WBA0864_v1.
Proteção contra incêndio e
explosões
Introdução à proteção contra
incêndio
O domínio do fogo pelo homem, a história
da proteção contra incêndio no Brasil,
regulamentação, entendendo o fogo
Bloco 1
Júlio Assis de Freitas
O domínio do fogo pelo homem
• O homem primitivo via Figura 1 – Homem primitivo fazendo
fogo
o fogo como ira dos
Deuses.
• Ele passou a dominá-lo
no período Neolítico.
• Avanços marcantes:
fundição de metal, Fonte: gorodenkoff/ iStock.com.
geração de vapor,
vulcanização da
borracha.
Incêndios marcantes na nossa história
Exemplos de incêndios que marcaram a história do Brasil:
• Gran Circo Norte Americano. Niterói (RJ).
• Edifício Andraus. São Paulo (SP).
• Edifício Joelma. São Paulo (SP).
• Vila Socó. Cubatão (SP).
• Boate Kiss. Santa Maria (RS).
• Ultracargo. Santos (SP).
Regulamentação da proteção contra incêndio no Brasil
• A proteção contra incêndio é regulamentada na esfera
estadual ou distrital.
• Corpo de bombeiros é responsável pela redação de
decretos e demais dispositivos legais e o Governador
os sanciona.
• O Corpo de Bombeiros vistoria, fiscaliza e licencia
estabelecimentos.
Entendendo o fogo – Combustíveis sólidos
Etapas para surgimento do
Figura 2 - Fogo classe A - Madeira
fogo de classe A:
• Material é submetido ao
calor.
• Ocorre a degradação do
material – pirólise.
• Material libera gases.
• Gases se misturam com o
ar, formando mistura Fonte: Pgiam/ iStock.com.
ideal.
• Mistura ideal, em contato
com calor, resulta em
fogo.
Entendendo o fogo – Líquidos inflamáveis
Etapas para surgimento do Figura 3 - Fogo classe B – Fluido
de isqueiro
fogo de classe B:
• Acima do ponto de fulgor
que cada líquido
inflamável possui, ocorre a
sua volatilização, gerando
vapores.
• Vapores se misturam com
o ar, formando mistura Fonte: CiydemImages/ iStock.com.
ideal.
• Mistura ideal, em contato
com calor, resulta em
fogo.
Efeitos da temperatura sobre o líquido inflamável
Ponto de flash: líquido começa a gerar vapores, não o
suficiente para manter a chama se removida a fonte de
ignição.
Ponto de fulgor: líquido gera vapores suficientes para
manter a chama, mesmo quando removida a fonte de
ignição.
Ponto auto ignição: temperatura na qual os vapores
gerados têm calor suficiente para entrar em combustão
sem uma fonte de ignição externa.
Os elementos necessários para que haja fogo
Figura 4 - Tetraedro do fogo
Fonte: elaborada pelo autor.
Introdução à proteção contra
incêndio
Meios de propagação do calor e métodos de
extinção do fogo
Bloco 2
Júlio Assis de Freitas
Meios de propagação do calor
• Condução: calor se propaga por meio
sólido como o metal.
• Convecção: calor se propaga por meio
fluido, líquido ou gasoso, como a massa de
ar quente que faz balões subirem.
• Irradiação: calor se propaga por meio de
ondas eletromagnéticas, como o calor do
sol.
Meios de propagação do calor
Figura 5 - Condução, convecção e irradiação
Fonte: elaborada pelo autor.
Métodos de extinção do fogo
Figura 6 - Chuveiro automático
Resfriamento: acionado
• Método de extinção por
eliminação do calor do
tetraedro do fogo.
• Exemplo: chuveiro
automático asperge
água sobre sólidos
inflamáveis, reduzindo o Fonte: JimmiLarsen/ iStock.com.
calor, interrompendo a
pirólise e a geração de
gases inflamáveis.
Métodos de extinção do fogo
Abafamento: Figura 7 - Combate a principio de
incêndio com extintor de CO2
• Método de extinção por
eliminação do
comburente do tetraedro
do fogo.
• Exemplos: extintor de CO2,
expele gás inerte que
ocupa o lugar o oxigênio Fonte: georgeclerk/ iStock.com.
na atmosfera em torno do
fogo. Tampar panela com
óleo incandescente.
Métodos de extinção do fogo
Retirada do combustível: Figura 8 - Combate a principio de
incêndio com extintor de CO2
• Método de extinção por
eliminação do combustível
do tetraedro do fogo.
• Exemplo: retirar todos os
materiais inflamáveis do
entorno do foco de v
incêndio, deixando a
queima acontecer de Fonte: adaptado de onurdongel/ iStock.com.
forma segura e
supervisionada até
consumir todo o
combustível disponível.
Métodos de extinção do fogo
Quebra da reação em cadeia: Figura 9 - Corrente que se rompe,
simbolizando quebra da reação em
• Método de extinção pela cadeia
quebra da reação em
cadeia, que mantém o
fogo.
• Exemplo: o gás halon é um
agente extintor cujas
moléculas se ligam às da
mistura ideal, quebrando Fonte: adventtr/ iStock.com.
a reação em cadeia. Nota:
o halon está proibido por
questões ambientais.
Introdução à proteção contra
incêndio
Principio de funcionamento de extintores de
incêndio e os tipos mais comuns
Bloco 3
Júlio Assis de Freitas
O extintor de incêndio
• O extintor é um equipamento portátil, para transporte
manual ou sobre rodas, efetivo no combate a princípios
de incêndio.
• Todo imóvel sujeito à aprovação dos bombeiros deve
dispor de extintores.
• Quantidade mínima de equipamentos e outros
requisitos estão detalhados nos decretos e instruções
técnicas dos bombeiros de cada unidade federativa.
Componentes básicos do extintor de incêndio
Figura 10 - Esquema de um extintor de AP, PQS ou Pó ABC
Fonte: elaborada pelo autor.
Extintor de água pressurizada (AP)
Agente extintor: água.
Classes de incêndio recomendadas: A.
Materiais: madeira, papel, borracha etc.
Método de extinção principal: resfriamento.
Extintor de espuma mecânica
Agente extintor: água com líquido gerador de espuma.
Classes de incêndio recomendadas: B.
Materiais: líquidos inflamáveis.
Método de extinção principal: abafamento.
Extintor de pó químico seco (PQS)
Agente extintor: KHCO3 (bicarbonato de potássio).
Classes de incêndio recomendadas: B e C.
Materiais: líquidos inflamáveis e materiais elétricos.
Método de extinção principal: abafamento.
Extintor de pó ABC
Agente extintor: base de fosfato monoatômico.
Classes de incêndio recomendadas: A, B e C.
Materiais: sólidos (madeiras, papel, borracha
etc.), líquidos inflamáveis e materiais elétricos.
Método de extinção principal: abafamento.
Extintor de CO2
Agente extintor: dióxido de carbono.
Classes de incêndio recomendadas: B e C.
Materiais: líquidos inflamáveis e materiais elétricos.
Métodos de extinção principais: abafamento e
resfriamento.
Outros tipos de extintor de incêndio
Há outros extintores, no mercado, para fins muito
específicos. Neste rol, temos:
• Extintores classe D para metais pirofóricos, como
o magnésio e o sódio.
• Extintores classe E para materiais radioativos.
• Extintores classe K para óleos e gorduras usados
em cozinhas.
Classificação de extintores quanto a características construtivas
• Extintor portátil: transportado manualmente pelo
usuário.
• Extintor portátil sobre rodas: construído sobre carrinho
de transporte com rodas para facilitar a movimentação,
comporta maior quantidade de agente extintor.
• Pressurização direta: possui nitrogênio comprimido,
como gás expelente no interior do cilindro.
• Pressurização indireta: extintores com ampola externa,
contendo o gás expelente.
Informações importantes nos rótulos do extintor
Além da data da última recarga e selo obrigatório do
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
(INMETRO), podemos identificar:
• Agente extintor, classes de incêndio recomendadas e
não recomendadas.
• Carga nominal em quilos ou litros.
• Capacidade extintora, conforme critérios definidos na
NBR 12.693 (ABNT, 2021).
• Instruções de uso.
Teoria em Prática
Bloco 4
Júlio Assis de Freitas
Reflita sobre a seguinte situação
José mantém, no quintal de sua casa, uma pequena oficina
mecânica, atuando na informalidade, sem licença dos
bombeiros, tampouco equipamentos de prevenção e combate
a incêndio.
Há, na oficina, um tambor metálico com aproximadamente
100 litros de óleo diesel, no qual José mergulhava peças
automotivas diversas para limpeza. No entorno, ficam ainda
materiais diversos armazenados, inclusive algumas pilhas de
pneus, embalagens de óleo de motor e graxa.
Certo dia, José esquece o tambor destampado e, nele, ocorre
um princípio de incêndio. Nas proximidades, há apenas uma
mangueira de jardim usada para lavagem do piso da oficina.
Reflita sobre a seguinte situação
Diante do cenário colocado, reflita e responda:
1. José rapidamente tampou o tambor, extinguindo o fogo.
Explique tecnicamente o conceito que ele aplicou, ainda que de
forma intuitiva.
2. Pneus, óleo e graxa deveriam rapidamente ser removidos de
perto do fogo, uma vez que constituem um dos elementos do
tetraedro do fogo. Qual?
3. Seria recomendável utilizar a água da mangueira de jardim para
extinguir o fogo? Justifique.
4. Caso não fosse possível alcançar a tampa do tambor de diesel
ou qualquer outro objeto para fechá-lo, haveria uma forma
segura de utilizar a mangueira de jardim para controlar o
princípio de incêndio? Justifique e descreva de que forma daria
a interação no tetraedro do fogo.
Norte para a resolução...
• Lembre-se de que os principais meios de extinção do fogo são
o resfriamento, o abafamento e a retirada do combustível, e
cada qual elimina um elemento do tetraedro do fogo.
• Pense se seriam desejáveis as consequências de jogar água
em temperatura ambiente em óleo diesel, que está aquecido
muito acima do ponto de ebulição da água.
• Reflita sobre os possíveis efeitos que a água jogada contra o
tanque metálico, e não diretamente no óleo incandescente,
teria sobre o tetraedro do fogo.
Dica do(a) Professor(a)
Bloco 5
Júlio Assis de Freitas
Dica do(a) Professor(a)
• A NR-23, remete à legislação federal para que
empregadores adotem medidas de prevenção contra
incêndio, e dá outras diretrizes básicas. Vale a pena tomar
conhecimento desta, que é a única norma de abrangência
nacional sobre o tema. Disponível no site da Secretaria de
Segurança, do Ministério da Economia.
• O capítulo Fundamentos de fogo e incêndio, do livro A
segurança contra incêndio no Brasil, discorre em maior
nível de detalhes conceitos abordados neste material.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR
12693 - Sistemas de proteção por extintores de incêndio. Rio
de Janeiro, 2021.
BRASIL. Acesso Go.br. Secretaria Especial de Previdência e
Trabalho. Norma Regulamentadora n. 23. Brasília, 2011.
Disponível em: https://www.gov.br/trabalho/pt-
br/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-
regulamentadoras/nr-23.pdf. Acesso em: 3 mar. 2022.
SEITO, A. I. et al. A segurança contra incêndio no Brasil. São
Paulo: Projeto, 2008.
Bons estudos!