9º ANO
GEOGRAFIA
3ª QUINZENA – 3º CORTE
Habilidades Essenciais: (EF09GE05-B) Analisar fatos e situações para compreender o processo histórico da globalização, como a
integração econômica, política e cultural, bem como os seus aspectos excludentes e promotores de desigualdades sociais mundiais.
(EF09GE06) Associar o critério de divisão do mundo em Ocidente e Oriente com o Sistema Colonial implantado pelas potências
europeias.
NOME:
UNIDADE ESCOLAR:
Tema/ objeto de conhecimento: A divisão do mundo em Ocidente e Oriente
Você se considera ocidental? Para grande parte do mundo, o Brasil não faz parte do Ocidente
Para os brasileiros, esta não é uma questão:
nos consideramos ocidentais. Na escola, na mídia,
no dia a dia, falamos do Ocidente como o lugar a
que pertencemos: "aqui no Ocidente, a Ioga ainda
é vista como hobby", dizia artigo em um jornal.
Mas, se tiver algum amigo europeu ou norte-
americano, faço o teste. Pergunte se o Brasil é um
país ocidental. A resposta revelará que a definição
não é tão consensual. O Ocidente não somos nós -
ao menos para grande parte do mundo.
Isso porque falar uma língua de origem latina e estar a oeste do meridiano de Greenwich não é suficiente
para estar no Ocidente. Enquanto Estados Unidos e Portugal são indiscutivelmente “ocidentais”, a
classificação de países como o Brasil e a Argentina não é unânime. Mas, afinal, o que faz um país ocidental?
Abaixo, a divisão geográfica do planeta em dois hemisférios:
Um conceito mutável
A dicotomia (divisão) Ocidente-Oriente remonta à época
do império Romano e, desde os primórdios, já guardava
aspectos tanto geográficos quanto culturais.
No período de queda do império, a divisão tomou caráter
oficial com a instituição do Império Romano do Ocidente,
com capital em Roma, e o Império Romano do Oriente, com
sede em Constantinopla (atual Istambul):
Enquanto a parte ocidental se desintegrou já no século 5,
o império a Oriente se manteve unificado até 1453, quando
foi
tomado pelos turcos islâmicos. A partir desse momento, o conceito de Ocidente começa a aproximar da ideia
de “cristandade", em oposição ao islã que vinha do oriente.
“O Ocidente sempre se definiu em oposição a algo, ora em relação aos povos islâmicos do Oriente
Médio, ora em relação aos povos asiáticos de maneira geral", afirma o professor José Henrique Bortoluci, do
Departamento de Fundamentos Sociais e Jurídicos da FGV. "É um conceito que necessariamente abarca uma
exclusão do outro”.
Dos romanos aos dias atuais, o conceito de ocidente ganhou diversas interpretações e durante a Guerra
Fria adquiriu também contornos políticos e econômicos.
“No período da Guerra Fria, o conceito de Ocidente passa a ser associado a existência de certas
instituições, como democracia e capitalismo e, ainda que de maneira difusa, também a valores judaico-
cristãos.” José Henrique Bortoluci, professor da
FGV
Dessa maneira, explica Bortolucci, países como Austrália e Nova Zelândia seriam indiscutivelmente
parte do mundo ocidental, ainda que geograficamente estejam mais próximos da Ásia.
E o Brasil?
Não há consenso sobre qual a classificação para o Brasil. Se não somos ocidentais, há diversas
classificações possíveis: latino-americanos ou mundo em desenvolvimento são opções. Outras regiões neste
'limbo' classificatório são a África e a Rússia.
“A classificação da América Latina e do Brasil é particularmente problemática”, segundo o professor. Se
por um lado a colonização europeia deixou marcas na língua e no modelo de organização dos países latino-
americanos, o subdesenvolvimento socioeconômico e as ditaduras que marcaram a história da região
excluiriam esses países do clube ocidental.
“Alguns estudiosos se referiam a América Latina como 'extremo ocidente’ para demarcar a diferença
em relação aos países capitalistas avançados” Termo cunhado pelo diplomata e politólogo francês Alain Rouquié
Em outras palavras, na parte 'desenvolvida' do mundo, o Ocidente é sinônimo de desenvolvimento,
democracia e cultura de base europeia -- uma definição vaga que não deixa de ter certa carga de preconceito.
Para Oliver Stuenkel, autor do livro O Mundo Pós-Ocidental, o debate acerca da filiação do Brasil ao
Ocidente gera poucos resultados concretos para as políticas externas.
“O conceito de Ocidente é ambíguo e, na prática, traz mais problemas que soluções”, afirma. Mesmo
entre os formuladores da política externa brasileira parece não existir consenso. “O Itamaraty evita o uso do
termo ‘Ocidente’ na sua linguagem diplomática oficial porque mesmo entre diplomatas não há entendimento
comum”, afirma o estudioso. Stuenkel, no entanto, vê vantagens nessa ambiguidade do Brasil em relação ao
ocidente. “Em um mundo multipolar, ter legitimidade para dialogar com vários atores é estratégico. O Brasil
é um dos poucos países que consegue dialogar com as potências ocidentais ao mesmo tempo que tem
legitimidade para liderar os países não ocidentais”.
Disponível em: https://tinyurl.com/rek32tf.Acesso 04 de set de 2020.
Atividades
1. Qual é a origem histórica e cultural da noção de Ocidente e Oriente?
2. Segundo a discussão do texto, o Brasil pode ser considerado um país ocidental? Por quê?
3. De acordo com o texto o que, por fim, significa “Ocidente”?
4. As expressões “velho mundo”, “novo mundo” e “novíssimo mundo” referem-se a uma forma de distinção
dos continentes que
a) ( ) obedece a fatores econômicos. c) ( ) designa as mudanças no poderio das lideranças mundiais.
b) ( ) corresponde a uma visão eurocêntrica. d) ( ) está relacionada aos processos de descolonização.
5. As discussões sobre o povoamento do continente americano estão relacionadas também com questões
políticas. Um dos problemas de ordem política e cultural que estariam relacionados com essas discussões é
a) ( ) a tese da superioridade do homem tropical, que se contrapõe à superioridade do homem africano.
b) ( ) a tese da impossibilidade da travessia do Estreito de Bering.
c) ( ) a tese da falsidade das pinturas arqueológicas da Serra da Capivara, no Piauí.
d) ( ) a tese do eurocentrismo, que, entre outras coisas, advoga a expansão da humanidade pelo mundo a
partir do continente europeu.
6. A xenofobia não é necessariamente um problema continental, mas territorial e que se estabelece através
das distinções entre os diferentes Estados e as diferentes nações. No entanto, há um continente no planeta
que se destaca dos demais por apresentar com maior frequência a prática de manifestações xenofóbicas, que
é
a) ( ) a África b) ( ) a Europa c) ( ) a Ásia d) ( ) a América do Norte