Puberdade
Puberdade
A N D R E A M A K S S O U D I A N
P U B E R DA D E
APRESENTAÇÃO:
PROF. ANDREA
MAKSSOUDIAN
Caro Aluno,
Nas próximas páginas, focaremos nos assuntos que são
mais cobrados nos concursos de Residência Médica.
Fique ligado! O tema Puberdade está presente em 40% das
provas de Residência Médica.
@estrategiamed @estrategiamed
t.me/estrategiamed /estrategiamed
Estratégia
MED
Puberdade normal
Tanner
Estirão
Ginecomastia puberal
PPC diagnóstico
PPC causas
PPC tratamento
PPP causas
PPP diagnóstico
Atraso puberal
Telarca precoce
Pubarca precoce
0 5 10 15 20 25 30
Atenção, a puberdade normal é o assunto mais cobrado, mas devemos prestar atenção aos distúrbios puberais, que são muito
explorados também.
Estratégia
MED
SUMÁRIO
CAPÍTULO
CAPÍTULO
DICA IMPORTANTE!
Diversas questões colocam como pegadinha o estadiamento M0P0 ou G0P0, mas isso não existe!
O primeiro estadiamento Tanner de meninas é M1P1 e o de meninos G1P1. Ambos são considerados
estágios pré-púberes.
Sendo assim, apenas a avaliação de Tanner nos permite concluir quando esses eventos terão início e, assim, podemos tranquilizar
pacientes e familiares ou alertá-los em casos de evolução inesperada da puberdade.
Por exemplo: quando uma adolescente no estágio M3 procura-nos preocupada com a ausência de menarca, podemos tranquilizá-la de
que sua primeira menstruação ocorrerá entre seis meses e um ano, pois a maior parte das meninas (75%) apresenta a menarca no estágio M4
de mamas e a evolução entre cada estágio respeita um intervalo de seis meses a um ano.
Na figura abaixo, você pode conferir a relação entre os estágios de Tanner e os principais eventos da puberdade em meninas e meninos:
ESTÁGIO EVENTO
M2 Início do estirão
M3 Pico do estirão
ESTÁGIO EVENTO
Início do estirão
G3
semenarca
G3 G4 Ginecomastia
CAPÍTULO
3.0 ESTIRÃO
É importante que você saiba que, durante a puberdade, os adolescentes adquirem 20% de sua estatura final e 50% do peso
da vida adulta.
As meninas iniciam o seu estirão antes dos meninos. O estirão feminino tem início na fase M2, atinge o pico no M3 e termina no M4,
que coincide com a menarca. Mas, fique ligado, a menarca não indica o fim do crescimento, ´pois ocorre um crescimento residual médio de
7,5 cm (podendo variar de 3 a 17 cm).
Nos meninos, o estágio G3 marca o início do estirão, o pico da velocidade de crescimento é observado no G4 e o final ocorre no G5. A
mudança do timbre de voz ocorre um ano após o pico do estirão. Observe:
CAPÍTULO
Drogas antirretrovirais.
Isoniazida, bloqueadores dos canais de cálcio, diazepan, haloperidol, risperidona, antidepressivos tricíclicos.
Esteroides anabólicos.
Portanto, frente a um adolescente sem antecedentes patológicos com idade entre 13 e 14 anos e sem
história de uso de medicações, no estágio 3 ou 4 de Tanner: pensar em ginecomastia puberal fisiológica. A
conduta adequada é observação clínica.
CAPÍTULO
Puberdade precoce
• Menina: antes dos 8 anos.
• Menino: antes dos 9 anos.
Dependendo da origem da produção anormal de hormônios, a puberdade precoce pode ser dividida em central e periférica.
A) Puberdade precoce central
A puberdade precoce central (PPC) também é conhecida como puberdade precoce verdadeira ou puberdade precoce GnRH dependente.
Ela é de cinco a dez vezes mais comum no sexo feminino.
A PPP é sempre isossexual, isto é, meninas apresentam caracteres sexuais femininos e meninos apresentam características sexuais
masculinas.
Nessa situação, ocorre uma maturação do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal (HHG) devido à liberação dos pulsos do hormônio liberador
de gonadotrofinas (GnRH) pelo hipotálamo.
Hamartoma hipotlâmico
Anomalias congênitas
• Hidrocefalia
Idiopática
• Meningomielocele
• Defeitos da linha média
Neoplasias
• Astrocitoma PUBERDADE
Doenças do sistema PRECOCE CENTRAL Mutações genéticas
• Ependimoma nervoso central causas
• Glioma
• Pinealoma
Lesões vasculares
Irradiação craniana
Trauma
Infecções
• Abscesso
• Encefalite
• Meningite
Como você pode observar, a maior parte das causas de PPC é decorrente de lesões no sistema nervoso central.
Contudo, há uma informação importante que pode o ajudar nas provas:
Em meninas, a principal causa de puberdade precoce central é idiopática, sendo responsável por 90% dos casos. Já em meninos, de
25% até 75% dos casos de PPC são secundários a lesões do sistema nervoso central, com destaque para os hamartomas hipotalâmicos.
Para memorizar:
- Sexo feminino: 90% idiopática.
- Sexo masculino: até 75% secundárias a doenças do sistema nervoso central.
Em relação ao quadro clínico, a PPC segue a sequência fisiológica dos eventos puberais. Assim, meninas com PPC desenvolvem primeiro
a telarca, seguida pela pubarca e, depois, menarca.
Nos meninos, observamos primeiro o aumento do volume testicular e, depois, a pilificação pubiana.
Outro aspecto marcante é que tanto meninos quanto meninas com PPC apresentam uma rápida aceleração do crescimento. Isso os
torna mais altos que seus pares. Contudo, a ação dos esteroides sexuais nas cartilagens de crescimento faz com que essa cartilagem se feche
precocemente, levando a uma baixa estatura na vida adulta.
Sendo assim, a puberdade precoce central cursa com aceleração da idade óssea.
Na puberdade precoce central, observa-se alta estatura durante a puberdade e baixa estatura na vida
adulta.
Dica importante: na PPC, a criança manifesta uma de esteroides sexuais (andrógenos e ou estrógenos) produzidos nas
puberdade “completa”, isto é, durante a evolução do quadro, gônadas, na adrenal ou por outros mecanismos que não dependem
observamos toda a sequência dos eventos puberais (exemplo: do eixo HHG.
telarca, pubarca, menarca). Na PPP (veja adiante), observamos A PPP pode ser iso ou heterossexual.
geralmente apenas um dos eventos puberais (exemplo: telarca ou A puberdade é heterossexual quando os caracteres sexuais
pubarca). observados não são compatíveis com o sexo da criança, por
B) Puberdade Precoce periférica (PPP) exemplo, quando uma menina apresenta sinais de virilização.
Fique atento! Algumas bancas utilizam o termo Assim como a PPC, a puberdade precoce periférica também
“pseudopuberdade precoce” para referir-se à puberdade precoce leva ao aumento da velocidade de crescimento e aceleração da
periférica. idade óssea.
Esse tipo de condição não depende da ativação do eixo Na figura abaixo, são demonstradas as principais causas de
hipotálamo-hipófise-gonadal (HHG), pois é decorrente do excesso PPP, veja:
Síndrome de
McCune-Albright
Síndrome de
Peutz-Jeghers
Células de Leydig
Pinealoma
Hipotireoidismo
primário (Síndrome de
Coriocarcinoma Iatrogênico Van Wyk-Grumbach)
Teratoma
Exógena
Hiperplasia adrenal
congênita forma
não clássica
Doenças da adrenal
Tumores
Para fins didáticos, apresentaremos as principais causas e o quadro clínico da PPP de acordo com o sexo.
B1) Sexo feminino
Na menina, as principais causas de PPP são o cisto folicular funcionante e os tumores ovarianos.
¾ Cisto folicular funcionante: é a principal causa de PPP em meninas. A manifestação clínica é de telarca precoce. É uma
condição autolimitada e, após a regressão do cisto, pode haver um sangramento vaginal. Cistos muito volumosos podem
induzir à torsão ovariana.
¾ Tumores ovarianos: são causas raras de PPP. Dentre eles, o mais comum é o tumor de células da granulosa. Representa
somente 5% dos tumores ovarianos em crianças. Esses tumores são capazes de produzir esteroides sexuais e suas
manifestações clínicas são a puberdade precoce isossexual e dor abdominal ou pélvica.
B2) Sexo masculino
No menino, os tumores de células de Leydig e de células germinativas secretoras de gonadotrofinas coriônicas são os mais frequentes.
¾ Tumor de células de Leydig: Pacientes com aumento testicular assimétrico devem ser investigados para esse tipo de
tumor. São tumores secretores de testosterona que geralmente apresentam comportamento benigno, porém podem causar
metástases. Seu tratamento cirúrgico é curativo na maior parte dos casos.
Dica importante: puberdade precoce no menino com assimetria testicular - pensar em tumor testicular!
¾ Tumores de células germinativas secretores de gonadotrofina coriônica humana: a gonadotrofina coriônica humana (hCG), ativa
os receptores de LH nas células de Leydig estimulando a produção de testosterona. Esses meninos não apresentam aumento
testicular, uma vez que o aumento testicular depende mais da ação do FSH nos túbulos seminíferos. São tumores que podem se
localizar nos testículos, cérebro, fígado, mediastino e retroperitônio. Pacientes com síndrome de Klinefelter têm risco elevado de
apresentar esses tumores do mediastino.
B3) Sexo feminino e masculino
Existem algumas causas de PPP que ocorrem tanto no sexo feminino quanto no masculino: hipotireoidismo primário, uso de esteroides
sexuais exógenos, doenças da adrenal e a síndrome de Mccune-Albright.
¾ Hipotireoidismo primário: pacientes com hipotireoidismo primário não tratado de longa duração podem desenvolver,
paradoxalmente, puberdade precoce do tipo periférico. As meninas apresentam telarca precoce, galactorreia e sangramento
vaginal. Os meninos manifestam aumento do volume testicular. Essa manifestação é também conhecida por síndrome de Van Wyk-
Grumbach. Acredita-se que sua fisiopatologia seja decorrente da ativação dos receptores de FSH pelo TSH em altas concentrações.
O tratamento com levotiroxina é capaz de reverter essa manifestação clínica. É importante lembrar que, nesses casos, observamos
atraso de idade óssea, que não é um evento esperado em casos de puberdade precoce.
NÃO SE ESQUEÇA
Puberdade precoce com atraso de idade óssea: pensar em hipotireoidismo!
¾ Esteroides sexuais exógenos: o uso inadvertido de cremes com estradiol ou com andrógenos por
crianças pode causar puberdade precoce periférica. A suspensão das medicações reverte o quadro após alguns meses.
¾ Doenças adrenais: as duas principais doenças adrenais que causam PPP são os tumores secretores de andrógenos e a
hiperplasia adrenal congênita em sua forma não clássica. Meninos com precocidade sexual de origem adrenal não
apresentam aumento do volume testicular. Os tumores da adrenal manifestam-se através dos sinais de virilização e podem,
ou não, associar-se a massas abdominais palpáveis.
Na região sul de nosso país, observa-se maior incidência dessa condição devido à mutação TP53 R337H. Essas crianças
apresentam sinais de virilização (pilificação, aumento de pênis e clitóris, acne, odor axilar), que podem estar associados a sinais
de síndrome de Cushing, como pletora facial, hipertensão arterial, estrias vinhosas e obesidade. Os achados laboratoriais são
aumento dos esteroides produzidos pela adrenal, como DHEA-S, androstenediona, testosterona. A tomografia e a ressonância
nuclear magnética das adrenais podem confirmar o diagnóstico.
McCune Albright
¾ Síndrome de McCune-Albright: é decorrente
de uma mutação genética rara que pode afetar
meninos e meninas. Caracteriza-se pela tríade
de manchas café com leite, puberdade precoce
periférica e displasia fibrosa poliostótica.
Outras endocrinopatias hiperfuncionantes
podem estar presentes como hipertireoidismo,
síndrome de Cushing, hiperprolactinemia e
hiperparatireoidismo.
Seu diagnóstico é realizado através de dosagens de
hormônios sexuais, tireoidianos, adrenais, entre
outros. A ultrassonografia pélvica pode evidenciar
cistos ovarianos, e tanto a radiografia quanto a
cintilografia óssea podem ser indicadas.
O tratamento é direcionado para o tipo de
manifestação clínica. No caso de puberdade
precoce, é indicado o uso de inibidor de aromatase
ou de bloqueadores da ação do estrogênio. O
tratamento cirúrgico dos cistos ovarianos não é
recomendado. Observe a figura ao lado:
Existem duas idades de maior incidência da telarca precoce: uma nos primeiros dois anos de vida e outra por volta dos seis a oito anos.
Os níveis de gonadotrofinas hipofisárias são pré-puberais e há um predomínio do FSH em relação ao LH.
Constatando-se o diagnóstico de telarca precoce, o tratamento baseia-se apenas no acompanhamento clínico, com atenção para a
evolução dos caracteres sexuais, velocidade de crescimento e maturação óssea.
Velocidade de
Normal Discretamente aumentada Normal
crescimento
Regressão ou não
Evolução Progressão lenta Regressão espontânea
progressão
A avaliação da maturação óssea auxilia tanto no diagnóstico diferencial da puberdade precoce, quanto para definir o potencial prejuízo
em estatura que esses pacientes podem apresentar.
É considerada normal a idade óssea que está entre dois desvios-padrão (DP) para cima ou para baixo em relação à idade cronológica.
Na prática, muitos autores aceitam a diferença entre idade óssea (IO) e idade cronológica (IC) de um a dois anos para cima ou para
baixo como normal.
Dessa forma, um avanço maior do que 2 DP na idade óssea pode indicar tanto PPC quanto PPP. As variantes benignas da precocidade
sexual apresentam idade óssea dentro do normal ou discretamente aumentada em relação à idade cronológica.
¾ Dosagem sérica de estradiol: não é considerado um método sensível para o diagnóstico de estimulação estrogênica.
Níveis de estradiol extremamente elevados com supressão de LH e FSH podem indicar puberdade precoce do tipo periférica.
¾ Dosagem sérica de testosterona: níveis altos de testosterona indicam produção testicular em meninos. Podem também
indicar exposição exógena ou produção adrenal em ambos os sexos. Se houver supressão de LH e FSH associada, pode indicar
PPP.
¾ Dosagem de DHEA-S: quando elevada, indica produção adrenal de andrógenos. Esse exame é utilizado em casos de
pubarca precoce para diferenciar da PPC em sua forma inicial. Em casos de tumores da adrenal, esse hormônio se encontra
em níveis muito elevados.
¾ Dosagem de 17 hidroxiprogesterona: pode estar elevada em casos de hiperplasia adrenal congênita na forma não clássica.
¾ Ultrassonografia pélvica e abdominal: permite avaliar a presença de tumores ovarianos e adrenais, assim como pode
avaliar a ação estrogênica através da avaliação da espessura do endométrio e do volume uterino.
¾ Ultrassonografia testicular: está indicada na suspeita de tumores testiculares.
¾ Tomografia abdominal: pode ser indicada na suspeita de tumores de adrenal.
¾ Ressonância magnética de sela túrcica: nos casos em que há suspeita de lesões em região hipotálamo hipofisária,
esse exame permite o diagnóstico de hamartomas e cistos nesta região.
¾ Outros testes: a dosagem de gonadotrofina coriônica pode ser útil em casos de suspeita de tumor secretor de
gonadotrofinas. Se durante a investigação for detectada massa mediastinal, é recomendável pesquisar a síndrome de
Klinefelter através do cariótipo. Dosagens de T4 livre e TSH são indicadas para suspeita de puberdade precoce secundária ao
hipotireoidismo.
Puberdade
Presente Normais para a idade IO > IC Acelerada Ausentes
Precoce central
DHEA-S moderadamente
Normal ou
Adrenarca elevado
Ausente IO > IC levemente Ausentes
precoce 17-hidroxiprogesterona e
aumentada
testosterona normais
Clitóris e
DHEA-S e testosterona
Tumor de adrenal Ausente IO > IC Muito acelerada pênis muito
muito aumentados
aumentados
Hiperplasia
Pênis e clitóris
adrenal congênita 17 hidroxiprogesterona e Moderadamente
Ausente IO > IC discretamente
forma não testosterona elevadas acelerada
aumentados
clássica
Como dissemos, as variantes benignas requerem apenas de atingir a idade normal para a puberdade.
acompanhamento clínico, contudo, os casos de puberdade precoce A puberdade precoce periférica deve ter seu tratamento
necessitam de intervenção com os seguintes objetivos: individualizado conforme a causa, veja:
• Promover a regressão dos caracteres sexuais • Tratamento cirúrgico: tumores testiculares, ovarianos
secundários; ou de adrenal.
• Melhorar o prognóstico de estatura final; • Tratamento clínico conservador: em casos de cisto
• Controlar os problemas psicossociais associados. folicular funcionante.
O tratamento da puberdade precoce central deve ser • Remoção da fonte de esteroide: em casos de PPP após
realizado com os análogos do GnRH (leuprorrelina e triptorrelina) exposição a esteroides.
na apresentação de depósito. • Corticoides: na hiperplasia adrenal congênita forma
O mecanismo de ação desse fármaco é causar uma não clássica.
estimulação contínua na hipófise que acarreta uma dessensibilização • Outros: uso de aromatase ou bloqueadores da ação
das células gonadotróficas e supressão das gonadotrofinas. Isso leva do estrogênio podem ser indicados para meninas
à diminuição da produção de esteroides sexuais. Esse fenômeno é com síndrome de McCune-Albright. Meninos com
conhecido por supressão reversível do eixo HHG. essa síndrome se beneficiam da associação de
Com esse tratamento, ocorre regressão dos caracteres e antiandrogênicos e inibidores da aromatase.
queda da velocidade de crescimento e da maturação óssea. Agora, vamos falar sobre o atraso puberal.
O tratamento da PPC deve ser suspenso quando a criança
CAPÍTULO
Essa variante da normalidade consiste na principal causa de atraso puberal secundário e corresponde
a cerca de 50% dos casos.
Amenorreia primária
• Ausência de menarca aos 16 anos, com presença de caracteres sexuais secundários.
• Ausência de menarca aos 14 anos em meninas, sem os sinais de puberdade e sem os caracteres
sexuais secundários.
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CAPÍTULO
CAPÍTULO