0% acharam este documento útil (0 voto)
43 visualizações30 páginas

Cap 8

O documento discute os custos de colheita florestal, definindo termos como custos fixos, variáveis, totais e médios. Ele também apresenta componentes de custo como salários e equipamentos, e formas de pagamento da mão-de-obra.

Enviado por

RobertaGlendha
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
43 visualizações30 páginas

Cap 8

O documento discute os custos de colheita florestal, definindo termos como custos fixos, variáveis, totais e médios. Ele também apresenta componentes de custo como salários e equipamentos, e formas de pagamento da mão-de-obra.

Enviado por

RobertaGlendha
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 30

8

Custos
Márcio Lopes da Silva
Professor Adjunto da UFV
Gabriel de Magalhães Miranda
Professor Adjunto da UNICENTRO
Sidney Araújo Cordeiro
Mestrando em Ciência Florestal/ UFV

Introdução
Seria muita pretensão querer abordar o tema “custo de colheita”
em um único capítulo, pois as metodologias usadas para calcular esses
custos variam de uma literatura para outra, de empresa para empresa,
de acordo com a situação em que elas atuam do sistema utilizado etc.
Os custos de colheita são aqueles relacionados com as operações
que vão desde a roçada pré-corte, abate, desgalhamento, traçamento,
descascamento, extração ou extração e o empilhamento da madeira ou
matéria-prima florestal na beira da estrada, em um pátio intermediário
ou estaleiro. Dependendo da situação da floresta ou do sistema
adotado, alguma das operações pode não existir ou, em alguns casos,
duas ou mais operações serem agregadas em uma única atividade.
Exemplos dessas situações seriam, respectivamente, a roçada pré-corte
não ser necessária, em razão da ausência de sub-bosque, e o caso de as
operações de derrubada, descascamento e traçamento serem executadas
simultaneamente por uma única máquina.
216 Silva, Miranda e Cordeiro

Os custos de colheita representam, em alguns casos, mais de


50% do custo total da madeira posta na indústria. Por isso, as
operações relacionadas a esta atividade merecem um planejamento
rigoroso, a fim de reduzir estes custos (Moreira, 1992).
A evolução dos custos de produção de madeira de oito empresas
do setor de celulose, no período de 1988 a 1996, é apresentada na
Figura 8.1. Observa-se que o custo de colheita foi o item de maior
valor em todos os anos. Considerando os valores médios dos custos
para o período, o custo de colheita (US$9,30/m3) representou, em
média, 47,7% do custo total da madeira colocada no pátio da indústria
(US$19,50/m3).
Por ser um assunto muito extenso, este capítulo tem o objetivo
de apenas abordar algumas questões relativas ao tema, apresentando
exemplos simples para facilitar o entendimento, servindo, portanto,
como um referencial teórico para nortear os leitores. Cabe, porém, aos
técnicos da área adequar as metodologias aqui abordadas à realidade
das empresas e ao contexto em que se encontram (Figura 8.1).

Valor (R$/m3)
30

25 25,08

21,45
20 20,47 19,89
18,7 18,98
17,82 18,28

15 14,87

Exaustão
10
Colheita
Transporte
5 Total

0
1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996
( Ano da Colheita)

Figura 8.1 - Evolução da média dos custos de produção de madeira de


oito empresas do setor de celulose, no período de 1988 a
1996 (Jacovine et al.,1997).
Custos 217

Definições
Neste capítulo, são apresentadas primeiramente algumas
definições importantes para o pleno entendimento do assunto.
Os custos muitas vezes são confundidos com despesas e gastos,
mas, em economia, estas palavras têm significados diferentes. As
despesas são entendidas como o valor de todo o pagamento a vista ou
a crédito realizado pela empresa, com ou sem compensação produtiva.
Pagamentos de salários e de insumos são exemplos de despesas com
compensação produtiva. Já as doações a entidades não o são. Os
gastos são todos os desgastes de valores ou de materiais e energia
expressos em valores dentro da empresa. Os gastos surgem no
momento do consumo, e as despesas, quando há desembolso para o
pagamento. Um exemplo seria o consumo de energia representando o
gasto e o pagamento dessa energia, a despesa. Os custos são
representados pela soma de todos os valores consumidos no processo
produtivo (Speidel, 1966).
Os custos referem-se ao dispêndio efetuado por uma firma,
empregado em recursos utilizados em seu processo produtivo. Estes
custos podem ser explícitos, implícitos ou custos indiretos, fixos,
variáveis, totais, médios e marginais, conforme descritos a seguir:
a) Custos explícitos – são dispêndios que ocorrem na empresa,
entendidos normalmente como despesas da firma, ou seja, há por parte
dela o desembolso monetário, como é o caso do pagamento por fatores
utilizados no processo produtivo. Esses custos também são chamados
de diretos.
b) Custos implícitos ou custos indiretos – são provenientes do uso de
recursos próprios e, por essa, razão, não envolvem um desembolso
monetário. Como exemplo, tem-se o custo de oportunidade da terra,
pelo uso de uma área de propriedade da empresa, ou a utilização de
mão-de-obra do próprio dono da firma e de seus familiares.
c) Custos fixos – são custos da firma que ocorrem independentemente
do nível de produção, como depreciação, juros, impostos, seguros,
aluguéis.
d) Custos variáveis – ocorrem somente a partir da produção de uma
unidade do produto e variam à medida que a produção aumenta. Por
exemplo, os custos com os insumos utilizados na produção.
218 Silva, Miranda e Cordeiro

e) Custos totais – correspondem à soma dos custos fixos e variáveis


da firma. As curvas de tendência desses custos são mostradas na
Figura 8.2.

$ Custo

Custo variável

Custo fixo total

Quantidade

Figura 8.2 - Curvas de comportamento do custo fixo total, custo


variável total e custo total.

f) Custos médios – correspondem em termos médios aos custos de


produção de uma unidade do produto. São obtidos dividindo-se os
custos fixos, variáveis e totais pela quantidade produzida. Nesse
caso, têm-se os custos fixo médio, variável médio e total médio,
respectivamente. Dessa forma, há as funções de custo fixo médio,
custo variável médio e custo total médio, que são mostradas na
Figura 8.3.
g) Custos marginais – correspondem ao custo adicional necessário
para produzir uma unidade a mais de um determinado bem.
Matematicamente, é a razão entre a variação no custo total e a
variação na produção. A curva correspondente ao custo marginal é
mostrada na Figura 8.3.
Custos 219

$
Custo

Custo total médio


Custo variável médio

Custo fixo médio


Quantidade

Figura 8.3 - Curvas de custos médios (fixo, variável e total) e


marginal.

Os custos podem ocorrer a curto e a longo prazos:

Curto prazo – período de tempo em que a firma consegue variar


alguns recursos, porém, não todos, como é o caso de equipamentos,
construções, terra etc. Estes recursos são fixos. Assim, a curto prazo,
uma empresa pode minimizar seus custos ou maximizar seus lucros,
com base no tamanho da planta, capacidade produtiva ou condições de
funcionamento atuais, deixando para o longo prazo a busca da
estrutura ideal, que é o dimensionamento do tamanho da planta ou a
quantidade de equipamentos que lhe proporcione o menor custo médio
de produção.
Longo prazo – período de tempo em que todos os fatores são
variáveis, inclusive a planta ou o tamanho da empresa, ou seja, é o
período suficiente para que a empresa consiga mudar até mesmo o
tamanho de sua planta. Nesse caso, o empresário pode encontrar
aquela planta que lhe ofereça o menor custo médio de produção.

Componentes do Custo de Produção


A seguir, serão apresentados alguns custos envolvidos na
colheita florestal.
220 Silva, Miranda e Cordeiro

Custos de Salários
São os custos provenientes do pagamento de mão-de-obra, nos
diversos setores da empresa.
As formas mais comuns de pagamento de salários são:
• mensal – salário fixo e pago periodicamente;
• por tarefa ou empreitada – pago por serviço concluído; e
• misto – o funcionário recebe um salário-base mensal e um adicional
como prêmio, a partir de certo nível de produção.
Os aspectos que devem ser considerados quanto às formas de
pagamento da mão-de-obra são:
a) Salário mensal (ou por dia/hora) – é mais indicado para aqueles
trabalhos que devem ser realizados com precisão e cuidado (requer
alta qualidade). Nesse caso, deve-se controlar a quantidade de trabalho
executado. Ex.: operadores de Harvester.
b) Salário por tarefa ou empreitada – é mais indicado para aqueles
trabalhos que não exigem muito cuidado ou precisão. Nesse caso, a
produção é elevada, mas deve-se controlar a qualidade do serviço,
porém sem muita rigidez. Ex.: roçadas pré-corte e várias operações de
colheita semimecanizada.

Encargos Sociais e Benefícios


Os encargos sociais e benefícios estão diretamente ligados aos
custos de salários e se destinam a promover segurança e bem-estar
social. Podem representar entre 50 e 100% do valor do salário. Esta
variação ocorre de acordo com o tipo de atividade da empresa e com
os benefícios oferecidos aos funcionários.
Os encargos sociais e benefícios dividem-se em:
- obrigatórios (Encargos sociais) – INSS, férias, 13o salário, FGTS,
dentre outros; e
- voluntários (Benefícios) – moradia, água, luz, alimentação,
transporte, plano de saúde, seguros etc.
Custos 221

Custos Operacionais
Os custos operacionais referem-se ao somatório de todos os
custos resultantes da aquisição e operação de uma máquina ou de um
equipamento (Machado e Malinovski, 1988). Várias são as
metodologias de cálculo do custo de máquinas, que podem diferenciar
de acordo com o tipo de máquina ou fabricante. Basicamente, no
cálculo dos custos de máquinas, devem-se considerar:

a) Custos fixos
Depreciação; juros; garagem; seguros; e impostos.

b) Custos variáveis
Reparos e manutenção; salário do operador; e combustível.

A seguir, tem-se um exemplo (simplificado) do cálculo do


custo/hora de um trator florestal:
a) Dados
Valor de aquisição: US$25.000,00
Valor de revenda: US$2.500,00
Vida útil: 6 anos
Taxa de juros: 12% ao ano
Garagem: US$1.000,00/ano
Seguros e impostos: US$2.000,00/ano
Salário do operador: US$210,00/mês
Encargos sociais: 68% do salário
Manutenção: 20% do salário do operador, incluindo os
encargos sociais

Consumo de combustível: 5 litros/hora


1 litro = US$0,50
Reparos: 50% da depreciação
b) Cálculos
b.1) Custo fixo total ( CFT/ano)
- Depreciação: D = V - R = 25.000,00 - 2.500,00
n 6
222 Silva, Miranda e Cordeiro

D = 3.750,00/ano

- Consertos: 3.750,00 * 0,50 = 1.875,00/ano


- Juros: J = V/2 * i
J = (25.000,00/2) * 0,12
J = 1.500,00/ano
- Garagem: 1.000,00/ano
- Seguros e impostos: 2.000,00/ano
- CFT: 10.125,00/ano

b.2) Custos variáveis ( CV / hora)


- Salário operador: 25 dias por mês - 8 horas por dia
(210, 00 * 1,68) / (25 * 8) = 1,76/hora
- Manutenção: 1,76 * 0,20 = 0,35/hora
- Combustível: 0,50 x 5 = 2,50/hora
- CV / hora: 4,61/hora

Os custos do trator variam de acordo com a quantidade de horas


trabalhadas no ano. Os cálculos são apresentados no Quadro 8.
Observa-se que quanto maior o número de horas trabalhadas por ano,
menor o CFMe e, conseqüentemente, menor o CTMe. É importante e
relativamente fácil verificar a viabilidade de adquirir ou alugar uma
máquina ou equipamento. Por exemplo, se o preço de aluguel de um
trator é US$10,00/hora, quantas horas no ano um trator deve operar
para justificar a sua aquisição pela empresa?

CTMe = CFMe + CVMe


CTMe = (CFT/x ) + CVMe
10,00 = (10.125,00/x) + 4,61
(10.125,00/x) = 5,39  x = 1.878 horas
Custos 223

Quadro 8 - Custo do trator de acordo com as horas trabalhadas no ano


Horas de Custo fixo/hora Custo variável Custo total /hora
trabalho/ano (CFMe) médio (CVMe) (CTMe)
500 20,25 4,61 24,86
1.000 10,12 4,61 14,73
1.500 6,75 4,61 11,36
2.000 5,06 4,61 9,67

Resposta: se o propósito é trabalhar com o trator menos de


1.878 horas por ano, é mais conveniente alugá-lo, pois o custo será
menor. Caso contrário, é vantajoso para a empresa comprá-lo. Assim,
a partir desses cálculos, identifica-se o ponto de equilíbrio ou de
nivelamento, ou seja, aquele número de horas que a máquina deve
trabalhar por ano a fim de justificar sua aquisição (Figura 8.4).
$/h

30

25

20 CT

15
Preço de aluguel
10

0
500 1.000 1.500 1.878 2.000 horas trabalhadas

Figura 8.4 - Custo total médio (CTMe) em razão do número de horas


trabalhadas.
224 Silva, Miranda e Cordeiro

Custos de depreciação
Os custos de depreciação correspondem àqueles provenientes
de bens que não são consumidos em um ano, bens de capital, como é o
caso das máquinas e dos equipamentos de colheita florestal. Estes
custos são incluídos no rol dos custos fixos das máquinas e dos
equipamentos, pois referem-se aos custos inerentes do processo
natural de desvalorização pelo qual passam os ativos, ao longo de sua
vida útil. As causas da existência desses custos são a desvalorização
que ocorre com o passar do tempo, devido à ferrugem e ao desgaste
físico, em razão do uso, ou pela obsolescência tecnológica, com o
surgimento de máquinas mais modernas e eficientes.
Existem vários métodos de cálculo da depreciação, dentre eles
serão mostrados o método linear de depreciação e método
exponencial, conforme descritos subseqüentemente.

Método linear de depreciação


Neste método, o valor depreciável, ou seja, a diferença entre o
valor de aquisição (Va) e o valor de revenda (Vr) é dividido pelo
período de utilização, sendo o valor depreciado constante em qualquer
ponto da vida útil do ativo. Dessa forma, a taxa de depreciação é
variável ao longo da vida útil do ativo, tomando-se sempre como base
o seu valor residual no período anterior.
Tem-se que
Va − Vr
D=
n
em que
D = quota anual de depreciação;
Va = valor de aquisição;
Vr = valor de revenda ao final da vida útil; e
n = vida útil esperada.

O valor de revenda ao longo da vida útil é mostrado na


Figura 8.5.
Custos 225

$ Valor de
revenda
a

r
(anos)

Figura 8.5 - Valor de revenda ao longo da vida útil, pelo método linear
de depreciação.

Método exponencial (Matheson)


Neste método, a depreciação de um ativo obedece à uma taxa
que pode ser ou não fixa, que incide sempre sobre o valor residual
referente ao período anterior, sendo a quota de depreciação variável ao
longo de sua vida útil, crescendo ou decrescendo exponencialmente.
As curvas de depreciação exponencial são mostradas na Figura 8.6. O
valor residual do ativo pode ser calculado em qualquer ponto de sua
vida útil, por meio da expressão:

Vn = Va (1 − T )
n

em que
Vn = valor do ativo no período “n”;
Va = valor de aquisição;
T = taxa de depreciação; e
n = período.

T= n
Vn / Vo
226 Silva, Miranda e Cordeiro

Valor de Depreciação
revenda crescente
a
Depreciação
decrescente

r
(anos)

Figura 8.6 - Valor residual para depreciação crescente e decrescente.

Calcula-se o valor depreciado em um determinado período pela


diferença entre o valor residual no período n e o valor correspondente
no período n+1.
Além dos métodos de cálculo aqui apresentados, tem-se ainda o
Método da Soma de Dígitos, Método do Fundo de Renovação
(Sinking fund), Método da Soma Inversa dos Dígitos e o Método do
Declínio em Dobro, todos eles detalhados no trabalho de Rezende et
al. (1997). Segundo esse autor, não há método que seja superior aos
demais em todas as circunstâncias, pois um método que melhor se
adapta a uma máquina ou equipamento não será, necessariamente, o
melhor para um outro ativo.
No Brasil, a legislação referente à forma de cálculo da
depreciação, para fins de cálculo de Imposto de Renda é bastante
rigorosa e estabelece o método linear como padrão, prevendo, em
alguns casos, a possibilidade de uso de outros métodos. Espera-se que,
devido à pressão do setor produtivo, a legislação brasileira passe a
adotar métodos de cálculo de depreciação mais realistas que o método
linear.

Exemplo de depreciação de um trator florestal arrastador.


Valor de aquisição: US$100.000,00
Valor residual: US$15.000,00
Vida útil: 5 anos
Custos 227

Cálculo utilizando o método linear:

100.000 − 15.000
D= = 17.000 / ano
5

Horas efetivas de trabalho por ano


1.000 horas  D = US$17.000,00 / 1.000 = US$17,00/h
2.000 horas  D = US$17.000,00 / 2.000 = US$8,50/h

Cálculo utilizando o método exponencial (Matheson):

T= n
Vn / Vo
T = 1 - 5 15.000 / 100.000 = 31,57%
Vn = V0(1-T)n
V1 = 100.000(1 - 0,3157)1 = 68.425,54
V2 = 100.000(1 - 0,3157)2 = 46.820,55
V3 = 100.000(1 - 0,3157)3 = 32.037,21
V4 = 100.000(1 - 0,3157)4 = 21.921,64
V5 = 100.000(1 - 0,3157)5 = 15.000,00
Depreciação:
Ano 1: D = V0 - V1 = 100.000 – 68.425,54 = 31.574,43
Ano 2: D = V1 - V2 = 68.425,54 – 46.820,55 = 21.604,51
Ano 3: D = V2 - V3 = 46.820,55 - 32.037,21 = 14.783,34
Ano 4: D = V3 - V4 = 32.037,21 - 21.921,64 = 10.115,34
Ano 5: D = V4 - V5 = 21.921,64 – 15.000 = 6.922,38
Horas efetivas de trabalho por ano:
1.000 horas:
Ano 1: D = US$31.574,43/1000 = US$31,57/h
Ano 2: D = US$21.604,51/1000 = US$21,60/h
Ano 3: D = US$14.783,34/1000 = US$14,78/h
Ano 4: D = US$10.115,34/1000 = US$10,15/h
Ano 5: D = US$6.922,38/1000 = US$6,92/h

2.000 horas:
Ano 1: D = US$31.574,43/2000 = US$15,78/h
228 Silva, Miranda e Cordeiro

Ano 2: D = US$21.604,51/2000 = US$10,80/h


Ano 3: D = US$14.783,34/2000 = US$7,39/h
Ano 4: D = US$10.115,34/2000 = US$5,06/h
Ano 5: D = US$6.922,38/2000 = US$3,46/h

Substituição de máquinas
A grande influência do custo de depreciação na formação dos
custos operacionais da colheita florestal faz com que se atente para a
importância da determinação do tempo ótimo de substituição das
máquinas e dos equipamentos utilizados nestas operações, e que é
oportunamente proveitoso para o leitor que seja aberto um pequeno
parêntese dentro do item dos custos de depreciação para que, sem tecer
muitos detalhes, se faça uma pequena abordagem sobre o assunto e
sejam citados alguns métodos e aplicações da substituição dessas
máquinas e equipamentos. A primeira pergunta que vem à mente é o
porquê de as máquinas e equipamentos utilizados nas operações de
colheita florestal geralmente sofrerem um processo de desgaste mais
acentuado que os similares que trabalham em outras condições. O mais
provável é que a resposta esteja exatamente aí, nas condições de
trabalho, sendo o primeiro fator, a própria natureza do material
trabalhado, pois, ao se falar de madeira, vem em mente a idéia de peso,
rusticidade etc. Segundo, pode-se citar a intensidade de trabalho,
porque, em boa parte destas operações, geralmente trabalha-se em dois
ou três turnos, fazendo com que o desgaste seja mais intenso. Terceiro,
poderiam ser citadas as condições naturais de trabalho, pois, em se
tratando de trabalhos de campo, estas máquinas estão muitas vezes
sujeitas às condições adversas de clima, topografia etc. Como exemplo
desta influência, tem-se a colheita florestal realizada em áreas
acidentadas, onde o clima e a topografia atuam diretamente no grau de
dificuldade operacional. Por último, vem a manutenção mecânica, na
maioria das vezes, é realizada no campo, em condições inadequadas e
geralmente aquém daquelas recomendadas pelo fabricante.
Em virtude das situações ora mencionadas, é de grande
importância a determinação da vida útil econômica dessas máquinas e
equipamentos para que a sua substituição seja feita no tempo certo.
Esta determinação é muito útil, uma vez que tanto a substituição
prematura quanto a tardia apresentam conseqüências indesejáveis. Isto
se deve ao fato de que se esta substituição for feita prematuramente, o
Custos 229

proprietário corre o risco de desfazer-se do ativo antes da recuperação


do capital investido. Se for feita tardia, há o risco de prejuízos, em
razão dos altos custos de manutenção e da redução do valor de
revenda (Valverde et al., 1997).
Conforme proposto anteriormente, serão citados subseqüen-
temente alguns métodos utilizados na determinação do tempo de
substituição de máquinas.

Método do custo total médio (CTMe)


Neste método, não se leva em conta a taxa de juros, e os custos
são considerados no final de cada período, tendo-se como instante
ótimo de substituição aquele imediatamente após o n-ésimo período
em que for observado o menor valor para o CTM.

Método do custo anual equivalente (CAE)


Neste método, os custos são considerados no final de cada
período, descapitalizados para o período zero e corrigidos pelo fator
de recuperação do capital. O CAE é o valor presente de todos custos
para “n” períodos. O embasamento para a decisão de substituir ou não
um ativo é dado pela comparação entre o CAE de um período com o
CAE do período consecutivo, da seguinte forma: se o CAE do período
“n” é menor que o CAE do período “n+1”, deve-se substituir o ativo.
Caso contrário, o ativo deve ser mantido.

Método usando funções contínuas


Neste método, supondo-se que os custos e as receitas sejam
funções contínuas, o tempo de substituição pode ser facilmente
determinado com o uso de técnicas de cálculo, observando-se os
pontos de maximização dos lucros ou de minimização dos custos.
Dentro deste método têm-se:
Retirada na sua forma pura (Ciclo Terminal): neste caso a
empresa compra um equipamento e limita seu horizonte de
planejamento sendo o equipamento vendido no final de sua vida útil
econômica.
Substituição parcial e retirada: neste caso ocorre a manutenção
e/ou reforma de peças gastas dos equipamentos ao longo do tempo,
230 Silva, Miranda e Cordeiro

visando recuperá-las, com isso tem-se um tempo maior de vida útil


econômica do equipamento, sendo o mesmo vendido no final de sua
vida útil.
Cadeia de substituição: a substituição é efetuada quando o
equipamento inicia um processo de incapacidade de realização de suas
funções, podendo, entretanto, ser substituído por outro igual ao
primeiro (cadeia de substituição constante) ou por outro mais
funcional, que resulte em redução de custos operacionais e aumento
de eficiência (cadeia de substituição considerando o progresso
tecnológico).
Todos estes métodos são apresentados, de forma detalhada, no
trabalho de Valverde et al. (1997).

Custos de juros
Os custos de juros correspondem ao pagamento pelo uso do
capital e dividem-se em:
- juros reais, quando o capital é emprestado (empréstimo); e
- juros calculados (ou custo de oportunidade do capital), quando o
capital é próprio da empresa.
O capital se divide em:
- bens de duração limitada: ex.: máquinas, instalações e equipamentos
que tem vida útil limitada. A fórmula para cálculo dos juros neste
caso é:
V
J= ⋅i
2
em que
V= valor de aquisição; e
i = taxa de juros.
Exemplo de cálculo dos juros de um trator florestal arrastador:
Valor do capital investido: US$100.000,00
Taxa de juros ( i ): 10 % a. a.
100.000 ,00
J = ⋅ 0 ,10 = US$5.000,00/ano
2
Custos 231

Horas trabalhadas por ano:


1.000 horas  J = US$5.000,00 / 1.000 = US$5,00/h
2.000 horas  J = US$5.000,00 / 2.000 = US$2,50/h

- bens de duração ilimitada: ex.: terra.


A terra é o capital básico de qualquer produtor florestal, sendo
muito importante considerar seu custo na análise econômica,
inclusive para se calcular o custo com estradas florestais. Há várias
possibilidades teóricas de se tratar o custo da terra na atividade
florestal, porém, a mais comum, é considerar os juros sobre o capital
investido, ou seja, refere-se a um custo anual como se fosse um
aluguel da terra.
O custo anual da terra (R) é calculado pela seguinte fórmula:
R = VT ⋅ i
em que
VT = valor da terra, US$/ha; e
i = taxa de juros, % ao ano.
Exemplo:
Valor da terra: US$500,00/ha;
Taxa de juros ( i ): 10% a. a.; e
R = 500,00 * 0,10 = US$50,00/ha . ano.

Custos de Material
Os custos de material surgem do consumo de bens no período
de um ano de trabalho da empresa. Ex.: Equipamentos de proteção
individual (EPI), óleo, ferramentas, dentre outros materiais de
colheita.

Custos de Terceiros
Representam o pagamento às firmas que prestam serviço à
empresa florestal. A colheita e o transporte são um dos trabalhos mais
comuns realizados por terceiros. Esse tipo de serviço requer um
controle rigoroso da qualidade e a quantidade, além de contratos bem
232 Silva, Miranda e Cordeiro

definidos e claros para não trazer problemas à contratante nem ao


terceiro.

Custos de Risco
Os custos de risco são provenientes da possibilidade de
ocorrência de alguns danos dentro de uma empresa florestal, ou seja,
são fatores externos, cujas freqüências, datas e tamanhos são
desconhecidos antecipadamente, e que podem interromper ou
prejudicar a execução das atividades planejadas, exigindo, portanto,
flexibilidade do planejamento para que a empresa possa contornar tais
situações sem maiores complicações. Na colheita, podem ocorrer
acidentes com veículos, por exemplo, tombamento de máquinas,
acidentes com operadores de motosserra, dentre outros. Uma forma de
compensar ou diminuir estes custos é o pagamento de seguros,
deixando-se de ter custos de riscos e passando-se a ter custos de
seguros.

Custos de Impostos
Pode haver taxas, impostos e contribuição no momento da
colheita florestal, embora estejam relacionados também com as
demais atividades das empresas, por exemplo:
Taxa de Cadastro e Registro: é uma taxa de cadastro ou registro da
empresa florestal junto ao órgão gestor. Como, em muitos casos, a
empresa ou o proprietário efetua seu cadastro somente no momento da
colheita, esta taxa, que vale para todo o ano, terá que ser paga.
Taxa Florestal: refere-se a uma taxa cobrada de acordo com o volume
de madeira cortada.
Taxa de Registro de Motosserra: valor pago anualmente e
independente do número de motosserras ou área da empresa.
Taxa de Porte de Motosserra: paga por unidade de motosserra que a
empresa possui e renovada a cada dois anos.
Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadoria e
sobre prestação de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação (ICMS): este imposto pode incidir
sobre o transporte ou circulação da madeira.
Custos 233

Contribuição para o Instituto Nacional de Seguridade Social: é


uma contribuição previdenciária, com base na folha de pagamento de
salários. Parte é paga pelos empregados e parte pela empresa. Uma
vez que na colheita são requeridos muitos funcionários, este valor é
relativamente elevado.
Outros: Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA),
pedágios, contribuições sindicais etc.

Custos da Qualidade
Quando se trata de custos, estes não devem ser vistos apenas
como custo final do bem ou serviço e, sim, serem observados em fases
intermediárias do processo (Campos, 1992). Dentro do contexto da
qualidade, especialistas no assunto interpretam custo da qualidade
como custos da má qualidade, principalmente aqueles para encontrar e
corrigir trabalhos defeituosos (Juram e Grinas, 1991, citados por
Jacovine, 2000).
Robles JR. (1994) agrupa os custos de qualidade em três
categorias, conforme descritas subseqüentemente.

Custo de prevenção
Envolve os gastos com atividades desenvolvidas com o
propósito de assegurar que bens ou serviços defeituosos ou que não
atendam satisfatoriamente a seus requisitos não sejam produzidos.

Custo de avaliação
Refere-se aos gastos em atividades de identificação de bens ou
serviços fora dos padrões exigidos, antes da chegada desses às mãos
do cliente. São custos de monitoramento da qualidade.

Custo de falhas
Refere-se aos custos provenientes de bens e serviços produzidos
de forma não satisfatória. De acordo com a fase em que as
inconformidades são identificadas, estes custos são definidos como
custos de falhas internas ou externas. Internas, quando essa
identificação ocorre antes do despacho ao cliente, e externa, caso
234 Silva, Miranda e Cordeiro

contrário. Estes custos são provenientes de queixas, reclamações e


devoluções do cliente. Estes custos são conhecidos como custos de
não-conformidade.
Jacovine (2000), estudando custos de qualidade na atividade de
colheita florestal, observou um custo correspondente a falhas, no
patamar de 29% do custo total da madeira no primeiro corte. Dentro
da colheita florestal, o custo de falhas pode ser entendido como custo
por operações realizadas de forma não satisfatória, que têm de ser
refeitas ou retocadas. Este mesmo autor observou que, nessa atividade,
os maiores componentes dos custos de qualidade das operações e dos
produtos estão relacionados ao desperdício de material e tempo, sendo
este último totalmente ligado às falhas no planejamento.

Custos de estradas
Quanto ao custo de estradas, a época de colheita requer
investimentos na construção e manutenção das estradas florestais, com
os seguintes objetivos:
- facilitar o deslocamento de máquinas;
- transportar pessoal;
- viabilizar veículos de apoio;
- reduzir as distâncias na extração; e
- facilitar o escoamento da produção e outros.

Os componentes dos custos de estrada são:


- custo de construção (depreciação);
- manutenção;
- preço do terreno;
- redução da área de plantio (custo de oportunidade); e
- taxa de juros.

Exemplo do cálculo do custo de estrada:


Construção: US$4.000,00/100 m
Manutenção: US$100,00/ano/100 m
Custos 235

Duração: 20 anos
Preço do terreno: US$700,00/ha
Área: Comprimento: 100 m
Largura: 8 m
Taxa de juros: 12% a. a.

a) Depreciação

4.000 ,00
D= = 200,00/ano/100 m
20

b) Juros
J = 4.000,00 * 0,12 = 240,00/ano/100 m
2

c) Manutenção
M = 100/ano/100 m

d) Redução da área de plantio


perda de área = 100 * 8 = 0,08 ha
valor = 0,08 * 700,00 = 56,00
custo anual = 56 * 0,12 = 6,72/ano

Custo total anual da estrada = a + b + c + d = US$5.467,20/km

Determinação dos Rendimentos e


Custos das Operações de Colheita
Geralmente, o custo das atividades de colheita é calculado por
unidade de área (ha) ou volume de madeira (m3). Para isso, é
236 Silva, Miranda e Cordeiro

necessário primeiramente que se conheçam o rendimento das


máquinas e da mão-de-obra e o custo unitário.
O rendimento ou coeficiente técnico por hectare é dado pela
fórmula:

N * He
R=
A
em que
R = rendimento ou coeficiente técnico ou padrão;
N = número de fatores de produção envolvido;
He = horas efetivas de trabalho; e
A = área trabalhada, em ha.
Para se obter o rendimento por m3, basta dividir R pelo volume
de madeira por hectare:

N * He
R=
A* V

em que
V = volume de madeira, m3/ha.

Para se conseguir um valor confiável do rendimento de uma


máquina ou mão-de-obra, as medições devem ser realizadas
repetidamente e em condições normais de trabalho.

Exemplo de Cálculo do Rendimento para um


Equipamento (Eq)
Um Forwarder gasta 100 horas para fazer a extração de cinco
hectares. Logo,

1Eq.* 100h
R= = 20 Eqh/ha
5ha
Custos 237

Considerando uma floresta com o volume de 300m3/ha, tem-se


R = 0,067 Eqh/m3.

Exemplo do Cálculo do Rendimento para


Mão-de-Obra Direta
Seis operadores de motosserra levam 8 horas para cortar 1
hectare de eucalipto. Logo,

6H * 8He
R= = 48Hh/ha
1ha

Considerando uma floresta com o volume de 300 m3/ha, tem-se


R = 0,16 Hh/m3.
H = homem.
O custo total por hectare é dado por
Custo/ha = custo hora do fator de produção envolvido * Rendimento.
O custo por m3 é obtido dividindo-se o custo por hectare pelo
volume de madeira por hectare.
Exemplo: o custo hora de um Forwarder é de U$15,00 e o
rendimento (R) é de 20 Eqh/ha. Qual é o custo por ha?
Resposta: C = US$15,00 x 20 = US$300,00/ha.
Considerando-se um volume de 300 m3/ha, qual o custo por m3 ?
Resposta: C = US$300,00/300 m3 = US$1,00/m3.

Fatores Influentes
O termo “custo” em colheita florestal é bastante complexo, pois
há condições muito variáveis (Machado, 1984), uma vez que fatores
como clima, topografia, nível tecnológico, condições sociais etc.
interferem na produção, produtividade e eficiência das operações,
afetando diretamente os custos.
Sant’anna (1992), estudando a produtividade de operadores de
motosserra, menciona alguns fatores influentes, que podem
238 Silva, Miranda e Cordeiro

seguramente ser extrapolados para as demais operações de colheita


florestal. Dentro desse escopo, cabe relacionar alguns fatores citados
pelo autor, bem como outros característicos de outras operações, e as
respectivas formas de interferência no desempenho e nos custos. Os
principais fatores são mostrados subseqüentemente.

Ambientais
- temperatura: quando muito elevada, pode prejudicar o rendimento
humano;
- pluviosidade: pode afetar o número de horas trabalhadas de homens
e máquinas;
- ventos: afetam principalmente o rendimento das operações de
derrubada;
- solo: a qualidade do solo afeta o volume por unidade de área e,
conseqüentemente, o rendimento; e
- topografia: afeta diretamente o rendimento das operações de extração
e transporte.

Florestais
- espécie: as espécies podem apresentar características distintas e, por-
tanto, rendimentos diferentes;
- quantidade de galhos: afeta o rendimento do desgalhamento;
- características dendrométricas: afetam o rendimento de todas as
operações;
- espaçamento: pode afetar o volume por unidade de área e o
rendimento das operações; e
- sub-bosque: pode exigir a operação de roçada pré-corte.

Mecânicos
- potência: afeta diretamente o rendimento das máquinas;
- disponibilidade mecânica: afeta o número de horas trabalhadas;
- capacidade operacional: idem à potência; e
- ergonomia: influencia o rendimento humano.
Custos 239

Organizacionais
- controle de qualidade: tem seu custo organizacional e, quando
rigoroso, pode afetar o rendimento das operações;
- treinamento: melhora o rendimento e a qualidade;
- planejamento: agiliza a execução das operações;
- sistema de colheita: por apresentarem operações distintas podem ter
custos diferentes; e
- tecnologia adotada: máquinas mais modernas podem apresentar
melhor desempenho.

Sociais
- salário e benefícios: salário melhor e mais benefícios geralmente
contribuem para melhor desempenho; e
- satisfação profissional: o profissional satisfeito de forma geral tende
a ter melhor desempenho.

Humanos
- aptidão física: fatores como idade, peso, estatura podem afetar
diretamente o desempenho;
- alimentação e estado de saúde em geral: afetam significativamente o
desempenho dos funcionários;
- experiência na atividade: funcionários mais experientes geralmente
apresentam melhor rendimento; e
- risco de acidentes: nestas situações pode haver redução no
rendimento e nos custos de insalubridade.

Estudo Comparativo de Sistemas


de Colheita
As empresas florestais, em geral, adotam sistemas de colheita
diferenciados, de acordo com suas conveniências, com o destino final
do produto ou com a tecnologia empregada. Dependendo do sistema
adotado, a empresa terá composição diferenciada para os custos de
240 Silva, Miranda e Cordeiro

colheita. É possível que o custo final seja semelhante, porém os custos


dos componentes muito provavelmente serão diferentes. Não é difícil
visualizar que um sistema de toras curtas terá o custo de
processamento da madeira mais elevado que os sistemas de toras
longas ou árvores inteiras, uma vez que o número de toragens
realizado ao longo de uma árvore é maior nesse sistema. Além disso,
nesse sistema, os custos das operações de carregamento e
descarregamento serão mais elevados, pois, para uma mesma área útil
de pinça hidráulica do equipamento, o volume de madeira
movimentado varia de acordo com o comprimento das toras. Sendo
assim, cada sistema terá uma estrutura de custos própria, necessitando
de estudos detalhados de cada um dos componentes que formam os
custos do sistema, para que possa ser identificado aquele que melhor
se enquadra às condições da empresa.
Vários estudos têm sido realizados, na tentativa de comparar o
custo de diferentes métodos de corte, extração, descascamento e
sistemas de colheita de modo geral. Dentre eles, podem-se citar Seixas
(1985), Minette (1988), Andrade (1998), Valverde (1995), Santos
(1999), Miranda (2000). Alguns resultados do estudo de Andrade
(1998) são mostrados no Quadro 8.1.

Quadro 8.1 - Custo total de colheita (R$/m3) da madeira de eucalipto


para dois comprimentos de toras, no litoral norte da
Bahia
Sistemas de colheita
Operação Toras de 2,4 m Toras de 5,5 m
Corte 2,56 1,80
Descascamento 3,96 4,38
Extração 1,93 1,94
Total 8,45 8,12
Fonte: Andrade (1998).

Observa-se, no Quadro 8.1, que o custo de colheita no sistema


de toras de 2,4 m é 3,9% maior que no de toras de 5,5 m. No sistema
de 2,4 m, 30% do custo total ocorreu devido à operação de corte, 47%,
ao descascamento e 23,5% à extração, ao passo que no sistema de
Custos 241

5,5 m a operação de corte correspondeu a 22% do custo total; o


descascamento, a 54%; e a extração, a 24,5%. Estes dados são
importantes ao se planejar uma colheita e definir o sistema a ser
adotado na empresa.
Valverde (1995) apresenta o custo de produção do Feller-
buncher e do Skidder, de acordo com as variáveis espaçamento,
volume/ha, distância de arraste para o sistema de colheita de árvores
inteiras, em plantações de eucalipto em Mogi-Guaçu,SP. Os dados são
mostrados no Quadro 8.2. Observa-se, neste quadro, que o custo de
colheita de árvores inteiras é menor que o de outros sistemas de toras
curtas e que a produtividade, a distância de extração e o espaçamento
podem afetar o custo de colheita.

Quadro 8.2 - Custo de colheita (US$/mst) para sistemas mecanizados


(Feller-buncher + Skidder) de árvores inteiras, de
acordo com as variáveis espaçamento, volume/ha,
distância de arraste, em plantações de eucalipto em
Mogi-Guaçu,SP
Distância Espaçamento (m)
de 3 1,5 3x2
arraste Volume por hectare (mst/ha)
(m) <300 300-400 >400 <300 300 - 400 >400
0-60 1,78 1,10 0,89 1,54 1,16 0,88
60-120 1,93 1,21 0,99 1,69 1,27 0,97
120-180 2,,17 1,30 1,09 1,93 1,36 1,08
180-240 2,35 1,42 1,17 2,11 1,48 1,16
Fonte: Adaptado de Valverde (1995).

Santos (1999) comparou dois sistemas de colheitas de toras


longas (5,5m): em um deles foram utilizados o Harvester e Forwarder
(sistema 1) e, em outro, foram usados a motosserra, o conjunto
descascador e Forwarder (sistema 2). Concluiu que a produtividade
dos equipamentos é maior com o aumento do volume por árvore e,
conseqüentemente, há redução dos custos. Este autor observou que a
distância de extração também afeta negativamente os custos e que o
sistema 2 foi mais econômico que o sistema 1, totalmente mecanizado.
Os dados são mostrados no Quadro 8.3.
242 Silva, Miranda e Cordeiro

Moreira (1992) analisou o desenvolvimento da mecanização da


colheita de florestas plantadas e concluiu que ela pode reduzir os
custos, conforme mostrado no Quadro 8.4. A combinação de
conjuntos mecânicos de colheita deve obedecer às condições locais de
cada empresa, podendo para isso valer-se de uma série de
combinações disponíveis no mercado. Verificou também que a
evolução dos custos sociais ocorridos no Brasil, nos últimos 20 anos,
contribuiu para o desenvolvimento da indústria mecânica florestal,
mas o crescimento dessa indústria deu-se no Brasil mais pela evolução
dos custos do que propriamente pela falta de mão-de-obra.

Quadro 8.3 - Custo de colheita de dois sistemas de toras longas, em


razão da distância de extração, volume por árvore, em
plantações de eucalipto na Bahia
Dist. Vol. Prod. Prod. Prod. Prod. N.º horas-máquina Custo/Sis-
Extr. Arv. Forw. Harv. MTS. C.Desc tema
(US$/m3)
(m) (m3) (m3/h) (m3/h) (m3/h) (m3/h) Forw. Harv. MTS C.Desc 1 2
50 0,09 22,87 2,76 1,71 6,55 0,04 0,36 0,59 0,15 19,99 9,28
50 0,18 22,87 3,61 2,72 8,81 0,04 0,28 0,37 0,11 15,71 7,08
50 0,24 22,87 4,17 3,39 10,32 0,04 0,24 0,29 0,10 13,82 6,22
100 0,09 21,72 2,76 1,71 6,55 0,05 0,36 0,59 0,15 20,08 9,37
100 0,18 21,72 3,61 2,72 8,81 0,05 0,28 0,37 0,11 15,80 7,1
100 0,24 21,72 4,17 3,39 10,32 0,05 0,24 0,29 0,10 13,91 6,31
200 0,09 19,42 2,76 1,71 6,55 0,05 0,36 0,59 0,15 20,29 9,58
200 0,18 19,42 3,61 2,72 8,81 0,05 0,28 0,37 0,11 16,01 7,38
200 0,24 19,42 4,17 3,39 10,32 0,05 0,24 0,29 0,10 14,12 6,52
300 0,09 17,11 2,76 1,71 6,55 0,06 0,36 0,59 0,15 20,56 9,85
300 0,18 17,11 3,61 2,72 8,81 0,06 0,28 0,37 0,11 16,28 7,65
300 0,24 17,11 4,17 3,39 10,32 0,06 0,24 0,29 0,10 14,39 6,79
Fonte: Santos (1999).
Custos 243

Quadro 8.4 - Evolução das combinações utilizadas na colheita de


florestas plantadas, rendimentos e custos
Combinações Rendimento Custo (US$/m3)
Corte + extração Corte Extração Corte Extração Total
Colheita de Pinus
1. Machado + cavalo 4,9m3/h/dia 2,45 1,82 4,27
2. Motosserra + mini Skidder 26m3/h/dia 63m3/dia 1,43 2,65 4,08
3. Feller-buncher + mini Skidder 20m3/h 63m3/dia 1,09 2,64 3,74
4. Processador + Forwarder 2,49 1,72 4,22
Colheita de Eucalipto
1. Machado + caminhão 3 m3/h/dia 10,5m3/dia 4,00 2,41 6,41
2. Processador + Forwarder 20 m3/h 20 m3/h 2,49 1,73 4,22
3. Motosserra + trator carreta 3,4 m3/h 8 t/h 1,85 1,75 3,60
4. Motosserra + Forwarder 3,4 m3/h 20 m3/h 1,85 1,73 3,58
Fonte: Adaptado de Moreira (1992).

Referências Bibliográficas
ANDRADE, S.C. Avaliação técnica, social, econômica e ambiental de dois
sistemas de colheita florestal no litoral norte da Bahia. Viçosa, MG: UFV, Impr.
Univ., 1998. 125 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) – Universidade
Federal de Viçosa, Viçosa, MG.
CAMPOS, V. F. TQC - Controle de qualidade total (no estilo japonês). Belo
Horizonte: Fundação Cristiano Ottoni, 1992. 220 p.
JACOVINE, L. A. G. Desenvolvimento de uma metodologia para avaliação dos custos
de colheita semi-mecanizada. Viçosa, MG. UFV, Impr. Univ. 1996. 109 f. Dissertação
(Mestrado em Ciência Florestal) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.
JACOVINE, L. A. G. Gestão da qualidade na colheita de madeira em
povoamentos eqüiâneos. Viçosa, MG. UFV. Impr. Univ., 2000. 136 f. Tese
(Doutorado em Ciência Florestal) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.
JACOVINE, L.A.G.; MACHADO, C.C.; SILVA, M.L.; SOUZA, A.P. Evolução dos
custos da madeira destinada à produção de celulose. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO
SOBRE COLHEITA E TRANSPORTE FLORESTAL, 3, 1997. Vitória. Anais...
Vitória: SIF/UFV, 1997. p. 261-268.
MACHADO, C. C.; MALINOVSKI, J. R. Ciência do trabalho florestal. Viçosa,
MG: UFV, Impr. Univ., 1988. 65 p.
MACHADO, C. C. Planejamento e controle de custos na exploração florestal.
Viçosa, MG: UFV, Impr. Univ., 1984. 138 p.
MINETTE, L. J. Avaliação técnica e econômica dos tratores florestais
(forwarders), na extração de madeira de eucalipto. Viçosa, MG: UFV, Impr.
Univ., 1988. 77 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) – Universidade
Federal de Viçosa, Viçosa, MG.
244 Silva, Miranda e Cordeiro

MIRANDA, G. M. Análise econômica de dois sistemas de descascamento de


madeira de eucalipto. Viçosa, MG: UFV, Impr. Univ., 2000. 45 f. Dissertação
(Mestrado em Ciência Florestal) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.
MOREIRA, M.F. O desenvolvimento da mecanização na exploração sob a ótica dos
custos. In: CURSO DE ATUALIZAÇÃO SOBRE SISTEMAS DE EXPLORAÇÃO
E TRANSPORTE FLORESTAL, 7, 1992. Curitiba. Anais... Curitiba: FUPEF, 1992.
p.161-170.
REZENDE, J.L.P.; VALVERDE, S.R. Princípios de depreciação de máquinas e
equipamentos. Revista Árvore, v.21, n.1, p. 99-111, 1997.
ROBLES JR., A. Custos da qualidade: uma estratégia para competição global. São
Paulo: Atlas, 1994. 135 p.
SANTOS, S.L.M. Alocação ótima de máquinas na colheita de madeira. Viçosa,
MG: UFV, Impr. Univ., 1995. 99 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) –
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.
SANTOS, S.L.M. Análise comparativa entre sistemas de colheita com toras longas.
In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE COLHEITA E TRANSPORTE FLORESTAL,
4, 1999, Campinas. Anais... Campinas: SIF/UFV, 1999. p. 73-88.
SPEIDEL, G. Economia florestal. Curitiba: UFPR, 1966. 167 p.
VALVERDE, S. R.; REZENDE, J. L. P. Substituição de máquinas e equipamentos:
métodos e aplicações. Revista Árvore, v. 21, n. 3, p 353-364, 1997.
VALVERDE, S.R. Avaliação técnica e econômica do sistema de colheita de
árvores inteiras em povoamentos de eucalipto. Viçosa, MG: UFV, Impr. Univ.,
1995. 122 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) – Universidade Federal de
Viçosa, Viçosa, MG.

Você também pode gostar