, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), instituiu a portaria N. 147, com o

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CONDOMÍNIO ATLÂNTICO: ESTUDOS E DEBATES

pretendiam garantir a exploração dos recursos marinhos, e trazer certa


segurança jurídica em que a preocupação com a conservação ambiental fosse
um pilar necessário. Uma década depois, aproximadamente, o IBAMA lançou
instrução normativa N. 89, com a finalidade de avançar na exploração, na
conservação e nas revendas de algas marinhas no litoral brasileiro (IBAMA,
2006, p.1). Essa nova legislação especificou quais atores jurídicos poderiam

preocupou em garantir que a exploração das algas marinhas fosse feita por
sujeitos empossados com licenciamento ambiental, o que revela a preocupação
pela conservação ambiental.
A participação do IBAMA, como agente institucionalizado, demonstra
que o estado brasileiro vem cumprindo com suas atribuições no PEM. Ele está
criando um sistema jurídico com segurança para que, outros atores possam
adentrar nesse ecossistema, sobretudo a iniciativa privada. Entretanto, existe
um aspecto em que o estado brasileiro não se atentou que é o mapeamento da
quantidade de algas marinhas no litoral brasileiro e a capacidade econômica
advindas do comércio desse recurso marítimo.
Como tem sido demonstrado pela FAO nos últimos anos, o comércio de
algas marinhas tem sido liderado por países do sudeste asiático, com destaque
relevado para as Filipinas. Segundo dados da FAO, a indústria de algas
marinhas tem um valor estimado entre US$ 5,5 bilhões e US$ 6 bilhões, dentre
os quais os produtos para consumo alimentar somam 5 bilhões de dólares
anuais (FAO, 2004, p.113). As algas podem ser transformadas em uma série de

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CONDOMÍNIO ATLÂNTICO: ESTUDOS E DEBATES

produtos, tais como, cosméticos, combustíveis, tratamento de águas residuais e


agentes antivirais. Se olharmos para dados nacionais sobre o comércio de algas
ou a quantidade de algas no litoral brasileiro, são escassos os indicadores que
nos mostrem o potencial econômico nacional. Há dificuldade de mapeamento
de informações que garantam importantes subsídios para a iniciativa privada
investir capital e energia produtiva nas algas marinhas. Os dados mais
confiáveis são dos anos de 1990, que mostram o crescente interesse brasileiro
na importação de algas. Em 1994, o país importou US$ 13,5 milhões desses
produtos, o dobro do valor de 1990. Mesmo com esse avanço, naquela
conjuntura, o Chile era o país que mais exportava algas marinhas na América
do Sul, com US$ 78 milhões de dólares em todos os produtos advindos de
algas marinhas3 (FAPESP, 1997).
Mesmo com essas dificuldades, ainda é interessante apostar nas algas
marinhas como recursos marítimos na gestão da economia, ciência e
tecnologia. Um dos agentes nesse processo, a universidade, tem pesquisado
continuamente formas de agregar valor nas algas marinhas. A UNIRIO, a
Universidade de Campinas (UNICAMP) e a EMBRAPA articularam a
pesquisa e
de fibras alimentares com potencial efeito prebiótico, ou seja, capazes de

(PRAÇA, 2021, p.2). Esse suplemento visa ajudar a aperfeiçoar a alimentação


dos brasileiros que tenham problemas com a sua dieta. E a goma do suplemento
foi extraída das algas vermelhas da classe Rhodophyceae,
a Kappaphycus alvarezii, originária do Sudeste Asiático, cujo cultivo para fins

3
O Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio não possui dados oficiais sobre
o comércio de algas marinhas no Brasil, o que dificulta um balance mais profundo acerca do
potencial econômico de tal recurso (EMBRAPA, 2020).

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CONDOMÍNIO ATLÂNTICO: ESTUDOS E DEBATES

comerciais é autorizado na faixa do litoral brasileiro que se estende do norte do


estado de São Pau
A pesquisa demonstra, na prática, como as algas marinhas podem se tornar
recursos potenciais para o desenvolvimento nacional. Embora a patente seja um
passo importante, é necessário lembrar do modelo Tríplice Hélice, cuja
participação, da iniciativa privada e do governo, são essenciais para um
desenvolvimento maduro em termos de inovação, ciência e tecnologia. Nesse
ponto, é necessário encontrar formas de integração entre os atores, tal como
ocorreu no primeiro exemplo sobre os corantes extraídos de algas feitos pela
EMBRAPA e Boticário. A partir dessas considerações, pergunta-se: quantas
empresas/cooperativas/centro de pesquisas trabalham com as algas marinhas?

Quadro 1. Mapeamento das Empresas que Utilizam Algas Marinhas.

Nome da Empresa Área de Atuação

ADCOS COSMÉTICA DE Desenvolveu pesquisa comprovando que ativos


TRATAMENTO derivados de uma alga marinha são capazes de
estimular células-tronco adultas a atuar no
rejuvenescimento cutâneo.
AGAR BRASILEIRO INDÚSTRIA E Produção de agar-agar, carragenanas, algas marinhas
COMÉRCIO LTDA (AGARGEL) frescas, refrigeradas, congeladas ou secas, mesmo em
pó e extratos de algas marinhas. Exporta algas marinhas
frescas, refrigeradas, congeladas ou secas, mesmo em
pó, além de agar-agar e carragenana.
AGROFLY AGROPECUÁRIA Comércio varejista de medicamentos veterinários e
agropecuários, bovinos e aves, derivados de algas
marinhas, nutrição animal, defensivos agrícolas e fosfato
natural e medicamentos veterinários.
ALGAS NORDESTINAS E Exportação de algas marinhas para indústrias de
COMÉRCIO LTDA cosméticos ou de produtos alimentares e
extrato de algas (gel).

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CONDOMÍNIO ATLÂNTICO: ESTUDOS E DEBATES

ALGATEC Empresa de base biotecnológica, voltada para a área de


produção de bioenergia a partir das microalgas marinhas
ou não. Buscam atender empresas que utilizam
microalgas marinhas ou não para síntese de fármacos,
ração animal e suplementos alimentares, com posterior
expansão para empresas que venham a produzir
biocombustível de microalgas.
ANTÍDOTOS COSMÉTICOS Produz linha de cosméticos com extrato de
algas marinhas azuis.
ANY ANY Tradicional marca de lingerie com quatro produtos
hidratantes para o corpo com extratos de
algas marinhas.
ASSESSA INDÚSTRIA COMÉRCIO A empresa desenvolve produtos à base de algas
E EXPORTAÇÃO marinhas lavadas, tratadas, secas e moídas para uso em
LTDA fórmulas onde a presença de fragmentos visíveis de
algas traz um diferencial de eficácia e apelo natural,
extratos de algas marinhas desidratadas sobre suportes
inertes para o uso em fórmulas de produtos em pó ou
emulsões onde as atividades de hidratação e proteção.
Algas selecionadas para a produção de
biopolímerospolieletrolíticos de alta atividade cosmética,
tais como derivados de ácidos urônicos, polímeros
contendo fucose e poligalactosídeos altamente
sulfatados e polissacarídeos marinhos sulfatados como
vetores sinérgicos para outros bioativos cosméticos.
ATELIÊ ARTES DE MARIA Produtos de beleza a base de algas marinhas.
BEL COL COSMÉTICOS Especializada no desenvolvimento de produtos
baseados em Biotecnologia e engenharia genética. O
Neo Super TR, um gelcreme facial hidratante, foi
desenvolvido a partir de ativos de última geração que
prometem trabalhar nas células troncos da pele. É
composto por quatro ativos diferenciados para promover
a regeneração epidérmica, sendo um deles, o
Phycojuvenine®, produzido com extrato concentrado da
alga Laminaria digitata, auxiliar no estímulo das células-
tronco epidérmicas.
BIOCLEAN COSMÉTICOS A Bioclean acaba de complementar a sua linha de
produtos voltada ao mercado profissional de depilação, a
DepilBella, um a base de
extratos de algas marinhas.

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CONDOMÍNIO ATLÂNTICO: ESTUDOS E DEBATES

BIOEXTRATUS COSMÉTICOS Linha de cosméticos a base de algas marinhas.


NATURAIS
BIOPETRO A BIOPETRO é uma empresa subsidiária da Bio Clean
Energy S/A, líder em tecnologia na produção de
combustíveis ecologicamente corretos. A empresa
Biopetro Brasil investiu mais de R$ 6 milhões em um
projeto inédito para a produção de biodiesel
a partir de algas em Araraquara.
BRASIL GLOBAL COSMÉTICOS A Brasil Global Cosméticos (NY Looks), empresa
LTDA brasileira líder no mercado de géis capilares: o Gel
Modelador Beach Look e o Gel Modelador Natural Look.
Elaborado com microalgas azuis que, de acordo com a
empresa, tratam e hidratam os fios, reduzindo o volume.
O produto contém filtro solar, não contêm álcool, não
resseca os cabelos nem deixa resíduo.
CENTRO DE PESQUISAS E Produção de etanol a partir do cultivo de
DESENVOLVIMENTO algas marinhas.
LEOPOLDO AMÉRICO MIGUEZ DE
MELO (CENPES)
CICLO ALIMENTAR Empresa especializada em Alimentos Naturais.
Fabricante da Linha NutriShake e NutriAlgas a base de
algas marinhas.
COCAMAR COOPERATIVA O maior complexo industrial do cooperativismo brasileiro.
AGROINDUSTRIAL Detém várias patentes de tecnologia com extratos de
algas.
CRESCENEW INDÚSTRIA DE Produtos de beleza a base de algas e ostras (queratina)
COSMÉTICOS marinhas.
COSMOTEC ESPECIALIDADES Ingredientes para Indústria Cosmética e Household.
QUÍMICAS LTDA Apresenta produtos com extratos de algas marinhas.
DE MILLUS D Gel de Banho esfoliante Algas Marinhas, com pequenas
esferas azuis, associadas ao extrato de algas marinhas.
DEPIL BELLA Produção de ceras depilatórias com algas marinhas.
DEPILART Produção de ceras depilatórias com algas marinhas.
DERMATUS COSMÉTICA MÉDICA Produtos de beleza a base de algas marinhas (ex.:
hidratante a base de extrato de algas marinhas azuis,
que agem contra o envelhecimento) e da alga vermelha
calcárea Corallina officinalis, alga biocerâmica que
possui ação termoreguladora (fotoprotetor tonalizante).

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CONDOMÍNIO ATLÂNTICO: ESTUDOS E DEBATES

DOCAS PARTICIPACOES S/A Pode ser apenas cultivo de algas marinhas. Não há
informações detalhadas.
DROGADERMA FARMÁCIA DE Produtos de beleza a base de extrato glicólico de algas
MANIPULAÇÃO marinhas (Linha Attivi)
EMBELLEZE Produtos de beleza da linha Vivacci. São loções, óleos,
sabonetes, talco e gel que trazem os benefícios das
algas marinhas, do mel e das amêndoas doces.
EMPRESA BRASILEIRA DE Ácidos graxos poliinsaturados ômega-3 clonagem e
PESQUISA AGROPECUÁRIA caracterização do primeiro gene da via de síntese na
(EMBRAPA) microalga marinha Thalassiosira fluviatilis.

FARMÁCIA BOTÂNICA TUPÃ Produz e comercializa produtos à base de algas


marinhas.
FIRENZE COSMÉTICOS Produtos de beleza com algas marinhas
(cremes antienvelhecimento, gel hidratante etc.)
FLOEMA COSMÉTICOS LTDA Pó descolorante ultrarrápido com extrato de algas
marinhas. Os produtos da linha GUANISOL possuem
fórmula com queratina e extrato de algas marinhas
GRANADO PHARMÁCIAS Produtos de beleza a base de algas marinhas.
HARTY COSMÉTICOS Produtos de beleza masculinos a base de
algas marinhas.
HYROKO INTENSE A J.M Farma surgiu na década de 1980, indústria de
cosméticos especializada no segmento de cuidados
pessoais e posteriormente desenvolvendo sua divisão
cosmética para animais de pequeno porte. Usa algas
marinhas nas suas formulações.
IMPALA COSMÉTICOS Linha Corporal Pelle a Pelle cuja composição combina
flores extratos de linho, algodão e
algas marinhas.
INSTITUTO BELEZA NATURAL Produtos de beleza a base de algas marinhas
(linha Quatro Elementos).
SABELLE RUCKSTEIN Produtos de beleza (sabonetes, máscaras faciais etc) a
COSMÉTICOS base de algas marinhas.
JIREH INDÚSTRIA DE COSMÉTICOS Produtos de beleza a base de algas marinhas
(BERGÈRE cosmético de resultado) (ex.: Gel contra a celulite, loção hidratante).
KANITZ Produtos de beleza a base de algas marinhas
(ex.: sabonetes).

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CONDOMÍNIO ATLÂNTICO: ESTUDOS E DEBATES

LA FAÇON BAIN E DOUCHE Os produtos para o corpo foram formulados com


Ormagel Sh um ativo obtido a partir de algas marinhas,
que é rico em sais minerais, proteínas e vitaminas.
LA VERTUAN COSMÉTICOS AROMA Produtos de beleza a base de algas marinhas (Fluido
E MAGIA para talassoterapia, Bandagem e Ionização etc.)
LABORATÓRIO SELUBI Produz e vende complementos alimentares e
fitoterápicos: cartilagem de tubarão, quitosana, ginkgo
biloba, ostra, cálcio, guaraná, própolis, cogumelo do sol,
pólen, algas marinhas, centella asiática, espirulina,
garcinia etc. Produtos naturais usados como auxiliares
no emagrecimento, no combate à osteoporose,
reumatismo etc.
LABORATÓRIOS GRIFFITH DO Em Mogi das Cruzes (SP) com produção aproximada de
BRASIL S.A. 500 a 600 ton.ano-1 de carragenanas semi-refinadas
obtidas a partir de algas marinhas secas importadas,
mistura de 8 espécies de Kappaphycus.
LABOTERRA COSMÉTICOS Produtos de beleza a base de algas marinhas.
MACROMAR SEAWEED Pesquisam, produzem e comercializam algas marinhas
NATURAL SEAWEED do Nordeste brasileiro. Inclui preservação de bancos
naturais, cultivo e fornecimento de gelatina de alga
marinha para população carente. Atua na produção de
alimentos funcionais feitos com algas marinhas. Venda
de algas marinhas (rodofíceas)
in natura desidratadas.
MÁRCIA COSMÉTICOS Indústria cosmética que utiliza extratos de algas
marinhas como componente em alguns produtos.
MD ALGAM MARICULTURA Criada em 1998 na Ilha Grande Angra dos Reis e
AQUAPHYTA BRAZIL pioneira no cultivo comercial de algas marinhas, a MD
ALGAM atua na elaboração de projetos em maricultura,
desenho e montagem de sistemas de cultivo, avaliação
técnica e econômica de projetos, gestão e
monitoramento ambiental e capacitação técnica,
programa dirigido à geração de renda e emprego em
comunidades costeira, logística e comercialização de
algas marinhas para o
mercado interno e externo.
MIDORI PROFISSIONAL Produtos de beleza a base de algas marinhas e
queratina de moluscos e crustáceos marinhos.
MINERACAO INDÚSTRIA E Cultivo de algas marinhas. Não está clara a sua
COMERCIO MARAPENDI SA participação como empresa biotecnológica.

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CONDOMÍNIO ATLÂNTICO: ESTUDOS E DEBATES

NATUFLORA COSMÉTICOS COM Produtos de beleza a base de algas marinhas


ATIVOS NATURAIS (loção hidratante, creme redutor de adiposidade).
NATURA COSMÉTICOS Produtos para o tratamento da pele do rosto e do corpo,
cuidado e tratamento dos cabelos, maquiagem,
perfumaria, produtos para o banho, proteção solar,
higiene oral e linhas infantis. A Natura Inovação e
Tecnologia de Produtos Ltda apoia projetos de bioativos
para antioxidantes, aromas e filtro solar com algas e
outros organismos marinhos.
NOVA FLOR Produz uma linha de cosméticos com algas marinhas.
O BOTICÁRIO Sabonetes e cremes à base de algas marinhas.
ORTHO BIO PHARMA Produtos de beleza a base de algas marinhas
(Agar Agar contra a flacidez).
OX COSMÉTICOS Produtos de beleza a base de algas marinhas (Linha de
produtos masculinos com algas marinhas que regulam o
tônus da pele e formam um filtro protetor).
PAYOT BRASIL Produtos de beleza a base de algas marinhas (Xampu e
Condicionador Queratina, para cabelos danificados, com
hidrolisado de queratina; Aminoácidos de Queratina e
Algas Marinhas).
PRUDENSAL PRODUTOS Indústria, comércio e representação de produtos
AGROPECUÁRIOS agropecuários. Farinha de algas, mineralizante para
bovinos e aves, derivados de algas marinhas, nutrição
animal, defensivos agrícolas, fosfato natural, máquinas
agrícolas, motores, rações para animais.
PURIFARMA/EXTRACAPS Agar-agar, fragrância de algas, cápsulas de gel de algas
marinhas. Extracaps é a marca registrada das cápsulas
gelatinosas duras vazias fabricadas pela Genix Indústria
Farmacêutica.
RAMELK COSMÉTICOS Produtos de beleza a base de algas marinhas
primeiramente, com apenas um produto: o Gel com
Algas Marinhas, novidade no mercado até então, tem um
enorme sucesso entre seus consumidores.
SARFAM INDÚSTRIA, COMÉRCIO E Bioativos e matérias primas para a indústria cosmética.
IMPORTAÇÃO LTDA Extratos glicólicos de algas marinhas.
SETE COSMETIC Linha de produtos de beleza masculinos a base de algas
marrons marinhas importadas
(Laminaria digitata e Ascophyllumnodosum).

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CONDOMÍNIO ATLÂNTICO: ESTUDOS E DEBATES

SETE ONDAS BIOMAR Produtora do BIOMARGEL 25, um hidrocolóide em pós a


CULTIVO E PROCESSAMENTO base de carragenana Kappa e Yota, destinado à
DE ALGAS MARINHAS LTDA utilização como espessante, estabilizante e gelificante
em produtos alimentícios. Processa carragenana semi-
refinada da alga marinha Kappaphycusalvarezii,
cultivada em fazenda própria, localizada na Restinga da
Marambaia.
SKAFE COSMETOLOGIA Linha de produtos para o cabelo (xampus) com
oligoelementos de algas vermelhas marinhas.
TECNOCLEAN Oferece soluções de limpeza e higiene profissional.
Produz o sabonete líquido de algas marinhas com alta
propriedade de limpeza e deve ser utilizado em
dispenser exclusivo que evita o contato
com o produto.
TULIP COSMÉTICOS Cosméticos biotecnológicos com base em algas
marinhas (máscaras faciais, ampolas etc).
VALMARI DERMOCOSMÉTICOS Produtos masculinos a base de algas marinhas.
VITA DERM Produtos de beleza a base de algas marinhas (gel
bioestimulante, gel redutor e contra celulites etc.). Linha
masculina a base de oligoelementos de algas vermelhas
marinhas.

Fonte: BRASIL, 2010, p.117-124.

O mapeamento apresenta uma quantidade razoável de empresas que


trabalham ou pesquisam produtos relacionados com as algas marinhas, com
destaque para o setor de cosméticos que possui muito interesse em desenvolver
o potencial desse recurso. Essa expressividade mostra que o mercado está
atento para os benefícios que esse recurso marítimo pode gerar para o
consumidor, especificamente, com foco em qualidade de vida. De posse desse
mapeamento, é possível articular com os outros atores do sistema Tríplice
Hélice, ações que visem trazer desenvolvimento econômico, sempre aliando a
capacidade técnica da academia, o papel de indutor do Estado e a capacidade
mercadológica das empresas. Inclusive, nessa cadeia é provável que estas

259
CONDOMÍNIO ATLÂNTICO: ESTUDOS E DEBATES

últimas, as empresas, desenvolvam setores de Pesquisa e Desenvolvimento


(P&D) em suas imediações com viés focado nos recursos marinhos em tela.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As algas marinhas são recursos marítimos estratégicos para o


desenvolvimento econômico nacional. Apesar de sua disponibilidade aos
arredores da costa marítima brasileiro, todavia são incipientes os mapeamentos
sobre o comércio desse tipo de produto. Por outro lado, há um forte trabalho
feito por empresas que já despertaram para a potencialidade que tal ativo tem
para suas economias, especificamente no setor de cosméticos. De qualquer
forma, faltam ações estratégicas e coordenadas pelos principais atores (Estado,
Universidades e Empresas) no sentido de tornar esse mercado mais ativo e
organizado, gerando uma quantidade cada vez mais expressiva de renda e
desenvolvimento. Há, é verdade, momentos pontuais, como a ação Boticário-
EMBRAPA, que apontam o caminho para que esse setor marinho se torne mais
maduro. Porém, dever-se-á alinhar estratégias conjuntas de ações a fim de que
em breve as algas marinhas sejam um produto com selo sustentável, saudável e
qualificado, conquistando a liderança do mercado exportador.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Caracterização do Estado da Arte em Biotecnologia Marinha no


Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.
BRASIL. Decreto N. 10. 564, de 16 de novembro de 2020 Aprova o X Plano
Setorial para os Recursos do Mar. Diário Oficial da União, 17/11/2020, Edição
219, Seção 1, p.1. Disponível em: <https://www.in.gov.br/en/web/dou/-

260
CONDOMÍNIO ATLÂNTICO: ESTUDOS E DEBATES

/decreto-n-10.544-de-16-de-novembro-de-2020-288552390>. Acesso em: 6


abr. 2021.
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