60+
ENVELHECIMENTO
SAUDÁVEL
COMO LIDAR COM O IDOSO
QUE NÃO QUER COMER?
Neste conteúdo iremos abordar:
1. Fatores que interferem no paladar e aceitação de alimentos pelo idoso;
2. Riscos nutricionais do idoso com dificuldades para se alimentar;
3. Prevalência de desnutrição em idosos;
4. Principais causas de desnutrição;
5. Estratégias para o paciente idoso atingir suas necessidades nutricionais.
A perda de apetite é um problema comum em idosos, tanto residentes em suas casas, quanto
em casas de repouso ou em internação hospitalar. A redução do apetite leva à redução da
ingestão de alimentos, criando um problema bastante grave e que contribui para:¹
PERDA DE PESO DEFICIÊNCIAS MAIOR SUSCETIBILIDADE AUMENTO DA
NUTRICIONAIS A DOENÇAS MORTALIDADE
O declínio do apetite com o avanço da idade é um problema sério que necessita de atenção precoce.
Fatores que interferem no paladar e aceitação de alimentos pelo idoso
O apetite do idoso é um sistema bastante complexo que envolve, não apenas o sistema
digestivo, mas estímulos cerebrais, nervosos e endócrinos.
ANOREXIA DO ENVELHECIMENTO:²
Inapetência e baixa ingestão alimentar a partir da diminuição da demanda
energética (taxa metabólica basal e atividades reduzidas).
Sensações de prazer Diminuição de
diminuídas (paladar, olfato neurotransmissores
e visão). controladores da fome.
Aumento da atividade da Associação com
colecistoquinina, associada outras doenças.
à saciedade.
Dificuldades de mastigação Utilização de
e deglutição dos alimentos; medicamentos, que em
muitos casos alteram o
paladar e o olfato para os
alimentos, podendo reduzir
Atinge entre 15 e 30% a salivação e aumentando
dos idosos, com maior a sensação de náuseas,
ocorrência entre pacientes contribuindo de forma
em assistência médica significativa para a redução
domiciliar ou hospitalar. do apetite.
ASPECTOS HORMONAIS
O apetite é controlado por sensores no estômago que respondem à presença ou ausência de
alimentos, além dos diferentes nutrientes, como as gorduras e proteínas. Em resposta aos sinais
emitidos por esses sensores ocorre a secreção de diversos hormônios:¹
Grelina - secretada Peptídeo YY - secretado
em resposta ao jejum, pelo íleo e colón em
abrindo o apetite; resposta à ingestão de
alimentos para suprimir
Colecistoquinina - o apetite;
secretada pelo intestino
em resposta à ingestão de Insulina - secretada pelo
lipídios e proteínas pâncreas em resposta à
para supressão do apetite; elevação de glicose no
sangue, suprimindo
o apetite;
Em longo prazo, o apetite
também é controlado pela
composição corporal
do idoso.
O apetite é diretamente influenciado pelo ambiente e pelo modo de vida dos indivíduos.
No envelhecimento, a probabilidade de viver e alimentar-se sozinho, além das dificuldades de
aquisição e preparo dos alimentos, tende a reduzir a motivação e o apetite do idoso.¹
Riscos nutricionais do idoso com dificuldades para alimentação
Com a perda de apetite e interesse pela alimentação, ocorre a diminuição do
consumo dos alimentos mais saudáveis e nutritivos, aumentando os riscos e a
ocorrência de problemas relacionados à desnutrição, tais como: 1,3
FRAGILIDADE OSTEOPOROSE OSTEOMALÁCIA
PIORA DO MAIOR RISCO
FRATURAS
SISTEMA IMUNE DE QUEDAS
DIFICULDADE DE FRAQUEZA MUSCULAR E DIFICULDADES
CICATRIZAÇÃO DE MOBILIDADE;
PERDA DA QUALIDADE DE VIDA E AUMENTO DA MORTALIDADE.
Prevalência de desnutrição em idosos:³
1% A 15%
DOMICILIADOS
35% A 65%
INTERNADOS NOS HOSPITAIS;
25% A 60%
INSTITUCIONALIZADOS.
Principais causas de desnutrição:³
RESTRIÇÕES ALIMENTARES
IMPOSTAS PELA PRESENÇA
DE DOENÇAS CRÔNICAS
RESTRIÇÃO FÍSICA ALTERAÇÕES COGNITIVAS
DE MOBILIDADE
ISOLAMENTO SOCIAL ESTADOS DEPRESSIVOS E
MUDANÇAS DE HUMOR
A intervenção nutricional é de extrema importância e deve ser orientada de forma individual,
considerando mudanças biológicas e psicológicas associadas à necessidade de manutenção da
capacidade funcional do idoso para um envelhecimento saudável e ativo.
Estratégias para o paciente idoso atingir suas necessidades nutricionais³
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), após identificação do risco nutricional ou
desnutrição no idoso, deve-se:
Realizar um aconselhamento dietético através de uma alimentação saudável com
valores adequados de calorias, proteínas e micronutrientes.
O nutricionista deve fazer adaptações no cardápio para que, além de nutritivo, saboroso e atraente,
facilite a mastigação e reduza o desconforto causado por algumas queixas, como a disfagia/odinofagia.
A partir do aconselhamento dietético, algumas estratégias são importantes: 3,4
OFERECER AJUDA
Muitos idosos apresentam restrições na
habilidade de alimentar-se individualmente,
devido às limitações funcionais e cognitivas.
Por isso, é importante oferecer ajuda
quando necessário, como a orientação
verbal, o direcionamento de assistência
física no momento do ato de comer e beber
ou providenciar posicionamento adequado
à mesa;
FAZER UMA AVALIAÇÃO GERAL OFERECER ALIMENTAÇÃO ATRAENTE:
DE SAÚDE:
As características sensoriais dos alimentos
Avaliar a deglutição, o exame odontológico, (aparência, variedade de sabor, cor, aroma,
o controle de medicamentos, bem como os textura) junto às preferências pessoais do idoso,
efeitos colaterais que impeçam uma nutrição podem apresentar melhores resultados na
adequada. A partir dos resultados, providenciar aceitação alimentar;
as intervenções necessárias;
PROPORCIONAR UM BOM AMBIENTE: INCENTIVAR REFEIÇÕES COM
OUTRAS PESSOAS:
Providenciar alimentação em ambiente
confortável, agradável, sem muito barulho, limpo Incentivar os idosos a realizarem as suas
e adaptado às suas necessidades; refeições na companhia de outras pessoas,
estimula maior ingestão alimentar e melhora
sua qualidade de vida.
Uma revisão sistemática, mostrou que a realização das refeições em estilo
familiar, ouvindo música suave durante a alimentação, melhoraram o consumo de
alimentos e bebidas por pessoas com demência.5
TERAPIA NUTRICIONAL
O objetivo da terapia nutricional no idoso é
fornecer quantidades adequadas de calorias,
proteínas, micronutrientes e líquidos, a fim de
atender aos requisitos nutricionais e assim,
manter ou melhorar o estado nutricional durante
o processo de envelhecimento. O uso de
complementos nutricionais ou o enriquecimento
das refeições pode ser indicado. A composição
da dieta deve considerar os problemas comuns
do idoso, como sarcopenia e osteoporose,
principais causas de quedas, fraturas e perda de
mobilidade nessa população, as quais são
condições associadas principalmente à
quantidades inadequadas de Proteínas, Cálcio e
Vitamina D.4,6-8
Além disso, a terapia nutricional se torna uma boa opção pela possibilidade de controle dos
ingredientes e facilitação de sua digestibilidade e absorção, dificuldades comuns em pessoas
com idade mais avançada. Assim, a escolha dos suplementos mais adequados, bem como suas
dosagens, deve sempre levar em conta as necessidades e os fatores individuais de cada idoso em
uma avaliação que somente o profissional de saúde e nutrição é capaz de realizar com segurança.
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NHS22.0239