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UM ESTUDO SOBRE A DESPASSIVAÇÃO DA ARMADURA COM

ÊNFASE NA CAUSADA POR CARBONATAÇÃO DO CONCRETO

Rafael Ferreira Fialho1


Bruno Henrique Seibt 2
Ms. Selma Araújo Carrijo 3

Resumo: O presente estudo trará como assunto principal o processo e os fatores que geram a
carbonatação do concreto. Que inicialmente não é um problema, porém causa a despassivação
da armadura de concreto armado, uma patologia bastante conhecida e recorrente. Existem
diversos estudos sobre este fenômeno, mas ainda não sabemos tudo sobre ele. O trabalho
realizado tem o intuito de entender de maneira correta e coerente tal processo, partindo da
premissa de que o conhecimento é a melhor maneira de evitar danos e perdas por patologias. A
metodologia utilizada será a revisão bibliográfica, analisando o que vários estudiosos
concluíram sobre o tema. Ao final pôde-se ver que a bibliografia trata do assunto de forma
bastante semelhante, deixando evidente o processo e os mecanismos causadores da
carbonatação. Compreendendo esses fatores espera-se melhorar as práticas tanto na execução,
assim quanto aos materiais, para assim, minorar a ocorrência e o alcance dessa patologia.

Palavras-chave: Corrosão; Patologia; Proteção passiva.

INTRODUÇÃO

Apesar do concreto oferecer duas camadas de proteção, não se pode dizer que o aço está
totalmente seguro, estaria se fosse em perfeitas condições de execução e utilização, mas essa
realidade não se aplica a todas as estruturas de concreto armado. A barreira física, é a primeira
camada de proteção, impedindo o contato dos agentes externos. Além de uma camada chamada
de passiva que protege quimicamente o aço. Gentil (2003) diz que a armadura está protegida,
quando usada em concreto, devido à alta alcalinidade e ação isolante do concreto.

1
Discente do 10º período de Engenharia Civil do Centro Universitário de Mineiros;
[email protected]
2
Discente do 10º período de Engenharia Civil do Centro Universitário de Mineiros.
3
Docente no centro universitário de Mineiros.
A durabilidade das estruturas nem sempre foi um problema, de certa forma a robustez
com que eram dimensionadas, mitigavam a ação das patologias, e consequentemente sua
deterioração. Com a melhoria dos processos de dimensionamento, pôde-se criar estruturas mais
esbeltas, poupando materiais desnecessários, e ainda assim mantendo a segurança. Isso gerou a
necessidade de maiores cuidados com a deterioração e a durabilidade dessas estruturas. Pode
parecer estranho, mas elementos de concreto necessitam de manutenção e reparos
periodicamente.

A falta de manutenção, associado a outros fatores, traz a deterioração prematura das


estruturas de concreto armado. Quando na pior das hipóteses pode causar mortes, mas na grande
maioria, a diminuição do tempo de vida das estruturas é tratada no campo econômico, uma vez
que as perdas envolvendo a reconstrução, e o transtorno em perder uma edificação (prédios do
governo, Hidrelétricas, viadutos, tuneis e etc.) trazem prejuízos enormes.

BARREIRA FÍSICA E QUÍMICA

Ao se falar da barreira química existe uma concordância entre diversos autores, em dizer
que o elevado pH da pasta de concreto impede que agentes oxidantes atuem na armadura. Tendo
em vista a existência de outros fatores, o pH é considerado o principal deles.

Proteção química se deve, a natureza alcalina da solução dos poros,


responsável por manter a armadura na condição de passividade
enquanto o concreto apresentar uma qualidade adequada, sem fissurar
ou sofrer a ação de agentes agressivos externos. O hidróxido de cálcio
formado na hidratação dos silicatos de cálcio (C₃S e C₂S) e,
principalmente, os hidróxidos de sódio e potássio, originários dos
álcalis do cimento, conferem ao concreto um pH alcalino, o qual
mantem-se na faixa de 12,5 a 13,5. (VIEIRA. 2003).

“A elevada alcalinidade da solução aquosa dos poros do concreto favorece a formação


e manutenção de um filme óxido, aderente a superfície do aço, que evita a dissolução anódica
dos íons ferrosos e, portanto, passiva o aço” (FARIAS; TEZUKA, 1992).
A diminuição no pH do concreto, leva a dissolução da película protetora, permitindo
assim a despassivação do aço, ou seja, tornando-o vulnerável ao processo corrosivo, ocorrendo
caso haja umidade no interior da peça, diferença de potencial, ou agentes agressivos à armadura,
como dióxido de carbono e oxigênio.

Quanto a barreira física, entende-se como sendo o cobrimento da armadura que a protege
de um contado direto com o meio externo, desde que bem executada. Na literatura encontra-se
teorias diferentes sobre como a barreira física atual protegendo a armadura, porém, algumas
características são consideradas essenciais, bom dimensionamento, cumprimento das normas,
execução e materiais utilizados.

Page e Treadaway apud Castro et al. (1998), relacionam a importância da barreira física
com a manutenção e preservação da alcalinidade que mantém a armadura passiva, justificados
pelo fato do concreto muitas fezes apresentar fissuras e poros que prejudicam o papel de barreira
física.

Enquanto Helene (1993) discorda, dizendo que um cobrimento bem executado garante
por impermeabilidade o acesso de agentes corrosivos, incluindo água e oxigênio.

A CARBONATAÇÃO COMO AGENTE DESPASSIVADOR DA ARMADURA

A carbonatação propriamente dita não agride de nenhuma maneira o concreto, porém o


deixa vulnerável a ação de agentes corrosivos. Para a ABNT NBR: 6118:2014 a despassivação
por carbonatação é a ação do gás carbônico da atmosfera sobre o aço da armadura.

Apesar de ser uma patologia com alto índice de ocorrência, ela depende de diversos
fatores como a umidade presente nos poros, a própria rede de poros, e curiosamente, o
fechamento dos poros, causado pelo início do processo de carbonatação.
Caso a obstrução dos poros aconteça nas camadas superficiais, a carbonatação não
terá efeito depreciativo, pois com o tempo a tendência é que se obstrua cada vez mais
os poros do concreto. Quando o carbonato de cálcio, insolúvel, deposita-se nos poros
do concreto, vedando-os, a carbonatação é benéfica para a durabilidade do concreto.
(GENTIL, 2003).
Muitos autores descrevem as fórmulas que integram o processo, com quase nenhuma
diferença, apenas uns são mais completos que outros, porém, o mesmo resultado.

Para Cascudo (1997), o fator determinante é a reação que se dá pela ação do dióxido de
carbono com os produtos resultantes da hidratação da pasta, a uma velocidade lenta, atenuando-
se com o tempo. E explica que a diminuição da velocidade de propagação acontece por que o
CaCO₃, resultante da reação de carbonatação, obstruem os poros da camada mais externa do
cobrimento e diminuem a entrada de dióxido de carbono, consequentemente diminuindo a
propagação da carbonatação.

Browne apud Farias e Tezuka (1992), descreve o processo como:


[...] um fenômeno químico que ocorre na superfície do concreto e prossegue durante
anos para o interior do concreto”. O hidróxido de cálcio, que é liberado na hidratação
do cimento, combina-se com o gás carbônico do ar atmosférico para formar água e o
carbonato de cálcio (CaCO₃) insolúvel em água, que se deposita nos poros do
concreto, fechando-os. (BROWNE apud FARIAS; TEZUKA, 1992).

Completando o que se entende do processo químico, Gentil (2003) traz mais


informações, e explica porque não é sempre que o carbonato de cálcio fecha os poros do
concreto, ele diz:

O dióxido de carbono, CO₂, existente no ar ou em aguas agressivas, pode se combinar


com o Ca (OH) ₂, formando o carbonato de cálcio, CaCO₃, insolúvel:

Ca (OH) ₂ + CO₂ CaCO₃ + H₂O

diminuindo o valor do pH para 8,5-9, consequentemente a passivação do aço. Se


houver excesso de CO₂, como no caso de águas agressivas, pode-se ter a reação, com
formação de bicarbonato de cálcio, Ca (HCO₃) ₂, solúvel:

CaCO₃, + H₂O + CO₂ Ca(HCO₃)₂

que explica a maior deterioração do concreto, pois a solubilidade do bicarbonato de


cálcio é bem maior:
CaCO₃:13 mg/l; Ca (HCO₃) ₂: 1,890 mg/l. (GENTIL, 2003).
Farias e Tezuka (1992) destacam os principais fatores controladores do processo, são
eles: concentração de dióxido de carbono; permeabilidade do cobrimento; teor de umidade do
cobrimento; temperatura e capacidade reativa do concreto com o CO₂.

CONSEQUÊNCIAS DA CARBONATAÇÃO À ESTRUTURA

Após a despassivação, a única camada que ainda protege o aço, é o concreto. Segundo
Gentil (2003) a barreira física proporcionada pelo cobrimento de concreto impede a entrada de
oxigênio e água, os atores fundamentais para a corrosão do aço.

Independente do fenômeno que tenha despassivado a armadura, conforme Helene


(1993) explica, a corrosão se dá por um processo eletroquímico, desde que os elementos
necessários estejam presentes, sendo eles oxigênio, um eletrólito e diferença de potencial.

Considerando uma peça em boas condições estéticas e estruturais, a despassivação não


causará problemas, Farias e Tezuka (1992) ressalta que quando não ocorre a formação ou
quando o filme de passivação é enfraquecido e destruído, pode haver a corrosão. Isso diz que a
corrosão acontecerá devido a outros fatores, e se eles estiverem presentes.

O grande fator que potencializa a deterioração após a armadura estar despassivada, é a


condição física/mecânica da camada de cobrimento. A presença de trincas, fissuras e porosidade
na peça, permite a entrada dos agentes que então iniciarão o processo de corrosão do aço.
Processo este que após iniciado pode causar colapso da estrutura.

A formação de uma célula eletroquímica ou célula de corrosão depende da existência


de quatro componentes. Um ânodo, onde ocorre a reação de oxidação ou dissolução;
um cátodo onde ocorre a reação de redução; um condutor metálico, onde a corrente
elétrica é um fluxo de elétrons; um eletrólito, onde a corrente é um fluxo de íons num
meio aquoso. (FARIAS; TEZUKA, 1992)

Desta forma os ânodos e cátodos surgem da diferença de potencial na armadura. O aço


serve como o condutor metálico. O eletrólito é própria umidade e demais componentes
liberados durante a carbonatação, que conduz os íons entre o meio aquoso e a armadura. O fluxo
de elétrons e íons representa diretamente a corrosão do aço.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pôde-se concluir diante da literatura estudada, que a patologia aqui tratada, é mais
comum do que se imagina, e ainda hoje não se sabe tudo sobre o processo da carbonatação, e
da película passiva. Mas o que sabemos é que seus efeitos existem e ainda há muito a ser
estudado sobre o assunto. Ainda assim realizamos nosso objetivo de esclarecer o processo da
carbonatação, seus mecanismos, os cuidados necessários e os agentes atuantes. Com isso
espera-se contribuir para a prevenção de novas ocorrências, e mitigar possíveis perdas, tanto
financeiras quanto vidas humanas.

REFERÊNCIAS

FARIAS, Roberto F. DOS S.; TEZUKA, Yazuko. Corrosão das armaduras de concreto:
mecanismos e controle. 1992. Dissertação (mestrado em engenharia de estruturas). São
Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

GENTIL, Vicente. Corrosão. 3.ed. Rio de Janeiro, RJ, 2003.

ALMEIDA, Ricardo S. Patologia na Construção Civil. Revista especialize on-line IPOG.


Goiânia - Go, 2017.

VIEIRA, Fernanda M. P. Contribuição ao Estudo da Corrosão de Armaduras em


Concreto com Adição de Sílica Ativa. 2003. Tese (doutorado em engenharia). Porto Alegre:
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

HELENE, Paulo R. do L. Contribuição ao estudo da corrosão em armaduras de concreto


armado. 1993. Tese (livre docência). São Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo.
CASTRO, Pedro B. et al.; Corrosión en estructuras de concreto armado: Teoria,
inspección, diagnóstico, vida útil y reparaciones. México: Instituto Mexicano Del Cemento y
Del Concreto, 1998.

CASCUDO, Oswaldo. O controle da corrosão de armaduras em concreto: Inspeção e


técnicas eletroquímicas. São Paulo: Ed. Pini; Goiânia: UFG, 1997.

CARMONA, T.C. Modelos de Previsão da despassivação das armaduras em estruturas


de concreto sujeitas à carbonatação. 1994. Dissertação (mestrado em engenharia). São
Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

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