APLICAÇÃO DA MUSICOTERAPIA
Faculdade de Minas
Sumário
NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 3
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4
A MÚSICA COMO ELEMENTO TERAPÊUTICO ................................................... 6
A MÚSICA COMO ELEMENTO DE INCLUSÃO .................................................... 7
A MÚSICA ALÉM DE ARTE É EDUCAÇÃO ........................................................ 15
A MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL ...................................... 22
A MÚSICA PARA SURDOS ................................................................................. 27
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 29
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 30
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NOSSA HISTÓRIA
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino,
de publicação ou outras normas de comunicação.
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.
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INTRODUÇÃO
A música tem papel importante na inclusão social entre as pessoas. Não é de
hoje que essa arte atua na transformação da vida de milhares de jovens no Brasil.
Com as oportunidades desiguais que encontramos em nossas periferias, a arte e a
cultura muitas vezes se tornam a única opção de saída de uma triste realidade que
habita nosso país.
Aos que enxergam esperança, a música é uma ferramenta essencial para o
desenvolvimento e educação do Brasil.
Ao longo dos anos o ensino de música nas escolas tem tido um papel
meramente recreativo, de preenchimento de tempo ou de apoio a atividades festivas
dessas instituições. Hoje com a institucionalização da Lei 11. 769 de 18 de agosto
de 2008, que institui a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas da
educação básica, criam-se expectativas em torno do desenvolvimento desse ensino,
que agora toma ares de um ensino sistematizado e organizado como qualquer outra
disciplina no currículo escolar. A lei ao mesmo tempo em que contempla as escolas
com a riqueza que o ensino de música pode trazer com sua sistematização,
preocupações quanto a sua efetivação nas instituições, problemas e barreiras que
discutiremos mais à frente.
Numa visão contemporânea sobre a música, onde as neurociências têm um
papel central, tem-se, ainda, observado a sua viagem ao domínio da terapia,
consubstanciada pelos exames de neuro imagens como Ressonância Magnética e
PET3, que possibilitam a observação do cérebro humano vivo, em ação, e que
reforçam o conceito de modularidade cerebral. Essa observação pode mostrar o
cérebro em funcionamento tanto nos processos de percepção como de produção
musical, trazendo evidências da importância desta em vários processos, como os
cognitivos, e fundamentando a sua utilização como elemento terapêutico nas mais
variadas condições físicas e psíquicas.
Como fator terapêutico, educativo e inclusivo, a musicologia serve-se de uma
gama de possibilidades que visam ajudar na educação do cidadão, na qualidade
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dos idosos, já que a velhice deve ser entendida como uma etapa da vida, da mesma
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forma que temos a infância, a adolescência e a maturidade. São fases, etapas da
vida, nas quais acontecem modificações que afetam a relação do indivíduo com o
meio, com o outro e com ele mesmo, dentro de um determinado ou, geralmente,
indeterminado tempo.
Música e neurociência estão diretamente relacionadas, pois as funções
neuronais estão prontas para sentir as diferentes vibrações e manifestação que a
arte proporciona e dentre as linguagens a musical é uma das que mais motiva e
universaliza a comunicação entre as pessoas de uma geração a outra. Música e
linguagem são parte integral do ser humano, por meio de suas vivencias e dos
saberes construídos ao longo da história humana as conexões se estabelecem por
si só.
Muitos estudos apontam que música está associada a emoção, pois ela leva
a pessoa a se organizar nas suas experiências musicais, nas lembranças. Andrade
aponta que há estudos experimentais que buscam entender o processamento da
estrutura musical como linguagem não verbal e não como emocional, pois está
ligada a experiência de vida de cada um, do contexto ao qual está inserido.
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A MÚSICA COMO ELEMENTO TERAPÊUTICO
A música é um fenômeno ou uma expressão universal que acompanha o
homem na sua caminhada histórica e está na vida de cada um, desde antes do
nascimento até a nossa morte (batimentos cardíacos da mãe, nos sons das
articulações, nos sons peristálticos, na percepção da voz da mãe através do líquido
amniótico e no ritmo regular dos batimentos cardíacos). É um elemento não-verbal,
tem o ritmo como elemento impulsor e organizador do movimento, tem o
instrumento musical como Objeto Intermediário e Integrador (BENENZON, R., 1985,
p. 47 e 49).
Neste caso pode ter um sentido metafórico, na medida em que um paciente
pode dizer através dela o que não quer ou não pode dizer, através do verbal, assim
tem uma natureza polissêmica, que pode carregar o significado que o paciente
quiser, ou precisar lhe atribuir. Isso porque algumas de suas manifestações
artísticas podem ser consideradas como verdadeiros universais da vida humana,
como é o caso da canção, por ser um fenômeno difundido por todos os tempos e
culturas e por existir na experiência de todos.
Assim, a musicoterapia se vale de experiências como audição, recriação,
improvisação e composição de músicas/canções, através da voz, de instrumentos e
do corpo, para facilitar a comunicação, o estabelecimento do vínculo terapêutico, a
auto expressão e auxiliar na promoção/prevenção ou restauração da saúde de
pessoas que padecem das mais variadas condições bio/psico/sociais/espirituais.
No entanto, cabe ressaltar que apesar de ser um fenômeno universal, essa
ubiquidade não lhe confere o status de linguagem universal, mas, sim, de fenômeno
ou expressão universal. Mas, chegando-se à musicoterapia cabe uma pergunta:
quais são as diferentes formas de utilização da música como elemento terapêutico?
Considera-se aqui três principais formas de emprego da música como terapia, do
ponto de vista do paciente: a musicoterapia receptiva, na qual o paciente recebe a
música, feita pelo musicoterapeuta ao vivo ou trazida por este em CD, rádio, iPod ou
computador; a musicoterapia ativa, na qual só o paciente faz música ou, a
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musicoterapia interativa, que defino como
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A forma na qual a experiência musical é compartilhada pelo
musicoterapeuta e paciente(s), quando em grupo, todos ativos no processo
de fazer música, o que configura uma interação simultânea, facilitada pelo
fato de a música acontecer no tempo, o que leva mais facilmente à
interação dos participantes e dificulta o isolamento (BARCELLOS, 1984, p.
8).
Tudo isto acontecendo em diferentes espaços, diversas áreas de atuação e
por meio de distintas experiências musicais da cultura do(s) paciente(s), utilizando-
se a “Empatia cultural” (Lingle e Ridley, 1996) através da música, entendendo-se
esta como o terreno comum na qual musicoterapeuta e paciente pisam. Ainda
levando em consideração que a música pode facilitar a comunicação, o
estabelecimento da relação terapêutica, a auto expressão, e promover mudanças
através da principal forma de aplicação da musicoterapia brasileira: a Musicoterapia
Interativa.
A MÚSICA COMO ELEMENTO DE INCLUSÃO
Durante décadas, a música esteve presente na escola em festas e momentos
culturais, muitas vezes sem objetivos sistematizados e sem qualquer ligação com o
dia-a-dia das salas de aula das crianças e jovens, e mesmo assim alcançava os
objetivos propostos pela escola. Hoje trabalhar com música em um ambiente
escolar requer acima de tudo íntima ligação com o trabalho de sala de aula, são
muitas as contribuições que o ensino de música pode trazer para o desenvolvimento
cognitivo da criança. Ao estabelecer o ensino de música nas escolas como requisito
obrigatório nos currículos escolares, o Brasil apresenta um amplo avanço no meio
educacional, tendo em vista que muitas instituições já assinalavam os sucessos
obtidos com o casamento música e ensino, apresentando como fruto avanços na
aprendizagem, Loreiro (2010, p. 24) afirma que “O ensino da música como disciplina
inserida no currículo da escola fundamental apresenta-se hoje como uma área de
conhecimento onde a diversidade de funções e a variedade de abordagens impede
a construção de uma prática educativa democrática, abrangente e formativa”.
Apesar de perceber contribuições positivas do ensino de música na escola, a
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autora aponta algumas barreiras ainda a serem vencidas frente a essa nova
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realidade, e que até a efetivação plena do ensino de música nas escolas, figurarão
os contextos escolares. A autora ainda acrescenta que:
Diante da realidade brasileira, a educação musical a nível de ensino
fundamental não apresenta uma característica própria, um direcionamento
que lhe dê a identidade de saber escolar, com possibilidades de acesso
irrestrito à prática musical, onde se articulam experiências adquiridas tanto
fora quanto dentro do sistema escolar de ensino. A educação musical
requer novas propostas, novas possibilidades de intervenção educativa,
pois é nessa fase da escolaridade que se dá a formação e o
desenvolvimento de habilidades importantes para o desempenho futuro do
indivíduo (LOUREIRO, 2010, p. 24).
Trazendo a discussão para a temática da inclusão, podemos refletir sob o
prisma de que a educação inclusiva no Brasil, segue os mesmos passos que a
educação musical, talvez a passos mais lentos, uma vez que, envolve um
contingente bem maior de indivíduos envolvidos e de que diferentemente da música
além das barreiras de percepção social e sistematização, muitas outras são
impostas e expostas consolidando-se talvez por caminhos diferentes, mas
complementando-se em sua sistemática de desenvolvimento que visa ao incluir, o
pensar, planejar e efetivar conjuntamente metas e objetivos.
Nessa perspectiva pretende-se investigar a influência da música no processo
de inclusão das escolas, verificando se a prática da educação musical pode trazer
contribuições concretas ao processo de ensino aprendizagem de crianças com ou
sem deficiência de modo promover entre estas um ambiente em que se sintam
verdadeiramente incluídas no ambiente escolar, e não apenas inseridas.
Nesse sentido é imprescindível perceber como as instituições escolares estão
recebendo essa determinação legal, na qual, pela lei 11. 769 de 18 de agosto de
2008 torna-se obrigatório o ensino de música nas escolas brasileiras. As instituições
estão preparadas? Os profissionais têm formação adequada? Há recursos e
ferramentas que viabilizem o trabalho com música? Muitas são as indagações,
algumas com possibilidades de resposta, outras a serem pensadas, refletidas e
analisadas. Como bem coloca Ropoli (2010, p. 10):
Um ensino para todos os alunos há que se distinguir pela sua qualidade. O
desafio de fazê-lo acontecer nas salas de aulas é uma tarefa a ser assumida por
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todos os que compõem um sistema educacional. Um ensino de qualidade provém
de iniciativas que envolvem professores, gestores, especialistas, pais e alunos e
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outros profissionais que compõem uma rede educacional em torno de uma proposta
que é comum a todas as escolas e que, ao mesmo tempo, é construída por cada
uma delas, segundo as suas peculiaridades.
A luz das ideias da autora, podemos entender que, para que o ensino de
música se efetive de fato, e com o nível de qualidade adequado no ensino, levará
algum tempo. A própria lei contempla em seu texto um prazo para sua total e real
efetivação nas unidades escolares. Contrapondo ao processo de desenvolvimento
inclusivo numa instituição, não pecamos em dizer que o ensino de música em seus
primeiros anos não estará de fato incluído na sistematização do ensino, estará
apenas inserido na grade curricular e sendo cumprido como manda as disposições
legais, com profissionais que darão suas aulas da maneira que souberem, ou até
onde o compromisso e comprometimento com o aluno lhes permitir.
O fato é que muitas serão as contribuições que o ensino de música trará as
nossas escolas, aos nossos alunos, mas isso pensado ainda em um prazo mais
estendido que os três anos previsto na lei de implementação. Considerando que só
a faculdade de licenciatura em música dura em média quatro anos, sem contar com
os dados de que em nosso país não há cursos de licenciatura suficiente para suprir
a demanda requerida pelas escolas em apenas um grupo de concluintes.
Referindo sobre tais pontos inerentes a educação inclusiva no Brasil, também
podemos pensar em colhimento de resultados em longo prazo, pois a efetivação de
políticas públicas que de fato se programem e funcionem no sistema de ensino,
ainda caminha a passos lentos, isso para não dizer devagar quase parando.
De fato, muito tem crescido o número de alunos com algum tipo de
deficiência matriculados nas escolas regulares de ensino, no entanto deve-se
pensar e avaliar até que ponto, essas instituições - obrigadas a receber esse aluno,
estão de fato incluindo-os no processo de ensinagem e aprendizagem. Até que
ponto essas crianças e adolescentes, alguns até já jovens ou adultos inseridos em
ambientes infantis, estão de fato incluídos? Buscando respaldo nas discussões de
Ropoli (2010, p.9), percebemos que uma escola para se tornar um ambiente que de
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fato inclua, deve no mínimo estar preparada para recebê-lo em suas bases
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arquitetônicas, sociais, culturais e principalmente pedagógica.
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A escola comum se torna inclusiva quando reconhece as diferenças dos
alunos diante do processo educativo e busca a participação e o progresso
de todos, adotando novas práticas pedagógicas. Não é fácil e imediata a
adoção dessas novas práticas, pois ela depende de mudanças que vão
além da escola e da sala de aula. Para que essa escola possa se
concretizar, é patente a necessidade de atualização e desenvolvimento de
novos conceitos, assim como a redefinição e a aplicação de alternativas e
práticas pedagógicas e educacionais compatíveis com a inclusão.
(ROPOLI, 2010, p. 9).
A discussão da autora contempla amplamente a perspectiva real da inclusão
e por que não dizer, a do ensino de música nas escolas, tendo em vista que a
música se apresenta como um elemento importante no processo de inclusão de um
sujeito a um determinado grupo ou situação de aprendizagem.
A música se configura como uma importante ferramenta no processo
inclusivo, pois assim como a inclusão, rompe com paradigmas e atitudes que
sustentam e alimentam a inércia das escolas e dos sujeitos nela contidos, contesta
os sistemas educacionais em seus fundamentos e bases estruturais, questiona,
burla moldes e modelos, reflete a fixação de padrões, as especificidades dos
alunos, refuta a seletividade, produz e pensa a construção de identidades e
personalidades, e com isso modifica, faz a inversão entre inserção e inclusão. Gil
(2005) contempla a discussão de Ropoli (2010) discutindo que:
Na Escola Inclusiva não existem classes especiais. Ou melhor, todas as
classes e todos os alunos são muito especiais para seu professor. E você
sabe que isso é verdade por experiência própria. Você sabe que o
Joãozinho aprende uma palavra muito melhor quando você faz um desenho
na lousa. Que a Mariazinha entende mais quando você canta uma música
inventada para a aula de Ciências. Que o Pedro entende melhor a tabuada
quando você usa palitos de sorvete ou sementes. E por isso, muitas vezes,
você passa, de carteira em carteira, explicando a mesma coisa de um jeito
diferente para cada um deles (GIL. 2005, p. 18).
Nessa perspectiva o ensinar e o aprender música se entrelaça com o
processo inclusivo do aluno especial, ou de qualquer minoria adversa. Na busca de
maneiras e formas de pensar e sistematizar um ensino, que mais do que
aprendizagem, promova o aluno a uma formação cidadã e conceitual de mundo,
processo que deve ser uma constante no ensino de música, não estamos falando
aqui da mera técnica de se ensinar ou aprender um instrumento musical, mas sim,
do desenvolvimento de aptidões, da musicalização enquanto elemento de reflexão e
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libertação do homem.
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É na busca constante, no descobrir e redescobrir formas e maneiras de como
ensinar, de como incluir um ou alguns, sem excluir os demais, que a música e a
inclusão e encontram, e uma pode oferecer elementos essenciais para que ambas
venham a contribuir significativamente para a formação humanizadora e
equalizadora que a educação deve promover ao sujeito.
O movimento de estruturação da música como disciplina na grade curricular,
apesar de ser uma conquista nova, vem a muito tempo sendo foco de lutas e
perspectivas no meio educacional; mesmo se fala em relação as conquistas em
relação a inclusão. No Brasil e no mundo muitos são os documentos que embasam
as conquistas hoje obtidas na educação inclusiva.
A Educação Inclusiva não é uma moda passageira. Ela é o resultado de
muitas discussões, estudos teóricos e práticas que tiveram a participação e o apoio
de organizações de pessoas com deficiência e educadores, no Brasil e no mundo.
Fruto também de um contexto histórico em que se resgata a Educação como lugar
do exercício da cidadania e da garantia de direitos. Isto acontece quando se
preconiza, por meio da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), uma
sociedade mais justa em que valores fundamentais são resgatados como a
igualdade de direitos e o combate a qualquer forma de discriminação. Percebeu-se
que as escolas estavam ferindo estes direitos, tendo em vista os altos índices de
exclusão escolar; populações mais pobres, pessoas com deficiência, dentre outros,
estavam sendo, cada vez mais, marginalizadas do processo educacional. A
Declaração Mundial de Educação para todos (1990), a Declaração de Salamanca
(1994) e a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência (1999) são alguns dos mais
importantes documentos produzidos sobre esse assunto. (GIL, 2005, p. 14-15).
Diante dos conceitos e pressupostos apresentados pela autora, percebe-se
que são muitas as fontes documentais que validam a necessidade de
desenvolvimento de uma educação que inclua, ao invés de só inserir, que receba e
abrace a causa antes mesmo de avaliá-la para não correr o risco de pecar no
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julgamento ou invalidá-la antes mesmo de experimentá-la. É claro que todo
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processo de efetivação deve passar sim por preceitos avaliativos, no entanto tanto
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na educação inclusiva como no ensino de música, é preciso que isso se dê durante
o processo de efetivação, em uma construção reflexiva e dialógica, de como ver,
perceber e entender, para a partir daí traçar objetivos e metas condizentes com o
que se objetiva conquistar com o ensino, o que pressupõe a necessidade de um
profissional pesquisador para o desenvolvimento de uma prática intencional. Como
bem coloca Freire (1996, p. 29):
Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se
encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino, continuo buscando,
reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me
indago. Pesquiso para constatar, constatando intervenho, intervindo educo
e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e
comunicar ou anunciar a novidade.
As palavras de Freire completam a ideia de casamento perfeito entre o
ensino de música e a implementação da educação inclusiva no contexto escolar. O
autor não tratar nenhum dos temas, mas ao destacar a necessidade de
desenvolvimento de um ensino em que a base seja a pesquisa, a busca constante;
o questionamento e a intervenção nos conduz a discussões que permeiam o mundo
da música e as discussões em torno da educação inclusiva, são temáticas que
exigem muita pesquisa e estudo para se efetivarem plenamente na educação.
A implementação da música no currículo escolar através da Lei 11.769 tem
dividido opiniões, dentre elas destacamos a opinião da Prof. Dra. Magali Oliveira
Kleber publicado na revista da Associação Brasileira de Educação Musical – ABEM:
O Brasil possui uma riqueza cultural e artística que precisa ser incorporada,
de fato, no seu projeto educacional. Isso só acontecerá se escola e
espaços que trabalham com educação começarem a valorizar e incorporar,
também, conteúdos e formas culturais presentes na diversidade da textura
social. [...] Dessa forma, a Lei favorece que se abra esse espaço tanto para
uma discussão sobre o que se pode fazer para melhorar a educação
brasileira como, também, possibilita que se planeje essa inserção no
sistema educacional brasileiro. Isso está ligado ao exercício da cidadania
cultural, um direito de todo brasileiro e, a escola é, ainda, o único espaço
garantido constitucionalmente de acesso a toda a população. Nesse
sentido é que as práticas musicais se mostram como um fator
potencialmente favorável para a transformação social dos grupos e
indivíduos. Poder contar com seus valores musicais no processo
pedagógico-musical pode se tornar um ponto significativo para um trabalho
de ampliação do status de “ser músico” ou de participar de um grupo
musical (KLEBER, 2010. p.1 ABEM).
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O que fica claro no comentário da pesquisadora é sua percepção sobre as
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contribuições que a música pode trazer aos indivíduos em sua formação social e
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pessoal. Trazendo o leque dessas contribuições para o universo da criança especial
podemos acrescentar o grande trabalho de facilitadora dos mecanismos de
aprendizagem. Um ensino orientado e alicerçado numa base pedagógica lúdica,
prática e dinâmica facilita e muito o processo da aprendizagem de uma criança, se
ela é especial tais procedimentos se tornam indispensáveis, considerando que essa
criança já tem fatores internos e externos que interferem na maioria das vezes na
sua atenção, concentração, socialização dentre outros fatores.
A música como elemento de inclusão se configura como um grande aliado
frente ao trabalho educativo. A dinamicidade, o potencial socializador, a alegria e
movimentação muitas vezes involuntárias causadas pelo ritmo de uma música, a
torna uma ferramenta de grande relevância nas mãos de educadores e músicos que
trabalham com crianças.
Nessa perspectiva para que a música venha a oferecer suas contribuições ao
meio educacional, é necessário que o acesso a linguagem musical, não fique
apenas no papel como muitas leis brasileiras, se faz necessário que os educadores
sejam preparados para usar essa rica ferramenta em suas práticas, e mais que isso
sejam instigados a viver e desenvolver com seus alunos experiências musicais que
desenvolvam seus sentidos, estimule a sensibilidade, ampliando a comunicação
entre todos e de todos com o mundo.
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Figura 1: imagem ilustrativa de alunos em aula de música, Escola Municipal Ensino
Fundamental
Fonte: revistaescolapublica.com.br (2015)
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A MÚSICA ALÉM DE ARTE É EDUCAÇÃO
Entre muitas proezas, a música tem uma característica incomparável: educar.
Fazer música envolve sentimento, inspiração, dom, mas principalmente muito
estudo e dedicação. Por esse motivo, tudo isso é um grande aprendizado e deve ser
passado aos jovens – em especial aos da favela como uma oportunidade que a
escola não consegue oferecer por si só.
Quando citamos o termo “inclusão social”, a primeira referência que vem à
mente diz respeito aos problemas de desigualdade em nossa sociedade. No
entanto, o conceito pode ser estendido a outros casos, como deficiências, pessoas
com dificuldade de aprendizado ou problemas psicológicos. O papel da música pode
ser crucial para facilitar a inclusão dessas pessoas em um grupo e,
consequentemente, mudar a forma de vida delas. Independentemente do caso, a
música como inclusão social, sempre vai agregar de alguma forma e nunca o
contrário.
A música tem diversas funções e existem inúmeras formas eficazes de fazer
dela uma ferramenta infalível para a inclusão social de pessoas. Alguns exemplos
mais comuns:
Corais
Um coral pode ser formado por cantores de diferentes idades e perfis. Além
de ser uma excelente forma de aprendizado de canto, há todo um trabalho de
controle e integração social envolvido.
Orquestras
As orquestras permitem o acesso a instrumentos tanto eruditos quanto
populares. Envolvem aprimoramento técnico e artístico de jovens, e podem servir
como base para projetos individuais ou em grupos.
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Teoria musical
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Esse bem cultural ainda está longe da realidade da grande maioria da
população. Em sua essência, trata-se da base da educação musical,
independentemente do estilo a ser praticado.
A música e a inclusão social são, indiscutivelmente, interligadas entre si.
Todo conhecimento deve ser visto como patrimônio cultural de cada pessoa e
precisa ser motivado entre os jovens. Vivemos em um país extremamente desigual,
e ao mesmo tempo incrivelmente criativo, com uma raiz musical inigualável. É
tempo de mudança e a música pode ser o caminho mais curto para tempos
melhores no futuro.
MUSICOLOGIA DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E TRANSTORNOS DO
DESENVOVIMENTO
A deficiência intelectual tem sido um dos principais focos de aplicação da
musicoterapia desde a sua fundação enquanto disciplina (Alvin, 1965; Nordoff &
Robbins, 1971). Os indivíduos com problemas deste âmbito respondem muito bem a
atividades que envolvam música, o que confere à musicoterapia um nível de
pertinência elevado em comparação com outras metodologias terapêuticas (Alley,
1977).
Com esta população, a musicoterapia consiste numa troca interativa entre
terapeuta e utente, que deve ser flexível e adaptável às necessidades específicas
do último (Cameron, 2017). A abordagem teórica adotada para este processo varia
de terapeuta para terapeuta, podendo passar por perspetivas cognitivo-
comportamentais, analíticas ou de orientação humanista.
A musicoterapia aplicada à deficiência intelectual, requer uma prática
adaptada às sensibilidades desta população (Cameron, 2017). As principais
técnicas utilizadas neste contexto passam pela improvisação musical (Wigram et al.,
2002), a aprendizagem instrumental (Knolle, 1973; Rosene, 1982), nomeadamente
de instrumentos não tradicionais (Cassity, 1977), a utilização de instrumentos de
componente eletrónica, como é o caso do soundbeam (Swingler, 1998), a utilização
de software musical (Ingber, 2003) e a preparação de atuações musicais em público
(Beall, 1985; Chance, 1987; Hodges, 1981; McBain, 1982).
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A musicoterapia é também praticada nesta população em conjunto com
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outras práticas terapêuticas, como a arteterapia (Watson & Vickers, 2002;
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Zagelbaum & Rubino, 1991), a terapia da fala (Bruscia, 1982; Lathom, Edson &
Toombs, 1965; Oldfield & Parry, 1985), a fisioterapia (Dunachie & Budd, 1985;
Oldfield & Peirson, 1985) e a terapia ocupacional (Oldfield & Feuerhhn, 1986). Por
se tratar de um conceito disciplinar algo recente, adota regularmente metodologias
de avaliação criadas para outras áreas terapêuticas, como as previamente referidas
(Wigram et al., 2002)..
A música é uma ferramenta flexível no que diz respeito aos domínios
conceptuais em que consegue intervir (Alvin, 1975). Na deficiência intelectual, a
musicoterapia atua em vários domínios, entre os quais o domínio social, o domínio
físico, o domínio emocional, o domínio pessoal e o domínio cognitivo (Johnels,
Johnels & Rådemark, 2016).
Estudos em neurociências têm demonstrado que há substratos biológicos
inatos no ser humano que, ao mesmo tempo, possibilitam e constrangem o modo
como a música ocorre. Nas últimas décadas, muitos estudos em neurociências têm
demonstrado que tanto a música instrumental quanto as canções consistem em
excelentes elementos para estudo das emoções, uma vez que não somente são
capazes de eliciar respostas com valência positiva e negativa, mas, também e
principalmente, por estas respostas serem consistentes mesmo em indivíduos de
culturas diferentes.
A música não somente pode eliciar emoções mas também mobilizar
processos cognitivos complexos como atenção dividida e sustentada, memória,
controle de impulso, planejamento, execução e controle de ações motoras, entre
outros. Em várias destas funções, um bom desempenho pode ser alcançado por
meio da prática nas atividades musicais sociais cotidianas, enquanto um
desempenho diferenciado na execução de instrumentos e outras práticas musicais
avançadas necessitam de treinamento específico prolongado. Apesar de muitos
estudos utilizarem apenas a audição musical para compreensão do processamento
emocional de estímulos musicais, são nas experiências musicais ativas – ou seja,
quando a pessoa toca um instrumento musical, canta, compõe, e improvisa – que se
observam mais facilmente a presença destes processos cognitivos complexos e o
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desenvolvimento de habilidades relacionadas a eles (KOELSCH, 2011;
Página
RODRIGUES, 2012).
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Segundo a Federação Mundial de Musicoterapia, Musicoterapia é o uso
profissional da música e de seus elementos como uma intervenção em ambientes
médicos, educacionais e cotidianos com indivíduos, grupos, famílias ou
comunidades que busca otimizar sua qualidade de vida e melhorar sua saúde e
bem-estar físico, social, comunicacional, emocional, intelectual e espiritual. A
pesquisa, a prática profissional, o ensino e o treinamento clínico em musicoterapia
são baseados em padrões profissionais de acordo com contextos culturais, sociais e
políticos. (WORLD FEDERATION OF MUSIC THERAPY, 2011, tradução nossa).
A Musicoterapia consiste em um processo sistemático de intervenção no qual
o terapeuta ajuda o paciente a promover sua saúde utilizando experiências musicais
e a relação terapêutica (BRUSCIA, 2000). Na Musicoterapia, o paciente vivencia a
música de forma ativa através de atividades de audição, performance, composição e
improvisação musicais sendo que a seleção destas atividades é determinada pela
necessidade clínica do paciente bem como por suas habilidades desenvolvidas e
potenciais, gostos, histórico e ideias sobre a música, conjugados com a abordagem
teórica e metodologia clínica adotadas pelo terapeuta (SAMPAIO; SAMPAIO, 2005).
MUSICOLOGIA NA GERONTOLOGIA E GEREATRIA
A Musicoterapia, sendo uma terapia auto expressiva com forte atuação nas
funções cognitivas e emocionais, contribui diretamente para o envelhecimento ativo.
Segundo Freitas (2006, p.1216)
o envelhecimento é caracterizado por mudanças morfofuncionais ao longo
da vida, que ocorrem após a maturação sexual e que, progressivamente,
compromete a capacidade de resposta dos indivíduos ao estresse
ambiental e à manutenção da homeostasia. Entretanto, as transformações
presentes nesta fase da vida também são de natureza psicológica,
emocional, social e espiritual.
Devido aos avanços da medicina a população idosa aumentou e como isso a
necessidade de tratamentos da saúde física e mental, proporcionando um
sentimento de bem estar. Essa longevidade, apesar de demonstrar um avanço da
tecnociência, assim como, dos padrões de vida da população, traz consigo a
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presença de enfermidades não transmissíveis e progressivas, resultando por
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consequência em incapacidades e fragilidades. Esta realidade tem levado a uma
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reorganização do Sistema Social e da Saúde, pois a presença deste perfil
epidemiológico acarreta consigo um aumento nos gastos públicos em resposta a
uma demanda diferenciada do que era visto na década de 50 (IBGE).
Dentre as várias ações de promoção e prevenção de saúde, destaca-se: a
aplicação de vacinas, programas educacionais, atividades físicas, grupos de
convivência, além de ações dirigidas à detecção precoce de enfermidades não-
transmissíveis, antecipação de danos sensoriais, protocolos para risco de queda,
alterações do humor, perdas cognitivas, prevenção de perdas dentárias, prevenção
em deficiência nutricional, prevenção da perda de independência, autonomia e
prevenção de isolamento social, criando para este grupo oportunidades de fazer
parte ou uso de clubes, centros de convivência, associações onde estes artifícios
são fundamentais para o idoso continuar inserido na sociedade (Ministério da
Saúde).
Salientando entre as diversas terapias integrativas e complementares mais
usadas na atualidade, destaca-se a música como um recurso para realização de
ações de promoção e prevenção. Na área da geriatria e gerontologia, o uso da
música vem se sobressaindo por proporcionar efeitos significativos nas esferas
psicoemocionais, físicas e sociais destas pessoas, repercutindo na melhora da
autoestima e da sociabilização.
Segundo Côrte e Lodovici Neto (2009) a musicoterapia é o que tem de mais
essencial nos processos terapêuticos, levando a pessoa afetada por uma doença a
manter uma posição mais tranquila e serena diante da vida, minimizando a sintomas
e transformando a si mesma, ganhando força para estancar sua progressão. Tudo
isto porque a música possibilita que a pessoa orquestre a mente, corpo, alma e
coração resgatando sua identidade e fazendo com que o indivíduo se torne maestro
da sua própria vida.
As literaturas relatam que o aumento do tratamento com música na terceira
idade estimula, além do prazer de cantar, tocar, improvisar, criar e recriar
musicalmente, o redescobrir das canções que fizeram e fazem parte da sua vida
sonoro-musical.
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As pesquisas mostram também que estes tratamentos auxiliam diretamente
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no resgate da identidade sonora do cliente, tendo por consequência a elevação do
seu amor próprio e autoconfiança.
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Observa-se que com esta população a musicologia como tratamento vem se
mostrando de grande importância, no que se refere aos resgates de memória, como
tratamento coadjuvante de valor reconhecido mundialmente, já que sua eficácia na
manutenção das funções cognitivas, elevação da autoestima e sociabilização.
Na terceira idade, a música representa uma terapia auto expressiva e de
grande atuação nas funções cognitivas, a qual pode ser estimulada pelo canal
sonoro-musical, onde as instâncias psíquicas muitas vezes não poderão alcançar as
palavras. Ou seja, em instâncias mentais nas quais a linguagem verbal, devido ao
acometimento por doenças e deficiências, já não intervém com grande poder de
penetração.
No tratamento do uso da música como terapia é comum observar no idoso a
emergência de se elaborar conteúdos e fortalecer os mesmos, nesta produção se
constata a reestruturação do indivíduo, sujeito de suas próprias ações e
fortalecimento de sua identidade. Todo este processo existe porque a música
acompanhará o processo de envelhecimento, marcando as épocas e os
acontecimentos sociais. Ao marcar um tempo, a canção, por seu vínculo afetivo,
pode resgatar o fio melódico da vida do indivíduo, ao retratar todas as suas idades
no contexto sonoro musical. Tais lembranças vinculam as vivências pessoais e
intransferíveis às vivências sociais e coletivas. Com este processo o idoso se vê
restituído, a partir de sua própria produção e ação funções vivo que, devido ao
processo natural do envelhecimento, foram se alterando com o tempo, ou que foram
alteradas por algum processo patológico, conforme aponta Côrte (2009).
Dentre as diversas melhorias apontadas neste texto, vale ressaltar que os
principais focos da Musicoterapia é resgatar a espontaneidade perdida ao longo do
passar dos anos, estimular a criatividade e liberar dos pacientes de condutas
padronizadas, rígidas, comportamentos que muitas vezes são adquiridos durante o
processo de envelhecimento.
Como dito acima o estímulo da música proporciona aos idosos um contato
com seu poder criativo, com suas potencialidades, memórias e histórias de vida,
fortalecendo sua identidade e autoestima, que combinada ou não com outras
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abordagens, a Musicoterapia também aperfeiçoa objetivos médicos, podendo
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favorecer a alteração de tônus muscular e frequência cardíaca, expandir capacidade
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respiratória, favorecer contato com emoções, afetar humor, aprimorar memória e
comunicação, facilitar manejo de estresse e reduzir a percepção de dor.
Como todo processo a musicoterapia apresentas metas que são:
Estabelecer o vínculo terapêutico, fortalecendo as relações de confiança
no terapeuta e facilitando a integração e a interação por meio do
desenvolvimento da comunicação e busca pelo autoconhecimento
Melhoria da qualidade de vida, estimulando as ações físicas, biológicas,
psicológicas e sociais do indivíduo, integrando-o consigo mesmo e com o meio
que o cerca
Estimular os canais expressivos do idoso, favorecendo a exteriorização de
suas potencialidades
Oferecer espaço para novas manifestações expressivas durante o
processo musicoterápico, que possam de alguma forma alimentar e
impulsionar o idoso e mobilizá-lo para possíveis mudanças de seu
comportamento
Oferecer atendimento e orientação aos familiares e/ou cuidadores
Auxiliar efetivamente na prevenção e reabilitação no que se refere à
manutenção de funções cognitivas preservadas, facilitação das relações
interpessoais, auto expressão e ao resgate de todo tipo de memória
Desenvolver a criatividade, a liberdade de expressão, a espontaneidade e
capacidade lúdica
Desenvolver habilidades perceptivas e cognitivas, valorizando a história
pessoal do idoso, a partir da sua história sonoro musical e qualquer outro
objetivo e/ou metas a serem alcançados, conforme a necessidade do cliente
durante o processo musicoterápico.
Sendo assim, acredita-se que as relações sociais que se estabeleceram no
grupo são aspectos relevantes para a subjetividade do ser humano, o mundo interno
que possui e suas expressões. O homem é um ser social e, como um ser de
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relações sociais, está em permanente movimento.
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Corrêa (1996) evidencia um processo de envelhecimento integrado, em que os
fatores biológicos se somam aos ambientais e aos psicológicos, numa visão
biopsicossocial do envelhecimento. Acredita-se que não há apenas uma, mas várias
dimensões da idade a serem consideradas por todo indivíduo, pois de acordo com a
maneira com que cada indivíduo se situa frente às dimensões do tempo, ele
conduzirá o seu viver. Atualmente, sabe-se que quanto mais uma pessoa exercita
sua mente, maiores possibilidades terá de mantê-la ágil e receptiva; portanto, ainda
suscetível ao desenvolvimento.
A MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
A música tem um grande poder de interação e desde muito cedo adquire
grande relevância na vida de uma criança despertando sensações diversas,
tornando-se uma das formas de linguagem muito apreciada por facilitar a
aprendizagem e instigar a memória das pessoas.
Sabendo que as aulas de educação artística, onde a música está inserida
não tem um papel de grande destaque no currículo escolar, uma vez que as
disciplinas seguem uma regra hierárquica, onde as que são tidas como as mais
importantes para o desenvolvimento escolar do aluno tem um enorme destaque e
são tidas como as demais necessidades para a vida escolar e social do aluno,
enquanto as demais disciplinas que estão presentes no currículo são levadas em
“banho-maria” nas salas de aula.
As aulas de educação artística há muito tempo vêm sendo relegadas ao
segundo plano, os alunos só se dedicam as atividades artísticas dentro da escola
apenas quando o professor ou a instituição tem atividades específicas ou projetos,
apresentações, amostras, recitais, encontros, etc.
Para as escolas ainda é mais importante que o aluno venha a ler e escrever
com maior rapidez para assim acompanhar os planos escolares e suas atividades
diárias, facilitando assim o trabalho de acompanhar as fases individuais dos alunos,
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que quase sempre não são respeitadas, pois estes alunos que não acompanham
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essa norma (ler e escrever) no tempo determinado pelo sistema educacional são
taxados como lentos e necessitados de reforço em suas atividades.
No âmbito escolar a música tem por finalidade acrescer e facilitar a
aprendizagem do educando, pois instrui o indivíduo a ouvir de maneira afetiva e
refletida. A educação deve ser vista como um processo comum, permanente e
progressivo, que precise de diferentes formas de estudos para seus
aperfeiçoamentos, pois em qualquer espaço sempre haverá diferentes condições
familiares, sociais, ambientais e afetivos.
A musicalização abraça aspectos importantes com propósitos educacionais, e
é um apetrecho que assessora o educador a cumprir bem o seu papel, visto que
educar exige doses de emoção, alegria, compromisso, além de trazer experiências
que enriquecem a relação entre professor e alunos.
O tema ainda fala da música como um importante papel na educação, não
apenas como estética, mas também como facilitadora do processo de ensino-
aprendizagem e como instrumento que tem um grande poder de tornar a escola um
ambiente mais receptivo e alegre que façam com que os alunos desejem estar
neste ambiente e dediquem-se ainda mais as suas atividades, pois estarão
envolvidos emocionalmente com todo o espaço, tanto físico quanto emocional da
escola.
Em nossa tradição escolar, o ensino da educação artística ainda é
considerado um conhecimento supérfluo, muitas vezes vista como suporte para
outras matérias. A banalização da música no contexto escolar encontra-se presente
devido ao uso da mesma apenas como recreação, ignorando sua importância para
o desenvolvimento e riquezas culturais e sociais que a música proporciona para os
indivíduos.
Quando o ensino de Artes (música, dança, teatro, pintura, etc.) passarem a
ser tido como uma matéria importante e complementar para a formação de um
cidadão e apresentar-se dentro do currículo escolar ou mesmo como forma
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interdisciplinar, haverá uma ascensão favorável de aprendizado, levando em conta
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os aspectos psicológicos e físicos dos alunos.
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Vygotsky (2003) nos mostra que o ambiente externo interage diretamente no
desenvolvimento e aprendizagem das crianças, dessa maneira acredita-se que o
contato das mesmas com a cultura que a rodeia seja um elemento fundamental para
o seu crescimento saudável.
A música tem um grande poder de interação e desde muito cedo adquire
grande relevância na vida de uma criança despertando sensações diversas,
tornando-se uma das formas de linguagem muito apreciada por facilitar a
aprendizagem e instigar a memória das pessoas.
Desde o nascimento que o ser humano mostra suas necessidades de
comunicação, interagir com a sociedade e meio envolvente. Essa necessidade se
inicia no ventre da sua mãe, onde é criada uma relação de afeto, estabelecendo
formas de comunicação entre a mãe e a criança, através de simples gestos.
Segundo Morris (1975, p. 235):
Tudo que é caracteristicamente humano depende da linguagem. O ser
humano é, em primeira instância, o animal falante. O discurso representa o
mais essencial – mas não o único – papel no desenvolvimento e na
preservação da identidade humana e de suas aberrações, assim como faz
no desenvolvimento e na manutenção da sociedade e de suas aberrações.
A cultura vem acompanhando as gerações e sua importância é incontestável.
A necessidade de comunicação ente os povos tornaram a música uma marca vital
de identificação de cada comunidade e sua cultura. Segundo Oliveira (1999, p. 42),
“é a necessidade de comunicação que impulsiona, inicialmente, o desenvolvimento
da linguagem”. A música é a forma de expressão artística, tanto no campo popular
quanto no erudito. As comunidades podem ser identificadas pela música que
escutam.
Como podemos definir taxar ou estimar o gosto musical, a cultura, classe
social, se a criança não tem opção de aprofundar seu conhecimento nos diversos
campos culturais oferecidos pelas artes? A música proporciona uma forma de
expressão e contribui para buscar a identidade de um povo, mas, isso não quer
dizer que se devem privar o mergulho em outras culturas, pois a igualdade implica
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no direito de não haver discriminação, sendo assim a escola tem obrigação de
Página
oferecer essa cartela de opções a seus alunos.
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Charles Husband (1998, p. 139) afirma:
No reconhecimento de nossa individualidade está a possibilidade de
assumirmos a identidade da comunidade que fazemos parte, aquilo que
nos une e nos solidariza. Consequentemente, os direitos individuais não
podem ser inteiramente usufruídos ou garantidos, na ausência do respeito
para com a dignidade, a integridade, a igualdade e a liberdade daquelas
comunidades com as quais nos identificamos, incluindo a comunidade
étnica a qual pertencemos. Na busca do reconhecimento de quaisquer de
nossas comunidades [...] nós devemos reconhecer reciprocamente a
legitimidade da existência e da integridade de outras comunidades,
inclusive suas diferenças em relação a nós.
No Brasil ainda temos pouco incentivo para pesquisas sobre educação
musical enquanto em outros países a música já é vista como obrigatória nas
escolas. A finalidade da inclusão da música na escola não é tanto transmitir uma
técnica particular, mas sim trazer para o aluno opções de expressão e linguagens
que o ajudarão a desenvolver o gosto pela cultura e assim futuramente expressar-se
através dela.
Dessa maneira, é possível afirmar que no Brasil já temos uma trajetória
histórica, educativa e cultural que nos permite uma reflexão crítica acerca de
perspectivas e caminhos concretos que possam subsidiar a inserção da educação
musical nas escolas.
Sabendo que as aulas de educação artística, onde a música está inserida,
não tem um papel de grande destaque no currículo escolar uma vez que as
disciplinas seguem uma regra hierárquica, onde as que são tidas como as mais
importantes para o desenvolvimento escolar do aluno tem um enorme destaque e
são consideradas como as de mais necessidade para a vida escolar e social do
aluno, enquanto as demais disciplinas que estão presentes no currículo são levadas
em “banho-maria” nas salas de aula como é o caso da disciplina de Artes.
As aulas de educação artística há muito tempo vêm sendo relegadas ao
segundo plano, os alunos só dedicam-se as atividades artísticas dentro da escola
apenas quando o professor ou a instituição tem atividades específicas ou projetos,
apresentações, amostras, recitais, encontros, etc. Assim não sendo a arte fica
sempre em segundo plano.
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Para as escolas ainda é mais importante que o aluno venha a ler e escrever
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com maior rapidez para assim acompanhar os planos escolares e suas atividades
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diárias, facilitando assim o trabalho de acompanhar as fases individuais dos alunos,
que quase sempre não são respeitadas, pois estes alunos que não acompanham
essa norma (ler e escrever) no tempo determinado pelo sistema educacional são
taxados como lentos e necessitados de reforço em suas atividades.
UM OLHAR PARA O FUTURO
A análise de ideias a respeito do ensino de Música, assim como as suas
finalidades, suas vantagens e sua relação com a escola moderna. A partir do século
XX, estas discussões se tornaram ainda mais intensas e, consequentemente o
ensino de música conseguiu cada vez mais espaço dentro dos currículos escolares
brasileiros. Promovem benefícios, que através da música podemos sensibilizar o
educando, desenvolvendo a percepção de mundo, enfim, o fazer criativo.
A educação musical auxilia todo o processo de formação do ser humano, e
pesquisas científicas comprovam que crianças, jovens e adultos que estudam algum
instrumento musical têm melhor desempenho na aprendizagem escolar.
A cultura é o fundamento, que alicerça e identifica um povo e aprendendo
sobre nossa cultura estamos valorizando nosso país. A música é um fenômeno
global e não há cultura sem música, por isso seu papel é tão importante, quanto
conhecer e preservar nossas tradições musicais, é também conhecer a produção
musical de outros povos e culturas e, de modo, explorar, criar e ampliar os
caminhos e os recursos para o fazer musical. Como umas das formas de
representação simbólica do mundo, a música, em sua diversidade e riqueza,
permite-nos conhecer melhor a nós mesmos e ao outro, próximo ou distante. Mais
do que uma disciplina, o ensino musical é uma expressão de vida.
A música é uma das competências a serem desenvolvidas na infância, e,
como sabemos, outra importante trajetória se completa quando a criança adquire a
habilidade de ler e escrever.
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Todavia, a educação musical infantil no Brasil ainda caminha lentamente, ela
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precisa ser constituída, e seus principais objetivos não podem se resumir a auxiliar
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no aperfeiçoamento dos alunos em outras áreas de conhecimento, fazer porque
cada criança tem o direito de desenvolver sistematicamente suas habilidades
musicais, precisa ser valorizada como conhecimento artístico e acadêmico
valorizada por si mesma.
A nova legislação abre múltiplas possibilidades para que a atividade musical
encontre o seu espaço na educação básica. Entretanto, é preciso mencionar que “a
lei em si não é capaz de modificar o cenário da educação escolar” (Martinez, 2012,
p. 20), pois inúmeros fatores que influenciam esse processo, como a organização
das diferentes secretarias de educação e dos diversos estabelecimentos de ensino,
além da formação e atuação do professor.
Fonte ferraristudio.blogspot.com (2010)
A MÚSICA PARA SURDOS
Se você é ouvinte, deve estar pensando: como assim, música para surdos?!
Se você for surdo, deve saber exatamente do que nós estamos falando. Não só a
música, como todas as artes podem (e deveriam!) ser acessíveis para todos que
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queiram apreciá-las. Para os surdos, a música pode ser sentida de dois jeitos
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diferentes: ou por meio das vibrações ou com um interprete de Libras.
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Os surdos conseguem sentir a música, literalmente, vibrando por todo o seu
corpo. Geralmente, para os ouvintes, o som (que é uma onda, que vibra o ar) vibra
os ossos e membranas dos ouvidos e essa vibração é decodificada pelo cérebro
como sons. Quando você é surdo, você recebe essas mesmas vibrações, mas
geralmente, existe algum problema nessa comunicação com o cérebro e o surdo
acaba não reconhecendo as vibrações como sons. O que não significa que eles não
sentem a música, aliás, eles acabam sendo até mais sensíveis a elas do que os
ouvintes. É isso que permite iniciativas super legais como o Samba com as Mãos,
no qual a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida
de São Paulo leva surdos para assistirem ao Carnaval Paulistano e sentir a vibração
da bateria, ou como a Banda do Silêncio, composta apenas por crianças surdas
tocando instrumentos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando que a educação genuína é aquela que conduz o homem a
pensar, refletir e analisar o mundo a sua volta, podemos entender que um processo
educativo que promova todas essas capacidades deve ser muito bem planejado e
embasado teoricamente e metodologicamente. Considerando a música como uma
ferramenta metodológica rica em diversidade, cultura, movimento, arte e
teatralidade, podemos apontá-la como um genuíno mecanismo de ensino-
aprendizagem e como tal deve ser pensado e planejado antes de colocado em
prática, o “achismo” sobre as possíveis contribuições da música ao ensino vem de
muito tempo, mas suas reais contribuições só se formalização a partir de trabalhos
planejados e orientados a luz dos conhecimentos didático-pedagógicos.
É no casamento perfeito desses dois polos do conhecimento que reside o
real sentido de se usar a música, mais do que como um elemento socializador ou
inclusivo na educação; a música quando integralizada a prática pedagógica de um
docente deve assumir um papel de fomentadora de potenciais, instrumentalizadora
de capacidades e mais ainda de pontecializadora de sonhos, de alegrias de vontade
de aprender brincando, cantando, dançando. Não é fácil, se fosse fácil não seria
foco de tantas discussões e não geraria tanta divergência, não quanto aos seus
resultados, mas (algumas vezes) quanto ao seu uso, de forma impróprio e indevida
para tapar buracos em práticas pedagógicas não planejadas, sem objetivos ou
metas para com o ensino, e acima de tudo sem compromisso com a aprendizagem
dos educandos. É necessário entender que educar não é apenas ensinar regras ou
conteúdos gramaticais matemáticos, etc.
O verdadeiro educador sabe que educar é acreditar e investir em sonhos, é
ainda mais que isso, é acreditar e investir em sonhos alheios, por vezes até
utópicos, mas sonhos, que devem ser tratados como reais, imagináveis, possíveis e
necessários de serem sonhados. Investir na educação musical é ter o compromisso
firmado naqueles que nos fazem existir como educadores, a responsabilidade uma
vez assumida como educador, deve ser mantida e alimentada dia-a-dia, por cada
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um que se diz educador.
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aprendizagem da criança. A educação e a música, a música no Brasil, o papel
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2ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2006, p 70.
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