PLANO DE AULA
CENTRO EDUCACIONAL MUNICIPAL DE IOMERÊ
Diretora: Marta Maria Falchetti
Coordenadora: Tânia Gonçalves da Silva Bressan
Orientadora: Marinez Zanetti Zago
Secretária: Roseli Aparecida Fiuza da Rosa Civiero
Professor: Doglas Ansiliero
Disciplina: Ensino Religioso
Turma: 8º ano
Data: 29/06/2020
ALUNO:
Tempo previsto para a realização: 120 minutos
Objetivo da aula:
Apresentar, por meio do texto de apoio, as diversas religiões afro-brasileiras,
sensibilizando os estudantes para a compreensão e o respeito a toda forma de
manifestação religiosa.
Habilidades:
(EF07ER05APE) Promover o reconhecimento e o diálogo inter-religioso da diversidade
cultural-religiosa como patrimônio da humanidade.
(EF07ER01PE)Reconhecer e respeitar as práticas de comunicação com as divindades em
distintas manifestações e tradições religiosas, valorizando a tolerância, o diálogo inter-
religioso e o respeito para com as outras religiões.
Formas de Avaliação: Atividades encaminhadas com retorno ao professor posteriormente
Ficha de leitura
Outros: Período de realização: 29/06/2020 à 03/07/2020
Metodologia: Conceitual, Leitura de texto
Forma de registro e frequência do estudante: retorno da atividade ao professor através de
foto pelo WhatsApp 999377308 ou e-mail
[email protected] Ensino Religioso
Os alunos devem realizar a leitura do texto e o preenchimento da ficha de
leitura. Enviar uma foto da ficha de leitura ao professor. A ficha de leitura
deve ser guardada na pasta de Ensino Religioso junto com as outras atividades.
Ao final do texto tem algumas sugestões de vídeos para aprimorar o
conhecimento.
O texto foi retirado dos cadernos metodológicos de Ensino Religioso proposto pelo estado
do Pernambuco. O texto contempla os conteúdos estruturantes da BNCC no campo das
Religiões Africanas.
FICHA DE LEITURA: LEITURA DE TEXTO INFORMATIVO
TEMÁTICA: CONHECIMENTO RELIGIOSO
Aluno:
DESCRIÇÃO DOS PONTOS PRINCIPAIS DA LEITURA ( mínimo 20 tópicos)
Vocabulário
Anote as palavras que desconhece o significado e busque o mesmo no
dicionário. (mínimo 10 palavras)
Leia o texto com atenção
O Caleidoscópio das Religiões Afro-Brasileiras: os sistemas simbólico-
religiosos dos povos de Terreiro.
As religiões afro-brasileiras têm suas matrizes fundantes nas
culturas indígena, europeia e africana, que juntas formaram e
continuam a produzir uma variedade de possibilidades religiosas,
fenômeno ímpar na cultura e religião brasileira. Os africanos
escravizados, trazidos para o Brasil a partir do século XVI, deram
grandes contribuições no processo de formação dessas tradições
religiosas (BASTIDE, 1985; PRANDI, 2001). Segundo Waldemar
Valente (1976), o sincretismo intertribal foi iniciado na África,
gestado durante a viagem nos navios negreiros e concretizado em
terras brasileiras. O comércio escravagista traficou para o Brasil
aproximadamente quatro milhões de negros, provindos da Guiné
(séc. XVI), de Angola-Congo (séc. XVII), da Costa da Mina (séc.
XVIII) e de Benin (séc. XIX) (LODY, 1987, p. 8). Desembarcaram,
nos portos brasileiros, diversas etnias como os negros falantes de
quimbundo e os ambundos de Angola, que se juntaram aos
diversos grupos étnicos como os andongos, dembos, hungos,
quissamas, songos, libolos e bângalas (SILVA, 2012). Dos portos
de Angola, Congo e Moçambique, chegaram os congos, sossos,
iacas, vilis, huambos, lubas, galangues, bailundos, luenas, macuas
e tongas. No Maranhão, atracaram as mandingas, banhuns,
pepeis, felupes, balantas, nalus e bijagós. De Benim, chegavam os
fons, yorubás, mahis, ibos, ijós, efiques, hauçás, nupes, baribas e
bornus(SILVA, 2012).A maioria das religiões africanas que
chegaram ao Brasil tinham em comum a crença em um ser
supremo, Olodumaré dos yorubás, Mavu e Lissa dos jejes e
Zambidos bantos (SILVA, 2005). Na formação das religiões afro-
brasileiras, predominou o culto às seguintes divindades: para os
yorubás (nagôs), os orixás para os daomeanos (jejes), os voduns;
para os bantos (congoleses e angoleses), os inquices3; para os
fanti-achanti (minas), os obossoms.
No processo de diálogo intercultural e inter-religioso entre
indígenas, europeus e africanos, surgiram as religiões afro-
brasileiras. Segundo o antropólogo Néstor García Canclini (2000),
as culturas híbridas são formadas por cruzamentos, rupturas e
justaposições na fronteira e nos encontros entre as culturas.
Caleidoscópio das Religiões Afro-brasileiras
O Catimbó foi uma religião que predominou na década de 1920
nos estados da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
Roger Bastide (2001), em seus estudos pelo Nordeste, constatou
a junção do Catimbó e da Jurema, os cachimbos dos
catimbozeiros eram elaborados com a raiz da jurema. O
antropólogo afirmou que o Catimbó correspondia à antiga festa da
jurema e que se transformou “[...] em contatocom o Catolicismo,
mas que, assim transformada, continuou a se manter nas
populações mais ou menos caboclas, nas camadas inferiores da
população do Nordeste” (BASTIDE, 2001, p. 148). A Jurema
SagradaEm Pernambuco, Maria do Brandão e Felipe Rios
(2001)se debruçaram sobre esta tradição ameríndia nomeada de
“Catimbó-Jurema do Recife”, descrevendo os principais elementos
da prática religiosa. Os antropólogos classificaram a religião como
um “complexo mágico-religioso da jurema”, caracterizada pela
ingestão da bebida jurema, como também pelo uso ritual do
tabaco e pelo transe de médiuns com “seres encantados” que
habitam a “cidade da jurema”. Na religião da Jurema, encontramos
duas categorias de seres espirituais, os caboclos de origem
indígena e os mestres, descendentes de escravos ou mestiços.A
UmbandaA expressão Umbanda vem da língua quimbundo de
Angola e significa “arte de curar” (CINTRA, 1985).Ela surgecom a
consolidação da sociedade urbano-industrial no Brasile se
presentano cenário religioso por volta das décadas de 1920 e
1930, quando espíritas do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande
do Sul, insatisfeitos com a sua religião, decidem criar uma nova
religião, influenciados pela mistura de tradições católicas,
ameríndias e afro-brasileiras (MELO, 2015). O antropólogo Vagner
Silva (2005) menciona o Centro Espírita Nossa Senhora da
Piedade como um dos primeiros terreiros de Umbanda conhecidos
do Rio de Janeiro. Esse espaço foi fundado em Niterói, em
meados da década de 1920,por um grupo de espíritas liderados
por Zélio de Moraes.Não existe uma Umbanda, porém muitas
Umbandas, com uma grande diversidade de crenças e rituais.
Segundo o antropólogo Roberto Mota (2006), o conceito de
Umbanda Branca refere-se a uma tradição religiosa altamente
“kardecizada” no sistema de crenças e fortemente desritualizada
em comparação com as religiões do Catimbó e do Xangô, tendo
suprimido o sacrifício de animais. O antropólogo classifica a
Umbanda Branca como uma religião “supra-sacrificial”. A
Quimbanda foi um espaço simbólico criado dentro da Umbanda,
para esta se afirmar como religião do bem. Empurrou-se para
dentro deste território religioso tudo o que representasse os
fundamentos ancestrais primevos dos povos africanos. Exu foi
exilado neste espaço sagrado, “[...] exu foi também feito mulher,
deu-se origem à Pombagira, o lado sexualizado do pecado”
(PRANDI, 2005, p. 81).
O Candomblé
Kandombelé: palavra banta que, na língua portuguesa, significa
oração, espaço de culto (CASTRO, 1985). Roger Bastide (1961)
foi o primeiro pesquisador no Brasil a tratar o candomblé como um
fenômeno de pesquisa muito sutil e complexo. O antropólogo
defendia que “a filosofia do candomblé não é uma filosofia
bárbara, e sim um pensamento sutil que ainda não foi decifrado”
(BASTIDE, 1961, p. 11). Os candomblés são religiões formadas no
Brasil desde o fim do século XVIII ao começo do século XIX. O
candomblé para o antropólogo Vagner Silva (2005) foi uma
possibilidade de reconstrução da identidade africana em terras
brasileiras. Nos estados brasileiros, encontramos o candomblé
nagô (iorubá), ketu-nagô(iorubá), ijexá (iorubá), jeje(fon), jeje-nagô
(yorubá), jeje-marrim (fon), jeje-daomé (fon), jeje-sato (fon), jeje-
modubim (fon), angola(banto), congo(banto), angola-congo(banto),
caboclo (afro-brasileiro) (LODY, 1988; PRANDI, 2006). Abaixo
relacionamos os principais fundamentos do Candomblé Nagô ou
Jeje-Nagô:
Em todo Candomblé, a abertura de caminhos e a resolução de
conflitos humanos ficam sob a regência dos Orixás;
A Lei do Santo: “O ancião detém o segredo da tradição”
(PRANDI, 2005, p. 42);A cozinha é a usina de força onde a
Iabassê prepara o axé que possibilita o “rodar” dos Orixás no
Terreiro;
O axé é “plantado” no Terreiro. Para que ele se expanda e se
fortifique, é necessário o cumprimento das obrigações e das
oferendas para com os Orixás da família de santo.
O processo de Iniciação leva aproximadamente sete anos. Èsù:
proto-matéria e princípio dinâmico do Candomblé Èsù é um dos
òrìsàs mais complexos do candomblé, geralmente é mal
compreendido. Èsù também não é elemento de consenso entre as
religiões afro-brasileiras. Na Jurema, ele é sincretizado como um
mestre que serve, e, na Umbanda, muitos o localizam no território
da Quimbanda, como um espírito menor. Para estudiosos e
candomblecistas, Èsù é o único orixá, comunicador e mensageiro
entre o aié e o orun (SANTOS, 2012). Para o antropólogo
Reginaldo Prandi (2005), um dos efeitos negativos dos processos
de sincretização no Brasil se deu com as imitações e degradações
do Orixá Exu, que tragicamente foi sincretizado com o demônio
cristão. Exu carrega em sua mão o Àdó-iràn, a cabaça, que é o
símbolo de seu poder e promove a expansão de toda força vital. O
Orixá também é representado pelo Òkòtò, espécie de caracol, que
representa a expansão e crescimento de tudo o que existe no
mundo (SANTOS, 2012).Pontos para problematização da temática
manifestações religiosas:
As religiões afro-brasileiras foram elaboradas por meio do
diálogo intercultural e inter-religioso;
A diversidade das manifestações religiosas nas Religiões Afro-
Brasileiras no Brasil: Catimbó, Jurema, Macumba, Umbanda,
Candomblé.
A presença e a manifestação religiosa de diversas divindades:
Orixás, Inquices, Voduns, Obssoms, dentre outros.
A necessidade do respeito aos símbolos, mitos, ritos e doutrina
de cada religião afro-brasileira.
Sugestão de vídeos:
2.1 –Umbanda, direção Luca Pacheco, Observatório
Transdisciplinar das Religiões, 2010. Link:
<https://www.youtube.com/watch?v=eGFys3JHMM0
.2.2 -Jurema, direção Luca Pacheco, Observatório Transdisciplinar
das Religiões, 2009. Link: https://www.youtube.com/watch?
v=vTltwFeCfNk&t=10s
.2.3 –Xangô Nação Xambá, direção Luca Pacheco, Observatório
Transdisciplinar das Religiões, 2010. Link:
<https://www.youtube.com/watch?v=BsJWikShAPw>.