0% acharam este documento útil (0 voto)
20 visualizações30 páginas

Wcms 827549

Enviado por

Sofia Lima
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
20 visualizações30 páginas

Wcms 827549

Enviado por

Sofia Lima
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 30

#MeuFuturoDoTrabalho

Relatório técnico do país

Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil


XX Panorama do Trabalho
em tempos de COVID-19

Brasil › Impacto da Pandemia


da COVID-19 sobre
o Mercado de Trabalho
Felipe Mendonça Russo
Carlos Henrique Corseuil

Fevereiro, 2021

1. Introdução
Em fevereiro de 2020, os primeiros casos do novo Coronavírus foram detectados no Brasil. As medidas
adotadas, pelos entes nacionais e entidades privadas, para estimular o isolamento social e combater
a infecção incluem restrição de viagens, fechamento de escolas e comércio, restrição a atividades
produtivas e nos casos mais extremos lockdowns com restrição à movimentação da população. Essas
medidas, junto com a mortalidade e morbidade da pandemia em si, claramente causam grande impacto
na economia como um todo, e, mais particularmente, no mercado de trabalho.
Esse relatório busca criar um panorama do comportamento da economia e do mercado de trabalho
brasileiros ao longo da pandemia, bem como das políticas adotadas em nível federal para combater
seus efeitos. De forma a melhor entender os efeitos da crise atual, e sua possível evolução, o texto inclui,
quando possível, dados e análises da crise de 2015 a 2017 que ocorreu no Brasil e da qual o país ainda se
recuperava até o início da pandemia de 2020.
A Seção 2 usa indicadores da economia agregada e do mercado de trabalho para analisar os efeitos da
pandemia do novo Coronavírus e, quando possível, compará-los com a recessão de 2020. Foram usados
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), e dos registros administrativos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(CAGED) e da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), provenientes do Ministério da Economia, para

* Esse informe técnico foi preparado pelo pesquisador Felipe Mendonça Russo, no âmbito de uma consultoria prestada ao Escritório da OIT no Brasil.
Os trabalhos foram orientados pelo pesquisador do IPEA Carlos Henrique Corseuil. Fabio Bertranou (Diretor da OIT para o Cone Sul) e Martin Hahn
(Diretor da OIT Brasil) promoveram uma discussão em nível regional sobre o texto. Roxana Mauricio (Consultora da OIT Chile) e Andréa Bolzon (OIT
Brasil) comentaram e editaram a versão final que recolhe os subsídios das discussões empreendidas.

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 2/30

analisar a situação do mercado de trabalho nacional antes e


durante a crise de 2020, além de dados pontuais para outros Esse relatório busca
indicadores.
criar um panorama
A Seção 3 é dividida em duas partes, de acordo com os pilares do comportamento
de medidas de combate à pandemia especificadas pela OIT.
A primeira parte descreve políticas de estímulo à economia da economia e do
implementadas pelo Governo Federal e Banco Central. A mercado de trabalho
segunda parte descreve dois programas com objetivo de brasileiros ao longo da
preservar o emprego e a renda da população durante a
pandemia: o Programa Emergencial de Manutenção do
pandemia, bem como
Emprego e da Renda (BEm) e o Auxílio Emergencial (AE). das políticas adotadas
Quando possível, a descrição dessas medidas foi acrescida em nível federal para
dos dados disponíveis para que fosse possível observar seu combater seus efeitos.
impacto, custo ou efeito.

2. Efeitos Econômicos da pandemia


O Brasil no início de 2020 ainda se recuperava da recessão de 2015 quando a pandemia do novo
Coronavírus e suas consequências econômicas chegaram ao país. Nessa seção, serão usados
diferentes indicadores econômicos, de diversos dados disponíveis no país para acompanhar a
evolução da economia durante a crise de 2015, sua recuperação até 2020 e os resultados imediatos da
pandemia atual.

2.1. Efeitos Agregados


O Brasil de 2014 a 2017 contabilizou 9 trimestres consecutivos com crescimento negativo do Produto
Interno Bruto (PIB). Sendo o ponto mais baixo o 4º trimestre de 2015, quando a economia do país
diminuiu 5,5% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Essa era a maior queda na economia, na
série histórica das Contas Nacionais disponibilizada pelo IBGE até a crise atual. O Gráfico 1 mostra que
a economia no 1º trimestre de 2020 já estava estagnada e no 2º trimestre de 2020 mostra uma variação
negativa recorde de 11,4%, que constituiu o novo recorde da série.

XX Gráfico 1. Variação do PIB em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (%)

15%

10%

5%

0%

-5%
2015.IV: -5,5%

-10%

2020.II: -11,4%
-15%
19 6. I
97 IV
98 I
19 .II

20 9. I
00 IV
01 I
20 .II

20 2. I
03 IV
04 I
20 .II

20 5. I
06 IV
07 I
20 .II

20 8. I
09 IV
10 I
20 .II

20 1. I
12 IV
13 I
20 .II

20 4. I
15 IV
16 I
2 .II

20 7. I
18 IV
19 I
20 .II
.I
9 .

19 .II

9 .

20 .II

0 .

20 .II

0 .

20 .II

0 .

20 .II

1 .

20 .II

1 .

20 .II

1 .

20 .II
19 996

19 99

20 02

20 05

20 08

20 11

20 14

20 017

20
1

Fonte: Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, IBGE.

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 3/30

A Tabela 1 mostra o PIB brasileiro pelo lado da demanda, para o 2º trimestre dos anos de 2015 a 2020.
A crise atual se diferencia da recessão de 2015 por apresentar uma queda mais forte e diversa entre os
componentes do indicador. A recessão anterior afetou principalmente o investimento e o consumo das
famílias, já a crise atual contabiliza grandes perdas em todos os componentes, exceto na exportação.
Além disso, todas as quedas em 2020 foram mais significativas que as registradas na recessão anterior.
O principal componente, Consumo das Famílias, diminuiu 13,5% em relação ao ano anterior, mais que o
dobro do valor de 2016 enquanto o componente de investimento apresentou uma queda similar entre as
duas crises.

XX Tabela 1. Variação do PIB pelo lado da demanda, variação com o mesmo trimestre do ano anterior (%)

2015.II 2016.II 2017.II 2018.II 2019.II 2020.II

Consumo das Famílias -2,2 -4,5 1,6 1,8 1,8 -13,5

Consumo do Governo -1,6 0,5 -0,8 0,7 -0,7 -8,6

Formação Bruta de Capital Fixo -12,2 -10,7 -7,5 2,6 5,4 -15,2

Exportação 8,8 2,6 2,1 -2,6 1,3 0,5

Importação -11,1 -10,6 -1,3 6,4 4,9 -14,9

Fonte: Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, IBGE.

Calvacanti et al. (2020), utilizando Indicador Ipea mensal de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF),
desagrega o último trimestre do PIB e sugere uma recuperação a partir de maio. Mas alerta para
a dificuldade das autoridades na “transição das medidas excepcionais de política voltadas para a
preservação de empregos, renda e produção (...), para um regime de política que continue a prover
suporte ao setor produtivo e assistência aos mais necessitados, mas seja fiscalmente sustentável”.
O Gráfico 2 mostra as estimações mensais do Banco Central para a economia brasileira por meio do
Índice de Atividade Econômica do Banco Central - IBC-Br. O índice utiliza diversos indicadores econômicos
como proxies para setores da economia na estrutura do Sistema de Contas Nacionais que o PIB utiliza1.
Dessa forma pode ser visto como uma aproximação de um “PIB mensal”, ideal para nossa análise da crise
do novo Coronavírus, que evolui de forma muito rápida.
Até fevereiro de 2020, a economia agregada seguia uma tendência levemente positiva, com um outlier
em maio de 2018 devido à greve dos caminhoneiros. Apesar disso, a economia não havia chegado aos
níveis de 2014, quando houve a pré-recessão de 2015. A partir desse mês as variações são grandes: de
fevereiro para março ocorre uma queda de 15 pontos percentuais, chegando ao menor valor da série
desde 2012. Ainda assim, os meses seguintes mostram uma recuperação quase tão rápida, e, em julho
de 2020, o índice já havia recuperado 10 pontos percentuais a partir do menor valor e o mês seguinte já
mostra um pequeno crescimento.

1 https://www.bcb.gov.br/conteudo/relatorioinflacao/EstudosEspeciais/Metodologia_ibc-br_pib_estudos_especiais.pdf

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 4/30

XX Gráfico 2. Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) (jan/2012=100)

110

105

100
96,5
95

90

85
86,0

80
Out-12

Out-13

Out-14

Out-15

Out-16

Out-17

Out-18

Out-19
Abr-12
Jul-12

Abr-13
Jul-13

Abr-14
Jul-14

Abr-15
Jul-15

Abr-16
Jul-16

Abr-17
Jul-17

Abr-18
Jul-18

Abr-19
Jul-19

Abr-20
Jul-20
Jan-12

Jan-13

Jan-14

Jan-15

Jan-16

Jan-17

Jan-18

Jan-19

Jan-20
Fonte: Departamento de Economia (DEPEC), Banco Central.

Enquanto esse indicador, sugere uma rápida recuperação da economia após a pandemia, o nível dos
últimos meses disponível ainda não alcançou o do início da pandemia, e como veremos nas próximas
seções, a crise afetou setores econômicos e da população de formas diferente. Assim, mesmo que a
economia agregada retorne ao seu nível pré-Covid, é possível que vários setores da sociedade demorem
mais para se recuperarem.
O Gráfico 3 desagrega o PIB nacional em grandes setores de atividade, e compara o 2º trimestre
de cada ano com o mesmo trimestre do ano anterior, de 2016 a 2020. A recessão anterior impactou
praticamente todos os setores da economia, com destaque para o setor de Construção que teve vários
anos negativos seguidos. Já na crise atual as maiores variações se encontram em alguns dos setores de
serviços e na Indústria de Transformação, com valores chegando a quedas de mais de 20%. O impacto
nos setores de serviços foi variado, sendo que Transporte, Armazenagem e Correio e Outras Atividades
de Serviços foram os que mais sofreram os efeitos, enquanto Serviços Financeiros e Serviços Imobiliários
apresentaram resultados positivos. Os setores de Agropecuária e Indústrias Extrativas apresentaram
melhores resultados em 2020 em comparação com a recessão de 2015.

XX Gráfico 3. Variação do PIB em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (%)

20%

15%

10%

5%

0%

-5%

-10%

-15%

-20%

-25%
ão

rr em .,
ic e

ão e

lic e ,
ia

ão e

ad os s

rv s as

úb ão de
ia s
iv as

co g sp
bl ad

ci

on ir ço
aç o
aç . d


a

ár de
ár

os e

iç de
se ade utr
s
as

ér

ic çã

. P aç ú
at ri

e ena an

o
pú id

a
ci e vi
rm nd

tr
cu

os

m uc Sa
ili da
tr st

ei
m

un a
l

la nc er
r

id O
ns
i

m rm
pe

ex dú

fo I

az T
ut

ob ivi
Co

re a S
Co
ro

In

Im At
co nfo
d.

ad ed
Ag

In

iv
ns

fin

at
ar
a
tr

2016.II 2017.II 2018.II 2019.II 2020.II

Fonte: Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, IBGE.

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 5/30

2.2 Efeitos no mercado de trabalho


Os impactos da crise da pandemia da Covid-19
Nessa seção foram usados os
na economia podem ser observados também dados disponíveis do CAGED,
pela ótica do mercado de trabalho. Nessa seção PNAD Contínua, e PNAD Covid
foram usados os dados disponíveis do CAGED,
para a análise dos efeitos no
PNAD Contínua, e PNAD Covid para a análise dos
efeitos no emprego agregado, e nos diferentes emprego agregado, e nos
setores da economia e grupos da população. diferentes setores da economia
O Gráfico 4 apresenta os valores da taxa de e grupos da população.
desocupação (desemprego) e nível de ocupação
para os trimestres móveis de 2012 a 2020,
usando a PNAD Contínua. A taxa de desemprego,
durante a recessão de 2015 apresenta crescimento contínuo a partir do início de 2015, saindo de um
valor de aproximadamente 7% em 2014 para mais de 13% no início de 2017. A partir desse período a taxa
de desemprego apresenta uma tendência de queda até o valor de 11% ao final de 2019. Em 2020, até
o trimestre terminado em maio os valores desse indicador são similares ao ano anterior, enquanto os
últimos valores já mostram uma tendência de aumento. O trimestre terminado em agosto alcançou o
valor de 14,4%, sendo que o mesmo trimestre em 2019 teve o valor de 11,8%.
O segundo indicador, o nível de ocupação, mostra uma variação muito mais dramática no ano atual.
Pela primeira vez na série histórica da PNAD Contínua menos da metade da população em idade ativa é
estimada como ocupada. O comportamento diferente entre as séries sugere que trabalhadores saindo
da ocupação em 2020 transitaram para fora do mercado de trabalho em vez de irem para o desemprego.

XX Gráfico 4. Taxa de desocupação e Nível de ocupação, trimestre móveis (%)

20 60

17,5 57,5

14,4
15 55

12,5 52,5

10 50

7,5 47,5
46,8
5 45
2012: Jan/mar
2012: Abr/jun
2012: Jul/set
2012: Out/dez
2013: Jan/mar
2013: Abr/jun
2013: Jul/set
2013: Out/dez
2014: Jan/mar
2014: Abr/jun
2014: Jul/set
2014: Out/dez
2015: Jan/mar
2015: Abr/jun
2015: Jul/set
2015: Out/dez
2016: Jan/mar
2016: Abr/jun
2016: Jul/set
2016: Out/dez
2017: Jan/mar
2017: Abr/jun
2017: Jul/set
2017: Out/dez
2018: Jan/mar
2018: Abr/jun
2018: Jul/set
2018: Out/dez
2019: Jan/mar
2019: Abr/jun
2019: Jul/set
2019: Out/dez
2020: Jan/mar
2020: Abr/jun

Tx desocup Nível de ocupação

Fonte: PNAD Contínua, IBGE.

O Gráfico 5 mostra a variação mensal dos vínculos formais disponibilizados pelo registro administrativo
do CAGED e RAIS, organizados pelo Ministério da Economia. Para facilitar a visualização das séries
desse gráfico e de outros gráficos do CAGED no âmbito desse relatório, as mesmas foram construídas
somando-se as movimentações do CAGED no total de vínculos ativos em 31/12 de 2011. Em ambas as
recessões no período analisado o saldo de vínculos, ou seja, os desligamentos menos as admissões,
é negativo. O ajuste no mercado de trabalho formal ocorreu com a contração das admissões em vez
de um aumento dos desligamentos, comportamento que já foi observado em outras ocasiões, como
em Zylberstajn e Souza (2015). O resultado em abril de 2020 é o pior da série, mas maio e julho já
apresentaram uma recuperação nas admissões, e em agosto o resultado do saldo já é positivo.

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 6/30

XX Gráfico 5. Variação mensal, normalizada pela Rais 2011 (%)

5%

4%

3%

2%

1%

0%

-1%

-2%

-3%
Jan-12
Abr-12
Jul-12
Out-12
Jan-13
Abr-13
Jul-13
Out-13
Jan-14
Abr-14
Jul-14
Out-14
Jan-15
Abr-15
Jul-15
Out-15
Jan-16
Abr-16
Jul-16
Out-16
Jan-17
Abr-17
Jul-17
Out-17
Jan-18
Abr-18
Jul-18
Out-18
Jan-19
Abr-19
Jul-19
Out-19
Jan-20
Abr-20
Jul-20
Saldo Admissões Desligamentos

Fonte: CAGED, Ministério da Economia.

A variação anual da população ocupada em geral e da população ocupada informal, a partir da PNAD
Contínua é apresentada no Gráfico 6. No âmbito desse informe, e para os resultados da PNAD Contínua,
os trabalhadores informais são aquelas pessoas ocupadas, empregadas sem carteira de trabalho e por
conta própria que não contribuem para a Previdência Social. O emprego informal apresenta variação
mais negativa que a população ocupada em geral até 2017, o que implica um aumento da formalização.
O contrário ocorre durante a recuperação no período de 2017 a 2019, indicando um aumento na taxa
de informalidade. No 2º trimestre de 2020, a população ocupada em geral apresenta uma grande
queda, mas a população informal cai ainda mais. Assim, por enquanto, a taxa de informalidade diminuiu
para a população em geral durante a crise causada pela pandemia. O gráfico também mostra que a
recuperação da recessão de 2015 se deu principalmente pelo lado informal do mercado de trabalho.

XX Gráfico 6. Variação interanual da população ocupada, total e na informalidade (sem carteira


e conta própria sem previdência) (%)

10%

5%

0%

-5%

-10%

-15%

-20%
20 .1
20 .2
20 .3
20 .4
20 .1
20 .2
20 .3
20 .4
20 .1
20 .2
20 .3
20 .4
20 .1
20 .2
20 .3
20 .4
20 .1
20 .2
20 .3
20 .4
20 .1
20 .2
20 .3
20 .4
20 .1
20 .2
20 .3
20 .4
20 .1
.2
13
13
13
13
14
14
14
14
15
15
15
15
16
16
16
16
17
17
17
17
18
18
18
18
19
19
19
19
20
20
20

Pop. Ocupada Pop. Informal

Fonte: PNAD Contínua, IBGE.

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 7/30

Os Gráficos 7.1 a 7.4 mostram a transição de indivíduos de um trimestre para outro para os diferentes
estados de ocupação, e ajudam a entender os resultados apresentados no gráfico anterior. O Gráfico
7.1 mostra que a saída da inatividade diminui no último trimestre de 2020, principalmente para a
informalidade e para o desemprego, e assim a taxa de permanência na inatividade chega a quase 95%.
Já os Gráficos 7.2, 7.3 e 7.4 sobre a população ocupada formal e informal e desocupada mostram que o
aumento da transição para a inatividade foi maior que o aumento para o desemprego, o que condiz com
um aumento da taxa de inatividade maior que que a taxa de desemprego. Vale destacar que o aumento
da transição para inatividade foi maior na população ocupada informal, comparado com a população
ocupada formal, um dos possíveis mecanismos para o resultado do Gráfico 6.

XX Gráfico 7.1. Transição em 1 ano da população em inatividade (%)

20,0% 100,0%

17,5% 97,5%

Permanência na inatividade (%)


15,0% 95,0%
Saídas da inatividade (%)

12,5% 92,5%

10,0% 90,0%

7,5% 87,5%

5,0% 85,0%

2,5% 82,5%

0,0% 80,0%
20 2.2
20 2.3
20 2.4
20 3.1
20 3.2
20 3.3
20 3.4
20 4.1
20 4.2
20 4.3
20 4.4
20 5.1
20 5.2
20 5.3
20 5.4
20 6.1
20 6.2
20 6.3
20 6.4
20 7.1
20 7.2
20 7.3
20 7.4
20 8.1
20 8.2
20 8.3
20 8.4
20 9.1
20 9.2
20 9.3
20 9.4
20 0.1
.2
20
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
20

t+1
Permanência Formal Informal Desemprego

Fonte: PNAD Contínua, IBGE.

XX Gráfico 7.2. Transição em 1 ano da população ocupada formal (%)

20% 100%

18% 98%
Permanência na formalidade (%)

16% 96%
Saídas da formalidade (%)

14% 94%

12% 92%

10% 90%

8% 88%

6% 86%

4% 84%

2% 82%

0% 80%
20 2.2
20 2.3
20 2.4
20 3.1
20 3.2
20 3.3
20 3.4
20 4.1
20 4.2
20 4.3
20 4.4
20 5.1
20 5.2
20 5.3
20 5.4
20 6.1
20 6.2
20 6.3
20 6.4
20 7.1
20 7.2
20 7.3
20 7.4
20 8.1
20 8.2
20 8.3
20 8.4
20 9.1
20 9.2
20 9.3
20 9.4
20 0.1
.2
20
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
20

t+1
Permanência Informal Desemprego Inativo

Fonte: PNAD Contínua, IBGE.

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 8/30

XX Gráfico 7.3. Transição em 1 ano da população ocupada informal (%)

20% 80%

18% 78%

Permanêncioa na informalidade (%)


16% 76%
Saídas da informalidade (%)

14% 74%

12% 72%

10% 70%

8% 68%

6% 66%

4% 64%

2% 62%

0% 60%
20 2.2
20 2.3
20 2.4
20 3.1
20 3.2
20 3.3
20 3.4
20 4.1
20 4.2
20 4.3
20 4.4
20 5.1
20 5.2
20 5.3
20 5.4
20 6.1
20 6.2
20 6.3
20 6.4
20 7.1
20 7.2
20 7.3
20 7.4
20 8.1
20 8.2
20 8.3
20 8.4
20 9.1
20 9.2
20 9.3
20 9.4
20 0.1
.2
20
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
20

t+1
Permanência Formal Desemprego Inativo

Fonte: PNAD Contínua, IBGE.

XX Gráfico 7.4. Transição em 1 ano da população desocupada (%)

35% 65%

30% 60%

Permanência no desemprego (%)


Saídas do desemprego (%)

25% 55%

20% 50%

15% 45%

10% 40%

5% 35%

0% 30%
20 2.2
20 2.3
20 2.4
20 3.1
20 3.2
20 3.3
20 3.4
20 4.1
20 4.2
20 4.3
20 4.4
20 5.1
20 5.2
20 5.3
20 5.4
20 6.1
20 6.2
20 6.3
20 6.4
20 7.1
20 7.2
20 7.3
20 7.4
20 8.1
20 8.2
20 8.3
20 8.4
20 9.1
20 9.2
20 9.3
20 9.4
20 0.1
.2
20
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
20

t+1
Permanência Formal Informal Inativo

Fonte: PNAD Contínua, IBGE.

2.2.1. Efeitos no emprego por setor


Os impactos da crise causada pelo novo Coronavírus foram heterogêneos entre os setores de atividade.
A seção anterior já mostrou esse resultado no indicador do PIB, mas o Gráfico 8 mostra a variação
da população ocupada por setores de atividade, e novamente é observado resultados diferentes
entre os setores.

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 9/30

XX Gráfico 8. Variação interanual no 2º trimestre da população ocupada por setores de atividade (%)

15,00%

10,00%

5,00%

0,00%

-5,00%

-10,00%
-10,9% -10,0%
-15,00% -11,5%

-20,00% -17,5%
-19,4%
-25,00%
-24,7%
-26,1%
-30,00%
ei .
a

t.

l.

ão

os

.
rr az

m
ra

m ic ,

ub

úd
i

çã

ci

/e un o
im
o
ár


do
co m

.p m çã
ge

ér

pr .
ru

.P

Sa

rv
cu

Al
e .,ar

uc
rv o a
m

.
m
d.

se
se C rm

ab
pe

.e
ns

Co

Ed
In

Ad
sp

Tr
os
ro

oj
Co

fo
an

Al

r
Ag

In

ut
Tr

O
e

2013.2 2014.2 2015.2 2016.2 2017.2 2018.2 2019.2 2020.2

Fonte: PNAD Contínua, IBGE.

O emprego apresenta resultados diferentes dos observados no Gráfico 3 de variação do PIB,


principalmente no setor de Agropecuária. O setor de construção apresentou queda durante a recessão
de 2015 e novamente, mas em um maior grau, em 2020. O destaque em 2020 é uma vez mais para
os setores de serviços, que apresentam resultados diversos entre seus componentes. Os setores de
Administração Pública, Saúde e Educação têm resultados melhores que outros setores de serviço, os dois
primeiros provavelmente estimulados pelas contratações temporárias para o combate ao vírus.
Os dois setores mais afetados são Alojamento e Alimentação e Trabalho Doméstico, ambos com
quedas de mais de 20%. As medidas de distanciamento social e lockdown claramente afetam o setor
de restaurantes e hotéis, e o incentivo a quarentena e queda nos rendimentos domiciliares podem ter
levado muitas famílias a dispensar seus trabalhadores domésticos.

XX Gráfico 9. Variação interanual do 2º trimestre do saldo de vínculos, por setor de atividade (%)

8%
6%
4%
2%
0%
-2%
-4%
-6%
-8%
7,1%
-10%
-12%
-14%
15,7% 16,0%
-16%
ei z.

/e un ão,
ia

ão

t.

l.

ão

os
ra

rr a

ub

úd
ci

im
ár


pr .
co m


ge

m ic
ér

.P

Sa

rv
rv om a
cu

Al
e .,ar

uc
.
tr

se C rm

m
d.

se
pe

.e
ns

Co

Ed
In

sp

Ad
fo

s
ro

oj
Co

ro
an

In
Al
Ag

.p

ut
Tr

O
e

2013.2 2014.2 2015.2 2016.2 2017.2 2018.2 2019.2 2020.2

Fonte: CAGED,e RAIS Ministério da Economia.

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 10/30

Usando novamente os dados do CAGED e da RAIS podemos focar nos vínculos formais do mercado de
trabalho. Os dados foram trimestralizados para facilitar a comparação com os dados da PNAD Contínua e
do PIB. O impacto da recessão de 2015 é mais marcante no emprego formal para os setores de Indústria
geral e Construção, inclusive esses e outros setores apresentam resultados mais negativos nesse período
que em 2020, o que não ocorreu nas outras séries. O setor mais impactado novamente é setor de
Alojamento e Alimentação, destacando que o setor de Trabalho Doméstico não era capturado por esse
registro. Os resultados piores no Gráfico 8 em relação ao Gráfico 9 sugerem que a crise atual atingiu mais
gravemente trabalhadores informais dentro desses setores2.
A Tabela 2 contém alguns indicadores de trabalho dos dois setores mais afetados em 2020 de acordo com
a PNAD Contínua. Ambos os setores possuem mais da metade de seus trabalhadores na informalidade
(trabalhadores sem carteira assinada e por conta própria sem contribuir para a Previdência Social), sendo
que aproximadamente 70% dos empregados domésticos não possuem carteira assinada. Os dois setores
também possuem rendimentos do trabalho baixos: mais de 80% de seus trabalhadores recebem menos
que 2 salários-mínimos3. Finalmente, a tabela mostra também que ambos os setores possuíam mais de
5 milhões trabalhadores em 2019, destacando sua importância para o mercado de trabalho nacional.

XX Tabela 2. Características dos setores de Alojamento e Alimentação e Trabalho Doméstico

Construção Aloj. e Alimt. Outros servicos Trab. dom.

2019.2 2020.2 2019.2 2020.2 2019.2 2020.2 2019.2 2020.2

% Informal 63,8% 61,7% 55,5% 51,6% 59,0% 56,0% 71,8% 70,3%

% Sem carteira 19,6% 18,0% 22,0% 17,8% 17,9% 15,4% 71,0% 69,6%

% Conta própria 52,1% 52,8% 34,3% 38,2% 55,4% 58,0% 0,0% 0,0%

% Menos que 2 SM 79,9% 77,2% 83,5% 82,5% 77,7% 74,8% 96,0% 95,8%

Total de ocupados (milhares) 6.605 5.323 5.417 4.006 4.988 4.117 6.301 4.746

Fonte: PNAD Contínua, IBGE.

O gráfico seguinte mostra resultados da PNAD Covid, pesquisa domiciliar realizada pelo IBGE
especificamente para observar os impactos da pandemia em 2020. Foi perguntado aos trabalhadores se
estavam afastados do emprego, a razão do afastamento e se estavam recebendo alguma remuneração
enquanto estavam afastados.
O Gráfico 10 mostra que, em maio e junho, diversos setores tinham mais de 10% de seus trabalhadores
afastados e sem remuneração. Esse índice cai fortemente nos meses seguintes, mas há diferenciação
entre os setores. Os setores de Comunicação, Informação e Serviços para Empresas; Administração
Pública; Saúde e Educação apresentaram valores baixos em todos os meses. Já Alojamento e
Alimentação; Outros Serviços e Trabalho Doméstico chegaram a ter mais de 20% de seus trabalhadores
afastados sem remuneração em maio.

2 Como pode ser observado, o aumento de pessoas ocupadas na administração pública (Gráfico 8) não tem como reflexo um saldo positivo de
vínculos nesse mesmo setor (Gráfico 9). O saldo de vínculos é próximo de zero na administração pública durante o período analisado uma vez que as
contratações podem ser feitas por comissionados ou outras modalidades que não figuram nos registros do CAGED. Possivelmente, são justamente
essas modalidades as primeiras a serem desligadas em uma crise ou contratadas em uma emergência como a pandemia.
3 A Tabela A.1, no Apêndice, mostra as médias dos rendimentos reais efetivos do trabalho principal para todos os setores

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 11/30

XX Gráfico 10. Porcentagem de trabalhadores afastados pela pandemia sem remuneração por setor
de atividade, 2020 (%)

30%

25%

20%

15%

10%

5%

0%

pr .

.
a

ão

e
o

os
t.

m ic
io

m
ra

l
i

çã

úd
ci

ub
.
im
ár

/e un
re

do

ge

ér
ru
cu

Sa
.P

rv
r

Al

uc
m

co

.
d.

ab
se
pe

rv o
ns

.e

Ed
Co
In

Ad
e

.p

Tr
ro

Co

os
se ,
oj

e ção
.
az
Ag

Al

r
ut
rm

O
rm
.,a

fo
sp

In
an
Tr

Maio Junho Julho Agosto

Fonte: PNAD Covid, IBGE.

2.2.2. Efeitos no emprego em grupos da população ocupada


Além da análise setorial, o mercado de trabalho também pode ser observado de acordo com as
características dos trabalhadores, como gênero e escolaridade. O Gráfico 11 mostra a série da PNAD
Contínua com relação à variação da população ocupada por gênero do trabalhador. As trabalhadoras
apresentam piores resultados nas duas recessões, mas após 2016 sua população ocupada passa a
crescer mais rápido que a masculina.
O Gráfico 12 mostra o mesmo indicador desagregado para trabalhadores brancos e negros. Negros
e indígenas apresentam comportamento semelhante a mulheres, com resultados piores durantes as
recessões, e uma recuperação mais rápida da população ocupada entre 2017 e 2019. É provável que
os resultados dos dois gráficos estejam ligados à recuperação mais rápida do setor informal após a
recessão de 2015 observada nas seções anteriores. Resta saber se a recuperação da crise atual seguirá o
mesmo padrão.

XX Gráfico 11. Variação interanual da população ocupada, por gênero (%)

6,00%
4,00%
2,00%
0,00%
-2,00%
-4,00%
-6,00%
-8,00%
-10,00%
-12,00%
-14,00%
2013.1
2013.2
2013.3
2013.4
2014.1
2014.2
2014.3
2014.4
2015.1
2015.2
2015.3
2015.4
2016.1
2016.2
2016.3
2016.4
2017.1
2017.2
2017.3
2017.4
2018.1
2018.2
2018.3
2018.4
2019.1
2019.2
2019.3
2019.4
2020.1
2020.2

Homens Mulheres

Fonte: PNAD Contínua, IBGE.

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 12/30

XX Gráfico 12. Variação interanual da população ocupada, por raça/cor (%)

6,00%
4,00%
2,00%
0,00%
-2,00%
-4,00%
-6,00%
-8,00%
-10,00%
-12,00%
-14,00%
-16,00%
2013.1
2013.2
2013.3
2013.4
2014.1
2014.2
2014.3
2014.4
2015.1
2015.2
2015.3
2015.4
2016.1
2016.2
2016.3
2016.4
2017.1
2017.2
2017.3
2017.4
2018.1
2018.2
2018.3
2018.4
2019.1
2019.2
2019.3
2019.4
2020.1
2020.2
Brancos e amarelos Negros e indígenas
Fonte: PNAD Contínua, IBGE.

O Gráfico 13 novamente mostra a evolução da população ocupada, dessa vez desagregada por faixas
etárias. A população ocupada jovem está decrescendo durante a maior parte do período analisado,
com algumas exceções entre 2017 e 2019, sugerindo uma dificuldade do mercado de trabalho brasileiro
em absorver novos entrantes. Essa mesma população jovem é a mais afetada na crise causada pela
pandemia de 2020. Corseuil e Franca (2020) mostram um aumento do desalento dessa população
e sugerem que políticas para reinserção no mercado de trabalho focadas nesse contingente são
necessárias para se evitar efeitos negativos nas perspectivas profissionais desses trabalhadores.

XX Gráfico 13. Variação interanual da população ocupada, por faixa de idade (%)

15,00%

10,00%

5,00%

0,00%

-5,00%

-10,00%

-15,00%

-20,00%

-25,00%
2013.1
2013.2
2013.3
2013.4
2014.1
2014.2
2014.3
2014.4
2015.1
2015.2
2015.3
2015.4
2016.1
2016.2
2016.3
2016.4
2017.1
2017.2
2017.3
2017.4
2018.1
2018.2
2018.3
2018.4
2019.1
2019.2
2019.3
2019.4
2020.1
2020.2

Até 29 anos 30 a 59 60 ou mais

Fonte: PNAD Contínua, IBGE.

Finalmente, o Gráfico 14 desagrega a evolução da população ocupada por nível de escolaridade. A


população ocupada com Ensino Superior apresenta crescimento durante todo o período, inclusive
durante a recessão de 2015 e a crise atual. A população com Ensino Médio completo tem comportamento
semelhante, exceto durante a recessão e a crise da Covid-19. Na primeira chega a ficar negativa por três
trimestres e na segunda sofre uma queda de 10% em relação ao trimestre do ano anterior. Já nos níveis
mais baixos de escolaridade são observados valores negativos ao longo de toda a série, particularmente
durante ambas as recessões.

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 13/30

XX Gráfico 14. Variação interanual da população ocupada, por nível de escolaridade (%)

15,00%

10,00%

5,00%

0,00%

-5,00%

-10,00%

-15,00%

-20,00%

-25,00%
2013.1
2013.2
2013.3
2013.4
2014.1
2014.2
2014.3
2014.4
2015.1
2015.2
2015.3
2015.4
2016.1
2016.2
2016.3
2016.4
2017.1
2017.2
2017.3
2017.4
2018.1
2018.2
2018.3
2018.4
2019.1
2019.2
2019.3
2019.4
2020.1
2020.2
Fund. Incomp. Fund. Comp. Médio Comp. Superior Comp.

Fonte: PNAD Contínua, IBGE.

Novamente os dados do CAGED e RAIS trimestralizados serão usados para focar nos vínculos formais
do mercado de trabalho. No Gráfico 15 empregados formais de todos os níveis escolares apresentam
taxas de variação negativas durante as duas recessões. Ainda assim os níveis mais baixos, Fundamental
Incompleto e Fundamental Completo, possuem valores inferiores ao longo de todo o período observado.

XX Gráfico 15. Variação interanual por trimestre do saldo de vínculos, por escolaridade (%)

6%

4%

2%

0%

-2%

-4%

-6%

-8%

-10%
2013.1
2013.2
2013.3
2013.4
2014.1
2014.2
2014.3
2014.4
2015.1
2015.2
2015.3
2015.4
2016.1
2016.2
2016.3
2016.4
2017.1
2017.2
2017.3
2017.4
2018.1
2018.2
2018.3
2018.4
2019.1
2019.2
2019.3
2019.4
2020.1
2020.2

Fund. Incomp. Fund. Comp. Médio Comp. Superior Comp.

Fonte: CAGED e RAIS, Ministério da Economia.

Outro resultado da PNAD Covid pode ajudar a explicar porque trabalhadores com Ensino Superior
conseguiram evitar sair da ocupação em relação aos outros níveis de educação. No Gráfico 16 é possível
observar que menos de 10% dos trabalhadores sem Ensino Superior estão trabalhando remotamente.
Enquanto isso, mais de 30% dos trabalhadores com Ensino Superior conseguem fazer o home office, uma
vantagem durante a pandemia devido às medidas de distanciamento social.

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 14/30

XX Gráfico 16. Porcentagem dos trabalhadores em trabalho remoto, por escolaridade, 2020 (%)

35%

30%

25%

20%

15%

10%

5%

0%
Fund. Incomp. Fund. Comp. Médio Comp. Superior Comp.

Maio Junho Julho Agosto

Fonte: PNAD Covid, IBGE.

2.2.3. Efeitos no rendimento e jornada do trabalho


Os dados disponibilizados pela PNAD Contínua também permitem uma análise dos rendimentos
do trabalho. A base de dados do IBGE disponibiliza duas definições de rendimento do trabalho: 1) o
habitual, que é o rendimento que o trabalhador normalmente recebe e efetiva; e 2) o rendimento
que o trabalhador de fato recebeu no período de referência. O Gráfico 17 mostra a variação anual
dos rendimentos habituais e efetivos de 2012 a 2020. O rendimento habitual apresenta crescimento
durante todo o período, exceto durante a recessão de 2015, onde a taxa de desemprego e informalidade
apresentaram crescimento. A série do rendimento efetivo não pode ser facilmente analisada usando esse
indicador devido a mudanças em sua captação no ano de 2016.
Ignorando o outlier de 2016, o 2º trimestre de 2020 é a maior divergência já captada na série histórica
entre os rendimentos habitual e efetivo. O rendimento habitual apresenta um grande crescimento
durante a crise atual, ao contrário do que aconteceu na recessão anterior. Isso é resultado da saída da
ocupação de trabalhadores com rendimentos mais baixos, principalmente informais e com educação
mais precária.

XX Gráfico 17. Variação interanual, rendimento de todos os trabalhos efetivo e habitual (%)

8%

6%

4%

2%

0%

-2%

-4%

-6%
2013.1
2013.2
2013.3
2013.4
2014.1
2014.2
2014.3
2014.4
2015.1
2015.2
2015.3
2015.4
2016.1
2016.2
2016.3
2016.4
2017.1
2017.2
2017.3
2017.4
2018.1
2018.2
2018.3
2018.4
2019.1
2019.2
2019.3
2019.4
2020.1
2020.2

Rendimento efetivo Rendimento habitual

Fonte: PNAD Contínua, IBGE.


Nota: O outlier em 2016 é devido a mudança na captação do rendimento efetivo a partir do 4º trimestre de 2015.

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 15/30

Já a queda do rendimento efetivo também é influenciada pela queda nas horas efetivamente trabalhadas
no período, como podemos ver no Gráfico 18. As definições de jornada semanal habitual e efetiva
seguem a mesma lógica da dos rendimentos. O gráfico mostra claramente uma queda marcante na
média das jornadas efetivas. Empregados sem carteira assinada podem ter suas jornadas reduzidas
para se diminuir os custos dos empregos, e trabalhadores conta própria podem diminuir sua jornada
caso percebam que a demanda não justifica seus custos. Além disso como será visto na seção seguinte,
o governo editou diversas medidas que flexibilizam os vínculos formais e que permitiram também uma
redução na jornada.
Vale notar que a redução da jornada de trabalho não foi igual entre trabalhadores homens e mulheres.
O Gráfico 19 mostra que o comportamento dos trabalhadores de ambos os sexos foi similar ao longo da
série e, no 2º trimestre de 2020, as mulheres sofrem uma redução mais drástica (queda de 23%) do que
os trabalhadores homens (queda de 16%).

XX Gráfico 18. Variação interanual, jornada semanal média de todos os trabalhos efetivo e habitual (%)

5%

0%

-5%

-10%

-15%

-20%
2013.1
2013.2
2013.3
2013.4
2014.1
2014.2
2014.3
2014.4
2015.1
2015.2
2015.3
2015.4
2016.1
2016.2
2016.3
2016.4
2017.1
2017.2
2017.3
2017.4
2018.1
2018.2
2018.3
2018.4
2019.1
2019.2
2019.3
2019.4
2020.1
2020.2

Jornada semanal habitual Jornada semanal efetiva

Fonte: PNAD Contínua, IBGE.

XX Gráfico 19. Variação interanual, jornada semanal média de todos os trabalhos efetivo por gênero (%)

5,00%

0,00%

-5,00%

-10,00%

-15,00%

-20,00%

-25,00%
2013.1
2013.2
2013.3
2013.4
2014.1
2014.2
2014.3
2014.4
2015.1
2015.2
2015.3
2015.4
2016.1
2016.2
2016.3
2016.4
2017.1
2017.2
2017.3
2017.4
2018.1
2018.2
2018.3
2018.4
2019.1
2019.2
2019.3
2019.4
2020.1
2020.2

Homens Mulheres

Fonte: PNAD Contínua, IBGE.

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 16/30

No Apêndice desse informe, a Tabela A.1 apresenta os valores reais dos rendimentos habituais do
trabalho por setor de atividade, dos segundos trimestres dos anos de 2012 a 2020. As três últimas
colunas apresentam a comparação dos valores de 2016, 2019 e 2020 com 2014. Enquanto em 2016
nenhum setor chegou a menos de 90% de seu valor em 2014, em 2020 trabalhadores do setor de
Alojamento e Alimentação recebiam em média 70% do que receberam em 2014.

3. Medidas de enfrentamento a pandemia


Os primeiros casos de Covid-19 foram confirmados no Brasil em fevereiro de 2020. Medidas de contenção
ao contágio incluíram desde então fechamento do comércio, afastamento social e lockdowns que,
conforme visto nas seções anteriores, tiveram efeitos adversos na economia e no emprego.
Em 20 de março é assinado o Decreto
Legislativo nº 6, que reconhece a ocorrência
do estado de calamidade pública e determina
seus efeitos até 31 de dezembro de 2020.
As políticas analisadas foram
A partir desse momento, diversas políticas classificadas de acordo com os
são implementadas na esfera federal pelos pilares de ação ao enfretamento
poderes Executivo e Legislativo para o
enfrentamento das consequências da crise
da crise da Covid-19, elaboradas
causada pela pandemia. pela OIT. Em particular as políticas
As políticas analisadas foram classificadas apresentadas se encaixam
de acordo com os pilares de ação ao nos pilares 1 e 2 definidos pela
enfretamento da crise da Covid-19, organização.
elaboradas pela OIT4. Em particular as
políticas apresentadas se encaixam nos
pilares 1 e 2 definidos pela organização.

3.1. Pilar 1: Estimulo a Economia e ao Trabalho


O Pilar 1 consiste em políticas que estimulem a economia e o trabalho, como políticas fiscais ativas,
política monetária expansiva e facilitação de empréstimos e garantia de empréstimos para setores
específicos.
Em 8 de junho, o Ministério da Economia libera a Instrução Normativa nº 43, que regulamenta o
adiamento, parcelamento e até suspensão do pagamento de multas de fornecedores da União, com o
objetivo de preservar os empregos destas empresas.
O Regime Extraordinário Fiscal, Financeiro e de Contratações, criado pela Emenda Constitucional nº106,
de 7 de maio de 2020, simplifica o processo de contratação de pessoal temporário e compra de material
para o combate da pandemia; dispensa o cumprimento da Regra de Ouro; também são dispensados
a observância de adequação orçamentaria de proposições legislativas e os atos do Poder Executivo
que acarretem em aumento de despesa ou despesas tributárias desde que não sejam permanentes. O
Regime deve terminar junto com o estado de calamidade pública (Decreto Legislativo nº 6).
A Lei Complementar nº 173, de 27 de maio de 2020, cria o Programa Federativo de Enfrentamento ao
Coronavírus com o objetivo de ajudar os entes federativos a balançar seu orçamento, com suas receitas
afetados pela crise da Covid-19. As principais medidas do programa são:

4 https://www.ilo.org/global/topics/coronavirus/regional-country/country-responses

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 17/30

ff Suspensão do pagamento junto com o


impedimento da execução das garantias O Pilar 1 consiste em
das dívidas dos estados e dos municípios
com a União;
políticas que estimulem
a economia e o trabalho,
ff Suspensão temporária do pagamento
das dívidas dos Municípios com a
como políticas fiscais ativas,
Previdência Social; política monetária expansiva
ff Reestruturação das operações de crédito e facilitação de empréstimos
junto a instituições do sistema financeiro e e garantia de empréstimos
organizações multilaterais de crédito; para setores específicos.
ff Concessão temporária de auxílio financeiro aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
(MP nº 978: 60 bilhões);
Outro apoio financeiro ao orçamento dos entes federativos foi previsto na Lei nº 14.017, de 29 de junho
de 2020. A lei estabeleceu o apoio de 3 bilhões de reais (por meio da MP nº 990) aos entes federativos
destinados ao setor de Cultura. O recurso deveria ser usado em renda emergencial aos trabalhadores,
subsídios aos espaços e entidades culturais e chamadas públicas e editais referentes ao setor. Já a MP
nº 938/2020 (convertida em Lei 14.041/2020 em 18 de agosto) estabelece o apoio financeiro orientado à
complementação do fundo de participação dos estados (FPE) e do fundo de participação dos municípios
(FPM). Até 16 bilhões (MP nº 939) devem ser distribuídos entre os entes de forma a compensar a perda de
receita gerada pela crise.
O Gráfico 20 apresenta em bilhões quanto já foi transferido do Governo Federal para outros entes
por meio das MPs 938, 978 e 990 descritas acima. O valor dessas medidas acumuladas até setembro
representa 1% do PIB nominal de 2019. O Gráfico 21 mostra o mesmo valor dividido para as Unidades
Federativas que receberam as transferências. São Paulo recebe praticamente o dobro que o segundo
estado a receber mais transferências. Os estados que mais receberam recursos foram São Paulo, Bahia,
Minas Gerais e Rio de Janeiro, sugerindo que o tamanho da população foi um importante critério na
decisão da distribuição dos recursos.

XX Gráfico 20. Auxílio Financeiro aos entes federativos (MPs 939, 978 e 990) por mês, em bilhões de Reais

40,0
36,9

35,0

30,0

25,0
19,7 19,4
20,0 18,3

15,0

10,0

5,0
1,0 0,9
0,0
Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro

Fonte: Monitoramento dos Gastos da União com Combate à COVID-19, em: https://www.tesourotransparente.gov.br/visualizacao/painel-de-
monitoramentos-dos-gastos-com-covid-19

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 18/30

XX Gráfico 21. Auxílio Financeiro por ente federativo (MPs 939, 978 e 990) até setembro, em bilhões de Reais

16,0
14,0
14,0

12,0

10,0

8,0
7,0

6,0
4,6 4,5
4,0 4,3
4,0
2,9 2,8 3,0
2,3 2,6 2,6 2,7
2,0 1,7 1,5 1,7 1,4
1,4 1,3 1,4 1,1
0,8 0,8 1,0 0,7 1,0 0,9 0,7
0,0

D A
RI R E

CA
PA O

O AT G AL
O
RO P S

IT TA L
N A
TO RA A

AG NS

SA N IS
BU A

D TA D NA
RN R O
O A

CO

AP UL
SA N AR O
M C IA

AO D O
N ARA

BA S

E
N I
AM AM E

AN RA

S R S
PI SE RT
A

FE IN
TR CA SU
O AU
CA IM
I

AM AIB

M O IP

O EIR
AZ AP
R

RO G IA
O SG T
PE PA HA

RA P UL

N SO OSS
E ERA
RO ON

ER
N

LI
RI A AN
AL TI

SE O S
O
AC

N DE A
AR EA

R
G

G O O
D PI

O
D

IN S

JA
T

O
D
E
D

AT M
N

ES

G
RA

IS
O
G

RI
O

M
RI

Observação: As cores correspondem as grandes regiões brasileiras: Norte (azul); Nordeste (vermelho); Sudeste (verde piscina), Sul (verde claro);
Centro-Oeste (vinho).
Fonte: Monitoramento dos Gastos da União com Combate à COVID-19, em: https://www.tesourotransparente.gov.br/visualizacao/painel-de-
monitoramentos-dos-gastos-com-covid-19

Além de transferências do governo federal para outros entes, foram adotadas medidas de estímulo para
empresas, facilitando seu acesso ao crédito. O Banco Central do Brasil (BCB) dividiu suas medidas entre
os objetivos de provisão de liquidez e liberação de capital. De acordo com os próprios cálculos do BCB o
impacto total das medidas implementadas corresponderia 36% do PIB nominal de 2019.

XX Tabela 3. Medidas de política econômica adotadas pelo Banco Central: provisão de liquidez
e liberação de capital

Impacto % do PIB
Medida Status
potencial (2019)

Liberação de liquidez

Compulsório + Liquidez de curto-prazo (LCR) R$ 135 bi 1,9% Concluída

Liberação de adicional de compulsório R$ 70 bi 1,0% Concluída

Flexibilização de LCA R$ 2,2 bi 0,0% Concluída

Empréstimo com lastro em LF garantidas R$ 670 bi 9,2% Em andamento

Compromissadas com títulos soberanos brasileiros R$ 50 bi 0,7% Concluída

Novo DPGE R$ 200 bi 2,7% Em andamento

Empréstimo com lastro em debêntures + compulsório para funding de


R$ 91 bi 1,3% Concluída
recompra de LF

Alteração no cumprimento do compulsório de poupança R$ 55,8 bi 0,8% Em andamento

Total R$ 1274 bi 17,5%

XX Continue...

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 19/30

Impacto % do PIB
Medida Status
potencial (2019)

Liberação de capital

Overhedge R$ 520 bi 7,1% Concluída

Redução do ACCP R$ 637 bi 8,8% Concluída

Redução do requerimento de capital para operações de crédito a


R$ 35 bi 0,5% Concluída
pequenas e médias empresas

Redução do requerimento de capital das instituições de pequeno porte R$ 16,5 bi 0,2% Concluída

Redução do requerimento de capital nas exposições de DPGE-DI R$ 12,7 bi 0,2% Em andamento

Capital de giro para preservação de empresas (CGPE) R$ 127 bi 1,7% Em andamento

Total R$ 1.348 bi 18,5%

Fonte: BCB, em: https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/acompanhamento_covid19

Além da expansão monetária do Banco Central, o Governo Federal também disponibilizou linhas de
crédito especiais e garantias para operações de pequenas e médias empresas. A Tabela 4 atualiza a tabela
utilizada por Silva (2020), que resume essas medidas. Ao todo a soma dos valores disponibilizados para
essas medidas corresponde a aproximadamente 0,9% do PIB de 2019.

XX Tabela 4. Disponibilização de linhas de crédito e a concessão de garantias em operações contratadas


pelo setor empresarial

Programa Lei Objetivo Alvo Critérios Volume

Programa
A União
Nacional Lei 13.999/2020 Faturamento
aumentará sua
de Apoio às de 18 de maio, Microempresas bruto anual igual
Concessão de participação R$
Microempresas modificada pela e Empresas de ou inferior a R$
Garantias 27.9 bi no Fundo
e Empresas de Lei 14.042/2020 e Pequeno Porte 4,8 milhões de
Garantidor de
Pequeno Porte 14.043/2020 reais
Operações (FGO)
(Pronampe)

Faturamento A União
Programa MP 975/2020, bruto anual aumentará sua
Empresas de
Emergencial transformada em Concessão de superior a R$ 360 participação R$
Pequeno e de
de Acesso ao Lei 14.042/2020 Garantias mil e igual ou 20 bi no Fundo
Médio Porte
Crédito (PEAC) em 19 de agosto inferior a R$ 300 Garantidor de
milhões Invstimentos (FGI)

Faturamento Transferência
Programa MP 944/2020, bruto anual de R$ 17 bi da
Empresas de
Emergencial transformada em superior a R$ 360 União ao BNDES
Oferta de Crédito Pequeno e de
de Suporte a Lei 14.043/2020 mil e igual ou destinados à
Médio Porte
Empregos (PESE) em 19 de agosto inferior a R$ execução do
10 milhões programa.

Fonte: Silva (2020).

3.2 Pilar 2: Suporte a empresas, emprego e rendimentos


O segundo pilar consiste em políticas que garantam a extensão da proteção social para todos,
implementação de políticas de retenção e preservação de empregos e providenciar alívio financeiro e de
impostos para empresas.

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 20/30

3.2.1 Programa Emergencial de Manutenção do


Emprego e da Renda (BEm) O segundo pilar consiste
Antes da instituição do BEm, a MP 927/2020, de 22 em políticas que garantam a
de março, tinha objetivos semelhantes. A medida extensão da proteção social
regulamentava alternativas trabalhistas para a
preservação do emprego durante o enfrentamento para todos, implementação
da pandemia, como a preponderância do acordo de políticas de retenção e
individual ou coletivo sobre as normas da preservação de empregos
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), respeitando
os limites da Constituição. Além disso suspendeu
e providenciar alívio
a exigibilidade do recolhimento do FGTS pelos financeiro e de impostos
empregadores, referente às competências de março, para empresas.
abril e maio de 2020. Sua vigência foi encerrada em
19 de julho de 2020, assim voltam a valer os artigos
da CLT para os temas propostos pela MP.
O Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) foi criado pela MP 936 em 1º de
abril e convertido na Lei nº 14.020, em 6 de julho de 2020. O programa visa o trabalhador com relação
formal no emprego e tem por objetivos:
I) preservar o emprego e a renda;
II) garantir a continuidade das atividades laborais e empresariais;
III) reduzir o impacto social decorrente da crise causada pela pandemia.
Suas principais medidas consistem no pagamento do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego
e da Renda e na permissão e regulamentação da redução proporcional de jornada de trabalho e de
salário e da suspensão temporária do contrato de trabalho. Originalmente com prazo de 90 dias foi
estendido até 31 de dezembro (240 dias), em 13 de outubro (Decreto 10.517).
O programa autoriza redução da jornada de trabalho, com a preservação do valor do salário-hora por até
90 dias. A redução é permitida por acordo individual nos percentuais: 25%, 50% e 70%. Essa modalidade
está disponível para empregados:
ff com salários até R$ 2.090 em empresas com receita bruta acima de R$ 4,8 milhões;
ff com salários até R$ 3.135 em empresas com receita bruta até R$ 4,8 milhões;
ff com Ensino Superior e salário maior que duas vezes o teto do benefício do Regime Geral de
Previdência Social (RGPS).
Para os empregados que não se encaixam nessas condições, as reduções podem ser negociadas
apenas por meio de acordo coletivo, exceto para reduções de 25%, que estão sempre liberadas para
acordo individual e para reduções que não resultam em uma diminuição do valor mensal recebido pelo
empregado, incluído o valor do Benefício. Além disso, o programa autoriza a suspensão temporária do
contrato de trabalho de seus empregados pelo prazo máximo de 60 dias.
O valor do benefício tem como base de cálculo o valor mensal do seguro-desemprego a que o
empregado teria direito e tem diferentes valores de acordo com a modalidade adotada. No caso de
redução da jornada por acordo individual, o valor a ser pago pelo governo será o percentual reduzido
multiplicado pela parcela do seguro-desemprego que o trabalhador teria direito (25%, 50%, 75%). Já no
caso de reduções por acordo coletivo a regra de cálculo do benefício varia caso a caso.
No caso de suspensão do contrato para empregados em empresas com receita bruta acima de R$ 4,8
milhões, a empresa deve arcar com 30% do rendimento mensal que o empregado recebia e o benefício
será de 70% do valor do seguro-desemprego a que tem direito. No caso de suspensão do contrato para
empregados em empresas com receita bruta de até R$ 4,8 milhões, o benefício será de 100% do valor

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 21/30

do seguro-desemprego a que têm direito. As formas de cálculo do benefício descritas fazem com que
a reposição salarial seja sempre integral para aqueles trabalhadores que recebiam salário até o valor
do teto da parcela do seguro-desemprego (R$ 1.813,03 em 2020). O Gráfico 22, criado por Costa e Reis
(2020), estima a taxa de reposição para as diferentes modalidades disponibilizadas pelo programa,
incluindo o valor do benefício a que o trabalhador teria direito.

XX Gráfico 22. Taxa de reposição salarial de acordo com o instrumento negociado

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0
1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6

Redução da jornada em 25% Redução da jornada em 50%


Redução da jornada em 70% ou suspensão Suspensão do contrato em empresas
do contrato em empresas com com faturamento abaixo de R$ 4,8 milhões
faturamento acima de R$ 4,8 milhões

Fonte: Costa e Reis (2020); * Linhas contínuas representam acordos individuais, linhas tracejadas indicam reduções que só podem ser alcançadas
mediante acordos coletivos.

Além disso, o do programa institui a garantia provisória no emprego ao empregado que recebeu o
Benefício. Tanto em decorrência de redução da jornada de trabalho ou de suspensão temporária,
durante a redução ou suspensão e após seu restabelecimento por período equivalente ao acordado. O
recebimento do BEm também não impedirá a concessão e não alterará o valor do seguro-desemprego a
que o empregado vier a ter direito.
Finalmente, apesar do benefício emergencial ter como base de cálculo o seguro-desemprego, este será
pago ao empregado independentemente do cumprimento dos requisitos para obtenção do próprio
seguro-desemprego5.
A seguir são apresentados dados para ilustrar o volume do programa até o momento. O Gráfico 23
mostra quanto já foi gasto com benefícios até setembro, 23 bilhões de reais, com os maiores valores
liberados em maio e junho. Já o Gráfico 24 mostra ao longo dos meses quantos contratos foram
negociados. É possível observar que houve uma maior adoção no início do programa, com alguns valores
maiores nos meses seguintes provavelmente estimulados pelas extensões ao programa que foram
autorizadas. Ao todo são mais de 18 milhões de contratos negociados no período.

5 Sendo assim, não houve mudanças no seguro desemprego durante a pandemia. Houve uma proposta de aumento de parcelas pagas em agosto
(PL 4.376/2020) mas essa proposta ainda não foi votada. A série do Seguro Desemprego teve um forte aumento em abril e maio, chegando a um
pico de mais de 900.000 de requerentes. Nos meses seguintes a série voltou a oscilar em torno de seu valor normal de aproximadamente 500.000
requerentes.

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 22/30

XX Gráfico 23. Gastos da União com benefícios do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e
da Renda (BEm)

8,0
7,1
7,0 6,8

6,0

5,0
4,3 4,1
4,0
3,3
3,0

2,0

1,0

0,0
Maio Junho Julho Agosto Setembro

Fonte: Monitoramento dos Gastos da União com Combate à COVID-19, em: https://www.tesourotransparente.gov.br/visualizacao/painel-de-
monitoramentos-dos-gastos-com-covid-19

XX Gráfico 24. Quantidade de acordos por período (01/04/2020 a 02/10/2020)

20,0

18,0 17,6
16,6
16,0
Qtd de acordos (em 100 mil)

14,5 14,6
14,0 13,1
12,0 11,7
11,0
10,0 9,8
10,0 8,8
8,0
6,6 6,6
5,8
6,0 5,1 4,7 4,5
4,1
4,0 3,6 3,5 3,4
2,1
2,0 1,7 1,4 1,4 1,6
0,7 0,7
0,0
4

0
/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/1
04

11

18

25

02

09

16

23

30

06

13

20

27

04

11

18

25

01

08

15

22

29

05

12

19

26

02
a

a
4

9
/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0
01

05

12

19

26

03

10

17

24

31

07

14

21

28

05

12

19

26

02

09

16

23

30

06

13

20

27

Fonte: Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, em “http://pdet.mte.gov.br/beneficio-emergencial”.

A Tabela 5 desagrega esses contratos por setor de atividade, gênero e faixa etária. Como esperado, mais
da metade dos contratos estão na área de serviços, seguidos por Indústria (~4 milhões) e Comércio (~3,8
milhões). Na divisão por gênero, mulheres possuem 800.000 contratos a mais, já a distribuição por faixa
etária parece seguir a distribuição da população de trabalhadores formais, com uma concentração nas
idades de 30 a 50 anos. A Tabela A.2, no Apêndice, mostra esses contratos por tipo e divididos por entes
da federação.

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 23/30

XX Tabela 5. Quantidade de acordos por gênero, faixa etária e setor de atividade (01/04/2020 a 02/10/2020)

Setores

Agropecuária 51.699

Comércio 4.601.310

Construção 425.462

Indústria 3.882.992

Não Informado 153.734

Serviços 9.394.088

Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais 2.327.008

Alojamento e alimentação 2.296.932

Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas 2.143.393

Outros serviços 893.034

Serviços domésticos 314.231

Transporte, armazenagem e correio 1.419.490

Total 18.509.285

Genero Faixa etária

Masculino 8.876.886 0 a 17 173.343

Feminino 9.611.426 18 a 24 2.920.145

Total 18.509.285 25 a 29 2.989.749

30 a 39 5.693.476

40 a 49 4.003.681

50 a 64 2.558.393

65>= 163.945

Total 18.509.285

Fonte: Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, em “http://pdet.mte.gov.br/beneficio-emergencial”.

3.2.2 Auxílio Emergencial


O Auxílio Emergencial (AE), foi instituído pela Lei nº 13.982/2020, em 2 de abril de 2020, e complementa o
BEm ao ser direcionado ao trabalhador sem vínculo formal de emprego. Originalmente durante o período
de 3 meses concedeu auxílio emergencial no valor de R$ 600,00.
São elegíveis pessoas que atendam aos seguintes critérios:
ff maior de 18 (dezoito) anos de idade, salvo no caso de mães adolescentes;
ff não tenha emprego formal ativo;
ff não seja titular de benefício previdenciário ou assistencial ou beneficiário do seguro-desemprego
ou de programa de transferência, exceto o Bolsa Família
ff cuja renda familiar mensal per capita seja de até 1/2 (meio) salário mínimo ou a renda familiar
mensal total seja de até 3 (três) salários mínimos;

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 24/30

ff que, no ano de 2018, não tenha recebido


rendimentos tributáveis acima de O Gráfico 25 mostra os gastos
R$ 28.559,70;
já executados com o Auxílio
ff que exerça atividade na condição Emergencial. Em setembro de
de: microempreendedor individual
(MEI); contribuinte individual do RGPS; 2020 o total já chegava a mais
trabalhador informal, seja empregado, de 230 bilhões de reais, o que
autônomo ou desempregado, de qualquer corresponde a mais de 3% do
natureza, inclusive o intermitente inativo,
inscrito no Cadastro Único.
PIB de 2019.
O recebimento do auxílio emergencial está
limitado a 2 membros da mesma família e caso
seja mais vantajoso o auxílio emergencial substituirá, temporariamente, o benefício do Programa Bolsa
Família. A mulher provedora de família monoparental receberá 2 cotas do auxílio, totalizando R$ 1.200.
Em 2 de setembro, a MP nº 1.000 estendeu o benefício até 31 de dezembro, com um valor reduzido a
R$ 300,00. O Gráfico 25 mostra os gastos já executados com o Auxílio Emergencial. Em setembro de 2020
o total já chegava a mais de 230 bilhões de reais, o que corresponde a mais de 3% do PIB de 2019. Em
setembro já pode ser observado a redução nos gastos ocasionado pela redução das parcelas de R$ 600
para R$ 300.

XX Gráfico 25. Gastos da União com benefícios do Auxílio Emergencial (AE)

50,0
45,8 45,3
44,7
45,0
41,1
40,0
35,8
35,0

30,0
24,0
25,0

20,0

15,0

10,0

5,0

0,0
Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro

Fonte: Monitoramento dos Gastos da União com Combate à COVID-19, em: https://www.tesourotransparente.gov.br/visualizacao/painel-de-
monitoramentos-dos-gastos-com-covid-19

O Gráfico 26 usa dados da PNAD Covid para estimar a proporção da população brasileira que reside em
domicílios que receberam algum benefício emergencial devido à pandemia. A partir de julho, é estimado
que pelo menos metade da população se encontra nessa situação. Além disso, existem diferenças
entre as regiões geográficas, no Norte e Nordeste mais de 60% da população recebe auxílios devido
à pandemia. O Gráfico 27 usa a PNAD Covid para decompor a média dos rendimentos domiciliares do
quintil de domicílios mais pobre entre os diferentes tipos de rendimento captados pela pesquisa. Fica
claro a importância das transferências de emergência em resposta a pandemia. Em todos os meses mais
de 40% do rendimento médio dos domicílios mais pobres é proveniente desses auxílios.

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 25/30

XX Gráfico 26. Percentual da população em domicílios que receberam algum auxílio emergencial
relacionado a pandemia (%)

80%

67 4%
%
67 %

65 %
70%

,6

%
66 %
,
,6

,1
,9
,5
66

65
61,5% 61,2%
60%
50 7%
%
50 %

,6
,5
,

46 9%
%
49

46 %
50%

,9
,1
,
43 %
%

46
44,7%

,2
43%

,1
,5
41,1%

41
40%

35 %
%
35 %
,8
,8
36,1%

,6
34
30,6%
30%

20%

10%

0%
Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro Oeste
Maio Junho Julho Agosto

Fonte: PNAD-Covid, IBGE.

XX Gráfico 27. Decomposição da renda efetiva média domiciliar dos domicílios 20% mais pobres,
em R$ de agosto de 2020

1.600,00

1.400,00

1.200,00

1.000,00

800,00

600,00

400,00

200,00

0,00
Maio Junho Julho Agosto

Renda do trabalho Renda de aposentadoria e pensões Renda de transferências


Renda de Auxílios Emergenciais Outras rendas

Fonte: PNAD-Covid, IBGE.

A Tabela 6 mostra as médias das rendas domiciliares que eram provenientes do trabalho, habitual e
efetiva e da renda domiciliar de todas as fontes, com e sem Auxílio Emergencial. A tabela também mostra
o valor médio do auxílio que os domicílios recebem. Para o país esse valor foi estimado em mais de
R$ 800, acima da parcela de R$ 600, causado provavelmente pela grande quantidade de domicílios com
mães solteiras que têm o direito de receber o benefício duplo. A linhas da tabela dividem os domicílios de
acordo com a distribuição de renda, sendo o primeiro quintil os domicílios 20% mais pobres. Em agosto o
auxílio emergencial aumentou em mais de 70% a renda domiciliar média dos domicílios mais pobres,
e em quase 40% a renda do quintil seguinte.

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 26/30

XX Tabela 6. Comparação das médias da renda domiciliar de todos os trabalhos, habitual e efetiva,
e da média do valor recebido pelo auxílio emergencial – maio e agosto de 2020

Renda domiciliar Renda domiciliar Renda domiciliar Renda domiciliar


Maio de Média auxílio
habitual média de efetiva média de efetiva média sem efetiva média com
2020 emergencial
todos os trabalhos todos os trabalhos AE AE

Brasil 2.770,01 2.257,86 853,44 3.350,71 3.752,96

1º Quintil 1.020,92 414,03 884,76 616,88 1.101,05

2º Quintil 1.417,72 992,40 896,48 1.476,35 1.983,78

3º Quintil 1.630,23 1.282,00 834,92 2.123,51 2.457,92

4º Quintil 2.833,74 2.395,63 786,76 3.362,33 3.612,33

5º Quintil 7.014,55 6.268,80 739,73 8.615,50 8.701,19

Renda domiciliar Renda domiciliar Renda domiciliar Renda domiciliar


Agosto de Média auxílio
habitual média de efetiva média de efetiva média sem efetiva média com
2020 emergencial
todos os trabalhos todos os trabalhos AE AE

Brasil 2.708,47 2.427,66 904,58 3.578,28 4.061,22

1º Quintil 779,64 540,39 945,87 788,67 1.360,68

2º Quintil 1.330,88 1.110,02 902,57 1.574,20 2.198,05

3º Quintil 1.585,77 1.383,33 879,80 2.266,92 2.627,31

4º Quintil 2.891,54 2.595,81 867,10 3.556,04 3.882,75

5º Quintil 6.981,47 6.534,83 910,09 8.985,30 9.105,82

4. Conclusões
O presente relatório apresentou a situação da economia e mercado de trabalho brasileiro, antes e
durante a crise do novo Coronavírus, sempre que possível comparando com a recessão de 2015. Foram
utilizados dados de pesquisas domiciliares como a PNAD Contínua e PNAD Covid, além de registros
administrativos como o CAGED e RAIS.
De acordo com o conjunto de dados analisados, primeiramente, é preciso reconhecer que a crise atual é
sem precedentes. Em vários indicadores são observados valores inéditos nas séries históricas, mesmo
comparando com a recessão anterior, a maior já enfrentada no Brasil até recentemente.
Em segundo lugar, observa-se que a crise de 2020 afetou os setores econômicos de maneira
heterogênea. Em todos os indicadores, o setor de Alojamento e Alimentação sofreu perdas impactantes.
Usando os dados de população ocupada da PNAD Contínua, o setor de Trabalho Doméstico também
foi afetado fortemente pela crise, com o complicador dado pelo fato de que o setor é caracterizado por
rendimentos e escolaridade baixos, alto grau de informalidade e composto principalmente por mulheres.
Além disso, tanto o setor de alimentação como o de trabalho doméstico tiveram mais de um quinto de
seus trabalhadores afastados sem remuneração no início da pandemia.
Outra observação é que o trabalho informal foi o mais afetado na crise de 2020, ao ponto de levar a taxa
de informalidade a um crescimento nos últimos dados analisados. Caso a recuperação seja similar a que
ocorreu após a recessão de 2015, é esperado que o trabalho informal seja o primeiro a responder também.
Finalmente, é preciso destacar a transição direta de trabalhadores da ocupação para a inatividade, o
que no primeiro momento da crise manteve a taxa de desemprego em níveis mais baixos e fez com que

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 27/30

a taxa de inatividade chegasse a


níveis recordes. Os últimos dados [...] a crise atual é sem precedentes.
disponíveis da PNAD Contínua
Em vários indicadores são observados
mostram que pelo menos metade
da população em idade ativa está valores inéditos nas séries históricas,
sem trabalhar. mesmo comparando com a recessão
A segunda parte do relatório anterior, a maior já enfrentada no
resumiu e categorizou as principais Brasil até recentemente.
medidas de combate à crise
causada pela pandemia. No Pilar 1,
que é composto de medidas de estímulo à economia, foram incluídas medidas do Governo Federal que
facilitam a administração do orçamento e de transferências de recurso para os entes federativos. Outras
medidas são provenientes do Banco Central e visaram a liberação de capital e provisão de liquidez, e de
acordo com seus cálculos podem ter um impacto de mais de 30% do PIB. As últimas medidas do primeiro
pilar são políticas de linhas de crédito especiais e garantias para micro, pequenas e médias empresas.
As próximas medidas analisadas são parte do Pilar 2, de estímulo a manutenção do emprego e renda.
O Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) é focado no trabalho formal e
permite a redução da jornada ou suspensão temporária do trabalho, de forma a preservar esses vínculos
durante a crise. De forma crucial, institui um benefício para esses trabalhadores de forma a preservar
sua renda, e seu cálculo é progressivo e, portanto, a taxa de reposição é maior para trabalhadores
com menor renda. Em setembro, mais de 18 milhões de contratos foram negociados nas diferentes
modalidades do programa.
O segundo programa incluído no Pilar 2 aqui analisado foi o Auxílio Emergencial (AE), que complementa
o BEm, focando na população de trabalhadores informais e domicílios de baixa renda. A extensão e
valor relativamente alto do programa foi extremamente importante na preservação dos rendimentos da
população de baixa renda no país durante a crise atual.
Os programas listados aparentam ter cumprido sua função de preservação da renda da população
mais vulnerável, em face à deterioração do mercado de trabalho. Entretanto, os indicadores de trabalho
indicam que a recuperação pode demorar mais tempo que os prazos do programa, logo é necessário a
transição desses programas emergenciais para outros de médio ou longo prazo.
Nesse sentido, estão sendo discutidos novos dispositivos e/ou políticas para a recuperação econômica
do país, tanto no âmbito legislativo como no Governo Federal. Os mecanismos de “porta de saída” do
AE poderiam, por exemplo, incluir algum tipo de renda cidadã voltada para a população em situação de
vulnerabilidade (incluindo nesse grupo as famílias que já são beneficiárias do Bolsa Família). Mas esse
tipo de proposta esbarra nas dificuldades existentes em termos de espaço fiscal.
A saída capaz de favorecer essa recuperação parece complexa, já que a economia precisaria de uma
retomada vigorosa em um contexto ainda muito incerto, não somente pelos rumos da pandemia,
mas também pelas condições que deverão ser enfrentadas nos próximos meses. O fim do auxílio
emergencial, já a partir de janeiro de 2021, significará na prática menos consumo das famílias, que
também já enfrentam dificuldades com a alta da inflação (especialmente dos alimentos). Além disso,
muitas empresas faliram durante a pandemia e outras aguardam um panorama mais seguro para
investir ou expandir suas operações.
Diante desse cenário, indicadores tradicionais de mercado de trabalho como os aqui analisados, além
de outros que podem trazer indícios relacionados com a subutilização da mão de obra, o volume de
subocupados e desalentados, precisam ser acompanhados de perto. A situação da informalidade no
país também não pode ser perdida de vista, sob pena de que se perca a oportunidade de elaborar e
implementar políticas públicas adequadas aos desafios do momento.

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 28/30

5. Apêndice

XX Tabela A.1. Rendimentos efetivos do trabalho principal (R$ 2020), no 2º trimestre

2016.2 / 2019.2 / 2020.2 /


2012.2 2013.2 2014.2 2015.2 2016.2 2017.2 2018.2 2019.2 2020.2
2014.2 2014.2 2014.2

Agropecuária 1.199 1.243 1.299 1.246 1.192 1.337 1.339 1.328 1.353 0,92 1,02 1,04

Ind. geral 2.232 2.287 2.317 2.375 2.301 2.322 2.409 2.380 2.477 0,99 1,03 1,07

Construção 1.803 1.973 1.928 1.813 1.854 1.752 1.749 1.727 1.710 0,96 0,90 0,89

Comércio 2.071 2.162 2.229 2.131 2.014 2.018 2.043 1.964 1.848 0,90 0,88 0,83

Transp.,armaz.
2.372 2.404 2.439 2.358 2.305 2.277 2.290 2.272 2.027 0,95 0,93 0,83
e correio

Aloj. e Alimt. 1.638 1.638 1.712 1.603 1.555 1.510 1.543 1.407 1.193 0,91 0,82 0,70

Informação, Comunic.
3.183 3.264 3.426 3.351 3.280 3.332 3.383 3.353 3.088 0,96 0,98 0,90
e serv.p/empr.

Adm.Publ. 3.625 3.710 3.813 3.894 4.177 4.156 4.271 4.441 4.378 1,10 1,16 1,15

Educação 2.478 2.557 2.644 2.722 2.645 2.681 2.733 2.836 2.938 1,00 1,07 1,11

Saúde 3.168 3.183 3.306 3.532 3.275 3.339 3.667 3.510 3.259 0,99 1,06 0,99

Outros serviços 1.756 1.775 1.807 1.808 1.675 1.674 1.717 1.676 1.426 0,93 0,93 0,79

Trab. dom. 835 862 910 919 923 920 925 909 834 1,01 1,00 0,92

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 29/30

XX Tabela A.2. Quantidade e tipos de acordos por UF (01/04/2020 a 02/10/2020)

Redução Redução Redução


Estados Intermitente Suspensão Total
25% 50% 70%

ACRE 207 2.850 6.213 9.621 15.591 34.482

ALAGOAS 1.214 12.766 30.458 57.882 82.348 184.668

AMAPA 223 1.739 5.349 6.792 16.562 30.665

AMAZONAS 2.333 27.373 34.339 23.613 77.723 165.381

BAHIA 7.624 107.883 177.723 255.119 433.247 981.596

CEARA 5.518 58.815 141.995 254.583 391.480 852.391

DISTRITO FEDERAL 7.545 37.517 39.700 62.760 142.661 290.183

ESPIRITO SANTO 5.416 50.689 55.520 67.973 146.919 326.517

GOIAS 3.924 42.491 73.528 105.253 262.734 487.930

MARANHAO 3.551 21.867 40.989 40.414 87.102 193.923

MATO GROSSO 2.176 14.914 27.979 21.322 65.326 131.717

MATO GROSSO DO SUL 1.499 14.075 22.488 20.316 46.607 104.985

MINAS GERAIS 18.901 204.662 307.774 401.530 791.827 1.724.694

NÃO INFORMADO 977 16.081 44.256 33.276 49.393 143.983

PARA 3.108 26.354 56.439 37.489 112.076 235.466

PARAIBA 2.286 20.720 40.534 75.509 129.416 268.465

PARANA 12.398 158.680 192.854 182.846 425.250 972.028

PERNAMBUCO 7.574 56.964 136.856 207.053 337.282 745.729

PIAUI 1.190 13.916 31.929 68.520 124.334 239.889

RIO DE JANEIRO 18.851 239.948 345.044 495.040 808.892 1.907.775

RIO GRANDE DO NORTE 3.011 18.711 44.007 73.623 126.337 265.689

RIO GRANDE DO SUL 7.668 198.050 249.992 228.232 464.684 1.148.626

RONDONIA 636 5.723 16.935 13.398 32.857 69.549

RORAIMA 163 1.701 2.605 3.483 8.155 16.107

SANTA CATARINA 7.934 172.064 171.863 145.801 319.053 816.715

SAO PAULO 54.523 1.152.545 1.140.113 1.144.275 2.472.349 5.963.805

SERGIPE 913 10.852 31.215 40.270 81.244 164.494

TOCANTINS 212 5.300 9.860 7.262 19.199 41.833

Total 181.575 2.695.250 3.478.557 4.083.255 8.070.648 18.509.285

Fonte: Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, em “http://pdet.mte.gov.br/beneficio-emergencial”.

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia


XX Panorama do Trabalho em tempos de COVID-19
Relatório técnico do país  Brasil › Impacto da Pandemia da COVID-19 sobre o Mercado de Trabalho 30/30

5. Bibliografia e Referências

CAVALCANTI, M.; SOUZA JÚNIOR, J.; CARVALHO, L. Atividade econômica: PIB no segundo trimestre de
2020. Brasília, setembro 2020. IPEA, Carta de Conjuntura nº 48.
ZYLBERSTAJN, E.; SOUZA, A. P. The ins and outs of unemployment in a dual labor market. In: ENCONTRO
NACIONAL DE ECONOMIA, 43., 2015, Florianópolis, Santa Catarina. Anais... Florianópolis:
Anpec, 2015.
CORSEUIL, C; FRANCA, M. Inserção dos jovens no mercado de trabalho em tempos de crise. Brasília,
novembro 2020. IPEA, Boletim de Mercado de Trabalho nº 70.
COSTA, J.; REIS, M. Uma análise da MP 936 sobre os rendimentos dos trabalhadores e a renda domiciliar
per capita. Brasília, maio 2020. IPEA, Nota Técnica nº 71.
SACCHET, S. Os efeitos da pandemia sobre os rendimentos do trabalho e o impacto do auxílio
emergencial: os resultados dos microdados da PNAD Covid-19 de junho. Brasília, novembro 2020.
IPEA, Carta de Conjuntura nº 48.
SILVA, Mauro Santos. Política econômica emergencial orientada para a redução dos impactos da
pandemia da Covid-19 no Brasil: medidas fiscais, de provisão de liquidez e de liberação de capital.
Brasília, julho 2020. IPEA, Texto para discussão 2576.

#MeuFuturoDoTrabalho

XX  OITBrasil XX  oit_brasil XX ilo.org/brasilia

Você também pode gostar