Universidade de São Paulo
Instituto de Física
Física Moderna II
Profa. Márcia de Almeida Rizzutto
1o. Semestre de 2011
Física Moderna 2 1
Aula 5
A solução da eq. de Schr. resulta em três números quânticos:
n número quântico principal
l momento angular orbital, associada a R(r), Θ(θ ) e ao módulo de L r
ml número quântico magnético, associado a componente z do momento angular L
As condições de contorno requerem que:
n>0
n = 1,2,3.....
l<n
l = 0,1,2,3,....., n − 1 números inteiros
ml ≤ l
ml = −l ,−l + 1,.....,0,1,.......l − 1, l
Estados degenerados: n ℓ mℓ 2ℓ+1
Qual é a degenerescência do 3 0 0 1
nível n=3? 3 1 -1,0,+1 3
O nível 3 é degenerado (na ausência
3 2 -2,-1,0,1.2 5
B) porque todos os 9 estados tem a
mesma energia, mas diferentes Total=9
números quanticos
Física Moderna 2 2
Aula 5
Experiência de Stern&Gerlach
(2ℓ+1) manchas 2 manchas
momento magnético orbital observado
O experimento original de Stern&Gerlach usou um feixe de átomos neutros
de Ag, obtidos por evaporação em um forno. Depois de atravessarem o
campo eles eram depositados em uma placa de vidro, onde as deflexões
podem ser medidas.
A imagem de duas manchas (discreto em vez de contínuo) concordava com o que
se esperava pelo modelo do “caroço magnético” para a Ag.
Duas componentes discretas devido a
quantização espacial, uma desviada para z
positivo e outra na direção de z negativo
Resultados são qualitativamente
demonstrações que há uma
contribuição do momento magnético
atômico mais importante que o
Física Moderna 2 momento orbital. 3
Aula 5
r
Temos que o elétron tem um momento de dipolo magnético µs
intrínseco devido ao momento angular de spin (S)
A intensidade S e a componente Sz do momento angular de
spin estão associados a dois números quânticos s e ms
Analogia com o momento angular orbital ⇒
e
e com
Como foram observadas 2 manchas para o H ⇒ 2 valores de ms
Como ∆ms = 1 ⇒ ms = ± ½. Assim, o momento angular de spin é dado:
h 3
S z = hms = ± e S 2 = h 2 s (s + 1) = h 2
2 4
r g s µb r
µs = − S e µ s z = − g s µ b ms
h
momento de dipolo magnético de spin
com gs = 2 fator g do spin Física Moderna 2 4
Aula 5 incerto
s=1/2 e ms=-1/2 e +1/2
Um estado estacionário de um átomo monoeletrônico é descrito
por um conjunto de 4 números quânticos: Spin para cima
s=1/2
Spin para baixo
s=-1/2
ou
Estas duas novas propriedades,
faz com que o número de
estados que aparecem no
diagrama de níveis de energia
duplique
O spin não tem um análogo clássico
(no limite clássico a intensidade de S
é totalmente desprezível porque h é
muito pequeno). O spin é
fundamentalmente não clássico.
Física Moderna 2 5
Aula 5
Interação spin-órbita
Queremos olhar: r
momento de dipolo magnético de spin eletrônico S
interação entre o
o campo magnéticorinterno de um átomo de um elétron (momento
angular do elétron) L
interação spin-órbita relativamente fraca e responsável em parte
pela estrutura fina dos estamos excitados dos átomos de um elétron
Definimos o momento angular total do átomo, pela soma dos vetores
momento angular orbital e de spin:
r r r
J = L+S
Física Moderna 2 6
Aula 5
Interação entre o momento de dipolo magnético intrínseco do elétron
(spin) e o campo magnético produzido pelo movimento orbital.
Referencial do e- o núcleo carregado se movimenta em torno
do e- e esta dentro de um anel de corrente que produz B
Núcleo
⇒
Elétron
Campo que o e- sente
⇒
Física Moderna 2 7
Aula 5
lembrando que
e ⇒
Voltando à expressão para o campo magnético:
onde:
r r r r r
L = r × mv = −mv × r
Ou seja, um campo magnético é gerado, na posição do elétron, pelo seu
movimento orbital. Como o elétron tem um momento de dipolo magnético
de spin, aparece uma energia de interação entre eles. A energia potencial
magnética é: ∆E = r gs µB r
µs = − S
h
Substituindo os valores
para µs e de B, teremos: ∆E =
Substituindo os valores de µB e gs
e
µB = h gs = 2 fator g do spin
2m
Física Moderna 2 8
Aula 5
Aí temos que voltar para o referencial do CM e isso
requer mais uma transformação relativística para a
velocidade, que introduz um fator ½ (precessão de
Thomas). Assim, ficamos: ∆E =
Podemos também escrever em termos do potencial coulombiano:
Energia da interação spin-
spin-órbita
Ze 2 1 S ⋅ L 1 1 dV ( r )
∆E = VSL = 2 2 2 = S ⋅L
4πε 0 r r 2me c 2
2me c r dr
Se não existisse a interação spin-órbita, os momentos angulares
orbital, L, e de spin, S, do elétron seriam independentes. Isto é,
ambos os vetores precessariam aleatoriamente em torno do eixo z,
mantendo constantes suas intensidades e componentes (L,Lz,S e Sz).
Estado com ℓ = 1 e
mℓ = 1, com os vetores
Bons números quânticos: L e S orientados ao
acaso e no qual mℓ e ms
são bons números
Física Moderna 2
quânticos. 9
Aula 5
Então existe a interação spin-órbita. O campo magnético forte
(orientação dada por L) atua sobre o elétron e produz um torque
sobre seu momento de dipolo magnético de spin. Este torque não
muda a intensidade de S, mas faz uma força de acoplamento entre L
e S fazendo a orientação de um depender do outro.
Interação spin-órbita
r r
Os vetores quantizados L e S devem ser adicionados em situações em
que mais tipos gerais de estados queremos considerar. Definimos o
momento angular total do átomo, pela soma dos vetores momento
angular orbital e de spin: r r r
J = L+S
Análogo ao momento angular combinado de um corpo clássico que tenha
movimentos orbital e de rotação em torno de seu eixo, exceto pelo fato de
que, no caso clássico, os vetores L e S podem ter quaisquer magnitude e
direção, resultando em uma soma com módulo entre os limites:
r r r r
L−S e L+S
Física Moderna 2 10
Aula 5
No caso quântico, a combinação é entre vetores que têm módulo e
orientação quantizados. O vetor soma resultante, J, também é um
momento angular quântico, portanto as grandezas J2 e Jz devem
obedecer as mesmas regras que suas similares L e S obedecem.
Assim: 2
J = h j ( j + 1) e J z = hm j
2
sendo j o número quântico associado ao momento angular total e
mj = – j, – j + 1, ..., j – 1, j . A definição de J implica em: mj = mℓ + ms, uma
vez que Jz = Lz + Sz. Isso, por sua vez, implica em que mj deve ser semi-
inteiro, pois mℓ é inteiro e ms é semi-inteiro. Assim, j = 1 2 , 3 2 , 5 2 , K e, no
caso ℓ = 0 ⇒ j = ½ .
r
rA adição dos 2 vetores quantizados, L e r
S, para produzir J, fornece apenas 2 J
possibilidades para j: j = ℓ + ½ ou j = ℓ
–½
Física Moderna 2 11
Aula 5
O acoplamento spin-órbita faz com que os vetores L e S
precessionem em torno de J (que é a soma de S e L). Nesse
caso, os bons números quânticos passam a ser j e mj.
Estado com ℓ = 2 e s = ½ temos: j = ℓ + s =5/2
mj = -5/2,-3/2,-1/2,1/2,3/2,5/2 ou
j = ℓ - s =3/2
mj = -3/2,-1/2,1/2,3/2
j = 5/2
j = 32
Física Moderna 2 12
Aula 5
Vetorialmente: ms =1/2
mℓ =1
Caso ℓ =1 ⇒ j = ½
ou j = 3/2 =
ms =-1/2
mℓ =1
ms =1/2 =
mℓ =0
ms =-1/2
=
mℓ =-1
Física Moderna 2 13
Aula 5
Energia de interação spin-órbita e os níveis de energia do H
Vimos que:
Lembrando da constante de estrutura fina: podemos reescrever:
Lembrando também que:
Temos: , de forma que o valor esperado dessa
grandeza, para um estado Ψnljm , fica:
j
s=s(s+1)=1/2(1/2+1)
Vimos também, que:
Lembrando que o raio de Bohr pode ser
escrito em termos da constante de
estrutura fina, ficamos com:
Física Moderna 2 14
Aula 5
Podemos também usar a energia de Rydberg:
E obtermos:
Que me dá o alargamento em função de E0 e pode ser aplicada para ℓ ≠ 0
A diferença de energia entre estados com j = ℓ + ½ ou com j = ℓ - ½ é:
me dá abertura
spin-órbita
Física Moderna 2 15
Aula 5
j=ℓ+½
nℓ
j=ℓ-½
Níveis de energia Enj para um átomo mono-eletrônico. Cada escolha
de n e j dá um par de estados degenerados nLj com 2 valores
diferentes de ℓ. Deslocamentos exagerados!
As regras de seleção devem satisfazer as seguintes condições:
ou e
j=0 para j´ = 0
ou
viola a conserv.
de momento
angular e não é
permitida
Física Moderna 2 16
Aula 5
Vamos calcular os desvios dos níveis devido a interação
spin-órbita para o estado 2p do átomo
estado 2p ⇒ n=2 e ℓ =1
15 3
Z 4α 2 4
−2−
4 Z 4 2
α E0
j = ℓ + ½ = 3/2 VSL = E0 =
8 1.2.3 48
3 3 4 2
Z 4α 2 4
− 2−
4 Z α E0
j = ℓ - ½ = 1/2 VSL = E0 =−
8 1.2.3 24
para o H (Z=1)
2 1 1 α 2 E 0 13.6eV −5 − 23
δE SL = α E0 + = = 2
= 4 .53 x10 eV ≈ 10 J
48 24 16 16(137)
Física Moderna 2 17
Aula 5
Percebemos que o valor de ~10-5 eV~10-23J esta de acordo com a
separação necessária para explicar a estrutura fina das linhas do
espectro de H.
Estamos percebendo que o valor deste desvio entre os níveis de
energia é pequeno, mas como
depende de Z, veremos que a energia de interação spin-órbita
aumenta rapidamente com valores crescentes de Z
veremos isto quando trabalharmos com átomos complexos
E quanto é o campo interno devido ao movimento do núcleo( e-)???
∆E = µ B = 0,9274 ×10 −23 A m 2 (J/T)
10 −23 J
µ s ≈ µ B ≈ 10 −23 Amp.m 2 B ≈ − 23 2
≈ 1Tesla
Física Moderna 2
10 Amp.m 18
Aula 5
Efeito Zeeman
r – final
r
Vimos que um campo magnético externo B interage com o momento r dipolo
de
r r r L S
magnético do átomo: V = −µ ⋅ B µ = −g µ − g µ
M l b s b
h h
Mas tanto o momento de dipolo magnético orbital quanto o de spin contribuem
para o total: gℓ=1 e gs =2 são diferentes!
r r r µb r r
µ = µl + µ s = −
h
(
L + 2S ) O deslocamento em energia de um particular
estado atômico é dado pelo valor esperado:
VM = − µ z B Essa expressão assume a escolha usual para o eixo z
coincidindo com B, mas isso exige que se avalie µ z nesse
µ e J não são
referencial. Aí aparecem os problemas.
colineares!
r r r µ z = µ J + µ ⊥ J + µ ⊥ B cos θ
J = L+S
J z = J cos θ
Mesma
direção
r r r
µ = µl + µ s
Precessão em torno de J
Precessão em torno de B
Física Moderna 2 19
Aula 5
2p3/2
2s1/2 2p1/2
1s1/2
Transições elétricas dipolares
ocorrem de 2p3/2 e 2p1/2 para
1s1/2 obedecendo regra de
seleção:
∆m j = 0 ou ±1
Física Moderna 2 20
Aula 5
Se os átomos de H foram excitados para níveis de energia
mais altos (através de colisões com elétrons energéticos
num tubo de descarga de gás), eles espontaneamente farão
transições para níveis de energia mais baixo.
Cada transição entre dois níveis, será emitido um fóton
E 2 − E1
ν=
h
As freqüências discretas emitidas por todas as transições que ocorrem
constituem as “linhas” do espectro, mas a emissão de fótons apenas
ocorrem entre transições com níveis de energia cujos números
quânticos obedecem as regras de seleção:
∆l = ±1
∆j = 0,±1
Física Moderna 2 21
Aula 5
Para compararmos os níveis de energia experimentais do átomo
de H com as previsões do modelo é preciso ainda fazer as
correções relativísticas da interação spin-órbita e da
dependência da massa com a velocidade
Teoria de Dirac µe 4 α2 1 3
E=− 1+ +
(4πε 0 ) 2 2
2h n 2
n j + 1 / 2 4n
µ massa reduzida do elétron
α constante de estrutura fina
(1/137)
Na realidade estes níveis de
energia do H para
Sommerfeld e Dirac foram
deslocados em relação aos
níveis de Bohr e foram
ampliados de um fator (137)2
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Aula 5