Índice
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO..................................................................................................1
1.1.1.Objectivo geral:..................................................................................................................1
1.1.2.Objectivos específicos.......................................................................................................1
1.2.Metodologia..........................................................................................................................1
CAPÍTULO II: ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS..........................................................2
2.1. Principais conceitos.............................................................................................................2
2.2.Características de ensino de Geografia em Moçambique na actualidade (meios, métodos e
técnicas de ensino actuais)..........................................................................................................3
2.2.1.Meios de Ensino em Geografia..........................................................................................4
2.2.2.Métodos de Ensino em Geografia......................................................................................4
2.2.3.Técnicas de Ensino em Geografia......................................................................................5
2.3.Desafios actuais do ensino de Geografia..............................................................................5
2.4.Papel do Governo na democratização do ensino em Moçambique......................................7
2.5.Paradigmas a observar no PEA de geografia........................................................................8
2.6.Propostas para possíveis soluções, face aos problemas actuais do ensino de Geografia em
Moçambique...............................................................................................................................9
CAPÍTULO III: CONCLUSÃO...............................................................................................10
4.Referencias Bibliográficas.....................................................................................................11
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
O ensino de geografia tem sido marcado por intensos debates, no processo de aprendizagem,
no entanto vale ressaltar uma dessas principais dificuldades, a falta de recursos suficientes
para trabalhar a geografia no ensino fundamental, a metodologia voltada as novas tecnologias
e a qualificação do Profissional para actuar na disciplina geografia é um campo do
conhecimento científico que desde sempre se constitui com base na multidimensionalidade.
Nesse sentido, o presente trabalho consiste num estudo sobre “Problemas actuais de ensino de
Geografia em Moçambique” como factor primordial para quem deseja construir uma carreira
com bases sólidas. A geografia, na Educação Básica, deve possibilitar aos educandos uma
apreensão crítica da realidade, pois os mesmos devem se colocar de forma propositiva diante
dos problemas enfrentados. Sendo assim, este trabalho objectiva analisar os problemas actuais
de ensino de Geografia em Moçambique, por meio de pesquisa bibliográfica elencando os
principais autores que escrevem sobre o assunto.
O presente trabalho encontra-se dividido em três (3) capítulos, onde no primeiro constam os
aspectos introdutórios do trabalho, constituído pelos objectivos e pela metodologia usada. O
segundo é constituído pela revisão bibliográfica, onde descreve os problemas actuais de
ensino de Geografia em Moçambique. No terceiro constam as conclusões do estudo e em
seguida vem a bibliografia.
Para a concretização do tema traçou-se os seguintes objectivos:
1.1.1.Objectivo geral:
Analisar os problemas actuais de ensino de Geografia em Moçambique.
1.1.2.Objectivos específicos
Conceituar o Processo de Ensino e Aprendizagem, como também Processo de Ensino
e Aprendizagem de Geografia.
Referir os desafios actuais do ensino de Geografia.
Mencionar os paradigmas a observar no PEA de geografia que possibilitam o aluno a
construir o seu conhecimento.
1.2.Metodologia
O trabalho foi desenvolvido em uma série de etapas dentre as quais citamos: pesquisas
bibliográficas e trabalho de campo. A Pesquisa Bibliográfica foi realizada na internet, em
1
livros, revistas académicas, e outros, onde fomos através dos mesmos basear-se-nos autores
que enriqueceram o trabalho.
CAPÍTULO II: ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS
2.1. Principais conceitos
Processo de Ensino e aprendizagem
Kubo & Botomé (2001), refere que o Processo de ensino-aprendizagem é:
Um nome para um complexo sistema de interacções comportamentais entre
professores e alunos. Mais do que “ensino” e “aprendizagem”, como se fossem
processos independentes da acção humana, há os processos comportamentais que
recebem o nome de “ensinar” e de “aprender”. Processos constituídos por
comportamentos complexos e difíceis de perceber. Principalmente por serem
constituídos (p. 7).
Dessa forma, vale realçar que o processo de ensino-aprendizagem pode ser entendido como
uma actividade, uma qualidade de exercer uma acção, do que é activo. Também pode ser
entendida como o conjunto de actos para a realização de uma finalidade ou mesmo como a
faculdade e/ou o poder de agir específica que se distingue pelas suas características próprias.
Assim, de entre outras características, destacam-se as seguintes: o carácter social, o carácter
educativo, o carácter instrucional, o desenvolvimento da personalidade, o carácter dialéctico,
o carácter sistemático e planificado e o ser regido por leis que se exprimem em regularidades.
Diante dessa abordagem, a concepção de que o processo de ensino-aprendizagem é uma
unidade dialéctica entre a instrução e a educação está associada à ideia de que igual
característica existe entre ensinar e aprender. Esta relação nos remete a uma concepção de que
o processo de ensino-aprendizagem tem uma estrutura e um funcionamento sistémico, isto é,
está composto por elementos estreitamente interrelacionados.
Processo de Ensino e Aprendizagem de Geografia
O Processo de ensino-aprendizagem de Geografia tem por objectivo desenvolver o raciocínio
crítico, para que os alunos tenham a possibilidade de perceber, de forma coerente e real o
mundo à sua volta.
O processo ensino-aprendizagem de Geografia “é factor relevante nos dias atuais, pois
vivemos um momento em que essa disciplina, ao estudar o espaço geográfico e tantos outros
objectos importantes para a sociedade, nos traz grandes aprendizados para o campo do saber
geográfico” (Morais, 1998, p.94).
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Assim, podemos afirmar que o ensino e a aprendizagem de Geografia são aspectos relevantes
nas actividades escolares. Nesse sentido, reflectir sobre as práticas de sala de aula, em que tal
disciplina assume grande preponderância, parece plenamente sustentável.
2.2.Características de ensino de Geografia em Moçambique na actualidade (meios,
métodos e técnicas de ensino actuais)
Para Fernández (1998), “as reflexões sobre o estado actual do processo ensino-aprendizagem
de geografia nos permite identificar um movimento de ideias de diferentes correntes teóricas
sobre a profundidade do binómio ensino e aprendizagem” (p. 18).
Portanto, o processo de ensino-aprendizagem de geografia em Moçambique tem sido
historicamente caracterizado de formas diferentes, que vão desde a ênfase no papel do
professor como transmissor de conhecimento, até as concepções atuais que concebem o
processo de ensino-aprendizagem com um todo integrado que destaca o papel do educando.
A aprendizagem da Geografia no ensino fundamental representa um processo de
continuidade. Nesses dois ciclos conclusivos, o aluno deverá avançar teórica e
metodologicamente em relação ao campo epistemológico da Geografia que lhe foi
oferecida nos dois primeiros ciclos iniciais. No terceiro ciclo, o estudo da Geografia
poderá recuperar questões relativas à presença e ao papel da natureza e sua relação
com a acção dos indivíduos, dos grupos sociais e, deforma geral, da sociedade na
construção do espaço. Para tanto, a paisagem local e o espaço vivido são as
referências para o professor organizar seu trabalho e, a partir daí, introduzir os alunos
nos espaços mundializado (Morais, 1998, p.96).
A concepção defendida aqui é que o processo de ensino-aprendizagem é uma integração
dialéctica entre o instrutivo e o educativo que tem como propósito essencial contribuir para a
formação integral da personalidade do aluno. O instrutivo é um processo de formar homens
capazes e inteligentes. Entendendo por homem inteligente quando, diante de uma situação
problema ele seja capaz de enfrentar e resolver os problemas, de buscar soluções para resolver
as situações. Ele tem que desenvolver sua inteligência e isso só será possível se ele for
formado mediante a utilização de actividades lógicas. O educativo se logra com a formação de
valores, sentimentos que identificam o homem como ser social, compreendendo o
desenvolvimento de convicções, vontade e outros elementos da esfera volitiva e afectiva que
junto com a cognitiva permitem falar de um processo de ensino-aprendizagem que tem por
fim a formação multilateral da personalidade do homem.
Segundo Mubango (s/d), refere que “o ensino e a aprendizagem da Geografia escolar se
caracterizam pela utilização excessiva do livro didáctico, pela aplicação dos conteúdos mais
3
conceituais que procedimentais, como também pela utilização descontextualizada e
estereotipada das cartas geográficas” (p. 109).
A eficácia do processo de ensino-aprendizagem está na resposta em que este dá à apropriação
dos conhecimentos, ao desenvolvimento intelectual e físico do estudante, à formação de
sentimentos, qualidades e valores, que alcancem os objectivos gerais e específicos propostos
em cada nível de ensino de diferentes instituições, conduzindo a uma posição transformadora,
que promova as acções colectivas, a solidariedade e o viver em comunidade.
2.2.1.Meios de Ensino em Geografia
Meios de ensino podem ser considerados todos meios ou recursos materiais utilizados pelos
professores e pelos alunos para a organização e condução metódico do processo de ensino e
aprendizagem.
Assim sendo, os equipamentos (cadeiras, mesas, quadro-negro, projector de slide, gravador,
televisão, computadores etc.) bem como materiais (filmes, mapas, livros, revistas etc.), além
de biblioteca “meios de ensino”. Acrescenta que os professores precisam ter segurança e
conhecimento dos equipamentos ao utilizá-los, posicionando-se criticamente em relação a
eles. Os recursos tecnológicos são meios que facilitam o processo ensino-aprendizagem.
Os meios de ensino de geografia são: quadro preto, caderno diário e de trabalhos práticos,
manual, atlas, globo terrestre, mapas, cartazes e imagem de quadro.
De acordo com Morais (1998), o ensino dinâmico da Geografia apoia-se em:
Instrumentos mediadores, pois dá maior significação aos conhecimentos geográficos
trabalhados, no entanto o uso de recursos didácticos não devem ser vistos como um
posicionamento pedagógico tecnicista, pois esta prática se efectiva enquanto
alternativa de apoio ao trabalho teórico-metodológico do professor, contextualizando
os conceitos geográficos que, muita das vezes, são abstractos e necessitam de uma
“materialização” para que os alunos os compreendam (p. 121).
Ao se falar das dificuldades do docente recém-formado cogita-se que sua formação deixa a
desejar, o que justificaria suas “inabilidades” em ensinar, pois este muitas vezes “recebe” um
embasamento teórico que na realidade não dá apoio às futuras práticas pedagógicas devendo-
se, pois, repensar qual preparo está sendo construído nas concepções e atitudes dos futuros
professores a partir dos centros académicos.
Conforme as pesquisas em ensino, a diversificação da prática pedagógica é uma possibilidade
a mais para o enfrentar os obstáculos surgidos no decorrer das aulas. E o docente poderia não
só usar dos recursos disponíveis na Escola, mas também confeccioná-los, salvo as restrições
orçamentárias.
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2.2.2.Métodos de Ensino em Geografia
Método de ensino ou didáctico é o conjunto de procedimentos lógica e psicologicamente
ordenados, de que se vale o professor, para levar o educando a elaborar conhecimentos, a
adquirir técnicas ou habilidades e a incorporar atitudes e ideias.
Os métodos de ensino são um conjunto de acções, passos, condições externas e procedimentos
utilizados intencionalmente pelo professor para dirigir e estimular o processo de ensino em
função da aprendizagem dos alunos. Ou seja, são as acções do professor pelas quais se
organizam as actividades de ensino e dos alunos para atingir objectivos do trabalho docente
em relação a um conteúdo específico. Eles regulam as formas de interacção entre o ensino e
aprendizagem, entre o professor e os alunos, cujo resultado é a assimilação consciente dos
conhecimentos e o desenvolvimento das capacidades cognitivas e operativas dos alunos.
2.2.3.Técnicas de Ensino em Geografia
“As estratégias e técnicas têm um carácter instrumental e encontram sua razão no serviço que
prestam. Conhecê-las teoricamente não vai garantir o seu sucesso e sim a forma com que se
utiliza é que poderá definir o seu potencial” (Veiga, et al., 2000, p. 95).
Portanto, para fazer uso de uma estratégia de ensino não bastará ao professor a simples
aplicação de algumas técnicas. Será necessária a participação do aluno, no sentido de que esse
deve parar e pensar o que e por que está fazendo.
As estratégias de ensino são na verdade estratégias de apoio ao professor, pois procuram ser
pensadas para aumentar a motivação, a atenção, a concentração do aluno e,
consequentemente, melhorar a qualidade do aprendizado.
2.3.Desafios actuais do ensino de Geografia
Para adentrar-se à importância da Geografia no quotidiano escolar e social, é necessário saber
que o objecto da Geografia é o espaço geográfico. Assim, a Geografia não é apenas a
descrição de dados e problemas e sua distribuição regional. Os conhecimentos geográficos são
fundamentais para a compreensão do mundo em que vivemos. Visto que esta busca
compreender o que acontece no espaço e na nossa vida.
A Geografia compõe o currículo do ensino fundamental e médio e deve preparar o
aluno para localizar, compreender e actuar no mundo complexo, problematizar a
realidade, formular proposições, reconhecer as dinâmicas existentes no espaço
geográfico, pensar e actuar criticamente em sua realidade tendo em vista a sua
transformação. (Brasil, 2008, p. 43).
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A partir da afirmação supracitada, afirma-se que a Geografia tem sido uma disciplina que vem
assumindo grande preponderância no limiar do século em que vivemos; o que falta, na
realidade, é um pouco mais de interesse, por parte do corpo docente e discente das instituições
de ensino, para que esta seja vista realmente sob a óptica de um objecto que seja indispensável
para a formação educacional no quotidiano da sociedade actual.
Para Luckesi (2002), “no quotidiano escolar, a única decisão que se tem tomado sobre o aluno
tem sido a de classificá-lo num determinado nível de aprendizagem, a partir de menções,
sejam elas em notações numéricas ou em notações verbais” (p.76). O verdadeiro aprendizado,
para que haja realmente uma educação de qualidade, tem sido frequentemente deixado de lado
pelas escolas. E, sob essa perspectiva, é ainda conveniente ressaltar que:
O sistema social não demonstra estar interessado em que o educando aprenda, a partir
do momento em que investe pouco na educação, os dados estatísticos estão aí para
demonstrar o pequeno investimento, tanto do ponto de vista financeiro quanto do
pedagógico, na efectiva aprendizagem do educando (Luckesi, 2002, p. 99).
A partir de então, a Geografia assume papel importantíssimo frente às desvalorizações pelas
quais vem passando a educação, visto que esta trabalha, de forma simultânea, as várias partes
que compõem o universo, desde a sua formação até os acontecimentos contemporâneos,
envolvendo política, educação, espaço físico, paisagens, dentre muitas outras abrangências da
respectiva disciplina.
Apesar de toda a importância da Geografia, o ensino desta vem sofrendo sérios problemas,
também presentes nas aulas de outras disciplinas, como a utilização apenas do livro didáctico
nas aulas, a formação deficiente do professor, o desinteresse dos alunos, a infra-estrutura
precária e falta de materiais na escola, dentre outros. Além destes, é perceptível outro
obstáculo no ensino de Geografia: a frequente inexistência de metodologias dinâmicas e
motivadoras.
Uma questão bastante discutida e problemática é a utilização apenas do livro didáctico em
sala de aula. Aulas assim, não despertam a curiosidade dos alunos, pois estes percebem que o
professor repassa apenas o que está contido no livro, tornando o livro o “detentor de todo o
conhecimento”, sem que haja o diálogo e a exposição das opiniões de ambas as partes. O livro
didáctico deve ser utilizado apenas como mais uma ferramenta favorecedora do
conhecimento, não como o direccionado da aula.
A infra-estrutura precária é outro obstáculo presente nas escolas. Um ambiente confortável e
acessível a todos contribui para um maior interesse por parte dos discentes. Mas, não é isso
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que se vê nas escolas do Brasil, pois o que se encontra é um total descaso com a estrutura
física escolar, desmotivando os alunos e afectando assim sua formação.
A falta de materiais é um dos problemas mais prejudiciais na educação, principalmente nas
aulas de Geografia, onde se precisa de suportes diferenciados e necessários à disciplina como
mapas actualizados, globos, imagens, entre outros. Esta é uma das necessidades que fazem
com que as aulas continuem sempre tradicionais e cansativas, afectando directamente no
interesse e aprendizado do alunado. A indisponibilidade de materiais é tão séria que falta até
mesmo livros didácticos para atender a demanda de alunos.
Outro grande problema que afecta profundamente as aulas de Geografia é a falta de
metodologias dinâmicas, inovadoras e motivadoras.
Segundo Filizola e Kozel (2009), afirmam que:
Embora a exposição dialogada, o uso do quadro de giz e a lida com o livro didáctico
sejam bastante empregados em nosso quotidiano escolar, não podemos negar que
outros recursos devem ser utilizados. Mais do que isso, julgamos da máxima
importância a presença de múltiplas linguagens nas aulas de Geografia, bem como nas
aulas desenvolvidas por todas as disciplinas. (p. 26).
A partir da afirmação supracitada, vale realçar que torna-se imprescindível fazer as aulas mais
atractivas, sem deixar de envolver o quotidiano do aluno, usando uma linguagem mais
didáctica, para que o público-alvo seja de fato atingido e o objectivo da Geografia alcançado.
É preciso deixar de lado as aulas tradicionais onde o professor só expõe informações e o aluno
só recebe-as. É necessário que haja um diálogo professor-aluno, onde um possa aprender com
o outro na construção de conceitos.
2.4.Papel do Governo na democratização do ensino em Moçambique
Falar da democracia é falar do governo da maioria; quando aplicada à escola, democracia é a
forma de organização que se orienta em princípios segundo os quais ela deve ser governada
por interesses da maioria, ou seja, da maioria dos membros da comunidade escolar, docentes,
discentes, funcionários, pais e encarregados da educação e toda a comunidade circunvizinha;
é falar da participação da maioria nas decisões que afectam os diferentes sectores de
actividade na escola, ou seja, na gestão escolar, na produção de conhecimentos e na gestão de
conflitos; é ainda falar de relações de igualdade e justiça na escola.
Cabe aqui realçar que em democracia as diferenças individuais e de grupos são respeitadas,
dado que pensar na democracia apenas a partir dos ideais de igualdade é destruir a liberdade
individual; a verdadeira democracia toma em consideração o direito à diferença, caso
contrário corre-se o risco de cair no totalitarismo.
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Araújo (2000) recorda-nos que “hoje se compreende que os regimes que tentaram buscar os
ideais da democracia a partir da igualdade pura (…) terminaram por se constituir em sistemas
políticos absolutistas e autoritários” (p. 12).
Desta feita, ao falar da democracia é mais coerente complementar a igualdade com equidade,
isto é, reconhecer as diferenças dentro da igualdade, pois considerar apenas a igualdade tira
aos indivíduos o direito democrático da diferença, tira a possibilidade de pensar de maneira
diferente e de ser diferente.
Durante o Governo de transição em Moçambique, segundo análise de Gómez (1999), “as
mudanças no sector da educação se limitaram à reformulação dos programas de ensino e à
introdução de novas formas de organização das escolas públicas” (p. 233).
Contudo, permanecia ainda o carácter discriminatório do ensino herdado, isto é, as escolas
oficiais, situadas geralmente nas zonas urbanas, destinavam-se aos filhos dos colonos e
assimilados; os colégios, liceus e sistema de explicadores particulares salvação continuava a
ser as escolas missionárias das zonas rurais. Face ao sistema educacional predominantemente
discriminatório, o governo da Frelimo procedeu a nacionalização do ensino que aconteceu
logo no primeiro mês a seguir à independência nacional e conferiu ao Estado moçambicano o
papel de executor das políticas educacionais.
2.5.Paradigmas a observar no PEA de geografia
O ensino de Geografia, construído pela reprodução de manuais, conduz a uma insatisfação e a
um descomprometimento dos alunos frente a essa disciplina, podendo-se perceber afirmações
que reforçam a ideia de que a metodologia utilizada pela maioria dos professores nas escolas
não tem relação com a vida quotidiana dos alunos, o que direcciona a aprendizagem para
repetições, impossibilitando a recriação.
Callai (2000), refere que para possibilitar o aluno a construir o seu conhecimento, a pensar, a
ser criativo e activo, o professor, no processo de ensino e aprendizagem, deve observar os
seguintes paradigma:
1) Conhecer o espaço geográfico e o funcionamento da natureza em suas múltiplas
reacções, de modo a compreender o papel das sociedades em sua construção e na
produção do território, da paisagem e do lugar;
2) Identificar e avaliar as acções dos homens em sociedade e suas consequências em
diferentes espaços e tempos, de modo a construir referenciais que possibilitem uma
participação prepositiva e reactiva nas questões sócio ambientais locais;
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3) Compreender a especialidade e temporalidade dos fenómenos geográficos estudados
em suas dinâmicas e interacções;
4) Compreender que as melhorias nas condições de vida, os direitos, os avanços técnicos
e tecnológicos e as transformações sócio -culturais são conquistas decorrentes de
conflitos e acordos, que ainda não são usufruídas por todos os seres humanos e, dentro
de suas possibilidades, empenhar –se em democratizá-las;
5) Conhecer e saber utilizar procedimentos de pesquisa da Geografia para empreender o
espaço, a paisagem, o território e o lugar, seus processos de construção, identificando
suas relações, problemas e contradições;
6) Fazer leituras de imagens, de dados e de documentos de diferentes fontes de
informação, de modo a interpretar, analisar e relacionar informações sobre o espaço
geográfico e as diferentes paisagens.
Dessa forma, o conteúdo da Geografia, neste contexto, é o material necessário para que o
aluno construa o seu conhecimento, aprenda a pensar. Aprenda a pensar significa elaborar, a
partir do senso comum, do conhecimento produzido pela humanidade e do confronto com
outros saberes (do professor, de outros interlocutores), o seu conhecimento.
2.6.Propostas para possíveis soluções, face aos problemas actuais do ensino de Geografia
em Moçambique
Primordialmente para garantir um bom ensino de Geografia, é preciso que os professores
abandonem a concepção clássica de memorização e a utilização de apenas aulas expositivas.
Para Mendes (2012), os educadores devem ter consciência que a geografia é:
Uma disciplina que forma cidadãos e deve proporcionar o desenvolvimento de um
individuo crítico, questionador e autónomo, pois o propósito dessa disciplina é esse. A
geografia por ter esse carácter conscientizador foi muito prejudica durante a ditadura
onde História, Filosofia, Sociologia e Geografia foram unidos em uma única
disciplina chama ciências sociais, mas hoje, ela esta de volta para formar cidadãos
conscientes e pensantes (p. 18).
É importante ressaltar que para melhorar a qualidade do ensino de Geografia é preciso
capacitar os professores em sua formação, garantir que eles tenham estrutura e tempo para a
educação aumente, pois o compromisso com a educação não é só do professor, já que, o
educador não é um super-herói ele precisa comer, dormir, cuidar da saúde e ter tempo para
preparar suas aulas com calma e reflexão.
Os conteúdos didácticos precisam acompanhar a evolução da geografia, livros que
fragmentam o estudo geográfico devem parar de ser usado, o aluno deve compreender a
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geografia conectado e interagindo com sua realidade e criando consciência sobre o que
aprendeu. Dessa maneira, a Geografia não será vista como estagnada e imprestável somente
os métodos, práticas de ensino forem melhoradas, juntamente com o material didáctico. O
professor tem um grande papel na educação, ele que fara e educando se interessar pela
matéria e despertara o senso critico do aluno, mas é preciso que também as condições para seu
trabalho melhorem, para que assim e nova Geografia tenha boas bases para de fixar e crescer.
CAPÍTULO III: CONCLUSÃO
Finalmente, pode-se concluir que a busca pela melhoria da qualidade do ensino e
aprendizagem da Geografia, depende de cada ser que constrói o campo do saber geográfico,
desde os alunos até os professores. Cada um é responsável por tornar melhor e mais prazeroso
o conhecimento, objecto indispensável para a formação da cidadania no mundo em que
vivemos.
Considerando as dificuldades encontradas pelos docentes e discentes durante a sua formação,
procuramos atrelar os saberes científicos à autonomia dos docentes em conduzir e expor suas
experiências. Dessa forma, buscamos alternativas que problematizem e auxiliem a solucionar
os desafios diários no contexto escolar. Não é nossa intenção produzir um manual para as
aulas como já abordamos, e sim discutir possibilidades de caminhos.
Percebemos que hoje se torna cada vez mais necessário o uso de múltiplas
linguagens/instrumentos para o ensino (músicas, poesias, maquetes, vídeos, jornais, revistas,
entre tantas outras), como forma de trazer a realidade concreta para a sala de aula. Fica
evidente que o ensino, quando trabalhado valorizando-se a vivência e a experiência do aluno e
auxiliado por práticas capazes de reproduzir/simular problemas reais, torna-se um instrumento
válido na construção da compreensão da realidade.
Contudo, pode-se considerar que o ensino de Geografia necessita de metodologias mais
dinâmicas e motivadoras para que possa se tornar uma disciplina mais atractiva, ao invés de
apenas decorativa, superficial e conteudista, como ainda é vista por muitos alunos e
trabalhada por muitos professores, além de levar aos alunos uma maneira mais crítica de
enxergar o mundo com todas as suas dinâmicas e fenómenos. Deste modo, é possível alcançar
um ensino de melhor qualidade, desenvolvendo e aprimorando no educando o raciocínio
geográfico referente ao espaço, independentemente de sua escala, seja ela local, regional,
nacional ou mundial, enfatizando sempre o papel do aluno na vida social.
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4.Referencias Bibliográficas
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Brasil.
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Mubango, J. (s/d). Didáctica de Geografia II. Manual de Lincenciatura em Ensino de
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Veiga, I. A. P. et al. (2000). Técnicas de ensino: Por que não? (Colecção Magistério:
formação e trabalho pedagógico). SP. Papirus. Campinas, Brasil.
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