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EGW Seu Impacto Hoje

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Brandon Borges
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Jean Carlos Zukowski


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Reinaldo Siqueira (Orgs.)

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Ellen G. White: seu impacto hoje
Imprensa Universitária Adventista

1a edição — 2017
Caixa Postal 11 — Unasp 1.000 exemplares (1.000 acumulados)
Engenheiro Coelho, SP CEP 13.165-000
Tels.: (19) 3858-9055 / (19) 3858-9355
Editoração: Rodrigo Follis, Felipe Carmo
Revisão: Mauren Fernandes
Normalização: Ginlia Pradela
Programação visual: Fábio Roberto
www.unaspstore.com.br Capa: jônathas Sant'Ana

Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Ellen G. White: seu impacto hoje / Jean Carlos Zukowski, Adofo S. Suárez, Reinaldo Siqueira,. -1. ed. - Engenheiro Coelho,
17
SP: Unaspress - Imprensa Universitária Adventista, 2017.

Bibliografia.

ISBN:978-85-8463-058-5 VIDA E OBRAS

1. Adventistas do Sétimo Dia - Doutrinas 2. Bíblia - Profecias 4. Segundo Advento S.Teologia do Remanescente - Ensino bíblico 6. White,
27
Ellen G, 1827-1915

12-03350

índices para catálogo sistemático:


41 ELLEN G. W! l i T É :
l. Igreja remanescente: Orientações: Adventistas do Sétimo Dia: Doutrinas 236.9

JUDIAXE
02060) 2017

Editora associada: 69
SIGNIFICA! X:KCC

Associação Brasileira
das Editoras Universitárias
GÉRSON ;;:!;-::;-,/•.:'

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O CASAMENTO DE TIAGO
E ELLEN C. WHITE:
SIGNIFICADOS CONSTRUÍDOS
PELO CASAL
DEMOSTENES NEVES DA SILVA1
GERSON RODRIGUES2

Este trabalho é parte de uma pesquisa mais ampla em desenvolvimento


acerca das relações conjugais do casal Tiago White (1821-1881)3 e Ellen G. Whi-
te (1827-1881)4, cofundadores e líderes da Igreja Adventista do Sétimo do Dia

Professor do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia/Salt-IAENE. Doutor em


Psicologia (Universidade Federal da Bahia), mestre em Família na Sociedade Contemporâ-
nea (Universidade Católica do Salvador) e mestre em Teologia pelo Centro Universitário
Adventista de São Paulo (Unasp - EC).
Diretor do Centro de Pesquisas Ellen G. White — IAENE. Professor do Seminário Adven-
tista Latino-Americano de Teologia/Salt-IAENE. Doutorando em História do Adventismo
(Universidade Andrews) e mestre em Teologia (Universidade Andrews).
As principais obras autobiográficas de Tiago (James) White são: James White (1868; 2003),
James White e Ellen G. White (1880, p. 9-130; 1888). A edição de 1888 inclui uma adição da
descrição da doença e morte de Tiago. As fontes biográficas mais relevantes são: Robinson
(1976); Wheeler (2003); White, W. (1935-1938).
As principais obras autobiográficas de Ellen G. White são: Ellen G. White (1851); anos
mais tarde foi incluído em 1882; 1860, p. iii-iv, 7-300; 1885, p. 9-112; 1915, p. 17-254 (as úl-
ELLEN G. WHITE: SEU IMPACTO HOJE
O CASAMENTO DE'

(IASD). A história dos White tem início na primeira metade do século 19, nos artigos de revistas e progra
Estados Unidos (EUA), quando um grande movimento religioso, liderado pelo um departamento denomina
pregador batista Guilherme Miller (NUMBERS; BUTLER, 1993; KNIGHT, enfoca o tema da conjugalida
1993; 2010; ROWE, 2008), resultaria na organização formal da IASD em 1863 o nível da igreja local até a r
(MUSTARD, 1987; SCHWARZ; GREENLEAF, 2009). ção Geral dos Aclventistas d
A denominação estava surgindo em um país de dimensões continentais todos esses meios de promoç
e, nesse extenso território, encontravam-se os dispersos membros do rebanho White exercem papel de refei
que precisavam ser visitados e comprometidos com a consolidação do adven- cristã modelo, particularmer
tismo. Ao mesmo tempo, um forte senso do dever evangelístico impulsionava Ademais, Tiago e Ellen
Tiago e Ellen, bem como outros pioneiros, a novos territórios, visando à expan- mentalidade teológica e eslr
são e consolidação da igreja (DAMSTEEGT, 1988). ser identificados como pessc
Em meio à reconsideração de suas crenças pessoais e em busca de uma Seus ensinos e testemunho li
base bíblica para sua fé, e devido ao forte senso de missão, ambos eram víduos f suas práticas, inclusi
compelidos a viajar extensivamente, orientando, doutrinando, motivando nessa discussão se refere à c
e unificando os membros enquanto escreviam, deixando uma grande quan- larmente, os cie Ellen G. Wh
tidade de material impresso, da qLial boa parte se encontra disponível hoje riências conjugais. Nesse sen
em formato digital. os adventistas e interessados
70
O matrimónio entre Ellen e Tiago foi realizado em 30 de agosto de 1846. No que se refere à abor
Tiago tinha 25 anos e Ellen 18 (WHITE, J.; WHITE, E. 1880; 1888, p. 126, 238; sobre a vida f a m i l i a r dos Wl
WHITE, E. 2010, v. 2, p. 83).5 Ele foi escritor, pregador, administrador e viajante WHITE, A. 1981-1983, v. 1-
incansável para anunciar a mensagem do advento; ela, que veio a se tornar a ROBINSON, 1976; WHEEL1
mais prolífica escritora da igreja e cofundadora da instituição, juntamente com dos limites desta investigaçã
seu esposo e outros pioneiros, evidenciou e foi reconhecida pela denominação de uma abordagem psicológ
como mensageira escolhida por Deus para orientar e guiar a igreja através do pretação teológico-histórica
dom de profecia (DOUGLASS, 1998; 2009).6 lógica pode contribuir com
O estudo da conjugalidade dos White é relevante uma vez que as assim, neste estudo, quais <
questões de família fazem parte da mensagem adventista, contida na apre- construídos pelo próprio ca
sentação de suas 28 Crenças Fundamentais e divulgada por meio de livros, produzidos por eles.7

timas páginas deste livro [p. 225-480]), James White (1876); James White e Ellen G. Whi- '.
te (1880; 1888). Algumas autobiografias foram compiladas e publicadas postumamente ; Nos Centros de Pesquisas Ellc
(WHITE, E., 1922; 1933). A biografia mais completa foi escrita pelo seu neto, Arthur L. páginas datilografadas dos ori
White (1981-1986), em 6 volumes, e recentemente foi traduzida para o português uma . tendo cerca de 5.500 c a r t a s e ;
edição abreviada dessa biografia em um volume, Arthur L. White (2015). Sul: Argentina (Universidad A
De acordo com o Portland Bulletin de 8 de setembro de 1846 e o Tribune and Bulletin de 11 l versidad P e r u a n a Union, Lima
de setembro de 1846 (p. 200) a idade de Ellen estava abaixo da média dos casamentos da t tista de São Paulo, Engenheiro i
época na América do Norte. Em 1839, por exemplo, as mulheres jovens estavam retardando f rã, BA). O acervo referente n Ti
o casamento para uma idade média de 24,4 anos (VOLO, J.; VOLO, D. 2007, p. 33). ainda existentes estão disponiYe
A obra mais importante sobre o ministério de Ellen G. White recentemente publicada é de l Silver Spring, Maryland, c no <
Denis Fortin e Jerry Moon (2014). (CAR-AU), Berrien Sprinf-s, Aí ú-
O CASAMENTO DE TIAGO E ELLEN G. WHITE: SIGNIFICADOS CONSTRUÍDOS PELO CASAL

eira metade do século 19, nos artigos de revistas e programas televisivos. Além disso, a igreja mantém
mento religioso, liderado pelo um departamento denominado "Lar e Família", que, entre outras questões,
S; BUTI.l-R, J993; KNIGHT, enfoca o tema da conjugalidade. Esse departamento está estabelecido desde
cão formai da IASD em 1863 o nível da igreja local até a mais alta instância denominacional, a Associa-
009). ção Geral dos Adventistas do Sétimo Dia (GC, General Conference). Em
is de dimensões continentais todos esses meios de promoção da família pela IASD, os ensinos de Ellen G.
spersos membros do rebanho White exercem papel de referência nos discursos que apresentam a família
;om a consolidação do adven- cristã modelo, particularmente adventista.
ii' evangelístico impulsionava Ademais, Tiago e Ellen ocuparam papel fundamental na formação da
s territórios, visando à expan- mentalidade teológica e estrutura eclesiástica adventista, e, assim, podem
0. ser identificados como pessoas importantes ao imaginário dos membros.
pessoais e em busca de uma Seus ensinos e testemunho têm importante papel na constituição dos indi-
iso de missão, ambos eram víduos e suas práticas, inclusive as conjugais. Outro aspecto a ser levantado
Io, doutrinando, motivando nessa discussão se refere à coerência entre os ensinos da igreja e, particu-
deixando uma grande quan- larmente, os de Ellen G. White sobre o casamento e as suas próprias expe-
se encontra disponível hoje riências conjugais. Nesse sentido, o tema se apresenta como relevante para
os adventistas e interessados em sua história.
ado em 30 de agosto de 1846. No que se refere à abordagem desta pesquisa, os estudos realizados 71
Hl, E. 1880; 1888, p. 126,238; sobre a vida familiar dos White, ou que a abordam (ver GRAYBILL, 1983;
dor, administrador e viajante WHITE, A. 1981-1983, v. 1-3; DOUGLASS, 1998; KNIGHT, 1996; 1999;
o; ela, que veio a se tornar a ROBINSON, 1976; WHEELER, 2003), e às quais tivemos acesso, dentro
i instituição, juntamente com dos limites desta investigação, não costumam ser referenciados por meio
:onhecida pela denominação de uma abordagem psicológica contextualizada, sendo limitados à inter-
ar e guiar a igreja através do pretação teológico-histórica. Portanto, entendemos que a análise psico-
lógica pode contribuir com um novo olhar sobre o tópico. Interroga-se,
relevante uma vez que as assim, neste estudo, quais os significados da conjugalidade dos White,
adventista, contida na apre- construídos pelo próprio casal, a partir, principalmente, de documentos
vulgada por meio de livros, produzidos por eles.7

876); James White e Ellen G. Whi-


adas e publicadas postumamente Nos Centros de Pesquisas Ellen G. White (CPEGW) há acervos com cerca de 50.000
>i escrita pelo seu neto, Arthur L. páginas datilografadas dos originais de cartas e manuscritos de Ellen G. White, con-
traduzida para o português uma tendo cerca de 5.500 cartas e 2.800 manuscritos. Há quatro CPEGW na América do
r L. White (2015). Sul: Argentina (Universidad Adventista dei Plata, Entre Rios, Argentina), Peru (Uni-
846 e o '1'ribune and Bulletin de 11 versidad Peruana Union, Lima, Peru), e dois no Brasil (Centro Universitário Adven-
lixo da média dos casamentos da tista de São Paulo, Engenheiro Coelho, SP; e Faculdade Adventista da Bahia, Cachoei-
lheres jovens estavam retardando ra, BA). O acervo referente a Tiago White é bem menor, mas algumas de suas cartas
/.; VOLO, D. 2007, p. 33). ainda existentes estão disponíveis em arquivos de documentos tanto no White Estate,
'hite recentemente publicada é de Silver Spring, Maryland, e no Center for Adventist Research, Andrews University
(CAR-AU), Berrien Springs, Michigan.
ELLEN C. WHITE: SEU IMPACTO HOJE O CASAMENTO C

Definição de conceitos: às necessidades do grupo c


não serem supridas, surgir
casamento ou união conjugal tração intensa demais pro<
a abandonar o grupo ou a
A conjugal idade é descrita na literatura como um processo interacional de Do ponto de vista da :
construção de uma realidade comum e se constitui no oposto à individualida- Lewin (1948) pontua que o
de, com pretensões a ser vitalícia (FÉRES-CARNEIRO; DINIZ-NETO, 2008a, 1) o caráter do grupo; 2) o
p. 487-496). Essa relação é construída visando a uma história compartilhada duais, inclusive a cjuantida
por meio de trocas verbais. Como consequência, a mudança na pauta de ação que o indivíduo ocupa no
de um dos cônjuges inevitavelmente afetará o outro (FÉRES-CARNEIRO; DI- da forma autocrática ou de
NIZ-NETO, 2008b, p. 349-355; GRANDESSO, 2000). resultados diferentes sobre
Kurt Lewin (1948, p. 84-102) descreve a relação conjugal como uma si- autocrática, entendemos, t
tuação de grupo, e, como grupo de duas pessoas, o casamento se constitui a sem iniciativa, desestimula
mais exigente de todas as situações desse tipo. Várias razões são apontadas por produzindo, segundo Lcwi
Lewin: o casamento demanda dedicação mais íntima e duradoura do que qual- bros do grupo à apatia ou ;:
quer outro grupo humano e, além disso, abrange todos os aspectos da vida sem A proposta democrátia
admitir interferência em sua dinâmica. Assim, o casamento é um agrupamen- estimulando a criatividade,
to humano de baixíssima tolerância a intervenções externas, além de envolver tensões e produzindo segur;
72
desejo e expectativa recíproca de acesso e exposição da intimidade. proporciona abertura entre
O autor chama também a atenção para o fato de que um grupo conjugal, mente tanto nas trocas simbc
como qualquer outro, não representa a mera soma das partes, pois possui estrutura, As relações democráticas est;
objetivos e dinâmica próprios, inclusive quando nas relações com outros grupos, o importante no grupo, além <
que implica no ajustamento individual às suas demandas. A essência de um grupo fera pode representar fator d
não é a semelhança nem a diferença entre os seus membros, mas sua interdepen- lução dos problemas e confli
dência, que pode variar desde a coesão firme até uma relação frágil. Nesse sentido, as causas de tensão podem s
as diferenças ou semelhanças só são importantes na medida em que atendem as de necessidades; 2) quantida
necessidades do grupo como um todo e de seus membros em particular. a capacidade de retirar-se d-
Ainda de acordo com Lewin, para o indivíduo, o grupo é um solo no qual conflito; e 4) o grau do confl
se sustenta, de modo que sua posição e segurança dependem de como a pessoa membros e da presteza em a
se sente em termos de aceitação do grupo. Qualquer mudança no grupo afetará Várias outras questões
seus membros e qualquer mudança em um de seus membros afetará o grupo. potencial para gerar confli
Assim, se a participação do indivíduo não está bem estabelecida no grupo, que em relação aos outros; 2) c
também é o meio de vida das pessoas, sua condição de vida apresentará uma persaciedade; e 3) a diferer
base instável. E isso se aplica de forma mais aguda ao grupo conjugal. toes podem ser equilibrad;
No sentido acima, para o autor, a participação no grupo obedece a prioridades do casal. Outn
princípios de necessidade tanto do grupo como do indivíduo. Como a parti- conflitos é o significado qi
cipação em um grupo exige uma medida variável de renúncia, é preciso que depender do significado, o <
haja também suficiente espaço livre, ou liberdade, para que a pessoa atenda ou se tornar uma barreira p
O CASAMENTO DE TIAGO E ELLEN G. WHITE: SIGNIFICADOS CONSTRUÍDOS PELO CASAL

às necessidades do grupo e às suas próprias. Em caso de essas necessidades


não serem supridas, surgirá tensão; então, a pessoa ficará infeliz. Uma frus-
tração intensa demais produzirá sofrimentos que tenderão a levar a pessoa
a abandonar o grupo ou a desejar destruí-lo.
3 um processo interacional de Do ponto de vista da satisfação das necessidades individuais e grupais,
:ui no oposto à individualida- Lewin (1948) pontua que o ajustamento ao grupo dependerá de três fatores:
rEIRO; DINIZ-NETO, 2008a, 1) o caráter do grupo; 2) o caráter do indivíduo, suas características indivi-
unia história compartilhada duais, inclusive a quantidade de espaço livre de que necessita; e 3) a posição
a mudança na pauta de ação que o indivíduo ocupa no grupo. A conciliação desses fatores dependerá
tro (FÉRES-CARNEIRO; DI- da forma autocrática ou democrática presente na condução do grupo, com
)00). resultados diferentes sobre o grupo e seus membros. A adoção da forma
lação conjugal como uma si- autocrática, entendemos, tende a produzir indivíduos tensos, inseguros e
j, o casamento se constitui a sem iniciativa, desestimulando a criatividade entre outros efeitos negativos,
rias razões são apontadas por produzindo, segundo Lewin (1948), tensão muito maior e levando os mem-
ima e duradoura do que qual- bros do grupo à apatia ou agressão.
odos os aspectos da vida sem A proposta democrática, por outro lado, em geral, conduz à maior interação,
casamento é um agrupamen- estimulando a criatividade, iniciativa e valorização dos membros, aliviando as
;s externas, além de envolver tensões e produzindo segurança no grupo. Essa forma de condução do grupo 73
ao da intimidade. proporciona abertura entre o líder e os liderados para falar e se expor franca-
0 de que um grupo conjugal, mente tanto nas trocas simbólicas do cotidiano quanto na resolução de conflitos.
is partes, pois possui estrutura, As relações democráticas estão diretamente ligadas à atmosfera, outro elemento
relações com outros grupos, o importante no grupo, além da capacidade de atender necessidades. Essa atmos-
ndas. A essência de um grupo fera pode representar fator decisivo, juntamente com o espaço livre, para a reso-
nembros, mas sua interdepen- lução dos problemas e conflitos, particularmente nas relações conjugais. Assim,
a relação frágil. Nesse sentido, as causas de tensão podem ser descritas como 1) grau de carência ou satisfação
a medida em que atendem as de necessidades; 2) quantidade de espaço livre; 3) ausência de barreira externa,
ibros em particular. a capacidade de retirar-se do ambiente onde há tensão, evitando sofrimento e
o, o grupo é um solo no qual conflito; e 4) o grau do conflito que depende da harmonia entre os objetivos dos
dependem de como a pessoa membros e da presteza em considerar o ponto de vista do outro.
•r mudança no grupo afetará Várias outras questões dizem respeito ao funcionamento do grupo e do
is membros afetará o grupo. potencial para gerar conflitos: 1) as expectativas insatisfeitas dos membros
1 estabelecida no grupo, que em relação aos outros; 2) o estado acentuado e contínuo de carência ou hi-
ao de vida apresentará uma persaciedade; e 3) a diferença nas expectativas sexuais do casal. Essas ques-
ao grupo conjugal. tões podem ser equilibradas pela posição que o casamento ocupa entre as
>açáo no grupo obedece a prioridades do casal. Outro elemento importante para gerar ou minimizar
Io indivíduo. Como a parti- conflitos é o significado que o casamento possui para os seus membros. A
de renúncia, é preciso que depender do significado, o casamento pode facilitar a realização de objetivos
:> para que a pessoa atenda ou se tornar uma barreira para a pessoa.
ELLEN G. WHITE: SEU IMPACTO HOJE
O CASAMENTO DF

Entre elementos com potencial para produzir conflitos, encontram-se os Nesse sentido, represen
grupos imbricados. Esses, como a igreja, o trabalho e as famílias dos cônjuges significados e o contexto soe:
podem competir ou se tornar mais importantes do que o próprio casamento, para a própria constituição c
conduzindo ao quadro de ciúme, como uma sensação de que aquilo que nos dicando como se constitui su
pertence está sendo roubado. Essa sensação pode ser produzida pela presen- dos documentos que contêm
ça de uma terceira pessoa que interfere na relação do grupo conjugal, como vivências da relação conjugal
também pode ser decorrente da imbricação de outros grupos que ocupam a A concepção do ser hui
preferência de um dos membros da família. significados e sentidos nas ré
deste trabalho, aponta pani u
tiva que valoriza aspectos coi
Aspectos teóricos e metodológicos Este trabalho é um estuei
tal, principalmente, mas não c
Nesta análise da relação conjugal do casal White, o referencial teórico en- particular, do casal White, di
tende, no nível psicológico, o indivíduo e a sociedade como membros mútuos G. White da Faculdade Adven
do processo histórico. Assim, adotou-se como referencial teórico, adequado ao principais nos quais a análise
objeto pesquisado, a perspectiva Histórico-Cultural desenvolvida por Levi Vi- conjugalidade dos While e às
gotski (1896-1934) e seus colaboradores. de 1874 e 1876, períodos maré
74
De acordo com Vigotski (1984; 1993), ao longo da existência individual, a de Tiago White. Nesses docun
utilização dos signos, com os seus significados, possibilita uma situação relacional de Ellen G. White como "cuid
entre seres humanos por meio da fala, em suas várias manifestações, a qual de- Sobre o conteúdo das <
sempenha uma função central nas relações sociais. A emergência do pensamento ideias por parte de Ellen, berr
consciente decorreria, ainda nesse referencial teórico, da construção humana do se de inabilidade para escrevi
mundo social e semiótico que se torna parte específica do ambiente humano para, material expressa o universo
em seguida, ser apropriado, interiorizado e, progressivamente, transformar o psi- O tipo de relação que eles vivi
quismo primário em pensamento consciente. Nesse sentido, a constituição da teriores ações reconciliatórias
mente é a interiorização dos significados sociais e, consequentemente, indivíduo
e sociedade são indissociáveis, sendo a mente e o mundo social acessíveis através
dos significados socialmente compartilhados pela fala (SILVA, 2014, p. 59-68). Parte das cartas que abrange esse r
apêndice em Ellen G. White (20(1
Portanto, o significado da palavra aparece como "unidade de análise da White sofreu seu primeiro derram
relação historicamente constituída entre pensamento e linguagem" (BARROS p. 180; WHITE, E. 1915, p. 168-16'
et ai., 2009, p. 174-181). No entanto, os múltiplos significados e sentidos de- p. 118-19). Em 1873, ele sofreu dois
menor do que o primeiro (ROBIK
pendem das situações, posições e modos de participação dos sujeitos nas rela- os derrames de 1873 são apresenta
ções. Ou seja, quando o assunto é comportamento e vivência, os significados de dois derrames após o de 1865 e
da conjugalidade, presentes nas falas e no contexto cultural dos White e em go afirmou que desde que se uniu
perplexidade e doença" durante b
suas práticas, a partir dos documentos disponíveis, constituem-se em material "sistema nervoso" foi afetado "con
para análise que, referenciados teoricamente, podem fornecer, do ponto de vis- braço direito ficar imobilizado por
ta científico, os significados presentes na consciência do indivíduo, os quais são após grave tensão mental" (WHT
dias de vida, ele sofreu um outro A
construídos e compartilhados coletivamente através das práticas. sua mente sofreria um "enfraqueci

rèi$tU"

'jkj/f*,'''.•• »

WB
O CASAMENTO DE TIAGO E ELLEN C. WHITE: SIGNIFICADOS CONSTRUÍDOS PELO CASAL

zir conflitos, encontram-se os Nesse sentido, representando a consciência, as falas e práticas com seus
lho t as famílias dos cônjuges significados e o contexto social não podem ser subestimados, porque apontam
; do que o próprio casamento, para a própria constituição do indivíduo o que, no caso dos White, estaria in-
nsaçáo de que aquilo que nos dicando como se constitui sua conjugalidade de fato. Portanto, nos significados
de ser produzida pela presen- dos documentos que contêm as falas, encontra-se a possibilidade de análise das
ção do grupo conjugal, como vivências da relação conjugal dos White e de suas práticas cotidianas.
outros grupos que ocupam a A concepção do ser humano como sujeito do pensamento, que constrói
significados e sentidos nas relações sociais, como indicado na proposta teórica
deste trabalho, aponta para uma abordagem metodológica de natureza qualita-
tiva que valoriza aspectos contextuais e interpretativos na pesquisa.
gíCOS Este trabalho é um estudo de caso, qualitativo, a partir da análise documen-
tal, principalmente, mas não exclusivamente, das correspondências, de natureza
Vhite, o referencial teórico en- particular, do casal White, disponíveis no acervo do Centro de Pesquisas Ellen
cíade como membros mútuos G. White da Faculdade Adventista da Bahia (FADBA). Os docLimentos ou cartas
erencial teórico, adequado ao principais nos quais a análise se fundamentou foram aqueles que se referem à
irai desenvolvida por Levi Vi- conjugalidade dos White e às suas crises, particularmente nos respectivos anos
de 1874 e 1876, períodos marcados pelas ocorrências de esgotamento e derrames
tgo da existência individual, a de Tiago White. Nesses documentos é apresentado um qriadro de fadiga da parte
75
iibilita uma situação relacional de Ellen G. White como "cuidadora" (caregiver) de seu marido.8
irias manifestações, a qual de Sobre o conteúdo das cartas para a pesquisa, ele evidencia clareza de
A emergência do pensamento ideias por parte de Ellen, bem como de Tiago, sem indicações nos escritos des-
co, da construção humana do se de inabilidade para escrever, apesar de sua enfermidade. O conteúdo desse
iça do ambiente humano para, material expressa o universo simbólico relacionado à vida conjugal, apresenta
ssivamente, transformar o psi- o tipo de relação que eles viviam e como o casal lidou com as tensões e as pos-
íse sentido, a constituição da teriores ações reconciliatórias.
consequentemente, indivíduo
lundo social acessíveis através
"ala (SILVA, 2014, p. 59-68). Parte das cartas que abrange esse período e uma breve análise históríca-contextual aparece em um
apêndice em Ellen G. White (2009, p. 210-222) e Arthur L. White (1986, v. 6, p. 424-445). Tiago
:omo "unidade de análise da White sofreu seu primeiro derrame em 16 de agosto de 1865 (SMIHT, 1865, p. 96; WHITE, J. 1865,
;nto e linguagem" (BARROS p. 180; WHITE, E. 1915, p. 168-169; 1866, p. 89; WHITE, W., 1937, p. 10-12; WHITE, A. 1982, v. 2,
is significados e sentidos de- p. 118-19). Em 1873, ele sofreu dois outros derrames (abril e maio), porém aparentemente em escala
menor do que o primeiro (ROBINSON, 1976, p. 241; ver WHITE, J., 1873, p. 29). Em alguns relatos
cipação dos sujeitos nas rela- os derrames de 1873 são apresentados como o quarto e quinto, afirmando, portanto, a ocorrência
io e vivência, os significados de dois derrames após o de 1865 e antes de 1873 (ver FORTIM; MOON, 2014, p. 48). Em 1879, Tia-
:ío cultural dos White e em go afirmou que desde que se uniu à pregação do evangelho sua vida foi de "labuta, preocupações,
perplexidade e doença" durante boa parte do tempo. Ele também declara que por três vezes seu
, constituem-se em material "sistema nervoso" foi afetado "com paralisia" (acidente vascular cerebral [AVC]) a ponto de seu
:m fornecer, do ponto de vis- braço direito ficar imobilizado por algum tempo". De acordo com ele, esses derrames "ocorreram
ia do indivíduo, os quais são após grave tensão mental" (WHITE, J., 1879, p. 156). Em 1881, provavelmente nos seus últimos
;s das práticas. dias de vida, ele sofreu um outro AVC, que de acordo com o Dr. Kellogg, se ele tivesse sobrevivido,
sua mente sofreria um "enfraquecimento permanente" (ROBINSON, 1976).
ELLEN G. WHITE: SEU IMPACTO HOJE O CASAMENTO DE

Por outro lado, esse conjunto de documentos foi produzido pelo casal sem mas não utilizados ainda a est;
expectativa de publicação na época, sendo de natureza particular e, assim, não resultados já apresentados, este
apresenta evidência de discurso meramente laudatório ou destinado a pres- todologia e aporte teórico, os qi
tar satisfação social. Assim, o material oferece a oportunidade de análise para fundamental e cuja investigaçã
identificar os significados constituintes da consciência dos envolvidos e de suas
práticas, sendo útil para identificação e análise dos significados construídos
sobre a vida particular e conjugal dos White. Apresentação e a
A análise documental, nesta pesquisa, utiliza a que é proposta por Lau-
rence Bardin, denominada de análise de conteúdo, realizada a partir do con- A leitura dos documento
ceito cie família de Lewin. A análise de conteúdo pode ser definida como "uma de acordo com os objetivos d;
operação ou conjunto de operações visando representar o conteúdo de um do- ticos gerais ou categorias mai:
cumento sob a forma diferente da original, a fim de facilitar, num estado ulte- blocos temáticos, foram elaboi
rior, a sua consulta e referenciação" (BARDIN, 1977, p. 45). são: i) o significado de conjug
Na pesquisa qualitativa, a análise documental tem por objetivo dar forma fatores tlí' promoção ou poten<
conveniente e representar de outro modo essa informação (dados brutos) com à análise de cada um dos blocc
o máximo de pertinência, de modo a formar, em fase preliminar, um banco
de dados (representação dos dados brutos) para posterior análise do conteúdo.
76
Isso se faz manipulando as mensagens contidas nos documentos para eviden- O significado de conjuj
ciar indicadores temáticos ou frequenciais, entre outros, que permitam inferir
sobre outra realidade que não a da mensagem dos dados brutos, de acordo com Neste bloco temático d<
o objetivo da pesquisa (BARDIN, 1977, p. 45). não era o casamento dos Wl
Os documentos utilizados nesta pesquisa se constituem em vim registro re- apresenta a conjugalidade dt
velador de práticas individuais, coletivas e da cultura da época e, como tal, signi- dominante era o cumprimen
ficativas para os indivíduos. Nesta investigação, os documentos escolhidos foram
consultados objetivando entender as relações conjugais, corroborados pelo con-
texto histórico da época como descrito pelos pesquisadores do tema. De posse A ausência do amor român
do material a ser pesquisado e após sua leitura, foram separadas as unidades de A era vitoriana na qual
análise e organizados blocos temáticos de modo a constituir categorias mais am- ralidade típica da época que
plas. Essas categorias, então, foram analisadas da perspectiva da psicologia histó- marido, recato e modéstia ei
rico-cultural, tomando também como referência principal na análise o conceito Nos Estados Unidos da Am
de casamento como uma situação de grupo, como proposto por Lewin (1948). entre os anglo-americanos c
Para compreender a relação conjugal dos White, no contexto do século 19, ado- seus detratores como o "cult
tamos como objetivos específicos: 1) descrever e analisar os significados e práticas à verdadeira feminilidade" (
da relação conjugal dos White presentes nos documentos produzidos pelo casal; e 2) com o mundo, e o idealizava
identificar coerência/incoerência entre discurso e prática do casal no que se refere à para seu esposo e filhos; a a
sua conjugalidade. As limitações desta pesquisa estão ligadas às condições de tempo filhos para serem cidadãos de
e espaço que impõem limites a uma análise mais detalhada e ampla do tema, seja a A época, contudo, tini:
partir dos dados utilizados nesta pesquisa, bem como outros documentos disponíveis, de uma vida particular .e m*'

m$i.
O CASAMENTO DE TIAGO E ELLEN G. WHITE: SIGNIFICADOS CONSTRUÍDOS PELO CASAL

s foi produzido pelo casal sem mas não utilizados ainda a esta altura do estudo. Porém, entendemos que, além dos
ureza particular e, assim, não resultados já apresentados, este trabalho também contribui no que se refere à sua me-
datório ou destinado a pres- todologia e aporte teórico, os quais são úteis para a investigação do objeto como tema
jportunidade de análise para fundamental e cuja investigação se pretende ampliar posteriormente.
hicia dos envolvidos e de suas
dos significados construídos
Apresentação e análise dos dados
za a que é proposta por Lau-
lo, realizada a partir do con- A leitura dos documentos proporcionou a construção de grupos de dados que,
jode ser definida como "uma de acordo com os objetivos da pesquisa, foram organizados em três blocos temá-
'sentar o conteúdo de um do- ticos gerais ou categorias mais amplas. Para contemplar as especificidades desses
de facilitar, num estado ulte- blocos temáticos, foram elaborados subtemas para cada um deles. Os temas gerais
77, p. 45). são: 1) o significado de conjugalidade nos White; 2) as barreiras na relação; e 3) os
l tem por objetivo dar forma fatores de promoção ou potencialmente promotores da relação. Passaremos, agora,
n mação (dados brutos) com à análise de cada um dos blocos temáticos com seus respectivos subtemas.
fase preliminar, um banco
jsterior análise do conteúdo,
os documentos para eviden- O significado de conjugalidade nos White
77
>utros, que permitam inferir
lados brutos, de acordo com Neste bloco temático destacamos dois subtemas, 1) um que trata do que
não era o casamento dos White, e 2) o segundo que, a partir dos significados,
Mistituem em um registro re- apresenta a conjugalidade de Tiago e Ellen como uma união cujo significado
a da época e, como tal, signi- dominante era o cumprimento da missão.
ocumentos escolhidos foram
gais, corroborados pelo con-
isadores do tema. De posse A ausência do amor romântico
m separadas as unidades de A era vitoriana na qual Tiago e Ellen viveram era caracterizada pela mo-
instituir categorias mais am- ralidade típica da época que esperava das mulheres uma vida de obediência ao
•spectiva da psicologia histó- marido, recato e modéstia em público, pureza e religiosidade (LYSTRA, 1989).
ncipal na análise o conceito Nos Estados Unidos da América (EUA), na era pré-Guerra Civil, prevalecia,
oposto por Lewin (1948). entre os anglo-americanos de classe alta e média, o que era conhecido pelos
10 contexto do século 19, ado- seus detratares como o "culto à domesticidade" (Cu/í ofDomesticity) ou "culto
;ar os significados e práticas à verdadeira feminilidade" (Cu/í of True Womanhood), que contrastava o lar
w produzidos pelo casal; e 2) com o mundo, e o idealizava como um abrigo construído por uma esposa/mãe
a do casal no que se refere à para seu esposo e filhos; a coisa mais valiosa para tal mulher era educar seus
;adas às condições de tempo filhos para serem cidadãos de valor (WELTER, 1976, p. 21-41; SKLAR, 1973).
lada e ampla do tema, seja a A época, contudo, tinha suas regras diferenciadas quando se tratava
ros documentos disponíveis, de uma vida particular e íntima. De acordo com Lystra, em estudo sobre o
ELLEN C. WHITE: SEU IMPACTO HOJE O CASAMENTi

comportamento vitoriano, no século 19, nos EUA, não somente se admitia, esposo") e, para Lucinda
como também era recomendado e esperado que houvesse mais abertura e fran- cinda" ("Querida irmã Lui
queza no comportamento, conversação e escrita na dimensão privada. Assim, Nas conclusões das c
a noção mais divulgada, a respeito do século 19, como uma época em que a /ove" ["Sua, com amor"],13
comunicação durante a conquista e o casamento deveria acontecer no estilo rs affectionately" ["Com r
distante e formal é diferente do conteiido das cartas e das recomendações nos mente"].14 Também "Your'
manuais de amor da época (LYSTRA, 1989, p. 12-27). amor"], "In much love I r
As introduções das cartas de amor, nos EUA, no século 19, como descrito sua Ellen"] são usadas por
por Lystra indicavam o nível de intimidade entre os correspondentes. Os "Pet para uma relação centrad
names", ou apelidos carinhosos, eram claros emblemas do relacionamento privi- conteúdo amoroso, centra
legiado declarado na saudação inicial e na despedida das cartas e cartões (LYS- os temas predominantes si
TRA, 1989, p. 12-27). Entre as expressões introdutórias nas cartas de amor da problemas da irmandade í
época, eram comum as seguintes: "Dear Pet Baby Wife", "My Darling Precious F.m segundo lugar pç
Wife", "My Darling Chikey", "My Darling Little Wife", "Dear Dovey" e "My Dear tadas acima para seus auxil
Darling Chick". Nas conclusões usava-se "YourNo-No'\ "Your devo- to yourself and my husbani
ted," entre outras igualmente galanteadoras. E, embora a linguagem das emoções love to ali thefannly" {"Co
fosse algumas vezes convencional, as imagens elaboradas apresentavam detalhes Mary Chase and ali frienc
em torno da condição emocional de ambos, mais acentuada ainda por parte das gos"],16 "Your wife, whom l
78
mulheres. Portanto, segundo a autora, as cartas de amor não eram formais, mas e respeito no Senhor"]17 e "j
bastante expressivas e livres na exposição de afetos desde "negócios a sexo" (LYS- can best serve the Master" [
TRA, 1989, p. 19). Também, a escolha do companheiro,9 por amor, já fazia parte possa servir ao Mestre"],18
da condição para o casamento por volta de 1830.'° Apesar das expresso'
A partir dessas considerações, a ausência de expressões de amor e afeto parte de Ellen, as cartas p
mais elaboradas ao estilo da época e em correspondência privada através de tua, mesmo em um mom
cartas entre Tiago e Ellen indica um casamento sem as características român- da doença de Tiago. Nes,
ticas da época. Nas cartas analisadas, por exemplo, a expressão de introdu- contivessem expressões a
ção nas correspondências de Ellen para o esposo é "Dear husband" ("Querido Porém, em geral, as expres
ser utilizadas para um pá
do, algumas razões poder
Embora a orientação paternal/maternal fosse importante, é visível também nesse período a
livre escolha de um cônjuge como base para a formação da família (DEGLER, 1980, p. 8-19;
ROTUNDO, 1993, p. 109-119). Ver Ellen G. White, Carta 5
Ellen G. White corroborava com esse pensamento. Alguns anos mais tarde ela afirmou: "O Ver Ellen G. White, Carta 6
casamento é alguma coisa que influenciará e afetará vossa vida tanto neste mundo como no Ver Ellen G. White, Carta 2.
por vir. Um cristão sincero não levará avante seus planos sem conhecer que Deus lhe aprove Ver Ellen G. White, To Dear
as intenções. Não quererá escolher por si mesmo, mas sentirá que Deus deve escolher. Não Veja, por exemplo, as cartas,
temos de nos agradar a nós mesmos, pois Cristo não se agradou a si próprio. Não quero que Ver Ellen G. White, Ta Dear
entendam que estou querendo dizer que alguém deve casar-se com uma pessoa a quem não Luanda, Carta 70,1874; Eilw
ame. Isso seria pecado. Porém a fantasia e a natureza emocional não devem ter permissão 1? Ver Ellen G. White, To Dm
de dirigir para a ruína. Deus requer todo o coração, o supremo afeto" (WHITE, E., 1888, p. White (2009, p. 162).
610; 2011, p. 43; ver Ellen G. White, To Dear Bwther Albert, Carta 23, 1886). 18 Ver Ellen G, Wluíc, To D-w $

te
O CASAMENTO DE TIAGO E ELLEN C. WHITE: SIGNIFICADOS CONSTRUÍDOS PELO CASAL

/A, não somente se admitia, esposo") e, para Lucinda Hall, sua auxiliar, as expressões são "Dear sister Lu~
auvesse mais abertura e fran- cinda" ("Querida irmã Lucinda")11 e ''Dear Lucinda" ("Querida Lucinda").12
la dimensão privada. Assim, Nas conclusões das cartas de Ellen para Tiago, as expressões são: "Yours in
como uma época em que a /ove" ["Sua, com amor"],13 "In much love to yourself and Lucinda, I remain, You-
deveria acontecer no estilo rs affectionately" ["Com muito amor para você e Lucinda, aqui fico, afetuosa-
:as e das recomendações nos mente"].14 Também "Your" ["Sua"], "Your Ellen" ["Sua Ellen"], "In Love" ["Com
27). amor"], "In much love l remain, Your Ellen" ["Com muito amor permaneço,
, no século 19, como descrito sua Ellen"] são usadas por parte de Ellen,15 mas essas expressões não apontam
os correspondentes. Os "Pet para uma relação centrada no romantismo. Primeiro, porque nas cartas falta
mas do relacionamento privi- conteúdo amoroso, centrado nos afetos íntimos conjugais. Em sua totalidade,
da das cartas e cartões (LYS- os temas predominantes são o trabalho, a missão, o dever, as campais, editoras,
órias nas cartas de amor da problemas da irmandade e temas religiosos.
Wife", "My Darling Precious Em segundo lugar porque Ellen se utiliza de expressões semelhantes às ci-
?", "Dear Dovey" e "My Dear tadas acima para seus auxiliares, irmãos da igreja, amigos e a família: "Much love
3o", "YourPussy", "Yourdevo- to yourself and my husband" ["Com muito amor para você e meu esposo"], "In
>ra a linguagem das emoções love to ali thefamily" ["Com amor para toda a família"] e "Love to yourself and
radas apresentavam detalhes Mary Chase and ali friends" ["Amor para você e Mary Chase e todos os ami-
:entuada ainda por parte das gos"],16 "Your wife, whom I love and respect in the Lord" ["Sua esposa a quem amo 79
imor não eram formais, mas e respeito no Senhor"]17 e "I loveyou, and I want to seeyou in aposition whereyou
iesde "negócios a sexo" (LYS- can best serve the Master" ["Eu a amo, e desejo vê-la em uma função onde melhor
iro,9 por amor, já fazia parte possa servir ao Mestre"],18 entre outras expressões semelhantes.
Apesar das expressões de carinho e cuidado mútuos, principalmente por
expressões de amor e afeto parte de Ellen, as cartas particulares não têm como tema central a paixão mú-
indência privada através de tua, mesmo em um momento de grande carência emocional, durante a crise
m as características român- da doença de Tiago. Nessa situação, se poderia esperar que as várias cartas
'lo, a expressão de introdu- contivessem expressões cativantes de apoio e de intimidade do amor conjugal.
"Dear husband" ("Querido Porém, em geral, as expressões nas cartas de Ellen e Tiago poderiam muito bem
ser utilizadas para um parente próximo como filhos, pai ou mãe. Nesse senti-
do, algumas razões poderiam ser apontadas, por inferência, a partir das cartas,
é visível também nesse período a
i família (DEGLER, 1980, p. 8-19;
Ver Ellen G. White, Carta 58, 1876; Carta 59, 1876.
i anos mais tarde ela afirmou: "O Ver Ellen G. White, Carta 60, 1876; Carta 61, 1876.
vida tanto neste mundo como no Ver Ellen G. White, Carta 27, 1876.
:m conhecer que Deus lhe aprove Ver Ellen G. White, To Dear Husband, Carta 3, 1876.
tira que Deus deve escolher. Não Veja, por exemplo, as cartas citadas em A. White (1982, v. 2, 434-439).
aciou a si próprio. Não quero que Ver Ellen G. White, To Dear Sister Lucinda, Carta 59, 1876; Ellen G. White, To Dear Sister
'-se com uma pessoa a quem não Lucinda, Carta 70, 1874; Ellen G. White, To Dear Husband, Carta 5, 1876.
cional não devem ter permissão Ver Ellen G. White, To Dear Brother and Sister [E. P.] Daniells, Carta 10, 1888; Ellen G.
emo afeto" (WHITE, E., 1888, p. White (2009, p. 162).
', Carta 23, 1886). Ver Ellen G. White, To Dear Sister Peck, Carta 265, 1905; Ellen G. White (2009, p. 70).
ELLEN C. WHITE: SEU IMPACTO HOJE
O CASAMENTO D

como intenção de formalidade ou de contido afeto romântico no conteúdo da em seus escritos se relaciona
correspondência privada entre cônjuges. Primeiro, poderia ser sugerido que Os dados disponíveis não a]
isso ocorria devido à fase critica que estavam vivendo com a doença de Tiago. sexuais como elementos per; O

Porém, as expressões mais calorosas e íntimas, próprias da vida conjugal, não sibilidades devem ser tratadé
foram identificadas na busca automática em outros de seus escritos disponíveis Além disso, a relação do
e de outros períodos da vida conjugal, salvo declarações formais de carinho, da no convívio de ambos, serr
porém, não românticas, ao estilo de sua época. relacionados à idade. A exislí
Outro motivo poderia ser a idade de ambos ou a ausência de erotismo con- de sexualidade produtiva, inJ
jugal. Porém, em nenhum documento acessado a negação da sexualidade, a frie- e quartos separados em funçi
za ou abstinência sexual apareceram como unidade para ser analisada. Satisfação para escrever.21 Por outro lado
sexual conjugal se constitui em um elemento complexo e, por isso, não pode ser particulares pode indicar que
padronizado universalmente, o que impossibilita qualquer mensura ou julga- casal.22 O tato é que não há da
mento sério baseado em fatos em torno da vida íntima dos White. Na perspecti- dos White em relação a qualqi
va de Lewin, essa complexidade envolve a demanda diferenciada individual dos
envolvidos que precisam se ajustar à dinâmica e arranjos de cada grupo conjugal.
coes da campanha higienista da
Além disso, as exigências internas e externas ao casamento são diferentes ao lon- necessária com a noção de abstt
go da vida (como a presença ou não de filhos) e a saúde, por exemplo. Numbers (2003) sugere que Ell<
Outro fator que relativiza concepções, expectativas e práticas sexuais, (NUMBERS, 2008, p. 217; 200:
80 Ellen que d e i x a m claro que o se
particularmente na conjugal idade, refere-se à própria constituição do ser hu- Jesus não endossa o celibato (\a
mano que, de acordo com Vigotski (1993), ocorre histórica e socialmente. Nes-
se sentido, além de as demandas e expectativas variarem de casal para casal resposta foi dada às afirmaçõe
edição do seu livro (A CRITIQ
no mesmo ambiente, conforme apontado por Lewin, o mesmo pode ser dito a Na primeira casa construída pelo
partir de Vigostki (1993), pois um conceito e vivência de sexualidade aceitável rados para Tiago e Ellen. Hm algi
para determinados casais em uma cultura, em um momento histórico, pode ser também é visto o mesmo padrão
da época, embora alguns seguisse
visto como inadequado para outras culturas ou épocas. Tiago tinha o costume de trabalhf
Portanto, emitir qualquer julgamento, ou aventurar qualquer opinião sem tomadas de importantes decisões
dados objetivos para análise, não pode ser considerada prática científica, muito te a noite ou de madrugada para e
e industriosa para ambos, foi dor
menos a partir do apelo à "imaginação", palavra usada por Ronald Numbers não parece demonstrar problenií
(2008) em seu argumento no qual aponta a frieza de Ellen como a causa de mento c indicado cm algumas af
conflitos conjugais. A falta de dados sólidos se repete também quando Num- Tiago, "Yon Ifames] may be axswi
tmsband. Carta 10, 1860; WHJT1
bers (2008) insinua que a condenação do "excesso"19 sexual por parte de Ellen do viajando, preferia dormir só d
Lucinda, e declarou a Tiago: "Que
Husband, Carta 6, 1876). O casal
O tema do excesso aparece nos escritos de Ellen G. White com frequência, mas relacionado a algumas noites antes de dormir (I
todos os aspectos da vida. Por exemplo: referindo-se a "comer" (ver WHITE 2011, p. 121; 1997, Embora Tiago e Ellen tenharr
p. 306); ao trabalho (ver WHITE, 2009, v. 5, p. 43); a "gostos naturais" (WHITE, 2010, p. 367); publicamente ou escrever sobre
a excesso nos estudos ou divertimentos (ver WHITE, 1878, p. 44); e a "qualquer excesso" na "uma ardente defensora de um
vida matrimonial (WHITE, 2010, v. 2, p. 472), entre muitas outras referências semelhantes. extremas na questão da relaçã
Essa concepção de White se ajusta ao conceito bíblico de temperança ao qual se reportava em "privilégio da relação matrimor
seus escritos. Além disso, a temperança, mesmo na sexualidade, combina com o ideal das no- xual", ou 2) uma vida de conti.
O CASAMENTO DE TIAGO E ELLEN C. WHITE: SIGNIFICADOS CONSTRUÍDOS PELO CASAL

> romântico no conteúdo da em seus escritos se relaciona com uma suposta apatia à vida íntima conjugal.20
)> poderia ser sugerido que Os dados disponíveis não apontam para o fator da idade ou para problemas
ndo com a doença de Tiago. sexuais como elementos geradores da tensão nas relações, portanto, essas pos-
)pnas da vida conjugal, não sibilidades devem ser tratadas como especulação.
de seus escritos disponíveis Além disso, a relação do casal White evidencia, em geral, satisfação acentua-
arações formais de carinho, da no convívio de ambos, sem dados que apontem para queixas sexuais ou outros
relacionados à idade. A existência de uma prole aponta para uma vida conjugal
i a ausência de erotismo con- de sexualidade produtiva, independentemente da frequência, da adoção de camas
:gação da sexualidade, a frie- e quartos separados em função de Ellen ter o hábito de levantar às madmgadas
>ara ser analisada. Satisfação para escrever.21 Por outro lado, a ausência de referências íntimas sexuais em cartas
exo e, por isso, não pode ser particulares pode indicar que o tema não ocupava o primeiro lugar na agenda do
jualquer mensura ou julga- casal.22 O fato é que não há dados disponíveis no material analisado sobre queixas
na dos White. Na perspecti- dos White em relação a qualquer fase de sua vida conjugal sobre esse assunto.
diferenciada individual dos
iijos de cada grupo conjugal,
coes da campanha higienista da época, um conceito culturalmente estabelecido, sem ligação
mento são diferentes ao lon- necessária com a noção de abstenção sexual inferida por Numbers (2008).
de, por exemplo. Numbers (2003) sugere que Ellen G. White tinha uma visão "antagónica em relação a sexo"
:tativas e práticas sexuais, (NUMBERS, 2008, p. 217; 2003, p. 212). Porém, essa afirmação contradiz as afirmações de
Ellen que deixam claro que o sexo é um "privilégio" para ser desfrutado no casamento e que 81
•ria constituição do ser hu- Jesus não endossa o celibato (WHITE, 2011, p. 121-122). A análise de Numbers, portanto,
istórica e socialmente. Nes- desprovida de dados, se constitui uma insinuação quanto à vida íntima dos White. Uma
riarem de casal para casal resposta foi dada às afirmações de Numbers em 1976, ocasião da publicação da primeira
edição do seu livro (A CRITIQUE, 1976, p. 15, 71-74).
i, o mesmo pode ser dito a Na primeira casa construída pelos White em 1856, fica evidente o fato de que havia quartos sepa-
:ia de sexualidade aceitável rados para Tiago e Ellen. Em algumas outras casas construídas ou adquiridas por eles mais tarde
loniento histórico, pode ser também é visto o mesmo padrão (WHEELER, 2003, p. 90). Quartos separados não era o costume
:as. da época, embora alguns seguissem esse padrão na era vitoriana (FLANDERS, 2004; 2003, p. 38).
Tiago tinha o costume de trabalhar bastante durante o dia em ocupações admirativas que exigiam
urar qualquer opinião sem tomadas de importantes decisões. Isso exigia que ele descansasse, enquanto Ellen acordava duran-
da prática científica, muito te a noite ou de madrugada para escrever. A opção mais conveniente, para uma vida mais eficiente
;ada por Ronald Numbers e industriosa para ambos, foi dormir em quartos separados para acomodar a situação deles. Isso
não parece demonstrar problema de relacionamento entre eles. Um exemplo de bom relaciona-
de Ellen como a causa de mento é indicado em algumas afirmações de Ellen. Em 1860, ela carinhosamente escreveu para
;te também quando Num- Tiago, "You liames] may be assured l missyour little visits in my roorn" (Ellen G. White, To Dear
sexual por parte de Ellen husband, Carta 10, 1860; WHITE, A., 1981, v. l, p. 426). Em outra ocasião ela afirmou que quan-
do viajando, preferia dormir só do que dividir o espaço com outras mulheres, exceto sua amiga
Lucinda, e declarou a Tiago: "Quero partilhar minha casa só com você" (Ellen G. White, 7o Dear
Husband, Carta 6, 1876). O casal também tinha costume de passar tempo conversando durante
« frequência, mas relacionado a algumas noites antes de dormir (Ellen G. White, Christ and the Law, Manuscrito 5, 1889).
"(ver WHITE 2011, p. 121; 1997, Embora Tiago e Ellen tenham vivido em uma época "de grande contenção para falar
aturais" (WH1TE, 2010, p. 367); publicamente ou escrever sobre sexo e relacionamento sexual entre marido e mulher", Ellen,
>. 44); e a "qualquer excesso" na "uma ardente defensora de um alto padrão de pureza e santidade", condenava "posições
outras referências semelhantes. extremas na questão da relação entre marido e mulher". Em seus pensamentos sobre o
•crança ao qual se reportava em "privilégio da relação matrimonial", ela sempre condenou os dois extremos: 1) "excesso se-
ie, combina com o ideal das no- xual", ou 2) uma vida de continência, a fim de chegar a um nível espiritual mais elevado.
ELLEN G. WHITE: SEU IMPACTO HOJE

A missão como significado dominante Estamos n


Sobre a discussão acima, a análise do contexto e das falas de ambos apon- você cliegf
ta para uma relação caracterizada como um casamento referenciado pelo senso por você. C
de missão e amor à causa. No relacionamento que desenvolveram, eles "sabiam abençoá-lo
desde o início que o casamento deles não seria o arranjo típico vitoriano no
qual era esperado da mulher apenas cuidar de crianças, cuidar de seu marido, Ku sinto sã
e fisicamente manter a casa" (ver GRAYBILL, 1983, p. 5; DEGLER, 1980, p. 8-9, vontade de
26). Assim, o casal se uniu para cumprir a missão.23
A missão ocupa uma posição central no discurso das cartas analisadas. Os Contudo, eles não tin
termos "dever", "trabalho", "causa", "obra" e outros semelhantes aparecem mais de simplesmente porque esse
70 vezes em um conjunto de cartas,24 além do conteúdo de outras correspondências tuído de brilho para o ado
entre Ellen e Tiago que, em muitas, têm como tema central, ou de fundo, questões têm a realização centrada
ligadas ao trabalho. Mesmo expressões de atenção mútua, desejo de recuperação da pria conjuga] idade. Porém
enfermidade de Tiago ou os conflitos conjugais, encontram-se quase sempre ligadas de casal sejam legítimos, f
ao trabalho. Essas referências indicam que ambos não vivenciavam a experiência de simbólico do casal aponta
casados em uma relação de amor romântico e apaixonado à moda do século 19, mas indica que não pretendiair
funcionavam como grupo de trabalho para servir à causa do segundo advento.25 No Con forme os textos i
82
entanto, apesar da centralidade do trabalho, Tiago e EHen expressam carinho e devo- dades de a n á l i s e das fala?
tada preocupação mútua, como os dados demonstram claramente nas faias de Ellen: plenamente compreendid
como descrito por Zygmu
Meu esposo é muito atencioso para comigo, procurando de toda ma- ro, frágil, voltado para si r
neira tornar meu trabalho e viagens aprazíveis, atenuando a fadiga que como centro organizador
causam. É muito alegre e bem disposto (WHITE, E., 2009, p. 211). 26 crito como urn casamento
falas abaixo:

Ela pregava um discurso moderado conforme apropriado para o cristão (WHITE, A., 1969, Oremos cada
p. 6-8, 26-27; 1969, 19-21, 23; ver WHITE, E., 1977, v. l, p. 218-239; KlS, 2013; BRAND;
pinto de Deu
MCMAHON, 2005, p. 80-86; LINDEM, 1978, p. 270-278).
Circunstâncias e a "grande obra" levaram Tiago a ponderar que eles "poderiam grandemen- é pelo que eu
te ajudar um ao outro nessa grande obra". "Assim como ela deveria estar diante do público",
pensava Tiago, "ela precisaria de um protetor legal [lawful protector], e Deus tendo escolhi- Eu, então, d
do [Ellen] como um canal de luz e verdade para o povo num sentido especial, ela poderia
ser uma grande ajuda para" ele (WHITE; WHITE, 1880; 1888; WHITE, Ellen G. White, vontade de
Interview with Mrs. E. G. White Regarding Early Experiences, Manuscrito 131, 1906). Ellen podem fazei
claramente afirmava que "os corações deles foram unidos nesta grande obra" (WHITE;
WHITE, 1880; 1888; WHITE, E. G., 2009, v. l, p. 75; WHITE, E. R, 1915, p. 97).
Essa busca se refere apenas às cartas e trechos de cartas que aparecem em Ellen G. White
(2009, p. 210-222); e A. White (1982, v. 2, p. 424-445).
Essa experiência e compromisso, entretanto, não exclui afeição, simpatia, prazer em estar ter Ellen G. White, Vi; Dcnr 1-
juntos, ou amor. Com a proximidade e unidade no senso de missão, eles desenvolveram Ver Ellen G. White, 7o Deiir 1-
admiração, respeito e amor que levou ao matrimónio de Tiago e Ellen (NEUFELD, 1976). Ver Ellen G. White, To Dear l.
Ver Ellen G. White, To Dear Sister Lucinda, Carta 46, 1875. Ver Ellen G. White, To Dear h

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O CASAMENTO DE TIAGO E ELLEN G. WHITE: SIGNIFICADOS CONSTRUÍDOS PELO CASAL

Estamos muito contentes por receber sua correspondência de que


Lto e das falas de ambos apon- você chegou seguro ao seu destino. Não temos esquecido de orar
nento referenciado pelo senso por você. Cada dia pedimos ao nosso Pai celestial para guardar você,
; desenvolveram, eles "sabiam abençoá-lo e fortalecê-lo. 27
3 arranjo típico vitoriano no
ianças, cuidar de seu marido, Eu sinto saudades de você e amaria estar com você se essa fosse a
3, p. 5; DEGLER, 1980, p. 8-9, vontade de Deus. 28
23

jrso das cartas analisadas. Os Contudo, eles não tinham tempo e nem pensavam no amor romântico,
«melhantes aparecem mais de simplesmente porque esse não os atraía. Esse quadro pode parecer desti-
do de outras correspondências tuído de brilho para o adolescente apaixonado do século 19 ou para os que
central, ou de fundo, questões têm a realização centrada nos prazeres e realizações voltadas para a pró-
útua, desejo de recuperação da pria conjugalidade. Porém, embora os projetos conjugais intrínsecos à vida
ntram-se quase sempre ligadas de casal sejam legítimos, Ellen e Tiago vivenciavam algo mais. O universo
D vivenciavam a experiência de simbólico do casal aponta um claro compromisso com a vida religiosa; ele
nado à moda do século 19, mas indica que não pretendiam viver a conjungalidade de OLitro modo.
ausa do segundo advento.25 No Conforme os textos examinados, as significações presentes nas uni-
llen expressam carinho e devo- dades de análise das falas de Tiago e Ellen podem ser difíceis de serem 83
i claramente nas falas de Ellen: plenamente compreendidas pela geração romântica do "amor líquido",
como descrito por Zygmunt Bauman (2004), sem compromisso duradou-
:omigo, procurando de toda ma- ro, frágil, voltado para si mesmo. As significações de amor dos White têm
;>ra/íveis, a t e n u a n d o a fadiga que como centro organizador a missão que abraçaram. Assim, pode ser des-
ito ( W H I T E , E., 2009, p. 211)." crito como um casamento em função de uma grande missão, conforme as
falas abaixo:

> para o cristão (WHITE, A., 1969, Oremos cada dia com fé, não somente por saúde, mas para estar cheios do Es-
l, p. 218-239; KJS, 2013; BRAND;
I. pírito de Deus para que possamos fazer a obra a nós comissionada. [...] Isso
ar que eles "poderiam grandemen- é pelo que eu vivo. Não tenho outra ambição (WHITE, A., 1982, v. 2, p. 439).2';
'A deveria estar diante do público",
ilprotector], e Deus tendo escolhi-
Eu, então, desejo que você tenha urna mente clara e feliz para fazer a
lum sentido especial, ela poderia
l; 1888; WHITE, Ellen G. White, vontade de Deus. Uma grande obra está perante nós que outros não
ices, Manuscrito 131, 1906). Ellen podem fazer. Nossa experiência é de valor para esta causa. 3l)
us nesla grande obra" (WHITE;
ITE, K. R, 1915, p. 97).
|ue aparecem em Ellen G. White

leilão, simpatia, prazer em estar Ver Ellen G. White, To Dear Husband, Carta 3, 1876.
.) de missão, eles desenvolveram Ver Ellen G. White, To Dear Husband, Carta 11, 1876.
'iago e Ellen (NEUEELD, 1976). Ver Ellen G. White, To Dear Husband, Carta 41, 1874.
Ver Ellen G. White, To Dear Husband, Carta 43, 1874.
ELLEN C. WHITE: SEU IMPACTO HOJE O CASAMF.NTC

A mim tem sido dada uma obra especial. Tem sido meu dever permanecer e o dom profético, na certc
ao lado da Sra. White em seu trabalho de transmitir as reprovações do qual os dirigia para a brew
Senhor (WHITE, J., 1873, p. 6; WHITE, A., 1982, v. 2, p. 427). sua conjugalidade como ca
White que não pode ser ar
Especialmente quando a Sra. White e eu oramos por nós mesmos, [esses contexto imediato e dos sei
momentos] são muito preciosos. [...] Vemos uma grande obra a ser feita, No mesmo referencia
e cremos que Deus nos levantará para levar uma parte dela (WHITE, J., se constitui a coerência i n
1873, p. 11-12; WHITE, A., 1982, v. 2, p. 429)." gráficos ou autobiográficos
significações presentes nas
Essa vivência é muito própria do casal e não se trata de um casamento coerentes com os discursos
por conveniência à moda burguesa ou romântico (baseado no sentimento e teológico da questão, a exp
na paixão); malthusiano (ponderado por razões capitalistas); ou contemporâ- de equipe de trabalho, vol
neo (com moralidade individualista); ou sob qualquer outro rótulo. Porém, nos rente- e sensata trajetória d
significados do casal, um casamento de amor um pelo outro pela providência prático pelo romantismo di
e conveniência divina, a qual indicou Tiago para estar ao lado e apoiar a men- municação direta com o Tb
sageira de Deus na transmissão de suas mensagens. o mundo sobre o segundo
Desde o início da vida familiar deles (um tempo de muitas dificuldades primeiro lugar, sem ser ince
84
financeiras para o casal), no período da "infância da causa/obra", Tiago ad- No sentido acima, o a
mitia que eles tinham que trabalhar duro e viviam em estrita economia, ves- anacrónico. Porém, mesmo
tiam "roupas pobres" e sofriam "por necessidade de alimentação adequada", entre ele e Ellen ou da renúr
bem como para ter meios que pudessem investir na propagação do evangelho.32 individualmente ou como p
A mesma Providência colocou ao lado de Ellen alguém que a completaria e a Em nenhum momento ou
auxiliaria a cumprir a contento sua tarefa. Os significados das falas, na corres- vida, como quando resolver
pondência privada, colocam-se em sentido oposto aos objetivos existencialistas Ainda no sentido acin
da mentalidade contemporânea ou românticos da cultura do século 19. fortalecimento dos laços cor
Teoricamente, o conceito de vivência, apresentado por Vigotski (1993), re- dos White, não permite que
fere-se a uma experiência singular, impossível de ser replicada igualmente na cumentos, possa considerar
vida de outro, mesmo sendo um contemporâneo, simplesmente porque é uma e sem sentido. Ao contrarie
construção daquele momento, daquelas pessoas, daquelas alterações e modos de missão, cujo maior risco era
se relacionar com o mundo que o cerca por meio das práticas (ver SMOLKA, missão, de modo a abandon?
2000). Assim, embora seja um casal típico do século 19 em muitos aspectos, a
experiência singular dos White, seus discursos e práticas também sinalizam uma
cosmovisão singularíssima construída nas relações com o movimento adventista
Conforme pode ser visto n;i litf
eles deixarem os filhos aos aiic
sitação itinerante. Ellen declare
Aqui se referia à esperança de Tiago de se recuperar e voltar a trabalhar junto com a esposa, a missão, "o que mais me pesa'
Ver James White (1880, p. 216; 1880, p. 88); White e White (1880; 1888); Ellen G. Whi- meus filhos no cuidado de outrc
te, European General Council, Manuscrito 19, 1885; James White (1868, p. 274); Ellen G. White, Tu My Dear CJiiltln
G. White (1860, v. 2, p. 94). Carta l, 1848; James White (18<

m^
O CASAMENTO DE TIAGO E ELLEN G. WHITE: SIGNIFICADOS CONSTRUÍDOS PELO CASAL

1. Tem sido meu dever permanecer e o dom profético, na certeza de que viviam a intervenção divina no mundo, a
) de transmitir as reprovações do qual os dirigia para a breve volta de Jesus. Em função dessa cosmovisão, viviam
E, A., 19«2, v. 2, p. 427). sua conjugalidade como casamento consagrado à missão. Essa é a vivência dos
White que não pode ser analisada fora desse universo próprio do casal, de seu
'U oramos por nós mesmos, [esses contexto imediato e dos seus contemporâneos envolvidos no mesmo ideal.
'emos unia grande obra a ser feita, No mesmo referencial teórico, é a coerência entre prática e significado qtie
levar uma parte dela (WHITE, J., se constitui a coerência individual e de um grupo. Nesse sentido, dados bio-
>. 429).:" gráficos ou autobiográficos da vida do casal, quando comparados com as suas
significações presentes nas falas do material analisado, apontam para práticas
.) se trata de um casamento coerentes com os discursos no grupo conjugal. Quando considerado o aspecto
) (baseado no sentimento e teológico da questão, a experiência de Tiago e Ellen, traduzida no sentimento
;apitalistas); ou contemporâ- de equipe de trabalho, voltada para a missão, apresenta-se como a mais coe-
uer outro rótulo. Porém, nos rente e sensata trajetória de vida conjugal, particularmente em seu desprezo
pelo outro pela providência prático pelo romantismo de época. Quem, afinal, em sã consciência, tendo co-
:star ao lado e apoiar a men- municação direta com o Todo-Poderoso, e dele recebendo a missão de advertir
». o mundo sobre o segundo advento, poderia deixar de colocar essa missão em
mpo de muitas dificuldades primeiro lugar, sem ser incoerente com sua própria crença?
a da causa/obra", Tiago ad- No sentido acima, o casamento dos White pode parecer, em certo sentido, 85
n em estrita economia, ves- anacrónico. Porém, mesmo diante das crises de Tiago, das opiniões divergentes
de alimentação adequada", entre ele e Ellen ou da renúncia à vida doméstica, em nenhum momento o casal
propagação do evangelho.32 individualmente ou como grupo perde de vista o motivo soberano que os une.
^uém que a completaria e a Em nenhum momento ou lugar se mostra incoerente com seu referencial de
iíicados das falas, na corres- vida, como quando resolveram se casar.33
ios objetivos existencialistas Ainda no sentido acima, o senso de equipe funciona como elemento de
;ulturado século 19. fortalecimento dos laços conjugais. Esse significado, integrador do todo na vida
tado por Vigotski (1993), re- dos White, não permite que o pesquisador, a partir dos dados presentes nos do-
;er replicada igualmente na cumentos, possa considerar a união como uma experiência matrimonial vazia
implesmente porque é urna e sem sentido. Ao contrário, os dados apontam para uma intensa união para
uelas interações e modos de missão, cujo maior risco era o extremo do envolvimento de um com o outro na
das práticas (ver SMOLKA, missão, de modo a abandonar ou destruir o grupo pela hipersaciedade (LEW1N,
.) 19 em muitos aspectos, a
cãs também sinalizam uma
.mi o movimento adventista
Conforme pode ser visto na literatura produzida pelo casal, em momento algum foi fácil para
eles deixarem os filhos aos cuidados de outros para se dedicarem ao serviço de pregação e vi-
sitação itinerante. Ellen declarou que apesar das muitas dificuldades e sacrifícios que envolvia
r ã trabalhar junto com a esposa, a missão, "o que mais me pesava era o sacrifício a que fui chamada a fazer pela obra: deixar
i i t e (1880; 1888); Kllen G. Whi- meus filhos ao cuidado de outros" (WHITE, 2009, v. l, p. 101, 581; 1860, v. 2, p. 107-108; Ellen
u-s W h i t e (1868, p. 274); Ellen G. White, To My Dear Children, Carta 23, 1859; James White, To Dear Brother and Sister,
Carta l, 1848; James White (1868, p. 293); White e White (1880; 1888, p. 243-244, 254-255).
ELLEN G. WHITE: SEU IMPACTO HOJE O C A S A M E N T O OF

1948). Porém, também nesse aspecto, os esforços de Tiago e Ellen são bem defi- dos outros, c
nidos e objetivos, ponderando sempre como equacionar conjugalidade e missão. melhor eleifr
Percebe-se, assim, que o amor de Tiago e Ellen não se encaixava no conceito DOUG1.ASS.
de amor romântico do século 19, embora os dados indiquem carinho, atenção,
cuidado mútuo, sexualidade produtiva e fidelidade conjugal vitalícia de ambos. Eu fui adverl
Sua relação contém elementos de casais sólidos e independe do conceito tradi- v i n d i c a r a m:
cional de amor romântico, uma construção social transitória. Sua relação está causou o u t r o
centrada na missão, como significado dominante e hierarquizante dos demais tenho esquer
significados da vida, mas não excludente dos demais. Além disso, o senso de culpas dos ou
equipe aparece com objetivos claros, concretos e realizáveis, funcionando como sofreram poi
elemento que fortalecia e conferia sentido à união de ambos, elemento presente
na vida de casais bem-sucedidos, como apontado por Lewin (1948). Assim, construía-se u n
Por outro lado, o trabalho, enquanto contexto imbricado com o casamen- portamento o levou à doenç;
to, pode conspirar contra a conjugalidade, desde que assuma, em algum mo- comportamento. Seu compo
mento, a prioridade, adiante das necessidades de um membro ou contrário à Ellen, a causa da doença de T
dinâmica do grupo conjugal. Esse assunto será tratado na seção seguinte, que de uma produção da mente <
trata das barreiras presentes no casamento de Ellen e Tiago. contrário, de acordo com a (
aflita com a sua desconfianç
86
você deixa isso afligi-lo. Isso
As barreiras na relação conjugal dos White causa, porque, em realidade,
Ela também atribui sig
A personalidade e a doença de Tiago White "Sinto que o inimigo está fa
A personalidade e a doença de Tiago aparecem como barreiras na relação assuntos que não trazem ne 1
conjugal. À primeira vista, o problema de Tiago poderia ser considerado como vê a sua fraqueza a esse resr;
decorrente direta e exclusivamente das consequências pós-derrame (ver WHI- onde ele tem sido vitorioso t
TE, E., 2009, p. 211), sugerindo uma origem exclusivamente orgânica-médica Ellen também indica c
para seu comportamento agressivo, desconfiado e controlador durante a crise ria seu controle sobre essa t
de 1874 e 1876, particularmente. de outros o deprimirem ou
Porém, a explicação baseada em um único fator e, principalmente, no meramente na dimensão fis
fator saúde física, difere dos dados provenientes das falas de Tiago, Ellen e das poder de sua vontade e resis
próprias descrições de seu neto Arthur White. Antes, Tiago vivenciava um
quadro resultante do comportamento que se desenvolvia desde seus primeiros Quero que v
contatos com mensagens de advertência sobre seu modo de agir que refletiriam alegre. Não
sobre sua saúde (ver KNIGHT, 1999, p. 72), conforme segue abaixo: esse control

Desde o meu primeiro contato com aquela a quem Deus escolheu para
falar ao seu povo errante até sua última visão, eu fui advertido, de tem- 3l' Ellen G. White, 7o MydearHusl
pos em tempos, do perigo de falar pressionado com um senso dos erros 35 Ellen G. White, To Dear Hiisbat

- . .
O CASAMENTO DE TIAGO E ELLEN G. WHITE: SIGNIFICADOS CONSTRUÍDOS PELO CASAL

Tiago e Ellen são bem defi- dos outros, de forma descuidada e usando palavras que não teriam o
nar conjugalidade e missão, melhor efeito sobre aqueles que eu reprovava (WHITE, J., 1873, p. 426;
ião se encaixava no conceito DOUGLASS, 1998, p. 544, tradução livre).
indiquem carinho, atenção,
conjugal vitalícia de ambos. Eu fui advertido a confiar em Deus e deixá-lo lutar minhas batalhas e
idepende do conceito tradi- vindicar a minha causa, e não deixar a minha mente pairar sobre o que
:ransitória. Sua relação está causou outros a me ofenderem. Mas em minhas "tentações particulares"
hierarquizante dos demais tenho esquecido essas sagradas advertências, e tenho me demorado nas
lis. Além disso, o senso de culpas dos outros, causando-me grande dano. Minha coragem, fé e saúde
íizáveis, funcionando como sofreram por causa disso (WHITE, J., 1873, p. 427, tradução livre).
í ambos, elemento presente
: Lewin (1948). Assim, construía-se uma origem circular para a doença: primeiro, o com-
imbricado com o casamen- portamento o levoLi à doença e, depois, o derrame propiciava alteração no seu
ue assuma, em algum mo- comportamento. Seu comportamento, por sua vez, o adoecia. Além disso, para
m membro ou contrário à Ellen, a causa da doença de Tiago não "existia em realidade", tratando-se, assim,
aclo na seção seguinte, que de uma produção da mente de Tiago, a qual afetava sua saúde e não somente o
e Tiago. contrário, de acordo com a fala de Ellen: "E não é tanto o fato de que eu esteja
aflita com a sua desconfiança e suspeitas de mim que me incomoda, mas que 87
você deixa isso afligi-lo. Isso tem afetado sua saúde, e sou incapaz de remover a
i te causa, porque, em realidade, ela não existe."34
Ela também atribui significado espiritual à origem do problema de Tiago:
"Sinto que o inimigo está fazendo você miserável, mantendo sua mente sobre
como barreiras na relação assuntos que não trazem nenhum benefício, mas apenas prejuízo. [...] Satanás
eria ser considerado como vê a sua fraqueza a esse respeito, e ele vai fazer todos os esforços para atacá-lo
as pós derrame (ver WH1- onde ele tem sido vitorioso tantas vezes."35
vamente orgânica-médica Ellen também indica que a saúde de Tiago dependia de como ele mante-
jntrolador durante a crise ria seu controle sobre essa disposição "para deixar os erros ou supostos erros
de outros o deprimirem ou desencorajarem". Essa situação não se encontrava
tor e, principalmente, no meramente na dimensão fisiológica, mas na fragilidade de Tiago em exercer o
L aJas de Tiago, Ellen e das poder de sua vontade e resistir à "tentação do maligno", conforme abaixo:
es, Tiago vivenciava um
Ivia desde seus primeiros Quero que você seja feliz. Sua saúde e vida dependem de você ser feliz e
do de agir que refletiriam alegre. Não importa o caminho que outros buscam, isso não precisa ter
segue abaixo: esse controle sobre sua mente. Enquanto você permitir que os erros ou

i a quem Deus escolheu para


são, eu íui advertido, de tem-
Ellen G. White, To My dearHusband, Carta 38,1874; A. White (1982, v. 2, p. 433-434). Tradução livre.
ado com um senso dos erros Ellen G. White, To Dear Husband, Carta 40, 1874; A. White (1982, v. 2, p. 435-436). Tradução livre.
ELLEN C. WHITE: SEU IMPACTO HOJE
O CASAMFMTODE'

supostos erros dos outros deprimam e desanimem você, terá suficiente trabalho impe
desse problema para resolver.36
i n c a p a / d c fax.

Luz, preciosa luz [...]. Ele [Deus] vai deixar raio [ou brilho) de luz sobre Portanto, Tiago trabalh
você para ser transmitido para outras pessoas, se você apenas resistir às sioso pelo muito que ainda de
tentações do diabo para escrever e falar de seus sentimentos de prova, era adicto do excesso de trab;
suas tentações, e seus desanimes. 37 de trabalhar em excesso" (W
isso, ele ainda olhava, sobrei
Portanto, embora a enfermidade tenha revelado um quadro mais agudo indicando a associação de do
do comportamento de Tiago, esse é significado nos documentos como um qua- balho e a ansiedade diante de
dro multifatorial. São apontados, além da enfermidade, outros antecendentes
e subsequentes do problema: o excesso de trabalho, 38 sua própria tendência em
se deter nos erros dos outros,39 sua falta de exercício da vontade para resistir Ruptura, hiposaciedade e e:
aos maus pensamentos e as tentações do diabo.40 Além disso, os documentos e EÍ>$C quadro de envolvir.
autores utilizados nesta pesquisa descrevem Tiago como se excedendo no tra- trás declarações suas," o relat
balho pelo seu zelo, assumindo diferentes funções, escrevendo, estabelecendo "muito ainda para ser feito" (
instituições e viajando extensamente, como ele mesmo admite: maior ainda pela amplitude i
o acompanhavam para procl
Se eu tivesse ouvido esses avisos como deveria, teria sido capaz de resistir da igreja nascente (Ap 14:6-1
às tentações de trabalhar em excesso pressionado por meus irmãos, e impossibilitado cie realizar o
um amor ao trabalho ao ver tanta coisa para fazer. E agora, como con- a área central de sua vida pç:
sequência, quando o campo está abrindo como nunca antes, com tanto Tânia Zittoun (2009, p. 405-4
e esta requer uma resposta 01
O processo de ajustami
Ellen G. White, To Dear Husband, Carta 40, 1874; A. White (1982, v. 2, p. 435). Tradução livre. significados presentes na trai
Ellen G. White, To Dear Husband, Carta 40,1874; A. White (1982, v. 2, p. 436). Tradução livre. negócios da igreja e como p
Antes da década de 1870, Tiago já tinha em alguns momentos reconhecido que sua saúde
física o impossibilitava de continuar atuando ativamente nas atividades que ele acumulava queixa, desconfiança e ciúni'
como líder da igreja (WHITE, A:, 1981, v. l, p. 334; WHITE, W. 1936, p. 6-7). Durante e, finalmente confissão do sei
esse período (1855), Tiago sofreu bastante por conta do excesso de responsabilidade, com o Nesse processo, ele se debate
acréscimo da morte de dois de seus irmãos (Nathaniel e Anna), além da "falta de simpatia
daqueles que deveriam ter dividido sua carga", trazendo a Tiago uma "ansiedade de mente"
recair sucessivamente. Porén
enorme (WHITE, E., 1860, v. 2, p. 194-195; 2009, v. l, p. 97-98; Ellen G. White, To Dear basicamente a região periféri
Brother and Sister Loveland, Carta 2a, 1856). Em diversas ocasiões Ellen enfatizou o fato de to por trabalho, ele, agora en
Tiago fazer a obra de três homens, e disse nunca ter visto alguém trabalhar constantemen-
te com tanta energia, a ponto de sugerir que "Deus lhe dava mais do que energia mortal"
significado dominante na vic
(Ellen G. White, To Dear Willie, Carta 39, 1876). seu quadro inverte para a coi
James White, To Dear Brother Abraham, Carta, 1853; Ellen G. White, Extracts of Visions,
Manuscrito. 5, 1853; ver Ellen G. White, To Dear Brother and Sister Dodge, Carta 6, 1853;
1860, v. 2, p. 194-195; James White (1871, p. 152-153). Por exemplo James W h i t e , ÍMi
Ver Ellen G. White, Testimony Regarding James and Ellen G. White, Manuscrito l, 1863; Por exemplo Ellen G. White, T
William White (1936, p. 3). Ver A. White (1982, v. 2, p. 442
• > > • !"•••• ^-1

O CASAMENTO DE TIAGO E ELLEN C. WHITE: SIGNIFICADOS CONSTRUÍDOS PELO CASAL.

desanimem você, terá suficiente trabalho importante a ser feito, eu me encontro nestas últimas semanas,
incapaz de fazer qualquer coisa (WHITE, ]., 1873, p. 428, tradução livre).

ixar raio [ou brilho] de luz sobre Portanto, Tiago trabalhava em excesso e, mesmo assim, mantinha-se an-
>essoas, se você apenas resistir às sioso pelo muito que ainda devia ser feito. Esses significados indicam que Tiago
ir cie seus sentimentos de prova, era adicto do excesso de trabalho a ponto de não poder resistir a essa "tentação
de trabalhar em excesso" (WHITE, J., 1873, p. 428, tradução livre). Aliado a
isso, ele ainda olhava, sobrecarregado, para o que ainda havia para ser feito,
ido uni quadro mais agudo indicando a associação de dois quadros favoráveis ao estresse: o excesso de tra-
documentos como uni qua- balho e a ansiedade diante do que ainda deveria ser feito.
dade, outros antecendentes
, is sua própria tendência em
cio da vontade para resistir Ruptura, hiposaciedade e esvaziamento de significado
leni disso, os documentos e Esse quadro de envolvimento em excesso com o trabalho confere com ou-
i como se excedendo no tra- tras declarações suas,41 o relato de seus biógrafos e declarações de Ellen.42 E esse
, escrevendo, estabelecendo "muito ainda para ser feito" (WHITE, 1873, p. 429) pode tornar-se um fardo
sino admite: maior ainda pela amplitude mundial do desafio diante dele e dos poucos que
o acompanhavam para proclamar a tríplice mensagem depositada nas mãos
c-veria, teria sido capaz de resistir 89
da igreja nascente (Ap 14:6-12). Assim, Tiago, nessa situação, de repente se vê
pressionado por meus irmãos, e impossibilitado de realizar o seu trabalho, a missão do advento, o qual ocupava
a para fa/.er. K agora, como con- a área central de sua vida pessoal e conjugal. Ele, repentinamente, sofre o que
lo como nunca antes, com tanto Tânia Zittoun (2009, p. 405-429) denomina de ruptura na sua trajetória de vida,
e esta requer uma resposta ou ajustamentos do organismo à nova situação.
O processo de ajustamento à nova situação é denominado transição. Os
f! 982, v. 2, p. 435). Tradução livre. significados presentes na transição de Tiago, frente à perda de lugar diante dos
(1982, v. 2, p. 436). Tradução livre, negócios da igreja e como parceiro inseparável de Ellen, são de insegurança,
eiitos reconhecido que sua saúde
nas atividades que ele acumulava queixa, desconfiança e ciúme e, posteriormente, culpa, lamento pela conduta
11 TH, W. 1936, p. 6-7). Durante e, finalmente confissão do seu erro, processo que se desenrola até a sua morte.'13
;esso de responsabilidade, com o Nesse processo, ele se debate para retomar à trajetória anterior, somente para
uma), além da "falta de simpatia
Tiago unia "ansiedade de mente" recair sucessivamente. Porém, as provações de Tiago diante da ruptura afetam
97-98; 1'llen G. White, To Dear basicamente a região periférica de sua vida pessoal e conjugal. De alguém adic-
>casiões BHen enfatizou o fato de to por trabalho, ele, agora encontra-se alijado do processo e, para alguém cujo
alguém trabalhar constantemen-
ava mais do que energia mortal" significado dominante na vida era o trabalho presente e o trabalho por ser feito,
seu quadro inverte para a condição de hiposaciedade.
;n d. White, Lixtructs oj Visiotis,
timl Sis/er Doclge, Carta 6, 1853;
Por exemplo James White, Private, Carta, 1855.
i G'. White, Manuscrito l, 1863; Por exemplo Ellen G. White, To DearBrethren andSisters, Carta 5, 1854.
Ver A. White (1982, v. 2, p. 442-445); In Memorian (1881, p. 44-50)

,
ELLEN C. WHITE: SEU IMPACTO HOJE O CASAMENTO

Entre as várias reações à insatisfação das necessidades esperadas no gru- aparecia em seu trabalho c
po conjugal, e em um grupo fortemente imbricado com o trabalho, como no Ellen como sendo sem igi
caso de Tiago, a hiposaciedade decorrente do afastamento de Ellen e do tra- que trarão uma influência
balho pode levar à apatia, agressividade e ao abandono do grupo conjugal ou gem são colocadas em tod(
tentativa de destruí-lo (ver LEWIN, 1948). Os dados indicam que o leque de Por outro lado, ele m
opções de Tiago em seu quadro psicológico para lidar com a ruptura, durante exclusiva como auxiliar n;
sua transição, foi bastante doloroso, marcado por insegurança, queixas, desejo peculiar. Era o meu dever e
de dominação sobre Ellen e ciúme de que alguém mais estivesse exercendo so- as reprovações do Senhor"
bre o ministério dela a influência que ele entendia pertencer a ele. mina essa missão de "obra
Lewin aponta a hiposaciedade como elemento gerador de tensão, que, se as reprovações do Senhor",
não aliviada, por adequação da demanda do indivíduo às novas condições no sobre sua missão na Obra e
grupo, pode conduzir à sua dissolução. Nesse sentido, independentemente da insubstituível. E, para ele,
enfermidade de Tiago, sua tensão e agressividade, ou até apatia, poderiam ser relacionada à transmissão i
geradas por outra barreira qualquer entre ele e seu objetivo psicológico. Basta- Nesse sentido, os sigr
ria que alguma barreira durasse o suficiente para gerar hiposaciedade e ansie- transferíveis. Tirar isso de
dade quando interpretada como impossível de ser removida ou cuja remoção se ele, e os demais obreiros,
estendesse para um ponto indeterminado, insuportável em suas expectativas. rem seus conselheiros, ser
Assim, o comportamento atípico de Tiago pode ser descrito como uma win como o sentimento de
90
consequência coerente com a interrupção repentina e incapacitante para man- ciúmes pode levar, como ai
ter seu ritmo de trabalho. Outro aspecto relacionado ao sofrimento de Tiago para evitar a perda do obje
é o esvaziamento, produzido por causa do significado que esse trabalho tinha confiança ou chantagem, p
para ele, como líder mundial do movimento que estava preparando o mundo Como consequência, r.
para a volta de Jesus.44 Assim, apresentam-se os fatores de hiposaciedade e per- está na iminência de ser per
da de significado na vida, pois a missão aparece nos dados como o significado lisados, o ciúme cie Tiago e:
hierarquicamente dominante entre os outros e, portanto, o que dava sentido à lado da mensageira do Senh
sua existência. O esvaziamento de sentido e a hiposaciedade podem ajudar a a declaração de Ellen, que se
esclarecer a oscilação entre apatia, frustração e agressividade que funcionavam em seu ministério profético,
como barreiras na relação conjugal (ver LEWIN, 1948). anos depois: "Mas, se você e
Além disso, a desconfiança de Tiago em relação aos outros pode estar re- a mim pela censura e suspei
lacionada também à perda do seu ofício exclusivo. Embora sem treino acadé- à causa de Deus".'17 A descor
mico, a obra de Tiago evidencia lucidez e competência excepcionais. Esse de- rece na fala cie Tiago, que e;
sempenho era resultado de uma inteligência acima da média, seja na escrita ou
na oralidade, descrita por Ellen nas seguintes palavras: "Deus tem lhe dado um
bom intelecto — eu deveria dizer um gigantesco intelecto". Seu talento especial Ellen G. While, 'Io My dcar
Veja, por exemplo, esta afim
incentive Mamãe |s;'c] a imr,
Tiago White serviu como presidente da Associação Geral durante os anos de 1865-1867, 1869- bem. Willie, você sabe que
1871 e 1874-1880. Além dessa função, ele também serviu como presidente de várias outras De.ar Willie, Carta, 1876.
instituições (Review and Herald, Instituto de Saúde etc.) durante diferentes períodos. Ver Ellen G. White, To Dear

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O CASAMENTO DE TIAGO E ELLEN C. WHITE: SIGNIFICADOS CONSTRUÍDOS PELO CASAL

cessidades esperadas no gru- aparecia em seu trabalho com desempenho na escrita e na palavra, descrito por
lo com o trabalho, como 110 Ellen como sendo sem igual: "Ninguém consegue falar ou escrever palavras
dstamento de Hllen e do tra- que trarão uma influência tão poderosa como você, e alegria, esperança e cora-
idono do grupo conjugal ou gem são colocadas em todos os corações."45
dos indicam que o leque de Por outro lado, ele mesmo declara sua convicção de possuir uma missão
idar com a ruptura, durante exclusiva como auxiliar na transmissão das profecias: "Minha obra tem sido
insegurança, queixas, desejo peculiar. Era o meu dever estar ao lado da Sra. White em sua obra de transmitir
mais estivesse exercendo so- as reprovações do Senhor" (WHITE, J., 1873, p. 427, tradução livre). Ele deno-
pertencer a ele. mina essa missão de "obra peculiar" e "dever de estar ao lado" para "transmitir
to gerador de tensão, que, se as reprovações do Senhor". Esses significados tornam a compreensão de Tiago
'ídtio às novas condições no sobre sua missão na Obra em relação a Ellen praticamente como de um obreiro
tido, independentemente da insubstituível. E, para ele, uma obra exclusiva e sagrada, uma vez que estava
ou até apatia, poderiam ser relacionada à transmissão das revelações dadas a Ellen.46
i objetivo psicológico. Basta- Nesse sentido, os significados aparecem elevados e, ao mesmo tempo, in-
gerar hiposaciedade e ansie- transferíveis. Tirar isso de Tiago, fosse qual fosse o motivo, seria demais para
'emovida ou cuja remoção se ele, e os demais obreiros, possíveis candidatos a acompanharem Ellen ou se-
lavei em suas expectativas, rem seus conselheiros, seriam alvo de desconfiança e ciúme descrito por Le-
ode ser descrito como uma win como o sentimento de que estamos sendo roubados. Assim, o quadro de 91
ia e incapacitante para man-. ciúmes pode levar, como aparece nos documentos analisados, à possessividade
ado ao sofrimento de Tiago para evitar a perda do objeto amado, à desqualificação dos concorrentes e des-
ado que esse trabalho tinha confiança ou chantagem, por exemplo.
;stava preparando o mundo Como consequência, pode ocorrer o patrulhamento e controle do objeto que
ores de hiposaciedade e per- está na iminência de ser perdido (ver LEWIN, 1948). Porém, nos documentos ana-
)S dados como o significado lisados, o ciúme de Tiago está relacionado ao trabalho e à sua posição e dever ao
rtanto, o que dava sentido à lado da mensageira do Senhor, uma vez que era dele o dever de aconselhá-la. Assim,
osaciedade podem ajudar a a declaração de Ellen, que sempre se manteve independente de influências externas
íssividade que funcionavam em seu ministério profético, aponta o ciúme injustificado de Tiago, que evoluiu até
)48). anos depois: "Mas, se você está vindo para desanimar e enfraquecer você mesmo e
ao aos outros pode estar re- a mim pela censura e suspeita e ciúme, eu temo que causaríamos um grande dano
Embora sem treino acadê- à causa de Deus".47 A desconfiança de que outros estariam influenciando Ellen apa-
incia excepcionais. Esse de- rece na fala de Tiago, que esperava que essa influência de terceiros fosse anulada:
da média, seja na escrita ou
-as: "Deus tem lhe dado um
decto". Seu talento especial Ellen G. White, To My dear Husband, Carta 38, 1874; A. White (1982, v. 2, p. 433).
Veja, por exemplo, esta afirmação que Tiago escreveu para o seu filho: "Espero que você não
incentive Mamãe [sic] a imprimir seus livros sem mim. Se ela decidir [...] e escrever, tudo
irante os anos cie 1865-1867, 1869- bem. Willie, você sabe que eu deveria ouvir cada linha lida antes" (James White, To My
omo presidente de várias outras Dear Willie, Carta, 1876.
ravtte diferentes períodos. Ver Ellen G. White, To Dear Husband, Carta 40a, 1874; A. White (1982, v. 2, p. 438).
ELLEN C. WHITE: SEU IMPACTO HOJE O CASAMENTO 0[

"Os pastores Butler e Haskell têm tido uma influência sobre ela que eu espero que Deus me Icv;
seja quebrada. Isso quase que a tem arruinado."18 para que eu p
Portanto, o temperamento forte de Tiago, entre outras razões, como apon- Tenho sido c
tado acima, pode ser entendido também como resultante das limitações que a assim como
crise de saúde psicológica e fisiológica impôs no que se refere ao cumprimento do migo, e me
seu "dever" (WHITE, E., 1982, v. p. 427), bem como seu afastamento da agenda para paz de
de trabalho na condição de líder da igreja. Por isso, a pretendida superação da rito de Deu?
crise pela qual passava, nas falas presentes nas cartas, sempre se relaciona com a Agora sinto a
ideia de restauração ao trabalho e à companhia de Ellen, não como restauração eu os vi, e os c
da conjugalidade (a qual não tinha sido rompida ou negada por ambos), mas da pecados não r
posição do dever e utilidade para fazer ainda muito bem para a Obra. esforço deterr
Por outro lado, os dados indicam que Tiago, apesar das tensões e confli- de mim. Aque
tos, das inseguranças e desconfianças, não desiste de sua missão, nem deixa de mim a maior
acalentar seu retorno nem perde o brilho do seu ideal. Ainda que envelheci- coragem, paz
do, ele encontra caminho para refletir sobre seus erros, reconhecê-los e buscar
aceitação divina.49 Ele não rejeita sua fé, não repudia a causa do advento, não Tiago, assim, reafirma ;
renega sua fidelidade a Ellen da qual diverge em assuntos de opinião pessoal, clara que "nunca" desconfiou
mas reafirma sua convicção e submissão ao dom profético, conforme declara: na vida de Tiago e a sua dol
92
rependimento, mantêm inab
Nunca duvidei das visões da Sra. W[hite]. Se um teste ou tentação veio crenças e esperanças), em coe
por um momento à minha mente, não podendo entender tudo, eu ime- Nesse sentido, encontramos i
diatamente me voltava para a grande quantidade de evidências claras não permite que elas se apro
a seu favor, e ali ficava até que tudo fosse esclarecido. [...] Tenho visto ficados dominantes e hierarc
claramente a posição e importância dos Testemunhos na obra da terceira aspecto, Tiago White se apre
mensagem, e os tenho valorizado muito, e tenho me proposto a obedecer peando sem a precisão do pás
a seus ensinamentos. Mas eu não tenho refletido sobre eles ou dado a e embora tombe, se mantêm <
atenção que deveria. Não os tenho lido vez após vez como deveria, a fim Em relação à origem d
de manter seus ensinamentos frescos em minha mente. 5 " dade, tem-se recorrido à exr

E agora, como consequência, quando o campo está abrindo como nunca


51 James W h i t e (1873, p. 1 1 ) ; A. W
antes, com tanto trabalho importante a ser feito, eu me encontro, nes- 52 Nesse aspecto, a suposta a t i t u d
tas últimas semanas, incapaz de fazer qualquer coisa. E o meu clamor Ellen, mencionada por Numbe
tem sido, desde 20 até 26 de dezembro [de 1872], e ainda é, para que plica o que quer dizer com o ter
White. Ao conectar a b a i x a incic
da igreja à suposta desconfiança
Ver A. White (1982, v. 2, p. 445). Em outro momento (1873), Tiago e George Butler se de- estabelece n e n h u m a conexão hi
sentenderam em relação à administração da igreja, e Ellen afirmou que Butler não estava dados científicos. Nem mesmo
agindo de forma correta (Ellen G. White, Diary, Manuscrito 7, 1873). cão forte ou positiva. Assim, a p
Ver A. White (1982, v. 2, p. 427-429, 445); Ellen G. White (2009, p. 221). da igreja poderia ser motivada f
Ver James White (1873, p. 5); A. White (1982, v. 2, p. 426); Douglass (1998, p. 544). clusão de Numbers (2008) ser ci

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O CASAMENTO DE TIAGO E ELLEN G. WHITE: SIGNIFICADOS CONSTRUÍDOS PELO CASAL

a sobre eJa que eu espero que Deus me levante uma vez mais e coloque sua palavra dentro de mim,
para que eu possa ter um papel nos triunfos finais da última mensagem.
e outras razões, como apon- Tenho sido capaz de fazer uma entrega completa de tudo a Deus, e
iltante das limitações que a assim como tenho confessado meus pecados a Deus e àqueles co-
le refere ao cumprimento do migo, e me unido com eles em oração por perdão e restauração
seu afastamento da agenda para paz de espírito, fé, esperança e força física e saúde, o Espí-
, a pretendida superação da rito de Deus tem vindo sobre nós de uma maneira maravilhosa.
5, sempre se relaciona com a Agora sinto a certeza de que Deus perdoou meus pecados, tanto quanto
illen, não como restauração eu os vi, e os confessei no espírito de verdadeiro arrependimento. Meus
negada por ambos), mas da pecados não mais me separam de Deus. E assim como eu tenho feito um
>em para a Obra. esforço determinado para me aproximar de Deus, Ele tem se aproximado
apesar das tensões e confli- de mim. Aquele terrível peso de desânimo e tristeza que tem estado sobre
e sua missão, nem deixa de mim a maior parte do tempo pelos últimos dois anos se foi, e esperança,
ideal. Ainda que envelheci- coragem, paz e alegria tomaram seu lugar.51
ros, reconhecê-los e buscar
ia a causa do advento, não Tiago, assim, reafirma sua crença, mantém sua fidelidade conjugal e de-
ssuntos de opinião pessoal, clara que "nunca" desconfiou do dom profético de Ellen.52 Portanto, a ruptura
ofético, conforme declara: na vida de Tiago e a sua dolorosa transição pela doença e perdas, erros e ar- 93
rependimento, mantêm inabaláveis os aspectos centrais de sua vida (valores,
e]. Se um teste ou tentação veio crenças e esperanças), em coerência com o seu discurso até os seus últimos dias.
podendo entender tudo, eu ime- Nesse sentido, encontramos um Tiago humano, que, apesar de suas fraquezas,
[uantidade de evidências claras não permite que elas se aprofundem a ponto de produzir mudança nos signi-
se esclarecido. [...] Tenho visto ficados dominantes e hierarquizantes de sua vida conjugal e religiosa. Nesse
Testemunhos na obra da terceira aspecto, Tiago White se apresenta como um guerreiro ferido que, embora gol-
e tenho me proposto a obedecer peando sem a precisão do passado, não abandona o campo de batalha de sua fé,
i reiletido sobre eles ou dado a e embora tombe, se mantêm sempre leal aos seus ideais.
'ez após vez como deveria, a fim Em relação à origem da crise de Tiago com reflexos em sua conjugali-
i m i n h a mente.' 1 " dade, tem-se recorrido à explicação médica (WHITE, E., 2009, p. 211), mas

ainpo está abrindo como nunca


James White (1873, p. 11); A. White (1982, v. 2, p. 429).
ser feito, eu me encontro, nes- Nesse aspecto, a suposta atitude "ambivalente" de Tiago em relação ao dom profético de
ualquer coisa. K o meu clamor Ellen, mencionada por Numbers (2008), não se sustenta. Numbers (2008, p. 212) não ex-
(de 1872J, e ainda é, para que plica o que quer dizer com o termo "ambivalente" a partir de dados presentes nas falas dos
White. Ao conectar a baixa incidência ou ausência de produção de textos de Ellen na editora
da igreja à suposta desconfiança de Tiago no dom profético da esposa, Numbers (2008) não
3), Tiago e George Butler se de- estabelece nenhuma conexão histórica ou psicológica construída objetivamente a partir de
i afirmou que Butler não estava dados científicos. Nem mesmo argumenta consistentemente para estabelecer uma correla-
o 7, 1873). ção forte ou positiva. Assim, a presença de textos ou não de Ellen nas publicações da editora
1009, p. 221). da igreja poderia ser motivada por tantos fatores quantos se possa imaginar, podendo a con-
)ouglass (1998, p. 544). clusão de Numbers (2008) ser considerada como inferência ou, simplesmente, imaginação.
ELLEN C. WHITE: SEU IMPACTO HOJE O CASAMENTO í)f

esta, como já mencionado, não explica satisfatoriamente a questão. A ênfase extraordinários. A força do c.
na explicação exclusivamente médica ao problema de Tiago pode encontrar-se vida real, porque vivia os dn
na campanha higienista pela melhoria da qualidade de vida. Esta tinha como extraordinária. Assim, a i m p
objetivo a normalização para o controle social como apontado por Foucault de qualquer ser humano, na
(1979). Lemos e Vasco (2012, p. 1-20) pontuam que a medicalização, na corrente maquiada ou negada, nem ar
do higienismo, é a transformação das questões sociais, políticas, económicas, Portanto, a personalidai
subjetivas e culturais em problemáticas médicas. na relação, uma vez que forai
No sentido acima, líderes religiosos, artistas e heróis, entre outros, tendem cônjuges um do outro. Além
a adquirir um significado lendário no imaginário das pessoas, especialmente e momentaneamente, a para
dos adeptos de sua corrente ideológica, sua causa ou religião. Não poderia ser era o fator que centralizava e
diferente com Tiago White na qualidade de pioneiro, cofundador da IASD, entanto, essa experiência de Ti
parceiro, conselheiro e esposo da profetisa. Assim, a ênfase na explicação mé- no exemplo de que Deus usa a
dica pode ser utilizada em casos comportamentais socialmente considerados
"incómodos", útil para desresponsabilizar o indivíduo e a sociedade pelo seu
comportamento, uma tendência da ética higienista e da medicalização que se A independência de Ellen G.
desenvolvem no mundo ocidental na segunda metade do século 19. Além cia tentativa de Ti
Mas essa preocupação com a assepsia da imagem de Tiago é desnecessária. O gerava tensão na relação com
Tiago dos dados não é o Tiago "maquiado" e idealizado para atender as expectati- agenda e a vida dela de fornis
94
vas artificiais dos que o contemplam. Tiago aparece como um ser humano comum dificuldades cia relação somo
e extraordinário ao mesmo tempo. Comum porque é real, pois casamentos e indi- fazer o trabalho no campo qii
víduos sem conflitos ou dificuldades não existem, especialmente, no caso dos Whi- dente desagradava Tiago, que
te, considerando seu esforço no trabalho, o temperamento de Tiago e sua doença. seu lugar no papel de consell
Somente o Tiago comum pode ser exemplo e advertência para outros seres len a exercer ainda mais sua
humanos. Se a conjugalidade dos White não contivesse o elemento comum à raça distante até que a tensão ent
humana, seria produto da fantasia dos seus seguidores, uma idealização, uma cons- são e análise dos dados presci
trução artificial dos seus biógrafos, ou uma relação apática e indiferente de um ca- Lucinda Hall, amiga da íamí
samento de aparências. Porém, essas possibilidades caem por terra porque o Tiago Denominamos essas razões d
descrito nos dados da pesquisa era humano, real, comum e verdadeiro. Tiago sofria, Sobre as razões missioló
Ellen sofria e as pessoas ao seu redor sofriam com ele; e onde há dor aí está uma ao controle de Tiago porque
pessoa real. Portanto, temos o Tiago que melhor se encaixa no mundo real. mais uma vez, vemos a centn
Mas Tiago é, também, extraordinário, porque, ainda de acordo com os se devia a um capricho pess<
dados, ele se destaca na sua contribuição incomum em um momento extraor- bos adotaram de servir a Deu
dinário com seus talentos excepcionais para a história da igreja e da salvação, papel de esposa submissa, lui
conforme ele e Ellen acreditavam. Tiago fica mais próximo das pessoas quando mas as mantêm sob controle,
é reconhecido como humano sujeito a falhas como qualquer outro. Poucos vi- ele estava atrapalhando a sua
veriam referenciados por um personagem que soubessem ser de ficção, porém,
multidões seguiriam alguém extraordinário que pudessem se familiarizar. Esse Ele disse que :
modelo extraordinário aponta que outros homens comuns também podem ser nheço tê-lo fei

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O CASAMENTO DE TIAGO E ELLEN G. WHITE: SIGNIFICADOS CONSTRUÍDOS PELO CASAL

amente a questão. A êníase extraordinários. A força do exemplo da vida de Tiago está na realidade de sua
de Tiago pode encontrar-se vida real, porque vivia os dramas comuns, sem desqualificar sua contribuição
de de vida. Esta tinha como extraordinária. Assim, a imperfeição de Tiago, enquanto contingência da vida
)ino apontado por Foucault de qualquer ser humano, não pode ser vista como demérito que mereça ser
a medicalização, na corrente maquiada ou negada, nem amenizada.
>ciais, políticas, económicas, Portanto, a personalidade e a doença de Tiago se constituíram barreiras
na relação, uma vez que foram elementos geradores de tensão por afastarem os
heróis, entre outros, tendem cônjuges um do outro. Além disso, chegou a comprometer, ainda que parcial
das pessoas, especialmente e momentaneamente, a parceria de ambos no cumprimento da missão, a qual
ou religião. Não poderia ser era o fator que centralizava e organizava os significados da conjugalidade. No
neiro, cofundador da IASD, entanto, essa experiência de Tiago se constitui, enquanto líder de um movimento,
i, a ênfase na explicação mé- no exemplo de que Deus usa as pessoas comuns para sLias obras extraordinárias.
is socialmente considerados
íduo e a sociedade pelo seu
a e da medicalização que se A independência de Ellen G. White
ade do século 19. Além da tentativa de Tiago de controlar Ellen, a independência de Ellen
m de Tiago é desnecessária. O gerava tensão na relação com Tiago. Ele a queria por perto a fim de controlar a
ado para atender as expectati- agenda e a vida dela de forma como não tinha pretendido até então. Porém, às
95
:omo um ser humano comum dificuldades da relação somou-se a retirada de Ellen da cena doméstica para
é real, pois casamentos e indi- fazer o trabalho no campo que demandava sua presença. Essa atitude indepen-
jecialmente, no caso dos Whi- dente desagradava Tiago, que temia que outras pessoas estivessem assumindo
nenlo de Tiago e sua doença, seu lugar no papel de conselheiros do trabalho de Ellen. Essa tensão levou El-
advertência para outros seres len a exercer ainda mais sua liberdade e independência, decidindo manter-se
sse o elemento comum à raça distante até que a tensão entre eles aliviasse. Esse cenário nos leva à discus-
:s, uma idealização, uma cons- são e análise dos dados presentes nas cartas de desabafo de Ellen escritas para
ipática e indiferente de um ca- Lucinda Hall, amiga da família White. Duas razões são apontadas nos dados.
aem por terra porque o Tiago Denominamos essas razões de missiológicas e psicológicas.
mm e verdadeiro. Tiago sofria, Sobre as razões missiológicas, na carta se menciona a resistência de Ellen
:le; e onde há dor aí está uma ao controle de Tiago porque ela sentia que tinha um dever a cumprir. Aqui,
ncaixa no mundo real. mais uma vez, vemos a centralidade da missão. A independência de Ellen não
Lie, ainda de acordo com os se devia a um capricho pessoal, mas à decisão de ser fiel aos ideais que am-
11 em um momento extraor- bos adotaram de servir a Deus. Como veremos mais adiante, ela apresenta um
tória da igreja e da saJvação, papel de esposa submissa, humilde, que possui suas necessidades emocionais,
Dróximo das pessoas quando mas as mantêm sob controle. Ela é conciliadora e preocupada com Tiago, mas
o qualquer outro. Poucos vi- ele estava atrapalhando a sua obra, diferente do que tinha feito até então:
bessem ser de ficção, porém,
idessem se familiarizar. Esse Ele disse que não devemos procurar controlar um ao outro. Não reco-
comuns também podem ser nheço tê-lo feito, mas ele sim, e muito mais. Nunca me senti como agora
ELLEN C. WHITE: SEU IMPACTO HOJE
O CASAMENTO r

acerca desse assunto. Não posso ter confiança no discernimento de Tiago o faremos. ,c
com referência ao meu dever.53
trabalhemo!

Mas o Senhor sabe o que é melhor para mim, para Tiago e para a causa Eu esperei j:
de Deus. Meu esposo está feliz agora — bendita notícia. [...] Farei meu solene e hm
trabalho conforme Deus me conduzir. Ele pode fazer o seu trabalho "Ellen, você j
conforme Deus o conduzir. Não nos colocaremos no caminho um do
outro. Meu coração está firme, confiante em Deus. Esperarei que Deus Portanto, a separação
abra o caminho diante de mim. 54 Ias razões missiológicas que
de ambos. Como pontua Lê'
Uma carta que recebi do meu esposo ontem à noite mostra que ele está pira contra sua u n i d a d e (vê
preparado para mandar em mim e assumir posições mais exasperan- fundo, compreendida por Ti
tes do que nunca. Decidi não assistir a nenhuma reunião campal nesta A segunda razão para
temporada. Ficarei aqui e escreverei. Meu esposo pode trabalhar melhor Tiago no campo de trabalho
sozinho. Tenho certeza de que eu posso.55 ser claramente identificadas
mudança causada pela doenç
Dessa forma, ela precisava manter uma independência no trabalho, pois do casal. A dominação acen
estava sob a direção de Deus e não do marido; e estava sendo coerente com a detalhes, e ciúmes relacionai
96
dinâmica da equipe conjugal, que até ali os unira através de um único propósi- rido, ela permanece ao lado
to, tendo, cada um, liberdade de ação. Além da dinâmica, ela também mantém mantendo boa vontade em aj
coerência com o objetivo da equipe conjugal, que era cumprir a missão. As-
sim, o afastamento de Ellen era vital para sua realização como pessoa e para o Estou complf
próprio significado da relação com Tiago. Esse significado de missão devia ser do me coloca
preservado e levado avante, mesmo com o preço da momentânea separação: deixar de ter

Alegremente nós atenderíamos às campais no leste se sentíssemos que


[é] o Senhor [quem] nos envia. Se esse fosse o dever eu iria sozinha, mas
Ellen G. White, To My Dear Wi,
isso é questionável.56
Ellen G. White, Fragmenl —
1895; parcialmente cm A. VVhi
Eu devo estar livre para seguir a direção do Espírito de Deus e ir sob seu Após o derrame sofrido por Ti;
comando, confiando na luz e senso de dever que tenho e deixar a você sivamente para cuidar do espoí
a um afastamento temporário,
o mesmo privilégio. Quando pudermos trabalhar melhor juntos, nós pia em Dansville, New York, a
cuidar dele de forma mais ade
oficialmente o presidente da A;
tos administrativos por um teir
muitas de suas responsabilidad
Ellen G. White, To Dear Sister Luanda, Carta 64, 1876; Ellen G. White (2009, p. 215). à restauração do esposo. Os W
Ellen G. White, To Dear Sister Luanda, Carta 65, 1876; E. White (2009, p. 216). uma pequena chácara em Greei
Ellen G. White, To Dear Luanda, Carta 66, 1876; Ellen G. White (2009, p. 216-217). físicos quanto mentais ao ar In
Ellen G. White, To MyDear Willie, Carta 27, 1874; A. White (1982, v. 2, p. 430). Tradução livre. WHITE, 1888, p. 354-358; WH

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O CASAMENTO DE TIAGO E ELLEN C. WHITE: SIGNIFICADOS CONSTRUÍDOS PELO CASAL

fiança no discernimento de Tiago o faremos. Se Deus diz que é para sua glória [que] nós ocasionalmente
trabalhemos separados, nós faremos isso.57

a mini, para Tiago e para a causa Eu esperei pelo consentimento do meu marido e quando, após muito
- bendita notícia, l . . . j 1-arei meu solene e humilde busca de Deus, [...J meu marido chorou alto e disse:
i. Ele pode lazer o seu trabalho "Ellen, você precisa ir. [...] Mas o que eu farei sem você?"58
colocaremos no caminho um do
ile em Deus. Esperarei que Deus Portanto, a separação entre Ellen e Tiago, durante a crise, justifica-se pe-
las razões missiológicas que os tiniram, mantiveram e davam sentido à unidade
de ambos. Como pontua Lewin, a perda de significado na união conjugal cons-
mtem à noite mostra que ele está pira contra sua unidade (ver LEWIN, 1948). A separação era necessária e, no
ísumir posições mais exasperan- fundo, compreendida por Tiago.
i nenhuma reunião campal nesta A segunda razão para que Ellen estivesse trabalhando separadamente de
.eu esposo pode trabalhar melhor Tiago no campo de trabalho, foram as razões psicológicas. Essas razões podem
ser claramente identificadas na fala de ambos. O temperamento de Tiago, sob a
mudança causada pela doença, produziu alteração na dinâmica antes equilibrada
pendência no trabalho, pois do casal. A dominação acentuou-se para a tentativa de controle da esposa em
ístava sendo coerente com a detalhes, e ciúmes relacionados à perda de sua posição. Tentando ajudar o ma- 97
através de um único propósi- rido, ela permanece ao lado dele até que se sente exausta e desgastada,59 porém
lâmica, ela também mantém mantendo boa vontade em ajudá-lo, conforme declarações dela naquele período:
e era cumprir a missão. As-
ização como pessoa e para o Estou completamente desgostosa com esse estado de coisas, e não preten-
n irtcado de missão devia ser do me colocar onde houver o menor risco de que ocorra. [...] Não posso
a momentânea separação: deixar de ter apreensão quanto ao perigo do humor instável de Tiago. [...]

ipais no leste se sentíssemos que


fosse o dever eu iria so/,inha, mas
Ellen G. White, To MyDectr Willie, Carta 38,1874; A. White (1982, v. 2, p. 434). Tradução livre.
Ellen G. White, Fragment — Reminiscences of Early Days in Califórnia, Manuscript 62,
1895; parcialmente em A. White (1982, v. 2, p. 430). Tradução livre.
o do Espírito de Deus e ir sob seu Após o derrame sofrido por Tiago, Ellen G. White dedicou grande parte do seu tempo exclu-
dever que lenho e deixar a você sivamente para cuidar do esposo. Logo após o derrame, Tiago ficou tão fraco que foi forçado
a um afastamento temporário. Após um período de três meses em uma clínica de hidrotera-
os t r a b a l h a r melhor juntos, nós pia em Dansville, New York, acompanhado da esposa, Ellen decidiu levá-lo para casa para
cuidar dele de forma mais adequada (Ellen G. White (1866, p. 97-99). Embora Tiago fosse
oficialmente o presidente da Associação Geral, ele estava impossibilitado de cuidar de assun-
tos administrativos por um tempo. Assim, durante 1866 e 1867, Ellen resolveu colocar de lado
muitas de suas responsabilidades (viajar, escrever etc.) e dedicar-se quase que exclusivamente
llk-nc;. White (2009, p. 215), à restauração do esposo. Os White venderam sua residência em Battle Creek e compraram
. White (2009, p. 216). uma pequena chácara em Greenville, Michigan, onde Ellen engajou Tiago em trabalhos tanto
. White (2009, p. 216-217). físicos quanto mentais ao ar livre, beneficiando grandemente na sua recuperação (WHITE;
; (1982, v. 2, p. 430). Tradução livre. WHITE, 1888, p. 354-358; WHITE, A., 1982, v. 2, p. 157-168, 188-189).
ELLEN C. WHITE: SEU IMPACTO HOJE O C A S A M r N T O i)F l

Não suporto o pensamento de prejudicar a obra e a causa de Deus cora ' dos cônjuges se constitui no q
tal depressão como a que tenho experimentado/'" necessidade vital para a satídi
livre, no quadro do conflito Cr
Não posso ser e não serei uma entrevada como tenho sido/'1 dominante da relação (o eu m
nizava todo o universo simbó
O atendimento recai principalmente sobre mim. 62 existência do casal e sentido à
Algumas vezes, a siluaçã
Embora reconhecendo o cuidado que o marido teve por ela enquanto en- * ou ambos os cônjuges a se reti
ferina,63 e desejando estar com ele durante sua doença,64 permanecer naquele •;' LEWIN, 1948). As solicitaçõe
período no mesmo cenário seria permitir que a tensão nas relações chegasse a ;- vam como barreira externa pá
um ponto de comprometer a conjugalidade.65 Como pontuaram Féres-Carnei- í do dilema: ficar com o tnaridc
ro, Diniz-Neto e Grandesso (FÉRES-CARNEIRO, 2008b, p. 349-355; FERES- i -se e cumprir a missão, o que j:
-CARNEIRO, DINIZ-NETO, 2008a, p. 487-496; GRANDESSO, 2000), a rela- * esposa cuidadosa. Sendo que
cão conjugal é alicerçada sobre uma história comum através de trocas verbais j espojo ou estava sob os cuida
e da vida comum. Assim, as alterações na pauta de ação de um dos cônjuges balhando ern outra parte —, s1,
inevitavelmente afetarão o outro. Essa alteração pôde ser administrada por El- já havia se recuperado ra/oav<
len em dois momentos: junto ao marido, enquanto a missão pudesse esperar; e, meio de correspondências diái
em vista dos sinais de melhora dele, e o desgaste que começava a acontecer na e condições mais propícias à i:
98
relação, devido à mudança na pauta verbal e ações de Tiago, a continuação do Assim, a retirada de Elle
trabalho sem a companhia do marido. prazer no campo de trabalho,
Nesse sentido, a atitude de Ellen é perfeitamente compreensível e até ré- : por desgaste excessivo da ré! a c
comendável, pois sua permanência ao lado do esposo aumentava suas atitudes do próprio Tiago, resgatou o c
de controlá-la, colocando em risco, em uma única circunstância, os dois as- matrimonial que pôde ser adn
pectos mais acariciados pelo próprio casal: o cumprimento da missão e o laço
matrimonial. Assim, a saída de cena de Ellen funciona como medida de alívio
da tensão. Lewin (1948) declara que o aumento de tensão por controle de um As confidências a Luanda Ha
Outro aspecto a ser consic
tas a Lucinda Hall. Teóricos da
Ellen G. White, To Dear Sister Luanda, Carta 64, 1876; Ellen G. White (2009, p. 215).
Ellen G. White, To Dear Sister Luanda, Carta 65, 1876; Ellen G. White (2009, p. 215). te de qualquer situação relaciot
Ellen G. White, To Edson and Emma White, Carta 19, 1877; E. White (2009, p. 220). 2011, p. 38-43). Hste, no entanl
"l had been ali my life an invalid, and tenderly and patieníly had my husband sympathized para o rompimento ou a violei
with, watchcd over, and caredfor me when I was suffering". Ellen G. White (1914, p. 3).
"Não tenho nenhuma notícia especial para escrever a você, exceto que desejo muito eventual conflito, mesmo de p
ver seu rosto e aguardar esse momento com grande prazer" (Ellen G. White, 7"o Dear Uma vez mais, a idealização d<
Husband, Carta 44, 1874).
"Ter a oportunidade de 'recarregar as baterias', seja sozinho ou com amigos e familiares,
é ainda mais importante quando você é um cônjuge cuidador, especialmente se você está
sobrecarregado com demandas de cuidados intensos ou se está fornecendo cuidados e tam- Ellen G. White considerava Lucir
bém desempenhando vários outros papéis. Como um cuidador, você tem que dedicar tem- To Dear Husband, Carla 44, IH74:
po para cuidar de si mesmo, tanto para manter-se saudável (fisicamente e mentalmente) que uma irmã" (Kllcn (i. White,
quanto para gerir o estresse" (PALMER; PALMER, 2011). e uma "companheira confidencia

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O CASAMENTO DE TIAGO E ELLEN C. WHITE: SIGNIFICADOS CONSTRUÍDOS PELO CASAL

.ar a obra e a causa de Deus com dos cônjuges se constitui no qLie ele denomina de redução de espaço livre, uma
mentado.1'" necessidade vital para a saúde individual e conjugal. Essa redução de espaço
livre, no quadro do conflito que se apresentou, estava associada ao significado
Ia como tenho sido."1 dominante da relação (o cumprimento da missão), a qual dava sentido e orga-
nizava todo o universo simbólico conjugal, além de proporcionar coerência à
>bre existência do casal e sentido às suas vidas individualmente.
Algumas vezes, a sitLiação de tensão não pôde ser resolvida, levando um
do teve por ela enquanto en- ou ambos os cônjuges a se retirarem do grupo, destruindo a conjugalidade (ver
ença,"'4 permanecer naquele LEWIN, 1948). As solicitações de Tiago e seu desejo de controlá-la funciona-
isão nas relações chegasse a vam como barreira externa para o alívio da tensão. Assim, Ellen estava diante
10 pontuaram Féres-Carnei- do dilema: ficar com o marido, o que parecia a solução, ou sair para restaurar-
20()8h, p. 349-355; FÉRES- -se e cumprir a missão, o que pode parecer à primeira vista estranho para uma
ÍKANDHSSO, 2000), a rela- esposa cuidadosa. Sendo que sua saída de perto dele não era definitiva — seu
m através de trocas verbais esposo ou estava sob os cuidados de alguém de confiança ou recuperado, tra-
e ação de LI m dos cônjuges balhando em outra parte —, sua decisão se constituiu na mais produtiva. Tiago
ide ser administrada por El- já havia se recuperado razoavelmente para ficar só, e ela o acompanhava, por
a missão pudesse esperar; e, meio de correspondências diárias com planos de reaproximar-se em momento
-ie começava a acontecer na e condições mais propícias à funcionalidade da relação. 99
de Tiago, a continuação do Assim, a retirada de Ellen do foco de tensão, e a atividade que lhe dava
prazer no campo de trabalho, evitou que esta alcançasse nível de rompimento
-•nte compreensível e até re- por desgaste excessivo da relação, proporcionou sua recLiperação do desgaste e
so aumentava suas atitudes do próprio Tiago, resgatou o cumprimento da missão e manteve intacto o laço
a circunstância, os dois as- matrimonial que pôde ser administrado pelo casal até à morte de Tiago.
rimento da missão e o laço
ona como medida de alívio
tensão por controle de um As confidências a Lucinda Ha// 66
Outro aspecto a ser considerado são as confidências de Ellen por meio de car-
en G. White (2009, p. 215). tas a Lucinda Hall. Teóricos das relações apontam que o conflito é parte integran-
en G. White (2009, p. 215). te de qualquer situação relacional (CUNHA, 2006, p. 266-279; CUNHA; LOPES,
; Li. White (2009, p. 220). 2011, p. 38-43). Este, no entanto, gerenciado adequadamente, evita a progressão
ly hud my husband syinpathized
lillenG. White (1914, p. 3).
para o rompimento ou a violência. Assim, toda relação SLibsistirá na presença de
i/ocê, e.xceto que desejo muito eventual conflito, mesmo de pessoas que Deus tenha escolhido para a sua obra.
zer" (Ellen G. White, To Dear Uma vez mais, a idealização dos heróis e pioneiros de uma comunidade impede
:io ou com amigos e familiares,
dor, especialmente se você está
-•slá fornecendo cuidados e tam- Ellen G. White considerava Lucinda "uma verdadeira irmã gémea em Cristo" (Ellen G. White,
ulor, você tem que dedicar tem- To Dear Husband, Carta 44, 1874; ver Ellen G. White, To Dear Lucinda, Carta 48, 1875), "mais
ei (fisicamente e mentalmente) que uma irmã" (Ellen G. White, To Dear Sister Lucinda, my More than Sister, Carta 72, 1874),
e uma "companheira confidencial" (Ellen G. White, To Dear Husband, Carta 63, 1876).
ELLEN C. WHITE: SEU IMPACTO HOJE
O CASAMENTO í)

que seus seguidores aceitem a humanidade e imperfeição dos seus líderes. Como do casal, Ellen não contra
ser humano, sob tensão devida ao conflito, Ellen lança mão do afastamento tem- porque o conteúdo das cai
porário de Tiago como estratégia para o alívio da tensão. Além disso, recorre ao ceriam ao casal. Assim, a r
diálogo sobre o problema de modo que a verbalização propicie alívio. envolvimento em atividade
De acordo com Vigotski (1984; 1993), o ser humano se constitui no com- e suas cartas para Lucinda
partilhamento com o outro por meio da fala. Esse compartilhamento, assim, dispunha para ajudá-ia na <
pode produzir ressignificação das questões que causam o sofrimento psicológi- Nesse sentido, o cuid
co, auxiliando na resolução do problema. Uma vez que o ser humano é entendi- tas, pode ser considerado
do, na psicologia vigotskiana, como integral, não se podem separar emoções de que cartas pessoais de cará
informações e práticas. Assim, a fala (no sentido histórico-cultural entendida de sua época, j a m a i s deve
como qualquer de suas modalidades, seja verbal, escrita, corporal ou outras), teúdo, cio qn-i! Lucinda já i
proporciona compartilhamento da emoção ou da situação-problema, podendo porém, pela ética social (í,
trazer alívio para o indivíduo. as Ci . tas, Lucinda não boi
Além disso, também a Zona de Desenvolvimento Proximal é definida na nada dr novo, e possibilito
psicologia histórico-cultural como a diferença entre o que o indivíduo pode rea- quanc'o Ellen, conforme cc
lizar sozinho e aquilo que pode fazer com a ajuda de outro mais capaz. Como curava um ombro amigo/' 8
dissemos, na proposta teórica utilizada, o desenvolvimento do indivíduo não No entanto, sua atitude
100
pode ser fragmentado. Portanto, na ausência de um profissional treinado, al- e mulheres de Deus são vulne
guém que está fora do problema e em quem se confie, que tenha habilidade nas que lerem essas cartas poderãc
relações sociais, pode proporcionar pelo ouvir e compartilhar, condições para profetas do passado, mesmo te
o desenvolvimento emocional com o alívio de tensão necessária à pessoa que podem legitimamente, quanck
sofre como no caso de Ellen. que Ele lhes confiou, não imp<
Assim, as cartas de Ellen para Lucinda Hall, bem como as conversas que
tinham quando se encontravam, se constituíam em oportunidades providen-
ciais para Ellen no conflito que vivia. Esta era uma conduta não somente de- Os fatores de promoçãf
sejada, mas recomendada, pois o isolamento, teoricamente, não proporciona o
progresso que o compartilhamento oferece. Da mesma forma a atitude de Ellen Eatores de promoção, 01
pode ser considerada desejável e mais proveitosa para ela, no sentido de aliviar Tiago e Ellen foram identific
suas tensões e concorrer para estar em melhores condições de lidar posterior- lês que, a depender da époc
mente com o problema com o qual se defrontava. podem possuir "valência pôs
Além disso, Lucinda tinha acesso à casa dos White e, portanto, proxi- negativa", funcionando come
midade com o casal desde muitos anos; era companhia e amiga cristã com discutir as outras categorias,
quem Ellen conversava sobre seus problemas e, por isso, já devia estar intei- para caracterizá-los.
rada de toda a situação agravada pela doença de Tiago, como Ellen declara:
"Quando você partiu, sabia que não havia ninguém com quem eu pudesse
conversar."67 Por não ser novidade para Lucinda, e por não ferir o sigilo 68 Essas cartas foram encontrada
nalmerite passaram a pertencei
cartas das quais 39 foram escril
Ellen G. White, To Dear Sister Lucinda, Carta 67, 1876; E. White (2009, p. 219). White (1973, p. 10-11); Pau! Go

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O CASAMENTO DE TIAGO E ELLEN C. WHITE: SIGNIFICADOS CONSTRUÍDOS PELO CASAL

;ição tios seus líderes. Como do casal, Ellen não contrariava nenhum valor ético que defendia, mesmo
ca mão do afastamento tem- porque o conteúdo das cartas não aborda aspectos íntimos que só perten-
isão. Além disso, recorre ao ceriam ao casal. Assim, a retirada temporária e esporádica de Ellen, o seu
propicie alivio, envolvimento em atividades que se constituíam sua realização no trabalho
imano se constitui uo com- e suas cartas para Lucinda se constituíram na estratégia terapêutica de que
compartilhamento, assim, dispunha para ajudá-la na crise pela qual passava.
>am o sofrimento psicológi- Nesse sentido, o cuidado de Ellen, ao solicitar a destruição das car-
jue o ser humano é entendi- tas, pode ser considerado tão somente como cautela vitoriana, uma vez
pociem separar emoções de que cartas pessoais de caráter privado, pelos manuais de correspondência
stórico-cultural entendida de sua época, jamais deveriam ser acessadas pelo público, não pelo con-
scrita, corporal ou outras), teúdo, do qual Lucinda já tinha ciência pela frequência à casa dos White,
uação-problema, podendo porém, pela ética social (LYSTRA, 1989). Por outro lado, ao não destruir
as cartas, Lucinda não honrou a confiança da amiga, que não lhe trazia
.Uo Proximal é definida na nada de novo, e possibilitou a chegada ao público de assuntos domésticos,
0 que o indivíduo pode rea- quando Ellen, conforme conselho bíblico (ICo 12:25; Gl 6:2), apenas pro-
e outro mais capaz. Como curava um ombro amigo. 68
vimenlo do indivíduo não No entanto, sua atitude legou às gerações futuras o atestado de que homens
n profissional treinado, al- e mulheres de Deus são vulneráveis aos problemas humanos universais; e aqueles 101
:, que tenha habilidade nas que lerem essas cartas poderão se confortar na certeza de que, como em relação aos
npartilhar, condições para profetas do passado, mesmo tendo certeza do chamado de Deus, todos, ainda hoje,
io necessária à pessoa que podem legitimamente, quando em necessidade, procurar ajuda e cumprir a missão
que Ele lhes confiou, não importando as dificuldades em que se encontrem.
ím como as conversas que
1 oportunidades providen-
conduta não somente de- Os fatores de promoção da conjugalidade de Tiago e Ellen
mente, não proporciona o
ia forma a atitude de Ellen Fatores de promoção, ou potencialmente promotores, da conjugalidade de
i ela, no sentido de aliviar Tiago e Ellen foram identificados. Alguns deles são fatores ambivalentes, aque-
idições de lidar posterior- les que, a depender da época, circunstâncias ou das disposições individuais,
podem possuir "valência positiva", funcionando como promoção, ou "valência
/Vhite e, portanto, proxi- negativa", funcionando como barreira. Alguns deles já foram mencionados aos
nhia e amiga cristã com discutir as outras categorias, por isso iremos apenas mencioná-los brevemente
isso, já devia estar intei- para caracterizá-los.
igo, como Ellen declara:
i com quem eu pudesse
e por não ferir o sigilo Essas cartas foram encontradas em um velho baú que foi adquirido por Susan Jaquete, e fi-
nalmente passaram a pertencer ao White Estale em 1973. A coleção continha cerca de 2000
cartas das quais 39 foram escritas por Ellen G. White e algumas por Tiago White; Arthur L.
u'le(2009, p. 219).
White (1973, p. 10-11); Paul Gordon e Ron Graybill (1973,p. 4-7).
ELLEN C. WHITE: SEU IMPACTO HOJE

O trabalho em conjunto A cosmovisão religioso


Esse fator de promoção aparece nas cartas e é a valência positiva do O terceiro fator de pn
trabalho imbricado com a família. Normalmente, o trabalho superposto visão religiosa dos White. !
ao casamento pode assumir o primeiro lugar na vida de um dos cônjuges cão na mensagem que abn
ou de ambos e separar o grupo conjugal ou dissolvê-lo por abandono. cesse a influência do outro
Contudo, no caso dos White, o trabalho desenvolvido em conjunto fun- tempo que dispunham de '
cionou como fator de união. o cuidado mútuo — o scnt
Porém, passou a significar uma barreira e origem de tensão em alguns mo- estar ao lado de Eilen (uma
mentos quando não puderam acompanhar um ao outro ou quando Tiago passou profetisa), e ela convicta de
a tentar exercer controle sobre o trabalho de Ellen. Todavia, na maior parte do ambos. Mesmo durante as
tempo, o trabalho não somente proveu a união como se tornou, desde o princí- individuais ou em dupla fun
pio, e mesmo durante a crise, o significado dominante e organizador de outros ao desejarem retomar, junte
significados na vida do casal. Assim, o trabalho favorecia a companhia, interesses Ne^-e sentido, a convicção r
mútuos convergentes, realização compartihada e o sentimento de equipe. f ' 9 missão para Deus, proporck

Respeito, carinho e admiração Complementação mútuo


102
Outro elemento promotor da relação dos White foi a valorização mútua. O quarto fator de pr
Esse elemento se torna evidente a partir do respeito que um manifestava pela paramentos eram diferenti
competência ou dom do outro, bem como o carinho e admiração recíprocas. Tia- trabalho os completavam,
go a respeitava particularmente como profetisa, embora discordasse de algumas incansável, empreendedor,
de suas opiniões particulares.70 Ele manteve a convicção a respeito do dom profé- tímida, mas possuía o dom
tico de Ellen mesmo durante o período crítico pelo qual passou na enfermidade.71 e este assumia a posição de
Ellen, por sua vez, elogiava a capacidade de escrita e de pregação de Tiago, seu reconhece essa dependênci;
potencial futLiro na missão que abraçaram, bem como suas realizações passadas
nessas mesmas áreas.72 Assim, a valorização mútua tornava o solo grupai mais Deus l c i i i i
sólido, satisfazendo a necessidade de reconhecimento e aproximando-os como para P X C C I I
equipe conjugal (LEWIN, 1948).
Papai, eu t e
b a l h a r jiml
"Muitos dos pioneiros, que compartilharam conosco essas provações e vitórias, permane-
ceram verdadeiros até o fim da vida e dormiram em Jesus. Entre estes está o fie! guerreiro E, mesmo depois da rr
que por trinta e seis anos esteve ao nieu lado na batalha pela verdade. Deus usou-o como um
professor e líder para estar nas fileiras da frente durante as lutas severas daqueles primeiros
dias da mensagem; mas ele tombou em seu posto e, com outros que morreram na fé, aguar- Sinto cada v
da a vinda do Doador da vida, que o chamará de sua prisão sombria para uma gloriosa nas monta n
imortalidade" (WHITE, E., 1883, p. 72J; grifo nosso).
Ver Ellen G. White, To Dear Luanda, Carta 66, 1876; (2009, p. 215-216).
Ver James White (1873; 1878; 1880). " Ellen G. White, To Kdson and
Ver Ellen G. White, To My dear Husband, Carta 38, 1874; A. White (1982, v. 2, p. 433). 71 Ellen G. White, To My dear W>

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O CASAMENTO DE TIAGO E ELLEN G. WHITE: SIGNIFICADOS CONSTRUÍDOS PELO CASAL

A costnovisão religiosa
i e é a valência, positiva do O terceiro fator de promoção do casamento, presente nas cartas, foi a cosmo-
lie, o trabalho superposto visão religiosa dos White. Eles viviam em função de e com extraordinária convic-
vida de um dos cônjuges ção na mensagem que abraçaram. Temiam fracassar na missão se um enfraque-
'issolvê-io por abandono, cesse a influência do outro ou se deixassem de fazer todo o bem que poderiam no
/olvido em conjunto f u n - tempo que dispunham de vida. A expectativa da iminência do segundo advento;
o cuidado mútuo — o sentindo de Tiago de que Deus o havia comissionado para
n de tensão ern alguns mo- estar ao lado de Ellen (uma função conjugal adicional à de marido e apoiador da
•o ou quando Tiago passou profetisa), e ela convicta de que Deus tinha uma obra especial a fazer através de
adavia, na maior parte do ambos. Mesmo durante as crises relacionais, a cosmovisão religiosa e as orações
se tornou, desde o princí- individuais ou em dupla funcionaram como práticas de reforço dos laços conjugais
; e organizador de outros ao desejarem retomar, juntos, a tarefa que, acreditavam, Deus lhes havia confiado.
ia a companhia, interesses Nesse sentido, a convicção religiosa de ambos, de que estavam no mundo em uma
timento de equipe.w missão para Deus, proporcionava um significado agregador ao casamento.

Complementação mútua
í íoi a valorização mútua, O quarto fator de promoção foi a complementação do casal. Seus tem- 103
que um manifestava pela peramentos eram diferentes, seus talentos e papéis na relação conjugal e no
admiração recíprocas. Tia- trabalho os completavam. Tiago era o líder, personalidade forte, organizador
ra discordasse de algumas incansável, empreendedor, excelente escritor e orador. Ellen era naturalmente
10 a respeito do dom profé- tímida, mas possuía o dom de profecia. Tinha em Tiago seu apoio e conselheiro,
1 passou na enfermidade. 71 e este assumia a posição de apoiá-la na transmissão de suas mensagens. Ellen
ie pregação de Tiago, seu reconhece essa dependência:
suas realizações passadas
ínava o solo grupai mais Deus tem uma grande obra para ele e para mim. Teremos forças
e aproximando-os como para executá-la. 73

Papai, eu temo, não faria bem se eu o deixasse. Nós precisamos tra-


balhar juntos.74
rovações e vitórias, permane-
:itre estes está o fiel guerreiro E, mesmo depois da morte do esposo:
•'dade. Deus usou-o como um
is severas daqueles primeiros
is que morreram na fé, aguar- Sinto cada vez mais falta de Papai. Sinto especialmente a sua perda aqui
• sombria para uma gloriosa nas montanhas. [...] Tenho plena convicção de que minha vida estava

215-216).
" Ellen G. White, To Edson andEmma White, Carta 19, 1877; (2009, p. 220).
'Iiite(l982, v. 2, p. 433). 74Ellen G. White, To My dear Willie, Carta 27,1874; A. White (1982, v. 2, p. 430). Tradução livre.
ELLEN C. WHITE: SEU IMPACTO HOJE O CASAMENTC

tão entrelaçada e entretecida com a de meu esposo, que é praticamente se evidencia nas cartas. Toi
impossível que ela signifique alguma grande coisa sem ele.75 durante um período de ter
separados, cinco aspectos s<
Quanto, porém, lhe sinto a falta! Como almejo suas palavras de conselho e a atitude de conciliação c a
sabedoria! Como desejaria ouvir suas orações unidas às minhas, pedindo O primeiro traço da
luz e guia, sabedoria para saber como planejar e dirigir a obra!76 submissão, presente nas c?
porque Ellen tem o cuidadc
estava; dá relatório de suas
Ideais do casal e arrependimento decisões domésticas; dá sal
Essa adesão de Tiago aos ideais conjugais se destaca, como discutido anterior- rece sempre nas cartas a h
mente, 1) no seu apego à missão, como significado importante para o casal, contri- dos familiares, trabalhandi
buindo, nesse aspecto, para constituir a equipe conjugal, como elemento agregador assegura-lhe que não estav
da relação (LEWIN, 1948); 2) no respeito pelo dom profético da esposa, do qual ele
se considerava parte, por crer, firmemente, ter sido designado para estar ao lado de Km relaçãí
Ellen em seu ministério profético, exercendo, assim, dupla função na relação con- ler no case
jugal de esposo-apoiador da profetisa. Essa função adicional de marido e apoiador, interpretai
constitui-se em um significado sagrado adicional ao casamento, sendo um elemen-
to que pode fortalecer o grupo; e, finalmente, 3) na sua atitude de arrependimento e Assim, Ellen está ind
104
busca de reconciliação com Deus, bem como de retratação em suas cartas, por não a carta enfatiza que ela se
ter atendido às advertências da esposa quanto a cuidar da saúde física e espiritual. manecer na Califórnia" e
Essa atitude humilde e conciliatória contribuiu para reafirmar os laços conjugais guérn me privasse do meu
durante e após o período crítico pelo qual o casal passou com a doença de Tiago. o assunto muda para com1
Portanto, na adesão aos ideais e no arrependimento de Tiago, encontram-se ele- de ambos, ela depende d;
mentos promotores da sua relação conjugal. direito a isso, ela pergunt;
como em relação a outros

A personalidade de Ellen Eu acho qi


As cartas de Ellen para Tiago, em sua maioria, revelam a dinâmica da relação
e os papéis de ambos dentro da conjugalidade. Mais uma vez, a cultura do século 19, Em refere
na qual o homem assume papel de dominação na relação, é percebida no conteúdo sobre que
das cartas escritas por Ellen. É importante ressaltar que ela escrevia com frequên- casa e, é c!
cia para ele e, por um período de 45 dias, em 1876, ela o fez quase diariamente, [...] Acere
mas Tiago não correspondia com a mesma frequência.77 A personalidade de Ellen Qual a suí

78 Cartas, 3 (4/4/1876); 5 (11/4/


75 Ellen G. White, To Dear Son Willie, Carta 17, 1881; (2009, p. 221). 25 (12/5/1876); e 27 (16/5/18
76 Ellen G. White, To My dear sister Robinson, Carta 196, 1899; (2009, p. 221). 79 Ellen G. White, To Dccr Hu
77 Entre 31 de março e 16 de maio, 1876, há 31 cartas dirigidas a Tiago White (cartas l, Ia, 2, 3, 80 [Ellen G. White] To Dear H;
4, 4a, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 16a, 17, 18, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 25a, 26, 27, 63). 81 Ellen G. White, To Dear Hu

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O CASAMENTO DE TIAGO E ELLEN C. WHITE: SIGNIFICADOS CONSTRUÍDOS PELO CASAL

icu esposo, que é praticamente se evidencia nas cartas. Tomando uma amostra aleatória de oito cartas,78 escritas
nde coisa sem ele.75 durante um período de tensão, no qual se encontravam trabalhando em lugares
separados, cinco aspectos sobressaem: a submissão, a humildade, a carência afetiva,
icjo suas palavras de conselho e a atitude de conciliação e a preocupação com Tiago.
:ões unidas às minhas, pedindo O primeiro traço da personalidade de Ellen que aparece nessas cartas é a
.nejar e dirigir a obra!7'' submissão, presente nas cartas durante a crise que viveram. Ela é evidenciada
porque Ellen tem o cuidado de informar a Tiago aonde ia, o que fazia e com quem
estava; dá relatório de suas atividades diárias; espera as "ordens" dele para tomar
decisões domésticas; dá satisfação sobre suas companhias e o que fazia, pois apa-
;a, como discutido anterior- rece sempre nas cartas a informação de que estava acompanhada cie mulheres,
ortante para o casal, contri- dos familiares, trabalhando em seus escritos ou orando por ele e, em uma delas,
> como elemento agregador assegura-lhe que não estava usando a liberdade dela mais do que necessário:
ético da esposa, do qual ele
jnado para estar ao lado de Em relação à minha independência, não tenho tido mais do que deveria
ipla função na relação con- ter no caso, sob as circunstâncias. Eu não recebo seus pontos de vista ou
ional de marido e apoiador, interpretações de meus sentimentos sobre esse assunto.79
lamento, sendo um elemen-
:itude de arrependimento e Assim, Ellen está indicando, mais uma vez, a sua independência. Porém, 105
'ao em suas cartas, por não a carta enfatiza que ela se refere à sua missão, mencionada na carta sobre "per-
da saúde física e espiritual, manecer na Califórnia" e, logo adiante, afirma: "Eu não permitiria que nin-
afirmar os laços conjugais guém me privasse do meu trabalho." No entanto, no mesmo parágrafo, quando
Hi com a doença de Tiago, o assunto muda para compra de material como cavalo ou carruagem para uso
í Tiago, encontram-se ele- de ambos, ela depende da decisão dele, porque, embora achando que tenha
direito a isso, ela pergunta a opinião do marido em busca de aprovação, bem
como em relação a outros assuntos:

Eu acho que mereço alguns desses privilégios. O que você pensa?™


lam a dinâmica da relação
vez, a cultura do século 19, Em referência à mobília da nova casa, por favor, envie as suas ordens
i, é percebida no conteúdo sobre que móveis você quer e os seus desejos serão atendidos. Esta é sua
ela escrevia com frequên- casa e, é claro, você tem o direito de dizer como ela deveria ser arrumada.
o tez quase diariamente, [...] Acerca dos nossos retratos, quantos você quer encomendar? [...]
A personalidade de Ellen Qual a sua opinião? 81

Cartas, 3 (4/4/1876); 5 (11/4/1876); 7 (14/4/1876); 9 (18/4/1876); 11 (20/4/1876); 16 (28/4/1876);


21). 25 (12/5/1876); e 27 (16/5/1876).
2009, p. 221). Ellen G. White, To Dear Husband, Carta 25, 1876. Tradução livre.
'iago White (cartas l, Ia, 2, 3, [Ellen G. White] To Dear Husband, Lt. 25, (May 12) 1876, 2. Tradução dos autores.
23, 24, 25, 25a, 26, 27, 63). Ellen G. White, To Dear Husband, Carta 3, 1876. Tradução livre.
ELLEN G. WHITE: SEU IMPACTO HOJE O CASAMFf

Portanto, sua independência, em harmonia com outras declarações, refe- uma independência l i m
re-se ao seu trabalho como profetisa. Assim, as cartas contêm elementos de sub- à autoridade do marido.
missão de Ellen a Tiago em diferentes aspectos da vida. Nesse sentido, Graybil) Essa exceção no qi
(1983, p. 25) argumenta que Ellen teria assumido o papel de "figura dominante" cia" estava sendo vividf
e líder independente na igreja, atribuída por ele à mudança de papéis devido à um "dever" com a causa
enfermidade de Tiago. Assim, concordando com a análise desse autor, a indepen- que ele não podia acom
dência de Ellen deve se referir apenas ao trabalho, pois na relação entre enfermo missão como significad(
e cuidador, a característica da relação é o cuidado e não o domínio. A dominação, de e independência de K
na literatura, é entendida como uma assimetria nas relações de género, cultural e cumprir o objetivo da vi
naturalizada, mas essa não foi a postura de Ellen, após a doença de Tiago. Assim, Tiago (WHTTK, E., 20()<;
nos períodos de enfermidade de Tiago, há a adição de novos papéis, pois Ellen, Outro aspecto da
além de esposa, passa a ser também cuidadora do marido enfermo. humildade d i a n t e das te
Nos dados analisados sobre o significado central do casamento dos White, l iago. Ela repetitivamen
vimos que, mesmo durante sua enfermidade, Ellen manteve atitude submissa, monto cm questão tenlif
declarando sua independência apenas por duas razões interligadas: questões a reconhecer como errac
de consciência e cumprimento de sua missão profética (WHITE, A., 1982, v. 2, por ficar um dia sem es<
p. 431-432). Além disso, a relação dos White nos dados se caracteriza por uma conciliador diante das te
106
parceria complementar que, nesse particular, foi importante para o cumpri- Um terceiro aspect
mento da missão. Porém, a doença de Tiago despertou nele o desejo de contro- sua carência afetiva. Ela
lar a agenda de Ellen (WHITE, A., 1982, v. 2, p. 431), mas não aparecem dados não responder opinandc
suficientes para caracterizar o desejo ou prática de Ellen em controlar a agenda escreva, em seguida, fala
de Tiago, apesar da maior independência dela ao viajar e trabalhar sozinha. Deus e explicitando que
Como ela já havia explicitado, sua submissão era parte cie sua concepção de lugar a missão que Deus
conjugalidade, salvo em assuntos de consciência: O quarto aspecto
conjugal é a preocupação
Nós, mulheres, devemos relembrar que Deus nos colocou em sujeição a receber notícias dele,81
nossos maridos. Ele é a cabeça, e nossos critérios, pontos de vista e racio- recebia notícias de que s>
cínio devem, se possível, estar de acordo com os dele. Se não, a Palavra rido esposo," forca cie co;
de Deus dá preferência ao marido, em não se tratando de assuntos de sua carta de desabafo p;
consciência. Devemos submeter-nos à cabeça. 82 um sonho que me pertui
a saúde do marido semp
Como se percebe da fala acima, Ellen não entendia a submissão como qual admite, particularn
associada a razões circunstanciais, mas como um princípio bíblico. Abrir mão derrames (ver WHÍT.E, /
dessa postura apresentada por ela seria autocontradição, incoerência que não
se identifica ao se refinar e ampliar a análise dos dados. Trata-se, portanto, de
*s Ellen G. White, To Dear l
" Ellen G. White, To Dear t
Ellen G. White, To Dear Sister Mary [Loughborough], Carta 5, 1861; citada em A. White 85 Ellen G. White, To Dcnr l
(1982, v. 2, p. 431); tradução em Ellen G. White (2012, p. 20). 86 Ellen G. White, To Dcnr L
O CASAMENTO DE TIAGO E ELLEN C. WHITE: SIGNIFICADOS CONSTRUÍDOS PELO CASAL

outras declarações, rele- uma independência limitada à sua missão profética, dada por Deus, e superior
:ontêm elementos de sub- à autoridade do marido.
.. Nesse sentido, Graybill Essa exceção no que diz respeito a ser submissa por questão de "consciên-
>el de "figura dominante" cia" estava sendo vivida naquele momento porque ela considerava que tinha
lança de papéis devido à um "dever" com a causa, pelo qual não devia se submeter ao marido, uma vez
ise desse autor, a indepen- que ele não podia acompanhá-la. Mais uma vez é retomada a centralidade da
na relação entre enfermo missão como significado dominante na vida do casal, a qual respalda a liberda-
o domínio. A dominação, de e independência de Ellen. Uma independência não do casamento, mas para
'ões de género, cultural e cumprir o objetivo da vida de ambos, que continua mesmo depois da morte de
. doença de Tiago. Assim, Tiago (WHITE, E., 2009, p. 221).
novos papéis, pois Ellen, Outro aspecto da personalidade de Ellen que aparece nas cartas é sua
Io enfermo. humildade diante das tensões conjugais, fruto do temperamento e doença de
io casamento dos White, Tiago. Ela repetitivamente se desculpa por tê-lo aborrecido, embora o aborreci-
antevê atitude submissa, mento em questão tenha sido reprovar o comportamento que ele mesmo viria
ís interligadas: questões a reconhecer como errado (WHITE, A., 1982, v. 2, p. 426-429); ela se desculpa
(WHITE, A., 1982, v. 2, por ficar um dia sem escrever para ele e seu argumento mantém tom sempre
> se caracteriza por Lima conciliador diante das tensões conjugais.
Jortante para o cumpri- Um terceiro aspecto evidenciado nas cartas são expressões indicativas de 107
neie o desejo de contro- sua carência afetiva. Ela explicita que precisa do apoio dele; reclama por ele
uis não aparecem dados não responder opinando sobre os sentimentos dela, pedindo para que ele lhe
n em controlar a agenda escreva, em seguida, falando de sua tristeza e carência afetiva que ela supre em
ijar e trabalhar sozinha. Deus e explicitando que sentia falta dele. No entanto, Ellen coloca em primeiro
1e de sua concepção de lugar a missão que Deus lhe deu.
O quarto aspecto que se destaca na personalidade de Ellen na relação
conjugal é a preocupação com a saúde de Tiago. Ela revela estar "ansiosa" para
is nos colocou em sujeição a receber notícias dele,83 "muito triste" por ele estar doente,84 "alegre" quando
ários, pontos de vista e racio- recebia notícias de que seu esposo estava bem,85 e pede em oração para o "que-
ni os dele. Se não, a Palavra rido esposo," força de corpo e vigor de mente. O tema também está presente na
se tratando de assuntos de sua carta de desabafo para Lucinda Hall: "Como está a saúde de Tiago? Tive
um sonho que me perturbou, em relação com Tiago."86 Essa preocupação com
a saúde do marido sempre esteve presente nas mensagens de Ellen para ele, o
idia a submissão como qual admite, particularmente em função do excesso de trabalho e depois dos
:ípio bíblico. Abrir mão derrames (ver WHITE, A., 1982, v. 2, p. 426-429).
io, incoerência que não
,. Trata-se, portanto, de
Ellen G. White, To Dear Husband, Carta 5, 1876.
Ellen G. White, To Dear Husband, Carta 9, 1876.
>, 1861; citada em A. White Ellen G. White, To Dear Husband, Carta 7, 1876.
Ellen G. White, To Dear Lucinda, Carta 66, 1876.
ELLEN G. WHITE: SEU IMPACTO HOJE
O CASAMENTO

Finalmente, a atitude de conciliação. Ellen revela durante a crise uma con- objetivos propostos de co
sistente postura conciliatória diante das tensões geradas pelo comportamento texto do século 19: 1) dês.
de Tiago. Em suas cartas para ele não há ataques, denúncias e nem deprecia- cão conjugal dos White pr
ções pessoais. Ellen preserva e valoriza o esposo, mesmo quando discorda dele, identificar coerência/inco<
e pergunta sobre o que ele acha disso, como no caso da independência dela para refere à sua conjugalidade.
o trabalho; ela menciona a espera "ansiosa" pelas respostas dele. Também pede Os dados, presentes !
"por favor" que ele escreva algo sobre as coisas que ela lhe apresentou em carta 87 zação em três blocos temáti
e revela ter ficado triste se disse algo que o magoou; expressa preocupação para White, foi possível identifu
"não separar os sentimentos" de ambos; admite ter errado; pede perdão e pro- próprias da conjugalidade c
mete não dizer ou escrever nunca mais nada que o possa aborrecer.88 Portanto, -
'•

ca, como indicado pelas sig


:
Ellen possui importante papel no clima conciliatório do casal. fases sobre o amor íntimo vi
Assim, Ellen pode ser descrita como esposa submissa, humilde, concilia- os dados apresentam uma :
dora, que reconhecia e explicitava suas carências ao marido, mas encontrava seu em outras áreas da vida a d(
alívio na vida espiritual pela fé e oração e mantinha um cuidado constante com Ainda no primeiro bl
a saúde do esposo. Essas características de Ellen apontam para sua aceitação de para um casal que tem co:
Tiago, mesmo dLirante a crise, o que torna o solo psicológico estável para ambos mensagem do advento e qi
na relação (LEWIN, 1948). Nesse sentido, Ellen, a profetisa, era o modelo de es- zão de ser como indivíduo
108
posa da época e o coração moderador e promotor da conjugalidade, demonstran- naria como eixo de organi?
do a importância de sua influência para a aproximação durante os momentos também com as informaçõ<
mais difíceis que viveram. No entanto, Ellen não ousava atrelar-se ao marido O segundo bloco tem<
a ponto de renunciar ao ideal de ambos de viver e morrer no cumprimento da jugal em dois tipos: 1) a per:
missão. Portanto, a Ellen submissa e agregadora da relação era, também, a Ellen de Ellen. Na primeira barre
independente, característica esta que exerceu sem negar sua conjugalidade. alterada pela sucessão de d<
tensão e conflitos. A doenç;
levando a uma transição n
Considerações finais dinâmica do grupo conjii£
envolvendo amigos e coleg;
Como vimos, esta pesquisa, a partir de uma abordagem qualitativa, ten- Ainda nesse processo,
do como referencial teórico a psicologia histórico-cultural (VIGOTSKI, 1984; Ellen. No caso de Tiago, fa
1993), utilizou a análise de conteúdo de Bardin (1977), referenciada na teoria sentido por causa das limit
de Lewin (1948) que entende a conjugalidade como dinâmica de grupo. Ape- de trabalho e controle, ben
sar das limitações, em vista da amplitude do tema, entendemos que a pesqui- central da vida. Nesse aspei
sa respondeu à interrogação sobre quais são os significados da conjugalidade valente, pois ao mesmo ten
dos White, construídos pelo próprio casal, a partir, principalmente, de docu- ma em barreira na relação.
mentos produzidos por eles. Também foram atendidos satisfatoriamente os O comportamento c
to-doença-comportament
Ellen G. White, To Dear Husband, Carta 5, 1876.
grupo conjugal. Assim, o
Ellen G. White, To Dear Husband, Carta 27, 1876. cação exclusivamente mé<
m

O CASAMENTO DE TIAGO E ELLEN C. WHITE: SIGNIFICADOS CONSTRUÍDOS PELO CASAL

ela durante a crise uma con- objetivos propostos de compreender a relação conjugal dos White, no con-
vidas peio comportamento texto do século 19: 1) descrever e analisar os significados e práticas da rela-
áenúncias e nem deprecia- ção conjugal dos White presentes nos documentos produzidos pelo casal e 2)
>mo quando discorda dele, identificar coerência/incoerência entre discurso e prática do casal no que se
a independência dela para refere à sua conjugalidade.
>ostas dele. Também pede Os dados, presentes nos documentos analisados, permitiram sua organi-
lhe apresentou em carta 87 zação em três blocos temáticos. No primeiro, o significado da conjugalidade nos
Kpressa preocupação para White, foi possível identificar que a relação deles, embora com características
rrado; pede perdão e pro- próprias da conjugalidade do século 19, não se enquadra no romantismo da épo-
)ssa aborrecer.88 Portanto, ca, como indicado pelas significações presentes nas cartas. Estão ausentes as ên-
do casal. fases sobre o amor íntimo voltado à paixão e erotismos, por exemplo. No entanto,
missa, humilde, concilia- os dados apresentam uma relação sem queixas de natureza sexual ou conflitos
irido, mas encontrava seu em outras áreas da vida a dois que signifiquem disfuncionalidade na relação.
n cuidado constante com Ainda no primeiro bloco, as significações presentes nos dados apontam
am para sua aceitação de para um casal que tem como significado dominante a missão de anunciar a
lógico estável para ambos mensagem do advento e que, no cumprimento dessa missão, encontra sua ra-
fetisa, era o modelo de es- zão de ser como indivíduos e como grupo conjugal. A missão, assim, funcio-
>njugalidade, demonstran- naria como eixo de organização do sentido no grupo conjugal, o que concorda
109
ão durante os momentos também com as informações históricas, biográficas e autobiográficas do casal.
:ava atrelar-se ao marido O segundo bloco temático organiza as principais barreiras da relação con-
irrer no cumprimento da jugal em dois tipos: 1) a personalidade e a doença de Tiago e 2) a independência
ição era, também, a Ellen de Ellen. Na primeira barreira, a personalidade forte e controladora de Tiago é
r .sua conjugalidade. alterada pela sucessão de derrames e se torna um elemento que contribui para
tensão e conflitos. A doença funciona como uma ruptura na trajetória cio casal,
levando a uma transição na qual processos em busca do equilíbrio afetam a
dinâmica do grupo conjugal e dos contextos imediatos nos quais transitam,
envolvendo amigos e colegas de trabalho.
rtlagem qualitativa, ten- Ainda nesse processo, Tiago experimenta perdas significativas, bem como
ural (VIGOTSKI, 1984; Ellen. No caso de Tiago, faz-se destaque a hiposaciedade e o esvaziamento de
•, referenciada na teoria sentido por causa das limitações que a doença impôs à sua demanda excessiva
inâmica de grupo. Ape- de trabalho e controle, bem como o afastamento da missão como significado
tendemos que a pesqui- central da vida. Nesse aspecto, o trabalho para o casal se apresenta como ambi-
sados da conjugalidade valente, pois ao mesmo tempo em que os une, quando em excesso, se transfor-
incipalmente, de docu- ma em barreira na relação.
>s satistatoriamente os O comportamento de Tiago se agrava em um ciclo comportamen-
to-doença-comportamento, tensionando progressivamente as relações do
grupo conjugal. Assim, os White vivem uma crise que vai além da expli-
cação exclusivamente médica. Porém, tanto Tiago quanto Ellen, enquanto
ELLEN C. WHITE: SEU IMPACTO HOJE O CASAMENTO

indivíduos, e como grupo conjugal, mantêm intactos os aspectos centrais BRAND, L.; MCMAHON,
de sua religião e da relação conjugal, controlando e reduzindo o nível de analysis refutes the charges
tensão em busca da estabilidade, evidenciando funcionalidade na relação. A Nampa: Pacific Press, 2005.
outra barreira identificada foi a independência de Ellen, elemento também
ambivalente, que funciona como afastamento na hora da crise, uma vez CUNHA, P. A diversidade de
que sua liberdade para agir provoca tensão nas relações com Tiago, mas In: SNI P — SIMPÓSIO NA(
ao mesmo tempo lhe permite iniciativa para ações que aliviam as tensões e Anais cio Congresso. Facu!
conduzem à reconciliação. Fernando Pessoa, Évora, 2()(i
O segundo bloco temático aponta fatores de promoção ou potencialmente
promotores da relação identificados como 1) o trabalho em conjunto; 2) o res- CUNHA, P.; LOPES, C. Cid;
peito, carinho e admiração mútua; 3) a cosmovisão religiosa comum; 4) a com- com a mediação? Antropoló
plementação; 5) a adesão de Tiago aos ideais do casal e seu arrependimento; e
6) a personalidade de Ellen, que funcionava como elemento consistentemente DAMSTEEGT, P. G. Found
conciliador e agregador da relação. mission. Berrien Springs: Ai
Finalmente, pode-se concluir, na síntese, que o casal White, a partir do
método utilizado, pode ser descrito como um casal funcional, que enfrentou DEGLER, C. N. At odds: woi
conflitos conjugais em fases de sua trajetória. Esses conflitos são entendidos the present. New York: Oxfo

no
como elementos inerentes ao processo desenvolvimental de grupos e indiví-
duos, os quais não afetaram os aspectos centrais da conjugalidade, mantendo DOUGLASS, H. E. Mensagei
o grupo dos White em coerência com seus valores, crenças e ideais, e apresen- Tradução de José Barbosa da !
tando significações de realização e satisfação mútua na trajetória vitalícia como
grupo conjugal e como indivíduos. DOUGLASS, H. E. Messcns
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