UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
CTC – TCE - TEC
ELETRICIDADE APLICADA
PROFESSOR PAULO FAZZIONI
SUBESTAÇÕES
DÉBORA ARAÚJO VALADARES Mat. 213037076
LARISSA DUARTE FONSECA DOS SANTOS Mat. 315037061
LAURA DE AQUINO RIBEIRO Mat. 213037086
LUÍSA RAMIRO ESTEVES CHAVES Mat. 213037110
MARIA CLARA DOS SANTOS MAGALHÃES Mat. 213037218
WANESSA SALES COELHO Mat. 213037113
NITERÓI – RJ
2º SEMESTRE DE 2015
DÉBORA ARAÚJO VALADARES
LARISSA DUARTE FONSECA DOS SANTOS
LAURA DE AQUINO RIBEIRO
LUÍSA RAMIRO ESTEVES CHAVES
MARIA CLARA DOS SANTOS MAGALHÃES
WANESSA SALES COELHO
SUBESTAÇÕES
Trabalho submetido ao Departamento de
Engenharia Civil, como parte dos requisitos
necessários para aprovação na disciplina
Eletricidade Aplicada.
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__________________________________________
__________________________________________
NITERÓI – RJ
2º SEMESTRE DE 2015
2
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..............................................................................................................................07
1. CAPÍTULO I: CONCEITOS GERAIS DE SUBESTAÇÕES................................................................08
1.1. Definição de Subestação.................................................................................................08
1.2. Classificação de Subestações..........................................................................................08
1.2.1. Quanto à Relação Entre os Níveis de Tensão de Entrada e Saída...........................08
1.2.1.1. Subestação de Manobra.......................................................................08
1.2.1.2. Subestação Elevadora...........................................................................08
1.2.1.3. Subestação Abaixadora.........................................................................09
1.2.2. Quanto à Função ao Sistema Elétrico Global..........................................................09
1.2.2.1. Subestação de Transmissão..................................................................09
1.2.2.2. Subestação de Subtransmissão.............................................................09
1.2.2.3. Subestação de Distribuição...................................................................10
1.2.3. Quanto ao Tipo de Instalação.................................................................................10
1.2.3.1. Subestação Externa...............................................................................10
1.2.3.2. Subestação Interna...............................................................................10
1.2.3.3. Subestação Híbrida...............................................................................10
1.2.4. Quanto ao Nível de Tensão.....................................................................................11
1.2.4.1. Subestação de Alta Tensão...................................................................11
1.2.4.2. Subestação de Extra Alta Tensão..........................................................11
1.3. Tipos de Equipamentos de Uma Subestação..................................................................11
1.3.1. Equipamentos de Transformação..........................................................................11
1.3.1.1. Transformador de Força.......................................................................11
1.3.1.2. Transformadores de Instrumentos.......................................................11
1.3.2. Equipamentos de Manobra...................................................................................12
3
1.3.2.1. Disjuntores............................................................................................12
1.3.2.2. Chaves Seccionadas..............................................................................12
1.3.3. Equipamentos de Proteção....................................................................................12
1.3.3.1. Para-raios..............................................................................................12
1.3.3.2. Relés......................................................................................................12
1.3.3.3. Fusíveis..................................................................................................12
1.3.4. Equipamentos de Medição....................................................................................12
1.4. Proteção de Um Sistema de Subestação.........................................................................13
1.4.1. Funções de Proteção de um Sistema de Subestação.............................................13
1.4.2. Propriedades Básicas de um Sistema de Proteção................................................13
1.4.3. Níveis de Atuação de um Sistema de Proteção.....................................................14
1.4.3.1. Proteção Principal (Primária)................................................................14
1.4.3.2. Proteção de Retaguarda.......................................................................14
1.4.3.3. Proteção Auxiliar...................................................................................14
2. CAPÍTULO II: REDE ELÉTRICA BRASILEIRA................................................................................15
2.1. Sistema Interligado Nacional...........................................................................................15
2.1.1. Exemplos de Subestações de Transmissão de Energia.........................................16
2.1.1.1. Sistema de Transmissão de Furnas.......................................................16
2.1.1.2. Subestação de Jacarepaguá..................................................................17
2.1.1.3. Subestação de Campinas......................................................................18
2.2. A Distribuição de Energia.................................................................................................18
2.2.1. Exemplos de Subestações de Distribuição de Energia..........................................20
2.2.1.1. Sistema de Distribuição da Ampla........................................................20
2.2.1.2. Subestação Olímpica – Distribuidora Light...........................................22
2.3. Regulamentação..............................................................................................................23
4
2.3.1. Concessão.............................................................................................................23
2.3.2. Normas.................................................................................................................24
3. CAPÍTULO III: IMPLANTAÇÃO DE UMA SUBESTAÇÃO..............................................................26
3.1. Planejamento da Subestação...........................................................................................26
3.2. Projeto da Subestação.....................................................................................................26
3.3. Projeto Civil......................................................................................................................26
3.3.1. Instalações Provisórias..........................................................................................26
3.3.2. Terraplanagem......................................................................................................26
3.3.3. Escavação e Reaterro............................................................................................27
3.3.4. Drenagem e Pavimentação...................................................................................27
3.3.5. Edificação..............................................................................................................27
3.4. Projeto Eletromecânico....................................................................................................28
3.4.1. Malha de Aterramento.........................................................................................28
3.4.2. Condutores e Barramentos...................................................................................29
4. CAPÍTULO IV: EVOLUÇÃO DAS SUBESTAÇÕES.........................................................................30
4.1. Tecnologia e Subestações................................................................................................30
4.2. Os Transformadores de Medição Atuais..........................................................................31
4.3. Subestações Invisíveis......................................................................................................31
4.4. Subestações Pré-fabricadas para Locais Fechados..........................................................33
4.5. Sistema Secundário de Subestação.................................................................................34
4.6. Pré-fabricação..................................................................................................................34
4.7. Comunicação....................................................................................................................35
4.8. Olhando Para O Futuro....................................................................................................35
4.9. As Empresas e o Avanço nas Subestações.......................................................................36
4.9.1. Projetando Subestações Modernas, Seguras e Econômicas..............................36
5
4.9.2. Comparativo de SEE’s: Modelo Blindado x Modelo Convencional....................38
CONCLUSÃO................................................................................................................................40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................................41
6
INTRODUÇÃO
A vida moderna seria inviável sem o uso da energia elétrica. Como combustível básico do
desenvolvimento, ela é diretamente proporcional ao aumento populacional e econômico do
planeta. Qualquer grande invenção tecnológica, ou até mesmo, a maior parte das mais básicas
que são usadas no dia a dia de cada um, seria impossível sem o seu uso. Índices importantes
como mortalidade infantil, aumento populacional, e expectativa de vida aumentaram
consideravelmente com seu início. Com isso, essa importância e dependência da vida moderna
com a energia elétrica fazem com que essa tenha um papel de destaque na sociedade atual.
Para atender ao natural desenvolvimento da sociedade é necessário que as técnicas de
uso dessa energia caminhem proporcionalmente, sendo assim indispensável uma constante
busca do aumento da eficiência. A expansão da oferta de energia elétrica exige investimentos
elevados que, associados às restrições de recursos normalmente encontradas, conduzem à
necessidade de utilização ótima das instalações existentes. Devido a essas razões, torna-se
fundamental um confiável sistema de operação das subestações.
7
1. CAPÍTULO I: CONCEITOS GERAIS DE SUBESTAÇÕES
1.1. Definição de Subestação
Uma subestação pode ser definida como um conjunto de equipamentos de manobra
ou transformação de tensão. Funciona como ponto de controle e transferência em um sistema
de transmissão elétrica, direcionando e controlando o fluxo energético, transformando os
níveis de tensão e funcionando como pontos de entrega para consumidores.
Durante o percurso entre as usinas e as cidades, a eletricidade passa por diversas
subestações, onde os transformadores aumentam ou diminuem a sua tensão. Ao elevar a
tensão elétrica no início da transmissão, os transformadores evitam a perda excessiva de
energia ao longo do caminho. Já, ao rebaixarem a tensão elétrica perto dos centros urbanos,
permitem a distribuição da energia por toda a cidade.
Outra característica da subestação é a sua capacidade de compensar reativos, com o
objetivo de dirigir o fluxo de energia em sistemas de potência e melhorar a qualidade de
energia.
Também possuem dispositivos de proteção capazes de detectar diferentes tipos de
falta no sistema e isolar os trechos onde ocorrem as faltas.
1.2. Classificação das Subestações
As subestações podem ser classificadas por diferentes critérios técnicos.
1.2.1. Quanto à Relação Entre os Níveis de Tensão de Entrada e Saída
1.2.1.1. Subestação de Manobra
É aquela que interliga circuitos de
suprimento sob o mesmo nível de tensão,
possibilitando sua multiplicação. É também
adotada para possibilitar o secionamento de
circuitos, permitindo sua energização em trechos
sucessivos de menores comprimentos.
1.2.1.2. Subestação Elevadora Figura 1. Subestação de Manobra
É localizada na saída das usinas geradoras. Elevam as tensões para níveis de
transmissão e subtransmissão, visando diminuir a corrente e, consequentemente, a espessura
dos condutores e as perdas. Esta elevação de nível tensão é comumente utilizada para facilitar
8
o transporte da energia, diminuição das perdas do sistema e melhorias no processo de
isolamento dos condutores.
1.2.1.3. Subestação Abaixadora
Localizada na periferia dos centros consumidores. Diminuem os níveis de tensão, para
que essa aproxima dos centros urbanos a para evitar inconvenientes para a população (rádio
interferência, campos magnéticos intensos e faixas de servidão muito grandes).
Figura 2. Subestação Abaixadora
1.2.2. Quanto à Função ao Sistema Elétrico Global
Esta é uma classificação que, o que importa é a potência que passa por ela, não sendo
associada à tensão. Podem ser classificadas em: de transmissão, de subtransmissão ou de
distribuição.
1.2.2.1. Subestação de Transmissão
É a principal, a energia sai do gerador e segue para a subestação de transmissão ou
usina elétrica. Utiliza grandes transformadores para elevar a tensão do gerador até tensões
extremamente altas, para transmissão de longa distância através de rede de transmissão.
1.2.2.2. Subestação de Subtransmissão
Há derivações, anéis, diversas linhas e circuitos. Estão ligadas as linhas de
subtransmissão, destinada a transporte de energia elétrica das subestações de transmissão
para as subestações de ramificações.
9
1.2.2.3. Subestação de Distribuição
A potência é levada diretamente ao consumidor. Recebe energia das linhas de
subtransmissão e as transporta para as redes de distribuição, geralmente com abaixamento de
tensão.
1.2.3. Quanto ao Tipo de Instalação
1.2.3.1. Subestação Externa
São construídas em locais amplos ao ar livre. Requerem emprego de aparelhos e
máquinas próprios para funcionamento em condições atmosféricas adversas (chuva, vento,
poluição etc.), que desgastam os materiais componentes, exigindo, portanto, manutenção
mais frequente e reduzindo a eficácia dos isolamentos.
Figura 3. Subestação Externa
1.2.3.2. Subestação Interna
São construídas em locais abrigados. Os equipamentos são instalados no interior de
construções não estando sujeitos às intempéries. Os abrigos podem ser uma edificação ou
uma câmara subterrânea. Subestações abrigadas
podem consistir de cabines metálicas, além de
isoladas a gás, tal como o hexafluoreto de
enxofre (SF6).
1.2.3.3. Subestação Híbrida
A subestação híbrida é uma composição
de partes dos dois outros tipos apresentados
Figura 4. Subestação Interna
10
anteriormente, onde apenas parte da subestação é compactada e isolada a gás, normalmente
a parte de alta tensão.
Na compactação do módulo de alta tensão, consegue-se uma redução mais
significativa das distâncias elétricas e, consequentemente, a redução da área ocupada pela
subestação. Também podem ser compactados e isolados a gás os cubículos de média tensão,
obtendo redução adicional na área necessária para implantação da SE. A exceção é o
transformador, que é do tipo convencional isolado a óleo. Em termos de área ocupada, estima-
se que ela é cerca de 40 a 50% daquela destinada à implantação de uma SE convencional,
considerando a compactação do módulo de Alta Tensão.
1.2.4. Quanto ao Nível de Tensão
1.2.4.1. Subestação de Alta Tensão
Subestação de alta tensão (AT) é aquela que tem tensão nominal abaixo de 230kV.
1.2.4.2. Subestação de Extra Alta Tensão
Subestação de extra alta tensão (EAT) é aquela que tem tensão nominal acima de
230kV. É importante enfatizar que em subestações deste tipo são necessários estudos
complementares considerando o Efeito Corona.
1.3. Tipos de Equipamentos de Uma Subestação
Uma subestação é composta por diversos equipamentos, dentre eles se destacam os
disjuntores, chaves secionadoras, transformadores, relés, etc. Nesse trabalho será abordado
um pouco mais dos principais equipamentos das subestações.
1.3.1. Equipamentos de Transformação
1.3.1.1. Transformador de Força
Sem os transformadores de força seria praticamente impossível o aproveitamento
econômico da energia elétrica, pois a partir deles foi possível a transmissão em tensões cada
vez mais altas, possibilitando grandes economias nas linhas de transmissão em trechos cada
vez mais longos.
1.3.1.2. Transformadores de Instrumentos
11
Já os transformadores de instrumentos (de corrente e de potencial – capacitivos ou
indutivos) têm a finalidade de reduzir a corrente ou a tensão respectivamente a níveis
compatíveis com os valores de suprimento de relés e medidores.
1.3.2. Equipamentos de Manobra
1.3.2.1. Disjuntores
Os disjuntores são os principais equipamentos de segurança da subestação, além de
serem os mais eficientes dispositivos de manobra em uso nas redes elétricas. São capazes de
conduzir, interromper e estabelecer correntes normais e anormais especificadas dos sistemas.
São usados para controlar circuitos, ligando e desligando em qualquer condição, conduzindo
corrente de carga e proporcionando uma supervisão automática das condições do sistema e
sua operação.
1.3.2.2. Chaves Seccionadoras
As chaves seccionadoras são dispositivos destinados a isolar equipamentos ou zonas
de barramento, ou ainda, trechos de linhas de transmissão. Somente podem ser operadas sem
carga, muito embora possam ser operadas sob tensão.
1.3.3. Equipamentos de Proteção
Os principais equipamentos de proteção de uma subestação são os para-raios e relés.
1.3.3.1. Para-raios
O para-raios é um dispositivo protetor que tem por finalidade limitar os valores dos
surtos de tensão transitantes que, de outra forma, poderiam causar severos danos aos
equipamentos elétricos. Eles protegem o sistema contra descargas de origem atmosféricas e
contra surtos de manobra.
1.3.3.2. Relés
Os relés têm por finalidade proteger o sistema contra faltas, permitindo através da
atuação sobre disjuntores, o isolamento dos trechos de localização das faltas.
1.3.3.3. Fusíveis
O fusível se destina a proteger o circuito contra curtos, sendo também um limitador da
corrente de curto. Muito utilizado na indústria para a proteção de motores.
1.3.4. Equipamentos de Medição
12
Constituem os instrumentos destinados a medir grandezas tais como correntes,
tensão, frequência, potência ativa e reativa, etc.
1.4. Proteção de um Sistema de Subestação
1.4.1. Funções de Proteção de um Sistema de Subestação
As subestações de energia elétrica são pontos de conexão racionalmente dispostos nos
sistemas elétricos, sendo parte estratégica de um Sistema Elétrico de Potência, as quais
permitem a operação coordenada deste sistema. Entendendo por operação coordenada:
manobrar, medir, proteger e controlar o sistema.
A proteção de qualquer Sistema Elétrico de Potência é feita quando ocorrer situações
anormais durante a operação do mesmo. Os objetivos principais de um sistema de proteção as
principais são: salvaguardar a integridade física de operadores, usuários do sistema e animais,
evitar ou minimizar danos materiais, retirar de serviço rapidamente um equipamento ou parte
do sistema que se apresente defeituoso, melhorar a continuidade do serviço, diminuir
despesas com manutenção corretiva.
O sistema de proteção em uma subestação envolve uma série de estudos e critérios
que compreendem as opções de operação da subestação, sua configuração dentro do sistema,
os ajustes implantados e os limites operativos dos equipamentos. A existência de uma grande
variedade de equipamentos e dispositivos envolvidos na proteção de uma subestação, assim
como a própria evolução e incremento tecnológico destes componentes, são fatores que
garantem a confiabilidade e a qualidade da operação do sistema elétrico.
Geralmente, os sistemas elétricos são protegidos contra sobrecorrentes (curtos-
circuitos) e sobretensões (internas e descargas atmosféricas). A proteção contra curtos-
circuitos é feita, basicamente, empregando-se fusíveis e relés que acionam disjuntores.
O equipamento fundamental para proteção contra sobretensões é o para-raios.
1.4.2. Propriedades Básicas de um Sistema de Proteção
Um sistema de proteção para satisfazer os requisitos citados acima, considerando suas
funções específicas, deve atender aos seguintes princípios:
⇒ Confiabilidade: que é a probabilidade do sistema de proteção funcionar com segurança e
corretamente, sob todas as circunstâncias.
13
⇒ Seletividade: o sistema de proteção que possui esta propriedade é capaz de reconhecer e
selecionar as condições que deve operar, a fim de evitar operações desnecessárias.
⇒ Velocidade: um sistema de proteção deve possibilitar o desligamento do trecho ou
equipamento defeituoso no menor tempo possível.
⇒ Sensibilidade: um sistema de proteção deve responder às anormalidades com menor
margem de tolerância possível entre a operação e não operação dos seus equipamentos.
⇒ Simplicidade: quantidade mínima de equipamentos, propiciando maior confiabilidade do
esquema de proteção.
⇒ Economia: é um sistema de proteção que apresente melhor custo-benefício, ou seja,
máxima proteção a custos mínimos.
1.4.3. Níveis de Atuação de um Sistema de Proteção
De modo geral, a atuação de um sistema de proteção se dá em três níveis que são
conhecidos como principal, de retaguarda (socorro) e auxiliar.
1.4.3.1. Proteção Principal (Primária)
Em caso de falta dentro da zona protegida, é quem deverá atuar primeiro, ou seja,
constituem a primeira linha de defesa.
1.4.3.2. Proteção de Retaguarda
É aquela que só deverá atuar quando ocorrer falha da proteção principal.
1.4.3.3. Proteção Auxiliar
É constituída por funções auxiliares das proteções principal e de retaguarda, cujos
objetivos são sinalização, alarme, temporização, intertravamento, etc.
14
2. CAPÍTULO II: REDE ELÉTRICA BRASILEIRA
2.1. Sistema Interligado Nacional
O Sistema Interligado Nacional (SIN) é um sistema de geração e transmissão de energia
elétrica, com tamanho e características que permitem considerá-lo único em âmbito mundial,
englobando as cinco regiões do Brasil e com forte predomínio de usinas hidrelétricas.
Figura 5. Mapa do SIN com horizonte de 2015
Possui múltiplos proprietários, cujas instalações são operadas por empresas de
natureza privada, pública e de sociedade mista, sendo regulado e fiscalizado pela ANEEL.
Cabe ao ONS sua coordenação e controle, de acordo com as disposições dos
Procedimentos de Rede que são documentos de caráter normativo elaborados pelo ONS, com
participação dos agentes, e aprovados pela ANEEL. Estes definem os procedimentos e os
requisitos necessários à realização das atividades de planejamento da operação
eletroenergética, administração da transmissão, programação e operação em tempo real no
âmbito do SIN.
15
Os ativos de transmissão integram a Rede Básica do SIN, com aproximadamente
100.000 km de linhas de transmissão, e compreendem subestações e linhas de transmissão em
tensões iguais ou superiores a 230 kV. O acesso ao sistema de transmissão é livre e garantido
por lei, havendo o dever legal de compartilhar a infraestrutura existente com os acessantes
habilitados.
As linhas de transmissão cumprem o papel de levar a energia das usinas geradoras aos
centros consumidores de energia. Adicionalmente, permitem com que a geração de energia no
Brasil seja otimizada, de modo a permitir a transferência de energia entre regiões, por meio
das linhas de interligação. A transmissão permite que o sistema elétrico opere com sinergia e
confiabilidade, gerando uma grande otimização de custos através de grandes intercâmbios de
energia.
2.1.1. Exemplos de Subestações de Transmissão de Energia
2.1.1.1. Sistema de Transmissão de Furnas
Um conjunto de Linhas de Transmissão interligadas a Subestações, cortando várias
regiões geográficas do Brasil, forma o que comumente se chama de Sistema de Transmissão.
Deste sistema, mais de 20.000 km fazem parte da rede básica de Furnas, configurada em linhas
com tensões de 138, 230, 345, 500, 750 e ± 600 kV, que passam por oito estados e o Distrito
Federal.
O Sistema Furnas é supervisionado de forma geral pelo Centro de Operação do
Sistema, em articulação com os centros de operação regionais. Estes têm como principais
encargos a coordenação de manobras e a normalização do sistema elétrico após eventuais
perturbações. São quatro centros:
⇒ Centro Regional Minas, localizado na Usina Hidrelétrica de Furnas, em cuja área de
responsabilidade estão incluídas as usinas do rio Grande;
⇒ Centro Regional Rio, localizado na Subestação de Jacarepaguá, cuja área de
responsabilidade inclui os troncos de alimentação dos estados do Rio de Janeiro e Espírito
Santo;
⇒ Centro Regional São Paulo, localizado na Subestação de Campinas, cuja área de
responsabilidade inclui os troncos de alimentação da grande São Paulo e o Sistema de
Transmissão proveniente da Usina Hidrelétrica de Itaipu;
16
⇒ Centro Regional Goiás, localizado na Usina de Itumbiara, cuja área de responsabilidade
inclui os troncos de alimentação aos estados de Goiás, Mato Grosso, parte do Tocantins e do
Distrito Federal.
⇒ O Centro de Operação do Sistema e o Centro de Supervisão de Telecomunicações localizam-
se no Rio de Janeiro.
Figura 6. Mapa Sistema de Geração e Transmissão de Furnas
2.1.1.2. Subestação de Jacarepaguá
A Subestação de Jacarepaguá entrou em
operação comercial em dezembro de 1967, para
suprir o município do Rio de Janeiro com a energia
da Usina Termelétrica de Santa Cruz, através da
interligação com diversas subestações de
distribuição da Light.
Figura 7. Subestação de Jacarepaguá
17
2.1.1.3. Subestação de Campinas
A Subestação de Campinas é responsável pelo abastecimento da cidade de São Paulo
através da empresa distribuidora CPFL Paulista, transmitindo energia da Usina Hidrelétrica de
Itaipu.
Figura 8. Subestação de Campinas em sua 12ª ampliação
2.2. A Distribuição de Energia
O sistema de distribuição de energia é aquele que se confunde com a própria
topografia das cidades, ramificado ao longo de ruas e avenidas para conectar fisicamente o
sistema de transmissão, ou mesmo unidades geradoras de médio e pequeno porte, aos
consumidores finais da energia elétrica. A conexão, o atendimento e a entrega efetiva de
energia elétrica ao consumidor do ambiente regulado ocorrem por parte das distribuidoras de
energia.
A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE) é uma
sociedade civil de direito privado, sem fins lucrativos que se dedica ao desenvolvimento do
setor de distribuição de energia elétrica brasileiro e reúne 51 concessionárias de distribuição
de energia elétrica - estatais e privadas - atuantes em todas as regiões do país e que juntas são
responsáveis pelo atendimento de 99,6% dos consumidores brasileiros.
Do total da energia distribuída no Brasil, dentre as Distribuidoras associadas à
ABRADEE, o setor privado é responsável pela distribuição de, aproximadamente, 60% da
energia, enquanto as empresas públicas se responsabilizam por, aproximadamente, 40%.
Segue abaixo um bom panorama de como é estruturado o Setor de Distribuição
Elétrica no país em termos de natureza do controle empresarial. É notável a diversidade de
composição de capital no Setor, havendo distribuidoras controladas por entes públicos e,
também, por privados - tanto entre as grandes distribuidoras quanto entre as de menor porte.
18
BRASIL - EMPRESAS CONCESSIONÁRIAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
19
EMPRESA CAPITAL (ORIGEM)
1 AES-SUL AES SUL Distribuidora Gaúcha de Energia S.A. Privado
2 AES ELETROPAULO Metropolitana Eletricidade de São Paulo S.A.
3 ALIANÇA Cooperativa Aliança
4 AMPLA Ampla Energia e Serviços S.A.
5 BORBOREMA Energisa Borborema
6 BRAGANTINA Empresa Elétrica Bragantina S.A.
7 CAIUÁ Caiuá Serviços de Eletricidade S.A.
8 CELPA Centrais Elétricas do Pará S.A.
9 CELPE Companhia Energética de Pernambuco
10 CEMAR Companhia Energética do Maranhão
11 CFLO Companhia Força e Luz do Oeste
12 CHESP Companhia Hidroelétrica São Patrício
13 COCEL Companhia Campolarguense de Energia
14 COELBA Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia
15 COELCE Companhia Energética do Ceará
16 COSERN Companhia Energética do Rio Grande do Norte
17 CPFL JAGUARI Companhia Jaguari de Energia
18 CPFL LESTE Companhia Paulista de Energia Elétrica
19 CPFL MOCOCA Companhia Luz e Força Mococa
20 CPFL PAULISTA Companhia Paulista de Força e Luz
21 CPFL PIRATININGA Companhia Piratininga de Força e Luz
22 CPFL SANTA CRUZ Companhia Luz e Força Santa Cruz
23 CPFL SUL Companhia Sul Paulista de Energia
24 EDP BANDEIRANTE Bandeirante Energia S.A.
25 EDP ESCELSA Espírito Santo Centrais Elétricas S.A
26 ELEKTRO Elektro Eletricidade e Serviços S.A.
27 ENERGISA MG Energisa Minas Gerais
28 ENERGISA MS Energisa Mato Grosso do Sul - Distribuidora de Energia S.A.
29 ENERGISA MT Energisa Mato Grosso - Distribuidora de Energia S.A.
30 ENERGISA PB Energisa Paraíba
31 ENERGISA SE Energisa Sergipe
32 ENERGISA TO Energisa Tocantins - Distribuidora de Energia S.A.
33 FORCEL Força e Luz Coronel Vivida Ltda.
34 IGUAÇU Iguaçu Distribuidora de Energia Elétrica Ltda.
35 JARI Jari Energética S/A. - JESA
36 JOÃO CESA Empresa Força e Luz João Cesa Ltda
37 LIGHT Light Serviços de Eletricidade S.A.
20
38 MUXFELDT Muxfeldt, Marin & Cia Ltda.
39 NACIONAL Companhia Nacional de Energia Elétrica
40 NOVA FRIBURGO Energisa Nova Friburgo
41 NOVA PALMA Usina Hidroelétrica Nova Palma (UENPAL)
42 PANAMBI Hidroelétrica Panambi S.A (HIDROPAN)
43 PARANAPANEMA Empresa de Eletricidade Vale do Paranapanema S.A.
44 RGE Rio Grande Energia S.A.
45 SANTA MARIA Empresa Luz e Força Santa Maria S.A
46 SULGIPE Companhia Sul Sergipana de Eletricidade
47 URUSSANGA Empresa Força e Luz de Urussanga Ltda. (EFLUL)
48 DEMEI Departamento Municipal de Energia de Ijuí
49 DMED DME Distribuição S.A. Público (Municipal)
50 ELETROCAR Centrais Elétricas de Carazinho S.A
51 CEA Companhia de Eletricidade do Amapá
52 CEB Companhia Energética de Brasília
53 CEEE-D Companhia Estadual de Energia Elétrica
54 CELESC-D Centrais Elétricas de Santa Catarina S. A.
Público (Estadual)
55 CELG-D Companhia Energética de Goiás
56 CEMIG-D Companhia Energética de Minas Gerais
57 CERR Companhia Energética de Roraima
58 COPEL-DIS Companhia Paranaense de Energia
59 ELETROBRAS AC Eletrobras Distribuição Acre
60 ELETROBRAS AL Eletrobras Distribuição Alagoas
61 ELETROBRAS AM Eletrobras Amazonas Energia
Público (Federal)
62 ELETROBRAS PI Eletrobras Distribuição Piaui
63 ELETROBRAS RO Eletrobras Distribuição Rondônia
64 ELETROBRAS RR Eletrobras Distribuição Roraima
2.2.1. Exemplos de Subestações de Distribuição de Energia
2.2.1.1. Sistema de Distribuição da Ampla
A distribuidora de energia elétrica Ampla Energia e Serviços S.A. atua no Estado do Rio
de Janeiro onde atende uma população de 6 milhões de habitantes, distribuídos por 66
municípios. Também abastece a Companhia de Eletricidade de Nova Friburgo responsável pela
distribuição de energia elétrica para o município de Nova Friburgo.
Dos cerca de 870 GWh/mês de energia distribuídos pela Ampla, 3% são gerados pela
própria empresa e os 97% restantes vêm, principalmente, de Furnas Centrais Elétricas, da
21
Companhia de Interconexão Energética (Cien), da Itaipu Binacional e da compra em leilões de
energia. A compra de energia da Ampla, em 2005, foi de 9.871 GWh. A divisão por seus
principais supridores de energia foi a seguinte:
Figura 9. Gráfico Compra de Energia por Supridor
Desde a privatização, a rede de distribuição da Ampla deu um salto tecnológico, com a
automação de 114 das 117 subestações e o gerenciamento da rede de distribuição pelo Centro
de Operação de Sistemas – COS. A base para o desenvolvimento desses projetos foi a criação
de um anel de fibra óptica de 1.200 quilômetros de extensão, garantindo a integração da área
de concessão.
Figura 10. Mapa Geográfico da Área de Concessão - Ampla
22
Atualmente, 96% das subestações da Ampla são monitoradas e operadas em tempo
real, diretamente do COS, em Niterói.
Figura 11. SE's AMPLA: Bacaxá, Macabu e Tanguá, em execução de projeto.
2.2.1.2. Subestação Olímpica – Distribuidora Light
A Subestação Olímpica foi projetada para auxiliar no abastecimento de energia do
Parque Olímpico, projeto das empresas Furnas e Light.
A SE possui dois barramentos (máquinas blindadas instaladas dentro da Subestação
Olímpica, que recebem a energia transmitida por Gardênia e Barra II e a repassam para
transformadores) que se comunicam entre si. Se um deles apresentar defeito, o outro pode
assumir as suas funções. O sistema inclui três transformadores interligados (que transformam
a alta tensão em voltagem apropriada para consumo).
A SE Olímpica será a 75ª subestação da Light na cidade, e possui cabos subterrâneos,
entre eles os de fibra ótica, que permitirão a comunicação interna e com os centros de
operação de distribuição e de transmissão da Light.
23
Figura 12. Subestação Olímpica no Rio de Janeiro
2.3. Regulamentação
A ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica, é uma Agência Reguladora, vinculada
ao Ministério das Minas e Energia, com sede no Distrito Federal, com a finalidade de regular e
fiscalizar a produção, transmissão e comercialização de energia elétrica, em conformidade com
as Políticas e Diretrizes do Governo Federal.
Esse órgão é responsável pela elaboração do PRODIST. Os Procedimentos de
Distribuição são normas que disciplinam o relacionamento entre as distribuidoras de energia
elétrica e demais agentes (unidades consumidoras e centrais geradores) conectados aos
sistemas de distribuição, que incluem redes e linhas em tensão inferior a 230 quilovolts (kV).
Tratam, também, do relacionamento entre as distribuidoras e a ANEEL, no que diz respeito ao
intercâmbio de informações.
O acesso ao sistema de distribuição deve atender ao PRODIST e às resoluções vigentes
da ANEEL e deve observar as normas técnicas brasileiras e os padrões e normas da
distribuidora acessada.
2.3.1. Concessão
Os contratos de concessão de distribuição priorizam o atendimento abrangente do
mercado, sem que haja qualquer exclusão das populações de baixa renda e das áreas de
menor densidade populacional. Prevê ainda o incentivo à implantação de medidas de combate
ao desperdício de energia e de ações relacionadas às pesquisas voltadas para o setor elétrico.
Os contratos de concessão assinados entre a Agência Nacional de Energia Elétrica -
ANEEL e as empresas prestadoras dos serviços de transmissão e distribuição de energia
24
estabelecem regras claras a respeito de tarifa, regularidade, continuidade, segurança,
atualidade e qualidade dos serviços e do atendimento prestado aos consumidores. Da mesma
forma, define penalidades para os casos em que a fiscalização da ANEEL constatar
irregularidades.
A concessão para operar o sistema de transmissão é firmada em contrato com duração
de 30 anos. As cláusulas estabelecem que, quanto mais eficiente as empresas forem na
manutenção e na operação das instalações de transmissão, evitando desligamentos por
qualquer razão, melhor será a sua receita.
2.3.2. Normas
Implantação, modernização ou ampliação de Subestações devem estar em
consonância com as Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, Norma
Regulamentadora NR 10 do Ministério do Trabalho e Portarias e Legislações Ministeriais. Como
requisito de segurança, destaca-se:
NR-10: Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade.
Como requisitos técnicos, tem-se a listagem de algumas normas técnicas:
NBR 5356: Transformador de potência.
NBR 5410: Instalações Elétricas de Baixa Tensão.
NBR 5433: Redes de distribuição aérea rural de energia elétrica.
NBR 5624: Eletroduto Rígido de Aço Carbono, com Costura, com Revestimento
Protetor e Rosca.
NBR 6855: Transformador de potencial indutivo.
NBR 6856: Transformador de corrente.
NBR 7282: Dispositivos Fusíveis Tipo Expulsão.
NBR 7286: Cabos de potência com isolação extrudada de borracha etilenopropileno
(EPR) para tensões de 1 kV a 35 kV - Requisitos de desempenho.
25
NBR 7287: Cabos de potência com isolação sólida extrudada de polietileno reticulado
(XLPE) para tensões de isolamento de 1 kV a 35 kV.
NBR 8669: Dispositivos Fusíveis Limitadores de Corrente.
NBR 10295: Transformadores de potência secos.
NBR 11301: Cálculo da capacidade de condução de corrente de condutores isolados
em regime permanente (fator de carga 100%).
NBR 13231: Proteção contra incêndio em subestações elétricas de geração,
transmissão e distribuição.
NBR 14039: Instalações Elétricas de Média Tensão de 1,0 kV a 36,2 kV.
NBR 15465: Eletroduto de PVC Rígido.
NBR 15688: Redes de Distribuição Aérea de Energia Elétrica com Condutores Nus.
NBR IEC 60269-1: Dispositivos-fusíveis de baixa tensão - Parte 1: Requisitos gerais.
NBR IEC 60947-2: Dispositivos de manobra e comando de baixa tensão - Parte 2:
Disjuntores.
NBR IEC 62271-100: Equipamentos de alta-tensão - Parte 100: Disjuntores de alta-
tensão de corrente alternada
NBR IEC 62271-102: Equipamentos de alta-tensão - Parte 102: Seccionadores e chaves
de aterramento.
NBR IEC 62271-200: Conjunto de manobra e controle de alta-tensão – Parte 200:
Conjunto de manobra e controle de alta-tensão em invólucro metálico para tensões acima de
1 kV até e inclusive 52 kV.
NBR NM 60898: Disjuntores para proteção de sobrecorrentes para instalações
domésticas e similares (IEC 60898:1995, MOD).
26
3. CAPÍTULO III: IMPLANTAÇÃO DE UMA SUBESTAÇÃO
3.1. Planejamento da Subestação
O planejamento para implantação de uma subestação para atender uma determinada
localidade, região ou indústria deve levar em consideração a previsão de aumento progressivo
da demanda dentro de um estudo de crescimento de cargas.
O planejamento adequado proporciona a definição das características básicas dos
equipamentos e arranjo da subestação. O planejamento compreende
⇒ Levantamento da carga, visando conhecer a potência instalada a ser atendida pela
subestação;
⇒ Estudo e definição da potência da subestação em função da carga demandada;
⇒ Estudo da previsão da taxa de crescimento da carga. Esse estudo é responsável pela
previsão de futuras expansões na subestação, definição do tamanho do terreno a ser utilizado
na implantação da subestação e influencia também na definição da potência da subestação.
3.2. Projeto da Subestação
Realizado o planejamento e definido a construção de uma nova subestação, inicia-se a
etapa de projeto. O projeto de uma subestação é subdividido em três tipos de projetos: civil,
eletromecânico e de proteção e automação.
27
3.3. Projeto Civil
O projeto civil de uma subestação abrange as seguintes etapas: instalações provisórias,
terraplenagem, escavação e reaterro, drenagem e pavimentação, e edificação.
3.3.1. Instalações Provisórias
O projeto de instalações provisórias deve contemplar a instalação de edificações para
escritórios, almoxarifados e toda a infraestrutura necessária à perfeita execução da obra,
incluindo instalações provisórias de água, esgoto, luz e força. Também deve possuir vias de
acesso e circulação interna e drenagem provisória adequadas para a área.
3.3.2. Terraplanagem
As plantas de terraplanagem devem conter diversas informações, entre elas: planta
baixa, detalhes dos projetos de estruturas de arrimo, indicação de volumes geométricos de
corte e aterro, entre outros. É necessário descrever a metodologia, os equipamentos e a
quantificação dos equipamentos necessária para execução do projeto.
3.3.3. Escavação e Reaterro
No projeto as dimensões das cavas e valas devem ser dimensionadas de modo a
permitir uma execução segura das escavações. Também deve ser indicado se as escavações
serão realizadas manualmente ou utilizando algum tipo de veículo e qual o tipo de material a
ser utilizado nos reaterros.
Caso haja necessidade deve ser apresentado o projeto de escoramento com o objetivo
de atender simultaneamente aos requisitos de segurança e prazos assumidos no cronograma
físico da obra.
3.3.4. Drenagem e Pavimentação
O sistema de drenagem deve ser projetado para abranger toda área do terreno da
subestação, de modo a proporcionar um perfeito escoamento das águas pluviais, bem como
do lençol freático evitando modificar a capacidade de suporte do solo.
O projeto de drenagem deve atender as características do terreno onde será
construída a subestação, observando os índices pluviométricos da região e os terrenos
circunvizinhos, evitando o escoamento de água para os mesmos. Sempre que possível, a
drenagem deve ser superficial.
28
Deve ser verificado junto aos órgãos públicos responsáveis o destino das águas
captadas. As caixas coletoras e separadoras de óleo devem ser dimensionadas para o volume
de óleo de um transformador, e atendendo as normas ambientais de normas da ABNT.
O projeto de pavimentação deve ser elaborado de modo que não haja erosão ou
abatimento nas pistas de circulação quando submetida à circulação de veículos de transporte,
carga, descarga e manutenção de equipamentos.
3.3.5. Edificação
Na subestação deve ser construída a casa de comando, onde são instalados os
equipamentos de serviços auxiliares da subestação. O projeto de edificação da subestação
normalmente é constituído das seguintes plantas:
⇒ Plantas Arquitetônicas, contemplando o projeto da edificação da casa de comando e do
pátio da subestação, especificando todos os materiais que serão utilizados e como será
executada a obra de construção;
⇒ Plantas de Instalações Elétricas, contemplando o projeto de instalação elétrica de baixa
tensão para a casa de comando da subestação, as quais devem atender a norma da ABNT, NBR
5410 – Instalações elétricas de baixa tensão;
⇒ Planta de Instalações Hidráulicas e Sanitárias, ilustrando a ligação das instalações hidráulicas
da subestação com a rede pública de abastecimento de água e esgoto conforme as exigências
da concessionária local.
3.4. Projeto Eletromecânico
No projeto eletromecânico são dimensionados: a estrutura suporte dos equipamentos,
as dimensões físicas e técnicas dos transformadores, condutores, malha de terra e outros
elementos.
3.4.1. Malha de Aterramento
Para a medição da resistividade é aconselhado à utilização do método de Wenner,
conforme a norma da ABNT, NBR 7117 – Medição da Resistividade do Solo pelo método dos
Quatro Pontos (WENNER). Esta medição deve ser feita logo após a terraplanagem. O
aterramento deve ser dimensionado com base na máxima corrente de curto-circuito fase-terra
do lado de menor tensão, levando em consideração um tempo de duração mínimo de 3
segundos conforme a norma da Companhia Energética do Ceará, NT-004 – Fornecimento de
energia elétrica em alta tensão – 69 kV . As hastes devem ser de aço cobreado com diâmetro
29
mínimo de 1,73 centímetros, interligadas por cabo de cobre nu de seção mínima igual a 7x7
AWG. A distância mínima entre as hastes é de 3 metros e o valor máximo de resistência do
solo deve ser 5 ohms. Devem ser ligados à malha de terra através de um condutor de aço
cobreado de bitola 7x7 AWG os seguintes componentes da subestação:
⇒ Todos os equipamentos, todas as ferragens para suporte de chaves, isoladores, etc;
⇒ Portas e telas metálicas de proteção e ventilação;
⇒ Blindagem dos cabos isolados e condutores de proteção da instalação;
⇒ Todos os cubículos em invólucros metálicos mesmo que estejam acoplados;
⇒ Neutro dos transformadores de força e serviços auxiliares;
⇒ Todos os para-raios.
3.4.2. Condutores e Barramentos
As subestações industriais devem ser projetadas, conforme padrões definidos nas
normas de fornecimento de energia da Concessionária.
30
4. CAPÍTULO IV: EVOLUÇÃO DAS SUBESTAÇÕES
Para atender à crescente demanda com uma energia elétrica de qualidade, aliada a
uma indispensável gestão empresarial com práticas de redução de custos, as concessionárias
de energia têm direcionado os seus investimentos à automação de sistemas elétricos.
4.1. Tecnologia e Subestações
A automação de subestações visa a melhoria da qualidade no fornecimento de energia
elétrica, reduzindo quantidade e tempo de interrupções através da supervisão do sistema
elétrico em tempo real e direto, além da redução dos custos operacionais, através da
automação de tarefas e centralização de ações operativas.
A operação de uma subestação é bastante complexa, pelo elevado grau de
incerteza e pelo grande número de variáveis que manipula. As diversas ações de supervisão e
controle requerem a presença de um operador capaz de manipular vários tipos de dados e
informações, respondendo às solicitações de forma efetiva em curto tempo.
Toda aplicação baseada na tecnologia analógica, com a introdução da tecnologia
digital nas subestações, melhora intensamente o modo de operar uma subestação. Com a
automação, o controle é feito com o mínimo de intervenção do usuário, resultando na
eficiência da operação em pequeno tempo.
Duas principais fases do avanço tecnológico em controle do sistema elétrico foram: O
emprego dos sistemas SCADA, “Supervisory Control and Data Aquisition”, na década de
sessenta; O uso de mini e, posteriormente, microcomputadores, realizando muitas tarefas de
controle sistêmico centralizadamente e umas poucas tarefas locais em subestações, na década
de setenta. Mas promoveu-se a mudança tecnológica, de fato, a partir da década de oitenta,
quando microprocessadores mais potentes e algoritmos mais rápidos, processadores de sinal,
processadores lógicos e processadores de comunicação, começaram a ser arranjados para
manipular algoritmos complexos, transferindo grande massa de dados em tempo real, com
“links” óticos a altas taxas de transmissão, com segurança. A partir de meados da década de
1990, começou-se a explorar o conceito de aproveitamento da inteligência distribuída nas
subestações digitalizadas. Hoje, tais sistemas atingiram sua maturidade, sendo empregados
praticamente para todas as funções de proteção, controle e monitoração de subestações.
Essa evolução tecnológica pavimentou o caminho para sucessivo incremento da
digitalização das subestações, pois se tornaram áreas onde mais se necessita da tecnologia
digital para simplificação das atividades e confiabilidade da operação. Nesse sentido, os
31
processos de Digitalização de Subestações podem se tornar requisito essencial para melhoria
no desempenho técnico e econômico das Empresas de Energia Elétrica.
Sistemas de Controle e Proteção Digital realizam, localmente, desde funções clássicas
de proteção e controle até sofisticadas funções automáticas de tratamento de dados para a
automação de tarefas que demandem a presença mais constante de operadores nas
subestações, e facilitam o controle local em emergência, com aprimoramento e/ou
simplificação de tarefas manuais ou automáticas dos Centros de Operação.
4.2. Os Transformadores de Medição Atuais
Os transformadores de medição transmitem as informações sobre as correntes e
tensões primárias para o equipamento secundário (proteção, controle e medição).
Historicamente, esses transformadores eram grandes aparatos compostos de materiais
isolantes, como cobre e ferro. Eles também eram utilizados para alimentar o equipamento
eletromecânico secundário. Atualmente, o equipamento secundário obtém sua energia
operacional a partir de uma fonte de alimentação separada (ou seja, bateria).
Além disso, graças ao aparecimento da tecnologia de fibra ótica, os grandes e velhos
transformadores de medição podem ser substituídos por sensores de fibra ótica que fornecem
informações sobre as correntes e as tensões primárias. Esses valores são transformados em
sinais digitais de fibra ótica que alimentam os equipamentos secundários. A substituição dos
transformadores de medição tradicionais por sensores óticos reduz ainda mais a área ocupada
pela instalação de manobra e os seus custos, ao mesmo tempo em que provê equipamentos
secundários mais flexíveis e seguros.
Figura 13. Módulos de manobra inovadores com a função de desconexão montada no disjuntor ou a ele integrada
4.3. Subestações Invisíveis
Não apenas a tecnologia por detrás das subestações mudou drasticamente nos últimos
cem anos como também sua aparência. Muitas subestações eram, originalmente, construídas
nos subúrbios de pequenas ou grandes cidades, portanto, a aparência não era tão importante.
32
Entretanto, muitas dessas subestações têm sido, desde então, absorvidas pela expansão
urbana das últimas décadas. Muitos daqueles que vivem próximo a elas começaram a achar
desagradável sua aparência, assim como a poluição sonora causada pelo zumbido dos
transformadores de potência. Para resolver este problema, as subestações foram colocadas
em prédios que estão em harmonia com aqueles ao seu redor e, portanto, elas ficaram
“invisíveis”.
Figura 14. Subestação subterrânea “invisível”. A cascata refrigera e abafa o zumbido do transformador de potência (a), os
moradores locais são convidados a opinar em um projeto proposto (b) e uma instalação de manobra GIS subterrânea (c)
Uma área ocupada reduzida, de 40% a 50% para soluções AIS em recinto fechado, e de
70% a 80% para soluções GIS em recinto fechado, simplificou muito este processo. Localizar o
equipamento em um recinto fechado aumenta a disponibilidade e a confiabilidade da
subestação, visto que o risco de falhas primárias, devidas a animais e à poluição atmosférica
ou industrial, é significativamente diminuído para AIS e totalmente eliminado para GIS. Além
disso, torna-se possível a supervisão remota do prédio. As subestações também ficam
protegidas contra roubos e o ruído do zumbido é bastante reduzido. Subestações GIS
subterrâneas, que tornam a subestação realmente invisível, foram implementadas na parte
central de cidades do mundo todo, regiões que não permitem a implantação de subestações
no nível do solo.
Uma redução da área ocupada pela subestação significa custos menores para a
aquisição e preparação do terreno. A reforma das subestações existentes é mais fácil e o
impacto ambiental é consideravelmente reduzido.
Os engenheiros devem levar em conta duas considerações importantes quando
estiverem construindo novas subestações em áreas urbanas: o tamanho e a segurança. Preços
de bens imóveis significam que o espaço necessário para essas subestações devem ser
33
mantidos em um mínimo, e que se aplicam padrões mais altos para a segurança pessoal em
subestações em áreas habitadas.
4.4. Subestações Pré-fabricadas para Locais Fechados
Uma subestação pré-fabricada permite uma instalação rápida e fácil no local,
diminuindo o tempo total do projeto e minimizando o incômodo para os vizinhos. Ao mesmo
tempo, a qualidade do fornecimento é melhor devido ao teste completo na fábrica antes do
envio. Um exemplo é a subestação de distribuição com um transformador de até 16 MVA,
modelo Malte, que consiste de módulos pré-fabricados testados na fábrica antes do envio. O
cabeamento primário e o secundário entre os módulos são preparados de modo a permitir
uma conexão rápida. Essa subestação, especificamente, é constituída por três módulos
principais:
⇒ módulo transformador de potência que consiste no transformador de potência principal,
em uma fundação pré-fabricada que também age como um poço de contenção de óleo,
paredes e telhado.
⇒ módulo de alta tensão (HV) equipado com um disjuntor removível de 52 kV. Este módulo
não exige nenhuma fundação, visto que é conectado à lateral do transformador de potência.
⇒ módulo de média tensão (MV) cujos equipamentos de manobra são montados em
cubículos. Neste módulo, estão incluídos: relé, equipamento auxiliar AC/DC e de controle para
toda a subestação. Assim como o módulo HV, este também é conectado ao módulo do
transformador.
Figura 15. Subestação pré-fabricada: subestação antiga (a), subestação nova (b) e o interior da nova subestação com um
transformador de potência no meio, a alta tensão à direita e a média tensão e equipamento secundário à esquerda (c)
Figura 16. Pré-fabricação de um sistema de relé e controle: teste em fábrica do equipamento completo da subestação (a),
transporte dos módulos inteiros para o local (b) e equipamento em serviço no local (c)
34
4.5. Sistema Secundário de Subestação
Como sua contraparte primária, os sistemas secundários das subestações também mudaram
muito ao longo dos anos. Os dias de operação manual, por exemplo, foram substituídos por
uma forma mais sofisticada de gerenciamento de informações. O sistema secundário em uma
subestação moderna é utilizado para:
⇒ Proteção e supervisão de sistemas primários;
⇒ Acesso local e remoto aos dispositivos do sistema de potência;
⇒ Funções locais manuais e automáticas;
⇒ Links e interfaces de comunicação dentro do sistema secundário;
⇒ Links e interface de comunicação para os sistemas de gerenciamento de rede.
Todas essas funções são executadas por um Sistema de Automação de Subestações
(Substation Automation System – SAS) que contém dispositivos secundários programáveis,
conhecidos como Dispositivos Eletrônicos Inteligentes (Intelligent Electronic Devices – IEDs)
para o controle, monitoramento, proteção e automação. As características típicas de um IED
incluem:
⇒ Poder ser utilizado por uma ou mais baias da instalação de manobra;
⇒ Possuir uma funcionalidade de proteção independente para cada alimentador;
⇒ Executar cálculos em alta velocidade e em tempo real, o que irá disparar um sinal de
trip, se necessário;
⇒ Ser planejado como um dispositivo combinado de proteção e controle, mas pode
também funcionar como um dispositivo separado de controle ou de proteção;
⇒ Poder se comunicar com todos os outros IEDs.
Para aumentar a confiabilidade e a disponibilidade do SAS, a parte de proteção pode
ser duplicada para prover uma redundância do sistema. Para a redundância completa, todos os
IEDs e o sistema de suporte (como a fonte de alimentação) devem ser duplicados, a fim de
assegurar que os dois sistemas possam trabalhar independentemente um do outro.
4.6. Pré-fabricação
A pré-fabricação e o pré-teste do equipamento de automação da subestação estão se
tornando rapidamente uma regra para uma subestação moderna. O sistema é entregue em
35
seções que contêm todas as funções necessárias para uma parte do sistema primário e essas
seções são então conectadas por meio de fibra ótica.
Entre as vantagens da pré-fabricação, estão:
⇒ Os custos totais podem ser reduzidos devido à otimização da fabricação e do teste;
⇒ A qualidade é superior porque o módulo foi completamente testado na fábrica e é
transportado com a instalação elétrica totalmente intacta;
⇒ Devido à maior parte da montagem e do teste serem terminados antes do envio, o tempo
gasto no local é consideravelmente reduzido;
⇒ A pré-fabricação é apropriada tanto para projetos novos como para projetos de
modernização;
⇒ As melhorias futuras são simplificadas e podem ser feitas com um menor tempo de
interrupção, substituindo a estrutura pré-fabricada completa.
4.7. Comunicação
A comunicação efetiva e rápida entre IEDs é essencial em um SAS. A comunicação
numérica foi utilizada por muitos anos nas subestações entregues pela ABB, mas a falta de
protocolos padronizados limitou a eficiência do SAS e restringiu a combinação de IEDs. A fim
de superar este problema, foi desenvolvido um padrão para a comunicação de subestações,
conhecido como o padrão de comunicação IEC 61850.
As subestações modernas são, geralmente, operadas remotamente e a comunicação
entre a subestação e o centro de controle remoto é feita por uma ampla rede de área (WAN).
Hoje em dia, novas conexões de linhas aéreas ou cabos de alimentação são equipados com
fibra ótica a fim de habilitar o sistema de comunicação de proteção para a WAN.
4.8. Olhando Para O Futuro
Os últimos cem anos viram a economia mover-se da era industrial para a era da
informação. Um grande número de ideias fascinantes, em particular a World Wide Web,
alterou o modo como muitas pessoas e empresas vivem e trabalham. A disponibilidade da
internet para grandes empresas agilizou e facilitou o contato com o cliente. Os projetos podem
ser executados utilizando um banco de dados comum avaliado por ambas as partes.
Os equipamentos de potência utilizados nas subestações do futuro serão ainda mais
integrados e compactos, enquanto as funções de medição e todas as funções secundárias
36
serão feitas utilizando fibras óticas.
4.9. As Empresas e o Avanço nas Subestações
As empresas do setor elétrico voltadas a tecnologia, produtos e serviços caminham de
forma a proporcionar melhor desempenho e redução de custos e aprimorar as novas
tecnologias ligadas às subestações, seja no seu modelo de construção ou modernização de
sistemas.
4.9.1. Projetando Subestações Modernas, Seguras e Econômicas
A inovação é essencial para que empresas de diferentes setores da economia
ganhem competitividade, atendam às exigências do mercado e garantam a sua sobrevivência.
O setor elétrico brasileiro, assim como outros ramos, está desenvolvendo uma
cultura de inovação. A rápida adoção pelos protocolos da norma IEC 61850 em projetos de
subestações pelas concessionárias de energia é uma prova disso.
A SEL, Schweitzer Engineering Laboratories, estimula práticas inovadoras nas
empresas do setor elétrico, por meio de novas tecnologias e da disseminação do
conhecimento necessário para empregá-las. Um exemplo é o da Elektro, distribuidora
brasileira de energia elétrica e parceira da SEL desde 2008, que inovou por meio da
modernização de 36 subestações. Os resultados foram: redução de 50% na cablagem
convencional e 40% no tempo de comissionamento. Outro projeto desenvolvido pela SEL foi a
modernização de uma grande subestação de 500kV, que gerou, comparado a um desenho
convencional de IEDs na sala de controle, uma redução de 80% dos cabos de cobre; 75% no
tempo de instalação; 76% nos custos de instalação; e 76% nos custos com materiais.
Figura 17. Tabela Comparativa entre Projeto Convencional e Moderno
37
Esses são resultados práticos de uma inovação que consiste na mudança na
localização dos IEDs (Intelligent Electronic Devices) de proteção e controle, que antes ficavam
dentro das casas de controle, migrando para os pátios das subestações, com a substituição de
parte dos fios de cobre por fibra ótica. Dessa forma, concessionárias de energia estão
substituindo processos caros, lentos e burocráticos por práticas capazes de modernizar suas
subestações.
A instalação dos IEDs no pátio também melhora significativamente a funcionalidade
global do projeto da subestação, pois reduz suas dimensões, torna as casas de controle mais
funcionais, abrigando somente equipamentos que não podem ficar no pátio, e simplifica a
fiação interna dos gabinetes.
Muitas empresas ainda utilizam os IEDs dentro das casas de controle e conectados
aos equipamentos do pátio por meio de dezenas de fios de cobre. Geralmente são usados em
média 44 condutores para ligar cada IED da casa de controle ao pátio. O percurso da fiação é
razoavelmente longo, medindo entre 200 e 500 metros. Além disso, um equipamento pode ter
IEDs de proteção principal e retaguarda, o que dobraria a quantidade de condutores na
subestação. Neste modelo, são necessárias para a instalação, um número maior de
profissionais e materiais, devido a grande quantidade de cabos de cobre dentro das canaletas.
Figura 18. Antes: método de fiação tradicional com relés na casa de controle
Figura 19. Depois: métodos com os relés instalados no pátio
38
Com a migração dos IEDs para o pátio, os processos de instalação e comissionamento
se tornam mais rápidos, simples e acessíveis, pois o comprimento da fiação é menor – limitada
entre o equipamento de pátio e o gabinete com o IED. Para troca de dados de proteção e
controle entre os IEDs da subestação, utiliza-se um dos principais benefícios da utilização da
norma IEC 61850 que consiste em minimizar ou até mesmo eliminar a fiação de cobre usada
no campo através do uso de mensagens GOOSE de alta velocidade.
4.9.2. Comparativo de SEE’s: Modelo Blindado x Modelo Convencional
A empresa Precisa Eletro, que atua no ramo de equipamentos elétricos, proferiu uma
apresentação na Ampla comparando o uso do modelo Blindado com o Convencional em
Alvenaria para Subestações de Entrada de Energia (SEE’s), onde se pode conferir as enormes
vantagens demonstradas para a padronização de Subestações Blindadas.
Conforme matéria veiculada na Revista Eletricidade Moderna em Março/2011
(baseada em apresentação no SENDI) as SEE´s blindadas proporcionam:
⇒ Maior Confiabilidade ao Sistema Elétrico de Distribuição
⇒ Redução nos custos de análise
⇒ Maior confiança ao consumidor quanto a qualidade e aprovação de projeto da SEE
⇒ Maior segurança ao operador
Com relação ao último ponto, pode-se
afirmar que uma SEE de modelo convencional
oferece mais riscos de segurança pois em caso
de acidentes ou explosões como arco interno, o
operador ficaria totalmente exposto a explosão
ocorrida pois o mesmo estaria em frente ao
equipamento para manobrá-lo. Já na SEE
blindada, ele ficaria totalmente protegido da
explosão, pois ela não causa qualquer efeito na
frente da subestação e o acesso traseiro é
proibido para a circulação de pessoas. Nas
imagens a seguir, pode-se notar as diferenças
entre os dois modelos.
Figura 20. As Subestações de Entrada em Média Tensão
(13.800V) na Cidade do Rio de Janeiro até 2006 possuem
modelo convencional em alvenaria.
39
Na tabela a seguir, pode-se ver um comparativo de custo entre os dois modelos,
demonstrando que o valor de aquisição de uma SEE Blindada é praticamente o mesmo de uma
SEE convencional em alvenaria.
Figura 21. Tabela comparativa de custo entre os modelos convencionais e blindados.
A exigência por parte da Concessionária de que o Consumidor utilize subestações
blindadas para o recebimento de energia
em Média Tensão é um direito garantido
pela Aneel.
A padronização de cabines
blindadas previamente homologadas pela
Concessionária, proporciona inúmeras
vantagens sob os pontos de vistas técnicos
e de segurança.
A Concessionária Light, que adotou
esta padronização desde 2006, ainda
conseguiu reduzir a zero os casos de
fraudes, que eram muito comuns nas Figura 22. Subestação de Entrada Blindada Padrão Light
subestações em alvenaria.
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CONCLUSÃO
A construção das redes de energia elétrica surgiu da necessidade de encaminhar a
energia gerada nas usinas, sejam elas térmicas, hidráulicas, termo-nucleares, eólicas, solares,
etc., até os centros urbanos - onde, em sua maioria, a energia elétrica será consumida. Ao sair
da usina, a eletricidade é transportada através de um conjunto de cabos e torres, o que
chamamos, de rede de transmissão de energia elétrica.
As Transmissoras de energia costumam administrar as Linhas de Transmissão com as
maiores voltagens; contudo, há também redes de menor voltagem dentro das próprias
distribuidoras de energia elétrica, isso para permitir que as distribuidoras possam levar a
energia de voltagens menores e mais seguras aos clientes de sua área de concessão.
Dessa forma, as subestações são uma peça fundamental entre a geração de energia
elétrica e o consumidor. Nelas se situam o conjunto de equipamentos responsáveis pela por
essa transformação necessária da voltagem da energia elétrica para o consumo dos clientes.
O grande sistema de energia elétrica que abastece o Brasil é operado,
regulamentado e fiscalizado de forma a garantir a eficiência e qualidade de abastecimento.
Assim, todo projeto de subestação a ser implantada, ampliada ou modernizada deve estar de
acordo com as normas elaboradas pelos órgãos responsáveis que também estabelecem as
regras de prestação do serviço público de energia sob contrato com as empresas
concessionárias de energia.
A modernização, por consequência, será sempre vantajosa e requerida por essas
companhias. Com o avanço tecnológico, empresas do setor elétrico tendem a inovar,
melhorando o desempenho dos equipamentos, tornando sua manobra mais rápida e segura
ao trabalhador, e facilitando a comunicação entre os setores de operação, além de diminuir o
custo final.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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