ESTADO DE SANTA CATARINA
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 5021347-24.2024.8.24.0000/SC
AGRAVANTE: BATEL CONSULTORIA EMPRESARIAL LTDA
AGRAVADO: ROBSON PEGORARO
DESPACHO/DECISÃO
Batel Consultoria Empresarial Ltda. interpôs agravo de instrumento contra
decisão proferida pelo Juízo da 1ª Vara da Comarca de Xaxim que, nos autos da ação
anulatória de contrato de compra e venda c/c indenização por danos materiais e pedido de
tutela de urgência em caráter liminar com reintegração de posse e administração da empresa
ajuizada por Robson Pegoraro, deferiu a tutela de urgência, nos seguintes termos:
Ante ao exposto, DEFIRO a tutela de urgência para:
a) DECLARAR a suspensão da eficácia da cláusula compromissória prevista no contrato
particular de compra e venda de quotas e aditivo contratual (Cláusula Décima), até o
julgamento da lide;
b) DETERMINAR a suspensão dos efeitos dos contratos entabulados entre as parte e, por
consequência, a RECONDUÇÃO imediata do autor ROBSON PEGORARO aos poderes
de administração da sociedade RP Transportes Pegoraro, CNPJ n. 26.420.678/0001-17, bem
como o afastamento dos atuais administradores;
Advirta-se ao administrador reconduzido, que não poderá realizar qualquer medida de
alienação de bens, salvo mediante expressa autorização judicial.
c) DECLARAR a suspensão dos efeitos da 6ª alteração contratual da sociedade RP
Transportes Pegoraro, CNPJ n. 26.420.678/0001-17;
d) DECLARAR a suspensão dos efeitos da abertura da filial da sociedade RP Transportes
Pegoraro, CNPJ n. 26.420.678/0001-17;
Oficie-se, com urgência, a Junta Comercial do Estado de Santa Catarina , com cópia desta
decsão, para que promova as devidas anotações.
Por fim, diante das medidas determinadas, não verifico pertinência, neste momento
processual, para o bloqueio cautelar de valores em nome da parte requerida até para não
prejudiciar a continuidade da empresa.
INTIMEM-SE ambas as partes sobre a presente decisão.
Retire-se o sigilo processual, por não se tratar de hipóteses previstas na lei. Havendo
necessidade poderpa a parte atribuir sigilo a determiando documento do processo.
3. Da citação e demais providências:
Deixo de designar a audiência inaugural atendendo ao princípio da celeridade processual e
porque a prática demonstra que, via de regra, não há acordo neste tipo de demanda.
CITE-SE, por carta com AR/MP (pessoa física) ou mandado, a parte ré para oferecer
resposta, no prazo de 15 (quinze) dias, contados na forma do art. 231 do CPC. DETERMINO
à parte ré que, com a resposta, providencie todos os documentos relacionados com os fatos
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narrados na petição inicial (contrato, procedimento administrativo, etc.), sob pena de incidir
na espécie o disposto no art. 400 do CPC.
Havendo contestação, intime-se o autor para manifestação, em 15 (quinze) dias (art. 350 do
CPC).
Registro que as partes poderão, em suas manifestações, indicar o interesse na realização de
audiência conciliatória por videoconferência, bem como informarem se concordam com a
realização de eventual audiência instrutória por videoconferência, em ambos os casos deverão
fornecer endereço de correio eletrônico (e-mail), número de telefone, whatsApp ou outro
aplicativo similar.
Destaca-se que não obstante a supressão da audiência conciliatória, nada impede a
realização de acordo extrajudicial entre as partes ou pedido de designação de data para
realização do ato judicial.
Inconformada com a prestação jurisdicional entregue, alega a agravante, em
síntese: a) a validade da cláusula arbitral e a impossibilidade de afastá-la em tutela de
urgência; b) a incompetência absoluta do Juízo Estatal; c) a ausência de preenchimento dos
requisitos para a concessão da tutela provisória de urgência.
Pontua, para tanto, que "as teses firmadas pelo STJ são bastante claras: i) a
cláusula de arbitragem possui força vinculante, derrogando-se a jurisdição estatal; e ii)
havendo convenção de arbitragem, é do juízo arbitral a competência, com primazia sobre o
Poder Judiciário, em questões sobre a validade da convenção de arbitragem e do contrato
no qual esteja inserta".
Referiu que não se trata de contrato de adesão e que a decisão agravada
inclusive "rechaçou a tese de vulnerabilidade do agravado, pois empresário experiente e
assistido por advogado, em todas as fases do negócio".
Assevera que "a tutela de urgência foi concedida sem que preenchidos os
requisitos legais para tal medida, retomando a administração e gestão da empresa para ex-
sócio, sem que fosse dada a oportunidade de defesa aos atuais sócios".
Discorre que o "negócio entabulado pelas partes em 20-10-2023, denominado
de contrato particular de compra e venda de quotas partiu de solicitação do requerente, de
modo que os requeridos nunca procuraram o Sr. Robson para nenhum negócio. A empresa
RP Transportes acumulava dívidas incompatíveis com o seu faturamento, declaradas no
contrato, pelo Sr. Robson. em R$ 17.741.388,03".
Argumenta que "assumida a empresa pelo novo sócio, logo se percebeu que o
faturamento era muito aquém do declarado, o que determinou empréstimos provenientes do
requerido e fiador - Daniel Adami - suposto estelionatário, em importes mensais e
significativos, para a RP pagar a folha de salários, no valor histórico e acumulado de R$
320.819,00, assim como, na mesma linha, a Impetuosa (atual Batel), emprestou para a RP o
valor de R$ 290.819,00. Para esse mesmo fim de suprir salário, Batel conseguiu uma linha
de crédito a juros baixos junto ao Banco Libra, na ordem de R$ 250.000,00".
Afirma que "os valores nunca foram devolvidos, se mantendo em mútuo em
favor da RP. Logo se vê que a imputação de estelionato, atribuída aos requeridos, além de
leviana é absurda, pois o estelionatário não empresta dinheiro para a sua vítima, toma-o".
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Assevera que o "endividamento da RP também era superior ao declarado por
Robson, na caso do R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais), conforme apuração em due
diligence e previsto pelas partes no contrato (cláusula terceira, caput e parágrafos).
Portanto, o termo aditivo ao contrato reflete o número consensual, sobre o excesso
endividamento, mas não a dívida real, que supera os R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais)
e que foi absorvida pela RP, em ato de boa-fé, visando pacificar a situação e mediante
realinhamento dos pagamentos a serem feitos pelo requerente".
Alega que pagou entre outubro de 2023 a março de 2024 a soma de R$
1.546.729,98 (um milhão quinhentos e quarenta e seis mil setecentos e vinte e nove reais e
noventa e oito centavos), cujos pagamentos estavam "rigorosamente em dia" até a parcela de
março de 2024, sendo inverídica a afirmação da parte agravada de que recebeu apenas R$
200.000,00 (duzentos mil reais).
Menciona que o agravado quer retomar "à força a empresa vendida, embora o
adimplemento do comprador e sem manifestar intenção de devolução do que já recebeu".
Destaca que "não há obrigação no contrato no sentido de que as dívidas da RP
deveriam ser pagas pela Batel, mas sim equacionadas com credores públicos e privados. No
que tange a Robson, as garantias bancárias que ele havia assumido enquanto sócio foram
substituídas ou estavam em vias de fato. Foi exatamente o que aconteceu com o banco
Cresol, cuja dívida foi renegociada e substituído Robson da figura de garantidor. Os outros
dois bancos de relacionamento da RP são Sicred e Bradesco. O Sicredi estava em forte
negociação com a Batel quando Robson cancelou a renegociação e desmarcou a reunião
com o gerente responsável, na semana passada. Sobre o Bradesco, Robson não é garantidor
de nenhuma operação, mas também estava em renegociação".
Sublinha que, após a compensação no valor de R$ 450.000,00 (quatrocentos e
cinquenta mil reais) pelo perdimento do caminhão apreendido pela empresa transportadora
Vitória Transportes e Turismo Ltda em razão de dívida pessoal do agravado, este começou "a
praticar atos de deliberada sabotagem à operação da RP, associado a meliantes, passando
pela destruição de bens e veículos, espionagem, ameaça a funcionários da Batel, falsas
declarações de furto de caminhões para impedir a rodagem, depredações, cancelamento de
contratos estratégicos e tantos outros para poder dizer, com fez na inicial, que a empresa
está sendo mal gerida, arruinando seu patrimônio próprio e se encontra endividada".
Disse que formalizou notícia crime de: "i) ameaça; ii) uso de câmeras
clandestinas; iii) inclusão indevida de rastreamento de veículos para seu bloqueio; iv) óbices
para obtenção de veículos com cliente; v) roubou de veículos à mão armada; vi) depredação
e sabotagem voluntária de veículos".
Requereu, assim, a concessão de efeito suspensivo. Alternativamente, defende a
nomeação de administrador judicial de confiança do Juízo.
Este é o relatório
Decido.
O agravo é cabível, tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade,
razão pela qual defiro o seu processamento.
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Primeiramente, diante da complexidade da demanda, transcreve-se o relatório
da decisão agravada com o resumo dos fatos narrados pelo autor:
Relatou o autor que era proprietário de 100% (cem por cento) do capital social da sociedade
RP Transportadora Pegoraro Ltda., a qual tem como atividade principal o transporte
rodoviário de carga intermunicipal, interestadual e internacional, exceto produtos perigosos e
mudanças. Discorreu que, desde meados de 2023, a sociedade enfrentava momento de
dificuldades financeiras, com endividamento considerável. Que o requerido Fernando
Matheus Braga, pessoa conhecida desde sua infância, tinha conhecimento da situação e pelo
fato de ser corretor de intermediação de negócios e residir na cidade de Videira–SC, lhe
apresentou o Fundo de Investimento VTX Invest Ltda (Itauna Venture Capital S.A.), o qual
teria interesse em investir no ramo de transportes.
Aduziu que o requerido Fernando lhe apresentou outros corretores, os quais também tinham
conhecimento da condição financeira da sociedade RP Transportes e informaram conhecer
empresas vinculadas ao fundo de investimento, que atuavam com recuperação e quitação dos
passivos tributários, podendo entabular uma negociação de venda da sociedade pelo valor de
R$ 32.000.000,00 (trinta e dois milhões de reais), cobrando para isso uma comissão de R$
1.600.000,00 (um milhão e seiscentos mil reais), lhe sobrando aproximadamente R$
16.000.000,00 (dezesseis milhões de reais). Discorreu que deste valor, seriam descontados a
comissão de R$ 1.600.000,00 (um milhão e seiscentos mil reais) que seria pago "por fora" ao
requerido Fernando.
Suscitou que o núcleo central da negociação era que o fundo de investimento VTX Ltda
(requerida Itauna) adquiriria a sociedade RP Transportes e assumiria integralmente todo e
qualquer passivo tributário, trabalhista e financeiro, pelo valor R$ 17.000.000,00 (dezessete
milhões de reais). Que diante da proposta apresentada foi agendada reunião na cidade de
Curitiba-PR, onde estava presente o requerido Daniel Adami, o qual enfatizou que toda
negociação seria realizada com sua esposa, Vanessa de Cassia Cunico Cordova Adami, que se
apresentava como CEO da empresa de investimentos. Relatou que o requerido Daniel
informou não ter interesse nos imóveis de propriedade da RP Transportes, os quais deveriam
ser transferidos ao nome do autor.
Narrou que, na data de 20.10.2023, as partes assinaram a negociação, pactuado o valor de R$
17.741.388,30 (dezessete milhões, setecentos e quarenta e um mil trezentos e oitenta e oito
reais e trinta centavos) referente a compra do passivo tributário, fiscal, financeiro e
trabalhista e R$ 16.000.000,00 (dezesseis milhões de reais) decorrente da venda das quotas da
sociedade RP Transportes. Também, foi firmado que seria constituído uma nova pessoa
jurídica para prestação de serviços de assessoria consultiva, gestão e administração da
sociedade, recebendo o valor mensal de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) a este título. Que, em
momento posterior, foi realizado aditivo contratual, reduzindo o valor do passivo para R$
13.100.000,00 (treze milhões cem mil reais).
Discorreu que após a negociação, percebeu que a sociedade RP Transportes, na verdade, foi
adquirida pela requerida Batel Consultoria Empresarial (que se trataria de laranja) e o fundo
de investimentos VTX e o réu Daniel constam como fiadores solidários da
negociação. Asseverou que os requeridos não efetuaram o pagamento de nenhum débito da
sociedade e passaram a dilapidar o patrimônio, mediante a venda de alguns caminhões e
outros que foram levados até a cidade de São Paulo e desapareceram, referente a estes
veículos, narrou que a gerência pedia para os motoristas se deslocarem até São Paulo e
deixar o caminhão em estacionamento privado, poucas horas depois aparecia a mensagem de
sumiço de rastreador e violação de painel.
Disse que foi contatado por uma empresa de caminhões localizada na cidade de São Paulo, a
qual informou que o grupo VTX estaria vendendo 55 (cinquenta e cinco) caminhões pelo valor
de R$ 13.000.000,00 (treze milhões de reais), o que acarretaria o enceramento da sociedade
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RP Transportes. Discorreu que foi dolosamente induzido em erro ao assinar os referidos
contratos, sendo vítima de estelionato.
Em decorrência do que foi relatado na exordial, sobreveio a decisão agravada
que deferiu a tutela de urgência suspendendo a eficácia da cláusula compromissória pactuada,
bem como dos efeitos dos contratos entabulados entre as partes, reconduzindo-se o autor aos
poderes de administração da sociedade RP Transportes Pegoraro.
De sobredita decisão, a requerida interpôs o presente agravo de instrumento,
alegando a validade da cláusula arbitral e a impossibilidade de afastá-la em tutela de
urgência, diante da incompetência absoluta do Juízo Estatal, além de vindicar a concessão
de efeito suspensivo em razão da ausência de preenchimento dos requisitos para a concessão
da tutela de urgência.
Diante desse quadro fático, passo à analise do pedido de efeito suspensivo, cujo
acolhimento pressupõe o preenchimento dos requisitos estabelecidos no art. 995, parágrafo
único, do CPC/2015, que preceitua: "a eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por
decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de
difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do
recurso".
A propósito, colhe-se da doutrina especializada:
"A suspensão da decisão recorrida por força de decisão judicial está subordinada à
demonstração da probabilidade de provimento do recurso (probabilidade do direito alegado
no recurso, o fumus boni iuris recursal) e do perigo na demora (periculum in mora). [...]. O
que interessa para a concessão de efeito suspensivo, além da probabilidade de provimento
recursal, é a existência de perigo na demora na obtenção do provimento recursal"
(MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo
código de processo civil comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 1055-1056).
Salienta-se que os mencionados requisitos - fumus boni iuris recursal
e periculum in mora - são cumulativos, de modo que, estando ausente um deles, é
desnecessário se averiguar a presença do outro.
Assim, o acolhimento do pedido de efeito suspensivo pressupõe a existência da
relevância da motivação do agravo e do receio de lesão grave e de difícil reparação.
Gize-se, ademais, que, para fins de concessão do efeito suspensivo, a temática
ventilada deve reclamar maior urgência, ou seja, deve existir uma circunstância fática (um
"plus") que revele a gravidade que a manutenção da decisão objurgada possa causar à parte,
de maneira que justifique, por consectário, a suspensão dos efeitos do decisum.
Verifica-se que o reclamo elenca três pontos: a) a validade da cláusula arbitral,
b) a incompetência absoluta do juízo estatal; c) a ausência de preenchimento dos requisitos
para a concessão da tutela de urgência.
No caso, em sede de cognição sumária, própria deste momento processual,
verifico a relevância da fundamentação, bem como o risco de dano decorrente da decisão
agravada até que sobrevenha a definição pelo Colegiado sobre a temática recursal.
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No tocante à defendida validade da cláusula compromissória e à incompetência
da Justiça Estatal para análise da validade do contrato e da própria cláusula arbitral,
necessário explicar que a cláusula compromissória estabelece que as partes, por convenção,
comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, em decorrência
do negócio jurídico por elas firmado.
Conforme disciplina o Código Civil, em seu art. 853: "Admite-se nos contratos
a cláusula compromissória, para resolver divergências mediante juízo arbitral, na forma
estabelecida em lei especial".
Especificamente quanto à cláusula compromissória, o art. 4º da Lei 9.307/96
(Lei da Arbitragem) define:
A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um contrato
comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a
tal contrato. § 1º A cláusula compromissória deve ser estipulada por escrito, podendo estar
inserta no próprio contrato ou em documento apartado que a ele se refira.
Fixadas essas premissas, salienta-se que referida cláusula desdobra-se em duas
modalidades: cheia ou vazia, como leciona Luiz Antonio Scavone Jr.:
A cláusula arbitral cheia é aquela que contém os requisitos mínimos para que possa ser
instaurado o procedimento arbitral (as condições mínimas que o art. 10 da Lei de Arbitragem
impõe para o compromisso arbitral), como, por exemplo, a forma de indicação dos árbitros, o
local etc., tornando prescindível o compromisso arbitral.
A cláusula arbitral vazia (ou em branco) é aquela em que as partes simplesmente se obrigam a
submeter seus conflitos à arbitragem, sem estabelecer, contudo, as regras mínimas para
desenvolvimento da solução arbitral e, tampouco, indicar as regras de uma entidade
especializada, tornando necessário, ao surgir o conflito, que as partes, antes de dar início à
arbitragem, firmem, além da cláusula arbitral, um compromisso arbitral. (SCAVONE
JÚNIOR, Luiz Antonio. Manual de arbitragem: mediação e conciliação. 7. ed. rev., atual. e
ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2016. p. 89/91).
In casu, depreende-se do pacto em análise que o compromisso arbitral foi
estabelecido através de cláusula cheia, uma vez que foi determinada a entidade a qual as
partes delegaram a indicação de árbitros (art. 10, II, da Lei 9.307/96): Câmara de Mediação
e Arbitragem da Associação Comercial do Paraná – ARBITAC (Evento 1, CONTR6):
Contrato:
DA ARBITRAGEM
CLÁUSULA VIGÉSIMA SEGUNDA. Qualquer litígio resultante da e/ou relativo à
interpretação ou execução do presente Contrato e respectivos anexos, deve, obrigatória,
exclusiva e definitivamente ser resolvido por Arbitragem, de acordo com a Lei 9.307/96 e com
o Regulamento de Arbitragem da Câmara de Mediação e Arbitragem da Associação
Comercial do Paraná – ARBITAC, por um ou mais árbitros nomeados em conformidade com
seu Regulamento de Arbitragem Ordinária.
Parágrafo único. A arbitragem será julgada por árbitro único. O lugar da arbitragem será a
cidade de
Curitiba/PR. O idioma será o português. As Partes expressamente estabelecem que não
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haverá condenação em honorários sucumbenciais, assim como será terminantemente proibido
o julgamento por equidade. (Evento 1, CONTR6).
Aditivo do Contrato:
CLÁUSULA DÉCIMA. Qualquer litígio resultante da e/ou relativo à interpretação ou
execução do presente Aditivo Contratual e respectivos anexos, deve, obrigatória, exclusiva e
definitivamente ser resolvido por Arbitragem, de acordo com a Lei 9.307/96 e com o
Regulamento de Arbitragem da Câmara de Mediação e Arbitragem da Associação Comercial
do Paraná – ARBITAC, por um ou mais árbitros nomeados em conformidade com seu
Regulamento de Arbitragem Ordinária.
Parágrafo único. A arbitragem será julgada por árbitro único. O lugar da arbitragem será a
cidade de
Curitiba/PR. O idioma será o português. As Partes expressamente estabelecem que não
haverá condenação em honorários sucumbenciais, assim como será terminantemente proibido
o julgamento por equidade. Extensivamente, as partes adotam o Regulmento da ARBITAC no
que concerne à arbitragem de emergência e à arbitragem expedita, caso assim comporte o
pleito. (Evento 1, CONTR7).
Dito isso e mediante a já propalada complexidade do caso, impõe-se, em caráter
liminar, dirimir a questão central do recurso delimitada na controvérsia quanto à validade da
cláusula arbitral e sua suspensão "até o julgamento da lide" determinada pelo Juízo a quo.
Como instrumento jurisdicional de resolução de conflitos, a arbitragem se
alicerça em determinados princípios, dentre eles o princípio da Kompetenz-
Kompetenz (ou Compétence-Compétence), que segundo Ricardo Stersi dos Santos e Rafael
Peteffi da Silva:
"[...] estabelece uma "hierarquia cronológica" entre a jurisdição do árbitro e a dos órgãos do
Poder Judiciário no que diz respeito ao julgamento da competência outorgada, pelas partes,
na convenção de arbitragem. Cabe, assim, ao árbitro, decidir por primeiro as questões
atinentes a existência e a validade da convenção de arbitragem bem como interpretar a
extensão dos próprios poderes fixados na convenção.
[...] A partir da aplicação do princípio Compétence-Compétence fica estabelecido, como
regra, que a ordem cronológica da apreciação jurisdicional se inicia com o árbitro, cabendo
ao mesmo julgar, por primeiro, os limites da sua própria jurisdição. A judicialização da
questão só ocorre num segundo momento, após o prolatação da decisão do árbitro sobre a sua
jurisdição, e por meio dos procedimentos específicos previstos na lei aplicável (no Brasil o
artigo 33 da Lei 9307/96)" (SANTOS, Ricardo S. S.; SILVA, Rafael Peteffi da. Princípio
Compétence-Compétence: Amplitude, limitações e aplicabilidade na arbitragem comercial. In:
III ENCONTRO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DO CONPEDI, 1., 2015, Madrid/Espanha.
Direito Mercantil, Direito Civil, Direito do Consumidor, Novas Tecnologias Aplicadas ao
Direito, v. 8.. Madrid: Ediciones Laborum, 2015. p. 88-106. [p. 91-92]).
Outrossim, na Lei 9.307/96, o princípio da competência-competência está
inserido no parágrafo único do art. 8º: "Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por
provocação das partes, as questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção
de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula compromissória".
Logo, há que se considerar que frente à hierarquia cronológica entre o árbitro e
o juiz togado, o árbitro é quem decide, em primeiro lugar, a respeito de sua competência para
conhecer acerca de determinada controvérsia.
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Sobre o assunto, aliás, já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:
RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. CONTRATO DE FRANQUIA. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. NÃO OCORRÊNCIA.
CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA. INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO ESTATAL. KOMPETENZ-
KOMPETENZ.
1- Ação ajuizada em 14/12/2010. Recurso especial interposto em 16/7/2012.
2- O propósito recursal é definir se o Juízo da 8ª Vara Cível Central da Comarca de São Paulo
- SP é competente para processar e julgar a presente ação, em razão da existência de cláusula
arbitral no contrato de franquia que constitui o objeto da lide.
3- Ausentes os vícios do art. 535 do CPC, rejeitam-se os embargos de declaração.
4- A convenção de arbitragem prevista contratualmente afasta a jurisdição estatal, impondo
ao árbitro o poder-dever de decidir as questões decorrentes do contrato, além da própria
existência, validade e eficácia da cláusula compromissória.
5- Recurso especial provido. (STJ. REsp 1597658/SP, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas
Cueva, Rel. p/ Acórdão Ministra Nancy Andrighi, j. em 18-05-2017, DJe 10-08-2017 - grifou-
se).
PROCESSO CIVIL. CONVENÇÃO ARBITRAL. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC NÃO
CONFIGURADA. ANÁLISE DA VALIDADE DE CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA "CHEIA".
COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DO JUÍZO CONVENCIONAL NA FASE INICIAL DO
PROCEDIMENTO ARBITRAL. POSSIBILIDADE DE EXAME PELO JUDICIÁRIO
SOMENTE APÓS A SENTENÇA ARBITRAL.
1. Não ocorre violação ao artigo 535 do Código de Processo Civil quando o Juízo, embora de
forma sucinta, aprecia fundamentadamente todas as questões relevantes ao deslinde do feito,
apenas adotando fundamentos divergentes da pretensão do recorrente. Precedentes.
2. A cláusula compromissória "cheia", ou seja, aquela que contém, como elemento mínimo a
eleição do órgão convencional de solução de conflitos, tem o condão de afastar a competência
estatal para apreciar a questão relativa à validade da cláusula arbitral na fase inicial do
procedimento (parágrafo único do art. 8º, c/c o art. 20 da LArb).
3. De fato, é certa a coexistência das competências dos juízos arbitral e togado relativamente
às questões inerentes à existência, validade, extensão e eficácia da convenção de arbitragem.
Em verdade - excluindo-se a hipótese de cláusula compromissória patológica ("em branco")
-, o que se nota é uma alternância de competência entre os referidos órgãos, porquanto a
ostentam em momentos procedimentais distintos, ou seja, a possibilidade de atuação do
Poder Judiciário é possível tão somente após a prolação da sentença arbitral, nos termos dos
arts. 32, I e 33 da Lei de Arbitragem.
4. No caso dos autos, desponta inconteste a eleição da Câmara de Arbitragem Empresarial
Brasil (CAMARB) como tribunal arbitral para dirimir as questões oriundas do acordo
celebrado, o que aponta forçosamente para a competência exclusiva desse órgão
relativamente à análise da validade da cláusula arbitral, impondo-se ao Poder Judiciário a
extinção do processo sem resolução de mérito, consoante implementado de forma escorreita
pelo magistrado de piso.
Precedentes da Terceira Turma do STJ.
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5. Recurso especial provido. (STJ. REsp 1278852/MG, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, j.
em 21-05-2013, DJe 19-06-2013 - grifou-se).
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
EXECUÇÃO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. COMPROMISSO ARBITRAL. DÍVIDA
ILÍQUIDA. COMPETÊNCIA. CONHECIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS
PREENCHIDOS. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 1. Preenchidos
os requisitos para a análise do recurso especial, descabe a menção a qualquer súmula que
obste seu conhecimento. 2. A previsão contratual de convenção de arbitragem enseja o
reconhecimento da competência do Juízo arbitral para decidir com primazia sobre o Poder
Judiciário as questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de
arbitragem e do contrato que contenha a cláusula compromissória, sendo inviável o
prosseguimento do processo sob a jurisdição estatal, resultando na extinção do feito sem
resolução de mérito (AgInt no AgInt no AREsp n. 1.800.832/MG, relator Ministro Ricardo
Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, julgado em 6/3/2023, DJe de 10/3/2023). 3. Agravo
interno não provido. (AgInt no REsp 1744143/RS, rel Min. Moura Ribeiro. Terceira Turma, j.
19-4-2023).
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO
ANULATÓRIA DE CLÁUSULA ARBITRAL C/C DECLARAÇÃO DE NULIDADE DE
PROCEDIMENTO ARBITRAL E INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. EMBARGOS
DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE OU ERRO MATERIAL.
NÃO OCORRÊNCIA. SENTENÇA ARBITRAL. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA SENTENÇA.
PRAZO DECADENCIAL DE 90 DIAS. JURISDIÇÃO ARBITRAL. COISA JULGADA
MATERIAL. HIPÓTESES EXEPCIONAIS DE REVOLVIMENTO PELO PODER JUDICIÁRIO
PREVISTAS NOS INCISOS DO ART. 32 DA LEI 9307/96. SÚMULA 568/STJ.
PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA 211/STJ.
1. Ação anulatória de cláusula arbitral c/c declaração de nulidade de procedimento arbitral e
indenização por danos materiais.
2. Ausentes os vícios do art. 1.022 do CPC, rejeitam-se os embargos de declaração.
3. A jurisprudência do STJ é no sentido de que se a declaração de nulidade com fundamento
nas hipóteses taxativas previstas no art. 32 da Lei de Arbitragem for pleiteada por meio de
ação própria, impõe-se o respeito ao prazo decadencial de 90 (noventa) dias, contado do
recebimento da notificação da respectiva sentença, parcial ou final, ou da decisão do pedido
de esclarecimentos. (REsp n. 2.001.912/GO, Terceira Turma, DJe de 23/6/2022 e REsp n.
1.862.147/MG, Terceira Turma, DJe de 20/9/2021.) 4. Segundo a regra da Kompetenz-
Kompetenz, o próprio árbitro é quem decide, com prioridade ao juiz togado, a respeito de
sua competência para avaliar a existência, validade ou eficácia do contrato que contém a
cláusula compromissória, nos termos dos arts. 8º, parágrafo único, e 20, da Lei nº
9.307/1996. O caráter jurisdicional da arbitragem, decorrente da regra Kompetenz-
Kompetenz, prevista no artigo 8º da lei de regência, impede a busca da jurisdição estatal
quando já iniciado o procedimento arbitral, operando-se o efeito negativo da arbitragem
previsto no art. 485, VII, do NCPC. (AgInt nos EDcl no AgInt no CC 170.233/SP, Segunda
Seção, DJe 19/10/2020) 5. A ausência de decisão acerca dos dispositivos legais indicados
como violados, não obstante a interposição de embargos de declaração, impede o
conhecimento do recurso especial.
6. Agravo interno não provido (AgInt no AREsp n. 2.332.620/PR, relatora Ministra Nancy
Andrighi, Terceira Turma, julgado em 23/10/2023, DJe de 25/10/2023.)
Inclusive, a jurisprudência desta Corte não destoa:
APELAÇÃO CÍVEL E AGRAVO RETIDO. RECURSOS DA PARTE RÉ. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA NA ORIGEM. AFASTADA PRELIMINAR DE CARÊNCIA DE AÇÃO.
ANÁLISE DA VALIDADE DE CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA "CHEIA".
COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DO JUÍZO ARBITRAL. POSSIBILIDADE DE EXAME
PELO JUDICIÁRIO SOMENTE APÓS A SENTENÇA ARBITRAL. SENTENÇA CASSADA.
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EXTINÇÃO DO FEITO, SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, NOS TERMOS DO ART. 485, INC.
VII, DO CPC. RECURSO DE AGRAVO RETIDO PROVIDO. APELO PREJUDICADO. "A
cláusula compromissória "cheia", ou seja, aquela que contém, como elemento mínimo a
eleição do órgão convencional de solução de conflitos, tem o condão de afastar a competência
estatal para apreciar a questão relativa à validade da cláusula arbitral na fase inicial do
procedimento (parágrafo único do art. 8º, c/c o art. 20 da LArb)" (REsp 1278852/MG, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, j. 21-5-2013). (TJSC, Apelação n. 0002607-74.2007.8.24.0073, de
Timbó, rel. Stanley da Silva Braga, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 05-05-2016).
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE RITO ORDINÁRIO. RESOLUÇÃO DE PARTE
REMANESCENTE DE CONTRATO. ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. PEDIDO
DE SUSPENSÃO DE IMISSÃO NA POSSE DE IMÓVEIS FUNDADO EM SENTENÇA
ARBITRAL. INDEFERIMENTO DO PLEITO DE URGÊNCIA. RECURSO DOS
AUTORES. ANÁLISE DA EFICÁCIA E ALCANCE DE CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA
CHEIA. PRINCÍPIO DO KOMPETENZ-KOMPETENZ. COMPETÊNCIA EXCLUSIVA
DO JUÍZO CONVENCIONAL NA FASE INICIAL DO PROCEDIMENTO ARBITRAL.
POSSIBILIDADE DE EXAME PELO JUDICIÁRIO APÓS SENTENÇA ARBITRAL. " (...) 2. A
cláusula compromissória "cheia", ou seja, aquela que contém, como elemento mínimo a
eleição do órgão convencional de solução de conflitos, tem o condão de afastar a
competência estatal para apreciar a questão relativa à validade da cláusula arbitral na fase
inicial do procedimento (parágrafo único do art. 8º, c/c o art. 20 da LArb). 3. De fato, é certa
a coexistência das competências dos juízos arbitral e togado relativamente às questões
inerentes à existência, validade, extensão e eficácia da convenção de arbitragem. Em verdade
- excluindo-se a hipótese de cláusula compromissória patológica ("em branco") -, o que se
nota é uma alternância de competência entre os referidos órgãos, porquanto a ostentam em
momentos procedimentais distintos, ou seja, a possibilidade de atuação do Poder Judiciário é
possível tão somente após a prolação da sentença arbitral, nos termos dos arts. 32, I e 33 da
Lei de Arbitragem." (REsp 1278852/MG, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA
TURMA, julgado em 21/05/2013, DJe 19/06/2013) NECESSIDADE DE ANÁLISE DA
QUESTÃO PELO JUÍZO CONVENCIONAL, DIANTE DA NEGATIVA DE
PROCESSAMENTO DE PLEITO RECONVENCIONAL EM PROCEDIMENTO ARBITRAL
ANTERIOR. LIMITE OBJETIVO DA SENTENÇA ARBITRAL. AUSÊNCIA DE COISA
JULGADA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 469 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. NOVO
PROCEDIMENTO ARBITRAL JÁ INSTAURADO. "Dispõe o art. 469, III, do Código de
Processo Civil que não faz coisa julgada a apreciação de questão prejudicial, decidida
incidentemente no processo" (sic), pelo que tais questões são decididas com eficácia interna
(preclusão), como o são de resto, todas as questões emergentes no processo, mas nunca
julgadas com eficácia externa (coisa julgada material), que garante às decisões arbitrais
autoridade além do processo em que são proferidas. Se pretenderem as partes, na arbitragem,
que a questão prejudicial faça coisa julgada, com o alcance do art. 470 do Código de
Processo Civil, devem convencioná-lo, e, se não o fizerem originariamente, devem fazê-lo por
aditamento ao compromisso, no curso da demanda arbitral. Havendo resistência de qualquer
das partes à celebração do aditamento, fica excluída qualquer possibilidade de ação
declaratória incidental, em sede arbitral, permanecendo a questão prejudicial em residência
periférica, sem condições de residir no núcleo da demanda principal; será apreciada, mas não
julgada." (CARREIRA ALVIM, J. E. Direito Arbitral. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007) p.
377-9) op. cit. 299). ACOLHIMENTO DE CONTRARRAZÃO ERIGIDA PELO AGRAVADO.
EFEITO TRANSLATIVO DO RECURSO. EXTINÇÃO DA AÇÃO ORIGINÁRIA. RECURSO
NÃO CONHECIDO. (TJSC, Agravo de Instrumento n. 2014.006546-3, de São José, rel. Des.
Altamiro de Oliveira, Quarta Câmara de Direito Comercial, j. 15-07-2014 - grifou-se).
AGRAVO INTERNO EM APELAÇÃO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. MAGISTRADA A QUO
QUE ACOLHE A PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO ESTATAL EM
DECORRÊNCIA DO COMPROMISSO ARBITRAL ENTABULADO ENTRE AS PARTES E
JULGA EXTINTOS, SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, OS EMBARGOS E A DEMANDA
EXECUTIVA. DISCUSSÃO SOBRE A VALIDADE E EFICÁCIA DO CONTRATO
PARTICULAR DE MÚTUO FENERATÍCIO. COMPETÊNCIA DO JUÍZO ARBITRAL
PARA DECIDIR AS QUESTÕES ACERCA DA EXISTÊNCIA, VALIDADE E EFICÁCIA
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DA CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM E DO CONTRATO QUE CONTENHA A
CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA. DECISÃO MONOCRÁTICA MANTIDA. PEDIDO DE
CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO, NESTE CENÁRIO, PREJUDICADO. RECURSO
DESPROVIDO (TJSC, Apelação n. 5009187-67.2021.8.24.0033, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Torres Marques, Quarta Câmara de Direito Comercial, j. 03-10-2023).
E de minha relatoria:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO INIBITÓRIA COM PEDIDO DE TUTELA DE
URGÊNCIA. DECISÃO QUE RECONHECEU A INCOMPETÊNCIA DESTE TRIBUNAL
ANTE A CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA DE ARBITRAGEM PARA SOLUÇÃO DOS
CONFLITOS E DEFERIU O PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA PARA VEDAR A
ABSTENÇÃO DO CUMPRIMENTO DO CONTRATO DE FRANQUIA ENTABULADO
ENTRE AS PARTES. IRRESIGNAÇÃO DO AUTOR. ALEGAÇÃO DE QUE A HIPÓTESE
CONCRETA DISPENSA A ARBITRAGEM. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE PELA
CORTE ESTADUAL DA EXTENSÃO DA CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA CHEIA.
PRINCÍPIO DO KOMPETENZ-KOMPETENZ. PRECEDENTES DESTA CORTE E DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. "A convenção de arbitragem prevista
contratualmente afasta a jurisdição estatal, impondo ao árbitro o poder-dever de decidir as
questões decorrentes do contrato, além da própria existência, validade e eficácia da cláusula
compromissória". (STJ. REsp 1597658/SP, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. p/
Acórdão Ministra Nancy Andrighi, j. em 18-05-2017, DJe 10-08-2017). REQUERIDA
ALTERAÇÃO DO MARCO INICIAL DO LAPSO TEMPORAL PARA INSTITUIÇÃO DO
JUÍZO ARBITRAL. AUDIÊNCIA ARBITRAL JÁ DESIGNADA. RECURSO PREJUDICADO
NO TÓPICO. RECURSO CONHECIDO EM PARTE E NÃO PROVIDO. (TJSC, Agravo de
Instrumento n. 4026185-71.2017.8.24.0000, da Capital, rel. Jaime Machado Junior, Terceira
Câmara de Direito Comercial, j. 03-05-2018).
Ademais, a intervenção anterior do Judiciário no intuito de afastar a jurisdição
do árbitro ou do Tribunal Arbitral constitui-se, além de evidente violação ao art. 8º da Lei
9.307/96, desrespeito aos princípios basilares da Teoria dos Contratos (pacta sunt
servanda - o contrato é lei entre as partes, o principio da boa fé - art. 422 do Código Civil - e
o venirem contra factum proprium), porquanto aplicáveis à cláusula compromissória.
Ressalta-se, na hipótese, que, ao mesmo tempo que o autor fundamenta a
nulidade da cláusula compromissória no seu desconhecimento do que esta representaria de
fato, afirma expressamente que concordou por duas vezes com aludida cláusula (contrato
principal e no aditivo), bem como que teve assessoria jurídica para análise do contrato (e
durante toda negociação) pelo advogado Melchior Berté, vejamos:
Contudo, se repete o caso do primeiro contrato: INEXISTÊNCIA DE ASSESSORAMENTO
para fins de Cláusula Arbitral, visto que, embora o aditivo tenha sido assinado pelos
Advogados, nenhum deles se deu o trabalho de explicar ao Requerente o significado dos
termos jurídicos presentes na cláusula.
[...]
O Requerente, apesar de na data contar com assessoria de Advogado (não destes subscritores)
constituído pela RP Transportes especialmente para acompanhamento de ações trabalhistas,
não recebeu orientação jurídica clara e eficaz. Assim, mesmo sem compreender plenamente o
teor da cláusula de arbitragem e suas consequências, concordou com a referida cláusula,
confiando na boa-fé das partes envolvidas. (Evento 1, INIC1).
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Nesse contexto, não se tratando de contrato de adesão e havendo plena ciência
do requerente quanto à existência de referida cláusula contratual no negócio jurídico
celebrado, cabe apenas ao árbitro analisar a validade da cláusula arbitral e, considerando-a
válida, se há ou não nulidade do contrato por dolo e erro decorrente de alegado vício de
consentimento.
Logo, resta constatada a probabilidade do direito alegado da parte agravante e o
perigo de dano decorrente da decisão agravada, uma vez que se denota a impossibilidade de
suspensão da eficácia da cláusula compromissória arbitral e medidas relacionadas deste
afastamento pela Justiça Estadual.
Consigna-se, por oportuno, que "a decisão que o árbitro tomar a respeito da
questão que vier a ser submetida acerca da existência, validade, extensão e eficácia da
convenção de arbitragem não será, de qualquer modo, inatacável, eis que poderá a parte
eventualmente inconformada utilizar-se do expediente de que trata o art. 32 para impugnar a
decisão final" (Carmona, Carlos Alberto. Arbitragem e processo: um comentário à Lei no
9.307/96. 3. ed. rev., atual. e ampl.. São Paulo: Atlas, 2009, p. 175).
Nesse cenário, mantida a submissão do caso ao juízo arbitral, oportuno salientar
que cabe ao Poder Judiciário apenas evitar eventual risco de prejuízo irreparável ou de difícil
reparação que possa ocorrer entre o momento da distribuição da medida cautelar e da efetiva
instituição da arbitragem, quando então o juízo arbitral passa a ter competência para a
resolução da celeuma, a qual deve ser requerida em até 30 dias, a contar da efetivação de
medida.
Prescreve o art. 22-A da Lei n. 9.307/96, in verbis:
Art. 22-A. Antes de instituída a arbitragem, as partes poderão recorrer ao Poder Judiciário
para a concessão de medida cautelar ou de urgência.
Parágrafo único. Cessa a eficácia da medida cautelar ou de urgência se a parte interessada
não requerer a instituição da arbitragem no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data de
efetivação da respectiva decisão.
No caso, a decisão agravada determinou inaudita altera parte, a suspensão dos
efeitos jurídicos dos contratos entabulados entre as partes, com a recondução imediata do
agravado (vendedor) ao poderes de administração da empresa RP Transportes Pegoraro.
Após análise detida dos autos, verifico igualmente a probabilidade do direito
alegado pela parte agravante suficiente a afastar medida tão gravosa, notadamente sem que
tenha sido implementado o devido contraditório no juízo de origem, sendo certo que é
pacífico na jurisprudência que o afastamento de proprietário, ou então de sócio administrador,
constituído no contrato social, deve ser medida excepcionalíssima, justificada apenas quando
existirem provas contundentes e inequívocas de alegado vício de consentimento, o que, para
o caso em liça, ainda demanda maior dilação probatória.
Aliado a tal constatação, tem-se que é evidente o perigo de dano à parte
agravante, uma vez que, com a recondução do autor, então vendedor, à administração da
empresa, este poderá tomar decisões administrativas e de gestão divergentes daquelas que
seriam tomadas pela compradora (agravante).
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Nessa senda, não obstante a animosidade instaurada e os interesses que
circundam a questão, reputo prudente a suspensão da decisão agravada, notadamente porque
se atrela ao próprio mérito objeto da lide, a ser analisado pelo juízo arbitral.
Conforme alhures referido, ao Juízo Estatal resta a análise de medidas
cautelares ou de urgência até a instituição da arbitragem, sendo que, diante da celeuma em
voga e atento as versões apresentadas, que são manifestamente colidentes, deve-se adotar,
neste estágio processual incipiente, medidas tendentes a preservação do patrimônio da pessoa
jurídica.
O negócio jurídico foi celebrado pelas partes após intensas conversas e
reuniões. O objeto é lícito e as partes são capazes, de modo que competia à parte agravada ter
adotado os cuidados necessários antes de optar pela celebração da venda integral da empresa
para a agravante.
O dolo criminal não se confunde com o dolo civil, este elencado como hipótese
a anulação do negócio jurídico.
Nessa cenário, não há como suspender os efeitos jurídicos decorrentes do
contrato de compra e venda de cotas sociais apenas pela versão da inicial. Eventual risco de
inadimplência do pacto ou de dilapidação de patrimônio não pode ser interpretado
isoladamente como vício de consentimento de dolo ou erro, sobretudo para a hipótese
vertente, que, reforça-se, demanda inequívoca dilação probatória, com devida observância do
contraditório e da ampla defesa.
De gizar que a análise do reclamo se restringe ao acerto ou desacerto da decisão
agravada com os elementos de provas até então submetidos ao juízo de origem. Não obstante
o vasto acervo probatório coligido com a exordial, inexiste prova inequívoca para o caso aqui
vertido do vício de consentimento (erro e dolo) alegado pela parte agravada, cujo ônus
probatório lhe compete, na forma do art. 333, I, do CPC.
Mutatis mutandis, cito precedente de minha relatoria:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA DE NEGÓCIO JURÍDICO CUMULADA
COM INDENIZAÇÃO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA.
CONTRARRAZÕES. PRELIMINAR DE INOVAÇÃO RECURSAL ESPECIFICAMENTE
ACERCA DA ALEGAÇÃO DO APELANTE DE QUE O CONTRATO SEQUER TERIA
OBJETO POSSÍVEL. ANÁLISE DISPENSADA EM RAZÃO DO JULGAMENTO FAVORÁVEL
DE MÉRITO. INCIDÊNCIA DO ART. 488 DO CPC. PRECEDENTES.
INSURGÊNCIA DO AUTOR.
ALEGAÇÃO DE DOLO OMISSIVO NA CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO DE
COMPRA E VENDA DE COTAS SOCIAIS. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE VÍCIO DE
CONSENTIMENTO. CONJUNTO PROBATÓRIO QUE NÃO CORROBORA A TESE DA
EXORDIAL. DEMANDANTE QUE NÃO SE DESINCUMBIU DE COMPROVAR OS FATOS
CONSTITUTIVOS DE SEU DIREITO. ART. 373, I, DO CPC.
"O dolo representa o induzimento malicioso de uma das partes para a concretização da
avença. Para que seja cabível a anulação do ato por dolo, este deve ser a causa
preponderante. Nos termos do inciso I do art. 373 do CPC, o ônus da prova incumbe ao
contratante que o alega. Em contrato de cessão integral de cotas de estabelecimento
empresarial, a verificação não só das condições físicas do estabelecimento e do seu
patrimônio, bem como das finanças e contabilidade do empreendimento, constituem diligência
imprescindível a ser realizada, de forma prévia, pelo contratante. Ausente prova do dolo,
hígido se mantém o negócio" (TJSC, Apelação Cível n. 0002840-18.2006.8.24.0005, de
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Balneário Camboriú, rel. Gilberto Gomes de Oliveira, Terceira Câmara de Direito Comercial,
j. 21-05-2020) [...] (TJSC, Apelação n. 0301418-80.2016.8.24.0005, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Jaime Machado Junior, Terceira Câmara de Direito Comercial, j. 26-05-
2022).
Nesse diapasão, considerando estar presente a probabilidade do direito alegado,
bem como evidente o perigo de dano causado pela decisão atacada, deve a parte
agravante/requerida ser reconduzida à administração da empresa RP Transportes Pegoraro,
CNPJ n. 26.420.678/0001-17, bem como ficam preservados os efeitos jurídicos da 6ª
alteração contratual decorrentes do contrato de compra e venda de cotas sociais.
Contudo, levando-se em conta o contexto dos autos, há que se considerar a
dimensão das acusações trocadas por ambas as partes em suas petições, que envolvem desde
o apontado envolvimento da requerida/agravante com quadrilhas especializadas na compra e
esvaziamento do patrimônio de empresas por todo território nacional - relacionada
à "Operação Parasita" investigada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (Evento
1, DOCUMENTACAO53 e ss.) e ao processo n. 5007448-76.2023.8.21.0064 (TJRS). - ao
roubo de caminhões da empresa por "supostos" aliados do recorrido (notitia criminis), além
de ameaças a funcionários, sabotagem, câmeras clandestinas e rastreamento indevido de
veículos para bloqueio, ou seja, alegações que repercutem, invariavelmente, em toda a
sociedade empresarial.
Assim, de ofício, com fulcro no poder geral de cautela, à luz do art. 139, IV, do
CPC, reputo que algumas medidas preventivas devem ser adotados pelo Juízo para
salvaguardar o patrimônio da empresa e os interesses de ambas as partes, a destacar:
I) impossibilidade de ser realizada qualquer medida de alienação de bens da
empresa RP Transportes Pegoraro, CNPJ n. 26.420.678/0001-17, salvo mediante expressa
autorização judicial, inclusive com bloqueio pelos sistemas conveniados pelo CNJ (Renajud e
CNIB), a ser implementado pelo juízo de origem;
II) manutenção da suspensão da abertura da filial da sociedade RP Transportes
Pegoraro, CNPJ n. 26.420.678/0001-17;
III) medida de arrolamento de bens a ser determinada pelo juízo de origem, a
fim de que seja pormenorizado todo o patrimônio atual da empresa (bens móveis e imóveis).
Nas lições de Daniel Amorim Assumpção Neves: "[...] procede-se o
arrolamento sempre que existir um fundado receio de extravio ou dissipação de
bens" (Manual de Direito Processual Civil, 6. ed., São Paulo: Método, 2014, p. 1461 –
grifou-se).
O deferimento, de ofício, do arrolamento dos bens se justifica pelo interesse de
ambas as partes na conservação destes, sendo medida apta à segurança do direito em litígio.
A propósito, deve ser mantida a restrição de transferência via sistema Renajud
determinada pela decisão posterior do evento 26.
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Já decidiu esta Câmara, "só antes de instituída a arbitragem podem as partes
recorrer ao Judiciário para a concessão das medidas cautelares ou de urgência, de modo
que, uma vez instituída a arbitragem, caberá aos próprios árbitros manter, modificar ou
revogar a medida cautelar" (TJSC, Agravo de Instrumento n. 2015.058728-5, da Capital, rel.
Gilberto Gomes de Oliveira, Terceira Câmara de Direito Civil, j. 01-03-2016).
Ante o exposto, presentes os requisitos cumulativos legais, DEFIRO o pedido
de efeito suspensivo, nos termos da fundamentação, de modo que fica mantida a eficácia da
cláusula arbitral, bem como que a parte agravante/requerida deve ser reconduzida
imediatamente à administração da empresa RP Transportes Pegoraro, CNPJ n.
26.420.678/0001-17, retomados os efeitos jurídicos da 6ª alteração contratual.
Com fulcro no poder geral de cautela, à luz do art. 139, IV, do CPC, algumas
medidas preventivas devem ser adotados pelo Juízo para salvaguardar o patrimônio da
empresa e os interesses de ambas as partes, são elas:
I) impossibilidade de ser realizada qualquer medida de alienação de bens da
empresa RP Transportes Pegoraro, CNPJ n. 26.420.678/0001-17, salvo mediante expressa
autorização judicial, inclusive com bloqueio pelos sistemas conveniados pelo CNJ (Renajud e
CNIB), a ser implementado pelo juízo de origem;
II) manutenção da suspensão da abertura da filial da sociedade RP Transportes
Pegoraro, CNPJ n. 26.420.678/0001-17;
III) medida de arrolamento de bens a ser determinada pelo juízo de origem, a
fim de que seja pormenorizado todo o patrimônio atual da empresa (bens móveis e imóveis).
Comunique-se imediatamente ao Juízo de origem.
Oficie-se à Junta Comercial do Estado de Santa Catarina acerca da
presente decisão.
Cumpra-se o disposto no art. 1.019, II, do CPC/15.
Após, encaminhem-se os autos à Procuradoria-Geral de Justiça.
Publique-se. Intimem-se.
Documento eletrônico assinado por JAIME MACHADO JUNIOR, Desembargador, na forma do artigo 1º, inciso III,
da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço
eletrônico https://eproc2g.tjsc.jus.br/eproc/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 4729293v60 e
do código CRC 63438814.
Informações adicionais da assinatura:
Signatário (a): JAIME MACHADO JUNIOR
Data e Hora: 22/4/2024, às 9:17:13
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