sábado, 22 de março de 2014
DIDÁTICA GERAL, MÉTODO DE ENSINO,
PLANIFICAÇÃO E SUAS FUNÇÕES
1. Introdução
O presente trabalho de psicopedagogia irá centrar-se no estudo
da Didática geral, método de ensino, planificação e suas funções.
A Didática é, pois, uma das disciplinas da Pedagogia que estuda o processo
de ensino através dos seus componentes - os conteúdos escolares, o ensino
e a aprendizagem - para, com o embasamento numa teoria da educação,
formular diretrizes orientadoras da atividade profissional dos professores.
É, ao mesmo tempo, uma matéria de estudo fundamental na formação
profissional dos professores e um meio de trabalho do qual os professores
se servem para dirigir a atividade de ensino, cujo resultado é a
aprendizagem dos conteúdos escolares pelos alunos.
De referir ainda que método de ensino é a maneira pela qual o professor
organiza as atividades de ensino para atingir os objetivos de ensino /
aprendizagem, compreendendo as estratégias, ações e procedimentos
adotados que estão vinculados a reflexão, compreensão e transformação da
realidade.
2. Didática Geral
A didática é o principal ramo de estudos da pedagogia. Ela investiga os
fundamentos, condições e modos de realização de instrução e do ensino.
A ela cabe converter os objetivos sociopolíticos e pedagógicos em
objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em função desses
objetivos, estabelecer os vínculos entre ensino e aprendizagem, tendo em
vista o desenvolvimento das capacidades mentais ds alunos. A didática está
intimamente ligada à Teoria da educação e à teoria da organização escolar
e, de modo muito especial, vincula-se à teoria do conhecimento e à
psicologia da educação.
Didática geral, estuda os princípios, as normas e as técnicas que devem
regular qualquer tipo de ensino, para qualquer tipo de aluno. Ela nos dá
uma visão geral das atividades docente.
Segundo PILETTI (2010), a didática é o ramo específico da pedagogia que
tem como objetivo dirigir tecnicamente o ensino rumo à aprendizagem, ou
seja, a didática é a parte da pedagogia que tem como objeto de estudo o
ensino em sua relação com a aprendizagem.
2.1. Objecto de estudo
O objecto de estudo da didática é o processo de ensino, campo principal da
educação escolar.
Na medida em que o ensino viabiliza as tarefas da instrução, ele contém a
instrução. Podemos, assim, delimitar como objecto da didática o processo
de ensino que, considerado no seu conjunto, inclui: os conteúdos dos
programas e dos livros didáticos, os métodos e formas organizativas do
ensino, as atividades do professor e dos alunos e as diretrizes que regulam e
orientam esse processo.
3. Método de ensino
O conceito mais simples de método é o de caminho para atingir um
objetivo. Na vida cotidiana estamos sempre perseguindo objetivos. Mas
estes não se realizam por si mesmos, sendo necessária a nossa atuação, ou
seja, a organização de uma sequência de ações para atingi-los. Os métodos
são, assim, meios adequados para realizar objectivos.
Um cientista busca um objetivo que é a obtenção de novos conhecimentos
e, para isso, utiliza métodos de investigação científica. Já o estudante tem
como objectivo a aquisição de conhecimentos e, para isso, utiliza métodos
de assimilação de conhecimentos.
O método de ensino expressa a relação conteúdo-método, no sentido de que
tem como base um conteúdo determinado (um fato, um processo, uma
teoria, etc.). O método vai em busca das relações internas de um objecto, de
um fenómeno, de um problema, uma vez que esse objecto de estudo
fornece as pistas, o caminho para conhece-lo. Mas, quando falamos que o
método propicia a descoberta das relações entre as coisas que se estudam,
referimo-nos à ideia de que os fatos, os fenómenos, os processos estão em
constante transformação, em constante desenvolvimento, em virtude de que
é pela acção humana que as coisas mudam.
Os métodos de ensino dependem dos objectivos que se formulam tendo em
vista o conhecimento e a transformação da realidade. A prática educativa
em nossa sociedade, através do processo de transmissão e assimilação ativa
de conhecimentos e habilidades, deve ter em vista a preparação de crianças
e jovens para uma compreensão ais ampla da realidade social, para que
essas crianças e jovens de tornem agentes ativos de transformação dessa
realidade.
Em resumo, podemos dizer que os métodos de ensino são as ações do
professor pelas quais se organizam as atividades de ensino e dos alunos
para atingir objectivos do trabalho docente em relação a um conteúdo
específico. Eles regulam as formas de interação entre ensino e
aprendizagem entre o professor e os alunos, cujo resultado é a assimilação
constante dos conhecimentos e o desenvolvimento das capacidades
cognoscitivas e operativas dos alunos.
A escolha e organização dos métodos de ensino devem corresponder à
necessária unidade objetivos-conteúdos e formas de organização do ensino
e às condições concretas das situações didáticas. Em primeiro lugar, os
métodos de ensino dependem dos objetos imediatos da aula: introdução de
matéria nova, explicação de conceitos, desenvolvimento de habilidades,
consolidação de conhecimentos etc. Ao mesmo tempo, dependem de
objetivos gerais da educação previstos nos planos de ensino pela escola ou
pelos professores.
Na análise do processo de ensino destaca-se seu carater bilateral em que a
atividade de direção do professor e de aprendizagem do aluno atuam
reciprocamente, o professor estimulando e dirigindo o processo em função
da aprendizagem ativa do aluno. Os métodos movimentam esse processo.
Desse modo, quando, por exemplo, é utilizada a exposição lógica da
matéria, predomina a atividade do professor, mas sempre visando a
compreensão e assimilação da matéria, suscitando a atividade mental do
aluno. Os métodos correspondem, assim, à sequência de atividades do
professor e doa alunos.
3.1. A relação objectivo-conteúdo
A relação objetivo-conteúdo-método tem como característica a mútua
interdependência. O método de ensino é determinado pela relação objetivo-
conteúdo, mas pode também influir na determinação de objetivos e
conteúdos. Com efeito, a matéria de ensino é o elemento de referência para
a elaboração dos objetivos específicos que, uma vez definidos, orientam a
articulação dos conteúdos e métodos, à medida que expressam formas de
transmissão e assimilação de determinadas matérias, atuam na seleção de
objetivos e conteúdos.
~podemos assim dizer que o conteúdo determina o método, pois é a base
informativa concreta para atingir os objetivos. Mas o método pode ser um
conteúdo quando é também objeto de assimilação, ou seja, requisito para
assimilação ativa dos conteúdos. Por exemplo, para uma aula de leitura
estabelecemos objetivos, conteúdos e métodos. Se decidimos aplicar o
método de leitura expressiva, nosso objetivo é que o aluno domine uma
habilidade de leitura. Neste caso, o método se converte em objetivo e
conteúdo.
3.2. Classificação dos métodos de ensino
Há muitas classificações de métodos de ensino, conforme o critério de cada
autor. Dentro da conceção de processo de ensino que temos estudado, os
métodos de ensino são considerados em estreita relação com os métodos de
aprendizagem (ou métodos de assimilação ativa); ou seja, os métodos de
ensino fazem parte do papel de direção do processo de ensino por parte do
professor tendo em vista a aprendizagem dos alunos. Nesse sentido, o
critério de classificação dos métodos de ensino resulta da relação existente
entre ensino e aprendizagem, concretizada pelas actividades do professor e
alunos no processo de ensino.
Em função desse critério básico, ao qual a direção do ensino se orienta para
a ativação das forças cognoscitivas do aluno, podemos classificar os
métodos de ensino segundo os seus aspectos externos – método de
exposição pelo professor, método de trabalho relativamente independente
do aluno, método de elaboração conjunta (ou de conversação) e método de
trabalho em grupos – e seus aspectos internos – passos ou funções
didáticas e procedimentos lógicos e psicológicos de assimilação.
Método de exposição pelo professor
Neste método, os conhecimentos, habilidades e tarefas são apresentadas,
explicadas ou demonstradas pelo professor. A actividade dos alunos é
receptiva, embora não necessariamente passiva. Este método é amplamente
utilizado em nossas escolas, apesar das críticas que lhe são feitas,
principalmente por não levar em conta o princípio da atividade do aluno.
Entre as formas de exposição, podemos mencionar as seguintes: a
exposição verbal, a demonstração, a ilustração e a exemplificação. No
entanto essas formas podem ser conjugadas ou desenvolvidas,
possibilitando o enriquecimento da aula expositiva.
Método de trabalho independente
O método de trabalho independente dos alunos consiste de tarefas dirigidas
e orientadas pelo professor, para que os alunos as resolvam de modo
relativamente independente e criador. O trabalho independente pressupõe
determinados conhecimentos, compreensão da tarefa e do seu objetivo, o
domínio do método de solução, de modo que os alunos possam aplicar
conhecimentos e habilidades sem a orientação direita do professor.
O aspecto mais importante do trabalho independente é a atividade mental
dos alunos, qualquer que seja a modalidade de tarefa planejada pelo
professor para estudo individual.
O trabalho independente pode ser adotado em qualquer momento da
sequência da unidade didática ou aula, como tarefa preparatória, tarefa de
assimilação do conteúdo ou como tarefa de elaboração pessoal.
Método de elaboração conjunta
A elaboração conjunta é uma forma de interação ativa entre o professor e
os alunos visando a obtenção de novos conhecimentos, habilidades,
atitudes e convicções, bem como a fixação e consolidação de
conhecimentos e convicções já adquiridos.
A elaboração conjunta supõe um conjunto de condições prévias: a
incorporação pelos alunos dos objetivos a atingir, o domínio de
conhecimentos básicos ou a disponibilidade pelos alunos de
conhecimentos e experiencias que, mesmo não sistematizados, são pontos
de partida para o trabalho de elaboração conjunta.
A forma mais típica do método de elaboração conjunto é a conversação
didática. Às vezes denomina-se, também, aula dialogada, mas a
conversação é algo mais. Não consiste meramente em respostas dos alunos
às perguntas do professor, numa conversa “fechada” em que os alunos
pensem e falem o que o professor já pensou e falou, como uma aula de
catecismo. A conversação didática é “aberta” e o resultado que dela decorre
supõe a contribuição conjunta do professor e dos alunos.
Método de trabalho em grupo
O método de trabalho em grupos ou aprendizagem em grupo consiste
basicamente em distribuir temas de estudo iguais ou diferentes a grupos
fixos ou variáveis, compostos de 3 a 5 alunos. O trabalho em grupo tem
sempre um caracter transitório, ou seja, deve ser empregado eventualmente,
conjugado com outros métodos de exposição e de trabalho independente.
Qualquer que seja o procedimento em grupo, ele deve procurar desenvolver
as habilidades de trabalho coletivo responsável e a capacidade de
verbalização, para que os alunos aprendam a expressar-se e a defender os
seus pontos de vista. Deve também possibilitar manifestações individuais
dos alunos, a observação do seu desempenho, o encontro direto entre aluno
e matéria de estudo e a relação de ajuda reciproca entre os membros do
grupo.
Actividades especiais
Denominam-se atividades especiais aquelas que complementam os
métodos de ensino e que concorrem para a assimilação ativa dos conteúdos.
São, por exemplo, o estudo do meio, o jornal escolar, a assembleia de
alunos, o museu escolar, o teatro, a biblioteca escolar, etc.
4. Planificação e suas funções didáticas
Planificação ou planejamento é um meio para se programar as ações
docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente
ligada à avaliação.
O plano é um guia de orientação, pois nele são estabelecidas as diretrizes e
os meios de realização do trabalho docente.
Planificação escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das
atividades didáticas em tempos da sua organização e coordenação em face
dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do
processo de ensino.
Há três modalidades de planejamento, articuladas entre si: o plano da
escola, o plano de ensino e o plano de aulas.
4.1. Importância da planificação escolar
O planejamento é um processo de racionalização, organização e
coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a
problemática do contexto social. E escola, os professores e os alunos são
integrantes da dinâmica das relações sociais; tudo o que acontece no meio
escolar está atravessado por influências económicas, políticas e culturais
que caracterizam a sociedade de classes. Isso significa que os elementos do
planejamento escolar – objetivos, conteúdos, métodos – estão recheados de
implicações sociais, têm um significado genuinamente político. Por essa
razão, o planejamento ou planificação é uma atividade de reflexão acerca
das nossas opções e ações; se não pensarmos detidamente sobre o rumo que
devemos dar ao nosso trabalho, ficarmos entregues aos rumos estabelecidos
pelos interesses dominantes na sociedade.
4.2. Funções da planificação
Explicitar princípios, diretrizes e procedimentos do trabalho docente que
assegurem a articulação entre as tarefas da escola e as exigências do
contexto social e do processo de participação democrática.
Expressar os vínculos entre o posicionamento filosófico, político-
pedagógico e profissional e as ações efetivas que o professor irá realizar na
sala de aula, através de objectivos, conteúdos, métodos e formas
organizativas do ensino.
Assegurar a racionalização, organização e coordenação do trabalho
docente, de modo que a previsão das ações docentes possibilite ao
professor a realização de um ensino de qualidade e evite a improvisação e a
rotina.
Prever objetivos, conteúdos e métodos a partir da consideração das
exigências postas pela realidade social, do nível de preparo e das condições
socioculturais e individuais dos alunos.
Assegurar a unidade e a coerência do trabalho docente, uma vez que torna
possível inter-relacionar, num plano, os elementos que compõem o
processo de ensino: os objetivos (para que ensinar), os conteúdos (o que
ensinar), os alunos e suas possibilidades (a quem ensinar), os métodos e
técnicas (como ensinar) e a avaliação, que está intimamente relacionada aos
demais.
Atualizar o conteúdo do plano sempre que é revisto, aperfeiçoando-o em
relação aos progressos feitos no campo de conhecimentos, adequando-o às
condições de aprendizagem dos alunos, aos métodos, técnicas e recursos de
ensino que vão sendo incorporados na experiencia cotidiana.
Facilitar a preparação das aulas: selecionar o material didático em tempo
hábil, saber que tarefas professor e alunos devem executar, replanear o
trabalho frente a novas situações que aparecem no decorrer das aulas.
5. Bibliografia
GRIZ, Maria das Graças Sobral, Psicopedagogia: um conhecimento em
contínuo processo de construção, Casa do Psicologo, Casapsi
Livraria, 2009
LIBÂNEO, José Carlos, Didática, São Paulo, Cortez Editora, 2006.
PILETII, Claudino, Didática Geral, 23ª edição, São Paulo, Ática Editora,
2004.