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Contrarrazões REsp Andre Dos Reis

O documento trata de um recurso especial interposto por André dos Reis contra decisão que manteve sua demissão do cargo público. A recorrida alega que o recurso especial não preenche os requisitos de admissibilidade e que o processo administrativo disciplinar que resultou na demissão foi regular.

Enviado por

Jean Félix
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Contrarrazões REsp Andre Dos Reis

O documento trata de um recurso especial interposto por André dos Reis contra decisão que manteve sua demissão do cargo público. A recorrida alega que o recurso especial não preenche os requisitos de admissibilidade e que o processo administrativo disciplinar que resultou na demissão foi regular.

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR

PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO


ESTADO DE SÃO PAULO

Processo de Origem nº 1002768-82.2019.8.26.0108

INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL


DOS SERVIDORES DE CAJAMAR, já devidamente
qualificada nos autos do presente recurso, vem, por
intermédio de sua Procuradora que a esta subscreve,
apresentar CONTRARRAZÕES AO RECURSO ESPECIAL,
proposto por ANDRE DOS REIS, o que faz segundo as razões
em anexo.

Requer, desde já, seja negado


seguimento ao Recurso Especial interposto pelo Recorrente,
ou, caso assim não seja, requer a remessa das presentes
razões para a instância superior, para que, ao final, seja
negado provimento ao recurso.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Cajamar, 02 de abril de 2024.

MARINA FINATI FORTE


OAB-SP 297.991
CONTRARRAZÕES DE RECURSO
ESPECIAL

EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


ÍNCLITOS JULGADORES

Recorrente: André dos Reis


Recorrida: Instituto de Previdência Social dos Servidores de
Cajamar
Origem: 1ª Vara Judicial do Foro da Comarca de Cajamar/SP
Processo nº 1002768-82.2019.8.26.0108

I – BREVE SÍNTESE
Trata-se originalmente de AÇÃO ORDINÁRIA
DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE ATO JURÍDICO c/c
REINTEGRAÇÃO EM CARGO PÚBLICO, COBRANÇA DE
VENCIMENTOS E INDENIZAÇÃO, movida por André dos Reis,
em face do Instituto de Previdência Social dos Servidores de
Cajamar.
Alega o Recorrente ter sido servidor público
da Ré, lotado no cargo de Procurador Jurídico Autárquico,
tendo ingressado mediante concurso público e empossado em
agosto de 2006 e ter sido sancionado com demissão a bem do
serviço público em processo administrativo em18.05.2017.
Afirma que foi punido injustamente em razão
de perseguição política e, por essas razões, ingressou em
juízo a fim de obter provimento jurisdicional no sentido de
anular o ato administrativo que culminou na sua demissão.
Vencido em primeira instância, posto que o
D. Juiz entendeu que houve “estrita correspondência entre a
infração tipificada e a decisão da Administração, além de
fundamentação da sanção imposta, não há que se falar em
nulidade dos atos administrativos”, interpôs recurso de
apelação da r. sentença de fls. 3072-3081.
No r. Acórdão de fls. 3216-3240, o E. Relator
entendendo que “ficou provada a conduta do autor, sendo
certo que seu agir fugiu e foge dos limites preconizados aos
funcionários públicos”, negou provimento ao Recurso de
Apelação interposto pelo Recorrente e manteve a r. sentença
proferida pelo juízo “a quo”.
Ainda sim inconformado, o Recorrente se
vale do presente sucedâneo recursal, e busca a reforma do
Acórdão, por ainda entender que a demissão foi injusta e
ilegal.

II – DA INADIMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL


O Recurso Especial trata-se de sucedâneo
recursal restrito, ou seja, a mera alegação de que as decisões
anteriores foram "injustas" não servem para fundamentar a
estreita via do Recurso Especial, conforme destaca renomada
doutrina:

"(...) o recurso extraordinário e o recurso especial não


visam diretamente à tutela do direito da parte (não visam à prolação de
uma 'decisão de mérito justa e efetiva' para o caso concreto, art. 6º, CPC).
Objetivam precipuamente a unidade do direito brasileiro - mediante a
compreensão da Constituição (recurso extraordinário, art. 102, III, CF) e
do direito infraconstitucional federal (recurso especial, art. 105, III, CF).
Vale dizer: visam à coerência e a universabilidade da ordem jurídica (art.
926, CPC)." (MITIDIERO, Daniel. ARENHART, Sérgio Cruz. MARINONI,
Luiz Guilherme. Novo Código de Processo Civil Comentado - Ed. RT,
2017. e-book, art. 1027)”.
Por tais razões que a não observância aos
requisitos de admissibilidade deve conduzir ao não
conhecimento do presente recurso.

III – DA AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO


A alegação de que houve prequestionamento
da matéria devido à referência feita pelo v. Acórdão às teses
apresentadas pelo Recorrente não merece prosperar, senão
vejamos.
É imperativo ressaltar que, para que se
concretize o prequestionamento, é essencial que o tribunal
proferia uma manifestação expressa acerca das questões
jurídicas suscitadas.
Meramente referir-se às teses apresentadas
pelo embargante não é o bastante para garantir o
cumprimento desse requisito fundamental.
Portanto, a simples referência às teses
apresentadas pelo embargante pelo v. Acórdão, mesmo com a
rejeição ou inadmissibilidade dos embargos de declaração,
não é suficiente para configurar o prequestionamento da
matéria, pois é necessário que haja um pronunciamento
expresso e efetivo do tribunal sobre as questões jurídicas
suscitadas, o que, evidentemente, não ocorreu.
Dessa forma, ausente o devido requisito de
prequestionamento, e consequente desatendimento dos
requisitos de admissibilidade, o não conhecimento do
presente recurso é a medida mais adequada.

IV - DAS CONTRARRAZÕES RECURSAIS. DA NÃO


VIOLAÇÃO À LEI FEDERAL
Com relação a legalidade no recebimento de
honorários oriundos de acordo extrajudicial entabulado entre
Administração Pública Direta e Indireta, necessário especial
atenção.
Ao interpretar sistematicamente o Estatuto
da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei nº. 8.906/94), nota-se
a inexistência de disposição clara que imponha a obrigação
de remunerar honorários advocatícios em acordos
extrajudiciais pela administração pública direta ou indireta.
A falta de menção específica a essa hipótese
entre as atividades incompatíveis com a advocacia, conforme
delineado no artigo 23 do Estatuto, levanta questionamentos
sobre a sua aplicabilidade.
A legislação brasileira não apresenta
disposição expressa que imponha a obrigação de remunerar
honorários advocatícios em acordos extrajudiciais aos
advogados públicos.
O direito aos honorários sucumbenciais é
tradicionalmente associado ao sucesso em litígios judiciais,
sendo que sua aplicação em acordos extrajudiciais carece de
respaldo legal específico.
O princípio da legalidade estabelece que as
ações dos agentes públicos devem estar rigorosamente
alinhadas com o ordenamento jurídico vigente.
Diante da ausência de uma disposição legal
explícita que obrigue o pagamento de honorários advocatícios
em acordos extrajudiciais aos advogados públicos, torna-se
inviável justificar essa obrigação com base na autonomia
decorrente do exercício da advocacia, como faz supor o
Recorrente.
Dessa forma, considerando a ausência de
previsão legal para a percepção de honorários advocatícios
em acordos celebrados entre entes políticos e entidades
administrativas, não se configura uma transgressão ao
Estatuto de Ética e Disciplina da OAB.
Na verdade, observa-se uma conduta
contrária à legislação por parte do ex-servidor público, o que
atenta contra os princípios administrativos da legalidade e
moralidade, configurando também um caso de
enriquecimento sem causa.
Portanto, os argumentos apresentados
carecem de embasamento legal sólido para sustentar a tese
de que os honorários advocatícios em acordos extrajudiciais
são devidos aos advogados públicos. A interpretação do
Estatuto da OAB e a ausência de previsão legal específica não
respaldam essa posição.

V – DA REGULARIDADE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO


DISCIPLINAR
O Recorrente, de forma reiterada, procura
tirar vantagem da confiança depositada no sistema judiciário.
Ao utilizar o presente Recurso Especial, tenta destacar
aspectos fora de contexto. No entanto, é inegável, ao
examinar todo o desenrolar do processo, que todas as
evidências foram cuidadosamente admitidas e
minuciosamente analisadas pelo d. juízo de primeira
instância.
Além disso, é importante destacar que o
Recorrente participou de maneira ativa no Processo
Administrativo Disciplinar (PAD) e não apresentou qualquer
evidência de cerceamento de defesa.
Ao longo das 18 laudas em que o apelante
aborda esses supostos cerceamentos, apenas cita partes
selecionadas de depoimentos e renova suas afirmações
conspiratórias, classificando servidores como "inimigos".
Essas alegações demonstram uma completa
desconexão com a realidade, pois não podem contradizer os
fatos já apurados.
Além disso, a argumentação de que a
Comissão Disciplinar não considerou as alegações
apresentadas em sua defesa não se sustenta, uma vez que tal
comissão avaliou os requerimentos oportunamente e
registrou em seu relatório final todas as observações feitas
pelo Requerente.
Portanto, sem a demonstração prévia e
factual de que a sentença e o acórdão não se fundamentaram
na extensa documentação dos autos, não há qualquer
plausibilidade na pretensão recursal.
O Processo Administrativo Disciplinar é
regulamentado pelo Estatuto dos Servidores Públicos de
Cajamar e estabelece o Regime Jurídico dos Servidores da
Administração Municipal.
É amplamente reconhecido que o processo
administrativo disciplinar é o meio pelo qual a administração
pública cumpre seu poder-dever de investigar infrações
funcionais e aplicar sanções aos seus agentes públicos e
outros indivíduos com vínculos jurídicos com a
administração.
É fundamental ressaltar que nenhum dos
membros que integraram a Comissão Disciplinar se enquadra
nas condições de impedimento mencionadas.
Além disso, cabe à Comissão Disciplinar
exercer suas atribuições com independência e imparcialidade,
assegurando o sigilo necessário para a investigação dos fatos,
sem permitir interferências externas em sua atuação.
Conforme evidenciado nos autos, a Comissão
Disciplinar seguiu o procedimento estabelecido pela LCM nº
64/2005 e, em sua conclusão final, decidiu pela
irregularidade da conduta do servidor em cobrar e receber
honorários em acordo extrajudicial.
Dessa forma, não há que se cogitar da
nulidade na composição da Comissão Disciplinar.

VI – DA CONCLUSÃO

Ante o exposto, requer a Recorrida o NÃO


CONHECIMENTO DO PRESENTE RECURSO ESPECIAL,
pelas razões já delineadas nos itens II e III, ou, não sendo
este o entendimento, que lhe seja NEGADO PROVIMENTO,
por ser a mais estrita medida de direito e de justiça.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Cajamar, 02 de abril de 2024.

MARINA FINATI FORTE


OAB-SP 297.991

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