PERGUNTA 1
1. A seguir, para cada situação de fala está indicada uma frase de uso.
Tomando como base a necessidade que os interlocutores têm de fazer adequação de
língua, dependendo da situação em que se encontram e do interlocutor com quem
interagem, a correspondência que se apresenta adequada é:
a. Situação 3: um chef fala aos funcionários de limpeza de seu restaurante.
Frase: Este restaurante serve a clientes que fazem parte de um pool de
empresas de economia mista.
b. Situação 4: : um professor universitário faz uma palestra para a comunidade
acadêmica.
Frase: Todos os professores hão de convir que as novas metodologias e
práticas de ensino devem atender aos objetivos almejados.
c. Situação 2 um médico fala a um grupo de pessoas que fazem uso constante da
variante “caipira”.
Frase: A cardiopatia é uma designação genérica das doenças do coração,
sendo que a ‘cardiopatia congênita’ é uma anormalidade na estrutura do
coração presente antes do nascimento.
d. Situação 5: O Presidente de um país faz um pronunciamento a toda nação em
rede nacional.
Frase: Caros colegas, estamos juntos nesta briga! Força e fé!
e. Situação 1: um candidato a cargo (político) público fala à comunidade de baixa
renda e pouco escolarizada.
Frase: Almejo prover melhorias neste logradouro.
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PERGUNTA 2
1. Assinale a alternativa que analisa, correta e respectivamente, o tipo de linguagem em
uso no fragmento abaixo, de Millor Fernandes:
Chegou perto do garoto e gritou (não que estivesse com raiva, mas o garoto não
parava): "Escuta aqui, meu filho, se você está interessado em música, por que não
estuda um pouco de técnica, teoria, harmonia, isso tudo?" "Que é que há, bicho: gritou
o garoto sem parar de tocar. "Esse negócio é retórica, gargarejo, cascata. Eu tou no
sensitive training e não vou contaminar minha naturalidade com conceituação fora de
moda."
a. coloquial, com gírias próprias à faixa etária
b. gíria própria à camada social mais abastada
c. regional, culta, mostrando um dialeto característico de determinada região
d. escrita, culta, com palavras do vocabulário culto da língua
e. literária, coloquial, com termos utilizados na literatura atual
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PERGUNTA 3
1. O léxico e a cultura
Potencialmente, todas as línguas de todos os tempos podem candidatar-se a expressar
qualquer conteúdo. A pesquisa linguística do século XX demonstrou que não há
diferença qualitativa entre os idiomas do mundo – ou seja, não há idiomas
gramaticalmente mais primitivos ou mais desenvolvidos. Entretanto, para que possa
ser efetivamente utilizada, essa igualdade potencial precisa realizar-se na prática
histórica do idioma, o que nem sempre acontece. Teoricamente, uma língua com pouca
tradição escrita (como as línguas indígenas brasileiras) ou uma língua já extinta (como
o latim ou o grego clássicos) podem ser empregadas para falar sobre qualquer
assunto, como, digamos, física quântica ou biologia molecular. Na prática, contudo,
não é possível, de uma hora para outra, expressar tais conteúdos em camaiurá ou
latim, simplesmente porque não haveria vocabulário próprio para esses conteúdos. É
perfeitamente possível desenvolver esse vocabulário específico, seja por meio de
empréstimos de outras línguas, seja por meio da criação de novos termos na língua em
questão, mas tal tarefa não se realizaria em pouco tempo nem com pouco esforço.
BEARZOTI FILHO, P. Miniaurélio: o dicionário da língua portuguesa. Manual do
professor. Curitiba: Positivo, 2004 (fragmento).
Estudos contemporâneos mostram que cada língua possui sua própria complexidade e
dinâmica de funcionamento. O texto ressalta essa dinâmica, na medida em que
enfatiza:
a. a atribuição de maior importância sociocultural às línguas contemporâneas, pois
permitem que sejam abordadas quaisquer temáticas, sem dificuldades.
b. a existência de línguas limitadas por não permitirem ao falante nativo se
comunicar perfeitamente a respeito de qualquer conteúdo.
c. a inexistência de conteúdo comum a todas as línguas, pois o léxico contempla
visão de mundo particular específica de uma cultura.
d. a existência de diferenças vocabulares entre os idiomas, especificidades
relacionadas à própria cultura dos falantes de uma comunidade.
e. a tendência a serem mais restritos o vocabulário e a gramática de línguas
indígenas, se comparados com outras línguas de origem europeia.
(ERREI)
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PERGUNTA 4
1. Entrevista com Marcos Bagno
Pode parecer inacreditável, mas muitas das prescrições da pedagogia tradicional da
língua até hoje se baseiam nos usos que os escritores portugueses do século XIX
faziam da língua. Se tantas pessoas condenam, por exemplo, o uso do verbo “ter” no
lugar de “haver”, como em “hoje tem feijoada”, é simplesmente porque os portugueses,
em dado momento da história de sua língua, deixaram de fazer esse uso existencial do
verbo “ter”.
No entanto, temos registros escritos da época medieval em que aparecem centenas
desses usos. Se nós, brasileiros, assim como os falantes africanos de português,
usamos até hoje o verbo “ter” como existencial é porque recebemos esses usos dos
nossos ex-colonizadores. Não faz sentido imaginar que brasileiros, angolanos e
moçambicanos decidiram se juntar para “errar” na mesma coisa. E assim acontece
com muitas outras coisas: regências verbais, colocação pronominal, concordâncias
nominais e verbais etc. Temos uma língua própria, mas ainda somos obrigados a
seguir uma gramática normativa de outra língua diferente. Às vésperas de
comemorarmos nosso bicentenário de independência, não faz sentido continuar
rejeitando o que é nosso para só aceitar o que vem de fora.
Não faz sentido rejeitar a língua de 190 milhões de brasileiros para só considerar certo
o que é usado por menos de dez milhões de portugueses. Só na cidade de São Paulo
temos mais falantes de português do que em toda a Europa!
Informativo Parábola Editorial. s/d.
Na entrevista, o autor defende o uso de formas linguísticas coloquiais e faz uso da
norma padrão em toda a extensão do texto. Isso pode ser explicado pelo fato de que
ele:
a. apresenta argumentos carentes de comprovação científica e, por isso, defende
um ponto de vista difícil de ser verificado na materialidade do texto.
b. acredita que a língua genuinamente brasileira está em construção, o que o
obriga a incorporar em seu cotidiano a gramática normativa do português
europeu.
c. propõe que o padrão normativo deve ser usado por falantes escolarizados como
ele, enquanto a norma coloquial deve ser usada por falantes não escolarizados.
d. adapta o nível de linguagem à situação comunicativa, uma vez que o gênero
entrevista requer o uso da norma padrão.
e. defende que a quantidade de falantes do português brasileiro ainda é
insuficiente para acabar com a hegemonia do antigo colonizador.