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Introdução à Análise do Discurso

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Raquel Lobato
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ATIVIDADE DE LÍNGUA PORTUGUESA

Professora: Raquel Lobato Turma:


Aluno (a): Nº:
ANO: Data: /02/2022 21/06/2022
Ensino Médio

Análise do discurso

Ao contrário da análise gramatical, que se concentra na estrutura das sentenças, a


Análise do Discurso se concentra no uso amplo e geral da linguagem dentro e entre
grupos específicos de pessoas. Em análises textuais, os gramáticos percebem a língua
pela descrição da sua organização e muitas vezes examinam textos isoladamente em
busca de elementos que contribuam com a análise (e.g. uso de palavras, escolhas
estilísticas etc.). A Análise do Discurso, no entanto, considera as mais diferentes formas
materiais significantes, além da noção de sujeito – não o sujeito da análise sintática, mas
o ser que fala, no mundo (seu contexto social e cultural), interpolado por uma ideologia.
Em outras palavras, a Análise do Discurso considera que não há neutralidade sequer no
uso mais rotineiro da linguagem.

Mas isso não significa que devemos desconsiderar o sistema linguístico, os objetos
simbólicos, a gramática – instrumento de descrição e sistematização das línguas. Muito
pelo contrário. Tanto o sistema linguístico quanto o processo discursivo são
constituintes de uma articulação entre a Linguística e processos ideológicos científicos.
Apesar de serem conceitos distintos, eles são complementares, já que as leis internas
que regem o sistema linguístico são a base comum para o processo discursivo. Porém,
enquanto o sistema da língua é o mesmo para os mais diversos personagens, o discurso
está inserido em um processo associado com a constituição dos sentidos.

Mas o que seria isso? As palavras podem mudar de sentido, dependendo de quem as
emprega, da posição que essa pessoa ocupa, de onde e do momento em que as palavras
são usadas etc. São estas circunstâncias sócio históricas que permitem que um
determinado sentido seja construído. Há, na Análise do Discurso, um elemento
fundamental que determina o que pode (ou não) ser dito em um certo contexto.
Chamamos este elemento de formação discursiva. Esta noção tão importante nos ajuda
a entender que os sentidos dentro dos discursos têm uma carga ideológica. Isto é, tudo
que falamos ou escrevemos possui um traço ideológico que produz efeitos e muitas
vezes nem percebemos. A Análise do Discurso trata dessa relação entre a linguagem e
a ideologia.

A linguagem é estudada enquanto formação ideológica, cuja competência


possibilita atualizações nas significações. Nessa perspectiva, a interpretação
passa a ser um objeto de reflexão (ORLANDI, 2012), pois assim como o
sentido, ela não se fecha, não é evidente – embora pareça ser. E isto é
particularmente importante não só para os estudiosos da linguagem, mas das
ciências em geral, pois nas rotinas de nossas vidas estamos interpretando o
tempo todo. Nestes cenários cotidianos de interpretações e na nossa
ininterrupta relação com o simbólico, cabe à Análise do Discurso indagar,
averiguar.
Peguemos um bordão político da década de 20 do então presidente da
república Washington Luís: “Governar é abrir estradas”. Este bordão, que se
tornou o lema da sua campanha presidencial e perdurou durante seu governo,
trazia em si uma memória discursiva: o surgimento da indústria automotiva no
Brasil, sinônimo de avanço e modernidade, ao passo que a hegemonia agrícola
no país se dissolvia. A construção de estradas e a melhoria da mobilidade
urbana se tornavam as principais políticas de um Estado moderno.

A leitura que se pode fazer do slogan, no entanto, vai além do que se diz, do
que óbvio, evidente ou superficial. Temos aqui um exemplo simples de
condições sócio históricas e ideológicas que incluem o sujeito (o Estado,
representado por Washington Luís), a situação (o contexto sócio histórico,
político, ideológico do país) e a memória discursiva, o interdiscurso, que é um
saber pré-construído que possibilita outros dizeres e outros sentidos.

A Análise do Discurso busca compreender como um objeto simbólico (texto,


foto, pintura, escultura, etc.) produz sentidos e como este objeto está cheio de
significância. Nesta busca, a análise traz à tona o funcionamento da
linguagem, no qual o sujeito se constitui pela interpretação que faz. Ao
interpretar algo, o sujeito se submete à ideologia e à ilusão de que tudo é
transparente, literal, evidente, e de que te temos acesso direto ao sentido
completo daquilo que está sendo enunciado. Cabe ao analista de discurso,
portanto, compreender como opera o gesto de interpretação do sujeito, os
mecanismos de interpretação (e.g. como são regulados, o que se interpreta, de
que forma, por quem etc.) e mostrar seus efeitos de sentido.

BRANDÃO, H.H.N. Introdução à Análise do Discurso. 3ª ed. Campinas, SP: Editora da


Unicamp, 2012.

ORLANDI, E.P. Discurso e texto: formulação e circulação dos sentidos. 4ª ed. Campinas, SP:
Pontes Editores. 2012.

PÊCHEUX, M. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Trad. Eni Puccinelli
Orlandi et al. 5ª ed. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2014 (título original: Les vérites de la
Palice, 1975).
Há poucos anos, esse poderoso empresário fez uma conferência em uma escola
secundária de classe alta dos Estados Unidos. Foram reservadas duas horas para a sua
palestra, mas ele não gastou 10 minutos com suas palavras. Ele leu 11 itens que, em sua
opinião, os alunos não aprenderiam nas salas de aula, porque as escolas não ensinam.
Ele falou sobre como a "política educacional de vida fácil para as crianças" tem criado
uma geração sem conceito da realidade e como essa política tem levado as pessoas a
falharem em suas vidas posteriores à escola.

Eis o discurso de Bill Gates:

"1ª) A vida não é fácil: acostume-se com isso.

2ª) O mundo não está preocupado com a sua autoestima. O mundo espera que você faça
alguma coisa útil por ele antes de sentir-se bem com você mesmo.

3ª) Você não ganhará R$ 20 mil por mês assim que sair da escola. Você não será vice-
presidente de uma empresa com carro e telefone à disposição antes que você tenha
conseguido comprar seu próprio carro e telefone.

4ª) Se você acha seu professor rude, espere até ter um chefe. Ele não terá pena de você.

5ª) Vender jornal velho ou trabalhar durante as férias não está abaixo da sua posição
social. Seus avôs têm uma palavra diferente para isso: eles chamam de oportunidade.

6ª) Se você fracassar, não é culpa de seus pais. Então não lamente seus erros, aprenda
com eles.

7ª) Antes de você nascer, seus pais não eram tão críticos como são agora. Eles só ficaram
assim por pagar as suas contas, lavar suas roupas e ouvir você dizer que eles são
ridículos. Então, antes de salvar o planeta para a próxima geração querendo consertar os
erros da geração dos seus pais, tente limpar seu próprio quarto.

8ª) Sua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida
não é assim. Em algumas escolas você não repete mais de ano e tem quantas chances
precisar até acertar. Isso não se parece com absolutamente nada na vida real, onde se
você pisar na bola está despedido... Rua! Faça certo da primeira vez!

9ª) A vida não é dividida em semestres. Você não terá sempre as férias livres e é pouco
provável que outros empregados o ajudem a cumprir suas tarefas no fim de cada período.

10ª) Televisão não é vida real. Na vida real, as pessoas têm que deixar o barzinho ou a
boate e ir trabalhar.

11ª) Seja legal com os CDFs (aqueles estudantes que os demais julgam que são uns
patetas). Existe uma grande probabilidade de você vir a trabalhar para um deles."

(Hernani Marroni. Adaptado)


Caso você não conheça, procure saber um pouco da biografia de Bill Gates. Depois
responda:

1) Quem é Bill Gates para poder dizer o que disse a esse grupo de jovens americanos
ricos?

2) Que imagem ele tem desses jovens para falar dessa forma?

3) Em que contexto social, histórico e ideológico se passa o texto para que Bill Gates
passe a sua mensagem do modo como passou?

4) E que mensagem é essa?

Observação: você deve construir respostas dissertativas com, no mínimo, 5 linhas cada.

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