São Paulo, 12 de abril de 2012
Oficio Nº. 004/2012
Ao Sr Danilo Sobreira
DD Coordenador da Comissão de Riscos Patrimoniais da FENSEG
Assunto: Sugestão de revisão de procedimentos de proteção contra incêndio
1 Considerando que a Norma ABNT NBR 13714 Sistemas de hidrantes para combate a
incêndio, e algumas legislações dos Corpos de Bombeiros de alguns estados como por
exemplo, o Decreto Estadual 56.819 do Corpo de Bombeiros de São Paulo, publicado de
10 de março de 2011, determina que para sistemas de combate a incêndio de risco alto,
deve haver apenas hidrante duplo com mangueiras, diâmetro de 65 mm, ver foto 01
abaixo e que para alguns tipo de risco médio, exige também mangueiras, diâmetro de 65
mm, ver foto 02 abaixo.
FOTO 01 FOTO 02
2 Considerando que a tradução dos textos que foram selecionados do livro Fire Attack - 1
e 2, da National Fire Protection Association, 4 ed, 1973, que constam da Monografia de
Mestrado em Ciências Policias de Segurança e Ordem Pública pelo Centro de Altos
Estudos de Segurança da Polícia Militar do Estado de São Paulo, do Cap. PMESP, HUGO
MASSOTTI JUNIOR, CAO 86052 de 1986, destaca que o desempenho de uma guarnição
de auto bomba pode geralmente ser aquilatado pela habilidade em colocar linhas leves em
serviço para um rápido ataque inicial e que outra importante habilidade é a de instalar e
operar um esguicho canhão ou torre d'água, produzindo um jato de grande intensidade.
3 Considerando que entre os diversos argumentos defendidos na Monografia Capitão
MASSOTTI, consta que a principal tarefa de um Auto Bomba, é aplicar água nos incêndios
de forma rápida e eficientemente nos pontos exatos e nas quantidades necessárias e que
durante a sua experiência profissional em instruções ou incêndios, percebeu que as
operações iniciais para montar uma linha de combate a incêndio, eram desgastantes e que
muito tempo se consumia até o início da produção de jatos d'água.
4 Considerando que o Cap. Massotti também defende em sua monografia que é
perfeitamente discutível a necessidade da permanência de um auxiliar na operação da
linha de 38 mm, que tem como característica precípua o seu emprego individual, que seu
débito é limitado e não apresenta problemas de excessiva reação no esguicho e que
portanto poderia, em situações normais, prescindir perfeitamente da existência do auxiliar
de linha durante a operação de uma linha de ataque de 40 mm (1½ pol), argumentos que
no meu entender, são válidos também para hidrantes prediais.
5 Considerando que durante o II Seminário Nacional de Bombeiro Militar, II SENABOM,
ocorrido na cidade do Rio de Janeiro, em 1982, o engenheiro e pesquisador em proteção
contra incêndio, Sr. Erich Shol, fez uma brilhante e convincente palestra recomendando a
não utilização de mangueiras de combate a incêndio, diâmetro de 65 mm (2 ½ pol), por
componentes da brigada de incêndio, por considerar, já naquela época, uma condição
insegura para os brigadistas.
6 Considerando que a foto 03 abaixo, que consta da monografia “Estudo comparativo
sobre a utilização eficaz do sistema de mangotinhos para combate à incêndio”,
apresentada pelos engenheiros, EVANDRO ZEQUIN e ELIANE CARDOSO SILVA, a
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, para obtenção de título de
Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho, foto que mostra as
dificuldades de um treinamento, e por conseguinte, de se combater incêndio com
mangueiras, diâmetro de 65 mm (2½ pol), procedimento que pode ter contribuído para a
morte de cinco brigadistas, no incêndio na fábrica de ônibus Ciferal, no município de
Duque de Caxias, no Estado Rio de Janeiro, em 23 de setembro de 2010.
FOTO 03
7 Considerando que visitando vários quartéis de Corpos de Bombeiros Militar, em diversos
estados, inclusive em São Paulo, pude constatar que os bombeiros militares, que possuem
muito mais treinamento e condicionamento físico, se comparado com os brigadistas civis,
só combatem incêndio, com mangueiras, diâmetro de 40 mm (1½ pol), venho pelo presente
sugerir a V.Sª. deliberar com os demais componentes da comissão, para que as
seguradoras e resseguradoras incluam em seus procedimentos o seguinte:
7.1 Que em um dos hidrantes duplo, do sistema de proteção contra incêndio para risco
elevado, o projetista, no caso dos projetos novos, e o proprietário da edificação, no caso
dos projetos já aprovados, possa substituir a mangueira e o esguicho, diâmetro de 65 mm
(2½ pol), por:
7.1.1 Um sistema de mangotinho, com carretel, com freio, e com esguicho de jato regulável;
7.1.2 Ou por uma mangueira com esguicho de jato regulável, diâmetro de 40 mm (1½ pol),
acondicionada em zig zag, por meio de suporte tipo “rack”, de acionamento rápido, já
previsto na NBR 13714 e no Decreto de São Paulo;
7.1.3 Ou por uma mangueira com esguicho de jato regulável, diâmetro de 40 mm (1½ pol)
acondicionada em um carretel fixado ao interior do hidrante, disponível no mercado
nacional, ver foto 04.
7.1.4 Ou por uma mangueira com esguicho de jato regulável, diâmetro de 40 mm (1½ pol)
acondicionada em um carretel, fixado á tampa do armário do hidrante, ver foto 05 abaixo,
cuja patente de Modelo de Utilidade Nº. BR 20 2012 004488-4, requeri ao INPI, e que estou
em processo de negociação com uma empresa colaboradora, que está me ajudando a
desenvolver e ensaiar os protótipos, para assinar um contrato de licenciamento para o início
de fabricação do carretel.
FOTO 04 FOTO 05
8 Esclareço que o carretel fixado á tampa do armário do hidrante, ver figura 02 abaixo,
possui uma trava, fixada próximo à válvula do hidrante, destinada a colapsar a mangueira,
para desta forma, possibilitar a montagem de uma linha de combate a incêndio, por um
único brigadista treinado, o qual deve abrir a tampa do armário do hidrante, acionar o
volante para abrir a válvula e liberar a passagem da água, até a trava colapsante da
mangueira, puxar a mangueira para desenrolar o carretel, segurando no esguicho de jato
regulável, caminhar em direção ao incêndio e esticar levemente a mangueira até liberar a
trava, para a passagem da água, operação que além de ser uma condição segura,
acarreta ganho de tempo durante a ação inicial de combate ao incêndio.
9 Sugiro ainda que no sistema de proteção contra incêndio de risco médio, o projetista, no
caso dos projetos novos, e o proprietário da edificação, no caso dos projetos já aprovados,
possa substituir a mangueira e o esguicho, diâmetro de 65 mm, por:
9.1 Uma mangueira com esguicho de jato regulável, diâmetro de 40 mm, acondicionada em
zig zag, por meio de suportes tipo “rack”, de acionamento rápido, já previsto na NBR 13714.
9.2 Ou por uma mangueira com esguicho de jato regulável, diâmetro de 40 mm (1½ pol)
acondicionada em um carretel fixado ao interior do hidrante, disponível no mercado
nacional, ver foto 04.
9.3 Ou por uma mangueira com esguicho de jato regulável, diâmetro de 40 mm (1½ pol)
acondicionada em um carretel, fixado á tampa do armário do hidrante, ver foto 05.
10 Visando atender as necessidades de destinação de grande volume de água, aplicada de
forma eficiente, previsto para os sistemas de proteção contra incêndio, nas plantas de risco
alto e risco médio, nas edificações que adotarem o sistema de acionamento rápido de linha
de combate, por meio de sistema rack ou sistema carretel, com mangueira e esguicho de jato
regulável, diâmetro de 40 mm, sugiro que seja exigido um conjunto (kit) montado em um
carrinho, com rodas, contendo no mínimo o seguinte:
10.1 Três mangueiras de combate a incêndio, comprimento de 30 metros cada, diâmetro de
65 mm (2½ pol), para montagem de linha de abastecimento de derivante e esguicho canhão;
10.2 Um derivante com entrada de 65 mm, engate rápido, e duas saídas para linhas de
combate, diâmetro de 40 mm, engate rápido;
10.3 Duas mangueiras de combate a incêndio, comprimento de 30 metros cada, diâmetro de
40 mm;
10.4 Dois esguichos de jato regulável, diâmetro de 40 mm, de grande desempenho;
10.5 Um esguicho canhão de solo, tipo portátil, diâmetro de 65 mm, de grande vazão e de
grande desempenho.
11 Informo que participo ativamente da comissão que está trabalhando para revisar a Norma
ABNT NBR 15219 de Plano de emergência contra incêndio e que irá revisar a Norma ABNT
NBR 14276 Programa de brigada de incêndio, e estou tentando convencer os meus colegas
de comissão para que sejam incluídos procedimentos que alertem para a necessidade de
priorizar as ações de combate inicial ao incêndio, focado no tempo resposta, utilizando-se de
forma eficiente e proativa do sistema de detecção e alarme de incêndio, sistema de
comunicação interna da edificação e para a necessidade de simulados para montagem de:
11.1 Linha de combate inicial do incêndio, utilizando mangueira desenrolada a partir de um
sistema de carretel ou por meio de suporte tipo “rack”, com mangueiras em zig zag, para fazer
o combate focado no confinamento do incêndio, a fim de evitar a propagação do fogo, até a
chegada dos demais componentes da brigada de incêndio e do Corpo de Bombeiros, que
devidamente equipados com EPI e EPRA, quando houver, devem:
11.2 Montar no mínimo uma linha de abastecimento (adutora) com mangueira, diâmetro de
65 mm, com derivante e duas linhas de combate, diâmetro de 40 mm e esguicho de jato
regulável de grande desempenho;
11.3 Montar um canhão de solo de grande vazão e de grande desempenho, abastecido com
mangueira, diâmetro de 65 mm.
12 Informo que estou encaminhando ofício também para a ABNT e ao Corpo de Bombeiros
sugerindo as alterações acima, que se forem adotadas, irão estimular as pessoas envolvidas
e comprometidas com proteção contra incêndio, principalmente, bombeiros, engenheiros e
técnicos em segurança do trabalho, representantes das seguradoras, das construtoras e
proprietários, a implementarem mudanças, amparadas e fundamentadas nas justificativas
acima, contribuir para a melhoria do treinamento da brigada de incêndio, nas edificações e
áreas de risco, que de forma voluntária, adotarem tais procedimentos e desta forma,
possibilitar maior controle dos incêndios na fase inicial, com muito mais possibilidade de
sucesso, do que ocorre no sistema atual.
13 Informo que estou enviando sugestões semelhantes, ao Corpo de Bombeiros e as
Seguradoras e que estou escrevendo um Método para treinamento de instrutores de
Brigada de Incêndio, que irei fornecer gratuitamente, e que contém as técnicas acima.
Atenciosamente.
PAULO CHAVES DE ARAUJO
Ten. Cel. Reserva Corpo de Bombeiros PMESP
(11) 9145-7241 [email protected]