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A Abolição Resolveu o Problema Vivido Pelos Negros No Brasil

O documento discute como a abolição da escravidão no Brasil em 1888 não resolveu os problemas vivenciados pelos negros, uma vez que não houve planejamento para sua transição para cidadãos livres, deixando-os abandonados à própria sorte sem acesso à terra, educação ou meios de subsistência.

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Leila Vilasboas
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A Abolição Resolveu o Problema Vivido Pelos Negros No Brasil

O documento discute como a abolição da escravidão no Brasil em 1888 não resolveu os problemas vivenciados pelos negros, uma vez que não houve planejamento para sua transição para cidadãos livres, deixando-os abandonados à própria sorte sem acesso à terra, educação ou meios de subsistência.

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A ABOLIÇÃO RESOLVEU O PROBLEMA

VIVIDO PELOS NEGROS NO BRASIL?


Será que a abolição resolveu o problema vivido pelos negros no Brasil? Você poderá
encontrar uma resposta a essa pergunta lendo este texto!

A situação dos negros


não foi devidamente remediada com o fim da escravidão
13 de maio de 1888: Lei Áurea
A escravidão no Brasil, como sabemos, só foi abolida em 13 de maio de 1888 por meio
da Lei Áurea, isto é, a Lei Imperial de número 3.353, assinada pela Princesa
Isabel na ocasião em que ela exercia o poder no Brasil, na ausência de D. Pedro II.

O Brasil, entre os países do continente americano, foi o último a acabar com o trabalho
escravo, o que desencadeou consequências danosas para a formação de nossa nação.
Isso aconteceu porque não foi colocado em prática um programa de Estado que
planejasse para a população negra uma adequada transição da condição de cativos para
a de sujeitos livres.

Ausência de um projeto de transição da escravidão para o


trabalho livre
Mesmo com as leis que foram sancionadas antes da Lei Áurea, o Império não conseguiu
elaborar um projeto razoável para assimilar, gradualmente, os ex-escravos na sociedade.
Leis como a Lei Eusébio de Queirós, de 1850, que pôs fim ao tráfico de escravos,
a Lei do Ventre Livre, de 1871, que impedia a escravização de crianças nascidas de
escravos a partir daquele ano, e a Lei dos Sexagenários, de 1885, que dava a liberdade
aos escravos com mais de 60 anos de idade, apenas concediam a liberdade, mas não
meios para lidar com essa nova condição.

Antes de o Império consolidar-se, em 1823 – um ano após a Independência –, um dos


ministros de D. Pedro I, chamado José Bonifácio de Andrade e Silva, propôs um
projeto de transição da escravidão para o trabalho negro livre no Brasil. Esse projeto foi
apresentado em uma das reuniões da Assembleia Constituinte de 1823 e tinha por
objetivos, gradualmente:

 Acabar com o tráfico negreiro em, no máximo, cinco anos;


 Facilitar as condições de compra de alforria por parte dos escravos;
 Acabar com os castigos físicos;
 Conceder pequenas faixas de terras para que os negros libertos (por compra de
alforria ou por outros meios) pudessem produzir e prosperar etc.

Essas medidas graduais preparariam o terreno para a abolição definitiva, que, para
Bonifácio, ocorreria muito antes de 1888. No entanto, a referida Constituinte foi
dissolvida por D. Pedro I e Bonifácio foi exilado. O projeto nunca foi aprovado.

Consequências da falta de planejamento


Um retrato das consequências dessa falta de planejamento da transição dos negros do
trabalho escravo para o trabalho livre pode ser lido no seguinte trecho de um dos
principais livros que tratam do assunto: Sobrados e Mucambos, de Gilberto Freyre:

“A liberdade não era bastante para dar melhor saber, pelo


menos físico, à vida dos negros fugidos que simplesmente
conseguiram passar por livres nas cidades. Dissolvendo-se no
proletariado de mucambo e de cortiço, seus padrões de vida e
de alimentação muitas vezes baixaram. Seus meios de
subsistência tornaram-se irregulares e precários. Os de
habitação às vezes degradaram-se. Muito ex-escravo, assim
degradado pela liberdade e pelas condições de vida no meio
urbano, tornou-se malandro de cais, capoeira, ladrão,
prostituta e até assassino.” (FREYRE, Gilberto. Sobrados e
Mucambos – Decadência do patriarcado rural e
desenvolvimento do urbano. Global: São Paulo, 2013.)

Não houve, nem antes nem depois de 1888 (com o advento da República), sequer um
único projeto estatal que promovesse a assimilação dos negros libertos à sociedade e à
economia brasileira da época. Muitos negros continuaram servindo os seus senhores em
troca de comida e moradia. Outros se lançaram a todo tipo de atividade, vivendo
em cortiços e mucambos (casebres de palha), compondo uma população que viveria à
margem das grandes aglomerações urbanas brasileiras durante muito tempo.

AS CONSEQUÊNCIAS DO FIM DA
ESCRAVIDÃO NO BRASIL
O fim da escravidão no Brasil deixou o ex-escravo abandonado à própria sorte.
A libertação dos
escravos - 13 de maio de 1888
No dia 13 de maio de 1888, chegou ao fim o trabalho escravo no Brasil. Após quatro
séculos de escravidão, tortura e maus-tratos, os negros estavam libertos perante a lei. A
aprovação da Lei Áurea, a lei que oficializou o fim da escravidão no Brasil, foi assinada
pela Princesa Isabel. O processo abolicionista foi também resultado de uma luta política,
que mobilizou alguns políticos da época que se empenharam em ajudar a Princesa a
aprovar a Lei Abolicionista.

A abolição foi o resultado, principalmente, da luta dos negros, escravos ou não, que se
mobilizaram ao longo da década de 1880 contra a continuidade do trabalho escravo. O
movimento dos negros se traduziu em fugas maciças, assassinatos de proprietários de
terras e dos capatazes, esses atos ameaçaram a ordem social do final do Império,
tornando inevitável, por um número cada vez maior de pessoas, o questionamento se a
escravidão era legítima ou não.

A escravidão chegou ao fim, o ex-escravo tornou-se igual perante a lei, mas isso não lhe
deu garantias de que ele seria aceito na sociedade, por isso os recém-libertos passaram
dias difíceis mesmo com o fim da escravidão. Diferente do que aconteceu nos Estados
Unidos, no Brasil, após o fim da escravidão, os ex-escravos foram abandonados à
própria sorte. Nos Estados Unidos, com o fim da Guerra da Secessão, a vitória do Norte
sobre o Sul implicou na emancipação total dos escravos e eles foram amparados por
uma lei, que possibilitou assistência e formas de inserção do negro na sociedade.

No Brasil, sem acesso a terra e sem qualquer tipo de indenização por tanto tempo de
trabalhos forçados, geralmente analfabetos, vítimas de todo tipo de preconceito, muitos
ex-escravos permaneceram nas fazendas em que trabalhavam, vendendo seu trabalho
em troca da sobrevivência. Aos negros que migraram para as cidades, só restaram os
subempregos, a economia informal e o artesanato. Com isso, aumentou de modo
significativo o número de ambulantes, empregadas domésticas, quitandeiras sem
qualquer tipo de assistência e garantia; muitas ex-escravas eram tratadas como
prostitutas. Os negros que não moravam nas ruas passaram a morar, quando muito, em
míseros cortiços. O preconceito e a discriminação e a ideia permanente de que o negro
só servia para trabalhos duros, ou seja, serviços pesados, deixaram sequelas desde a
abolição da escravatura até os dias atuais.

ESCRAVIDÃO NA ÁFRICA
Saiba como ocorria a Escravidão na África e como essa prática associou-se ao tráfico
negreiro transatlântico.
A prática da escravidão já
existia no continente africano muito antes de os europeus começarem o tráfico
transatlântico
Geralmente, no início dos estudos sobre a história da colonização do Brasil, deparamo-
nos com o processo de implementação da mão de obra escrava negra nas várias
regiões brasileiras, inicialmente, no cultivo da cana-de-açúcar e, posteriormente, nas
minas de pedras e metais preciosos. A imagem superficial que fica desse processo é a de
que os portugueses simplesmente desembarcaram no continente africano e, com suas
armas, submeteram os povos africanos à condição de escravos para o trabalho forçado
no Brasil. Pois bem, a história é um tanto mais complexa que isso.

A escravidão é uma prática que remete à existência das primeiras civilizações do


mundo. Gregos, romanos, egípcios, persas, entre outros, todos escravizavam.
Escravizavam sobretudo aqueles que eram vencidos em guerras ou que contraíam
dívidas e não honravam os seus compromissos. No continente africano, não era
diferente.

Já na Idade Antiga, havia várias civilizações no continente africano que tinham como
uma de suas práticas o comércio de escravos. Essa prática intensificou-se com o tempo.
Na Idade Média, novos reinos formaram-se na África, e a escravidão africana ganhou
novas proporções, sobretudo com a penetração dos muçulmanos na região. Os povos
muçulmanos estão entre os maiores escravizadores da história.

Quando os representantes do Império Português lançaram-se ao negócio do tráfico de


escravos africanos, eles compravam escravos dos próprios reinos africanos que haviam
conquistado outros reinos e tribos vizinhas. Os próprios africanos faziam de seus
vizinhos os seus escravos, pois sabiam da lucratividade do tráfico negreiro e da
demanda que os Impérios Ultramarinos tinham por mão de obra.

A região da África que mais forneceu escravos aos portugueses foi a costa oeste do
Oceano Atlântico, onde se ergueram os antigos reinos de Gana e Benin. Há uma
estimativa de que 75% dos negros vendidos no tráfico negreiro sejam vítimas das
guerras promovidas pelos poderosos reinos da África Subsaariana (região que fica
abaixo do deserto do Saara), conhecida também como “África Negra”.

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