Tribunal
PJe - Processo Judicial Eletrônico
30/04/2024
Número: 8007999-57.2022.8.05.0105.1.AgIntCiv
Classe: AGRAVO INTERNO CÍVEL
Órgão julgador colegiado: Primeira Câmara Cível
Órgão julgador: Des. Edmilson Jatahy Fonseca Júnior
Última distribuição : 04/04/2024
Valor da causa: R$ 87,16
Processo referência: 8007999-57.2022.8.05.0105
Assuntos: Dívida Ativa (Execução Fiscal)
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
MUNICIPIO DE IPIAU (ESPÓLIO) AFONSO MENDES DOS SANTOS (ADVOGADO)
EDEMAR DE ALMEIDA ROCHA (ESPÓLIO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
60016 23/04/2024 09:58 Decisão Decisão
624
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA
Primeira Câmara Cível
Processo: AGRAVO INTERNO CÍVEL n. 8007999-57.2022.8.05.0105.1. Ag Int Civ
Órgão Julgador: Primeira Câmara Cível
ESPÓLIO: MUNICIPIO DE IPIAU
Advogado(s): AFONSO MENDES DOS SANTOS (OAB:BA56733-A)
ESPÓLIO: EDEMAR DE ALMEIDA ROCHA
Advogado(s):
DECISÃO
Trata-se de Agravo Interno interposto pelo MUNICÍPIO DE IPIAÚ, contra a decisão de ID.
57463963 dos autos principais, que não conheceu da apelação interposta pelo agravante, ante a
ausência de impugnação aos fundamentos da sentença recorrida.
Em suas razões, o fisco aduz o equívoco do juízo de primeiro grau, ao desconsiderar o quanto
previsto no art. 40 da Lei nº 6.830/80; afirma que “a não localização do devedor ou de bens
passíveis de penhora, sem a indicação de outros pela Fazenda Pública, não implica na extinção
processual por abandono da causa, mas na sua suspensão, a teor do disposto no art. 40 da LEF”.
Além disso, utilizando-se de precedente deste Tribunal de Justiça, nos autos da apelação nº
8002008-08.2019.8.05.0105, julgada pela Quinta Câmara Cível, em 1 de abril de 2024, reforça a
necessidade de manutenção da harmonia na jurisprudência, o que não teria acontecido no
presente caso concreto.
Com essas considerações, espera o conhecimento e provimento do recurso para reformar a
sentença, e determinar o regular andamento do feito.
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Número do documento: 24042309582751300000110147116
Conforme certificado (ID. 57009323 - autos apelação), não houve triangularização processual,
vez que restou frustrada a citação da parte requerida. Desta forma, não houve intimação para
contrarrazoar o recurso interposto.
É o relatório. Decido.
Cuida-se de agravo interno interposto pelo município de Ipiaú contra a decisão que não conheceu
da apelação interposta nos autos principais.
Em análise ao presente recurso, denota-se que, mais uma vez, ao utilizar-se da via recursal, o
agravante deixou de combater os reais fundamentos da decisão agravada.
A norma processual dispõe que as razões recursais devem guardar relacionamento com os
fundamentos de fato e de direito expostos no julgado que se impugna, devendo demonstrar de
maneira específica os motivos pelos quais a decisão vergastada laborou em erro e merece ser
reformada.
Ou seja, em clara afronta aos ditames do art. 932, III, do CPC, a agravante deixou de impugnar
no recurso os fundamentos da decisão combatida, quando, de sua parte, tem o dever de indicar
com precisão os pontos de inconformidade com o julgado.
Tal imposição é decorrência da dialeticidade própria do recurso, através do qual o recorrente
obriga-se a informar os fundamentos que dão substrato ao seu inconformismo.
É o que se infere dos arestos do Superior Tribunal de Justiça a seguir transcritos:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. RECURSO ESPECIAL INADMITIDO. AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL NÃO CONHECIDO. ART. 932, III, DO CPC/2015 E SÚMULA
182/STJ. AGRAVO INTERNO. RECURSO QUE NÃO IMPUGNA,
ESPECIFICAMENTE, OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA.
SÚMULA 182/STJ E ART. 1.021, § 1º, DO CPC/2015. AGRAVO INTERNO
NÃO CONHECIDO, COM APLICAÇÃO DA MULTA, PREVISTA NO ART.
1.021, § 4º, DO CPC/2015. I. Agravo interno aviado contra decisão que
julgara recurso interposto contra decisum publicado na vigência do
CPC/2015. II. No caso, o Recurso Especial não foi admitido, na origem, pela
incidência do óbice da Súmula 282/STF. O Agravo em Recurso Especial
interposto não impugnou o fundamento do decisum, o que conduziu ao seu
não conhecimento, cuja decisão ora é agravada regimentalmente. III. No
presente Agravo interno a parte recorrente apresenta razões outras,
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deixando de impugnar, novamente, de modo específico, os fundamentos da
decisão agravada. IV. Interposto Agravo interno com fundamentação
deficiente, constituem óbices ao conhecimento do inconformismo a Súmula
182 desta Corte e o art. 1.021, § 1º, do CPC/2015. V. Renovando-se, no
Agravo interno, o vício que comprometia o conhecimento do Agravo em
Recurso Especial, inarredável a edição de novo juízo negativo de
admissibilidade. VI. Segundo entendimento firmado pela Segunda Turma
desta Corte, "o recurso que insiste em não atacar especificamente os
fundamentos da decisão recorrida seguidamente é manifestamente
inadmissível (dupla aplicação do art. 932, III, do CPC/2015), devendo ser
penalizado com a multa de 1%, sobre o valor atualizado da causa, prevista
no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015" (STJ, AgInt no AREsp 974.848/SP, Rel.
Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de
13/03/2017). Nesse mesmo sentido: STJ, AgInt no AREsp 960.285/SP, Rel.
Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de
15/12/2016; AgInt no AREsp 920.112/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de 25/10/2016. VII. Agravo interno não
conhecido, com aplicação da multa, prevista no art. 1.021, § 4º, do
CPC/2015, de 5% (cinco por cento) sobre o valor atualizado da causa, por
se tratar de recurso manifestamente inadmissível. (STJ - AgInt no AREsp:
2092094 GO 2022/0079643-3, Data de Julgamento: 16/08/2022, T2 -
SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 23/08/2022)
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. NÃO
IMPUGNAÇÃO AOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA.
SÚMULA 182/STJ. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DA VIOLAÇÃO AOS
DISPOSITIVOS DE LEI FEDERAL APONTADOS. SÚMULA 284/STF. 1. A
ausência de impugnação específica aos fundamentos da decisão agravada
impõe o não conhecimento do recurso. Incidência da Súmula 182/STJ. 2. A
ausência de demonstração, de forma direta, clara e particularizada, de como
o acórdão recorrido violou os dispositivos de lei federal apontados atrai a
aplicação do enunciado 284/STF. 3. Agravo interno conhecido em parte e,
nessa parte, desprovido. (STJ - AgInt nos EDcl no AREsp: 1816603 RJ
2021/0002612-0, Relator: Ministro BENEDITO GONÇALVES, Data de
Julgamento: 06/12/2021, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe
09/12/2021).
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE. AGRAVO
INTERNO QUE NÃO IMPUGNA OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO
AGRAVADA. INOBSERV NCIA DO PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE. 1. O
Tribunal de origem condenou o agravante sob o fundamento de que, "de
acordo com a documentação constante dos autos, torna-se evidente que
houve a prática dos atos ímprobos imputados ao Réu, na medida em que
não se comprovou a aplicação dos recursos públicos destinados ao
Município de Porto Folha com vistas à utilização dos mesmos para a
efetivação do objeto do Convênio PNATE" (fl. 391, e-STJ). 2. No Superior
Tribunal de Justiça, a Presidência não conheceu da irresignação por
constatar ausência de impugnação específica à decisão que não admitiu o
Recurso Especial. 3. No Agravo Interno, reiteram-se as alegações feitas no
Recurso Especial e, quanto à decisão agravada, limita-se o agravante a
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sustentar "que a mesma não merece prosperar, visto que atribuiu na
conduta da Agravante a ausência de impugnação especificamente os
fundamentos de sua insurgência em relação ao Acórdão Recorrido,
motivando assim a interposição do presente Agravo em face da referida
decisão" (fl. 535, e-STJ). Não se argumentou contra as razões adotadas na
decisão monocrática. 4. "Com base no princípio da dialeticidade recursal,
não se conhece do agravo interno que veicula razões dissociadas dos
fundamentos da decisão singular" (AgInt no REsp 1.581.014/SP, Relator
Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, DJe 28.5.2018) 5. Agravo Interno não
conhecido. (STJ - AgInt no AREsp: 1704307 SE 2020/0119076-2, Relator:
Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 20/10/2020, T2 -
SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 17/12/2020).
Assim, descabe o conhecimento deste recurso, por inviabilizar a delimitação, no âmbito da
devolutividade, das matérias que se insurge da decisão guerreada. Ensina a lição do professor
Nelson Nery Júnior:
"As razões do recurso são elementos indispensáveis a que o tribunal para o
qual se dirige possa julgar o mérito do recurso, ponderando-as em
confrontos com os motivos da decisão recorrida. A sua falta acarreta o não
conhecimento. Tendo em vista que o recurso visa, precipuamente, a
modificar ou anular a decisão considerada injusta ou ilegal, é necessária a
apresentação das razões pelas quais se aponta a ilegalidade ou injustiça da
referida decisão judicial (...); nem seria viável, ainda, delinear-se o âmbito de
devolutividade do recurso, já que o efeito devolutivo tem a aptidão para
devolver ao reconhecimento do tribunal semente a matéria impugnada".
(Teoria Geral dos Recursos, Ed. RT, 4ª ed., p. 148/149)
Revela-se manifestamente inepto o presente recurso, porque seus argumentos não atacam o
conteúdo da decisão impugnada.
Destarte, abre-se a oportunidade ao próprio Relator de pôr fim à demanda recursal apreciando,
monocraticamente, o seu mérito. É o quanto disposto no art. 932, III, do CPC, que estabelece que
incumbe ao relator:
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha
impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida;
Assim, com fulcro no art. 932, III, do CPC, NÃO CONHEÇO DO AGRAVO INTERNO, em face da
manifesta ausência de impugnação aos fundamentos da decisão recorrida.
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Sirva a presente decisão como mandado/ofício.
Publique-se. Intimem-se.
Salvador, 22 de abril de 2024.
Desembargador Jatahy Júnior
Relator
610
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