INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO JEAN PIAGET DE
BENGUELA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO SOCIAIS E
HUMANAS
MONOGRAFIA
DESVIOS MORFOSSINTÁCTICOS: CASO DO USO
INADEQUADO DOS PRONOMES RELATIVOS PELOS ALUNOS
DA 12ª CLASSE DO MAGISTÉRIO BG N.º 2050 SANTA
DOROTEIA DO LOBITO
ESTUDANTE: PEDRO LUCAS LUÍS VILINGA
LICENCIATURA: ENSINO DO PORTUGUÊS E DE LÍNGUAS NACIONAIS
ORIENTADOR: GERVAIS MANSIMA, LIC.
Benguela/2024
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO JEAN PIAGET DE
BENGUELA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO SOCIAIS E
HUMANAS
MONOGRAFIA
DESVIOS MORFOSSINTÁCTICOS: CASO DO USO
INADEQUADO DOS PRONOMES RELATIVOS PELOS ALUNOS
DA 12ª CLASSE DO MAGISTÉRIO BG N.º 2050 SANTA
DOROTEIA DO LOBITO
Pedro Lucas Luís Vilinga
Benguela/2024
EPÍGRAFE
2
DEDICATÓRIA
3
ÍNDICE GERAL
EPÍGRAFE
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTO
LISTA DE TABELAS
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 5
CAPÍTULO I: GENERALIDADE SOBRE A MORFOSSINTAXE DOS
PRONOMES RELATIVOS..................................................................................7
1.1. Conceitos gerais………………………………………………………………….8
1.2.
Pronomes………………………………………………………………………………
…9
1.4. Morfologia dos Pronomes Relativos.............................................................8
1.5. Sintaxe dos Pronomes
Relativos………………………………………………………..9
1.6. Natureza do Antecedente dos Pronomes Relativos..............
………………………10
1.7Pronomes relativos sem antecedente………………………………11
1.7. Valores e Empregos dos Pronomes Relativos….
……………………………..11
CAPÍTULO II: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS.................................8
2.1. Localização da Escolamagistério BG N.º 2050 Santa Doroteia do Lobito….9
2.2. Apresentação e análise de dados……………………………………………10
ENTREVISTA A PROFESSORES DE LÍNGUA
PORTUGUESA……………………..11
CAPÍTULO III: PROPOSTAS METODOLÓGICAS PARA O USO CORRECTO
DOS PRONOMES
RELATIVOS…………………………………………………………………..12
SUGESTÕES PARA SUPERAÇÃO DOS DESVIOS MORFOSSINTÁCTICOS
DOS PRONOMES RELATIVOS
CONCLUSÃO---------------------------------------------------------------------------------------
------14
RECOMENDAÇÕES……………………………………………………………………
.13
BIBLIOGRAFIA................................................................................................. 15
4
5
INTRODUÇÃO
Ao abordarmos sobre os pronomes relativos com os alunos, temos
constado que encontram sérias dificuldades em emprega-los, seja em
contextos dados, seja em (con)textos de sua própria elaboração. Tendo em
conta o enfoque que se dá ao ensino de Português nos programas curriculares
e, consequentemente, em sala de aula, o problema do emprego do pronome é
crucial, já que não se pretende, a rigor, que o aluno deva dominar a teoria
gramatical até ao ponto de, por exemplo, fazer metalinguagem ou compor
formalizações rigorosas, "bastando" que o conhecimento teórico de que dispõe
lhe sirva à elaboração de um texto "correcto" e "eficiente", no contexto de sua
produção e destinação. Como se observa, não se espera do aluno uma
competência em gramática que lhe conceda reflexão sobre a língua, mas uma
instrumentalização do recurso à gramática, de modo a compor um sistema de
recorrência, um repertório para uso fácil nas relações de comunicação
pertinentes, em particular, ao exercício profissional.1
Por um lado, é preciso ensinar gramática; por outro, é preciso
instrumentalizar essa gramática para o uso, num registo formal, simplificando a
descrição teórica, a prática. Entretanto, é neste ínterim, que muitos alunos
cometem desvios no uso dos Pronomes Relativos, por conta da falta de
conhecimento, em termos morfossintácticos, e de exercícios práticos destes
pronomes que, necessariamente, são imprescindíveis na comunicação
quotidiana.
Pelo que, em pouco tempo, concluímos, como professor, estar diante de
uma tarefa muito espinhosa, que exige de nós um conhecimento do facto
linguístico em profundidade, aliado à habilidade em formular uma
metalinguagem a um tempo competente e simplificada de acordo ao que nos é
concedido nos programas curriculares, sem ser redutor, para uso teórico e
prático dos alunos.
1
Eliane MagriniFOCHI, A Classe dos Pronomes Relativos.Uma Descrição, Alfa, São Paulo,
1991.
6
Tendo em conta as dificuldades constatadas no uso dos pronomes
relativos, consequentemente, pelas dificuldades com que nos defrontamos ao
ensinar o emprego dos pronomes relativos, optamos por esboçar, neste
pequeno trabalho, uma descrição dessa classe gramatical. Nossa expectativa é
que o exercício reflexivo, o esforço para descrever, o recurso às teorias
linguísticas possam dar-nos melhores condições de abordar esse tópico da
gramática, no ofício de ensinar Português a fim de fornecermos ferramentas
suficientes e eficazes para solução do nosso problema descrito neste trabalho.
A motivação da escolha do tema em questão deve-se ao facto de no
período de estágio curricular ter sido possível perceber por parte dos alunos da
12ª classe do Magistério BG N.º 2050 Santa Doroteia do Lobito, desvios à
norma relativamente à morfossintaxe dos pronomes relativos. Sendo que o uso
correcto dos pronomes relativos é, necessariamente, fundamental para a
compreensão e produção de textos, quer sejam orais quer sejam escritos. Além
disso, o uso incorrecto dos pronomes relativos pelos alunos da 12ª classe pode
prejudicar efectivamente em sua comunicação diária.
Sendo assim, levantamos o seguinte problema de investigação:
Que factores estão na base dos desvios morfossintácticos dos pronomes
relativos pelos alunos da 12ª classe do Magistério BG N.º 2050 Santa Doroteia
do Lobito?
E para uma melhor orientação e direcção do trabalho, formulamos as
seguintes perguntas de investigação:
Quais são os tipos de desvios no uso dos pronomes relativos?
Quais são as causas dos desvios no uso dos pronomes relativos pelos alunos
da 12ª classe?
Que métodos os professores devem utilizar para superação do uso inadequado
dos pronomes relativos pelos alunos da 12ª classe?
Com base no problema e para delimitar a pesquisa foram estabelecidos os
seguintes objectivos de investigação:
7
Geral:
Analisar os factores que estão na base do uso inadequado dos pronomes
relativos pelos alunos da 12ª classe do Magistério BG N.º 2050 Santa Doroteia
do Lobito.
Específicos:
Identificar os tipos de desvios no uso dos pronomes relativos;
Descrever as causas dos desvios no uso dos pronomes relativos pelos alunos
da 12ª classe;
Propor soluções para corrigir os desvios no uso dos pronomes relativos pelos
alunos da 12ª classe.
Consequentemente, procuramos apresentar propostas de soluções para
o problema identificado, assim, acreditamos que é possível haver solução para
superação deste problema de desvio morfossintático dos Pronomes Relativos
nos alunos da 12ª classe da Santa Doroteia, para isso construímos as
seguintes hipóteses:
Se aumentar os tempos de aulas de Língua Portuguesa e, consequentemente,
a carga horária desta temática, os alunos poderão superar significativamente
os desvios morfossintáticos dos Pronomes Relativos.
Se capacitarmos os nossos professores de Língua Portuguesa com seminários
e conferências sobre a Morfossintaxe dos Pronomes Relativos, então, teremos
professores mais capacitados para leccionarem adequadamente a temática.
Os métodos e técnicas de recolha e análises de dados servirão para recolha
das informações necessárias para a elaboração do trabalho, pelo que nos
serviremos dos seguintes:
Pesquisa bibliográfica:Este método permitirá fazer uma comparação entre as
opiniões de diferentes autores em relação ao tema em estudo, no sentido de
especificar determinados conceitos e posicionamentos dos mesmos.
8
Deste modo, pensamos que a pesquisa bibliográfica vai ajudar-nos a
«desvendar, recolher e analisar as principais contribuições sobre o problema
ou fenómeno a estudar».2
Testes: é um método utilizado para avaliar o juízo de gramaticalidade em
relação a uma frase ou sentença em uma língua. Ele é usado para determinar
se uma frase é gramaticalmente correcta ou não por meio de dados recolhidos
dos textos produzidos pelos alunos.Este método permitiu-nos formularmos as
nossas assertivas linguísticas de modo a avaliarmos o uso gramatical dos
pronomes relativos pelos alunos.3
Método Dedutivo: Partindo das teorias e leis, neste método, procuramos
assim apresentar as nossas conclusões aos fenómenos particulares
constatados nos alunos (conexão descendente); para expressar as dificuldades
do problema são formuladas hipóteses; das hipóteses deduzimos
consequências a serem testadas.4
2
F. V. RUDIO,Introdução ao Projecto de Pesquisa Científica, 3ª ed. Petrópolis, Vozes, 1978, p.
41.
3
João Muteteca NAUEGE,«Da Norma à Variação: Estudo de Caso Sobre o Uso do Conjuntivo
no Português de Angola. Tese apresentada à Universidade de Évora para obtenção do Grau de
Doutor em Linguística» 2017, p. 212.
4
Adriana Soares PEREIRAet al., Metodologia da pesquisa científica, UFSM, Santa Maria, 2018.
9
CAPÍTULO I: GENERALIDADE SOBRE A MORFOSSINTAXE
Antes de entrarmos na parte do trabalho dedicada à apresentação e ao
tratado específico das características morfossintácticas dos Pronomes
10
Relativos do Português, começaremos por precisar os conceitos gerais e
apresentar as noções técnicas que são necessárias para acompanhar a
exposição deste trabalho.
1.1. Morfossintaxe
A Morfossintaxe é, na verdade, uma palavra composta por aglutinação
de duas palavras, isto é, por morfologia e sintaxe.A morfologia pertence a área
da gramática e tem a sua palavra originada por aglutinação de duas palavras
gregas. O termo “morfo” que do grego é “Μορφή” significa forma e o termo
“logia” que do grego é “λόγος” significa estudo, razão ou palavra, assim, temos
morfologia como o estudo da forma, estrutura, formação e classificação das
palavras.5
1.1.1. Morfologia
Morfologia, em outras palavras, é, como anteriormente declaramos, a
parte da gramática que se dedica ao estudo da palavra, apontando assim, a
estrutura, a formação, as flexões e as classificações das palavras de uma
língua, que são agrupadas em classes: substantivo, adjectivo, pronome, artigo,
conjunção, interjeição, numeral, preposição, verbo e advérbio.
O Ciber dúvidas da Língua Portuguesa refere o seguinte sobre a
Morfologia:
Entende-se por Morfologia o conjunto de estudos que tem como objecto
a formação e estrutura das palavras. É uma área bastante polémica no estudo
da linguagem natural e especialistas ainda debatem sobre o lugar e a
importância que esses estudos devem ter na construção de uma teoria da
gramática. Assim como a fonologia estuda a maneira como os sons da língua
se organizam para formar palavras e expressões significantes e a sintaxe, a
maneira como os elementos se organizam para formar as frases de uma dada
língua, a morfologia estuda a maneira como as palavras são formadas e como
seus elementos se organizam para constituir o léxico de uma língua. Ou seja, a
Morfologia busca determinar, analisar e, quando possível, organizar em
conjuntos paradigmáticos os elementos menores que as palavras. Esses
5
Daisi MALHADASet al., Dicionário grego-portugues (dgp), vol. 3 - Cotia, São Paulo, Atelie
Editorial, 2008, pp. 128 e 183.
11
elementos são as menores unidades com significado e as menores unidades
que podem ser analisadas gramaticalmente numa língua, mas não devem ser
confundidas com as sílabas que são unidades sonoras mas sem significado.
Nesta exposição, percebe-se que o enfoque ou o objecto da Morfologia
recai sobre a formação e a estruturação das palavras, ou seja, em como são
originadas e em como se apresentam ou se constituem as palavras. Assim, na
Morfologia, analisa-se a estrutura da palavra e os processos morfológicos que
a palavra sofreu para a sua formação. Pelo que é importante conhecer-se a
Estrutura e a formação das palavras.
Quanto a estrutura, as palavras são formadas pela menor parte
significativa que constitui uma palavra. Assim, uma palavra pode apresentar
vários morfemas ou partes: “preconceito” é constituído por “pre”, “conceit” e “o”.
Cunha e Cintra (2017),apresentam a seguinte divisão dos morfemas:
“Quando, na análise da palavra ruas, distinguimos dois morfemas, observamos
que um deles - rua - forma por si só um vocábulo, enquanto o morfema -s não
tem existência autónoma, aparecendo sempre ligado a um morfema anterior.
Os linguistas costumam chamar morfemas livres os que podem figurar
sozinhos como vocábulos, e morfemas presos são aqueles que não se
encontram nunca isolados, com autonomia vocabular.
Quanto à natureza da significação, os morfemas classificam-se em
lexicais e GRAMATICAIS. Os morfemas lexicais têm significação externa,
porque são referentes a factos do mundo extralinguístico, aos símbolos básicos
de tudo o que os falantes distinguem na realidade objectiva ou subjectiva.
Exemplos: Évora, céu, roxa, tristeza, erma, cor, rua violeta. Já a significação
dos morfemas gramaticais é interna, pois deriva das relações e categorias
levadas em conta pela língua. São os casos, por exemplo, do artigo o, das
preposições de e sob, da marca de feminino -a (rox-a, erm-a) e a de plural -s
(rua-s, erma-s, o-s, céu-s, violeta-s, roxa-s)” (p.90).
Quanto a formação das palavras, elas são formadas por afixos, radicais,
desinências e vogal temática.
12
1.1.2. Sintaxe
Já a Sintaxe pertence também a área da gramática e tem a sua palavra
oriunda de uma palavra grega composta de uma preposição e um substantivo
da terceira declinação. A preposição “sin” que do grego é “συν” significa com,
em conjunto, em companhia de, junto, do lado de, de acordo com e o
substantivo “taxe” que do grego é “τάξις,εως” significa ordem, sucessão fixa,
disposição e formação, assim, temos sintaxe como o estudo da ordem,
disposição e relação das palavras.6
O dicionário Porto Editora apresenta a seguinte definição da Sintaxe:
Estudos do modo como as palavras se podem organizar
entre si para formarem frases. É a componente da
gramática que se ocupa da descrição do conhecimento
sintáctico intuitivo e interiorizado, traduzível pela
capacidade que os falantes têm de decidir se uma frase
é gramatical (bem formada segundo as regras da língua)
ou agramatical (não aceitável, não permitida pelas regras
da língua).7
Já Perini (2005) especifica a abordagem da sintaxe como “a parte da
gramática que estuda as orações e suas partes, ou seja, a estrutura interna da
oração.” (p. 62).
Ida Rebelo diz que Sintaxe é o ramo da Gramática que estuda a
estrutura das palavras, frases e períodos que se combinam em enunciados.
Que ela faz um estudo da disposição das palavras dentro das frases, das
frases nas orações e das orações nas sentenças.8
Sintaxe, em outras palavras, é a parte da gramática que trata da ordem,
relação e da função das palavras na frase. Percebe-se então aqui que as
palavras são dispostas em ordem, são relacionadas entre si e que apresentam
funções sintácticas. Vê-se por exemplo a seguinte frase:
1) Ensino nesta meu o fiz médio eu escola.*
6
Daisi MALHADAS et al., op. cit, pp. 66 e 106.
7
“Porto Editora – sintaxe na Infopédia [em linha]”, Porto, Porto Editora, disponível
em «https://www.infopedia.pt/$sintaxe» consultado no dia 02 de Fevereiro de 2024.
8
“Sintaxe” disponível em
«https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/lingua-portuguesa/gramática» consultado no dia 02
de Fevereiro de 2024.
13
Verifica-se aqui que não é perceptível a frase pelo facto de não
estabelecer uma ordem gramatical. Assim para que seja perceptível, precisa-se
organizá-la de acordo a ordem gramatical, pelo que teremos:
2) Eu fiz o meu ensino médio nesta escola.
Agora, temos a frase disposta em ordem, portanto, perceptível. Por outro
lado, ainda nesta frase, nota-se que existe uma relação entre as palavras, fruto
da sua disposição: A palavra “Eu” relaciona-se com a palavra “fiz”, esta com as
“o meu ensino médio” e estas com “nesta escola”.
Consequentemente, observa-se que há um valor ou papel que cada
palavra ou grupo de palavras desempenham em suas relações, por exemplo:
“Eu” exerce função sintáctica sobre “fiz o meu ensino médio nesta escola” e
“fiz” sobre “o meu ensino médio nesta escola”.
Segundo Ilari e Basso (2006),“o estudo das classes de palavras nos dá a
constatação de que há em toda língua, conjuntos numerosos de palavras que
possuem as mesmas propriedades morfológicas e sintáticas e, portanto,
podem ser descritas da mesma maneira. Nesse sentido, os gramáticos que
tratam das classes de palavras, propõem uma exposição em dois momentos:
primeiro, ele caracteriza a classe por sua morfologia (dizendo que os
substantivos são simples, compostos, primitivos ou derivados e que variam em
gênero, número e grau) depois ele fala de funções sintácticas (dizendo, por
exemplo, que a principal função do substantivo é constituir o núcleo do sujeito,
do objeto e de outros sintagmas nominais).” (p.108).
Assim, a análise morfológica e a análise sintácctica se unem quando
observamos determinados fenômenos, e é exatamente por isso que nos
referimos a esses fenômenos como fenômenos da morfossintaxe. Assim, na
Morfossintaxe, uma mesma palavra é analisada simultaneamente sob a
perspectiva morfológica e sintáctica, podendo assumir diversificadas funções
quando analisada de acordo com a sintaxe.
14
1.2. Generalidades sobre o pronome relativo
1.2.1. Morfologia dospronomes relativos
A palavra Pronome vem de “pronomen, inis”, palavra latina neutra da
terceira declinação, formada por composição de duas palavras: a preposição
“pro” que significa diante de, em presença de, em lugar de, por, em substituição
de e o substantivo neutro da terceira declinação “nomen, inis” que significa
nome.9 Assim, pronome é uma classe de palavras variáveis cuja finalidade é
substituir ou determinar (acompanhar) um substantivo. Eles se classificam em
razão dessas funções. Aquele que substitui o nome é chamado
de pronomesubstantivo, e o que o determina (acompanha) é
o pronomeadjectivo. Além disso, indicam pessoas do discurso, posse,
posições, relaçõese que dá indicações sobre aquilo que o substantivo
expressa, limitando ou concretizando o seu significado.
Segundo Bechara (2009),“Pronome é a classe de palavras
categoremáticas que reúne unidades em número limitado e que se refere a um
significado léxico pela situação ou por outras palavras do contexto. De modo
geral, esta referência é feita a um objecto substantivo considerando-o apenas
como pessoa localizada do discurso… E os pronomes podem apresentar-se
como absolutos – capazes de funcionar como núcleo de sintagma nominal, à
maneira dos substantivos ou como adjuntos do núcleo, à maneira dos
adjectivos, dos artigos e dos numerais.”(p.138).
Os pronomes são uma classe gramatical variável que se subdivide em
pessoais rectos e oblíquos, de tratamento, demonstrativos, possessivos,
indefinido, interrogativos e relativos. É sobre esta última subdivisão dos
pronomes que abordamos neste trabalho com especificidade atendendo às
preocupações escolares constatadas.
São assim chamados porque se referem, de regra geral, a um termo
anterior. Os pronomes relativos apresentam formas simples e
compostas,quanto ao número apresentam formas variáveis e formas
invariáveis e quanto ao género temos formas masculinas, femininas e neutras.
9
Dicionário Latim-Português, voz: “pronomen”, 2ª ed., Porto Editora, 2001, Editora electrónica,
Fábio Frohwein de Salles Moniz, pp. 450 e 550.
15
Tabela 1: variação dos pronomes relativos
Variáveis Invariáveis
Masculino Feminino Neutras
O qual, os quais A qual, as quais Que
Cujo, cujos Cuja, cujas Quem
Quanto, quantos Quantas Onde
Fonte: Cunha e Cintra.10
Nesta tabela, verifica-se que existem alguns pronomes relativos que
albergam formas do género masculino e formas do género feminino como
também formas singulares e plurais. Assim, a concordância destes pronomes
far-se-á com o termo antecedente, por exemplo:
- Ela estava com um estudante,o qual teve a maior nota do seu curso.
- Eu fiz todas as tarefasquantas foram necessárias para nossa aprovação.
Já outros pronomes concordam com a coisa possuída, no caso do
relativo “cujo”. Observa-se os seguintes exemplos:
- A mulher cujos olhos são azuis é linda.
- O homem cuja cabeça é grande é este.
Também, pode-se observar a existência de formas neutras cuja
concordância se faz tanto com os termos antecedentes do género masculino
quanto com os antecedentes do género feminino. Observa-se os seguintes
exemplos:
Amulher que me deste deu-me de comer da árvore do conhecimento do
bem e do mal.
Maldito é o homem que confia no próprio homem.
O lugar onde ocorreu o casamento é aquele.
10
Celso CUNHAe Lindley CINTRA, Nova gramática do português contemporâneo, 7ª ed.,
Lexikon, Rio de Janeiro, 2017, p. 357.
16
A casa onde viveremos é celestial.
Os alunos que passaram no concurso público são todos deste professor.
Os melhores lugares onde acontecem as maiores festividades estão aqui.
Tabela 2: forma dos pronomes
SIMPLES COMPOSTA
Que, quem, cujo, quanto, onde11 O qual
Fonte: elaboração própria
Nesta tabela, observa-se que os pronomes relativos estão agrupados de
acordo à sua formação dos quais temos aqueles constituídos por um único
elemento e aqueloutro constituído por dois elementos.
1.2.2. Sintaxe dos pronomes relativos
Sintacticamente falando, todo pronome relativo sempre se refere a um
termo de outra oração ao introduzir oração subordinada adjectiva (restritiva ou
explicativa).
Cunha e Cintra (2017, p., 358) dizem que “Os pronomes relativos
assumem um duplo papel no período ao representarem um determinado
antecedente e concomitantemente servirem de elo subordinante da oração que
iniciam. Por isso, ao contrário das conjunções, que são meros conectivos, e
não exercem nenhuma função interna nas orações por elas introduzidas, estes
pronomes desempenham sempre uma função sintáctica nas orações a que
pertencem.”
Pronome relativo,conforme podemos observar na frase acima, é um
elemento conector de carácter anafórico, isto é, refere-se a um termo
antecedente explícito, o antecedente. Atendendo também ao que possa ser
excepcional, algumas das gramáticas examinadas sugerem a possibilidade da
não ocorrência de um antecedente para o relativo, afirmando de princípio,
porém, que tais pronomes se referem, de regra geral ou normalmente, a um
antecedente.
11
Antecedido das preposições a e de, o pronome onde com elas se aglutina, produzindo as
formas aonde e donde.
17
Segundo Lima (2011, p., 162) “Os pronomesrelativossão palavras que
reproduzem, numa oração, o sentido de um termo ou da totalidade de uma
oração anterior. Também diz que o antecedente não é só um termo da outra
oração, mas a totalidade desta.”
De modo geral, as gramáticas ao definirem o pronome relativo, nele
destacam a característica referencial: assim, o ponto de partida para a
identificação do relativo será sua capacidade de realizar uma recuperação de
termo anteriormente citado.
Neste sentido, verifica-se que os Pronomes Relativos exercem diversas
funções sintácticas nas frases:
Sujeito
“Tenho visto algumas referências que apresentam o livro como uma biografia e
não é propriamente isso…”12
Nesta frase, observa-se que o “que”exerce função sintáctica de sujeito
em relação a “apresentam”.
Objecto directo
Este subtítulo que eu dei ao livro “Um Homem no seu Martírio”, resulta
das referências convincentes…13
Nesta frase, observa-se que o “que” exerce função sintáctica de objecto
directo em relação a “dei”.
Objecto indirecto
Este subtítulo que eu dei ao livro “Um Homem no seu Martírio”, resulta
das referências convincentes…14
Nesta frase, observa-se que o Pronome Relativo “que” exerce função sintáctica
de objecto indirecto em relação a “se falava”.
Predicativo
12
“O HOMEM NO SEU MARTÍRIO” Jornal Folha 8, disponível em «https://jornalf8.net/2024/o-
homem-no-seu-martírio/» consultado no dia 24 de Fevereiro de 2024 às 18:30.
13
Ibidem.
14
Ibidem.
18
“Não conheço quem fui no que hoje sou.”15
Nesta frase de Fernando Pessoa, observa-se que o “quem e o que”
exercem funções sintácticas de predicativos de sujeito em relação a “fui e sou”.
Adjunto adnominal
“Há pessoas cuja aversão e desprezo honram mais que os seus louvores e
amizade.”16
Nesta frase, observa-se que o Pronome Relativo “cuja” exerce função
sintáctica de adjunto adnominal em relação a “aversão e desprezo”,
concordando apenas com o primeiro substantivo por ser o mais próximo.
“Começou por trabalhar no Jornal Novo e, a seguir, na antiga ANOP, agência
ao serviço da qual foi o primeiro correspondente permanente da imprensa
portuguesa num país africano lusófono…”17
Nesta frase, observa-se também que o Pronome Relativo “qual” exerce
função sintáctica de adjunto adnominal em relação a “correspondente”,
concordando com o termo que o substitui “agência”.
Complemento nominal
“Lembrava-me de que deixara toda a minha vida ao acaso e que não pusera ao
estudo e ao trabalho com a força de que era capaz.”18
Na frase acima, verifica-se que o “que” exerce função sintáctica de
complemento nominal em relação a “capaz”.
Adjunto adverbial
“Ele começou por trabalhar em Portugal, onde se radicou em 1975...”19
15
FernandoPESSOA,Obra poética, Organização, introdução e notas de Maria Aliete Dores
Galhoz, Rio de Janeiro, Aguilar, 1960, p. 91.
16
Marquês deMARICÁ,Máximas, pensamentos e reflexões do marquês de Maricá. Edição
dirigida e anotada por Sousa da Silveira. Rio de Janeiro, MEC/Casa de Rui Barbosa, 1958, p.
223.
17
“O HOMEM NO SEU MARTÍRIO” Jornal Folha 8, disponível em «https://jornalf8.net/2024/o-
homem-no-seu-martírio/» consultado no dia 24 de Fevereiro de 2024 às 18:30.
18
Afonso Henriques de LimaBARRETO, Recordações do escrivão Isaías Caminha. 2ªed., São
Paulo, Brasiliense, 1961, p. 287.
19
“O HOMEM NO SEU MARTÍRIO” Jornal Folha 8, disponível em «https://jornalf8.net/2024/o-
homem-no-seu-martírio/» consultado no dia 24 de Fevereiro de 2024 às 18:30.
19
Nesta frase, verifica-se que o Pronome Relativo “onde” exerce função
sintáctica de complemento circunstancial em relação a “se radicou”.
Agente da passiva
“Sim, sua adorável pupila, a quem amo, a quem idolatro e por quem sou
correspondido com igual ardor!”20
Nesta frase, verifica-se que o Pronome Relativo “quem” exerce função
sintáctica de agente da passiva em relação a “sou correspondido”.
Note-se que o relativo cujo funciona sempre como adjunto adnominal e o
relativo onde, apenas como adjunto adverbial.
Ressalvados os pronomes CUJO (e flexões) e ONDE, que têm funções
sintácticas definidas, os demais podem distribuir-se pelas várias funções
existentes conforme pudemos ver nas frases anteriores. Distinguem-se,
também, aqueles que funcionam como pronomes substantivo ou adjectivo
(que, quem, o qual, num caso; cujo, o qual, noutro caso).
1.2.3. Natureza do antecedente dos pronomes relativos
Essa natureza pode definir-se por referência lexical ou por equivalência
a classes gramaticais. Informa-se, por exemplo, que o antecedente do relativo
pode ser substantivo, pronome, adjectivo, advérbio, oração; pode ser, também,
a palavra TUDO, TANTO etc.
A definição da natureza do antecedente pode ser nocional, admitindo
que serefira a ou expresse pessoas, coisas, coisas personificadas, possuidor,
lugar ou significação indefinida e proporcional.Assim, o antecedente do
Pronome relativo pode pertencer a diversas classes gramaticais ou naturezas,
podendo ser:
Um substantivo
“As fábricas que produzem bebidas espirituosas em saquetas deixam de
efectuar a partir desta terça-feira, de acordo com a medida tomada pelo
governo, por serem prejudiciais a saúde pública.”21
20
AluisioAZEVEDO, O cortiço, Segundo milheiro, Rio de Janeiro, Garnier, 1890.
21
“Jornal de Angola - Notícias - Bebidas espirituosas em saquetas deixam de ser produzidas”
disponível em «https://www.jornaldeangola.ao/ao/noticias/bebidas-espirituosas-em-saquetas-
deixam-de-ser-produzidas/» consultado no dia 12 de Março de 2024.
20
Um pronome
“Não serás tu que o vês assim?”22
Um adjectivo
“As opiniões têm como as frutas o seu tempo de madureza em que se tornam
doces de azedas ou adstringentes que dantes eram.”23
Um advérbio
“Lá, por onde se perde a fantasia no sonho da beleza; lá, aonde a noite tem
mais luz que o nosso dia...”24
Uma oração (de regra resumida pelo demonstrativo o)
“Só a febre aumenta um pouco, o que não admirará ninguém.”25
“Acomodar-se-iam num sítio pequeno, o que parecia difícil a Fabiano, criado
solto no mato.”26
1.2.4. Pronomes relativos sem antecedente
Os pronomes relativos quem e onde podem ser empregados sem antecedente,
aparecendo com emprego absoluto, sem referência a antecedentes em frases
como as seguintes:
Deus ajuda quem cedo madruga.
Observa-se também na seguinte estrofe de Fernando Pessoa (1965):
“Passeias onde não ando,
Andas sem eu te encontrar.”27
Denominam-se, então,este pronomes por relativos indefinidos.Nestes
casos de emprego absoluto dos relativos, muitos gramáticos admitem a
existência de um antecedente interno, desenvolvendo, para efeito de análise,
22
Sérgio, António, Obras completas: Democracia, Lisboa, Sá da Costa, 1974, p. 31.
23
Maricá, M. J. Pereira da Fonseca, marquês de. Máximas, pensamentos e reflexões do
marquês de Maricá. Edição dirigida e anotada por Sousa da Silveira. Rio de Janeiro,
MEC/Casa de Rui Barbosa, 1958 p.166.
24
Quental, Antero de, Sonetos completos, publicados por J. P. Oliveira Martins, 2.a ed.
aumentada. Porto, Portuense, 1890, p. 61.
25
Nobre, Antônio. Cartas inéditas. Coimbra, Presença, 1934, pp. 145-6.
26
Ramos, Graciliano, Vidas Secas; romance, 2ª ed., Rio de Janeiro, José Olympio, 1947, p. 172
27
Pessoa, Fernando, Quadras ao gosto popular. Lisboa, Ática, 1965, p.92.
21
quem em aquele que, e onde em no lugar em que. Assim, os exemplos citados
se interpretariam:
Deus ajuda aquele que...
Passeias no lugar em que não ando…
O antecedente do relativo quanto (s) costuma ser omisso:
Hoje penso quanto faço.
1.2.5. Empregos dos relativos
Contemplam, ainda, as descrições dos Pronomes Relativos abordados
até aqui, o tratamento da aplicação correcta destes pronomes, na verdade,
aqui consiste o ponto fulcral da nossa abordagem pedagógica sobre o emprego
frásico devido dos Pronomes Relativos:
QUE
O pronome relativo que é substituível por qual, é invariável
edesempenha dois papéis gramaticais: além de sua referência ao antecedente
como pronome, funciona também como transpositor de oração originariamente
independente a adjectivo e aí exercer função de adjunto adnominal deste
mesmo antecedente.28 Este pronome também é chamado de relativo universal
pelo facto de poder substituir, geralmente, todos os outros pronomes.
Que é o relativo básico: Usa-se com referência a pessoa ou coisa, no singular
ou no plural, e pode iniciar orações adjectivas restritivas e explicativas:
“— Não diz nada que se aproveite, esse rapaz!”29
A mulher virtuosa, que Deus me deu, é esta.
O antecedente do relativo pode ser o sentido de uma expressão ou
oração anterior:Neste caso, o que vem geralmente antecedido do
demonstrativo o ou da palavra coisa ou equivalente, que resumem a expressão
ou oração a que o relativo se refere, observa-se na seguinte frase:
28
Evanildo BECHARA, Moderna Gramática Portuguesa, 37ª Edição Revista, ampliada e
atualizada conforme o novo Acordo Ortográfico, Rio de Janeiro, 2009, p.144.
29
Luís, Agustina Bessa, As relações humanas: Os quatro rios; romance, Lisboa, Guimarães
Editores, s. d., p.134.
22
Ou então arranjaria uma mulher em quem mandasse, o que não é o
meu estilo.30
Desprezava todo mundo, o que não era saudável para nossa
convivência.
“Ela então consentiu que eu erguesse seu rosto, gesto que não me
haviam autorizado.”31
Por vezes, o antecedente do que não vem expresso:
Observa-se, por exemplo, na seguinte frase de Assis:
“Esta palavra doeu-me muito, e não achei logo que lhe replicasse.”32
QUAL, O QUAL
O pronome relativo qual é variável e éacompanhada sempre pelo artigo
definido.
Nas orações adjectivas explicativas, o pronome que, com antecedente
substantivo, pode ser substituído por o qual (a qual, os quais, as quais):
Eu amo muito os estudos da Teologia Sistemática, os quais
transformaram a minha vida.
“Os corvos e os morcegos, os quais margeiam o sombrio, seres da
noite, tecem uma rede de significações que traduz a problemática da mudança
existencial como busca de realizar a passagem da obscuridade à luz…”33
“Para que o progresso se faça, é necessário que um elemento crie o seu
contrário, o qual entrará em contradição com ele para o negar.”34
Esta substituição pode ser um recurso de estilo, isto é, pode ser
aconselhada pela clareza, pela eufonia, pelo ritmo do enunciado. Mas há casos
em que a língua exige o emprego da forma o qual.
30
PEPETELA, Mayombe, 5ª ed., Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1993, p.79.
31
NélidaPINON,Casa da Paixão. 3ª ed. Rio de Janeiro, Record, 1978, p.65.
32
Assis, Joaquim Maria Machado de. Obra completa, Rio de Janeiro, Aguilar, 1959, p.826.
33
Adaptado, tirado do Excerto da tese de doutorado Margens da história, limites da utopia: uma
análise de Muana Puó, As aventuras de Ngunga e A geração da utopia.Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais. SCRIPTA, Belo Horizonte, 2004.
34
PEPETELA,op. cit., p. 67.
23
Precisando melhor:
O relativo que emprega-se, preferentemente, depois das preposições
monossilábicas a, com, de, em e por:
Todos pensamos ter duas personalidades, a que é covarde e a outra,
que não chamamos corajosa, mas inconsciente.35
E o machado com que vocês trabalham nem sequeré dele.36
Só lhe interessa as antiguidades de que fiz parte37
Sou mais novo que ela, mas já estamos ambos na encosta de lá em que
a vida só mexe quando é a descer.38
Essa é a razão por que vivia mais em varanda que dentro das paredes.39
As demais preposições simples, essenciais ou acidentais, bem como as
locuções prepositivas, constroem-se obrigatória ou predominantemente com o
pronome o qual:
Sacudiram o torpor dos membros e do corpo doído pelas raízes, sobre
as quais se deitaram.40
Choveu toda a noite, durante a qual alguns guerrilheiros, entre os quais
Sem Medo, conseguiram dormir.41
Pestana aconselha a evitar também o uso do que quando o seu
referente estiver distante, pelo bem da clareza:
“A bebida em excesso, apesar de provocar doenças no homem, que
destrói vidas, deve ser evitada. (construção ruim) / A bebida em excesso,
35
Ibidem, p. 26.
36
Ibidem,Mayombe, p. 20.
37
COUTO,Mia, Mar Me Quer, Lisboa, Editorial Caminho, S.A., 2000, p.10.
38
Ibidem, p. 8.
39
ibidem, p.19.
40
PEPETELA,op. cit, p. 36.
41
Ibidem, p. 29.
24
apesar de provocar doenças no homem, a qual destrói vidas, deve ser evitada.
(construção recomendada) ”42
Observa-se também na frase de Pepetela:
O Comandante não passa, no fundo, dum diletante pequeno-burguês,
com rasgos anarquistas. Formado na escola marxista, guardou da sua classe
de origem uma boa dose de anticomunismo, o qual se revela pela recusa da
igualdade proletária.43
O qual é também a forma usada como partitivo após certos indefinidos,
numerais e superlativos ou ainda certos nomes que indicam partição:
“O Comissário partiu de manhã com um pequeno grupo, do qual fazia parte
Ingratidão do Tuga.”44
QUEM
O pronome quem é invariável, refere-se a pessoas ou a algo
personificado. A preposição a precederá o relativo quem normalmente, fora se
o verbo ou um nome da oração subordinada adjectiva exigir outra preposição.
De qualquer forma, vem sempre preposicionado.
No português contemporâneo, quem só se emprega com referência a
pessoa ou a alguma coisa personificada:
O seu problema é aquela mulher, com quem queria passar a noite, é
evidente.45
Ou então arranjaria uma mulher em quem mandasse, o que não é o meu
estilo.46
Como simples relativo, isto é, com referência a um antecedente explícito,
quem equivale a “o qual” e vem sempre antecedido de preposição:
42
FernandoPESTANA,Gramática para Concurso Público, Elsevier, Rio de Janeiro, 2003, p. 420.
43
PEPETELAop. cit, p.67.
44
Ibidem, p. 45.
45
PEPETELA,Mayombe, p. 54.
46
PEPETELA,Mayombe, p. 79.
25
Condenada por crime maior: apunhalar meu marido, esse a quem
prestei juramento de eternidade.47
Não tinha ninguém de quem despedir.48
“Manuel Chaves foi recebido pela conselheira do Presidente para a
Política Externa, CeliaKuningas, com quem abordou questões relacionadas
com o estreitamento das relações bilaterais entre Angola e Estónia, sobretudo
nos domínios da Digitalização Administrativa, Educação, Saúde e
Agricultura.”49
Advirta-se, porém, que a língua moderna substitui por sem o (a) qual a
dissonante combinação sem quem, de emprego corrente no português antigo e
médio.
CUJO
Cujo é, a um tempo, relativo e possessivo, equivalente pelo sentido a do qual,
de quem, de que.
Emprega-se apenas como pronome adjectivo e concorda com a coisa possuída
em género e número:
Eu sou o tipo cujo papel histórico termina quando ganharmos a guerra.50
A comida faltava e a mata criou as «comunas», frutos secos, grandes
amêndoas, cujocaroço era partido à faca e se comia natural ou assado.51
Sem Medo apertou as mãos, cujos nós se tornaram brancos.52
QUANTO
Quanto, como simples relativo, tem por antecedente os pronomes indefinidos
tudo, todos (ou todas), que podem ser omissos. Daí o seu valor também
indefinido:
47
COUTO, Mia, O fio das missangas, contos, São Paulo, Editorial caminho, 2004, p. 31.
48
Idem.
49
“Jornal de Angola - Notícias - Manuel Chaves acreditado embaixador na Estónia” disponível
em «https://www.jornaldeangola.ao/ao/noticias/manuel-chaves-acreditado-embaixador-na-
estonia/» consultado no dia 24 de Fevereiro de 2024 às 18:30.
50
PEPETELA, Mayombe, p., 156.
51
PEPETELA,Mayombe, p., 42.
52
PEPETELA,Mayombe, p., 40.
26
Tudo quanto queria erasonhar.53
Eu lhe peço por tudo quanto é sagrado: dê-me o meupassaporte!54
O pronome relativo quanto, também pode ocorrer em contextos como o
que se representa na seguinte frase:
É preciso controlar quantas entram e quantas saem.55
ONDE
Como desempenha normalmente a função de adjunto adverbial (= o
lugar em que, no qual), onde costuma ser considerado por alguns gramáticos
de advérbio relativo:
Manuel Homem iniciou, hoje, a visita de trabalho de dois dias àquele
município, onde esteve reunido com as autoridades tradicionais do município e
a administração local, soube o JA Online.56
Segundo a Reuters, a assinatura deste acordo preliminar teve lugar no
Cairo, onde o Primeiro-Ministro egípcio, MoustafaMadbull, e a chefe da missão
do FMI no Egipto, IvannaVladkovaHollar, deram o primeiro passo para
formalizar o procedimento.57
“A ascensão meteórica foi cheia de promessas, em entrevistas abertas,
onde anunciou uma nova forma de gestão…”58
53
COUTO,Mia, Mar Me Quer, p. 31.
54
COUTO,Mia,Veneno de Deus e remédios do diabo, Editora Schwarcz Ltda, Rua Bandeira
Paulista, p. 99.
55
“Ciberdúvidas da Língua Portuguesa”, disponível em
«https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/a-morfossintaxe-de-quanto-quantificador-
e-pronome/16965» consultado no dia 02- de Fevereiro de 2024.
“Jornal de Angola - Notícias - Aberto programa "Governar Juntos" no Kilamba
56
Kiaxi”disponível em «https://www.jornaldeangola.ao/ao/noticias/aberto-programa-governar-
juntos-no-kilamba-kiaxi/» consultado no dia 24 de Fevereiro de 2024 às 18:30.
57
“Jornal de Angola - Notícias - Egipto reforça programa de empréstimos com o FMI” disponível
em «https://www.jornaldeangola.ao/ao/noticias/egipto-reforça-programa-de-emprestimos-como-
o-fmi/» consultado no dia 09 de Março de 2024.
58
“PAÍS NUM CALDEIRÃO À BEIRA DA EXPLOSÃO | Jornal Folha 8 (jornalf8.net)” disponível
em «https://jornalf8.net/2024/pais-num-caldeirao-a-beira-da-explosao/» consultado no dia 09 de
Março de 2024.
27
Onde pode ser substituído por qual nas seguintes frases:
O Pau Caído ficava ao lado dum morro acessível, onde se podiam
instalar os morteiros.
Podendo ficar:
“O Pau Caído ficava ao lado dum morro acessível, no qual se podiam instalar
os morteiros.”59
CONCLUSÃO
59
PEPETELA, Mayombe, p.80.
28
RECOMENDAÇÕES
ANEXOS
BIBLIOGRAFIA PROVISÓRIA
BECHARA, Evanildo, Moderna Gramática Portuguesa, 37ª ed., Editora Nova
Fronteira, Rio de Janeiro, 2009.
CELSO e LINDLEY, Nova gramática do português contemporâneo, 7ª ed.,
Lexikon, Rio de Janeiro, 2017.
FOCHI, Eliane Magrini, A Classe dos Pronomes Relativos, Uma Descrição,
Alfa, São Paulo, 1991.
MARCONI, M. A. & LAKATOS, E. M., “Técnicas de Pesquisa”, 6ª ed., São
Paulo, Editora Atlas, 2007.
MATEUS, Maria Helena Mira et al., Gramática da Língua Portuguesa, 5ª ed.,
Editorial Caminho, Lisboa, 2003.
Nauege, João Muteteca, «Da Norma à Variação: Estudo de Caso Sobre o Uso
do Conjuntivo no Português de Angola. Tese apresentada à Universidade de
Évora para obtenção do Grau de Doutor em Linguística», 2017.
PESTANA, Fernando, Gramática para Concurso Público, Elsevier, Rio de
Janeiro, 2003.
29
RUDIO, F. V., Introdução ao Projecto de Pesquisa Científica, 3ª ed., Vozes,
Petrópolis, 1978.
PEREIRA, Adriana Soares et al., Metodologia da pesquisa científica, 1ª. ed.,
UFSM, Santa Maria, 2018.
ILARI, Rodolfo; BASSO, Renato, O português da gente: a língua que
estudamos: a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2006.
PERINI, Mário, Gramática descritiva do Português, ed., 4. São Paulo, Ática,
2005
“Ciberdúvidas da Língua Portuguesa”, disponível em:
«https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/morfologia/10211»
consultado aos 30 de Janeiro de 2024.
30