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MÓDULO 1 – PROPRIEDADES DOS MATERIAIS E ESTUDO DO ÁTOMO 9

SISTEMAS QUÍMICOS 9

TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA 10

PROPRIEDADES DOS MATERIAIS 11

CONCEITOS FUNDAMENTAIS (ÁTOMOS) 20

MODELOS ATÔMICOS 24

MÓDULO 2 - TABELA PERIÓDICA, LIGAÇÕES QUÍMICAS E INTERAÇÕES INTER-


MOLECULARES 31

CLASSIFICAÇÃO PERIÓDICA ATUAL 31

PROPRIEDADES PERIÓDICAS 34

LIGAÇÃO IÔNICA 39

LIGAÇÃO METÁLICA 42

LIGAÇÃO COVALENTE 43

INTERAÇÕES INTERMOLECULARES 50

CRISTAIS COVALENTES 53

MÓDULO 3 - INTRODUÇÃO À QUÍMICA ORGÂNICA, NOMENCLATURA E HIDRO-


CARBONETOS 55

INTRODUÇÃO À QUÍMICA ORGÂNICA 55

NOMENCLATURA DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS (IUPAC) 60

FUNÇÕES ORGÂNICAS 63
2
HIDROCARBONETOS 63

FONTES DE HIDROCARBONETOS 68

MÓDULO 4 - FUNÇÕES ORGÂNICAS, ACIDEZ E BASICIDADE E ISOMERIAS 71

FUNÇÕES OXIGENADAS 71

1. ÁLCOOL 71

2. FENOL 73

3. ÉTERES 74

4. ALDEÍDOS E CETONAS 74

5. ÁCIDOS CARBOXÍLICOS 76

6. SAIS CARBOXÍLICOS 78

7. ÉSTER 78

FUNÇÕES NITROGENADAS 80

1. AMINAS 80

2. AMIDAS 82

OUTRAS FUNÇÕES ORGÂNICAS 84

1.OUTRAS FUNÇÕES NITROGENADAS 84

2.HALETOS ORGÂNICOS 84

3.ORGANOSSULFURADOS 84

A QUÍMICA DA LIMPEZA 85

1.SABÃO 85

2.DETERGENTE 87

ACIDEZ E BASICIDADE DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS 89

1.TEORIAS ÁCIDO-BASE 89

2. FORÇA DE ÁCIDOS E BASES 90


3
3. ACIDEZ E BASICIDADE DE COMPOSTOS ORGÂNICOS 91

ISOMERIA 93

1. INTRODUÇÃO 93

2. ISOMERIA PLANA OU CONSTITUCIONAL 93

3. ISOMERIA ESPACIAL OU ESTEREOISOMERIA 95

MÓDULO 5 - REAÇÕES ORGÂNICAS, POLÍMEROS E BIOMOLÉCULAS 99

REAÇÕES ORGÂNICAS 99

1. REAÇÕES DE ADIÇÃO 99

2. REAÇÕES DE ELIMINAÇÃO 100

3. REAÇÕES DE OXIDAÇÃO 101

4. REAÇÕES DE SUBSTITUIÇÃO 103

POLÍMEROS 106

1. POLÍMEROS DE ADIÇÃO 106

2. POLÍMEROS DE CONDENSAÇÃO 107

BIOMOLÉCULAS 109

1.LIPÍDEOS 109

2.CARBOIDRATOS 110

3.PROTEÍNAS E AMINOÁCIDOS 113

4.ÁCIDOS NUCLÉICOS 114

MÓDULO 6 - FUNÇÕES INORGÂNICAS, CÁLCULOS QUÍMICOS E ESTEQUIOMÉ-


TRICOS E ESTUDO FÍSICO DOS GASES 118

FUNÇÕES INORGÂNICAS 118

1. NÚMERO DE OXIDAÇÃO 118

2. DISSOCIAÇÃO 119

4
3. IONIZAÇÃO 119

4. ÁCIDOS 119

5. BASES OU HIDRÓXIDOS 122

6. SAIS 124

7. ÓXIDOS 126

CÁLCULOS QUÍMICOS 130

CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO 135

ESTUDO FÍSICO DOS GASES 141

1) VARIÁVEIS DE ESTADO 141

2) TRANSFORMAÇÕES GASOSAS 141

3) EQUAÇÃO GERAL DOS GASES 143

4) EQUAÇÃO DE CLAPEYRON 143

5) MISTURAS GASOSAS 143

6) DENSIDADE GASOSA (D) 144

7) DIFUSÃO E EFUSÃO GASOSA 144

MÓDULO 7 - SOLUÇÕES E PROPRIEDADES COLIGATIVAS 145

ESTUDO DAS SOLUÇÕES 145

CONCENTRAÇÃO DAS SOLUÇÕES 147

DILUIÇÃO DE SOLUÇÕES 149

MISTURA DE SOLUÇÕES 150

PROPRIEDADES COLIGATIVAS 153

TONOSCOPIA 156

EBULIOSCOPIA 156

CRIOSCOPIA 157
5
OSMOSE 158

COLÓIDES 161

MÓDULO 8 - TERMOQUÍMICA E CINÉTICA QUÍMICA 164

TERMOQUÍMICA 164

1.ENERGIA 164

2.TEMPERATURA E CALOR 165

3.PROCESSOS ENDOTÉRMICOS E EXOTÉRMICOS 166

4.ENERGIA INTERNA (E) 166

5.ENTALPIA (H) 166

6.VARIAÇÃO DE ENTALPIA (ΔH) 166

7.ENERGIAS CINÉTICA E POTENCIAL DURANTE UMA TRANSFORMAÇÃO TER-


MOQUÍMICA 167

8.EQUAÇÕES TERMOQUÍMICAS 168

9.FATORES QUE AFETAM O VALOR DE ΔH 168

10.ENTALPIA – PADRÃO DE FORMAÇÃO E DE REAÇÃO 168

11.LEI DE HESS 169

12.ENERGIA DE LIGAÇÃO 170

CINÉTICA QUÍMICA 171

1.LEIS DA VELOCIDADE 172

2.TEORIA DAS COLISÕES E ENERGIA DE ATIVAÇÃO 173

3.CATÁLISE 174

MÓDULO 9 - EQUILÍBRIOS 176

EQUILÍBRIO QUÍMICO 176

1. CONDIÇÕES 176

6
2. ANÁLISE GRÁFICA 176

3. TIPOS DE EQUILÍBRIO QUÍMICO 177

4. CONSTANTES DE EQUILÍBRIO 177

5. QUOCIENTE REACIONAL (Q) 179

6. GRAU DE EQUILÍBRIO (∝) 179

7. DESLOCAMENTO DE EQUILÍBRIO 179

EQUILÍBRIO IONICO 180

1.AUTOIONIZAÇÃO DA ÁGUA 180

2.EQUILÍBRIO IÔNICO PARA ÁCIDOS E BASES 180

3.PH E POH 182

4.INDICADORES ÁCIDO-BASE 182

5.SOLUÇÃO TAMPÃO 183

6.HIDRÓLISE SALINA 183

7.EQUILÍBRIO DE SOLUBILIDADE E KPS 184

MÓDULO 10 - ELETROQUÍMICA E REAÇÕES NUCLEARES 186

ELETROQUÍMICA 186

1.REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO 186

2.PILHAS 187

3.ELETRÓLISE 191

REAÇÕES NUCLEARES 195

1. INTRODUÇÃO 195

2. RADIOATIVIDADE 195

3. ESTABILIDADE NUCLEAR 197

4. CINÉTICA DAS DESINTEGRAÇÕES 198


7
5. FISSÃO NUCLEAR 200

6. FUSÃO NUCLEAR 202

MÓDULO 11 - QUÍMICA AMBIENTAL 203

1.ATMOSFERA 203

2.SOLO 214

3.ÁGUA 217

8
MÓDULO 1 – PROPRIEDADES Exemplos:

DOS MATERIAIS E ESTUDO DO


ÁTOMO

SISTEMAS QUÍMICOS
b) Sistema heterogêneo: não apresenta as
mesmas propriedades e não possui aspecto
Desde o início, a Química esteve presente
uniforme em toda a sua extensão, quando
no desenvolvimento da humanidade, propor-
analisado com ou sem um microscópio.
cionando bem-estar e propiciando o desenvol-
Exemplos:
vimento de novas tecnologias. Mas o que é a
Química?
A Química é a ciência que estuda a
composição, a estrutura, as propriedades da
matéria, as transformações sofridas por ela e
a energia envolvida nessas transformações.

1.Matéria

Matéria é tudo aquilo que possui massa e


Todo sistema heterogêneo é constituído de
ocupa lugar no espaço, como, por exemplo, o
várias porções que, separadamente, são homo-
vidro, o caderno, o ar, etc.
gêneas. Essas porções são denominadas fases.
Portanto, um sistema homogêneo é dito mono-
Atenção!
fásico e um heterogêneo polifásico.
Luz, som, energia térmica não são classifica-
Atenção!
dos como matéria, pois não possuem massa. • Todo sistema constituído apenas de ga-
ses é sempre homogêneo.
A definição de matéria é muito ampla e, • Os sistemas formados por dois ou mais
por isso, para facilitar o estudo, analisamos uma
sólidos são polifásicos ou heterogêneos.
porção limitada que denominamos corpo. Caso • No caso de sistemas líquidos, é neces-
esse corpo possua alguma finalidade para o ho-
sário conhecer a miscibilidade dos líquidos
mem ele é chamado de objeto.
para avaliar se o sistema formado será
Exemplo: o vidro é a matéria, um pedaço
homogêneo ou heterogêneo.
de vidro é o corpo e um copo de vidro é o obje-
to.
Toda a matéria é constituída por substân- 3. Substâncias e misturas
cias e essas são formadas pelos átomos.
Existem materiais diferentes, pois existem As substâncias podem ser formadas por
118 tipos de elementos químicos conhecidos átomos de elementos diferentes ou do mesmo
atualmente, cujos átomos podem combinar-se, elemento. Por isso, podemos classificar as subs-
unir-se, para formar infinitos tipos de substânci- tâncias de acordo com o número de elementos
as. químicos encontrados em sua fórmula ou pelo
A Química é uma ciência experimental e, seu grau de pureza.
por isso, para realizar os estudos com a matéria,
é necessário isolar uma porção do material do a) Quanto ao número de elementos quími-
resto do universo. A porção considerada como cos
• Substância simples ou elementar:
um todo para fins de estudo é denominada Sis-
tema. formada por apenas átomos do mesmo
elemento químico.
Exemplos: O3, H2, He, Cgrafite, Srômbico, Pverme-
2. Sistemas Químicos lho, Fe(s), etc.
• Substância composta ou composto:
a) Sistema homogêneo: apresenta as mes-
formada por átomos elementos diferen-
mas propriedades e aspecto uniforme em
tes.
toda a sua extensão, mesmo quando analisa-
Exemplos: H2O, C6H12O6, NaCl, K2Cr2O7, etc.
do com um microscópio.

9
Observação: uma substância pura pode to, quando as forças repulsivas predominam, a
formar sistemas homogêneos ou heterogêneos relação entre a Ep e a distância inverte e, por
dependendo dos estados físicos que ela se en- isso, quanto menor for a distância, maior será a
contra. Ep.
Exemplo: formação da molécula de H2
b) Quanto ao grau de pureza
• Substância pura: apresenta um único
constituinte, ou seja, uma única substân-
cia.
Exemplo: água tridestilada.
• Mistura: é formada por duas ou mais
substâncias.
Exemplos: ar, água mineral, suco, granito,
etc.

A maioria dos materiais encontrados na


natureza são misturas que podem apresentar
No gráfico, quando a distância entre os áto-
uma ou mais fases. Assim, podemos classificar
mos é muito grande, há o predomínio das forças
as misturas de acordo com a quantidades de fa-
atrativas núcleo-elétron. A medida que a distân-
ses que elas apresentam.
cia diminui a Ep também reduz até chegar no
ponto de Ep mínima (máxima estabilidade). A
a) Mistura homogênea
Apresenta uma única fase mesmo quando partir desse ponto, ao reduzir a distância a Ep
aumenta, pois há o predomínio das forças repul-
analisada com um microscópio.
sivas (os núcleos estão muito próximos).
Exemplos: água e álcool, gasolina de posto,
ouro 18 quilates, etc.
Atenção!
Energia interna (U) é toda a energia que um
b) Mistura heterogênea
sistema possui. Logo:
Apresenta duas ou mais fases quando anali-
U = Ec + Ep
sada com ou sem o auxílio de um microscópio.
Exemplos: água e oléo, mármore, sangue,
leite, etc. TRANSFORMAÇÕES DA MATÉ-
RIA
A Química estuda três tipos de transforma-
4. Energia
ções da matéria.
Energia é a capacidade de realizar traba-
lho, promovendo alterações na posição, na velo- 1. Transformações físicas
cidade, no estado físico e/ou na composição do Os fenômenos fisicos são aqueles que não
sistema. alteram a composicão da matéria. Portanto, a
Existem vários tipos de energia. Na Quí- identidade química das substâncias e nem a dos
mica as energias mais estudadas são a cinética átomos é alterada.
e a potencial (Energia Química). Exemplos: mudanças de estado físico, disso-
a) Energia cinética luções, etc.
É a energia resultante do movimento das par-
tículas. 2. Transformações químicas
A Ec é proporcional à temperatura. Quan-
Nos fenômenos químicos, há a alteração
to maior for a temperatura, maior será o grau de
na composição dos materiais sem alterar a iden-
agitação das partículas e, consequentemente,
tidade dos átomos que os formam.
maior será a Ec.
b) Energia potencial química
Exemplos: queima da gasolina, fermentação,
É a energia resultante da posição das par-
oxidação dos alimentos, etc.
tículas num campo de forças atrativas e/ou re-
pulsivas e ela está associada às ligações e inte-
3. Transformações nucleares
rações químicas.
Quando há predomínio de forças atrativas, a As reações nucleares ocorrem com altera-
Ep é diretamente proporcional à distância entre ção tanto na matéria quanto na identidade do
elas. Portanto, quanto mais intensas forem as átomo (transmutação).
interações entre as partículas que formam a Exemplos: decaimentos radioativos, fusão
substância, menor será a distância entre elas e, nuclear, etc.
consequentemente, menor será a Ep. No entan-
10
PROPRIEDADES DOS MATE- vada para produzir uma redução de volume mui-
to pequena. Como as forças de atração entre
RIAIS essas partículas são medianas, o estado líquido
apresenta energia potencial mediana.
1. Estados Físicos da Matéria
Na natureza, a matéria pode apresentar-se em
1.3- Gasoso
três estados físicos: sólido, líquido e gasoso.
As partículas que formam o estado
As unidades estruturais que compõem uma gasoso estão totalmente afastadas
substância são as mesmas, independente do seu umas das outras e apresentam
estado físico. Em termos de estrutura interna, as grande movimentação (têm movi-
principais diferenças entre os estados físicos de- mento vibracional, rotacional e
vem-se às diferenças de energias potenciais e translacional). As forças de atração
cinéticas dessas unidades. entre essas partículas são baixíssimas, conferin-
do a esse estado um alto grau de desordem, vis-
1.1-Sólido to que uma partícula se movimenta independen-
temente de suas vizinhanças.

O estado gasoso é bastante diferente dos de-


O estado de agregação das partí- mais, possuindo forma e volume variáveis; os
culas no estado sólido é ordena- gases assumem a forma e o volume do recipien-
do em um retículo cristalino. te que os contém. Um sistema gasoso apresenta
Esse retículo corresponde a uma altas compressibilidade e dilatabilidade, uma vez
figura geométrica (como um que suas partículas estão distantes e podem ser
cubo ou um paralelograma), e as aproximadas ou afastadas com facilidade. Con-
partículas estão nos vértices desses sólidos ge- tudo, tanto a energia cinética quanto
ométricos. Esse arranjo geométrico se repete a potencial são mais elevadas que
por todo o cristal. A atração entre as partículas nos outros estados. O estado gasoso
no sólido é intensa, o que confere uma baixa é divido em duas fases, a fase vapor
energia potencial, e os espaços vazios são bem e a fase gás. Apenas o vapor pode
menores que nos gases. De maneira ser transformado em líquido pelo
semelhante, esse modelo explica por aumento da pressão do sistema sob
que os sólidos têm a forma própria e temperatura constante.
não se “esparramam” como os líquidos.
Como as partículas estão em posições 2. Mudanças de estado físico
mais ou menos fixas, o deslocamento As mudanças de estado acontecem mediante a
das partículas é muito baixo, o que variação da temperatura e/ou da pressão.
confere movimentos translacionais de curtíssimo
alcance. Ao aumentarmos a temperatura de um sistema,
a energia cinética média das partículas aumenta,
1.2- Líquido o que acarreta uma intensificação dos movimen-
tos dessas partículas podendo culminar no en-
No estado líquido, geralmente, fraquecimento/ ruptura das interações que as
as partículas estão um pouco mantém, favorecendo um estado de maior de-
mais afastadas umas das outras sorganização.
do que no estado solido, efetu-
ando movimentos vibracionais, A variação da pressão interfere na distância mé-
rotacionais e translacionais de dia entre as partículas de um sistema. Assim, o
curto alcance com velocidades estado sólido é favorecido em altas pressões,
medianas. A presença de movimentos translaci- enquanto o estado líquido em baixas pressões.
onais um pouco maiores confere ao estado líqui-
do forma variável. A proximidade entre as partí-
culas torna um líquido praticamente incompres-
sível, pois é necessária uma pressão muito ele-
11
Figura 4- Esquema que representa os nomes ci-
entíficos para as mudanças de estado
Gráfico 2 – Influência da temperatura na energia
É importante destacar que uma substância que das partículas constituintes de um sistema.
se encontra na fase gasosa pode se apresentar
sob a forma de vapor ou gás. Uma substância na 2.1.2-Ebulição
fase gasosa é caracterizada vapor quando pode
É um processo rápido, normalmente, não é es-
se transformar em líquido apenas pelo aumento
pontâneo nas condições ambi-
da pressão, processo denominado condensação.
ente. Ocorre quando um líquido
Já o gás se transforma em líquido apenas quan-
é aquecido até uma temperatu-
do a pressão e a temperatura variam simultane-
ra específica, denominada tem-
amente, processo denominado liquefação.
peratura de ebulição ou quando
2.1- Vaporização a pressão é reduzida até um
valor específico. Nessas condições, a tendência
A vaporização pode ocorrer de três formas dife- de escape das moléculas torna-se tão grande
rentes, denominadas evaporação, ebulição e ca- que há formação de bolhas do vapor em todo o
lefação. sistema que contém o líquido. Quando se forma
uma bolha, o líquido que originalmente ocupava
2.1.1-Evaporação esse espaço é afastado para os lados, forçando o
nível do líquido, dentro do recipiente subir. A
Para que ocorra a evaporação é necessário que
pressão dentro da bolha deve-se à pressão de
as partículas tenham um mínimo de energia,
vapor do líquido. Quando a pressão de vapor
denominada energia de escape. Esse processo é
dentro da bolha iguala-se à pressão atmosférica,
superficial, pois as moléculas dessa região são
a bolha sobe até à superfície do líquido e arre-
forçadas a deixar o líquido se a energia cinética
benta. Se a pressão de vapor dentro da bolha
delas for igual ou superior à energia de escape.
for mais baixa que a pressão atmosférica, a bo-
A fração de partículas com essa energia em con-
lha entra em colapso e estoura antes de subir. A
dições ambientes é baixa, o que torna o proces-
temperatura na qual essas duas pressões se tor-
so de evaporação lento.
nam iguais é denominada temperatura de ebuli-
As substâncias mais voláteis apresentam intera- ção.
ções mais fracas e, consequentemente, têm
Ebulição X altitude
energia de escape mais baixa. Enquanto que as
menos voláteis apresentam interações mais for- A pressão atmosférica está relacionada à altitu-
tes e energia de escape maior. de, pois quanto maior a altitude menor a pres-
são atmosférica. Dessa forma, podemos concluir
Ao aquecermos um sistema, a energia cinética
que a altitude interfere na temperatura de ebuli-
média aumenta fazendo com que um número
ção. Locais com maior altitude apresentam tem-
maior de partículas tenha uma energia igual ou
peraturas de ebulição menores, pois é necessá-
maior que a energia de escape, facilitando, des-
rio menos energia para igualar a pressão de va-
sa forma, o processo de evaporação. Assim, a
por a uma pressão atmosférica mais baixa.
taxa de evaporação aumenta com o aumento da
temperatura.

12
média, enfraquecidas sendo necessário um me-
nor fornecimento de energia para que essa
transformação aconteça.

As misturas não apresentam temperaturas cons-


tantes durante as mudanças de estado. Assim, a
curva de aquecimento é diferente da curva obti-
da para uma substância.
Figura 5- Comparação entre a altitude e tempe-
ratura de ebulição em diferentes locais.

2.1.3-Calefação

Processo muito rápido que ocorre quando um


sistema é aquecido excessivamente. Uma pe-
quena porção em contato com uma superfície
superaquecida.

3. Curvas de aquecimento
É o gráfico de temperatura versus a quantidade
de calor adicionado a um determinado sistema
Gráfico 3- Curva de aquecimento de uma mistu-
mantido sob pressão constante. Entretanto, o
ra
calor adicionado é, muitas vezes, representado
pelo tempo. Na construção do gráfico, é possível 3.1- Misturas especiais
perceber que durante as mudanças de estado de
uma substância, a temperatura permanece cons- Algumas misturas apresentam comportamentos
tante. Isso ocorre porque a energia fornecida ao diferentes das misturas comuns.
sistema durante essas mudanças é usada para
enfraquecer e/ ou romper as interações entre as 3.1.1- Azeotrópica
partículas que compõem o sistema, o que acar-
É uma mistura que durante a ebulição apresenta
reta aumento da energia potencial e matem a
temperatura de ebulição constante. Um exemplo
energia cinética média constante.
importante de uma mistura com esse compor-
tamento é a de 96% de álcool e 4% de água.

Gráfico 2- Curva de aquecimento de uma subs-


tância

Normalmente, o tempo gasto na ebulição é mai- Gráfico 4- Curva de aquecimento de uma mistu-
or que o tempo da fusão. Isso se deve ao fato ra azeotrópica..
de que na ebulição as interações são pratica-
mente todas rompidas, o que requer um gasto
maior de energia, enquanto na fusão são, em

13
3.1.2-Eutética ocorre a variação da distância média entre as
partículas. Portanto, um aumento da tempera-
É uma mistura que apresenta temperatura de tura acarreta em um aumento da distância mé-
fusão constante. As ligas metálicas podem apre- dia entre as partículas constituintes da substân-
sentar esse comportamento. cia sem alteração da massa, o que diminui o va-
lor da sua densidade. O gráfico abaixo represen-
ta a variação da densidade em função da tempe-
ratura para o tetracloreto de carbono (CCl4)

Gráfico 5- Curva de aquecimento de uma mistu-


ra eutética. Gráfico 6 – Variação da densidade do tetraclore-
to de carbono em função da temperatura.
IMPORTANTE: Uma mistura não poderá ser
azeotrópica e eutética ao mesmo tempo. Observe que durante a mudança de estado, há
grande variação na densidade, pois nessa situa-
4. Densidade ção a distância média entre as partículas consti-
A densidade é uma propriedade que relaciona tuintes varia significativamente.
massa e volume. Essa propriedade é constante,
a uma dada temperatura, para objetos feitos de Ao contrário das substâncias, as misturas não
um mesmo material, independentemente de sua apresentam densidade característica. A densida-
massa ou de seu volume. Assim, um prego de de de uma mistura varia com a composição, isto
ferro possui a mesma densidade de uma barra é, com a proporção de cada componente que a
de ferro. Portanto, a densidade é uma proprie- constitui. Logo, a densidade de uma mistura va-
dade específica da matéria, útil na identificação ria e o seu valor está entre os valores de densi-
dos materiais, já que cada um possui a sua. Por dade dos componentes, assumindo valores mais
sua vez, massa e volume, isoladamente, não próximos dos valores de densidade daquele que
servem para identificar os materiais, caracteri- estiver presente na mistura em maior proporção.
zados como propriedades gerais. Por exemplo, na mistura de água e etanol, os
valores de densidade estarão entre a densidade
A unidade utilizada para representar a densidade do etanol (0,79g/mL) e a da água (1,0 g/mL).
é a grama por centímetro cúbico (g/cm3) ou Quanto maior a proporção de etanol nessa mis-
grama por mL (g/mL). Dessa forma, a fórmula tura, mais próximo de 0,79 g/mL será a densi-
para a essa grandeza é dade dessa mistura.
m
d= 5. Comportamento anômalo da
v
água
A partir da fórmula acima, podemos comparar a
densidade de objetos diferentes com mesma
massa. Assim, ao comparamos objetos diferen-
tes de mesma massa, o de maior volume terá a
menor densidade.

É importante lembrar que o valor da densidade


varia com a temperatura, pois nessa situação
14
A água é a única substância, que nas condições
físico-químicas da terra, apresenta-se nos três
estados físicos. Além disso, o gelo é um sólido
menos denso que a água líquida. A maioria dos
sólidos afunda em seus líquidos. O gelo flutua
em água, e isso é fundamental para a vida em
nosso planeta, pois nas regiões muito frias os
mares congelam-se apenas na superfície, pre-
servando a vida.

Na fase sólida, as moléculas se organizam for-


mando estruturas cíclicas hexagonais que levam Gráfico 8 – Variação da densidade da água em
à formação de espaços vazios. Quando parte das função da temperatura.
interações entre as moléculas são rompidas,
ocasionando a fusão do gelo, a estrutura hexa- 6. Diagramas de fases
gonal é desfeita e as moléculas se aproximam. Os diagramas de fases permitem conhecer a
fase termodinamicamente mais estável de um
material em qualquer condição de temperatura e
pressão, diferentemente das curvas de aqueci-
mento que são construídas mantendo a pressão
constante.

A forma geral de um diagrama de fase para uma


substância que exibe três fases é mostrado
abaixo

Figura 6 – Arranjo hexagonal das moléculas de


água no estado sólido.

Como a massa da água é a mesma durante a


fusão, há uma diminuição do volume, já que as
suas moléculas passam a ocupar um espaço
menor. Dessa forma, a sua densidade torna-se
maior. Esse aumento da densidade da água é
verificado até 4ºC, pois nesta temperatura as
moléculas de água ocupam o menor volume. A Gráfico 9 – Diagrama de fases
partir deste valor de temperatura, o volume da
Nesse diagrama, as curvas que separam as re-
água volta aumentar, como as demais substân-
giões correspondentes às fases são denomina-
cias, e a sua densidade diminui novamente.
das curvas de equilíbrio. Essas curvas mostram
os valores de temperatura e pressão em que
duas fases estão presentes em equilíbrio, em um
sistema. A curva verde corresponde à fusão ou
solidificação, a vermelha corresponde à sublima-
ção e, finalmente, a azul corresponde à vapori-
zação ou condensação.

O ponto triplo é o ponto que indica os valores de


temperatura e pressão em que estão presentes,
Gráfico 7 – Variação do volume e da densidade
em equilíbrio, as três fases.
da água em função da variação da temperatura.
O ponto crítico nos dá as condições de tempera-
tura e pressão crítica. Sistemas que apresentam
valores de temperatura e pressão acima do pon-
to crítico são denominados fluidos supercríticos.
15
Nesse sistema, a fase líquida apresenta a mes- 7. Processos de Separação de Mis-
ma densidade da fase gasosa, formando um sis-
turas
tema homogêneo.

A fase vapor existe em temperaturas mais bai-


xas que a temperatura crítica, enquanto o gás 7.1 Misturas Heterogêneas
existe em temperaturas acima, ambas abaixo da
pressão crítica. 7.1.1-Filtração: é usado para separar um sóli-
do de um líquido, liquido de um gás ou um sóli-
As temperaturas de ebulição e fusão tabeladas do de um gás.
correspondem a valores onde a pressão atmos-
férica é 1 atm.

Devido ao comportamento anômalo da água, o


estado líquido é mais favorecido pelo aumento
da pressão, uma vez que suas partículas ocu-
pam menos espaço que as do estado sólido. Por-
tanto, o aumento da pressão no sistema diminui
a temperatura de fusão da água, fazendo com o
seu diagrama de fases apresente uma curva de
fusão / solidificação inclinada para esquerda,
como representado no diagrama abaixo, pela cor
verde:

7.1.2- Decantação: Permite a separação de


líquidos imiscíveis, de sólidos insolúveis em lí-
quidos ou de sólidos de gases. (diferenças de
densidades)

Gráfico 10 – Diagrama de fases da água

A partir da análise do diagrama, podemos de-


terminar as temperaturas de fusão e ebulição, a
1atm, da água, que são respectivamente, 0ºC e
100ºC.

Sistemas contendo água que apresentam valo-


res de pressão igual 0,006 atm e temperatura
igual a 0,01ºC, apresentam as três fases (sólida,
líquida e gasosa) em equilíbrio. No diagrama, ele
é representado pelo ponto triplo.

16
7.1.3- Sifonação: as fases de uma mistura só-
lido/líquido ou líquido/líquido podem ser separa-
das por este processo.

7.1.7- Catação: É um método de separação


bastante rudimentar, usado para separação de
7.1.4- Centrifugação: Para separar líquido de sistemas sólido-sólido. (Diferença de granula-
um sólido insolúvel em suspensão. (diferença ções)
de densidades)

7.1.5- Separação magnética: Consegue sepa-


rar componentes que tenham propriedades
magnéticas diferentes.

7.1.8- Peneiração (tamização): Método é usa-


do na separação de sistemas sólido-sólido. (Di-
ferença de granulações)

7.1.6- Dissolução Fracionada: Técnica utiliza-


da quando apenas um dos componentes se dis- 7.1.9- Ventilação: Método de separação para
solve em um líquido (o solvente). sistemas sólido-sólido, arraste de um dos com-

17
ponentes por uma corrente de ar. (Diferença
de densidade)

7.1.10- Sublimação: utilizado na separação de


sistemas sólido-sólido, onde um dos componen-
tes sofre sublimação, sendo cristalizado em se-
guida

7.2- Misturas Homogêneas

7.2.1- Destilação Simples: Separa misturas de


líquidos ou entre líquidos e sólidos, quando os
componentes da mistura apresentam tempera-
turas de ebulição bem diferentes.

7.1.11- Flotação: é uma técnica de separação


que consiste na introdução de bolhas de ar a
uma suspensão de partículas. Verifica-se que as
partículas aderem às bolhas, formando uma es-
puma que pode ser removida do sistema sepa-
rando seus componentes de forma efetiva.

7.2.2- A destilação fracionada é usada na


7.1.12- Levigação: A água corrente arrasta o obtenção das diversas frações do petróleo.
componente menos denso e o mais denso depo-
sita-se no fundo do recipiente.

18
19
Número de massa (A)
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
A massa de um átomo pode ser calculada
(ÁTOMOS) pela soma do número de prótons e do número
de nêutrons que constituem o núcleo.
A=Z+N
1.PARTÍCULAS SUBATÔMICAS
O elemento químico, geralmente, é represen-
Toda a matéria é constituída por partículas tado da seguinte forma:
chamadas de átomos. Desde a Grécia Antiga,
os filósofos já tentavam descrever o átomo.
Hoje, é sabido que nele existem duas regiões, o
núcleo e a eletrosfera. Além disso, pratica-
mente todos os átomos possuem três partículas
subatômicas fundamentais (prótons, elétrons e
nêutrons), as quais são descritas na tabela abai-
xo:

Carga Massa absolu- Massa


Par culas Localização
elétrica ta / g rela va

Prótons Núcleo +1 1,672 x 10-24 1 Nem sempre o número de massa (A) é repre-
sentado acima do símbolo. Pode ocorrer da sua
Nêutrons Núcleo 0 1,675 x 10-24 1 posição ser trocada com a do número atômico
(Z). Por isso, deve-se ter em mente que o nú-
Elétrons Eletrosfera -1 9,109 x 10-28 1/1836 mero de massa é sempre igual ou maior que o
número atômico.

3. ÁTOMOS ELETRICAMENTE NEU-


TROS

São átomos que possuem quantidades iguais


de cargas positivas (prótons) e cargas negativas
(elétrons).

Exemplo: 11Na possui 11 prótons e 11 elétrons.

4. ÍONS
2. NÚMEROS QUÍMICOS
São espécies químicas eletricamente carre-
Número atômico (Z) gadas. Os íons positivos são chamados de cáti-
ons, e os negativos, de ânions.
O número atômico nos fornece o número de Quando um átomo perde elétrons, ele se
cargas positivas do núcleo do átomo de qualquer transforma num cátion. Quando um átomo ga-
elemento químico. nha elétrons, ele se transforma num ânion.
Lembre-se de que a carga nuclear (+Z) é o
número de prótons, sendo ele representado jun- Exemplos:
to com o sinal positivo.

Elemento químico

É um conjunto de átomos de mesmo número


atômico.
Os elementos químicos estão organizados na
tabela periódica por ordem crescente de número
atômico.

20

ti
6. NÍVEIS DE ENERGIA

Niels Bohr, em 1913, propôs que a eletrosfe-


ra era dividida em níveis (camadas) de energia,
os quais são regiões ao redor do núcleo atômico
onde o elétron poderia se movimentar sem per-
der ou ganhar energia.

O nível de energia ocupado pelo elétron ca-


racteriza sua energia potencial, sendo que os
níveis mais afastados do núcleo possuem maior
energia potencial.

5. SEMELHANÇAS ATÔMICAS

Isótopos são átomos de um mesmo ele-


mento químico (mesmo número atômico - Z) e
diferentes números de massa (A) e nêutrons
(N).

Exemplo: 1H1, 1H2 e 1H3.

Possuem propriedades químicas iguais e dife- Teoricamente, os átomos apresentam in-


rentes propriedades físicas. finitos níveis de energia, porém é improvável
que os níveis muito afastados do núcleo sejam
Isóbaros são átomos de elementos diferen- ocupados por elétrons. Isso ocorre pois quanto
tes (diferentes números atômicos - Z) que apre- mais afastado do núcleo, maior o risco de o elé-
sentam o mesmo número de massa (A) e dife- tron ser perdido pelo átomo.
rentes números de nêutrons (N).
Para átomos no estado fundamental, consi-
Exemplo: 20Ca40 e 18Ar40 deramos que existem 7 níveis de energia e, cada
nível comporta uma quantidade máxima de elé-
Possuem diferentes propriedades químicas e trons, de acordo com a tabela a seguir:
diferentes propriedades físicas.
Número Máxi-
Isótonos são átomos de elementos químicos Nível (n) Camada mo de elétrons
diferentes (diferentes números atômicos - Z) e
mesmo número de nêutrons (N) e diferentes
números de massa (A). 1 K 2

2 L 8
Exemplo: 20Ca40 e 19K39
3 M 18
Possuem diferentes propriedades químicas e
diferentes propriedades físicas. 4 N 32

5 O 32
Espécies isoeletrônicas são espécies quí-
micas diferentes que possuem o mesmo número 6 P 18
de elétrons.
7 Q 8
Exemplos:
É recomendável que, antes de se fazer a
distribuição em níveis de energia, faça-se a dis-
tribuição em subníveis de energia.

21
7. SUBNÍVEIS DE ENERGIA

No modelo atômico atual, considera-se que o


nível de energia (K, L, M ...) é constituído por
um ou mais subníveis de energia, os quais são
representados pelas letras s, p, d ,f.

O subnível diferencial é o último a receber


elétrons pela leitura do diagrama de Linus Pau-
ling, ou seja, é o subnível mais energético.

O subnível de valência é o mais afastado


do núcleo.

Pode-se fazer a distribuição eletrônica de


duas formas: energética (ordem crescente de
8. DIAGRAMA DE PAULING energia) ou geométrica (ordem crescente de dis-
tância do núcleo).
O cientista americano Linus Pauling
(1901-1994) demonstrou, experimentalmente, Atenção! o número de elétrons de valência de
que os elétrons estão distribuídos em ordem uma espécie química é o número de elétrons
crescente de energia, conforme observado no que se encontram no nível (ou camada) de va-
diagrama a seguir: lência e não subnível.

Exemplo:

Distribuição energética para o Sc (Z=21)

Distribuição geométrica para o Sc (Z=21)

Veja também, pelos dois exemplos anterio-


res, que nem sempre o subnível de valência
coincide com o diferencial.

9. DISTRIBUIÇÃO ANÔMALA
Este diagrama é lido seguindo a sequência das
setas. Elas mostram a ordem crescente de ener- Duas distribuições diferem do comportamen-
gia entre os subníveis. to esperado.

Exemplos:

22
Família do Cromo

A distribuição eletrônica para esses elementos


termina em ns2 (n-1)d4.

Entretanto, considera-se que um elétron do sub-


nível s é transferido para o subnível d, tornando
o átomo mais estável. Logo, sua distribuição
termina em s1d5

Exemplo: 24Cr
Previsto: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d4
Real: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s1 3d5

Família do Cobre

A distribuição eletrônica para esses elemen-


tos termina em ns2 (n-1)d9. Entretanto, conside-
ra-se que um elétron do subnível s é transferido
para o subnível d, tornando o átomo mais está-
vel. Logo, sua distribuição termina em s1d10.

Exemplo: 29Cu
Previsto: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d9
Real: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s1 3d10

10. DISTRIBUIÇÃO EM ÍONS

Sempre, deve-se distribuir os elétrons para o


átomo eletricamente neutro. E só depois retirar
(do subnível de valência) ou adicionar elétrons
(subnível diferencial).

Exemplos:
26Fe2+ : 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d6
1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d6

17Cl-: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5


1s2 2s2 2p6 3s2 3p6

23
MODELOS ATÔMICOS Lei das Proporções Fixas e Definidas
(Proust-1797)

1.TEORIA FILOSÓFICA Quando os elementos químicos, sob a forma de


substâncias, se combinam para formar uma
Desde a Grécia Antiga, já havia uma curiosidade
nova substância, eles sempre fazem em uma
sobre a constituição da matéria. Em 450 a.C, os
proporção fixa, constante e definida, ou uma
filósofos Demócrito e Leucipo acreditavam que
mesma substância composta, possui sempre a
qualquer material era formado por um conjunto
mesma composição, qualitativa e quantitativa,
de minúsculas partículas indivisíveis, indestrutí-
independentemente do seu histórico.
veis e eternas, as quais eles chamaram de áto-
mos. Para esses filósofos, toda matéria seria
Exemplo a:
formada por átomos e estes seriam iguais, tendo
apenas formas, massa e, consequentemente,
tamanhos diferentes. Eles não representam o
primeiro atômico, pois não houve experimento
científico por trás desta proposta, ou seja, tudo
foi uma intuição. O correto é falar em ideias
primitivas. Posteriormente, em 350 a.C, Aristó-
teles propôs que a matéria era constituída por
quatro elementos: terra, fogo, ar e água.

2. DALTON- 1808
Exemplo b:
A) Fundamentação

No final do século XVII e início do século XVIII,


cientistas como Boyle, Charles e Avogadro for-
mularam leis matemáticas que traduzem o com-
portamento molecular das substâncias no estado
gososo. Além disso, Dalton também se baseou
nas três Leis Ponderais:

Lei da Conservação da Massa No exemplo anterior, observe que mesmo alte-


(Lavoisier-1785) rando as massas de água, ao ser decomposta,
ela tem a mesma composição qualitativa e
Num fenômeno químico, a soma das massas dos quantitativa.
reagentes é sempre igual à soma das massas
dos produtos, ou na natureza, nada se cria e Lei das Proporções Múltiplas (Dalton-1803)
nada se perde, tudo se transforma.
Quando substâncias diferentes são formadas pe-
los mesmos elementos químicos, ao fixar a mas-
sa de um deles, haverá uma proporção envol-
vendo números inteiros entre as massas do ou-
tro elemento.

Atenção ! hidrogênio + oxigênio ! água

- Essa lei é válida/aplicada para qualquer reação 2g 16 g 18 g


química, independente do sistema estiver aberto
ou fechado. É claro que para comprovar/de- hidrogênio + oxigênio ! água oxigenada
monstrar a lei, se um dos reagentes ou produtos
for um gás, deve-se realizar o experimento em 2g 32 g 34 g
sistema fechado.
- Esta lei não é válida para os reações nucleares,
pois parte da matéria se converte em energia, Observe que as substâncias são diferentes e são
sendo assim, não há conservação da massa. formadas pelos mesmos elementos. Quando a
massa do hidrogênio é fixada, pode-se calcular a
proporção entre as massas do oxigênio, e verifi-
24
caremos que os números envolvidos na propor- sentimento entre os estudiosos que existia a
ção são inteiros: natureza elétrica da matéria.

16 g : 32 g - Proporção 1:2 Em 1854 Heinrich Geisler desenvolveu um


tubo de descarga constituído de um vidro lar-
B) Postulados go, fechado e com eletrodos circulares em
suas extremidades. A produção de uma des-
Toda a matéria é constituída por átomos. carga elétrica no gás submetido à baixa pres-
são promovia o aparecimento de um feixe lu-
O átomo é uma esfera neutra, maciça e indivisí- minoso.
vel.
Em 1875, William Crookes aprimorou o mé-
Átomos de um mesmo elemento são idênticos e todo e inseriu gases rarefeitos em ampolas de
apresentam a mesma massa. vidro e submeteu-os à uma descarga elevada.
Em consequência disso, observou que apare-
Átomos de elementos diferentes possuem mas- ceram emissões, denominadas por ele de Tubo
sas distintas. de Raios Catódicos.

Átomos de um dado elemento químico não se Os tubos de raios catódicos deram base
convertem em átomos de outro elemento. para que muitos cientistas estudassem as
propriedades da eletricidade. Um tubo de rai-
Toda reação química ocorre a partir de um rear- os catódicos simples é um tubo de vidro em
ranjo atômico, ou seja, os átomos não são des- que foi feito vácuo, tendo em cada extremida-
truídos e nem criados. de eletrodos de metal, um negativo (cátodo) e
um positivo (ânodo).
C) Representação

”Bola de Bilhar”

D) Crítica
Para estudar as características dos raios
Como para Dalton o átomo era neutro, ou seja, catódicos, Thomson realiza alguns experimen-
não existiam cargas positivas e nem negativas, tos com a ampola de Crookes;
ele não consegue explicar nenhum fenômeno
elétrico da matéria: funcionamento de uma pi- 1. Ao inserir um moinho de alumínio na
lha, eletrólise, condutividade elétrica de algumas trajetória do feixe luminescente, ele
soluções, enferrujamento de um prego (reações começava a girar. Isso significa que os
de oxirredução) e a formação de ligações quími- raios catódicos conseguiram exercer
cas. uma força sobre ele, ou seja, eles pos-
suem massa (natureza corpuscular).
3. J.J THOMSON- 1898 2. Quando o anodo é trocado de posi-
ção e um anteparo é colocado no seu
A) Fundamentação lugar, observa-se a formação da som-
bra do anteparo do outro lado do tubo.
Uma série de investigações e experimentos Isso significa que a trajetória dos raios
acompanharam a ciência principalmente por catódicos é retilínea e independe da
volta de 1850. As atividades mostraram cla- posição do anodo. Veja:
ramente que os átomos possuem partículas
subatômicas. Tales de Mileto (VI a.C.) já havia
demonstrado que um bastão de resina em
âmbar atritado contra um tecido ou pelo ani-
mal passa a atrair objetos leves. Havia con-

25
Atenção !
- Thomson determinou a razão da carga
pela massa do elétron (e/m = 1,75 x 1011 c/
Kg), ele não determinou a carga e nem massa
do elétron. Somente em 1908, Millikan, a par-
tir do experimento da gota de óleo, calculou a
carga do elétron (e = - 1,60 x 10-19 C).

B) Postulados

Todo átomo é eletricamente neutro.

O átomo é uma esfera maciça com distri-


buição homogênea de massa e cargas positi-
vas e negativas.

C) Representação

3. Sob à ação de um campo elétrico ou


magnético, os raios catódicos são des-
viados em direção à placa positiva. ”Pudim de Passas”
Conclui-se, portanto, que eles são do-
tados de carga negativa. Veja: D) Crítica

O átomo pudim de passas era muito estável


para explicar os fenômenos radioativos (ins-
tabilidade) que a ciência começava a estudar
na época, por exemplo, em 1896, a cientista
polonesa Marie Curie descobre o rádio e o
polônio e no mesmo ano a radiação gama foi
descoberta.

4. ERNEST RUTHERFORD- 1911

A) Fundamentação

Bombardeamento de uma fina folha de ouro


(Au) com partículas positivas alfa (α)

Thomson repetiu os experimentos anterio-


res trocando-se o gás residual da ampola. Ele
observou sempre as mesmas coisas. Isso indi-
ca que os raios catódicos que estavam saindo
dos átomos dos gases eram todos iguais, in-
clusive o ângulo de desvio em direção à placa
positiva era sempre o mesmo. Esses raios fo-
ram chamados de elétrons.
26
Rutherford observou que a maioria das par-
tículas α conseguiu atravessar a folha de ouro
sem sofrer desvios. Uma quantidade menor
atravessou e sofreu desvios e uma minoria de
partículas α não atravessou e foi ricocheteada.

De acordo com o modelo que vigorava até


então (Thomson- pudim de passas) era de se
esperar que todas as partículas atravessariam
a lâmina de ouro, admitindo-se pequenos
desvios, pois no modelo pudim de passas ha-
via distribuição homogênea das cargas, sendo
impossível haver uma repulsão tão grande ao
ponto de richotear as partículas alfa.

Sendo assim, Rutherford propõe que o


átomo era constituído por um imenso "espaço 5. NIELS BOHR- 1913
vazio" e uma outra região que concentraria as
cargas positivas. A) Fundamentação
B) Postulados O começo do século 20 foi marcado pela
intensificação das pesquisas com a Teoria
Todo átomo é constituído por um núcleo e Quântica. Os trabalhos de Max Plank com o
eletrosfera. aquecimento de sólidos levaram a observação
de que estes emitiam radiação eletromagnéti-
O núcleo é uma região pequena, central e ca (como o brilho opaco e vermelho de um
densa que concentra a massa e carga positiva aquecedor elétrico). Para a física clássica,
do átomo. qualquer tipo de matéria pode emitir qualquer
quantidade de radiação. Plank propôs, então,
Na eletrosfera, os elétrons descrevem órbi- que átomos e moléculas podiam emitir ou ab-
tas circulares ao redor do núcleo. sorver energia apenas em quantidades discre-
tas, ou seja, em pacotes bem definidos. A
C) Representação este pacote ele deu o nome de Quantum e de-
finiu como a menor quantidade de energia que
pode ser emitida ou absorvida na forma de
radiação eletromagnética.

Em 1905, Einstein utilizou da idéia de


Quantum de Plank e aplicou-a no Efeito Fotoe-
létrico da Física, até então um mistério. O
efeito fotoelétrico é um fenômeno em que elé-
trons são expelidos da superfície de certos
metais expostos a uma luz de determinada
frequência mínima. Os físicos observavam
que, abaixo da frequência mínima os elétrons
não eram expelidos por mais intensa que a luz
fosse. Mas Einstein propôs uma nova visão
"Sistema Planetário" para o feixe de luz: sugeriu que ele fosse um
feixe de partículas (fótons) e não ondas como
na teoria ondulatória da luz. Se a frequência
D) Crítica dos fótons – ou partículas de luz - tiver a
mesma energia que a energia que “segura” os
Pela física clássica, o elétron perderia energia elétrons na chapa metálica, então essa luz é
continuamente e se chocaria com o núcleo, ocor- capaz de arrancar os elétrons dessa chapa.
rendo, portanto, uma autodestruição atômica.
Os trabalhos de Einstein oportunizaram o
aprofundamento dos estudos dos Espectros de
Emissão dos Átomos. No século XVII, Newton
havia mostrado a decomposição da luz solar e
27
que estas, quando combinadas, produzem a átomo de Hidrogênio, propôs uma teoria atô-
luz branca. Os espectros de emissão são es- mica.
pectros contínuos ou espectros de linhas da
radiação emitida pelas substâncias.

O espectro de emissão do Sol, por exem-


plo, é um espectro contínuo em que todos os
comprimentos de onda estão representados
nos espectros.

B) Postulados
No entanto, para átomos na fase gasosa,
não se observa continuidade de comprimentos Para o elétron dentro do átomo, apenas são
de onda (do vermelho ao violeta). A caracte- permitidos determinados valores de energia
rística marcante destes espectros é que eles denominados níveis de energia.
apresentam linhas que são, na verdade, com-
primentos de ondas específicos para uma Ao descrever sua órbita (trajetória) circular
dada emissão de luz. ao redor do núcleo, o elétron não ganha e
nem perde energia, ele encontra-se no estado
estacionário.

Quando o elétron ganha energia, ele salta


para uma camada mais externa e ao retornar
para uma camada mais interna, ele libera
energia (ultravioleta, luz visível ou infraver-
melho). A energia (quantum) que ele absorve
ou libera é exatamente a diferença de energia
entre os dois níveis eletrônicos da transição.
Cada elemento possui um Espectro Descon-
tínuo de Luz. Assim, na identificação de uma
amostra desconhecida, pode-se utilizar a aná-
lise de Espectro de Emissão como uma verda-
deira impressão digital.

Os espectros de emissão atómica (A) e de


absorção atómica (B) do mesmo elemento são
complementares: somando-os, obtemos um
espectro contínuo.
A

B C) Espectro Descontínuo de emissão do


Hidrogênio

À medida que os níveis se tornam mais


energéticos (mais externos), a diferença de
energia entre dois níveis consecutivos torna-
se cada vez menor. Isso foi concluído, pois ao
observarmos as raias do vermelho para o vio-
leta, vemos que elas se aproximam, indicando
Foi neste contexto que Niels Bohr, após que a diferença de energia entre elas é cada
seus trabalhos com o espectro de emissão do vez menor. Veja:

28
FLUORESCÊNCIA: Quando cessa o forneci-
mento de energia, a emissão de radiação ces-
sa imediatamente ( placas de trânsito ao se-
rem iluminadas, faixas nos uniformes de mo-
toboy, lâmpadas fluorescentes)

FOSFORESCÊNCIA: a emissão de radiação


continua ocorrendo, mesmo depois que cessa
o fornecimento de energia. (Ponteiros de re-
lógio, adesivos de estrelinhas para decoração
de quarto)

A BIOLUMINESCÊNCIA ocorre em algumas


espécies biológicas, como vaga-lumes. Neste
caso, ocorre uma reação química no orga-
nismo dessas espécies que são responsáveis
pela luminescência. Por fim, a QUIMILUMI-
NESCÊNCIA se baseia na emissão de luz por
meio de uma reação química que não envol-

vem seres vivos.

6. SOMMERFELD- 1916

De acordo com Sommerfeld, os elétrons descre-


veriam órbitas (trajetórias) circulares e/ou elípti-
cas ao redor do núcleo.
D) Representação
E) Aplicações

- Fogos de artifício coloridos;


- Figurinhas e interruptores que brilham no
escuro (fosforescência);
- Teste de chama;
-Luminol com sangue (quimioluminescên-
cia);
- Placas de trânsito que brilham com a luz 7. MODELO ATUAL- A PARTIR DE
dos faróis (fluorescência).
1920
Observação:
A) Princípio da dualidade (De Broglie
Tipos de luminescência - 1924)

São processos que ocorrem devido à uma O elétron possui comportamento dual: ora se
absorção de luz, o que excita os elétrons, fa- comporta como onda, ora como partícula.
zendo com que ao retornarem aos seus níveis
de energia de origem, ocorra a emissão de B) Princípio da incerteza (Heinsen-
radiação na região do visível. A diferença en- beg - 1927)
tre os processos se baseia nas seguintes idei-
as:
29
É impossível determinar, com exatidão, a posi-
ção e a velocidade do elétron.

C) Orbital (Erwin Schrödinger -


1928)

É uma região da eletrosfera, na qual a probabili-


dade de se encontrar um ou dois elétrons é má-
xima.

A representação da esquerda corresponde


ao átomo para Bohr, com o elétron em órbita
circular ao redor do núcleo. A representação
da direita corresponde ao átomo do modelo
atômico atual, que insere um novo termo: or-
bital.

30
MÓDULO 2 - TABELA PERIÓ-
DICA, LIGAÇÕES QUÍMICAS E
INTERAÇÕES INTERMOLECU-
LARES

CLASSIFICAÇÃO PERIÓDICA Passaram-se 45 anos até que outro cientis-


ATUAL ta, o francês Chancourtois, propusesse outra
organização: agrupamento dos elementos
químicos sobre um espiral, colocando os ele-
1. ASPECTOS HISTÓRICOS DA TA- mentos em ordem de massas atômicas. Essa
arrumação ficou denominada de Parafuso Te-
BELA PERIÓDICA lúrico de Chancourtois. Veja a representação
O gráfico abaixo faz uma relação da desco- abaixo:
berta dos elementos químicos nos dois últi-
mos séculos.

Um pouco depois, em 1864, o inglês Ne-


wlands colocou os elementos em ordem cres-
cente de massas atômicas e verificou que as
propriedades se repetiam a cada oito elemen-
tos. Esse tipo de disposição se assemelhava
as notas em uma escala musical e Newlands
denominou sua regra de Lei das Oitavas. Veja
a comparação abaixo.

A crescente descoberta dos elementos quí-


micos fez com que os cientistas buscassem
organizá-los. Primeiramente reuniram-se os
elementos em grupos com propriedades se-
melhantes.
Assim, Wolfgang Döbereiner organizou, em
1817, tríades de elementos com propriedades
semelhantes. Essa organização ficou conheci-
da como tríades de Döbereiner, conforme Em 1869 dois cientistas trabalharam indepen-
abaixo: dentes na formulação de uma nova classifica-
ção: Mendeleyev baseou-se em organizar
quanto as propriedades químicas enquanto
Meyer baseou-se nas propriedades físicas. No
entanto, o trabalho de Mendeleyev foi mais
sucinto e ele fez associações com as proprie-
dades químicas, fabricando cartões com essas
anotações e o respectivo elemento. Criava-se
então a primeira tabela periódica dos elemen-
31
tos, em que Mendeleyev colocou os elementos Existe uma classificação muito usada hoje em
na ordem crescente de massas atômicas, to- dia, porém ela não é recomendada pela IUPAC.
mando cuidado para colocar os elementos Nela os elementos são divididos em: metais,
químicos de propriedades semelhantes na ametais, semimetais, gases nobres e hidrogênio.
mesma coluna vertical.
Os semimetais possuem propriedades interme-
diárias às do metais e ametais. Os semimetais
são: Po, Te, Sb, As, Ge, Si e B.

Os metais possuem brilho característico, são


bons condutores de eletricidade e calor. A maio-
ria é sólido nas condições ambiente (25ºC e 1
atm). Os metais são dúcteis (se transformam
em fios finos) e maleáveis (se transformam em
lâminas delgadas).

Os ametais não possuem brilho, não são bons


condutores de eletricidade e de calor. Nas condi-
ções ambiente (25º C e 1 atm) a maioria é ga-
sosa. Não são dúcteis e nem maleáveis.
O desenvolvimento dos modelos atómicos e
da teoria quântica, permitiram racionalizar o Os gases nobres são os elementos da família
conhecimento das propriedades dos elemen- 18 (VIII A). Possuem o octeto completo, exce-
tos e chegar à configuração da atual tabela to o Hélio, e são pouco reativos. São gases mo-
periódica. Esta foi ampliada ao longo do tem- noatômicos.
po, à medida que novos elementos foram
sendo descobertos. A tabela atual, proposta O hidrogênio é encontrado na natureza na forma
por Moseley em 1913, contém elementos dis- de gás diatômico.
postos em linhas horizontais (períodos) e ver-
b) Quanto a distribuição eletrônica
ticais (grupos), por ordem crescente de nú-
mero atómico. Normais, Típicos ou representativos: a dis-
As linhas horizontais são dispostas de modo tribuição eletrônica termina com o subnível s ou
que os elementos com propriedades seme- p. São os elementos das colunas altas.
lhantes fiquem nas mesmas colunas (grupos
ou famílias). O grupo é considerado o mais Elementos de transição: a distribuição eletrô-
importante método de classificar os elemen- nica termina com o subnível d. São os elementos
tos. Em alguns grupos, os elementos têm das colunas baixas.
propriedades muito semelhantes e exibem
uma tendência clara nas propriedades ao lon- Elementos de transição interna, terras ra-
go do grupo. A estes grupos foram dados no- ras, lantanídeos e actinídeos: a distribuição
mes triviais, por exemplo, os metais alcalinos, eletrônica termina com o subnível f. Possuem
metais alcalinos terrosos, halogênios, gases propriedades químicas semelhantes ao Lantânio
nobres, etc.. Alguns outros grupos na tabela e Actínio. São representados abaixo da tabela
periódica mostram menor grau de semelhan- periódica.
ças/tendências verticais e são referidos sim-
Atenção: * Elementos com número atômico até
plesmente pelo seu número de grupo. Embora
92 (Urãnio) são naturais. Os demais são artifici-
os grupos sejam a forma mais comum de
ais. Exceções: Tc e Pm são artificais.
classificação de elementos, existem zonas da
tabela periódica onde as tendências horizon- * Nas condições ambiente (25ºC e 1 atm) Br e
tais e semelhanças nas propriedades são mais Hg são líquidos. H, N, O, F, Cl, e todos da família
significativas do que as tendências verticais. 18 (VIIIA) são gasosos. Os demais são sólidos.
Na Tabela Periódica, cada elemento é apresen-
tado, nomeadamente, com o seu símbolo e 3. OS ELEMENTOS QUÍMICOS NO
número atómico. Muitas versões da tabela
apresentam também outras propriedades COTIDIANO
atómicas e propriedades físicas. Os elementos químicos estão envolvidos em
inúmeras aplicações relacionadas ao cotidia-
no. A seguir algumas dessas aplicações:
2. CLASSIFICAÇÃO DOS ELEMEN-
Família 1 ou 1A (metais alcalinos)
TOS • Lítio (Li): bateria para marcapasso,
a) Quanto à propriedade física vidros, medicamentos;
32
• Sódio (Na): iluminação para estra- Família 14 ou 4A (família do carbono):
das, sal de cozinha, soda caústica, vi- • Carbono (C): diamante, grafite, gás,
dro; gasolina, óleo, aço, filtros para água e
• Potásio (K): adubo químico, pólvora, ar.
fósforos, sal dietético, etc. • Silício (Si): chip eletrônico, areia,
Família 2 ou 2B (metais alcalinos ter- vidro, quartzo, cimento, silicone.
rosos Família 15 ou 5A (família do nitrogê-
• Magnésio (Mg): flash, pigmentos, nio):
rodas de liga leve; • Nitrogênio (N): adubos, explosivos,
• Cálcio (Ca): gesso, cimento, concre- líquido para conservação de sêmem.
to, adubo químico. • Fósforo (P): fogos de artifício, fósfo-
Família 3 ou 3B ro, adubo químico, pasta de dente, ce-
• Escândio (Sc): germinação de se- râmica.
mentes.
Família 4 ou 4B Família 16 ou 6A (Calcogênios)
• Titânio (Ti): pino para fraturas, pró- • Oxigênio (O): processos de queima,
teses. digestão, respiração celular, digestão.
Família 5 ou 5B: • Enxofre (S): ácido sulfúrico, vulcani-
• Vanádio (V): material para constru- zação da borracha, conservantes, pól-
ção, ferramentas. vora.
Família 6 ou 6B: Família 17 ou 7ª (Halogênios):
• Cromo (Cr): protetor de superfícies • Flúor (F): propelente para aerossol,
metálicas, aço, ferramentas, faca, la- aditivo para pasta dental, meio de re-
ser. frigeração.
Família 7 ou 7B: • Cloro (Cl): desinfetante da água,
• Manganês (Mn): aço, trilho, ferra- plástico PVC, branqueador, ácido clorí-
mentas, eixo de roda, cofre, vidro. drico.
Família 8 ou 8B: • Bromo (Br): purificador de água, gás
• Ferro (Fe): veículos, pontes, estrutu- lacrimogênio, desinfetante, filme.
ras, aço, lata, imãs, máquinas, latas. • Iodo (I): sal iodado, tintura de iodo,
Família 9 ou 8B: pigmento para tinta, lâmpada de iodo.
• Cobalto (Co): fonte de radiação Família 18 ou 0 (Gases nobres):
beta, lâmina de aço, imã permanente, • Neônio(Ne): iluminação para propa-
pigmentos. ganda, tubo de TV, laser, líquido para
Família 10 ou 8B: refrigeração.
• Níquel (Ni): moeda, latão para leite, • Argônio (Ar): gás para lâmpada,
talheres, ouro branco, bateria carregá- lâmpada fluorescente, gás inerte para
vel. solda.
• Platina (Pt): coroas odontológicas, •
tratamento de tumores, jóias. Exercício Resolvido FUVEST
Família 11 ou 1B: Em um bate-papo na Internet, cinco estu-
• Cobre (Cu): arame, cabo elétrico, dantes de química decidiram não revelar seus
medalhas, panelas, hélice para navio. nomes, mas apenas as duas primeiras letras,
• Prata (Ag): espelho, bateria, talhe- por meio de símbolos de elementos químicos.
res, jóias, papel e filme fotográfico. Nas mensagens, descreveram algumas carac-
• Ouro (Au): jóias, medalhas, coroas terísticas desses elementos.
odontológicas, aplicações financeiras. – É produzido, a partir da bauxita, por um
Família 12 ou 2B: processo que consome muita energia elétrica.
• Zinco (Zn): proteção para metais, Entretanto, parte do que é produzido, após
torneira para água e gás, peças auto- utilização, é reciclado.
motivas; – É o principal constituinte do aço. Reage
• Mercúrio (Hg): barômetro, termôme- com água e oxigênio, formando um óxido hi-
tro, baterias, iluminação, luz terapêuti- dratado.
ca. – É o segundo elemento mais abundante na
Família 13 ou 3A (família do Boro): crosta terrestre. Na forma de óxido, está pre-
• Boro (B): raquete de tênis, desinfe- sente na areia. É empregado em componentes
tante para olhos, vidro refratário. de computadores.
• Alumínio (Al): janelas, portas, pane-
las, cimento, obturação, fogos de artifí-
cio.

33
– Reage com água, desprendendo hidrogê- Já uma propriedade não periódica, por ou-
nio. Combina-se com cloro, formando o prin- tro lado, é aquela que ou só aumenta ou só
cipal constituinte do sal de cozinha. diminui com o aumento do número atômico.
– Na forma de cátion, compõe o mármore e Como exemplo pode-se citar o calor específico
a cal. e a massa atômica.

Os nomes dos estudantes, na ordem em


que estão apresentadas as mensagens, po-
dem ser

A) Silvana, Carlos, Alberto, Nair, Fernando.


B) Alberto, Fernando, Silvana, Nair, Carlos.
C) Silvana, Carlos, Alberto, Fernando, Nair.
D) Nair, Alberto, Fernando, Silvana, Carlos.
E) Alberto, Fernando, Silvana, Carlos, Nair.
Observação: O entendimento das proprie-
Comentários: A bauxita é um composto
dades dos átomos necessita de dois conceitos
natural em que o principal constituinte é o
preliminares: a configuração eletrônica dos
óxido de alumínio (Al2O3). Portanto a obten-
elementos e a intensidade da força de atração
ção de Alumínio puro pode ser dada por pro-
de um núcleo pelos elétrons.
cessos eletrolíticos que envolvam a bauxita. O
A força de atração aumenta na mesma pro-
principal constituinte do aço é o Ferro. Metais
porção que a carga nuclear aumenta, e dimi-
da família 1A reagem com a água fortemente
nui à medida que o elétron se afasta do nú-
e ainda liberam gás hidrogênio. Além disso, o
cleo. O elétron pode ser atraído pelo núcleo
sal de cozinha é formado pelo NaCl. O silício é
mas pode também ser repelido pelos elétrons
muito empregado na fabricação de circuitos
que estão na sua vizinhança. São inúmeras as
elétricos. Quando em presença de oxigênio,
repulsões elétron-elétron que torna-se impos-
formam o óxido de silício (SiO2). O mármore e
sível o tratamento de tal circunstância.
a cal são formados por um metal da família
2A, conhecido como Cálcio. Quando na forma
Estima-se a energia que um elétron possui
de cátion, formam o Ca+2.
considerando que ele interage com o ambien-
te médio criado pelo núcleo e os outros elé-
Gabarito: B
trons no átomo. Isso permite tratar o elétron
individualmente. Estamos falando de uma in-
teração entre o elétron e o campo elétrico a
PROPRIEDADES PERIÓDICAS que está submetido: pela carga positiva do
núcleo e pela carga negativa da vizinhança
(eletrosfera). Simplifica-se esse raciocínio tra-
1. INTRODUÇÃO tando o campo elétrico como aquele criado
As principais propriedades periódicas são: por uma carga localizada no núcleo, a chama-
Raio Atômico, Energia de Ionização, Afinidade da carga nuclear efetiva (Zef). A Zef pode ser
Eletrônica, Densidade, Temperatura de Fusão calculada como o número de prótons existente
e Ebulição. Veja no gráfico abaixo que existem no núcleo subtraído do número de elétrons
máximos e mínimos de certa propriedade ao que está entre o núcleo e o elétron em ques-
longo do período (observe que os máximos tão.
correspondem a elementos do sétimo
período). Zef = Z – S

Em que Z é a carga nuclear real (número


de prótons) e S é chamada de constante de
blindagem. A constante de blindagem é maior
que zero, porém menor que Z.

Para átomos com três ou mais elétrons, os


elétrons em dada camada estão protegidos
por elétrons nas camadas interiores. Por
exemplo, o átomo de Lítio, cuja configuração
eletrênica é 1s22s1, o elétron 2s é protegido
pelos dois elétrons 1s. Contudo, o elétron 2s
não tem qualquer efeito de blindagem sobre
34
os elétrons 1s. Além disso, as camadas inter-
nas completas exercem efeito de blindagem
sobre os elétrons exteriores de modo mais
efetivo que os elétrons da mesma subcamada
exercem uns sobre os outros.

Qual a relação entre a carga nuclear efetiva


e as propriedades periódicas? A resposta é:
muitas propriedades dos átomos são determi-
nadas pela carga nuclear efetiva sofrida por
seus elétrons mais externos, ou seja, de va-
lência.

2. PROPRIEDADES PERIÓDICAS

a) Raio atômico: Corresponde à metade


da distância entre os núcleos de dois áto- Outro tratamento a ser dado é o estudo do
mos adjascentes do mesmo elemento em Raio Iônico. O raio iônico é o raio de um cáti-
um metal. Para elementos que existem on ou de um ânion. O raio iônico afeta as pro-
como unidades diatômicas, o raio atômico priedades físicas e químicas de um composto
é metade da distância entre os núcleos dos iônico. Quando um átomo neutro se converte
dois átomos em dada molécula particular. em um íon, esperamos uma mudança no ta-
Simplificadamente, o raio atômico pode ser manho. Se o átomo forma um ânion ele ganha
compreendido como a distância do núcleo elétron (s) e seu tamanho aumenta. Isso
ao elétron mais externo. ocorre já que se aumentam as forças de re-
pulsão entre os elétrons, expandindo-se a nu-
vem eletrônica. Já a remoção de elétron (s)
de um átomo reduz a repulsão elétron-elé-
tron, mas a carga nuclear é mantida. Isso im-
plica em diminuição a nuvem eletrônica e o
cátion é menor que o átomo.

Dentro de uma família, o raio atômico au-


menta com o aumento do número atômico. No
entanto, no mesmo período, observamos que
o raio atômico diminui com o aumento do nú-
mero atômico. A razão para este tipo de com-
portamento está no estudo da carga nuclear
efetiva: quanto maior o número de prótons
em um núcleo (aumento do número atômico),
maior a força de atração sobre os elétrons e,
portanto, mais próxima do núcleo estará a Observações:
densidade eletrônica. • Nas espécies isoeletrônicas, terá
menor raio aquela cujo número atômico
Observe na próxima figura, a comparação for maior, pois isso aumenta a atração
dos raios em valores absolutos. entre prótons e elétrons, diminuindo o
raio da espécie iônica.
• Esquema

35
b) Eletronegatividade: Capacidade de
um átomo atrair elétrons para si em uma
ligação química. O átomo que atrai esses
elétrons com mais intensidade é mais ele-
tronegativo. Aquele que os atrai com me-
nos intensidade é menos eletronegativo.
Em 1931, Linus Pauling propôs a escala de
Eletronegatividade. Nela, o cientista consi-
dera para cálculo a energia de ligação de
A análise da figura implica que quanto mai-
moléculas binárias isoladas (A-A; A-B; B-
or for a carga nuclear efetiva, mais difícil será
B). É por essa razão que a escala descon-
remover um elétron e maior será a energia de
sidera os gases nobres, já que eles não
ativação.
combinavam entre si. Para Pauling, o Flúor
Mas há uma outra situação a ser analisada:
era o elemento mais eletronegativo (em
quando há um aumento brusco da energia de
1934, Mulliken, baseado em energia de
ionização. Isso ocorre quando um elétron de
ionização e afinidade eletrônica, propôs o
um nível mais interno é removido.
Neônio – gás nobre – como o elemento
Observe a figura abaixo com o valor das
mais eletronegativo).
Energias de Ionização e perceba que os gases
nobres têm energias de ionização elevadas,
enquanto os metais alcalinos possuem energi-
as de ionização baixas.

Observações:

• Esquema

• Eletropositividade (caráter bási- Observação:


co ou metálico): é a tendência que o • Esquema
átomo possui de perder elétrons. É o
contrário da eletronegatividade.

c) Energia de Ionização (potencial de


ionização): é a energia mínima necessá-
ria para remover um elétron de um átomo
isolado (ou de um íon) no estado gasoso.

Energia + X (gasoso) → X+ (gasoso) + 1e-


d) Afinidade Eletrônica (eletroafinida-
Quanto maior for a energia de ionização,
de): é o negativo da variação de energia
mais difícil será a remoção de um elétron. En-
que ocorre quando um elétron é recebido
tende-se por primeira energia de ionização a
por um átomo (ou um íon) para formar um
energia necessária para retirar o elétron mais
ânion no estado gasoso.
externo. A segunda, para retirar o elétron
imediatamente menos externo e assim por
X (gasoso) + 1e- → X- (gasoso) + Energia
diante. Observe a ilustração abaixo:
Considere o processo em que o flúor gaso-
so recebe um elétron:

F (g) + 1e- → F- (g) ∆H = -328kJ/mol

36
Portanto, a afinidade eletrônica do Flúor é
+328 kJ/mol. Quanto mais positiva for a afi-
nidade eletrônica, maior é a afinidade de um
átomo desse elemento para aceitar um elé-
tron. Assim, uma afinidade eletrônica conside-
rável e positiva significa que o ânion é muito
estável (o átomo tem grande tendência de
aceitar um elétron). Observe a figura abaixo
que expõe os valores absolutos de afinidade
eletrônica. g) Temperaturas de Fusão e Ebulição:
Os pontos de fusão e os pontos de ebuli-
ção são as temperaturas nas quais os
elementos químicos entram em fusão ou
ebulição, respectivamente. Tais proprieda-
des não seguem uma sequência linear
como as anteriores:

• Na maioria das famílias, os elemen-


tos de maior PE e PF estão situados na
parte inferior da tabela. Já nas famílias
1A e 2A, os elementos localizados na
parte superior são os que apresentam
Observação: maiores PE e PF.
• Esquema • Em geral, no mesmo período, PE e
PF dos elementos aumentam das ex-
tremidades para o centro da tabela.

e) Volume atômico: Está relacionado ao


espaço que um determinado número de
átomos de um elemento ocupa, em três
dimensões.
Exercício Resolvido
(FCMMG – 2014) Esta tabela ilustra as
energias de ionização, em elétron-volt, para a
retirada dos cinco (5) primeiros elétrons de
átomos, correspondentes a elementos do 3 o
período da classificação periódica.

Analisando apenas os elementos da tabela,


Atenção: a variação irregular do volume é INCORRETO afirmar que
atômico é devida a diferença nas estruturas A) A é um metal de baixa densidade e mui-
cristalinas dos elementos. to utilizado em fios externos para iluminação
pública, possuindo 3 elétrons de valência.
f) Densidade: é a razão entre a massa B) B é um metal alcalino terroso e sua falta
atômica e o volume atômico. Se o volume no organismo pode ocasionar problemas de
atômico aumenta e a massa permanece convulsão semelhantes ao causado pelo alcoo-
constante, a densidade diminui. Nos gru- lismo.
pos, apesar do aumento do volume, as C) o fornecimento de energia correspon-
massas geralmente aumentam em maior dente a 16,3 elétron-volt é suficiente para
proporção e por isso a densidade também formar o cátion C2+(g) a partir do C(g).
costuma aumenta. D) a 2ª Energia de ionização é maior para o
elemento cuja substância elementar reage vi-
olentamente com a água, formando um gás.

37
Comentário: A tabela é uma relação entre
as sucessivas energias de ionização para os
elementos A, B, C e D. Sabe-se que diferen-
ças consideráveis de uma energia de ioniza-
ção para outra pressupõe mudança de cama-
da. “A” é o Alumínio, com três elétrons na úl-
tima camada. Alternativa A está correta pois o
Alumínio é utilizado em iluminação pública. De
acordo com as energias de ionização, “B” é
um metal alcalino terroso e, mais precisamen-
te, o Magnésio.
A alternativa B está correta pois a falta de
Magnésio no corpo causa convulsões. A alter-
nativa C está incorreta, pois o fornecimento
de energia de 16,1 e-Volt não é capaz de reti-
rar dois elétrons (esse valor é associado ape-
nas a 2ª energia de ionização). Já “D” corres-
ponde ao Sódio. Sabe-se que metais alcalinos
reagem violentamente com a água, liberando
grande quantidade de energia e gás hidrogê-
nio. Gabarito C.

38
LIGAÇÃO IÔNICA tipos de ligações presentes em tais compos-
tos.

1. Introdução 1.1 – Valência

A valência indica a quantidade de elétrons


que o átomo representativo perde ou ganha
para atender à regra do octeto. Valência apre-
senta sinal; positivo indica perda de elétrons
e o negativo ganho de elétrons.

Já os elétrons de valência são os elétrons


presentes na última camada.

O
s átomos geralmente não existem li-
vres na natureza, mas, sim, combi- Coluna Elétrons de Valência
nados, formando substâncias simples Valência
ou compostas. Os átomos se ligam para se
tornarem estáveis. Em 1919, o norte-ameri- IA 1 1+
cano Irving Langmuir enunciou a teoria do oc- IIA 2 2+
teto para explicar as ligações químicas.
Provou-se experimentalmente que os gases IIIA 3 3+
nobres são elementos quimicamente inertes
(apesar de hoje já existirem compostos con- IVA 4 4+ ou 4-
tendo gases nobres). A chamada estabilidade VA 5 3-
dos gases nobres se deve ao fato de apresen-
tarem a última camada com seus subníveis s VIA 6 2-
e p completos. O Hélio possui 2 elétrons na VIIA 7 1-
última camada e os outros gases nobres pos-
suem 8 elétrons na última camada. VIIIA 8 0
Observando a estrutura de outros átomos
unidos, os cientistas verificaram que tais es-
truturas são semelhantes às dos gases no- 2. Ligação Iônica ou Eletrovalente
bres. Então, foi formulada a teoria do octeto e
os gases nobres passaram a ser usados como
modelos de estabilidade a serem seguidos pe- A ligação iônica se dá pela atração eletros-
los outros átomos. Atualmente, são conheci- tática entre íons positivos e negativos. Esses
das muitas exceções à teoria do octeto e exis- íons são, geralmente, formados a partir da
tem até mesmo muitas interpretações erra- transferência de elétrons dos metais para os
das. não metais. O átomo que perde elétrons tor-
Durante a formação de uma ligação, o sis- na-se um íon positivo (cátion), enquanto que
tema libera energia, fazendo com que o com- o átomo que ganha elétrons torna-se um íon
posto formado tenha mais estabilidade que os negativo (ânion).
átomos isolados. Portanto, concluímos que a Os compostos formados por esse tipo de
diminuição de energia de um sistema é a me- ligação são denominados compostos iônicos.
lhor forma de justificar sua estabilidade. Neles, a diferença de eletronegatividade entre
A existência de grupos de substâncias com os seus átomos constituintes deve ser superi-
propriedades físicas semelhantes decorre dos or a 1,7.
tipos de ligações químicas existentes. Observe o exemplo de formação da ligação
As propriedades das substâncias são de- iônica para o cloreto de sódio (NaCl).
terminadas em grande parte pelas ligações
químicas que mantêm seus átomos unidos. O
sal de cozinha (cloro de sódio – NaCl) e o
açúcar refinado (sacarose – C 12H 22O 11), –
duas substâncias brancas cristalinas – apesar
de suas similaridades na aparência, possuem
propriedades diferentes: enquanto uma solu-
ção aquosa de cloreto de sódio conduz corren-
te elétrica, uma solução aquosa de sacarose
não conduz. Essa diferença está associada aos
39
A energia necessária para separar comple-
tamente 1 mol de composto iônico em íons
isolados na fase gasosa é denominada Ener-
gia de Rede.
Quanto maior for a Energia de Rede de um
composto iônico, maior a energia necessária
para separar os íons desse retículo, dessa
forma, mais estável é o composto iônico.

É a atração entre os íons que constituem a


ligação iônica.
Quando pensamos no cloreto de sódio
(NaCl), não podemos imaginar em apenas um
íon de cada formando uma substância diatô-
mica. Mas sim uma série deles unidos na pro-
porção de 1:1, formando um imenso agregado
ou aglomerado iônico. A principal razão para
os compostos iônicos serem estáveis é a atra-
ção entre os íons de cargas opostas. Nas
substâncias iônicas, cátions e ânions distribu-
em-se regularmente no espaço, formando re-
des cristalinas, em que as interações atrativas
são maximizadas e as repulsivas, minimiza-
das.

2.1. Energia de Rede

Um composto iônico não é formado apenas


pela interação entre um íon negativo e um
2.2. Fatores que afetam a intensidade
positivo. Esse tipo de composto é formado por
um aglomerado de íons. Assim, a estabilidade da ligação iônica
de um composto iônico se dá pelas atrações
entre todos esses íons.
A estabilidade da estrutura cristalina de-
pende basicamente de dois fatores: das car-
gas elétricas dos íons (q1 e q2) envolvidos e
da distância entre os centros de carga desses
íons (d), podendo ser expressas pela seguinte
equação:

Dessa forma, quanto maiores forem as car-


gas dos cátions e ânions e menor for a distân-
cia entre seus centros de cargas, mais inten-
sas serão as interações entre eles e, portanto,
mais forte será a ligação.

1ª comparação: Estruturas cristalinas se-


melhantes com cargas diferentes

O óxido de cálcio (CaO) e o cloreto de sódio


(NaCl) apresentam estruturas cristalinas e

40
íons de tamanhos similares. Entretanto, a Por exemplo: no sal de cozinha, cada íon
energia de rede do CaO 3461 kJ.mol-1, cerca Cl- é cercado por 6 íons Na+ e vice-versa.
de 4 vezes maior que a do NaCl, 788 kJ.mol-1. Veja a figura a seguir.
Essa diferença pode ser analisada comparando
os produtos das cargas dos íons em cada um
dos compostos. A carga relativa do íon Ca2+ é
o dobro do íon Na+; e a carga do íon O2- tam-
bém é o dobro da do íon Cl-. Logo, o produto
das cargas no CaO é quatro vezes maior do
que no NaCl.

2ª comparação: Cargas elétricas simila-


res, mas diferem quanto à distância média
entre os seus centros de carga.

O Cloreto de potássio (KCl) e o cloreto de


sódio (NaCl) apresentam cargas similares, po-
rém o íon K+ apresenta maior raio que o Na+.
Existem alguns compostos iônicos que se
Dessa forma, a distância média entre os íons
encontram no estado líquido em condições
K+ e Cl- é maior que a distância média entre
ambientes. Esses compostos são denominados
os íons Na+ e Cl-, o que enfraquece a atração
de líquidos iônicos. A atração é mais fraca,
eletrostática entre esses íons.
pois esses compostos apresentam íons muito
volumosos, o que aumenta a distância entre
2.3. Determinação da fórmula de uma
os centros de cargas, dificultando, dessa for-
substância iônica. ma, a formação de retículos cristalinos.
Um exemplo de um líquido iônico está re-
presentado na figura a seguir. O cátion é um
A fórmula de um composto iônico, resultan- íon muito volumoso.
te da combinação de dois elementos, pode ser
obtida utilizando-se as cargas dos elementos.
Para tanto, é necessário sabermos que as
fórmulas das substâncias iônicas são eletri-
camente neutras, ou seja, as cargas totais
positivas e negativas são iguais. Para que
essa neutralidade seja obtida, basta inverter
as cargas dos elementos, fazendo com que a
•Apresentam elevadas temperaturas de fu-
carga de um seja a atomicidade do outro.
são e ebulição.
Exemplos:
Os cristais iônicos apresentam elevados va-
lores de energia de rede. Assim, torna-se ne-
Íons: Al3+ O2- fórmula: Al2O3
cessário uma elevada quantidade de energia
para separar os íons durante a fusão e a ebu-
Íons: Ca2+ Br- fórmula: CaBr2
lição.
Íons: Mg2+ O2- fórmula: MgO
• Seu melhor solvente é a água, mas exis-
tem vários compostos iônicos que não se dis-
2.4. Propriedades dos Compostos Iô- solvem em água.
nicos A água interage com os íons do cristal por
meio de seus polos e os separa.

• São sólidos à temperatura ambiente. A Observe a dissolução do cloreto de sódio:


forte atração entre os íons produz aglomera-
dos com formas geométricas bem definidas.
Os agrupamentos geométricos são denomina-
dos retículo cristalino. No retículo cristalino,
cada cátion atrai simultaneamente vários âni-
ons e cada ânion atrai simultaneamente vários
cátions.

41
LIGAÇÃO METÁLICA

A água não é capaz de dissociar todas as


substâncias iônicas, daí não se pode dizer que
todas as substâncias iônicas sejam solúveis na
mesma.

• Não conduzem corrente elétrica no estado


sólido. No estado sólido, os íons estão presos É a ligação que se estabelece entre os áto-
na rede cristalina e têm pequeno grau de li- mos de metais, formando os metais puros ou
berdade. as ligas metálicas. As ligações metálicas são
encontradas em metais como cobre, ferro e
• Conduzem corrente elétrica quando fun- alumínio. Nesses metais, cada átomo está li-
didos (estado líquido) ou em solução aquosa gado a vários átomos vizinhos. Os elétrons
devido à presença de íons livres. Quando ligantes estão relativamente livres para mo-
aquecidos até a fusão ou dissolvidos em água, ver-se pela estrutura tridimensional do metal.
as substâncias iônicas dissociam seus íons, As ligações metálicas dão origem a tais pro-
que, com grande liberdade, são capazes de priedades metálicas como alta condutividade
conduzir eletricidade. elétrica e brilho.

• São duros (resistentes ao risco) e que- Um modelo muito simples que explica al-
bradiços, originando fragmentos de faces pla- gumas das mais importantes características
nas. dos metais é o modelo de mar de elétrons.
Nesse modelo, o metal é visualizado como
uma rede de cátions metálicos em um “mar”
de elétrons de valência como ilustrado na fi-
gura. Os elétrons estão confinados ao metal
por meio de atrações eletrostáticas aos cáti-
ons; eles estão uniformemente distribuídos
pela estrutura. Entretanto, os elétrons são
móveis e nenhum elétron individual está con-
finado a qualquer íon metálico específico.
Quando um fio metálico é conectado aos ter-
minais de uma bateria, os elétrons fluem pelo
metal no sentido do terminal positivo para
A elevada dureza é consequência do forte dentro do metal a partir da bateria no termi-
grau de interação entre os íons. Em contra- nal negativo.
partida, quando submetidos ao choque mecâ-
nico, costumam fragmentar-se em cristais A alta condutividade térmica dos metais
menores devido ao fato de o choque promover também é explicada pela mobilidade dos elé-
o deslizamento de planos dentro da estrutura trons, que permite a rápida transferência de
cristalina, aproximando íons de mesmo sinal energia cinética pelo sólido.
da rede fazendo com que as interações repul-
sivas tornam-se mais intensas do que as inte-
rações atrativas.

42
• Apresentam elevada densidade, pois os
cátions empacotam muito bem, o que dimi-
nui a quantidade de espaços vazios. Entre-
tanto, os metais alcalinos apresentam bai-
xas densidades, uma vez que, apresentam
menos elétrons de valência, diminuindo a
atração.

Fe: d= 7,9g/cm3
Os: d= 22,58g/cm3
Na: d=0,97g/cm3

• Maleáveis e dúcteis: muitos metais são


maleáveis, o que significa que podem ser
moldados em folhas finas e dúcteis – podem
Modelo de mar de elétrons. ser transformados em fios. Essas proprieda-
des indicam que os átomos são capazes de
deslizar uns em relação aos outros. Os sóli-
1- Propriedades dos Metais dos iônicos ou cristais da maioria dos com-
postos covalentes não exibem tal comporta-
• Nas condições ambientes, são sólidos, ex- mento.
ceto o mercúrio, que é líquido.

• As temperaturas de fusão e ebulição dos


metais são bem variadas e abrangem uma
faixa bem ampla.

Grande parte apresenta altos valores de TF


e TE. Os metais representativos costumam
apresentar temperaturas de fusão e de ebuli-
ção com valores relativamente elevados. Per-
cebe-se que quanto mais elétrons de valência,
mais forte se torna a ligação metálica.
T.F (Na): 97,8ºC
T.F. (Mg): 648,8ºC
T.F. (Al): 660ºC

Já os metais de transição apresentam tem-


peraturas de fusão mais elevadas que os me- LIGAÇÃO COVALENTE
tais representativos.
A ligação covalente ocorre entre átomos
Ferro (Fe) →TF = 1540oC TE = 2887oC- que possuem a tendência de ganhar elétrons,
Tungstênio (W) →TF = 3410oC TE = 5900 oC na sua grande maioria não metais. Dessa
forma, os átomos desses elementos vão com-
• Os metais apresentam brilho característi- partilhar pares eletrônicos podendo formar
co: uma superfície metálica limpa tem lustre ligações covalentes simples, dupla ou tripla,
característico. conforme os exemplos.
• Apresentam altas condutividades elétri- Exemplos:
cas: a corrente elétrica flui facilmente por
eles. O fluxo de corrente ocorre sem qualquer H2 : H – H
deslocamento de átomos dentro da estrutura O2 : O = O
metálica e deve-se aos elétrons livres. N2 : N ≡N
• Alta condutividade térmica: os metais que
podemos manusear com as mãos dão uma A molécula de hidrogênio H2 fornece o
sensação fria característica, relacionada com a exemplo mais simples possível de ligação co-
alta capacidade de conduzir calor. valente. Quando dois átomos de hidrogênio
estão próximos o suficiente um do outro,
ocorrem interações eletrostáticas entre eles.
43
Os dois núcleos carregados positivamente re- Essa atração do núcleo de um átomo pelo elé-
pelem-se mutuamente, assim como os dois tron do outro é a força que mantém os áto-
elétrons carregados negativamente, enquanto mos juntos. É denominada ligação covalen-
o núcleo e os elétrons atraem um ao outro, te.
como o modelo da figura abaixo. Para que a
molécula H2 exista como entidade estável, as 3) Quando os átomos se encontram muito
forças atrativas devem exceder as forças re- próximos, começa a aparecer uma força de
pulsivas. repulsão provocada pela repulsão núcleo-nú-
cleo e cessa a interpenetração.
Na ligação covalente, os elétrons ligantes
que pertencem aos dois átomos são atraídos
pelos dois núcleos. Desta forma, ocorre uma 1- Polaridade das Ligações
forte atração entre núcleos e elétrons, justifi-
cando, assim, a estabilidade dessas substân- Ligação covalente apolar: ocorre entre
cias. átomos de um mesmo elemento químico
(mesma eletronegatividade).
Consideremos a molécula formada entre
dois átomos de hidrogênio. Esses dois átomos Os elétrons formadores da ligação ficam a
possuem a tendência de ganhar elétrons para mesma distância dos dois átomos:
adquirir a configuração do gás nobre Hélio.
Como cada um deles possui em elétron de- Ligação covalente polar: ocorre entre áto-
semparelhado, eles irão emparelhar seus elé- mos diferentes. Nesse caso, a diferença de
trons e os dois átomos compartilharão esse eletronegatividade provoca um deslocamento
par de elétrons, isto é, o par eletrônico per- dos elétrons ligantes em direção do átomo
tencerá, ao mesmo tempo, aos dois átomos. mais eletronegativo.
Os dois elétrons serão atraídos pelos núcleos
dos dois átomos. Exemplos:

O gráfico abaixo representa a formação da


molécula de H2:

2- Regras para a montagem de


fórmulas
• Some os elétrons de valência de
todos os átomos. Para um ânion, adi-
cione um elétron para cada carga ne-
gativa. Para um cátion, subtraia um
elétron para cada carga positiva;

• Escreva símbolos para os átomos a


fim de mostrar quais átomos estão
ligados entre si e una-os com uma li-
1) Os dois átomos estão distantes, não gação simples. O átomo central é o
existindo nenhuma força de atração entre que se apresenta em menor quantida-
eles. No entanto, os átomos são instáveis, de ou é o elemento menos eletronega-
pois não possuem a configuração dos gases tivo;
• Complete os octetos dos átomos
nobres.
ligados ao átomo central;
2) Quando os átomos aproximam-se, o nú-
• Coloque qualquer sobra de elétrons
cleo de um átomo atrai o elétron do outro, e
os átomos vão se aproximando cada vez mais. no átomo central, mesmo que provo-
que mais de um octeto;
44
• Se não existem elétrons suficientes
para dar ao átomo central um octeto,
tente ligações múltiplas. Use um ou
mais dos pares de elétrons não com-
partilhados dos átomos ligados ao
átomo central para formar ligações
duplas ou triplas.

3- Exceções à regra do octeto Expansão da teoria do octeto


A regra do octeto falha em muitas situa-
ções envolvendo ligações covalentes. Essas Os elementos representativos com três ou mais
exceções à regra do octeto são de três tipos níveis eletrônicos preenchidos apresentam orbi-
principais: tais d vazios no nível de valência. Observe a dis-
tribuição eletrônica do nível de valência para o
• Molécula com número ímpar de elé-
fósforo:
trons;

• Moléculas nas quais um átomo tem


menos de octeto, ou seja, moléculas
deficientes em elétrons;

• Moléculas nas quais um átomo tem


mais de um octeto, ou seja, moléculas
com expansão do octeto.

Número ímpar de elétrons

Na grande maioria das moléculas, o núme-


ro de elétrons é par e ocorre um completo
emparelhamento dos elétrons. Em alguns Mesmo formando compostos nos quais o
poucos casos, como, ClO2, NO e NO2, o núme- modelo do octeto é obedecido, uma nova situ-
ro de elétrons é ímpar. Dessa forma, o com- ação é possível. Se um elétron de valência do
pleto emparelhamento desses elétrons é im- subnível 3s for excitado para o subnível 3d, o
possível, fazendo com que um octeto ao redor fósforo passará a ter cinco elétrons desempa-
de cada átomo não possa ser atingido. relhados. Como a ligação covalente consiste
no emparelhamento de elétrons, cinco liga-
Exemplo: ções simples podem ser formadas e o fósforo
NO (5 + 6)= 11 elétrons de valência apresentará 10 elétrons no nível de valência.

Deficiência de elétrons

Átomos razoavelmente pequenos, como be-


rílio e boro, apresentam elevadas energias de
ionização. Logo, para transformá-los em cáti-
ons seria necessário fornecer grande quanti-
dade de energia, o que aumentaria a sua ins-
tabilidade. Para esses elementos é mais favo-
rável que os átomos desses elementos esta-
beleçam ligações covalentes, levando ao em-
parelhamento de elétrons e, consequentemen- 4- Domínio
te, ao aumento das força atrativas no siste-
ma. Domínio eletrônico é qualquer região ao
redor de um átomo que contenha elétrons de
valência compartilhados ou não. Esse domínio
pode ser uma ligação simples, dupla, tripla,
um par elétrons não ligante, ou até um único
elétron.

45
Todos os átomos centrais presentes nas es-
truturas apresentam domínio igual a 4.

O carbono, na estrutura do CO2, apresenta


domínio igual a 2.

5- Arranjo e Geometria
O arranjo é a distribuição espacial de todos
os domínios de um átomo central, de modo
que a repulsão entre eles seja a menor possí-
vel. Já a geometria é a disposição no espaço
dos domínios, mas desconsideram-se os do-
mínios formados por pares de elétrons não
ligantes ou elétrons desemparelhados.

46
Número Arranjos Domínios Domínios Geometria Molecu- Exemplos
de domí- ligantes não ligan- lar Fórmula Estrutu- Fórmula mo-
nios tes ral lecular

2 2 0 CO2

3 0

BF3

2 1 NO2-

CH4

4 0

NH3

3 1

4
H2O

2 2

PCl5

5 0

47
SF4
4 1

3 3

ICl3

2 3 XeF2

6 0 SF6

BrF5

5 1

4 2 XeF4

48
6- Polaridade de Moléculas

Uma molécula pode ser classificada em


polar ou apolar. Essa classificação está as-
sociada com a eletronegatividade dos áto-
mos que constituem a molécula e, também,
com sua geometria.

Não se pode confundir polaridade de mo-


léculas com carga elétrica. Polaridade é uma
tendência apresentada por algumas molécu-
las de acumularem cargas em suas extremi-
dades. A molécula será apolar se apresentar
uma distribuição simétrica de sua densidade
eletrônica, acarretando um µ (momento di-
polar) igual a zero.

Exemplos:

Cl– Cl, H –H, I – I :Átomos iguais (molé-


cula simétrica)

O = C = O :as nuvens eletrônicas são,


igualmente, atraídas pelos oxigênios, fazen-
do com que os polos gerados se anulem.

Porém, se houver uma assimetria na dis-


tribuição eletrônica da molécula, serão cria-
dos polos positivos e negativos, que não se
anulam. Nesse caso, a molécula será polar.

Exemplos:

H – Cl, H – Br: (Moléculas formadas por


átomos diferentes: Assimétricas).

H2O Molécula assimétrica: os polos posi-


tivos (região do H) e negativo (região do O)
não se anulam.

Importante!

A polaridade das substâncias ajuda a


prever a sua solubilidade.
Solvente polar H 2O →tende a dissolver
substâncias polares.
Solvente apolar CCl4→tende a dissolver
substâncias apolares.

Em geral: “Semelhante tende a se dissol-


ver em semelhante”.

49
INTERAÇÕES INTERMOLE- moléculas de H2, por exemplo, a distribuição
média de elétrons em cada molécula é simé-
CULARES trica. As moléculas são apolares e não pos-
suem dipolo permanente. Entretanto, a dis-
tribuição instantânea dos elétrons pode ser
diferente da distribuição média. Se pudés-
semos congelar o movimento de elétrons de
uma molécula em determinado instante, a
nuvem eletrônica poderia estar deslocada
para um lado da molécula. Apenas nesse
momento, então, a molécula teria um mo-
mento de dipolo instantâneo.

Como os elétrons se repelem, os movi-


As propriedades físicas de líquidos e sóli- mentos em uma molécula influenciam os
dos moleculares são relativas, em grande movimentos dos elétrons em seus vizinhos.
parte, às forças ou interações intermolecu- Assim, o dipolo temporário em uma molécu-
lares, as forças que existem entre as molé- la pode induzir um dipolo similar em uma
culas. molécula adjacente, fazendo com que as
moléculas sejam atraídas entre si, como
A intensidade das forças intermoleculares mostrado na figura.
em diferentes substâncias varia em uma
grande faixa, mas elas são muito mais fra-
cas que as ligações iônicas e covalentes.
Dessa forma, é necessário menos energia
para vaporizar um líquido ou fundir um sóli-
do do que para quebrar ligações covalentes
em moléculas.

Quanto mais forte as forças de atração,


maior é a temperatura na qual o líquido en-
tra em ebulição. De forma similar, o ponto
de fusão de um sólido aumenta à medida
Essa interação atrativa é chamada força
que as forças intermoleculares ficam mais
de dispersão de London. Tal força é signifi-
fortes. Sabe-se que existem três tipos de
cativa tão somente quando as moléculas es-
forças atrativas entre moléculas neutras:
tão próximas.
forças dipolo-dipolo, de dispersão de London
e de ligação de hidrogênio. Essas forças são
A facilidade com que a distribuição de
também chamadas forças de Van de Waals
cargas em uma molécula pode ser distorcida
em homenagem a Johannes Van der Waals.
por um campo elétrico externo é chamada
Todas essas forças são eletrostáticas por
polarizabilidade. Podemos pensar na pola-
natureza, envolvendo atrações entre espéci-
rizabilidade de uma molécula como uma
es positivas e negativas. Todas tendem a
medida da ‘maciez’ de sua nuvem eletrôni-
ser até 15% menos fortes que as ligações
ca; quanto maior a polarizabilidade de uma
covalente e iônica.
molécula, mais facilmente sua nuvem ele-
trônica será distorcida para dar um dipolo
1. Dipolos Instantâneos Dipolos momentâneo.

Induzidos ou Forças de Dispersão Dessa forma, moléculas mais polarizáveis


de London têm forças de dispersão de London mais for-
tes. Em geral, moléculas maiores tendem a
ter maiores polarizabilidades porque elas
As interações dipolos instantâneos dipo- têm maior número de elétrons, que estão
los induzidos são as atrações existentes en- mais afastados do núcleo. A intensidade das
tre átomos e moléculas apolares. A origem forças de dispersão de London, portanto,
de suas atrações foi inicialmente proposta tendem a aumentar com o aumento do ta-
em 1930 por Fritz London. London identifi- manho molecular. Uma vez que o tamanho
cou que o movimento de elétrons em um molecular e a massa geralmente asseme-
átomo ou molécula pode criar um momento lham-se, as forças de dispersão tendem
de dipolo instantâneo. Em uma coleção de

50
a aumentar em intensidade com o au-
mento da massa molecular.
3- Ligações de Hidrogênio
Quando duas moléculas apolares se apro-
ximam, tornam- se momentaneamente po-
larizadas e se atraem. Essa polarização se
dá porque, em uma das moléculas, os elé-
trons podem estar momentaneamente loca-
lizados em um lado da molécula, criando um
dipolo instantâneo e, na outra molécula,
cria-se um dipolo induzido.

As substâncias que fazem esse tipo de


interação possuem baixos pontos de fusão e
ebulição e tendem a ser pouco solúveis em
água. Essas interações ocorrem entre moléculas
que possuem o hidrogênio diretamente liga-
Exemplos de substâncias que podem do a átomos muito eletronegativos, como
fazer interações dipolos induzidos: flúor, oxigênio e nitrogênio e ela ocorre de-
H2, O2, N2, hidrocarbonetos vido à atração do próton exposto H + por um
de alta eletronegatividade da molécula vizi-
nha.
2- Dipolos Permanentes ou Di-
polo-Dipolo O diagrama a seguir representa as tem-
peraturas de ebulição de compostos molecu-
Essas interações ocorrem entre moléculas lares binários nos quais um dos elementos é
polares, nas quais o pólo positivo de uma o hidrogênio.
molécula atrai o negativo de outra. As for-
ças dipolo-dipolo são efetivas tão somente
quando moléculas polares estão mais pró-
ximas.

Representação:

Quanto maiores forem os momentos di-


polares (criados pela diferença de eletrone-
gatividade entre os átomos), maior é a for-
ça de atração intermolecular.

As substâncias que fazem esse tipo de Ao analisarmos as temperaturas de ebuli-


interação tendem a possuir pontos de fusão ção para a maioria desses compostos, veri-
e pontos de ebulição mais altos que aquelas ficamos que moléculas maiores e polares
que fazem interações dipolos instantâneos apresentam interações mais intensas. Entre-
(comprando-se substâncias com massas tanto, três compostos parecem destoar da
molares semelhantes) e tendem a se dissol- análise geral – NH3, HF e H2O.
ver em água, pois interagem com a mesma.
Poderíamos, a princípio, esperar que suas
interações intermoleculares fossem mais
fracas devido às suas menores nuvens ele-
trônicas. Todavia, suas temperaturas de

51
ebulição são consideravelmente mais eleva- ralmente mais fortes que as forças dipolo-
das que o previsto, sugerindo que tais mo- dipolo e de dispersão (dipolo instantâneo-
léculas realizam entre si ligações de hidro- dipolo induzido), elas têm papel importante
gênio. em muitos sistemas químicos, incluindo os
de significância biológica. Por exemplo, as
Abaixo, estão representadas as possibili- ligações de hidrogênio ajudam a estabilizar
dades de ligação de hidrogênio envolvendo as estruturas das proteínas, que são partes
os três elementos mais eletronegativos principais da pele, músculos e outros com-
(flúor, oxigênio e nitrogênio). ponentes estruturais dos tecidos animais.
Elas são também responsáveis pela maneira
Uma molécula Outra molécula (polar) como o DNA é capaz de transportar a infor-
Ligação de hidrogênio mação genética.
N – H ------------------------------------- N
N – H ------------------------------------ O
N – H ------------------------------------- F 4- Ligações de Hidrogênio In-
tramoleculares
As ligações de hidrogênio podem ser con-
sideradas atrações dipolo-dipolo especiais.
Como F, N e O são muito eletronegativos, Em muitas moléculas orgânicas ocorre a
uma ligação entre o hidrogênio e qualquer formação da ligação de hidrogênio intramo-
um desses três elementos é bastante polar, lecular que acontece entre grupos próximos
com o hidrogênio no lado positivo. Observe da mesma molécula.
os exemplos da água e da amônia:
Substâncias que fazem ligações de hidro-
gênio intramoleculares possuem tempera-
tura de fusão e de ebulição menores se
comparadas a estruturas similares que não
fazem ligações de hidrogênio intramolecula-
res. Isso ocorre porque substâncias que fa-
zem ligações de hidrogênio intramoleculares
fazem interações intermoleculares menos
intensas. Observe:

Orto-aminofenol:
4 9
Os grupos hidroxila e ami-
no fazem ligações de hi-
drogênio intramoleculares
devido a proximidade dos
mesmos. A temperatura de
ebulição é menor que a do
para-aminofenol.

Para-aminofenol:

Os grupos hidroxila e amino não


fazem ligações de hidrogênio entre
Ciências da Natureza e suas Tecnolog si. Esses grupos fazem interações
O átomo de hidrogênio possui apenas um com outras moléculas. Assim, a
elétron. Assim, o lado positivo do dipolo da temperatura de ebulição é maior
ligação tem a carga concentrada parcial- que a do orto-aminofenol.
mente exposta, quase exibindo o próton do
núcleo do hidrogênio. Essa carga positiva é
atraída pela carga negativa de um átomo
eletronegativo em uma molécula próxima.
Como o hidrogênio pobre em elétrons é
muito pequeno, ele pode aproximar-se mui-
to de um átomo eletronegativo para, em se-
guida, interagir fortemente com ele. Em vir-
tude de as ligações de hidrogênio serem ge-
52
5- Força Dipolo Permanente –
Dipolo Induzido

Existe ainda um tipo de interação que


pode ocorrer entre uma molécula polar e
uma apolar. Uma molécula com um dipolo
permanente pode induzir um dipolo em uma
segunda molécula que esteja localizada pró-
xima no espaço. A força desta interação irá
depender do momento de dipolo da primeira
molécula e da polarizabilidade da segunda
molécula. A polarizabilidade de uma molé-
cula é uma grandeza física que indica com CRISTAIS COVALENTES
que facilidade a densidade eletrônica da
molécula pode ser polarizada, isto é, for- Alguns compostos formados por não me-
mando uma distribuição assimétrica de den- tais apresentam uma rede indefinida de
sidade eletrônica (cargas) e, por conseguin- átomos, unidos por ligações covalentes. Es-
te, ocorrendo a formação de dipolos instan- ses são chamados de sólidos ou cristais co-
tâneos na molécula. Estes dipolos instantâ- valentes.
neos podem então se alinhar de várias ma-
neiras com o dipolo permanente da primeira Nessas substâncias, o compartilhamento
molécula, originando a interação dipolo de elétrons ocorre interligando todos os
permanente-dipolo induzido. átomos, formando um retículo cristalino e
não sendo possível identificar moléculas in-
Exemplo: interação entre as moléculas dependentes.
de água (polar) e oxigênio (apolar)
Ciências da Natureza e suas Te São substâncias covalentes, o diamante
(C), grafita (C), sílica (SiO2) e carbeto de
silício (SiC).

O diamante – usado industrialmente


como abrasivo e em ferramentas de corte
por causa de sua dureza – possui uma es-
trutura em que cada átomo, considerado no
centro de um tetraedro, liga-se covalente-
6- Força Íon-dipolo mente a quatro outros, situados nos vérti-
ces.
Uma força íon-dipolo existe entre íon e
carga parcial oposta em certo lado de uma
molécula polar. As moléculas polares são
dipolo; elas têm um lado positivo e outro
negativo. Os íons positivos são atraídos pelo
pólo negativo de um dipolo, enquanto os
negativos são atraídos pelo pólo positivo. A
magnitude da atração aumenta conforme a
carga do íon ou magnitude do dipolo au- O carboneto do silício, um abrasivo in-
menta. As forças íon-dipolo são especial- dustrial comum, possui a estrutura do dia-
mente importantes em soluções. mante, em que cada átomo de silício liga-se
tetraedricamente a quatro átomos de car-
Exemplo: a água (molécula polar) solva- bono e vice-versa.
tando os íons do cloreto de sódio (NaCl).
O dióxido de silício ou sílica, SiO2, existe
em várias formas cristalinas. Todas apresen-
tam uma rede tridimensional de ligações Si-
O. A forma mais comum é a do quartzo,
cuja estrutura pode ser considerada seme-
lhante ao do diamante.

53
A grafita é também um cristal covalente.
Entretanto, contrastando com as substânci-
as que acabamos de discutir, sua estrutura
apresenta átomos de carbono dispostos em
camadas planas paralelas. Cada átomo de
carbono liga-se covalentemente a três ou-
tros, de sua própria camada, formando uma
rede infinita de anéis de seis membros. En-
tre as camadas, existem forças menos in-
tensas denominadas dipolo instantâneo –
dipolo induzido.

Estrutura da grafita:

1. Propriedades das substâncias


covalentes

• São sólidos a temperatura ambiente.


• São insolúveis em todo tipo de solven-
te.
• Apresentam elevadas temperaturas de
fusão e ebulição.
• são quebradiços.
• Não são condutores de eletricidade, ex-
ceto o grafite.

54
b) Solubilidade: compostos orgânicos
apolares são praticamente insolúveis em
MÓDULO 3 - INTRODUÇÃO À água, mas solúveis em solventes apolares
(por exemplo, graxa – hidrocarbonetos de
QUÍMICA ORGÂNICA, NO- cadeia longa – pode ser removida com ga-
MENCLATURA E HIDROCAR- solina). Já os polares podem ser solúveis
em água, tais como açúcar, etanol e ácido
BONETOS acético (contido no vinagre).

c) Combustibilidade: a grande maioria


INTRODUÇÃO À QUÍMICA dos compostos que sofrem combustão
ORGÂNICA (queima) são de origem orgânica.

Exemplo: Combustão completa do etanol


1. HISTÓRICO
CH3CH2OH(l)+3O2(g)→2CO2(g)+3H2O(v)+ energia
Em meados do século XVIII, Torbern
Olof Bergman definia a Química Orgânica
como a área de estudos das substâncias ad- d) Encadeamento: os átomos de carbo-
vindas de seres vivos, e a Inorgânica como no têm a propriedade de se unir, formando
a Química dos seres inanimados. Em 1807, estruturas denominadas cadeia carbônicas.
Jöns Jacob Berzelius admitia que somente Essa propriedade é a principal responsável
os organismos vivos eram capazes de pro- pela existência de milhões de compostos
duzir compostos orgânicos (Teoria da Força orgânicos.
Vital ou Vitalismo).
Exemplos: cadeia linear, cadeia ramifi-
Entretanto, em 1828, Friedrich Wöh- cada, cadeia heterogênea (presença de oxi-
ler, aluno de Berzelius, sintetizou a ureia, gênio, chamado de heteroátomo)
um composto orgânico, a partir de reagen-
tes inorgânicos (cianato de amônio), refu-
tando a teoria do Vitalismo.

3. ESTUDO DO CARBONO
De acordo com a Teoria da Ligação de
Valência, o carbono hibridizado apresenta
quatro elétrons desemparelhados, sendo,
portanto, tetravalente (realiza quatro liga-
Em 1858, Friedrich August Kekulé formu- ções). Ele pode ser encontrado em três for-
lou a Teoria Estrutural. De acordo com ela, a mas hibridizadas distintas, de acordo com
Química Orgânica seria a área de estudos os tipos de ligações químicas realizadas,
dos compostos do carbono. conforme ilustrado na tabela baixo:

Atenção: todos os compostos orgânicos


são formados por átomos de carbono, mas
nem todo composto com carbono é orgâni-
co. Exemplos de compostos que são inorgâ-
nicos: CO2, HCN, CCl4, CaCO3, etc.

2. CARACTERÍSTICAS GERAIS
DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS

a) Estado físico: são encontrados, à


Atenção: lembre-se da ordem do com-
temperatura ambiente, nos três estados fí-
primento da ligação: C-C > C=C > C≡C. A
sicos (sólido, líquido, gasoso). Ex: glicose
ordem da energia de ligação é o inverso:
(sólida), etanol (líquido) e metano (gás).
C≡C > C=C > C-C.

55
4. REPRESENTAÇÃO
a) Fórmula Molecular: mostra a quan-
tidade de átomos de uma substância, porém
não evidencia as ligações entre eles. Sua
utilização em química orgânica é limitada Tente relacionar a representação espacial
pois muitos compostos orgânicos podem acima com a seguinte figura:
apresentar a mesma fórmula molecular
(isômeros).

Exemplo: C5H12

b) Fórmula Estrutural Plana, de Traço


ou de Kekulé: mostra a conectividade en-
tre todos os átomos de um composto orgâ-
nico, porém sem demonstrar a geometria
adequada.

5 CLASSIFICAÇÃO DO CARBONO

a) Quanto ao número de átomos de


carbono ligantes:
c) Fórmula Estrutural Condensada:
forma de representação de compostos orgâ- Classi cação do De nição
nicos em que nem todas as ligações são ex-
Carbono
plicitamente evidenciadas.
Primário Ligado a nenhum ou a 1
Exemplo: CH3CH2CH2CH2CH3 ou outro átomo de carbono.
CH3(CH2)3CH3

d) Fórmula Estrutural de Linhas ou de Secundário Ligado a 2 outros átomos


Bastão: mostra a conectividade entre todos de carbono.
os átomos, omitindo a escrita dos átomos
de carbono e de hidrogênio a eles ligados. Terciário Ligado a 3 outros átomos
de carbono.
Quaternário Ligado a 4 outros átomos
de carbono.
Atenção: Ao escrever a fórmula de li-
nhas para um composto que possui carbono
Atenção: substâncias orgânicas que
que faz uma ligação tripla, muitos alunos
apresentam um carbono, como o metano
cometem erros. Veja um exemplo abaixo:
CH4, é classificado como primário, porém
também pode ser chamado de metílico.

A representação acima está errada, Veja, o exemplo abaixo:


pois os carbonos da ligação tripla devem ter
geometria linear. O correto seria:

e) Fórmula Espacial: destaca a geome-


tria das ligações em um composto orgânico.

Tanto o hidrogênio
quanto o grupo CH3
estão no mesmo pla-
no. O flúor está para
frente (cunha cheia) e
o cloro para trás (li-
56 nha tracejada).
fi
fi
As cadeias mistas são aquelas que
b) Carbono assimétrico ou quiral: é apresentam partes abertas e partes fecha-
chamado de carbono assimétrico um átomo das ligadas entre si. Exemplo:
de carbono sp3 que faz ligações com quatro
ligantes diferentes.

Ligantes são considerados toda a parte


da cadeia que se estende de uma ligação.
Na figura abaixo, o carbono destacado é as- b) Cadeia homogênea ou heterogê-
simétrico, e circulados estão os seus quatro nea: a cadeia é homogênea quando, na ca-
ligantes: deia, só existem átomos de carbono.
Exemplo:

A cadeia é heterogênea quando ela


p o s s u i r p e l o m e n o s u m h e t e r o á t o m o.
Exemplo:

Atenção: por convenção, o carbono as-


simétrico ou quiral pode ser destacado com
um asterisco.
Atenção: a cadeia carbônica da molécula
abaixo é homogênea, pois o oxigênio não é
6 CLASSIFICAÇÕES DA CADEIA um heteroátomo, já que não está entre
CARBÔNICA átomos de carbono. Veja:

A cadeia carbônica é o conjunto de


átomos de carbono e heteroátomos (átomos
diferentes de carbono que se encontram en-
tre carbonos) que constituem a molécula.
Os principais heteroátomos são O, N, P e S.
c) Saturada ou Insaturada: cadeias
Atenção: não confunda cadeia carbônica saturadas são aquelas em que os átomos da
com cadeia principal. cadeia estão ligados somente por ligações
simples. Exemplo:
a) Cadeia aberta (acíclica), fechada
(cíclica) ou mista: as cadeias abertas são
aquelas em que existem pelo menos dois
carbonos primários, que constituem as ex- ou
tremidades da cadeia, não podendo haver
nenhum encadeamento dos átomos, ou
seja, não há a presença de nenhum fecha-
mento. Exemplo: Cadeias insaturadas são aquelas em que
alguns dos átomos da cadeia estão ligados
por uma ou mais ligações duplas ou triplas.
Exemplo:

Já as cadeias fechadas ocorrem quan-


do há um fechamento na cadeia, formando-
se um ciclo, núcleo ou anel. Exemplo: ou

Atenção: não confunda (in)saturação da


cadeia carbônica com a da molécula. Perce-
ba que a molécula abaixo é insaturada, en-
tretanto a sua cadeia carbônica é saturada.
Veja:

57
d) Normal ou Ramificada: cadeia nor-
mal (ou linear) é aquela em que o encade-
amento segue uma sequência única. Na rea-
lidade, não existem cadeias retas, pois os
átomos de carbono irão se dispor na geome-
tria correspondente à sua hibridização (tópi- O benzeno, comercialmente denomina-
co 1.3). Dessa forma, a ligação entre áto- do benzol, é uma substância líquida a tem-
mos da cadeia é representada em zigueza- peratura ambiente, e sua estrutura apresen-
gue Exemplo: ta um núcleo benzênico com todos átomos
de carbono ligados somente a átomos de
hidrogênio. Pode ser representado de duas
formas:

Cadeia ramificada é aquela em que apre-


sentam "ramos" ou "ramificações" de áto-
mos de carbono ligados à cadeia. Exemplo:
ou

As cadeias aromáticas podem ainda ser


classificadas como:

Atenção: Toda cadeia mista é ramifica- • cadeias aromáticas mononucleares:


da. apresentam apenas um anel aromático.

Exemplo:

ou

• cadeias aromáticas polinucleares:


apresentam dois ou mais anéis aromáti-
Cuidado: Quando somente átomos dife- cos. Conforme a disposição dos anéis,
rentes de carbono estão ramificados, a clas- teremos núcleos isolados, em que os
sificação da cadeia carbónica é normal ou anéis são separados por alguma ligação
linear. molécula abaixo possui cadeia carbô- química entre eles, ou núcleos conden-
nica normal. sados, em que dois ou mais átomos de
Veja: carbono fazem parte de mais de um anel
aromático.

Exemplo cadeias aromáticas polinu-


cleares isoladas:

e) Aromática ou Alifática: cadeias


aromáticas apresentam ao menos um anel
aromático. O anel aromático mais comum é
o núcleo benzênico, que é um sistema he-
xagonal insaturado.
Veja:
58
Exemplo cadeias aromáticas polinu- • Os compostos alifáticos são aque-
cleares condensadas: les que não são aromáticos;

• Cadeia fechada e alifática = alicí-


clico;

• Cadeia monocíclica ou mononucle-


ada = cadeia fechada com apenas um
ciclo;

As cadeias alifáticas são quaisquer ca- • Cadeia policíclica condensada ou


deias que não sejam aromáticas, ou seja, polinucleada condensada = cadeia
não possuem anel aromático. fechada com mais de um ciclo, em
Exemplo: que há átomos de carbono em co-
mum;

• Cadeia policíclica não condensada


(isolada) ou polinucleada não con-
densada (isolada) = cadeia fechada
com mais de um ciclo, em que não há
átomos de carbono em comum.
Atenção: cadeias alifáticas cíclicas (alicí-
clicas) podem também ser classificadas
como polinucleares isoladas ou condensa-
das.
Exemplo cadeias alifáticas polinucle-
ares isoladas:

Exemplo cadeias alifáticas polinucle-


ares condensadas:

Lembre-se:
• Cadeia fechada = cadeia cíclica;

• Cadeia fechada e ramificada = ca-


deia mista;

• Cadeia fechada e homogênea =


homocíclica;

• Cadeia fechada e heterogênea =


heterocíclica;

59
NOMENCLATURA DOS COM-
POSTOS ORGÂNICOS (IU- Maior número de áto-
PAC) mos de carbono.

Desde 1919 a IUPAC (acrônimo para In- Maior número de ramifica-


ternation Union of Pure and Applied Chemis- ções.
try, União Internacional de Química Pura e
Aplicada) é a autoridade reconhecida no de-
senvolvimento de padrões para a denomina-
ção dos compostos químicos, mediante o Observação: Caso haja uma cadeia mis-
seu Comitê Interdivisional de Nomenclatura ta em que todas as prioridades sejam idên-
e Símbolos. ticas para ambas as partes fechada e aber-
ta, a preferência é da parte cíclica.
A nomenclatura de compostos orgâni-
cos segue regras específicas que levam em Mesmo número de carbo-
conta algumas características das substân-
nos na parte aberta e
cias orgânicas, como número de carbonos,
fechada. Preferência da
tipos de ligação entre átomos de carbono,
cadeia cíclica.
grupos funcionais, e ramificações.

Para um composto orgânico qualquer, 3. NOMENCLATURA DA CADEIA


a nomenclatura será formada basicamente
por: PRINCIPAL
Nome dos gru- Nome da A nomeação da cadeia principal é reali-
Localizador + pos subs tuin- + cadeia prin- zada a partir da junção de três partes – pre-
fixo, infixo e sufixo, respectivamente – aos
tes cipal
quais indicam características específicas da
cadeia:
1. IDENTIFICAÇÃO DA CADEIA
a) Prefixo: indica o número de carbo-
PRINCIPAL
nos da cadeia principal.
A cadeia principal será uma parte da
cadeia carbônica que: 1C ! MET 8C ! OCT

1) Apresentar o maior número de 2C ! ET 9C ! NON


grupos funcionais;
2) Apresentar o maior número de in- 3C ! PROP 10C ! DEC
saturações;
3) Apresentar o maior número de 4C ! BUT 11C ! UNDEC
átomos de carbono;
4) Apresentar o maior número de ra- 5C ! PENT 12C ! DODEC
mificações.
6C ! HEX 20C ! EICOS
Observação: Nesta ordem necessaria-
mente! 7C ! HEPT 30C ! TRIACONT

Exemplos: b) Infixo: indica a natureza da ligação


Maior número de grupos funci- entre carbonos.
onais.
SIMPLES ! AN

DULPA ! EN

TRIPLA ! IN
Maior número de insaturações.

c) Sufixo: indica a função orgânica


principal.
Maior número de átomos de
carbono. HIDROCARNBONETO ! O
60
ti
ÁLCOOL ! OL PENT-1-EN-4-INO
ALDEÍDO ! AL
Obs: Em caso de coinci-
CETONA ! ONA dência na numeração,
dupla tem vantagem em
relação à tripla(ordem
Exemplos de cadeias normais: alfabética).

PROPANO
4. RAMIFICAÇÕES
As ramificações (ou grupos substituin-
tes) mais comuns estão descritas abaixo:
CICLOPROPANO

1C METIL

PROPENO

2C ETIL
PROPANOL

3C PROPRIL
PENT-2-ENO

Obs: Deve-se usar a


menor numeração pos-
sível.
ISOPROPIL

PENTA-1,3-DIENO

Obs: Quando infixo ini- 4C BUTIL


cia com consoante, pre-
fixo ganha letra “a”
ISOBUTIL

PENTANO-1,3-DIOL
SEC-BUTIL

Obs: Quando sufixo ini-


cia com consoante, infi- TERC-BUTIL
xo ganha letra “o”

CÍCLICO ALIFÁ-
PENT-3-EN-1-INO CICLOPROPRIL
TICO

Obs: Deve-se nomear CICLOBUTIL


dupla antes da tripla no
infixo(ordem alfabética)
e usar a menor numera- CICLOPENTIL
ção possível indepen-
dentemente do tipo de
insaturação.
CICLOEXIL

61
AROMÁTICO FENIL

BEZIL

α-NAFTIL
3) Numerar a cadeia principal e no-
meá-la, de acordo com a seção 1.3;

β-NAFTIL

INSATURADO ETENIL OU
ALIFÁTICO VINIL

ALIL

ETINIL
4) Finalizar a nomenclatura juntado
5. PASSOS PARA NOMEAÇÃO DE as partes anteriores de acordo com a
ordem apresentada na seção 1.1:
COMPOSTOS ORGÂNICOS
Para nomearmos compostos orgânicos Nome dos gru- Nome da
de uma forma mais fácil devemos seguir al- + pos subs tuin- +
Localizador cadeia
gumas etapas.
tes principal
Exemplo: Posição dos Pre xo +
Em ordem alfa-
grupos subs - in xo +
bé ca
tuintes su xo

1) Identificar a cadeia principal de


acordo com as regras da seção 1.2;
2-sec-butil-8-etil-5-fenil-7-isobutil-
deca-1,5,9-trien-3-ol

Obs: os prefixos sec e terc bem como os


prefixos de multiplicidade di, tri, tetra, etc.
não são considerados na ordem alfabética
para nomenclatura de compostos orgânicos.

2) Nomear as ramificações (ou grupos


substituintes) de acordo com a seção
1.4;

62
fi
fi
ti
fi
ti
t
FUNÇÕES ORGÂNICAS apresentam baixíssima solubilidade
em água, sendo classificados como
hidrofóbicos, lipofílicos, ou ainda li-
Diversas propriedades fisico-químicas
possolúveis.
de compostos orgânicos, como por exemplo
solubilidade, reatividade, acidez e basicida-
de, estão muitas vezes relacionadas a gru-
1. ALCANOS
pos substituintes existentes em suas estru-
turas químicas. Dessa forma, substâncias Os alcanos, conhecidos também como
que apresentem grupos substituintes espe- parafinas, são hidrocarbonetos alifáticos (ou
cíficos, os chamados grupos funcionais, seja, não aromáticos) que apresentam so-
apresentarão características similares entre mente ligações simples em suas estruturas.
si. Dessa forma, dentre as principais caracte-
rísticas, os alcanos se destacam por:
Função orgânica é definida, portanto,
como um grupo de compostos orgânicos que a) Apresentarem somente átomos de
apresentam similaridade fisico-química de- carbono sp3.
vido à presença de um grupo funcional em b) Serem pouco reativos: parafina =
comum. sem afinidade.
c) Serem saturados, ou seja, apre-
Neste e nos próximos capítulos dare- sentam o maior número possível de
mos ênfase ao estudo das diferentes fun- átomos de hidrogênio em relação ao
ções orgânicas e suas principais caracterís- de carbono.
ticas fisico-químicas. d) Apresentarem fórmula molecular
CnH2n+2.
HIDROCARBONETOS Exemplo: Qual a fórmula molecular do
5-etil-4-isopropil-3metileptano?
Apesar de alguns livros apresentarem
os hidrocarbonetos como uma grande fun-
ção orgânica, na verdade esta classe de
compostos orgânicos abrange quatro fun-
ções orgânicas distintas.

Devemos nos atentar, portanto, que os


hidrocarbonetos NÃO correspondem a uma
função orgânica, e sim a uma classe de Não precisamos contar todos os hidrogê-
compostos que abrange quatro funções or- nios e correr risco de esquecer algum na
gânicas: os alcanos, os alcenos, os alcinos e contagem. Somente contamos o número de
os arenos. carbonos e aplicamos à fórmula CnH2n+2.

Por terem sido agrupados em uma O composto apresenta 13 C. Logo, C13H28


única classe, os diferentes hidrocarbonetos
apresentam algumas semelhanças fisico- Atenção: os cicloalcanos, ou ciclanos –
químicas entre seus integrantes. Dentre as alcanos que apresentam cadeia alicíclica –
principais características podemos destacar: vão ter fórmula molecular diferenciada de
acordo com o número de ciclos. A fórmula
a) Os hidrocarbonetos são formados geral é CnH2n+2-2X em que X equivale ao
exclusivamente por átomos de carbo- número de ciclos. Portanto:
no (C) e de hidrogênio (H);
b) Como a diferença de eletronegati- Total de C: 6
vidade entre átomos de carbono é No de ciclos: 1
zero, e entre átomos de carbono e
Fórmula: C6H12
hidrogênio é muito pequena, conside-
ra-se que todas as ligações covalen-
tes em hidrocarbonetos apresentam Total de C: 8
caráter fortemente apolar. Dessa
No de ciclos: 2
forma, os hidrocarbonetos são APO-
LARES;
Fórmula: C8H14
c) Como consequência da baixa pola-
ridade de hidrocarbonetos, estes
63
Total de C: 11 Total de C: 6
No de ciclos: 2 No de triplas: 1
Fórmula: C11H20 Fórmula: C6H10

2. ALCENOS OU ALQUENOS Total de C: 6


No de triplas: 2
Os alcenos também são hidrocarbone-
tos alifáticos, e se diferenciam dos alcanos
Fórmula: C6H6
pois apresentam ao menos uma dupla liga-
ção C=C em sua estrutura. Podem ser cha-
Observação: devemos nos atentar ao
mados de olefinas. Portanto, caracterizam-
comprimento relativo dos diferentes tipos de
se por:
ligação entre átomos de carbono.
a) Apresentarem ao menos um par de
carbonos com hibridização sp2.
b) Serem mais reativos que alcanos,
devido à presença da ligação Pi.
c) Apresentarem fórmula molecular mais longa mais curta
geral CnH2n+2-2X em que X corres-
ponde ao número de duplas E ciclos.

Exemplo: Quais as fórmulas moleculares 4. ARENOS


dos alcenos abaixo? Muitos não estão familiarizados com a
função orgânica “Areno” por conhecerem o
Total de C: 8 nome mais usual desta função, os aromáti-
No de ciclos e cos. O principal integrante desta função é o
duplas: 2 benzeno, porém existem diversos outros
Fórmula: C8H14 anéis aromáticos já conhecidos. Para que
um composto seja classificado como aromá-
tico existem 4 regras a serem respeitadas:
Total de C: 6
No de ciclos e
a) O composto deve ser cíclico, po-
duplas: 3 dendo apresentar cadeia cíclica ou
Fórmula: C6H8 mista.
b) A parte cíclica do composto deve
ser plana, ou seja, todos os átomos
do ciclo devem apresentar hibridiza-
3. ALCINOS OU ALQUINOS ção sp2 (geometria trigonal plana).
Os alcinos são hidrocarbonetos alifáti- c) Todos os elétrons Pi do ciclo de-
cos que apresentam ao menos uma ligação vem estar conjugados, ou seja, em
tripla C≡C em sua estrutura. Podem ser ressonância.
chamados de acetilenos. d) O número de elétrons Pi deve se-
guir a regra de Hückel
Portanto, os alcinos caracterizam-se por:
4n+2=no e- π ꓯ n Є N (números natu-
a) Apresentarem ao menos um par de rais)
carbonos com hibridização sp.
b) Serem menos reativos que alcenos Exemplos: Todas as estruturas abaixo
e mais reativos que alcanos. Ou seja, apresentam anéis planos em que todos os
a escala de reatividade relativa é: elétrons Pi estão conjugados. Determine
alceno > alcino > alcano quem é aromático segundo a regra de Hüc-
c) Apresentam fórmula molecular ge- kel.
ral CnH2n+2-4Y em que Y corres-
ponde ao número de triplas. Benzeno
no e- π: 6
Exemplo: Quais as fórmulas moleculares 4n+2=6
dos alcenos abaixo? n=1
é aromá co
64
ti
Na aleno b) MONOSSUBSTITUÍDOS
no e- π: 10
4n+2=10
n=2
é aromá co

Piridina
no e- π: 6 tolueno ou me lben- vinilbenzeno ou es -
4n+2=6 zeno reno
n=1
é aromá co

Pirrol
no e- π: 6
4n+2=6
n=1 anilina fenol
é aromá co
c) DISSUBSTITUÍDOS
Furano
no e- π: 6 A nomenclatura de derivados benzêni-
4n+2=6 cos dissubstituídos pode seguir a regra IU-
n=1 PAC para numeração dos grupos substituin-
é aromá co tes ou a numeração pode ser substituída por
um prefixo de posição, como apresentado
Imidazol na tabela abaixo:
no e- π: 6 Posição dos subs tuintes Pre xo
4n+2=6
n=1
1,2 orto ou o
é aromá co
1,3 meta ou m
Ciclobutadieno
no e- π: 4 1,4 para ou p
4n+2=4
n=1/2
não é aromá co

4.1 NOMENCLATURA DE ARENOS

Aprendemos até o momento a nomencla- Exemplos:


tura de compostos orgânicos que apresen-
tavam cadeia principal alifática. Veremos 1,2-dime lbenzeno
como dar nomes às substâncias orgânicas 2-me ltolueno
quando a cadeia principal for um anel aro- o-dime lbenzeno
mático. o-me ltolueno
o-xileno

a) NÃO SUBSTITUÍDOS
1,3-dime lbenzeno
3-me ltolueno
m-dime lbenzeno
m-me ltolueno
m-xileno
benzeno na aleno antraceno

65
ft
ft
fi
ti
ti
ti
ti
ti
ti
ti
ti
ti
ti
ti
ti
ti
ti
ti
ti
t
1,4-dime lbenzeno
4-me ltolueno
p-dime lbenzeno
p-me ltolueno
p-xileno

1-e l-2-isopropilbenzeno
orto-e lisopropilbenzeno
obs: em caso de empate na Nenhuma das estruturas contribuintes de
numeração, considera-se a ressonância representa verdadeiramente a
ordem alfabé ca. estrutura do benzeno. A estrutura verdadei-
ra – híbrido de ressonância – é dada por
uma média dos dois contribuintes de resso-
d) TRISSUBSTITUÍDOS nância.
A seguinte analogia ilustra a diferença
entre contribuintes de ressonância e híbrido
3-e l-1-isopropil-2-me-
de ressonância.
lbenzeno
obs: deve-se usar a
menor numeração
possível (seção 1.3,
capítulo 2)

4.2 Estabilidade do anel benzê-


nico

O composto mais simples dessa família é


o benzeno de fórmula C6H6.

No anel benzênico, as seis ligações car-


bono-carbono apresentam o mesmo com-
primento (140pm). Essa distância é inter- O rinoceronte poderia ser resultado do
mediária entre uma ligação simples C-C cruzamento entre um unicórnio e um dra-
(~153 pm) e uma ligação dupla C=C gão. Entretanto, o unicórnio e o dragão não
(~134pm). Dessa forma, o anel benzênico existem realmente, portanto, são contri-
representa um híbrido de ressonância, em buintes de ressonância. Como o rinoceronte
que os seis elétrons π estão deslocalizados, é real, ele seria um híbrido de ressonância.
em contraste com a situação dos alquenos, As ligações do benzeno são representa-
nos quais os elétrons estão localizados em das da seguinte forma:
ligação dupla entre dois carbonos.
Ligações σ carbono-car-
bono e carbono - hidro-
gênio

66
ti
ti
ti
ti
ti
ti
ti
ti
ti
O orbital p em cada carbono do benzeno tas, e é um hormônio vegetal que tem papel
pode se sobrepor com dois orbitais p adja- no amadurecimento de frutos.
centes.
e) Acetileno
Nuvens de elétrons acima e O acetileno ou etino (C2H2) é um gás
abaixo do plano do anel de incolor e inodoro utilizado como combustível
benzeno de maçaricos, pois suas chamas atingem
temperaturas superiores a 3000 oC. O aceti-
leno é utilizado industrialmente como mimé-
tico hormonal do etileno, apresentando ati-
vidade similar ao hormônio vegetal no ama-
Essa última representação demonstra que durecimento de frutos.
os seis elétrons π estão deslocalizados –
eles vagam livremente dentro das nuvens f) Benzeno
eletrônicas que existem acima e abaixo do O benzeno (C6H6) é um líquido incolor e
anel de átomos de carbono. com odor bastante agradável (foi a primeira
substância identificada do grupo dos aromá-
ticos) e ainda é utilizado em alguns proces-
5. PRINCIPAIS HIDROCARBO- sos como solvente apolar. Devido sua alta
NETOS toxicidade e elevado potencial carcinogêni-
co, vem sendo substituído por outros sol-
ventes, como tolueno e éter de petróleo
a) Gás natural (mistura de alcanos de 5 e 6 carbonos).
O gás natural corresponde ao gás
metano (CH4), que é incolor e inodoro que g) Tolueno
pode ser obtido a partir da extração de jazi- O tolueno (metilbenzeno) é um líquido
das marítimas de petróleo, minas de carvão incolor com um odor característico. Ocorre
mineral ou da decomposição de matéria or- na forma natural no petróleo e na árvore
gânica em aterros sanitários (denominado tolú. Também é produzido durante a manu-
biogás). Também é um subproduto da di- fatura da gasolina e de outros combustíveis
gestão de herbívoros e pode ser lançado na a partir do petróleo cru e na manufatura do
atmosfera devido à atividade vulcânica. coque a partir do carvão.
Pode ser utilizado como combustível É usado como antidetonante de combus-
de automóveis e até de termelétricas. tíveis e solvente para tintas. Está presente
em cola de sapateiro.
b) GLP (gás liquefeito de petró-
leo) h) Naftaleno ou naftalina
O GLP é formado principalmente pelos É vendida com o nome de naftali-
gases butano (C4H10) e propano (C3H8) e na sendo um hidrocarboneto aromático for-
são utilizados como combustíveis em cozi- mado por dois anéis benzênicos condensa-
nhas domésticas e industriais. São incolores dos de fórmula molecular C10H8. Trata-se de
e inodoros, e, exatamente por esse motivo, uma substância sólida cristalina a tempera-
são adicionadas mercaptanas voláteis – tura ambiente, de cor branca, odor muito
compostos orgânicos que apresentam grupo forte, solúvel em água, infl amável e tóxica.
funcional (R-SH) – que, devido ao seu forte Uma das principais formas de obtenção
odor, ajudam a identificar algum vazamento. do naftaleno é a partir da destilação do al-
catrão de hulha (um tipo de carvão mineral,
c) Gasolina também conhecido como carvão de pedra).
A gasolina é um combustível líquido A naftalina é caracterizada, principalmen-
largamente utilizados em veículos automo- te, pela sua capacidade de sublimação, que
tores e é constituída basicamente por uma é a passagem direta do estado sólido para o
mistura de dois hidrocarbonetos principais: gasoso, sem passar pelo estado líquido. Sob
heptano (C7H16) e isoctano (2,2,3-trimetil- a forma de gás, a substância produz um va-
pentano, C8H18). Quanto maior a porcenta- por tóxico, e, devido a essa propriedade, é
gem de isoctano, maior a octanagem e me- há muito tempo utilizada como repelente de
lhor a qualidade do combustível. traças e baratas. No comércio, é encontrada
sob a forma de bolinhas de naftalina, que
d) Etileno são colocadas em armários e gavetas para
O etileno ou eteno (C2H4) é um gás proteger roupas, tecidos e papéis do ataque
incolor e inodoro que já foi muito utilizado desses insetos.
como gás anestésico. É produzido por plan-
67
FONTES DE HIDROCARBO-
NETOS
Os hidrocarbonetos são uma classe de
compostos formados apenas por carbono e
hidrogênio. Essa
classe é formada
por quatro funções;
alcanos, alquenos
(alcenos), alquinos
(alcinos) e arenos.

A importância
dos hidrocarbone-
tos para a sociedade é enorme, pois eles
são os principais formadores do petróleo,
gás natural, xisto betuminoso e do carvão
mineral. São, também, matéria prima de O petróleo é encontrado em bolsões pro-
vários tipos de plásticos, corantes, explosi- fundos, às vezes em terra firme, outras ve-
vos, inseticidas e etc. zes abaixo do fundo do mar. Acredita-se que
50% das jazidas de petróleo estejam sob o
mar.
1. Petróleo

O petróleo é
um líquido es-
curo, oleoso,
formado por
milhares de
compostos or-
gânicos, com
grande predo-
minância de
h i d r o c a r b o n e-
tos.

Acredita-se que ao longo de milhares de


anos, restos de animais e vegetais mortos
depositaram-se no fundo de lagos e mares Em geral o petróleo é encontrado sobre a
e, lentamente, foram cobertos por sedimen- água salgada, o que lembra sua origem ma-
tos. Mais tarde esses sedimentos se trans- rinha, e embaixo de uma camada gasosa,
formaram em rochas sedimentares (calcário formada de metano, etano e outros, em alta
e arenito). As altas pressão e temperatura pressão.
exercidas sobre essa matéria orgânica cau-
saram reações químicas complexas, for- O petróleo é transportado em navios e
mando o petróleo. oleodutos até as refinarias de petróleo onde
seus componentes são separados e purifica-
dos. Esse processo é denominado refino ou
refinação do petróleo, que está representa-
do esquematicamente a seguir.

68
rólise ou cracking) de algumas frações do
petróleo. Esse processo baseia-se na que-
bra de frações do petróleo cujas moléculas
são maiores em moléculas menores, por
aquecimento em presença de catalisadores.

2. Gás natural
O gás natural é um ótimo combustível,
tanto pelo seu alto poder calorífico como por
ser menos poluente que outros derivados de
petróleo, uma vez que contém menos impu-
rezas.
O gás natural é composto por uma mistu-
ra de hidrocarbonetos leves (metano, etano,
propano, butano e outros gases em meno-
Nesse processo, o petróleo cru entra em res proporções) que submetido à tempera-
uma fornalha onde é aquecido até uma tura ambiente e pressão atmosférica per-
temperatura máxima de 400ºC, pois, muitas manece no estado gasoso. É encontrado na
substâncias presentes no petróleo se de- natureza isoladamente, em reservas de gás,
compõem em temperaturas superiores a ou em reservas associadas ao petróleo.
esse valor. As substâncias que volatilizam Em 2014 a oferta doméstica de petróleo
até essa temperatura entram na primeira foi de 47 milhões de m3/ dia, com expecta-
torre de fracionamento à pressão atmosféri- tiva de atingir 75 milhões de m3/dia em
ca, onde são separadas de acordo com as 2018.
suas temperaturas de ebulição. Substâncias As tubulações responsáveis pelo envio de
mais voláteis, de menores temperaturas de gás natural das fontes produtoras até os
ebulição, são obtidas em pontos mais altos consumidores recebem o nome de gasoduto.
da torre, enquanto que as de maiores tem- O Brasil possui o gasoduto Bolívia – Brasil.
peraturas de ebulição em partes mais baixas São tubulações de diâmetro elevado, ope-
da torre, como se pode observar no esque- rando em alta pressão que transportam gás
ma acima. O resíduo da primeira torre é a natural da Bolívia (produtor) para alguns
reaquecido e entra na segunda torre de fra- Estados brasileiros (consumidores).
cionamento a uma pressão reduzida, onde Depois de tratado e processado, o gás
novamente ocorre a separação de acordo natural pode ser utilizado nas indústrias,
com as temperaturas de ebulição, sendo o residências, automóveis e comércio. Nas
resíduo final o asfalto. indústrias, sua utilização ocorre, principal-
mente, para a geração de eletricidade. Nas
residências, o gás natural é usado para o
aquecimento ambiental e de água. Nos au-
tomóveis, essa fonte energética substitui os
combustíveis (gasolina, álcool e diesel). No
comércio, sua utilização se dá principalmen-
te para o aquecimento ambiental. Atualmen-
te a utilização do gás natural corresponde a
15,6% do consumo energético mundial.

3. Xisto betuminoso

É uma rocha impregnada de


A quantidade de gasolina obtida, em mé- material oleoso (5% a 10%)
dia, por barril de petróleo, não é tão eleva- semelhante ao petróleo. O xis-
da. Dessa forma, para aumentar a sua to é muito abundante na natu-
quantidade é realizado o craqueamento (pi- reza; estima-se que a sua pro-
69
dução de óleo a partir do xisto seja quatro Principais formas de carvões mine-
vezes maior que o total das reservas mun- rais:
diais de petróleo.
O Brasil ocupa o segundo lugar nas re-
servas mundiais de xisto, sendo que as
maiores reservas se encontram no Paraná.
Na extração do óleo de xisto, a rocha é
escavada, moída e aquecida a cerca de 500o
C, para liberar os gases e o óleo bruto. A
seguir o óleo bruto é refinado como aconte-
ce com o petróleo.

4. Carvão mineral

Quanto maior for a profundidade da jazi-


da de carvão mineral, maior é a sua idade
geológica e, consequentemente, maior é o
seu teor de carbono. Dessa forma, o poder
calorífico do carvão é maior.
Os carvões minerais são encontrados no
subsolo e resultam da transformação de ár-
vores soterradas durante milhares ou mi-
lhões de anos. Pela ação de microrganismos
e, posteriormente, pela ação de pressão e
temperatura elevadas, os vegetais soterra-
dos perdem umidade, oxigênio, nitrogênio,
etc., produzindo um carvão cada vez mais
puro, isto é, mais rico em carbono.

70
MÓDULO 4 - FUNÇÕES OR- 1.2- Classificação dos álcoois
GÂNICAS, ACIDEZ E BASICI- a)Quanto à posição da hidroxila:
DADE E ISOMERIAS
Álcool primário: hidroxila ligado a um
carbono primário.
FUNÇÕES OXIGENADAS Álcool secundário: hidroxila ligado a um
carbono secundário
São compostos orgânicos que apresen- Álcool terciário: hidroxila ligado a um
tam em seu grupo funcional o átomo de carbono terciário.
oxigênio. As funções orgânicas oxigenadas
representam uma família enorme e muito
diversificada de compostos orgânicos. Isso
acontece porque, depois do carbono e do
hidrogênio, o oxigênio é o elemento químico
de maior presença nos compostos orgâni-
cos.

1.Álcool b) Quanto ao número de hidroxilas

1.1- Definição Monoálcool: 1 hidroxila


É um grupo de compostos que contêm Diálcool: 2 hidroxilas
um ou mais grupos hidroxila (OH) ligados a Triálcool: 3 hidroxilas
um carbono saturado.

Exemplos:

1.3– Nomenclatura sistemática


IUPAC

Cuidado! A terminação utilizada para nomear os


Nem todos os compostos que apresentam compostos desta função é OL, tirada da
o grupo hidroxila podem ser considerados própria palavra álcool.
álcoois.
A cadeia principal é a mais longa que
Não é álcool, pois contém o carbono ligado ao grupo funcional.
o OH está ligado a
Numera-se a cadeia principal a partir da ex-
tremidade mais próxima da hidroxila.
um carbono insa-
turado.
a) Cadeias abertas e saturadas

CH3OH : metanol
CH3CH2OH: etanol
É um fenol, pois o OH
está ligado a um anel Para os dois exemplos acima, não se uti-
benzênico. liza numeração para indicar a hidroxila, pois
como essas estruturas são pequenas exis-
71
tem apenas uma possibilidade de localiza- por ser obtido pelo aquecimento de madeira
ção para o grupo funcional em retorta.
Atualmente, o metanol é obtido por dois
CH3CH2CH2OH: propano-1-ol processos distintos:
CH3CH2(OH)CH3: propan-2-ol
1º: a partir do monóxido de carbono
A numeração nesses casos foi necessária
porque a hidroxila pode ser encontrada na CO + 2H2 CH3OH
posição 1 ou na posição 2.
Essa reação ocorre a uma temperatura de
b) Cadeia aberta e insaturada 400ºC, 200 atm e em presença de óxido de
zinco (ZnO) e óxido de cromo (III) – Cr2O3

2º :por oxidação controlada de metano

CH4 + ½ O2 CH3OH

Essa reação ocorre a uma temperatura


But-2-en-1-ol de 500ºC, 15 atm e em presença de catali-
sadores.
c) Duas ou mais hidroxilas
O metanol é o mais tóxico dos álcoois.
Ingerido mesmo em pequenas doses, causa
cegueira e, em doses maiores, pode levar
ao óbito.

Etanol

Propano-1,2,3-triol Pode ser obtido através de dois métodos:

Deve-se acrescentar a vogal de ligação 1º: Hidratação do etileno em presença de


“O” ao infixo quando esse for seguido de um ácido sulfúrico
prefixo de multiplicidade.
CH2=CH2 + H2O CH 3CH2OH

2º: fermentação de açúcares e cereais

No Brasil, o álcool é obtido por fermenta-


ção do açúcar de cana. Em outros países,
usam-se como matérias-primas a beterraba,
milho, arroz e etc.
Esquematicamente, o processo usado no
2-metilbutano-2,3-diol
Brasil é o apresentado a seguir. Repare que
a partir de 1 tonelada de cana-de-açúcar,
d) Cadeias fechadas
consegue-se produzir cerca de 70 litros de
etanol

Cicloexanol

1.4-Principais compostos

Metanol

Metanol, álcool metílico ou carbinol foi


antigamente chamado de álcool de madeira, Durante o processo de fermentação do
melaço ocorrem as seguintes reações:
72
2. Fenol
São compostos orgânicos
com uma ou mais hidroxi-
las ligadas diretamente ao
anel aromático.

O grupo funcional dos fe-


nóis é o mesmo dos álco-
ois. A diferença é que, nos
álcoois, a hidroxila se encontra ligada a um
carbono saturado, enquanto nos álcoois a
hidroxila se encontra ligada um anel aromá-
tico.

2.1- Nomenclatura sistemática


As enzimas são produzidas pelo micror- dos fenóis
ganismo Saccharomyces cerevisae, encon-
trado no fermento ou na levedura.

Após a fermentação, o álcool é destilado,


obtendo-se o álcool comum 96ºGL, que cor-
responde a uma mistura azeotrópica de
96% de etanol e 4% de água em volume.

1.5- Propriedades físicas

Como em qualquer série homóloga de Os polifenóis apresentam uma nomencla-


classes orgânicas, a temperatura de ebuli- tura semelhante aos álcoois, utilizando a a
ção aumenta com o aumento da cadeia terminação OL.
carbônica devido a uma maior polarizabili-
dade que intensifica as interações dipolo
instantâneo-dipolo induzido. Benzeno-1,2-diol
As temperaturas de ebulição dos álcoois
são bem maiores que as dos hidrocarbone-
tos com massas molares semelhantes. Para
explicar esse fato, deve-se lembrar que os
hidrocarbonetos são pouco polares e intera-
gem entre apenas por dipolo instantâneo- 2.2- Propriedades físicas
dipolo induzido, enquanto os álcoois, por
apresentarem uma ligação covalente entre o As propriedades físicas dos fenóis são
hidrogênio e o oxigênio, eles são capazes de muito semelhantes às dos álcoois. Entretan-
estabelecerem entre suas moléculas, além to, se diferenciam quanto a acidez. Os fe-
da dipolo instantêneo – dipolo induzido, in- nóis apresentam um caráter ácido muito
terações do tipo ligações de hidrogênio, o mais acentuado que os álcoois e reagem
que intensifica as interações resultantes. com bases fortes, enquanto os álcoois não
Os álcoois com até três carbonos são in- são capazes de reagirem com bases fortes.
finitamente solúveis em água, entretanto à É importante ressaltar que os fenóis não re-
medida que a cadeia carbônica aumenta, a agem com bases fracas como bicarbonatos
solubilidade diminui. Isso se deve ao fato de sódio. A maior acidez dos fenóis em rela-
das interações entre as moléculas de álcoois ção aos álcoois se deve ao fato da resso-
se intensificarem, dificultando a solvatação nância do anel benzênico diminuir a nuvem
pela água. eletrônica da ligação OH, deixando o núcleo
do hidrogênio mais exposto, facilitando sua
saída na forma de H+.

73
3. Éteres
São compostos orgânicos em que o oxi-
gênio se encontra ligado a duas cadeias
1-metoxibutano
carbônicas, ou seja, a dois grupos alquilas
ou arilas.

2-metoxipentano
O nome do grupo funcional é OXI.

Exemplos:

CH3-O-CH3

CH3-O-CH2CH3
metoxibenzeno

Cuidado! 3.2- Propriedades físicas


Os carbonos ligados ao oxigênio não po-
dem realizar ligações duplas como oxigênio Nos éteres, o oxigênio apresenta hibridi-
zação sp3; portanto, o ângulo entre os gru-
pos ligados a ele é de aproximadamente
110º. Dessa forma, os momentos dipolo das
ligações C-O somam-se, conferindo aos éte-
res uma baixa polaridade. Assim, os éteres
apresentam temperaturas de ebulição maio-
res que os alcanos de massa molar seme-
Nesse caso, não é um éter e sim, um és- lhante e bem menores que as dos álcoois.
ter.
Os éteres são capazes de realizar liga-
ções de hidrogênio com água, sendo, por-
3.1- Nomenclatura sistemática
tanto, solúveis em água quando apresentam
IUPAC pequenas massas molares. Entretanto, essa
solubilidade diminui com o aumento da ca-
Para nomear os éteres, deve-se dividir a deia carbônica, pelo mesmo motivo dos ál-
estrutura no oxigênio. A parte maior é a ca- coois.
deia principal e recebe a nomenclatura dos
hidrocarbonetos similares e a parte menor 4. Aldeídos e cetonas
pode ser considerada uma ramificação com Ta n t o o s a l d e í d o s
terminação OXI quanto as cetonas
apresentam o grupo
Exemplos: carbonila. Nos aldeídos
a carbonila se encontra
na extremidade, en-
quanto nas cetonas ela
se encontra ligada en-
metoxietano tre carbonos.
O grupo funcional dos aldeídos ou abrevi-
adamente, -CHO, é denominado aldoxila.

etoxietano

74
O grupo funcional das cetonas ou abre-
viadamente (C-CO-C) é denominado carbo-
nila.

Propanona

4.3- Principais compostos

Metanal
4.1- Nomenclatura sistemática O metanal é também conhecido como al-
IUPAC para os aldeídos deído fórmico, formaldeído ou formol. É um
gás incolor, de cheiro caracterísitico e irri-
A terminação IUPAC para a nomenclatura tante. É uma substância bastante solúvel
dos aldeídos é AL. O restante da nomencla- em água. O metanal é usado como desinfe-
tura segue as mesmas regras estudadas tante, na conservação de espécies biológi-
para os hidrocarbonetos e álcoois. cas, etc.

Exemplos:

metanal

propanal Propanona

Nos aldeídos não se indica a posição da


carbonila, uma vez que ela se encontra na
extremidade, dessa forma, a sua posição
será sempre a 1.

4.2- Nomenclatura sistemática


IUPAC para as cetonas
A acetona é nome usual
dessa substância. É um lí-
A nomenclatura IUPAC das cetonas con- quido incolor, inflamável, de
tém a terminação ONA. Nesse caso, a posi- cheiro agradável e solúvel
ção da carbonila deve ser indicada nume- em água e em solventes
rando a cadeia principal a partir da extremi- orgânicos. É usada como
dade mais próxima desse grupo funcional. solvente de tintas e esmal-
tes, na extração de óleos de
sementes vegetais e etc.

Forma-se em nosso organismo devido à


decomposição incompleta de gorduras. Em
alguns casos de doenças, como diabetes
Butan-2-ona melito e o hipertiroidismo, há um aumento
de concentração de acetona no sangue, po-
dendo-se detectá-la na urina e até mesmo
no hálito.

75
4.4-Propriedades físicas 5. Ácidos carboxílicos
A ligação dupla carbono-oxigênio é polar São compostos orgânicos que apresenta
devido à maior eletronegatividade do oxigê- um ou mais grupos carboxilas (carbonila +
nio em relação ao carbono. Como con- hidroxila)
sequência dessa polaridade, os aldeídos e
cetonas encontram-se associados por meio
de interações do tipo dipolo permanente-di-
polo permanente e, consequentemente,
possuem temperaturas de ebulição maiores
que os alcanos e éteres e menores que os O grupo carboxila também pode ser re-
álcoois, de mesma massa molar, já que não presentado por –COOH ou –CO2H
são capazes de estabelecem ligações de hi-
drogênio entre suas moléculas. Exemplos:

Essas classes estabelecem ligações de


hidrogênio com água, sendo, portanto, so-
lúveis em água quando apresentam baixas
massas. Essa solubilidade diminui com o
aumento da cadeia carbônica, como já ex-
plicado anteriormente.

4.5-Propriedades Químicas

4.5.1-Oxidação de aldeídos

Os aldeídos são oxidados mediante a oxi-


dantes enquanto as cetonas não, como visto
anteriormente. Em função disto, a oxidação 5.1- Nomenclatura Sistemática
dos aldeídos é utilizada para diferenciar al-
deídos de cetonas. Um teste muito impor- IUPAC
tante é o de Tollens.
A terminação dos ácidos carboxílicos é
O reativo de Tollens é uma solução de OICO. Como a carboxila se encontra na ex-
nitrato de prata amoniacal tremidade sua posição será sempre a posi-
ção 1, não sendo, dessa forma, necessário a
sua indicação. Como essa função representa
compostos com caráter ácido, deve-se inici-
ar o nome do composto utilizando a palavra
ácido.

Ácido 3-metilbutanoico

Ácido 2-metilpent-3-enoico
O aldeído reage com o reativo de Tollens
formando prata (espelho de prata) enquanto
a cetona não reage.

76
Ácido 3-metilex-2-enoico

Ácido pentanodioico

Ácido benzoico

Essa substância, de odor desagradável, é


produzida através da decomposição de al-
gumas estruturas liberadas no suor por bac-
térias presentes em nossas axilas. Para neu-
5.2- Principais compostos tralizar essa substância, muitos desodoran-
tes e talcos apresentam em sua composição
Ácido metanoico bicarbonato de sódio (NaHCO3) ou outros
componentes de caráter básico.

É um líquido incolor,
cáustico, de cheiro for-
te e irritante. É conhe-
cido como ácido fórmi-
co por ser encontrado 5.3- Propriedades físicas
em formigas verme-
lhas, responsável pelo Os ácidos carboxílicos são capazes de es-
inchaço e coceira tabelecerem um maior número de ligações
quando somos picados por elas. É usado no de hidrogênio entre suas moléculas do que
tingimento de tecidos como fixador os álcoois, assim apresentam maiores tem-
peraturas de ebulição, quando se comparam
Ácido etanoico massas molares semelhantes.

Apresentam alta solubilidade em água,


por apresentarem vários pontos para reali-
zarem ligações de hidrogênio com água.

Apresentam um caráter ácido maior que


os fenóis e álcoois, mas ionizam pouco,
É um líquido incolor, de cheiro forte, de sendo considerados ácidos fracos. O caráter
sabor azedo e solúvel em água. É conhecido ácido diminui com o aumento da cadeia
como ácido acético e quando dissolvido em carbônica, uma vez que esse aumento da
água em uma concentração de 11% recebe cadeia intensifica o efeito indutivo eletron-
o nome de vinagre. repelente, aumentando a densidade eletrô-
nica da ligação O-H, tornando o núcleo do
hidrogênio menos exposto, o que dificulta a
saída do hidrogênio na forma de H+.

Já a presença de grupos muito eletrone-


gativos aumenta o caráter ácido dessa clas-
se, já que diminui a densidade eletrônica da
ligação O-H, tornando o núcleo do hidrogê-
nio mais exposto, facilitando sua saída na
forma de H+.
77
6. Sais carboxílicos Exemplos:

Os ácidos carboxílicos podem participar


de reações de neutralização produzindo sal,
que nesse caso, será orgânico e água.

Ésteres responsáveis pelo sabor e aroma


de cada uma das frutas a seguir
O grupo funcional dos sais derivados de
ácidos carboxílicos é –COO -, denominado
carboxilato.

A nomenclatura é análoga a da química


inorgânica, em que a terminação ICO do
ácido é trocada por ATO no sal.

7. Éster
São compostos formados pela substitui-
ção do hidrogênio da carboxila dos ácidos
carboxílicos por um grupo alquila (R) ou ari-
la (Ar).

7.1 – Nomenclatura sistemática


IUPAC
O nome desse
grupo funcional é A terminação é OATO seguida do seu
carboxi (carbonila + substituinte com a terminação ILA.
oxi).

Os ésteres mais ___________ oato de _____ila


simples aparecem
no perfume de flo-
res e no aroma e
sabor dos frutos,
sendo conhecidos
como falvorizantes. etanoato de metila

Atualmente, as indústrias produzem


grandes quantidades de ésteres, que são
usados como sabores e aromas artificiais
3-metilbutanoato de metila
em doces, balas, sorvetes e etc.

78
dução de bolos, doces, balas, refrigerantes
e etc.

etanoato de pentila

7.2 Propriedades físicas

Semelhantes às propriedades dos aldeí-


dos e cetonas, porém com uma polaridade
um pouco maior.

7.3.2- Hidrólise ácida


7.3- Propriedades químicas
A reação de esterificação é facilmente
7.3.1-Reação de esterificação de reversível, sendo que a reação inversa é
denominada Hidrólise ácida.
Fisher

A esterificação consiste na reação entre


um ácido carboxílico e um álcool, na qual
produz éster e água.

7.3.3- Hidrólise básica


Essa reação é lenta, reversível, comum
rendimento usual da ordem de 60% e deve É realizada em meio básico. Pode ser de-
ser catalisada por ácidos minerais fortes nominada de saponificação caso ocorra à
como; H2SO4 e HCl concentrados. produção de sabão.

Os álcoois primários são mais reativos Éster + base → sal orgânico + álcool
que os secundários que, por sua vez, são
mais reativos que os terciários.

Observe outros exemplos:

O sabão é um sal orgânico de cadeia lon-


ga. Dessa forma, ele apresenta uma parte
apolar que interage com a gordura e uma
As reações de esterificação têm grande parte polar (grupo carboxilato) que interage
importância industrial na produção de flavo- com a água através de íon dipolo. A parte
rizantes artificiais – substâncias que imitam apolar se volta para dentro deixando a parte
o sabor e o aroma de frutos usados na pro- polar orientada para fora, formando um
conjugado denominado micela. A gordura

79
interage a parte interna da micela e a parte
externa interage com água.

FUNÇÕES NITROGENADAS

O
nitrogênio é um elemento funda-
mental para a vida na Terra. De
fato, no chamado ciclo do nitrogê-
nio na natureza, constata-se o trajeto desse
elemento no ar, nos vegetais, nos animais e
nas bactérias presentes no solo.
Corte transversal de uma estrutura de
micela

7.3.4-Transesterificação

É uma reação de um éster e um álcool Compostos nitrogenados mais complexos


produzindo um novo éster e um novo álcool. desempenham funções biológicas muito im-
portantes, pois aparecem em aminoácidos,
proteínas, hormônios, enzimas e etc.

Na indústria, o nitrogênio é utilizado para


fabricar diversos produtos sintéticos, como
medicamentos, explosivos, plásticos e etc.

No Brasil, a transesterificação está ga-


nhando grande importância, pois é o cami- 1.Aminas
nho de produtos do biodiesel. Os óleos são
triglicérides que irão reagir com etanol pro- As aminas são compostos teoricamente
duzindo ésteres etílicos e glicerina. Esses derivados do NH3, pela substituição de um,
ésteres etílicos constituem o chamado bio- dois ou três hidrogênios por grupos alquila
diesel usado misturado ao diesel, numa ou arila.
concentração de 5%, denominado diesel B5. O grupo funcional é denominado amino.

80
Depende da quantidade de carbonos liga-
dos ao nitrogênio, podemos classificá-las da
seguinte maneira:

trimetilamina

isobutilamina

cicloexilamina
As aminas podem ser alifáticas ou aromá-
Quando os substituintes forem diferentes,
ticas:
escreva-os em ordem alfabética

etilmetilamina

1.2- Propriedades Físicas

As aminas primárias apresentam tempe-


raturas de ebulição maiores que os alcanos
de massa molar semelhante e menores que
os álcoois correspondentes. Isso porque
sendo o nitrogênio menos eletronegativo
que o oxigênio, as ligações de hidrogênio
entre as moléculas de amina são mais fra-
cas que as ligações de hidrogênio entre as
moléculas de álcool. Já as aminas secundá-
rias, apresentam menos pontos para esta-
belecerem ligações de hidrogênio que as
primárias, tendo, dessa forma, uma tempe-
ratura de ebulição mais baixa.

As aminas terciárias não são capazes de


estabelecerem entre suas moléculas liga-
ções de hidrogênio, uma vez que, não apre-
sentam um hidrogênio ligado covalentemen-
1.1- Nomenclatura sistemática
te ao um elemento do muito eletronegativo.
IUPAC Assim, apresentam temperaturas de ebuli-
ção menores.
Os substituintes são escritos em ordem
alfabética seguidos da terminação AMINA. Todas as aminas são capazes de estabe-
lecerem ligações de hidrogênio com a água
CH3NH2 metilamina e, em consequência disso, aquelas com até
4 ou 5 átomos de carbono são bastante so-
lúveis em água nesse solvente. Com o au-
mento do número de carbonos a solubilida-
de diminui, devido à intensificação das inte-
rações entre as moléculas de soluto.
fenilamina (anilina)

81
1.3- Basicidade

As aminas são substâncias capazes de


receber um H+, apresentando caráter bási-
co.

As aminas alifáticas são mais básicas que


as aminas que a amônia, pois a presença de
radicais alquilas cria um efeito indutivo elé-
tron-repelente que aumenta a densidade
eletrônica do nitrogênio facilitando o rece-
bimento de H+.

Entre as aminas alifáticas com grupos


substituintes iguais, podemos constatar que
as aminas secundárias são mais fortes que
as primárias, já que apresentam um número
de grupos eletron-repelentes aumentando o
efeito indutivo sobre o nitrogênio.

Já a terciária, apresenta uma basicidade


menor, menos com apresentando um efeito É o principal componente do forte cheiro
indutivo elétron-repelente maior. A explica- do peixe podre.
ção para essa menor basicidade está no fato
das aminas terciárias apresentarem um nú- Nicotina
mero maior de grupos substituintes, o que
acarreta em um impedimento espacial (es-
térico) maior, o que dificulta o recebimento
de H+.

Ao contrário das aminas alifáticas, as


aromáticas são menos básicas que a amô- C10H14N2
nia. Esse fato pode ser compreendido consi-
derando-se que o par de elétrons não ligan-
tes pode deslocalizar-se sobre o anel aro-
mático, tornando menos disponível para se É produzida na queima do cigarro, res-
ligar a um H+. ponsável pelo vício de fumar. É um estimu-
lante do sistema nervoso central, o que pro-
voca aumento da pressão arterial e da
frequência dos batimentos cardíacos.

2.Amidas
As amidas são compostos que apresen-
tam uma carbonila ligada diretamente ao
nitrogênio.

1.4- Principais aminas

Trimetilamina

82
2.3- Propriedades Químicas
2.1- Nomenclatura sistemática As amidas são formadas por uma reação
química bastante importante, a amidifica-
IUPAC ção.

O sufixo para esta função é AMIDA. Nessa reação, um ácido carboxílico reage
com uma amina produzindo amida e água.

2-metilpropanamida

Para amidas substituídas, deve-se indicar


o substituinte do nitrogênio precedido da
letra N.

Biologicamente, quando essa reação en-


N,N–dimetilpropanamida volve aminoácidos, fala-se que se forma a
ligação peptídica.

N-fenil–N-metilmetanamida

N,N,2-trimetilpropanamida

2.2- Propriedades Físicas


As amidas apresentam propriedades se-
melhantes às aminas, porém são mais pola-
2.4-Principal amida
res (quando comparadas em condições
iguais) devido à presença do oxigênio em
sua estrutura. Ureia

Dessa forma, podemos dizer que amidas


apresentam temperaturas de ebulição e so-
lubilidade em água maiores que as aminas
(em condições iguais de cadeia e classifica-
ção). Com o aumento do número de carbo-
nos a solubilidade diminui, devido à intensi-
ficação das interações entre as moléculas de
soluto.

83
A ureia é um sólido branco, cristalino, so-
1-cloro-2-me lpropeno
lúvel em água e constitui um dos produtos
finais do metabolismo dos animais, sendo
eliminada pela urina.
b) HALETO DE ARILA
É largamente usada como adubo, na ali- Apresenta halogênio ligado a carbono
mentação do gado, como estabilizador e na aromático.
produção de resinas e medicamentos.

A ureia em presença de água e sob ação


Iodobezeno
da enzima urease sofre hidrólise liberando
amônia, que é responsável pelo cheiro forte
da urina.

1-bromo-3- uorobenze-
OUTRAS FUNÇÕES ORGÂNI- no
CAS

1.OUTRAS FUNÇÕES NITRO-


GENADAS
3.ORGANOSSULFURADOS
Nitrocompostos Nitrilas Isonitrilas Organossulfurados são compostos orgâni-
cos que apresentam ao menos um átomo de
enxofre em sua constituição.

a) Tiol (mercaptana)

Exemplos: Tióis ou mercaptanas são organossul-


furados similares aos álcoois. Apresentam
um forte e desagradável odor.

2-nitropropano propanoni- Isocianeto de


trila e la Etano ol

2.HALETOS ORGÂNICOS Propano-1,3-di ol

Haletos orgânicos apresentam ao me-


nos um halogênio (flúor, cloro, bromo ou b) Ácido sulfônico
iodo) ligado à um átomo de carbono.
Os ácidos sulfônicos são derivados
orgânicos do ácido sulfúrico (H2SO4) e, por-
tanto, são os ácidos orgânicos que apresen-
tam maior acidez relativa.
Obs: O grupo R representa um grupo al-
quila (cadeia alifática), ou grupo arila (ca-
deia aromática). O átomo X representa al-
gum halogênio.

a) HALETO DE ALQUILA
Apresenta halogênio ligado a carbono
alifático.
Cloreto de e la ou cloro-
etano
84
ti
ti
fl
ti
ti
ti
Exemplo: comparação entre a acidez do (carbonato de sódio) a partir da salmoura
ácido sulfônico e carboxílico. (solução aquosa de cloreto de sódio). Michel
Eugéne Chevreul, entre 1813 e 1823, escla-
receu a composição química das gorduras
naturais. Dessa forma os fabricantes pude-
ram ter uma ideia do processo químico en-
volvido, bem como obter as matérias- pri-
mas adequadas.

1.2 - A composição química do


sabão.
O sabão é um sal de ácido graxo, ou seja,
A QUÍMICA DA LIMPEZA um sal de ácido carboxílico de cadeia longa.

Exemplos: CH3(CH2)12COO-Na+
1.Sabão

1.1 Histórico
As referências mais antigas aos sabões
associam-se ao início da Era Cristã (século 1.3 A ação do sabão
I). O sábio romano Plínio cita a preparação • Ação de limpeza
de sabão a partir do cozimento de sebo de
carneiro com cinzas de madeira. Segundo Os saponáceos, em geral, possuem, em
Plínio, os fenícios conheciam essa técnica suas estruturas, uma extensa parte apolar
desde 600 a.C. representada pela sua longa cadeia carbôni-
ca e uma parte polar associada a sua ex-
No século XIII, a indústria de sabão foi tremidade iônica.
introduzida na França e no século XIV se
estabeleceu na Inglaterra. Na América do Lembremos que, sendo um sal, quando o
Norte o sabão já era fabricado artesanal- sabão é colocado em água, ele dissocia e
mente até o século XIX e, nesta época, sur- sua estrutura se torna aniônica.
gem as primeiras fábricas. No Brasil, a in-
dústria de sabões data da segunda metade
do século XIX.

Dessa maneira podemos dizer que o sa-


bão é anfifílico (possui uma parte polar e
uma parte apolar). A cadeia carbônica (apo-
lar) realiza interações do tipo Dipolos Ins-
tantâneos - Dipolos induzidos com óleos e
gorduras, enquanto que a extremidade ani-
ônica realiza interações do tipo Íon-dipolo
Produção de sabão em industrias europeias com a água.

Duas grandes descobertas químicas mar-


cam a revolução na produção de sabões. Em
1791, Nicolas Leblanc concluiu o desenvol-
vimento do método de síntese de barrilha

85
A tensão superficial da água é a mais alta
de todos os líquidos e ela é responsável por
várias situações no nosso cotidiano, como o
formato esférico das gotas de água ou o
fato de alguns insetos andarem sobre a sua
superfície.

É por isso que os sabões são chamados


de emulsificantes ou surfactantes, por-
que promovem a aglomeração da gordura e
do óleo em pequenas partículas.

• Tensoativos

Uma outra característica muito impor-


tante dos saponáceos é o fato de serem
substâncias tensoativas, ou seja, diminu-
em a tensão superficial da água.

As ligações de hidrogênio, entre as molé-


culas de água, justificam a tensão superfici-
al (forte coesão na superfície) do líquido. As
moléculas da superfície não apresentam
moléculas acima delas, portanto suas liga-
ções de hidrogênio se restringem às molé-
cula ao lado e abaixo. Essa desigualdade de
atrações na superfície cria uma força sobre
essas moléculas e provoca contração do lí-
quido na superfície formando uma fina ca- A adição de um tensoativo provoca uma
mada, película, ou como se fosse uma fina nova organização das moléculas de água da
membrana elástica na superfície da água. superfície, uma vez que elas interagem for-
Essa película é denominada tensão superfi- temente com a parte polar do sabão. Essa
cial. interação com sabão diminui as ligações de
hidrogênio entre suas moléculas diminuindo
a tensão superficial da água.

86
1.5- O que dificulta a ação do
sabão?
Dois casos dificultam a ação dos sabões.

Caso 1: Quando a água utilizada tem ca-


ráter ácido.

Nesse caso, o excesso de íon H+ , presen-


tes na água, reagem com os ânions do sa-
bão produzindo um ácido graxo, que forma
a gordura, muitas vezes, observada em tan-
ques, pias e banheiras.

1.4- Saponificação – a reação


química de produção do sabão. Caso 2: Quando se usa água dura.
Sabões são obtidos pela reação de óleos
A água denominada dura é uma água
ou gordura, principalmente triglicerídeos
comum em regiões de solo calcário. Essa
com NaOH ou KOH.
água é rica em cátions metálicos, principal-
mente Ca2+ e Mg2+.
Artesanalmente obtém-se o sabão colo-
cando sebo animal para ferver com NaOH
Esses cátions reagem com os ânions do
(soda cáustica), misturado com cinzas.
sabão produzindo sais insolúveis retirando o
sabão da água e formando crostas nos tan-
Outra forma caseira de se produzir o sa-
ques e pias.
bão envolve o reaproveitamento de óleo de
fritura, quando o mesmo é posto para reagir
com soda cáustica.

Nos dois casos, a reação que acontece é


a hidrólise alcalina dos ésteres tendo como
produtos o sal de ácido carboxílico (sabão) e As industrias adicionam aos sabões agen-
um triálcool, conhecido como glicerol ou tes sequestrantes para minimizar a sua per-
glicerina. da de eficiência. Esses agentes reagem com
os cátions antes que eles possam precipitar
o sabão, como o exemplo a seguir

PO43- (aq) + Ca2+(aq) → Ca3(PO4)2 (s)


Sequestrante Precipitado

2.Detergente

2.1 Estrutura e ação


Os inconvenientes que envolvem a ação
A estrutura do sabão pode ser alterada dos sabões foram superados pelos deter-
dependendo da base inorgânica. O NaOH gentes.
produz um sabão mais duro, enquanto o
KOH um sabão mais mole Os detergentes mais comuns são sais de
sódio de sulfatos de alquilas de cadeia longa
Essa curiosa diferença de propriedades se ou de ácidos sulfônicos de cadeia longa.
deve às forças da ligação iônica que envol-
vem esses sais. Como o potássio possui íons
maiores (maior raio) que o sódio, sua liga-
ção com os ânions do sabão, são mais fra-
cas gerando uma estrutura líquida.

87
Esses detergentes são chamados de de- palmente os infantis, sabonetes líquidos,
tergentes aniônicos, pois a parte orgânica condicionadores, hidratantes e demais pro-
está situada no ânion do composto. dutos cujo diferencial é a baixa irritabilidade
na pele e olhos
Esse tipo de detergente, similarmente
aos sabões, interagem com os hidrogênios Vale salientar que a ação emulsificante e
(polos positivos) das moléculas de água no tensoativa de um detergente é idêntica à do
momento da solvatação. Os agentes tensoa- sabão.
tivos aniônicos possuem alto poder espu-
mante, boa detergência são bastante apli-
cados na fabricação de detergentes, produ- 2.2 Produção e características.
tos de higiene pessoal tais como: Shampo- Os detergentes são produtos sintéticos,
os, shampoos anti-caspa, sabonetes líquidos oriundos da indústria petroquímica. Sua uti-
perolados ou transparentes, Sabonetes In- lização mais intensa iniciou-se a partir da
fantis, Detergentes entre outros Segunda Guerra Mundial, quando houve es-
cassez de óleos e gorduras para fabricação
Os detergentes catiônicos apresentam dos sabões comuns.
a parte orgânica positiva, como o exemplo
abaixo Geralmente, os detergentes comercializa-
dos são misturas que possuem substâncias
capazes de neutralizar a acidez da água,
substâncias que tiram odores, descorantes
que tiram manchas, enzimas para eliminar
manchas gordurosas, corantes, perfumes,
etc.

Porém, existem desvantagens:


Esse detergente possui o cátion situado Até alguns anos atrás, os detergentes
na parte orgânica e, na solvatação, intera- eram fabricados com compostos orgânicos
gem com os oxigênios (polos negativos) das de cadeia ramificada:
moléculas de água. Os agentes tensoativos
catiônicos são agentes de condicionamento
carregados positivamente e comumente uti-
lizados na composição de produtos como:
condicionadores, mascaras capilar e amaci-
antes de roupas. Os agentes tensoativos
catiônicos têm propriedades anti estáticas,
capacidade de adesão a superfície, alinha- Essas substâncias não são biodegradáveis
mento de fibras têxteis e alinhamento dos e, consequentemente, acumulam-se nos
cabelos, tornando os fios e tecidos mais rios e lagos, causando uma enorme poluição
macios. e formando verdadeiras montanhas de es-
puma, que impedem a entrada de oxigênio
Já os detergentes anfóteros apresen- na água, resultando em morte de peixes e
tam cargas positivas e negativas na parte plantas aquáticas entre outros problemas
orgânica. A partir disso, os tensoativos an- ambientais.
fóteros podem apresentar características
básicas ou ácidas, resultando em atuações
de acordo com o pH das soluções líquidas
em que é inserido.

Esses detergentes são utilizados em seto-


res industriais e químicos, porém, com
grande diferencial como base em cosméti-
cos. Dentre esses usos, sua presença é re-
corrente na fabricação de xampus, princi-
88
ACIDEZ E BASICIDADE DOS Base: qualquer substância química que
em água libera um ânion em comum, o OH-.
COMPOSTOS ORGÂNICOS

1.TEORIAS ÁCIDO-BASE

A classificação de substâncias em di-


ferentes funções químicas não é algo recen-
te na ciência. Por exemplo, hoje sabemos
que os ácidos mais comuns, como o HCl,
são capazes de se ionizar em água e au-
1.2 TEORIA PROTÔNICA
mentar a concentração do íon H+ no meio.
Mesmo que esta informação tenha sido des-
coberta somente no fim do século XIX com
Svante August Arrhenius, substâncias ácidas
eram classificadas como tal devido a uma
propriedade organoléptica, o sabor azedo
(em latim, acidus), daí o nome ácido.

1.1 TEORIA DA DISSOCIAÇÃO


A teoria protônica para ácidos e bases
ELETROLÍTICA foi formulada simultaneamente e indepen-
Svante August Ar- dentemente por dois cientistas, o dina-
rhenius foi um químico marquês Johannes Nicolaus Brønsted e o
sueco que conclui seu inglês Thomas Martin Lowry. Conhecida
doutorado em química como teoria de Brønsted-Lowry, a definição
formulando a hipótese de ácidos e bases é relativizada em um
da existência de partí- equilíbrio químico, isto é, uma mesma subs-
culas carregadas em tância pode ter caráter ácido ou básico de-
algumas substâncias, pendendo da reação química envolvida.
os íons. Essa teoria foi
prontamente desacredi- Ácido: qualquer substância química que
tada em sua defesa e seu doutorado só foi tenha tendência a doar prótons (H+) em
aprovado devido à sua excelência e desta- uma reação química, independente do meio.
que como aluno. A teoria da dissociação ele-
trolítica se baseia na dissociação de algu- Base: qualquer substância química que
mas espécies químicas em íons, gerando em tenha tendência a receber prótons (H+) em
meio aquoso os cátions (partículas positi- uma reação química, independente do meio.
vas) e os ânions (partículas negativas), que
tornavam esta solução capaz de conduzir Dessa forma temos que:
corrente elétrica. Com base em sua teoria,
Arrhenius também observou que ácidos
compartilhavam, além do sabor azedo, se- HCl(g) + H2O(l) ⇄ H3O+(aq) + Cl-(aq)
melhanças químicas, assim como as bases.
Dessa forma, de acordo com Arrhenius: ácido base ácido con- base con-
jugado jugada
Ácido: qualquer substância química que NH3(g) + H2O(l) ⇄ NH4+(aq) + OH-(aq)
em água libera um cátion em comum, o H+.
base ácido ácido con- base con-
jugado jugada

OBS: á água pode, portanto, ter caráter


ácido ou básico dependendo da reação. Ou
seja, a água é uma substância anfótera.

89
1.3 TEORIA ELETRÔNICA
Gilbert Newton Lewis foi 1.4 RESUMO DAS TEORIAS
um fisico-químico estadunidense
conhecido pelas suas contribui-
ções para o entendimento das
ligações covalentes. Foi um dos
grandes críticos às teorias áci-
do-base vigentes na época, pois
considerava que as teorias se
baseavam num “culto ao
próton”. Sua teoria se baseia na
possibilidade de formação de ligações cova-
lentes coordenadas, em outras palavras, na
possibilidade de compartilhamento de pares
de elétrons livres de uma entidade química
para outra que apresente orbital vazio.

Ácido: qualquer entidade química eletro-


deficiente (que apresente orbital vazio) ca-
paz de receber par de elétrons e formar
uma ligação covalente.

Exemplo: Boro trivalente (BH3, BF3, TEORIA ÁCIDO BASE


etc.), alumínio trivalente (AlCl3, etc.), cáti-
ons em geral.
ARRHENIUS Libera H+ em Libera OH- em
solução aquo- s o l u ç ã o
OBS: Distribuição eletrônica do Boro tri- sa aquosa
valente:

BRØNSTED- Doa prótons Recebe prótons


LOWRY

LEWIS Recebe par de Doa par de elé-


elétrons trons
Base: qualquer entidade química que
apresente par de elétrons livres que possam
ser compartilhados para a formação de uma 2. FORÇA DE ÁCIDOS E BA-
ligação covalente. SES
Uma das formas de se determinar as
Exemplo: Amônia, aminas, substâncias
forças de bases e ácidos é a partir do valor
com oxigênio bivalente (água, álcoois, etc.),
da constante de equilíbrio destas substânci-
ânions em geral.
as em meio aquoso.
OBS: Distribuição eletrônica do Nitrogê-
nio trivalente:

ácido de base de
Lewis Lewis

90
Geralmente as constantes de acidez,
Ka, e basicidade, Kb, são expressas através NO2 > F > Cl > Br > I
de seus logaritmos negativos, pois trata-se
de uma escala em dezenas e que facilita a
análise comparativa de suas forças ácidas
ou básicas.

Efeito indutivo doador de elétrons ou


elétron-repelente: exercido por átomos ou
grupo de átomos pouco eletronegativos que
doam elétrons da cadeia carbônica.

Metais > grupos alquila

3. ACIDEZ E BASICIDADE DE
COMPOSTOS ORGÂNICOS

A acidez e basicidade de compostos


orgânicos leva em consideração alguns fato-
res de estabilização das bases ou ácidos
conjugados.
3.2 ACIDEZ DE COMPOSTOS OR-
Para um ácido orgânico, quanto mais
estável sua base conjugada, mais o equilí-
GÂNICOS
brio será deslocado para a formação dos A acidez dos compostos orgânicos é ex-
produtos e mais H+ será liberado para o plicada pela estabilidade das bases conju-
meio, ou seja, quanto mais estável a base gadas. Quanto mais estáveis, mais ácidas as
conjugada, mais a substância será ácida substâncias. Essa estabilidade das bases
(ver seção 2 deste capítulo). conjugadas é explicada principalmente por
dois fatores: ressonância, que promove o
Analogamente, para uma base orgâni- espalhamento e estabilização da carga ne-
ca, quanto mais estável seu ácido conjuga- gativa da base conjugada; eletronegativida-
do, mais o equilíbrio será deslocado para a de, pois quanto mais eletronegativo(s) o(s)
formação dos produtos e mais OH- será libe- átomo(s) envolvido(s) na estabilização da
rado para o meio. carga negativa, mais estável a base conju-
gada. Portanto, a ordem de acidez de acor-
Diversos fatores explicam as forças do com grupos funcionais é:
de ácidos e bases orgânicas, dentre elas o
FUNÇÃO EXEMPLO pKa
efeito indutivo, ressonância e solvatação.
ÁCIDO
-1,68
3.1 EFEITO INDUTIVO SULFÔNICO
É a tendência de um átomo ou um
grupo de átomos em doar ou retirar elétrons ÁCIDO CAR-
de uma região da cadeia, devido à diferença 4,76
de eletronegatividade.
BOXÍLICO

Obs: Esse efeito é reduzido de acordo


com a distância da porção da cadeia anali- FENOL 9,95
sada.

Efeito indutivo retirador de elétrons ÁGUA H2O 15,7


ou elétron-atraente: exercido por átomos
ou grupo de átomos muito eletronegativos
que atraem elétrons da cadeia carbônica.
91
ÁLCOOL 16,0

ALCINO
25,0
TERMINAL

3.3 BASICIDADE DE COMPOSTOS


ORGÂNICOS
O grupo das aminas corresponde à prin-
cipal função orgânica para o estudo do cará-
ter básico. A ordem de basicidade das ami-
nas é dependente do meio que as espécies
se encontram:

Aminas em fase gasosa

Terciária > Secundária > Primária

Esta ordem é explicada pelo efeito


indutivo doador de elétrons dos grupos al-
quila, que proporciona maior densidade ele-
trônica sobre o par de elétrons não-ligante
do nitrogênio, tornando-o mais disponível
para se ligar a um cátion H+.

Aminas em meio aquoso

Secundária > Primária > Terciária

Esta ordem é explicada pela associa-


ção do efeito indutivo doador de elétrons
dos grupos alquila e principalmente ao efei-
to de estabilização das bases por solvata-
ção. Aminas terciarias são piores solvatadas
pois os três grupos alquila promovem um
impedimento espacial (estérico) que dificul-
ta a realização de interações por ligação de
hidrogênio entre a água e o ácido conjugado
da amina. Este efeito de impedimento esté-
rico é menor em aminas secundárias e pri-
márias, fazendo com que seus respectivos
ácidos conjugados sejam melhores solvata-
dos e por consequência se tornam mais es-
táveis. Quando um ácido conjugado é me-
lhor estabilizado, mais forte a base de ori-
gem (ver seção 2).

92
ISOMERIA

1.Introdução

Na Química Orgânica é muito comum que


os mesmos átomos se agrupem de formas
diferentes, produzindo estruturas molecula-
res distintas e, consequentemente, substân-
cias também distintas. Esse fenômeno é de-
nominado isomeria.

A isomeria é um fenômeno muito comum


na Química Orgânica, por exemplo:
• C5H12 existem 3 isômeros;
• C20H42 são 366319 isômeros, e;
• C40H82 são 62491178805831 isô- Os compostos acima são isômeros, apre-
meros. sentam a mesma fórmula molecular -
C 4H 12O, mas diferem na organização de
A isomeria pode ser dividia em isomeria seus átomos. Na primeira estrutura, o oxi-
plana (ou constitucional) e isomeria espacial gênio, representado pela bolinha vermelha,
(ou estereoisomeria). está na extremidade e, na segunda, o oxi-
gênio se encontra no meio da estrutura.

Os casos mais comuns de isomeria plana


são função, cadeia, posição, metameria e
tautomeria.

2.1- Isomeria de Função


Os isômeros funcionais apresentam a
mesma fórmula molecular, mas diferem na
função orgânica a que pertencem.

A isomeria de função ocorre, principal-


mente, entre :

• Alcoóis e éteres;
• Alcoóis aromáticos, éteres aromá-
ticos e fenóis;
• Aldeídos e cetonas;
• Ácidos carboxílicos e ésteres.

2. Isomeria plana ou cons-


titucional
A isomeria plana ocorre quando a ordem
dos átomos na estrutura é diferente, entre
os isômeros, é diferente. Os isômeros apre-
sentam fórmulas estruturais diferentes.

93
2.4- Isomeria de compensação
ou metameria
Essa isomeria ocorre quando os isômeros
diferem pela posição de um heteroátomo na
cadeia carbônica

2.2- Isomeria de cadeia


Os isômeros de cadeia pertencem a
mesma função, mas diferem no tipo de ca-
deia, ramificada ou linear.

Em isômeros de cadeia, quanto maior o


número de ramificações, menor a tempera- 1.5- Tautomeria
tura de fusão e ebulição. É o caso particular de isomeria funcional
em que os dois isômeros ficam em equilíbrio
dinâmico. Os casos mais comuns de tauto-
2.3- Isomeria de posição meria ocorrem entre:
Ocorre quando os isômeros têm a mesma
cadeia carbônica, mas diferem pela posição
• Aldeído e enol;
de ramificações, ligações duplas e triplas
• Cetona e enol
ou grupos funcionais.

A tautomeria é muito importante nas


formações ceto-enólicas da guanina, que é
uma das quatro bases nitrogenadas que
compõem o DNA. A guanina sempre se em-

94
parelha com a citosina, na formação da du-
pla-hélice do DNA.

Veja a seguir o equilíbrio dinâmico que é


estabelecido entre suas formas cetônica e
enólica:

A ligação dupla C=C já não permite a ro-


tação dos átomos de carbono. Para o com-
posto CHCl=CHCl, teremos apenas duas po-
sições possíveis, denominada cis e trans.

3. Isomeria Espacial ou
Estereoisomeria

Os isômeros espaciais apresentam a


mesma fórmula molécula e estrutural, mas
diferem na disposição dos átomos no espa-
ço, ou seja, apresentam fórmulas espaciais
diferentes.

A isomeria espacial divide-se em:

• Diasteroisomeria, como a isomeria


geométrica (cis-trans e Z-E);
• Enantiomeria ou isomeria óptica

3.1- Isomeria geométrica


A ligação simples C-C permite a rotação
de seus átomos de carbono. No composto
CH3-CH3, por exemplo, os átomos podem
apresentar várias orientações, mas elas não
modificam a estrutura, ou seja, o composto
é o mesmo. Na estrutura da esquerda, os dois átomos
de cloro estão do mesmo lado do plano que
divide a molécula ao meio; essa é a chama-
da forma cis. Já na estrutura da direita, os
dois átomos de cloro estão em lados opos-
tos do plano que divide a molécula ao meio;
essa é a chamada forma trans.

Em decorrência de suas diferentes estru-


turas, os isômeros cis e trans têm proprie-

95
dades físicas diferentes – polaridade, ponto
de fusão, ponto de ebulição, densidade etc.

A estrutura trans apresenta uma tempe-


ratura de fusão maior, pois a maior simetria
da molécula possibilita um empacotamento
mais eficiente, formando uma rede cristalina
mais estável. No entanto, a maior polarida-
de do isômero cis faz com que sua tempera-
tura de ebulição ( que independente do em-
pacotamento) seja maior.

A temperatura de fusão dos ácidos graxos


depende do tipo de ligações entre os carbo-
nos. Os ácidos graxos saturados apresentam
apenas ligações entre os seus carbonos, o
que acarreta em um empacotamento mais
eficiente, formando uma rede cristalina mais
estável. Já os ácidos graxos insaturados
apresentam insaturações, que na natureza
se encontram na conformação cis, dessa
forma, a molécula apresenta “dobras” que Nesse caso, os átomos ligados ao primei-
dificultam o empacotamento, diminuindo a ro carbono são Br (prioridade 1) e hidrogê-
temperatura de ebulição. Por este motivo, nio ( prioridade 2), e os ligados ao segundo
os ácidos graxos saturados são sólidos em carbono são Cl ( prioridade 1) e flúor (prio-
condições ambientes, enquanto que os insa- ridade 2). Como os grupos de maior priori-
turados são líquidos. dade de carbono se encontram no mesmo
lado de um plano que passa por esses car-
bonos, esse isômero recebe a denominação
Z.

3.1.1 – Isomeria geométrica em com-


postos cíclicos

3.2- Enantiomeria ou Isomeria


óptica
Generalizando, a isomeria geométrica São isômeros que ao serem atravessados
acontece quando os ligantes de cada carbo- pela luz polarizada, têm a propriedade de
no da ligação dupla são diferentes. desviar o seu plano de vibração. O isômero
que gira a luz polarizada para a direita é
O sistema de nomenclatura cis/trans é chamado de dextógiro ou, simplesmente, d.
antigo, devendo ser usado apenas no caso Já o isômero que gira a luz polarizada para
de alquenos dissusbstituídos. No caso de esquerda é o levógiro ou, simplesmente, l.
alquenos tri e tetrassubstituídos, deve-se Os isômeros dextrógiro e levógiro apresen-
utilizar a terminologia E-Z. Para esse siste- tam o mesmo ângulo de desvio do plano da
ma de numeração considera-se o átomo de luz polarizada, porém em sentidos diferen-
maior número atômico como prioridade. tes. Por convenção, o desvio causado por
um isômero dextrógiro é positivo (+), e o
causado por um levógiro é negativo (-).

96
Os isômeros ópticos denominados enanti-
ômeros possuem a mesma fórmula molecu- Molécula de ácido lático em 3D. O ácido
lar, a mesma fórmula plana, mas diferem na lático (do latim lac, lactis, leite), é um com-
distribuição espacial de seus átomos. Esses posto orgânico de função mista ácido carbo-
isômeros são imagens especulares assimé- xílico - álcool que apresenta fórmula mole-
tricas e, portanto, não podem ser superpos- cular C 3 H 6 O 3 e estrutural CH 3 -CH(OH)-
tas entre si. COOH. Participa de vários processos bi-
oquímicos, e o lactato é a forma ionizada
deste ácido. Foi descoberto pelo químico su-
eco Carl Wilhelm Scheele, no leite coalhado.
Pela nomenclatura IUPAC é conhecido como
ácido 2-hidroxipropanóico ou ácido α-hidro-
xipropanóico.

Observe que existe um asterisco (*) em


um carbono do ácido lático. Essa é a repre-
sentação para Carbono Quiral ou Assimé-
trico. Carbono quiral é todo todo carbono
saturado que apresenta quatro ligantes dife-
rentes.

A mistura racêmica ou racemato são


misturas que originam enantiômeros na
mesma proporção. A característica principal
da mistura racêmica é não apresentar ativi-
dade óptica, já que a polarização acarretada
pelo Levógiro é compensada pela polariza-
ção acarretada pelo Dextrógiro.

Observação:
1. Representação de Fisher
Convenção em que o carbono central está
no plano da página e os grupos c e d estão
para trás do plano. Já os grupos a e b estão
voltados para frete do plano. Veja a figura
abaixo, principalmente a estrutura da direi-
ta.

Para que ocorra a isomeria óptica é ne-


cessário que a estrutura apresente carbonos Em moléculas que apresentam mais de
assimétricos ou quirais. um carbono quiral, podemos determinar o
número de esteroisômero por 2n, em que n
Observe a figura abaixo: é o número de carbonos assimétricos da
molécula.
97
As estruturas A e B são sobreponíveis.
Portanto, essas estruturas representam a
Os pares de isômeros A/B e C/D são mesma substância. Essas estruturas apre-
enantiômeros, pois são imagens especulares sentam um plano de simetria. Estruturas
um do outro. Entretanto, os pares que A/C, como essas são opticamente inativas e são
A/D, B/C e B/D não são imagens especula- denominadas mesômeros. Dessa forma, só
res, logo são denominados diastereoisôme- é possível 3 isômeros espaciais para esse
ro. exemplo.

Vejamos o próximo exemplo:

CH3-CHOH-CHOH-CH3

Esse composto apresenta 2 carbonos as-


simétricos, assim, seriam esperados 4 isô-
meros para esta estrutura. Entretanto, essa
molécula apresenta um plano de simetria e,
por conseguinte, ela apresenta apenas 3
isômeros.

98
Obs 1: Para cada mol de ligação π rom-
pida, consome-se 1 mol de gás hidrogênio.
MÓDULO 5 - REAÇÕES OR-
Obs 2: Para que um alcino forme um al-
GÂNICAS, POLÍMEROS E BIO- ceno como produto (exemplo 3), é necessá-
MOLÉCULAS rio que o catalisador seja “envenenado”, ou
seja, deve ser adicionado ao catalisador um
uma substância inerte que consiga diminuir
REAÇÕES ORGÂNICAS a eficiência catalítica, tornando possível a
hidrogenação parcial.

1. REAÇÕES DE ADIÇÃO
As reações de adição podem ser ca- 1.2. HALOGENAÇÃO
racterizadas pela quebra de uma ligação π As reações de halogenação envolvem
para a formação de duas novas ligações δ e a adição de halogênios (F 2, Cl2, Br2 ou I2)
consequente adição de dois grupos a uma dissolvidos em solvente inerte (geralmente
molécula orgânica. CCl4).

Dentre as principais reações de adi-


ção, se destacam:
• Hidrogenação catalítica: adição
de H2;
• Halogenação: adição de X2; Obs 1: a adição de cada átomos de halo-
• Hidroalogenação: adição de HX; gênio de X2 ocorre por faces inversas (cha-
• Hidratação: adição de H2O. ma adição anti). Dessa forma, a adição de
X2 a alcinos na proporção 1:1 (como no
exemplo 2) dará sempre o produto com es-
1.1. HIDROGENAÇÃO CATALÍTI- tereoquímica E (trans).
CA
Obs 2: Br2 é um líquido de cor castanha.
As reações de hidrogenação catalítica
Dessa forma, para identificação de insatura-
envolvem a adição de gás hidrogênio (H2) à
ções em compostos orgânicos, pode-se rea-
compostos orgânicos de cadeia carbônica
lizar o chamado Teste de Bromo. Quando
insaturada, na presença de catalisadores
uma substância apresentar cadeia insatura-
metálicos (Ni, Pt, Pd). Esses catalisadores
da, a solução ficará incolor devido ao con-
apresentam a função de adsorver o H 2(g) e
sumo de Br2, conforme observado na rea-
os compostos orgânicos insaturados à su-
ção de adição acima.
perfície sólida do metal, enfraquecendo as
ligações πC-C e δH-H, acelerando a forma-
ção de duas ligações δC-H.
1.3. HIDROALOGENAÇÃO (ADI-
ÇÃO DE HX)
As reações de hidroalogenação envolvem
a adição de haletos de hidrogênio (HF, HCl,
HBr ou HI).

Quando consideramos alcenos ou alcinos


não simétricos, a adição de HX pode levar a
dois isômeros de posição distintos.
99
Pode-se observar que a adição de
água em alcenos não simétricos obedece à
Regra de Markovnikov: o hidrogênio é
adicionado ao carbono mais hidrogenado da
instauração.

No entanto, somente um dos produtos


é formado majoritariamente. Essa tendência
está relacionada à Regra de Markovnikov.
Essa regra diz que o átomo de hidrogênio é
adicionado ao carbono mais hidrogenado da
instauração. Dessa forma, o produto princi-
pal da reação é chamado de produto Mar-
kovnikov.

2. REAÇÕES DE ELIMINAÇÃO
As reações de eliminação irão ocorrer
de forma oposta às de adição: elas são ca-
racterizadas pela quebra de duas ligações δ
para a formação de uma nova ligação π e
consequente eliminação de dois grupos que
estavam ligados a uma molécula orgânica.

As principais reações de eliminação


são:
• Desidrogenação: eliminação de
H 2;
• Desalogenação: eliminação de
Obs: a adição de HX (principalmente HBr X 2;
e HCl) na presença de peróxidos (H2O2 ou • Desidroalogenação: eliminação
peróxidos orgânicos) leva à formação do de HX;
produto anti-Markovnikov, pois o hidrogênio • Desidratação intramolecular:
é adicionado no carbono menos hidrogenado eliminação de H2O;
da insaturação (Regra de Karash).

2.1. DESIDROGENAÇÃO (ELIMI-


NAÇÃO DE H2)

Essa reação é caracterizada pela obten-


ção de um alceno a partir de um alcano,
com respectiva perda de H2 a partir de um
processo de aquecimento chamado craque-
amento.

1.4. HIDRATAÇÃO (ADIÇÃO DE


H2O)
As reações de hidratação envolvem a
adição de água (H2O). Essa reação deve ser
realizada em meio ácido, pois o íon hidrônio
(H3O+) é catalisador.

100
2.2. DESALOGENAÇÃO (ELIMI- 2.4. DESIDRATAÇÃO INTRAMO-
NAÇÃO DE X2) LECULAR (ELIMINAÇÃO DE H2O)
Essa reação consiste na eliminação de A reação de desidratação intramolecu-
X2 a partir de haletos orgânicos vicinais, ou lar ocorre a partir da eliminação de uma
seja, compostos orgânicos que apresentem molécula de água a partir de um álcool, le-
átomos de halogênio em carbonos vizinhos. vando à formação de um alceno. Para que
Trata-se de uma reação de oxirredução, por- essa reação ocorra, é necessário que se adi-
tanto, o metal utilizado (geralmente o zin- cione um agente desidratante, geralmente
co) é consumido na reação. Dessa forma, o ácido sulfúrico concentrado, e a reação deve
metal NÃO é um catalisador. ser aquecida a 180 ºC.

2.3. DESIDROALOGENAÇÃO
(ELIMINAÇÃO DE HX) Como é uma reação análoga à desi-
droalogenação, a desidratação intramolecu-
lar de álcoois também obedece a Regra de
Essa reação consiste na eliminação de
Zaitsev.
HX em meio básico, levando a formação de
compostos insaturados.

3. REAÇÕES DE OXIDAÇÃO
Obs: Apesar de no balanceamento repre-
sentarmos a eliminação de HX, como o meio As reações de oxidação envolvem a
está básico, HX reage com a base (geral- transferência de elétrons de átomos de car-
mente KOH), formando água e um sal (KX). bono em uma substância orgânica para
agentes oxidantes. Dessa forma, haverá um
A eliminação de HX em alguns com- aumento no valor dos números de oxidação
postos organoalogenados podem dar origem (NOx) dos átomos de carbono envolvidos na
a dois isômeros de posição em relação à reação.
formação da nova ligação π. O produto prin-
cipal formado será aquele em que o alceno Dentre as principais reações de oxida-
apresentar o maior número de substituintes. ção destacam-se as oxidações de álcoois,
aldeídos, alcenos e alcinos.
Dessa forma, o átomo de H a ser eli-
minado sai do carbono MENOS hidrogenado.
Isso está de acordo com a Regra de Zait- 3.1 OXIDAÇÃO EM ÁLCOOIS
sev.
As oxidações de álcoois podem levar a
formação de diferentes produtos de acordo
com sua classificação em relação ao grupo
hidroxila.

Os principais agentes oxidantes de


álcoois são substâncias contendo Mn(VII) e
Cr(VI), como por exemplo KMnO4, K2Cr2O7,
H2CrO4, entre outros.

101
c) Teste de Benedict: Identificação e
diferenciação de açúcares redutores (aldo-
ses) de não-redutores (cetoses). Solução
desta reação é mais estável que o reativo
de Fehling.

Exemplo:

3.3 OXIDAÇÃO EM ALCENOS E


ALCINOS
A oxidação de alcenos e alcinos utiliza
como agentes oxidantes o ozônio (O3) ou o
permanganato de potássio (KMnO4). Este
tem seu poder oxidativo potencializado ou
reduzido dependendo do pH do meio: em
meio ácido o KMnO4 é um oxidante mais
brando, ao passo que em meio ácido esse se
torna um potente agente de oxidação.

a) Oxidação Branda (Teste de Bayer):


utilizado para identificar a presença de insa-
turação na cadeia carbônica.
Em meio básico o Mn(VII) é reduzido
3.2 OXIDAÇÃO EM ALDEÍDOS a Mn(IV), ou seja, a capacidade oxidativa
Como observado anteriormente, al- não atinge o máximo de seu potencial. Des-
deídos podem ser oxidados a ácidos carbo- sa forma, considera-se uma oxidação bran-
xílicos, ao passo que cetonas não sofrem da pois somente as ligações π C-C são rom-
oxidação subsequente. Dessa forma, diver- pidas.
sos testes qualitativos que envolvem rea-
ções de oxidação de aldeídos foram criados
com o intuito de determinar e diferenciar os
grupos funcionais cetona e aldeído.

a) Oxidação com Reativo de Tollens:


Teste do espelho de Prata, utilizando para
diferenciar aldeídos de cetonas.

Exemplos:

b) Oxidação com Reativo de Fehling:


Identificação e diferenciação de açúcares
redutores (aldoses) de não-redutores (ceto-
ses).
102
4. REAÇÕES DE SUBSTITUI-
ÇÃO
As reações de substituição são aque-
las em que um um átomo (ou um grupo de
átomos) da molécula orgânica é substituído
b) Oxidação enérgica: Em meio ácido o por outro átomo (ou grupo de átomos).
Mn(VII) é reduzido a Mn(II), ou seja, a ca-
pacidade oxidativa atinge o máximo de seu
potencial. Dessa forma, considera-se uma
oxidação enérgica pois tanto as ligações π
quanto δ entre carbonos insaturados são
rompidas.

Os produtos formados dependem da


classificação do carbono insaturado:
1) Carbono primário – forma H2O e
CO2 As principais reações de substituição são:
2) Carbono secundário – forma ácido
carboxílico • Substituição nucleofílica;
3) Carbono terciário – forma cetona • Substituição radicalar em alca-
nos;
Exemplos: • Substituição eletrofílica aromá-
tica.

4.1 SUBSTITUIÇÃO NUCLEOFÍ-


LICA (SN)
Para que uma reação de substituição
ocorra, é necessário ter um NUCLEOFÍLO
c) Ozonólise: A ozonólise tem característi- (Z:), que é uma base de Lewis, que reagirá
cas semelhantes à oxidação enérgica, pois com um composto orgânico, que será cha-
observam-se as quebras de ligações π e δ mado de ELETRÓFILO (C com δ+), que é um
entre carbonos insaturados. No entanto o ácido de Lewis. Como se trata de uma rea-
produto da oxidação por ozonólise se limita ção de substituição, algo deve sair para Z:
aos grupos aldeído ou cetona. entrar. Dessa forma, ligado ao composto or-
gânico existe um GRUPO ABANDONADOR
Os produtos formados dependem da clas- (Y) que será substituído.
sificação do carbono insaturado:

1) Carbono primário – forma aldeído


2) Carbono secundário – forma aldeí-
do
3) Carbono terciário – forma cetona

Exemplos:

a) Esterificação e hidrólise ácida de


ésteres

103
Exemplo:

4.2 SUBSTITUIÇÃO RADICALAR


EM ALCANOS
Reações radicalares envolvem a quebra
OBS: Perceba que a reação de hidrólise homolítica de uma ligação C-H, formando
ácida de ésteres está em equilíbrio químico um radical livre orgânico, que reagirá com
com a esterificação em meio ácido. Dessa outro grupo radical, levando à formação de
forma, deve-se utilizar algum dos princípios um produto de substituição.
de Le Chatelier para se deslocar o equilíbrio
para a formação do produto de interesse em
maior proporção. No exemplo acima, para
se obter o éster (produto de interesse), adi-
cionou-se álcool em excesso para deslocar o
equilíbrio para a direita. Poderia ser feito, Carbonos terciários sofrem reações de
concomitantemente, a retirada de água do substituição radicalar mais facilmente que
meio. secundários, e esses, mais facilmente que
primários.
b) Hidrólise básica de ésteres

a) Halogenação: Envolve a troca de um


átomo de H por um de halogênio (X).

Exemplo 1:
Exemplo: Reação de Saponificação

Exemplo 2: o produto principal da halo-


genação do propano é o 2-cloropropano pois
carbonos secundários são mais susceptíveis
a substituição radicalar do que carbonos
c) Transesterificação: primários.

Éster 1 + Álcool 1→Éster 2 + Álcool 2

Exemplo 1: b) Nitração: Envolve a substituição de


um átomo de hidrogênio de uma substância
orgânica por um grupo nitro (-NO2) advindo
do ácido nítrico (HNO3 ou HO-NO2).

Exemplo 2: Produção de Biodiesel

c) Sulfonação: Envolve a substituição de


um átomo de hidrogênio de uma substância
orgânica por um grupo sulfônico (-SO3H)
advindo do ácido sulfúrico (H2SO4 ou HO-
SO3H).

104
4.3 SUBSTITUIÇÃO ELETROFÍLI-
CA AROMÁTICA (SEA)
Diferentemente das SN, em que o com-
posto orgânico age como ácido de Lewis,
nas SEA a substância orgânica é a base de ATENÇÃO!
Lewis e, portanto, esta age como doadora
de par de elétrons, num primeiro momento, Efeito do substituinte
para uma estrutura química deficiente em
elétrons chamada Eletrófilo (E+). O meca- Grupos ativadores: aumentam a densi-
nismo genérico para as SEA é apresentado dade eletrônica no anel, aceleram a reação
no esquema abaixo. de SEA e orientam a substituição nas posi-
Pode-se observar que inicialmente ções orto-para.
uma ligação π do anel aromático age como
base de Lewis, se ligando a um eletrófilo, Grupos desativadores: diminuem a
formando um intermediário instável devido densidade eletrônica, diminuem a velocida-
à quebra momentânea de aromaticidade. de da reação de SEA e orientam a substitui-
Essa aromaticidade é regenerada com a saí- ção na posição meta, exceto os halogênios
da de H+ e formação da ligação π novamen- que são desativadores e orientadores orto-
te. para.
Dessa fora, o que observamos é uma
reação de substituição, em que um eletrófilo
E+ substitui um íon H+ que sai do anel aro-
mático.

Exemplos:

As principais reações de SEA são:

105
POLÍMEROS O polietileno também pode ser represen-
tado da seguinte maneira:
Os polímeros são macromoléculas forma-
das pela reação de milhares de moléculas
menores denominadas monômeros. Os po-
límeros podem ser naturais como as proteí-
nas e polissacarídeos ou sintéticos, que se-
rão estudados neste módulo.

O polietileno é um alcano de massa molar


elevada. Entre suas moléculas existem ape-
nas interações do tipo dipolo instantâneo –
dipolo induzido. Por esse motivo são amole-
cidos facilmente pelo aumento da tempera-
tura.

Dependendo das condições de polimeri-


zação pode-se obter dois tipos de polietile-
no.

O polietileno de alta densidade (PEAD)


cujas moléculas apresentam o n acima de
100.000 e suas cadeias são lineares. Essas
A reação que dá origem a um polímero é moléculas apresentam um empacotamento
denominada polimerização. Nesta reação, a mais eficiente, tornando um sólido mais
molécula inicial (monômero) vai, sucessi- compacto.
vamente, se unindo a outras, dando o díme-
ro, o trímero, o tetrâmero até o polímero.

Os polímeros podem ser classificados


pelo tipo de monômero Assim, existem os
homopolímeros, polímeros formados por um
único tipo de polímero e os copolímeros, es-
ses formados por tipos de monômeros dife-
rentes.

Também são classificados pelo tipo de


reação. Assim existem os polímeros de A foto abaixo representa alguns materiais
adição e os de condensação. formados por PEAD

1.Polímeros de adição
São polímeros formados através de rea-
ções de adição. Para que ocorra esse tipo de
polimerização é necessário que o monômero
tenha ligações π entre carbonos.

Os polietilenos de baixa densidade


a) Polietileno (PEBD) são formados por moléculas ramifi-
É formado pela união de milhares de mo- cadas. Essas ramificações dificultam o em-
léculas de eteno (etileno). pacotamento, tornando o sólido menos
compacto.

etileno polietileno
106
c) Outros polímeros de adição:

Exemplos de produtos feitos PEBD

b) Policloreto de vinila (PVC)

2.Polímeros de condensa-
ção
São materiais obtidos por meio de rea-
O PVC apresenta moléculas polares, por-
ções nas quais há a eliminação de pequenas
tanto elas interagem entre si por dipolo ins-
moléculas, geralmente água, chamadas rea-
tantâneo-dipolo induzido e dipolo perma-
ções de condensação.
nente-dipolo permanente. Dessa forma,
apresenta interações mais fortes que o poli-
a) Poliamida
etileno, o que justifica sua maior temperatu-
ra de fusão.
O náilon é uma poliamida (polímero per-
tencente à classe funcional amida), obtido
por meio da condensação do ácido adípico
com a hexametilenodiamina.

A reação pode ser assim equacionada:

107
Poliésteres, como o nome diz, são polí-
Obs: Essa reação produz água e no nome meros pertencentes à função éster. O
náilon 66 os números 6 se referem aos nú- exemplo que aparece acima é conhecido
meros de carbono no ácido e na amina. como PET, terilene ou dácron. É normalmen-
te resistente à corrosão por ácidos e bases,
o que o torna útil para a fabricação de varas
de pescar, engrenagens de bobas, fibras
têxteis para capas de chuva e guarda chu-
vas. O tergal é um tecido fabricado da mis-
tura desse polímero com algodão.

O náilon tem alta resistência e é facil-


mente moldável. Tem larga aplicação, por
exemplo na confecção de fibras têxteis, en-
grenagens, pulseiras de relógio, garrafas e
linhas de pesca. o náilon 66 é um dos mem-
bros de uma família de polímeros chamados
de náilons ou poliamidas, como é o caso do
kevlar, que é uma aramida, isto é, uma po-
liamida aromática usada na fabricação de Esses polímeros são produzidos pela rea-
coletes à prova de bala. ção entre um ácido dicarboxílico com um
diálcool.

Esses polímeros são formados pela rea-


ção de um ácido dicarboxílico com uma di-
amina.

b)Poliéster
Um dos poliésteres mais importantes é
fabricado por meio da reação química entre
o ácido tereftálico e o etilenoglicol.

108
BIOMOLÉCULAS

1.LIPÍDEOS
Definem um conjunto de substâncias
químicas que, ao contrário das outras clas-
ses de compostos orgânicos, não são carac-
terizadas por algum grupo funcional co-
mum, e sim pela sua alta solubilidade em
solventes orgânicos e baixa solubilidade em
água. Juntamente com as proteínas, ácidos
nucleicos e carboidratos, os lipídios são Este grupo é geralmente chamado de li-
componentes essenciais das estruturas bio- pídios saponificáveis, porque a reação des-
lógicas. Os lipídios se encontram distribuí- tes com uma solução quente de hidróxido
dos em todos os tecidos, principalmente nas de sódio produz o correspondente sal sódico
membranas celulares e nas células de gor- do ácido carboxílico, isto é, o sabão.
dura.

Existem diversos tipos de moléculas dife-


rentes que pertencem à classe dos lipídios.
Embora não apresentem nenhuma caracte-
rística estrutural comum todas elas possu-
em muito mais ligações carbono-hidrogênio
do que as outras biomoléculas, e a grande
maioria possui poucos heteroátomos. Isto
faz com que estas moléculas sejam pobres
em dipolos localizados.

Os lipídios são altamente energéticos


(fornecem 9,0 kcal/g) e pouco solúveis, por
isso constituem a maior forma de armaze-
namento de energia do organismo. O tecido
adiposo ajuda a manter os órgãos e nervos
no lugar, protegendo-os contra choques e
lesões traumáticas. A camada subcutânea
de gordura isola o organismo, preservando o
calor do corpo e mantendo a temperatura
constante. Os lipídios ainda auxiliam no
transporte e na absorção de vitaminas li-
possolúveis (A, D e E), amenizam as secre-
ções gástricas e produzem sensação de sa-
ciedade.

Algumas classificações de lipídios:

a) Ácidos graxos

Os ácidos graxos são ácidos carboxílicos


formados por uma cadeia hidrocarbonada
com variados índices de insaturações. Os
ácidos graxos comuns, presentes em siste- b) Cerídeos
mas biológicos, apresentam de 16 a 24
átomos de carbono. Os cerídeos são ésteres formados a partir
de um ácido graxo e de um álcool (monoál-
cool) graxo.

São conhecidos como ceras e podem ser


de origem animal ou vegetal. São usados na
fabricação de cosméticos, velas, sabões,

109
graxas de sapato e ceras de assoalho, entre
outras aplicações.

2.CARBOIDRATOS
São os principais substratos energéticos
da célula, através da degradação da glicose
por via anaeróbia e aeróbia. Popularmente
são chamados de açúcares em virtude do
seu mais conhecido representante, a saca-
rose, formada por um molécula de glicose e
c) Triacilgliceróis (triacilglicerídeos
outra de frutose com sabor doce caracterís-
ou glicerídeos)
tico. O amido (um polímero linear ou ramifi-
cado de glicose), entretanto, é a forma de
Os glicerídeos são triésteres formados a
carboidrato mais comum na alimentação,
partir de três moléculas de ácidos graxos
representando cerca de 90% dos carboidra-
(iguais ou diferentes) e uma molécula do
tos da dieta. Em mamíferos, a lactose (for-
triálcool glicerol (propanotriol). A hidrólise
mada por glicose e galactose) é importante
ácida dos triacilglicerídeos leva aos corres-
fonte energética presente no leite, apesar
pondentes ácidos carboxílicos.
da maioria dos mamíferos utilizarem o leite
como única fonte de alimento somente em
seus primeiros períodos de vida (em ratos
alguns dias, em humanos cerca de um ano).

De qualquer forma, os carboidratos são


as principais biomoléculas energéticas, uma
vez o metabolismo glicolítico anaeróbio é
via comum de todos os seres vivos (à exce-
ção dos vírus por não terem estrutura celu-
lar).

a) Monossacarídeos

São os carboidratos mais simples. Possu-


Os triacilgliceróis líquidos na temperatura em de 3 a 8 carbonos, sendo denominado,
ambiente são chamados, em geral, óleos; os respectivamente, trioses, tetroses, pento-
que são sólidos são chamados gorduras. ses, hexoses, heptoses e octoses.

São os óleos de vegetais ou as gorduras Têm uma única unidade cetônica ou al-
de origem animal. Entre eles estão substân- deídica, possuindo pelo menos um átomo de
cias comuns como o óleo de amendoim, o carbono assimétrico (C*) existindo, portan-
óleo de soja, o óleo de milho, o óleo de se- to, formas estereoisoméricas, com exceção
mente de girassol, a manteiga, o toucinho e da dihidróxicetona, que não possui C*.
o sebo.

As pentoses e as hexoses, em solução


Obs: Gordura trans aquosa, existem em equilíbrio com suas
formas cíclicas, que são mais estáveis. A
forma mais estável é obtida por uma reação
110
intramolecular que ocorre entre a carbonila
do grupamento funcional de aldeídos ou ce-
tonas com uma das muitas hidroxilas da
molécula, formando um composto cíclico
denominado hemiacetal ou hemicetal, res-
pectivamente.

Obs: A hidrólise da sacarose produz açú-


car invertido.

b) Dissacarídeos

São formados por dois monossacarídeos


unidos por ligação covalente (ligação glico-
sídica). A ligação glicosídica ocorre entre as
hidroxilas do C1 de um monossacarído com
qualquer um outro carbono do outro monos-
A solução aquosa do açúcar invertido
sacarídeo.
mantém-se no estado líquido sob condições
ambientes, pois possui menor temperatura
Sacarose = glicose + frutose α (1→2), a
de congelamento do que a do açúcar co-
forma mais comum de açúcar, obtida da
mum.
cana-de-açúcar, beterraba etc.
c) Polissacarídeos

Os polissacarídeos são polímeros de mo-


nossacarídeos (hexoses) unidos por ligação
glicosídicas na forma α ou β. Alguns funcio-
nam como reserva de carboidratos, outros
atuam na morfologia celular.

111
Os polissacarídeos de reserva mais im-
portantes são o amido e o glicogênio, am-
bos de alto peso molecular e polímeros da
glicose em ligações α(1→4) nas cadeias
principais e ligações α(1→6) nos pontos de
ramificação, sendo o glicogênio mais com-
pacto por apresentar mais ramificações em
sua molécula.

Apenas a forma de amilose do amido não


é ramificada, pois possui somente ligações
do tipo α(1→4); a forma amilopectina do Outros polissacarídeos possuem papel
amido é semelhante à molécula de glicogê- estrutural nas paredes celulares. A celulose
nio (ramificada). é formada por moléculas de glicose unidas
por ligações β(1 → 4) e é o principal consti-
tuinte estrutural da parede celular dos ve-
getais, responsável por extrema resistência.

Graças à natureza da ligação β(1→4) en-


tre as unidades de glicose, há a formação
de pontes de hidrogênio dentro da molécu-
la, o que torna a molécula de celulose bas-
tante rígida e plana, permitindo o empilha-
mento de várias cadeias formando uma es-
trutura polimérica extremamente resistente.

A molécula de amilose não se dispõe em


linha reta, como, por simplificação, aparece
na figura acima, mas forma uma espiral de-
vido às ligações de hidrogênio entre grupos
da cadeia. Devido a essa estrutura é que se
deve o mais simples teste de identificação
do amido, pois o iodo se liga a distâncias É impregnada por outras substâncias po-
fixas em cada volta da hélice, produzindo liméricas, não sendo digerida pelos animais,
uma intensa coloração azul. que não apresentam enzimas para quebrar
este tipo de ligação, a exceção de animais
herbívoros e cupins, que possuem bactérias
e protozoários que digerem a celulose no
aparelho digestivo desses.

A celulose, como fibras vegetais, é impor-


tante na composição dos alimentos por
manterem o trânsito intestinal e melhorar o
112
metabolismo de proteínas, carboidratos e
lipídios.

3.PROTEÍNAS E AMINOÁCI-
DOS
As proteínas são macromoléculas de alto
peso molecular, polímeros de compostos or-
gânicos simples, os α-aminoácidos.

3.1 - Aminoácidos b) Aminoácidos com grupamento R


polar não-carregado: possuem grupamen-
São conhecidos 20 aminoácidos (Alanina, tos hidrofílicos na cadeia carbonada que não
Arginina, Aspartato, Asparagina, Cisteína, se ionizam, porém conferem maior solubili-
Fenilalanina, Glicina, Glutamato, Glutamina, dade ao aminoácido. São eles:
Histidina, Isoleucina, Leucina, Lisina, Meti-
nonina, Prolina, Serina, Tirosina, Treonina,
Triptofano e Valina) encontrados nas molé-
culas de proteínas, com sua síntese contro-
lada por mecanismos genéticos, envolvendo
a replicação do DNA e transcrição do RNA.

A metade dos aminoácidos é sintetizada


pelo organismo e vai suprir as necessidades
celulares; aqueles que não são sintetizados
precisam estar presentes na dieta e são
chamados de aminoácidos essenciais e os
aminoácidos não-essenciais aqueles que são
sintetizados no organismo. c) Aminoácidos com grupamento R
polar carregado positivamente (bási-
O grupamento funcional (amino e ácido) cos): lisina, arginina e histidina; todos pos-
é constante em todos os aminoácidos, vari- suem grupamento R de 6 carbonos e a car-
ando a composição da cadeia carbonada, ga positiva localiza-se em um átomo de ni-
denominada de grupamento R. trogênio do R.

O estudo da composição e polaridade do


grupamento R permite agrupar os aminoá-
cidos em quatro classes distintas:

a) Aminoácidos com grupamento R


apolar ou hidrofóbico: são os menos solú-
veis, devido à ausência de grupamentos hi-
drofílicos no grupamento R. São eles:
d) Aminoácidos com grupamento R
polar carregado negativamente
(ácidos): ácido aspártico e ácido glutâmico.
São citados como aspartato e glutamato em
virtude de se ionizarem em pH fisiológico
adquirindo carga negativa no grupamento
carboxila (-COO-).
113
Nas moléculas protéicas os aminoácidos
se ligam covalentemente, formando longas
cadeias não ramificadas, através de ligações
peptídicas envolvendo o radical amino (-
NH2) de um aminoácido e o radical ácido (-
COOH) de um outro, havendo a liberação de
uma molécula de água durante a reação.

3.1.1- Propriedades ácido-básicas dos


aminoácidos

Os grupamentos amino e ácido encon-


tram - se na forma ionizada quando em so- A união entre dois aminoácidos forma um
lução. Dependendo do pH, o grupamento dipeptídeo, assim como três unem-se for-
amino com carga positiva (forma catiônica) mando um tripeptídeo e assim sucessiva-
ou o grupamento ácido com carga negativa mente, sendo que a união de vários ami-
(forma aniônica), podem predominar. Po- noácidos irá dar origem a uma cadeia poli-
rém, em determinado pH (pH isoelétrico), peptídica.
haverá somente uma forma dipolar (ou seja,
positiva e negativa ao mesmo tempo), onde
será observada uma neutralidade elétrica na
4. ÁCIDOS NUCLÉICOS
molécula.
Nos seres vivos, há 2 tipos de ácidos nu-
cleicos: o ácido desoxirribonucléico
Estes íons dipolares, são também chama-
(DNA ou ADN) e o ácido ribonucléico
dos de zwitterions (expressão alemã que ao
(RNA ou ARN) com funções distintas. O
pé da letra significaria algo como "íons her-
DNA é encontrado nos cromossomos, dirige
mafroditas"), predominam no pH isoelétrico
a síntese das enzimas e, desta forma, con-
(pHi). A forma catiônica predominará em pH
trola as atividades metabólicas da célula. O
abaixo do pHi, enquanto que a forma aniô-
RNA transfere as informações do DNA para
nica predominará em pH acima do pHi, uma
os ribossomos, onde as enzimas e outras
vez que abaixo ou acima do pHi haverá defi-
proteínas são produzidas.
ciência ou excesso de H+ na solução, res-
pectivamente, o que varia a carga elétrica
Os ácidos nucléicos são formados pela
pois o grupamento COO- receberá H+ e o
união de nucleotídeos. Cada nucleotídeo
NH3+ doará ser H+.
tem três subunidades: um grupo fosfato,
uma pentose e uma base nitrogenada.

O grupo fosfato se origina do ácido fosfó-


rico (H3PO4). Há duas pentoses que podem
participar da estrutura dos nucleotídeos: a
ribose (RNA) e a desoxirribose (DNA).

3.2- Ligações peptídicas

114
As bases nitrogenadas possuem estrutura
em anel, com átomos de nitrogênio na mo-
lécula. Classificam-se em bases púricas
(adenina e guanina) e bases pirimídicas [ci-
tosina, timina(DNA) e uracila(RNA)].

Estudos com difração de raio X, nos anos


50, mostravam que a molécula do DNA de-
veria ter a estrutura de uma grande hélice.
James D. Watson e Francis Crick propuse-
ram um modelo para a molécula do DNA,
visando a explicar tanto suas características
químicas quanto seus papéis biológicos. Se-
gundo o modelo de Watson e Crick, a molé-
cula do DNA tem a estrutura de uma dupla
hélice, como uma escada retorcida, com
dois filamentos de nucleotídeos.

a) O Ácido Desoxirribonucléico (DNA)

Estudando a composição de moléculas de


DNA de diferentes espécies, Erwin Chargaff
determinou, em todas, uma relação cons-
tante:

Composição de bases do DNA de algumas


espécies:

115
Os dois filamentos da molécula poderiam
ser assim representados:

Uma propriedade importante do material


genético é conter toda a informação genéti-
ca.

A seqüência de bases do DNA é um "alfa-


beto" com quatro letras (A, T, C e G), nas
mais diversas combinações. Um vírus tem
filamentos de DNA com 10.000 nucleotíde-
os, enquanto o DNA presente nos 46 cro-
mossomos humanos possui cerca de 3,2 bi-
lhões de nucleotídeos.

Outra propriedade importante da molécu-


la de DNA é a capacidade de se autodupli-
car, gerando cópias perfeitas de si mesma.
A expressão autoduplicação não é totalmen-
te correta, pois, sem as enzimas e a maté-
ria-prima necessárias, ela não ocorre.
Os corrimãos da escada do modelo de
Watson e Crick são formados pelas unidades Durante a duplicação do DNA, os dois fi-
açúcar-fosfato dos nucleotídeos. Cada de- lamentos se separam (por ruptura das pon-
grau é constituído por um par de bases ni- tes de hidrogênio), e a enzima DNA-polime-
trogenadas (uma de cada filamento), sem- rase utiliza cada filamento como "molde"
pre uma base púrica pareada com uma base para a montagem de um filamento novo. Os
pirimídica. novos nucleotídeos são unidos entre si,
obedecendo à seqüência ditada pelo fila-
Observe, no esquema anterior (fig. C), mento original. Em frente a uma adenina,
que os dois filamentos complementares posiciona-se uma timina (ou vice-versa) e,
"correm" em sentido contrário. em frente a uma citosina, coloca-se uma
guanina (ou vice-versa).
A partir das relações descobertas por
Chargaff, e estudando os possíveis locais de Dessa forma, quando o processo se com-
estabelecimento de pontes de hidrogênio pleta, cada filamento original serviu de mol-
entre duas bases nitrogenadas, Watson e de para a montagem de um filamento novo.
Crick concluíram que as duas cadeias para- Cada nova molécula de DNA tem, portanto,
lelas de nucleotídeos permanecem unidas um filamento recém-formado e um filamen-
por pontes de hidrogênio entre as bases, to remanescente da molécula inicial. A du-
sempre da mesma maneira: adenina com plicação é semiconservativa.
timina e citosina com guanina. Independen-
temente de qual seja a seqüência de bases
em um filamento, o outro tem seqüência
exatamente complementar. Por exemplo, se
em um filamento se encontra a seqüência:

o filamento complementar terá, obrigato-


riamente: b) Ácido Ribonucléico (RNA)

A molécula de RNA é formada por um


único filamento, que pode estar dobrado so-
bre si mesmo.

116
Existem três tipos de RNA.
III. RNA ribossômico (RNAr): forma-
I. RNA mensageiro (RNAm): é um úni- se a partir do DNA da região organizadora
co e longo filamento de RNA. Forma-se a do nucléolo, presente em alguns cromosso-
partir de um filamento de DNA, que lhe ser- mos. Junto com as proteínas, são compo-
ve de molde. Sua formação chama-se trans- nentes estruturais dos ribossomos. Embora
crição, e esse filamento é catalisado pela não totalmente clara, a função do RNAr pa-
enzima RNA-polimerase. Por ruptura de rece orientar o RNAm, os RNAt e os aminoá-
pontes de hidrogênio, os filamentos de DNA cidos durante o processo de síntese de pro-
se separam. Nucleotídeos de RNA empare- teínas.
lham-se aos seus complementares do DNA e
unem-se para formar o filamento de RNA.
No final do processo, o filamento recém-
formado de RNA se desprende e os dois fi-
lamentos de DNA voltam a se ligar.

As mensagens no RNAm são transmitidas


em seqüências de três nucleotídeos, os có-
dons

II. RNA de transferência ou transpor-


tador (RNAt): suas moléculas também são
formadas a partir de um molde de DNA,
mas com 80 a 100 nucleotídeos apenas.
Constitui-se de um único filamento dobrado
sobre si mesmo, com aspecto de "folha de
trevo".

Todas as moléculas de RNAt são seme-


lhantes. Existe pouco mais de vinte tipos de
RNAt, um para cada tipo de aminoácido en-
contrado nas proteínas. A função do RNAt é
transportar aminoácidos presentes no cito-
plasma da célula e fazer a ligação dos ami-
noácidos com o RNAm na síntese de proteí-
nas.

117
MÓDULO 6 - FUNÇÕES 3. A soma de todos os NOx de uma
espécie neutra é igual a zero.
INORGÂNICAS, CÁLCULOS
QUÍMICOS E ESTEQUIOMÉ- NaCl: NOx (Na) + NOx (Cl) = 0
TRICOS E ESTUDO FÍSICO 4. A soma de todos os NOx de uma
DOS GASES espécie carregada é igual a sua pró-
pria carga.

FUNÇÕES INORGÂNICAS NO3- : NOx (N) + 3NOx (O) = 1-

Existem inúmeros compostos químicos na 5. Alguns elementos apresentam-se


natureza e estuda-los de maneira individual sempre, ou na maioria dos casos,
seria praticamente impossível. Dessa forma, com o mesmo NOx nas substâncias
se faz necessário classificá-los de acordo que eles formam.
com as suas propriedades e dividindo-os em
grupo, denominados função. Elemento NOx

1.Número de oxidação Metais alcalinos (IA) 1+


Um átomo se une a outro por meio das Metais alcalinoterrosos 2+
ligações químicas que ocorrem na região da (IIA)
eletrosfera. Essas ligações podem ocorrer
por compartilhamento ou por transferência Alumínio (Al) 3+
de elétrons. O número associado à distribui- Prata (Ag) 1+
ção dos elétrons em torno de uma ligação
química é denominado número de oxidação, Zinco (Zn) 2+
ou simplesmente NOx.
Hidrogênio 1+ (Hidrogênio menos
Exemplo 1: No composto iônico CaO, a
eletronega vo)
carga do cálcio é 2+ e a do oxigênio é 2-. 1- (Hidrogênio mais
Assim, o Nox do cálcio é 2+ e do oxigênio é eletronega vo)
2-.
Oxigênio 2- (maioria das subs-
Exemplo 2: A substância H2 é formada tâncias)
por dois átomos iguais, cujas eletronegati-
1- (peróxidos – H2O2)
vidades são iguais. Assim, no caso de uma
ruptura da ligação entre os átomos cada um 6. Vários elementos apresentam NOx
ficaria com o seu elétron, tornando o NOx variáveis, pois seus valores depen-
igual a zero. dem da quantidade e da eletronegati-
vidade dos átomos que estarão liga-
Exemplo 3: A substância HCl é unida por dos a eles. É importante destacar que
uma ligação covalente, em que o cloro é o valor máximo de NOx que os ele-
mais eletronegativo. Assim, se houver a mentos adquirem correspondem ao
ruptura da ligação o cloro ficará com o elé- número da coluna A em que eles se
tron do hidrogênio adquirindo uma carga 1- encontram.
e o hidrogênio com carga 1+. Logo, o NOx o Coluna ou família NOx máximo
cloro é 1- e do hidrogênio é 1+.
1 (IA) 1+

1.1- Regras para determinar o 2 (IIA) 2+

NOx 3 (IIIA) 3+
1. Os átomos presentes em uma 14 (IVA) 4+
substância simples apresentam NOx
igual a zero. 15 (VA) 5+
16 (VIA) 6+
2. O NOx de íon é igual a sua própria
carga. 17 (VIIA) 7+
118
ti
ti
4.Ácidos
Exercício resolvido

1. Determine o NOx do enxofre no


H2SO4
NOx (H): 1+ NOx (S): ?
NOx (O): 2-

2NOx (H) + NOx(S) +4 NOx(O) = 0


2(1+) + NOx (S) + 4(2-)= 0
NOx (S)= 6+

2. Determine o NOx do P em PO43-

NOx (O): 2-
Segundo Arrhenius, ácidos são substânci-
NOx (P) + 4NOx (O) = 3- as moleculares que, dissolvidos em água
NOx (P) + 4(2-) = 3- sofrem ionização, produzindo, como único
NOx (P): 5+ tipo de cátion, o íon H3O+, denominado hi-
drônio ou hidroxônio.
2.Dissociação A seguir, é mostrado o processo de ioni-
zação para o ácido clorídrico.
Processo que ocorre com compostos iôni-
cos, pelo qual há a separação dos íons já HCl (l) + H2O (l) → H3O+ (aq) + Cl- (aq)
existentes devido à quebra do retículo cris-
talino causada pela presença do solvente. O íon H3O+ equivale a um H+ coordenado
a uma molécula de água. Assim, comumen-
NaCl(s) + H2O (l) → Na+ (aq) + Cl- (aq) te, a molécula de água é omitida na equa-
ção ionização de um ácido. O processo de
ionização do ácido clorídrico pode ser repre-
sentado, simplificadamente, por:

HCl (aq) → H+ (aq) + Cl- (aq)

4.1- Classificação dos ácidos

4.1.1 – Quanto à existência de oxigê-


Quando há a separação dos íons, as mo- nio
léculas de água envolvem os cátions e âni-
ons
Hidrácidos ou desoxiácidos: são aque-
3.Ionização les que não possuem oxigênio em sua com-
posição
É um processo que ocorre com substânci- Exemplos: HCl, HCN, H2S
as moleculares, no qual acontece a quebra
da ligação formada pelo compartilhamento Oxiácidos: são aqueles que possuem
desigual de elétrons, o que acarreta na for- oxigênio em suas moléculas
mação de íons.
Exemplos: HNO3, H2SO4, H3PO4
HCl (g) + H2O (l) → H+ (aq) + Cl- (aq)
4.1.2- Quanto ao número de hidrogê-
nios ionizáveis

Monoácidos ou ácidos monopróticos:


Apresentam 1 hidrogênio ionizável

Exemplos: HCl, HNO3, HCN

119
Ácidos moderados: Apresentam grau de
Diácidos ou ácidos dipróticos: Apre- ionização entre 5% e 50%.
sentam 2 hidrogênios ionizáveis
Ácidos fracos: Apresentam grau de ioni-
Exemplos: H2SO4, H2CO3, H2S zação inferior a 5%.

Triácidos ou ácidos tripróticos: Apre- A tabela a seguir apresenta alguns ácidos


sentam 3 hidrogênios ionizáveis e suas respectivas classificações em função
do grau de ionização
Exemplos: H3PO4, H3BO3
Ácido Grau de ioniza- Classi cação
Tetrácidos ou ácidos tetrapróticos: ção (α)
Apresentam 4 hidrogênios ionizáveis
HI 95%
Exemplos: H4P2O7, H4SiO4 HBr 93,5%
HCl 92,5% Fortes
IMPORTANTE! Para um grande número de HNO3 92%
ácidos, o número de hidrogênios apresenta- H2SO4 61%
dos na fórmula equivale ao número de hi-
drogênios ionizáveis. Para os oxiácidos, en- H2SO3 30%
tretanto, existem algumas exceções. Dentre H3PO4 27% Moderados
os oxiácidos, apenas os hidrogênios ligados HF 8,5%
diretamente aos átomos de oxigênio são io-
nizáveis. Alguns oxiácidos possuem, em sua H2S 0,08%
composição, hidrogênios incapazes de sofre- H3BO3 0,07% Fracos
rem ionização, como o H3PO3 e o H3PO2. HCN 0,008%

Comparando as forças dos hidrácidos

Para comparar a força entre os hidrácidos


de uma série, formados por elementos de
uma mesma família da tabela periódica, é
necessário levar em consideração o raio
atômico desses elementos. No caso da série
dos hidrácidos dos halogênios HF, HCl, HBr e
HI, os átomos de flúor, cloro, bromo e iodo
apresentam raios atômicos diferentes, sen-
do
4.1.3- Quanto à força
Raio F< raio Cl < raio Br < raio I

Para estudarmos a força de um ácido te- Como o raio do iodo é o maior deles, sua
mos que entender o grau de ionização, α. O ligação com H é a mais fraca de todas sen-
grau de ionização mede a razão entre o nú- do, portanto, mais facilmente rompida, ou
mero de estruturas ionizadas e o número seja, o HI é o ácido mais forte. Assim, te-
total de estruturas dissolvidas: mos;

α = nº de estruturas ionizadas HI> HBr> HCl> HF


_______________________
nº total de estruturas dissolvidas Comparando a força dos oxiácidos

Essa relação denominada grau de ioniza- Para determinar a força de um oxiácido


ção também pode ser expressa em termos pode-se aplicar a seguinte regra:
percentuais: = 0 ( Fraco)
α % = α . 100 = 1 (Moderado)
Ácidos fortes: Apresentam grau de ioni- Nº de O – nº de H
=2 ( Forte)
zação igual ou superior a 50%.
=3 ( Muito forte)
120
fi
DICA: A terminação ico corresponde ao
HClO: 1-1 = 0 (Fraco) NOx máximo, que é indicado pela coluna em
HNO2: 2-1 = 1 (Moderado) que o elemento se encontra.
H2SO4: 4-2= 2 (Forte)
HClO4: 4-1 = 3 (Muito forte) H2SO4 : O átomo central é o enxofre, que
se encontra na coluna VIA, logo, o seu NOx
Cuidado! Essa regra não é válida para o máximo é 6+, que corresponde à termina-
H2CO3 que é fraco, uma vez que sofre de- ção ico. Na estrutura acima, o NOx do S é
composição, diminuindo a quantidade de 6+. Assim, a nomenclatura dessa estrutura
moléculas que podem sofrer ionização. é ácido sulfúrico.

No caso da série HClO, HClO2, HClO3 e HNO2: O átomo central é o nitrogênio,


HClO4, podemos comparar a força pelo nú- que se encontra na coluna VA, cujo NOx
mero de oxigênios presentes na estrutura. máximo é 5+. Nessa estrutura o NOx do N é
Quanto maior o número de oxigênios, mais 3+, logo, não corresponde ao valor máxi-
forte é o ácido. Um maior número de oxigê- mo. Assim, a sua nomenclatura é ácido ni-
nios torna a ligação OH mais polarizada na troso.
direção do oxigênio, o que enfraquece essa
ligação, aumentando a força do ácido. Para os ácidos formados pelos elementos
da coluna VIIA, que apresentam 4 valores
Para a série HClO, HBrO e HIO, a força do de NOx ( 1+, 3+, 5+ e 7+), deve-se seguir
ácido será determinada pelo átomo central. a seguinte determinação:
Quanto mais eletronegativo esse átomo for,
mais forte será o ácido, já que a ligação OH
Per __________________ ico (7+)
será mais polarizada.
Assim, HClO > HBrO > HIO.
Nome do elemento

4.2- Nomenclatura __________________ ico (5+)


Ácido
Nome do elemento
4.2.1- Hidrácidos
__________________oso (3+)
Para nomear os hidrácidos deve-se utili-
zar a palavra ácido seguido do nome do
Nome do elemento
elemento com a terminação ídrico
Hipo ________________ oso (1+)
Ácido _________________ ídrico
Nome do elemento

HCl: ácido clorídrico


HF: ácido fluorídrico
HBr: ácido bromídrico HClO: ácido hipocloroso
HI: ácido iodídrico HClO2: ácido cloroso
HCN: ácido cianídrico HClO3: ácido clórico
H2S: ácido sulfídrico HClO4: ácido perclórico

4.2.2- Oxiácidos
4.3- Principais ácidos do cotidi-
Para nomear os oxiácidos, deve-se de- ano
terminar o NOx do átomo central e seguir a
seguinte regra: Ácido fosfórico (H 3PO4)
Maior NOx: terminação ico É utilizado como aci-
Menor NOx: terminação oso dulante em produtos
alimentícios, tais como
Assim, utiliza-se a palavra ácido seguido refrigerantes. É empre-
do nome do átomo central com a termina- gado como matéria-pri-
ção indicada acima. ma na fabricação de fer-
tilizantes.

121
Ácido clorídrico (HCl)
5.Bases ou hidróxidos
É encontrado no suco gástrico do estô-
mago. Segundo Arrhenius, bases
O ácido impuro é vendido no comércio ou hidróxidos são todos os
com o nome ácido muriático. É usado na compostos que, por dissocia-
limpeza de edifícios após a sua caiação, ção aquosa, originam, como
para remover os respingos de cal. É usado único ânion, o íon hidróxido,
na limpeza de superfícies metálicas antes da OH-.
soldagem dos respectivos metais. A maioria das bases é
composta por metais ligados
ao íon hidróxido, sendo o hi-
dróxido de amônio, NH4OH, a
base não metálica inorgânica mais impor-
tante.

NaOH (s) →Na+ (aq) + OH- (aq)


Mg(OH)2 (s) → Mg2+(aq) + 2OH-(aq)

Todos os íons hidróxidos das bases so-


frem dissociação.

Ácido sulfúrico (H 2SO4)


5.1- Classificação das bases
5.1.1 Quanto ao número de íons hi-
dróxidos

Monobases: são aquelas que apresen-


tam apenas um íon hidróxido por unidade
estrutural.

Exemplos: NaOH, KOH, NH4OH


É o ácido mais importante na indústria e
no laboratório. O poder econômico de um Dibases: apresentam dois íons hidróxi-
país pode ser avaliado pela quantidade de dos por unidade estrutural.
ácido sulfúrico que ele fabrica e consome.
Exemplos: Ca(OH)2, Mg(OH)2
O maior consumo de ácido sulfúrico é na
fabricação de fertilizantes, tais como os su- Tribases: apresentam três íons hidróxi-
perfosfatos e o sulfato de amônio. dos por unidade estrutural.

É ácido dos acumuladores de chumbo Exemplos: Al(OH)3, Fe(OH)3


(baterias) usados nos automóveis.
Tetrabases: Apresentam 4 íons hidróxi-
O ácido sulfúrico concentrado tem ação dos por unidade estrutural.
corrosiva sobre os tecidos dos organismos
vivos também devido à sua ação desidratan- Exemplos: Sn(OH)4, Pb(OH)4
te. Produz sérias queimaduras na pele e,
por isso, é necessário extremo cuidado ao 5.1.2- Quanto à solubilidade em água
manuseá-lo.
Solúveis: Hidróxido de amônio (NH4OH)
e as bases formadas pelos íons dos metais
da família IA.

Exemplos: NaOH, KOH

Parcialmente solúveis: Hidróxidos for-


mados por íons dos metais da família IIA.
122
Exemplos: Ca(OH)2 e Ba(OH)2 Hidróxido de _________________________

Insolúveis: Demais hidróxidos Nome do cá on ligado ao ânion

Exemplos: CuOH e Fe(OH)3


5.3- Nomenclatura das bases
5.1.3 – Quanto ao grau de dissociação Para nomear uma base, escreve-se a pa-
(α) lavra “hidróxido” seguida da preposição de e
do nome do cátion ligado ao ânion.
A força de uma base está ligada à sua
solubilidade. Bases mais solúveis são disso- Exemplos:
ciadas em maior grau e, portanto, os ânions NaOH: Hidróxido de sódio
hidróxidos e os cátions se desprendem da Ca(OH)2: Hidróxido de cálcio
rede iônica mais facilmente. Como a condu-
tividade se relaciona com a quantidade de Quando o cátion possui mais de um NOx,
íons em solução, quanto maior for a força devemos escrever, após o nome do elemen-
da base, maior também será a condutivida- to em algarismo romano, o NOx do mesmo.
de elétrica da solução.
Exemplos:
Bases fortes: Possuem α > 50%. São os Fe(OH)2: Hidróxido de ferro (II)
hidróxidos das famílias 1 (IA) e 2 (IIA), que Fe(OH)3: Hidróxido de ferro (III)
constituem bases de natureza iônica. Uma
exceção importante é o Mg(OH)2, que usada OBS.: Pode-se utilizar a terminação OSO
para combater a acidez estomacal. para o menor NOx e ICO para o maior NOx

Fe(OH)2: Hidróxido ferroso


Fe(OH)3: Hidróxido férrico
CuOH: Hidróxido cuproso
Cu(OH)2: Hidróxido cúprico

5.4- Principais Bases do cotidia-


no
Hidróxido de sódio
Bases fracas: Possuem α < 50%. São
(NaOH)
todos os demais hidróxidos, tais como
Al(OH)3, Fe(OH)2 e Zn(OH)2, que são bases
Popularmente conhe-
de baixa solubilidade.
cido como soda cáus-
tica.
5.2 – Formulação das bases É a base mais impor-
tante nas indústrias e
nos laboratórios químicos, sendo produzida
e consumida em larga escala. É usada na
As bases são formadas por cátions e pelo fabricação de sabão e glicerina.
ânion hidróxido, OH-. A carga da espécie É muito utilizada na limpeza doméstica,
positiva deverá determinar a quantidade de para desentupir pias. Como é muito corrosi-
íons hidróxido de uma base de forma que a va, é preciso muito cuidado
carga total da unidade estrutural formada ao manuseá-la.
seja nula.
Hidróxido de magnésio
Exemplo: (Mg(OH)2)

É conhecido como leite de


magnésia, sendo usado como antiácido es-
tomacal, neutralizando o ácido clorídrico,
conforme a reação descrita a seguir:

Mg(OH)2(aq)+2HCl(aq)→MgCl2(aq)+ 2H2O(l)

123
ti
Hidróxido de cálcio (Ca(OH) 2) Terminação do ácido Terminação do ânion
no sal
É popularmente conhecida por cal hidrata
ou cal extinta. ico ato
ídrico eto
oso ito

Dessa forma, teremos:

É obtida pela reação da cal viva ou cal FeSO4 : sulfato de ferro (II) ou sulfato
virgem, CaO, com a água. É o que fazem os ferroso
pedreiros ao preparar a argamassa. Derivado do ácido sulfúrico (H2SO4)

CaO(s) + H2O (l) → Ca(OH)2(aq) CaCl2: cloreto de cálcio


Derivado do ácido clorídrico (HCl)
6.Sais KNO3: nitrato de potássio
Derivado do ácido nítrico (HNO3)
São compostos iônicos obtidos através da
reação de neutralização entre um ácido e BaSO3: sulfito de bário
uma base. Derivado do ácido sulfuroso (H2SO3)

Ácido + Base → Sal + H2O Observações:


Sais que apresentam um hidrogênio ioni-
HCl(aq) + NaOH(aq) → NaCl(aq) + H2O(l) zável podem apresentar o prefixo mono-hi-
Ácido base sal água drogeno substituído por bi.

NaHCO 3: hidrogenocarbonato de sódio


De acordo com a ou bicarbonato de sódio
definição de Ar-
rhenius, sais são
compostos iônicos,
6.2 – Comportamento dos sais
passíveis de se Os sais ao se dissolverem em água po-
dissociarem em dem originar soluções ácidas, neutras ou
água, gerando básicas. Os íons produzidos na dissociação
pelo menos um de um sal podem reagir com a água, fenô-
cátion diferente de meno denominado hidrólise salina. De uma
H3O+ e um ânion maneira mais simples, o caráter de um sal
diferente de OH-. está relacionado com o ácido e a base que o
Os sais solúveis deram origem.
em água formam soluções eletrolíticas.
Ácido forte + base forte sal de ca-
ráter neutro
6.1- Nomenclatura dos sais
A nomenclatura para cada um dos sais Ácido forte + base fraca sal de ca-
pode ser obtida a partir da nomenclatura ráter ácido
dos ácidos e das bases que lhe deram ori-
gem. Como regra geral, podemos considerar Ácido fraco + base forte sal de ca-
que o nome do sal é obtido considerando: ráter básico

Exemplos:
Nome do ânion + de + nome do cá on
( ácido) (base) NaCl (HCl: acido forte; NaOH: base for-
te): sal neutro;
CuSO 4 (H 2 SO 4 : ácido forte; Cu(OH) 2 :
base fraca): sal ácido;
As terminações dos ânions estão relacio-
Na 2 CO 3 : (H 2 CO 3 : ácido fraco; NaOH:
nadas com as terminações do ácido da se-
base forte): sal básico.
guinte forma:
124
ti
6.3- Solubilidade dos sais 1º caso: Mistura de KNO3 e NaCl
A solução aquosa de KNO 3 libera os íons
É importante conhecermos a solubilidade
K+ e NO3- e a solução aquosa de NaCl libera
em água das substâncias que participam de
os íons Na+ e Cl-. A transformação química
uma reação química, pois ao escrevermos a
ocorrerá se ao trocarmos os íons formarmos
equação dessa reação, é fundamental que
compostos insolúveis em água. Assim, te-
saibamos a fase de agregação que as espé-
remos KCl e NaNO3. Como ambos são solú-
cies químicas que reagem e que são forma-
veis em água, conclui-se que não houve
das se encontram.
uma reação química ao misturamos essas
A tabela a seguir mostra as regras de so-
duas soluções.
lubilidade para os sais.
2º caso: Mistura de KCl e AgNO3
Espécie Regra geral Exceção A solução aquosa de KCl libera os íons K +
e Cl- e a solução de AgNO3 libera os íons
Nitratos (NO3-) Solúveis
Ag+ e NO3-. A transformação química ocor-
Cloretos (Cl-) rerá se ao trocarmos os íons formarmos
Brometos (Br-) Solúveis Ag+, Hg22+ e Pb2+ compostos insolúveis em água. Assim, te-
Iodetos (I-) remos KNO3 e AgCl. Como o AgCl é insolúvel
em água, observamos a formação de um pó
Fluoretos (F-) Insolúveis Ag+, NH4+ e alca- esbranquiçado, o que concluímos que houve
linos uma transformação química representada
pela equação abaixo:
Alcalinos, NH4+,
Hidróxidos (OH-) Insolúveis Ca2+(*), Sr2+(*) e AgNO3(aq) + KCl(aq) →AgCl(s) + KNO3 (aq)
Ba2+(*)
Sulfetos (S2-) Insolúveis NH4+, alcalinos e
alcalinoterrosos
Sulfatos (SO42-) Solúveis Ca2+(*), Sr2+(*) e
Ba2+(*), Pb2+, Ag+
(*) e Hg22+
Fosfatos (PO43-)
Carbonatos (CO32-)
Sul tos (SO32-) Insolúveis NH4+ e alcalinos
Oxalatos (C2O42-)
Compostos de
metais alcalinos e Solúveis KClO4 6.4 – Principais sais no cotidiano
compostos de
Cloreto de sódio – NaCl
amônio
O NaCl apresenta uso
(*) Parcialmente solúveis doméstico no processo
de salga da comida e
6.3.1- Prevendo a ocorrência de uma na conservação de
reação alimentos (carnes e
pescados).
O conhecimento da solubilidade dos com- Na alimentação huma-
postos possibilita prever a ocorrência ou não na, é importante que
de uma reação química ao misturar soluções contenha pequenas
salinas. concentrações de compostos iodados, com-
postos esses difíceis de serem encontrados
Ao se misturar duas soluções salinas, naturalmente, sendo que sua carência me-
deve-se verificar se ao trocar os íons de tabólica pode acarretar problemas de tireoi-
uma solução com a outra forma um compos- de, por isso ao sal de cozinha é adicionado
to insolúvel em água. Caso seja formado um iodo. Entretanto, o excesso de NaCl no or-
composto insolúvel em água, significa que ganismo causa diversos problemas, muitos
houve uma reação química. derivados do aumento da pressão arterial.

O NaCl também está presente na com-


posição do soro fisiológico, o qual deve es-
125
fi
tar na concentração de 0,9 % para que
apresente pressão osmótica isotônica à san-
guínea.

Historicamente o NaCl, ou apenas sal,


estaria diretamente ligado à etimologia da
palavra salário, a qual “é derivada do latim
salarium argentum, que significa ‘pagamen- O gesso é uma variedade de CaSO4 di-
to em sal’”. Isso porque os soldados roma- hidratado, muito usado em ortopedia e
nos eram remunerados por uma iguaria construção civil.
muito cara, a qual podia ser trocada por
bens diversos; essa iguaria era o sal. Além
disso, essa substância servia como um im- 7.Óxidos
portante e quase insubstituível conservante
alimentar para a época. Atualmente, o NaCl
São compostos binários em que o oxigê-
é obtido da água do mar, onde está presen-
nio é o elemento mais eletronegativo.
te em concentração média de 26g/L, pro-
cesso esse conhecido por salinas, ou de mi-
Exemplos: CO2,CO,H2O,CaO,Na2O,ZnO.
nas subterrâneas, conhecidas por sal-ge-
mas.
Importante!
Nitrato de sódio (NaNO3)
Os compostos OF2 e O2F não são classi cados como
O salitre do Chile como é conhecido o ni-
trato de sódio é utilizado como fertizante de óxidos, e sim uoretos, uma vez que, nesses casos, o
alta pureza e solubilidade. É usado também úor é o elemento mais eletronega vo.
para conservar a cor dos alimentos.
7.1- Classificação dos óxidos
Carbonato de sódio (Na2CO3)
Os óxidos podem ser classificados quanto
ao tipo de ligação, ao comportamento quí-
O produto comercial impuro é vendido mico e à estrutura.
com o nome de barrilha ou soda
Sua maior aplicação é na fabricação do
7.1.1- Quanto ao tipo de ligação
vidro comum, mas também pode ser em-
pregado na fabricação de sabões
Óxidos iônicos: São compostos que exi-
bem predominantemente ligações iônicas.
Bicarbonato de sódio (NaHCO3) Ocorre quando o oxigênio se liga a metais
com baixa eletronegatividade.
É utilizado como an-
tiácido estomacal. Neu- Exemplos: CaO, Na2O, Fe, Fe2O3
traliza o excesso de HCl
no suco gástrico, con- Óxidos moleculares: São formados por
forme representado pela átomos cuja eletronegatividade é próxima a
seguinte reação: do oxigênio, geralmente ametais, exibindo
ligações covalentes, que levam à formação
de compostos moleculares.
NaHCO3(aq) + HCl(aq) → NaCl(aq) + H2O(l) + CO2(g)
Exemplos: CO2, CO, NO, H2O
Participa da composição do fermento. O
crescimento da massa é devido à liberação Óxidos covalentes: Os átomos se unem
do CO2, ocasionado pela sua decomposição através de ligações covalentes, formando
sob aquecimento, conforme a reação abai- uma macroestrutura constituída de um nú-
xo: mero indefinido de átomos. Não há a forma-
ção de moléculas.
2NaHCO3(s) → Na2CO3(s) + H2O(l) + CO2(g)
Exemplos: (SiO2)n e (BeO)n
Sulfato de cálcio (CaSO 4)
É matéria-prima do giz usado nas esco-
las.

126
fl
fl
ti
fi
7.1.2- Quanto ao comportamento Óxidos anfóteros: Comportam-se como
químico ácidos ou como bases em reações de neu-
tralização, dependendo do meio em que se
Óxidos básicos: são óxidos que atuam encontram. Entretanto, não reagem com
como base neutralizando ácidos e quando água.
dissolvidos em água formam bases ou hi-
dróxidos. Os elementos ligados ao oxigênio Exemplos: ZnO, Al2O3, SnO, SnO2, PbO2,
apresentam baixos valores de NOx (1+, 2+ PbO
ou 3+).
Óxidos neutros ou indiferentes: Trata-
Exemplos: Na2O, CaO e FeO se de óxidos gasosos de ametais que não
reagem com água, ácidos ou bases.
Os óxidos básicos são poucos solúveis em
água, exceto os da coluna IA e IIA. Apre- Exemplos: CO, NO, N2O
sentam elevadas temperaturas de fusão e
ebulição. IMPORTANTE:
Quando um metal originar vários óxidos,
As reações envolvendo os óxidos básicos o caráter de cada óxido formado será de-
são: terminado de acordo com a variação do NOx
do metal
Óxido básico + água → Hidróxido
K2O(s) + H2O(l) → 2KOH(aq)

CaO(s) + H2O(l) → Ca(OH)2 (aq)

Óxido básico + ácido → sal + água


K2O(s) +2 HCl(l) → 2KCl(aq) + H2O(l)

CaO(s) + H2SO4(aq) → CaSO4(aq) + H2O(l)

Óxidos ácidos ou anidridos: compor-


tam-se como ácidos neutralizando bases e
reagem com água produzindo ácidos. São
formados por ametais ou por metais de ele-
vados valores NOx (6+ ou 7+). 7.1.3 – Quanto à estrutura

Exemplos: SO2, SO3, CO2, MnO3, CrO3, Óxidos duplos, mistos ou salinos: São
Mn2O7, P2O5. aqueles formados pela associação de dois
outros óxidos do mesmo elemento.
As reações envolvendo os óxidos ácidos
são: Fe3O4: FeO + Fe2O3
Pb3O4: PbO + Pb2O3
Óxido ácido + água → ácido
Peróxidos: São óxidos em que o oxigê-
SO3(g) + H2O (l) → H2SO4(aq) nio apresenta NOx igual à -1. Esses óxidos
apresentam a seguinte estrutura:
CO2(g) + H2O (l) → H2CO3 (aq)

Óxido ácido + base → sal + água


SO3(g) + 2NaOH(aq) →Na2SO4(aq) + H2O(l) Exemplos: H2O2, Na2O2, CaO2

CO2(g) + Ba(OH)2(aq) → BaCO3(s) + H2O(l) Os peróxidos de maior importância são os


formados por metais alcalinos e metais alca-

127
linosterrosos. Isso ocorre pelo fato de o 7.3- Principais óxidos no cotidi-
ânion O22- ser um forte agente oxidante e
de os metais apresentarem grande tendên- ano
cia em perder seus elétrons de valência, fa- Óxido de cálcio (CaO)
vorecendo a união desses íons.
É um sólido branco, com temperatura de
fusão bastante elevada, obtido pela decom-
7.2- Nomenclatura dos óxidos posição térmica do calcário (CaCO3), con-
forme representado pela seguinte reação:

7.2.1- Óxidos metálicos CaCO3(s) → CaO(s) + CO2(g)

Popularmente, é conhecido como cal viva


Óxido ácido de ________________ ou cal virgem. Como apresenta um caráter
nome do elemento básico, é muito utilizado para corrigir o pH
do solo.

Exemplos:
Na2O: óxido de sódio
MgO: óxido de magnésio

Para metais com mais de um NOx, deve-


se acrescentar, ao término do nome, o NOx
correspondende ao cátion, em algarismo
romano e entre parênteses.

FeO: óxido de ferro (II) Dióxido de carbono (CO2)


Fe2O3: óxido de ferro (III)
É um gás inodoro e insípido, que pode ser
Pode-se usar também a terminação –oso- produzido por diversas reações químicas.
para o menor NOx e –ico- para o maior Em nosso processo respiratório, por exem-
NOx: plo, o gás oxigênio é absorvido do ar e jun-
tamente com a glicose (C6H12O6) é converti-
FeO: óxido ferroso do em CO2 e água.
Fe2O3: óxido férrico

7.2.2 – Óxidos moleculares

Óxido ácido de ________________ (NOx)


nome do elemento

CO2: óxido de carbono (IV)


SO3: óxido de enxofre (VI)

Outra nomenclatura bastante usada é ba- Os processos de fermentação alcoólica e


seada na utilização de prefixos (mono, di, lática também levam à formação desse gás.
tri, tetra,...) para indicar a quantidade de
átomos de cada elemento que forma o óxi-
do.

CO2: dióxido de carbono


SO3: trióxido de enxofre
N2O5: pentóxido de dinitrogênio

128
O dióxido de carbono também pode ser
obtido na forma sólida, conhecido popular-
mente como gelo-seco. Este sublima e, para
tal, precisa absorver energia do meio cir-
cundante.

129
CÁLCULOS QUÍMICOS Lembrando que molécula é um agrupa-
mento de átomos, resultado da ligação co-
valente entre eles, a massa de uma molécu-
1.Grandezas químicas la em unidades de massa atômica, ou mas-
sa molecular, é igual à soma das massas
atômicas dos átomos que a compõem.
Existem diferentes ma-
neiras de nos referir- Observe o exemplo da glicose, com fór-
mos à quantidade de mula C6H12O6
uma mesma amostra de
matéria. Em nossas ati- C: 6 • 12 = 72u
vidades diárias, usamos normalmente mas- H: 12 • 1 =12u
sa e volume. Também podemos fazer uso do O: 6 • 16=96u
número de partículas elementares, átomos e
moléculas, e da quantidade de matéria. A massa molecular da glicose é: 72 + 12
+ 96 =180 u.
Mas como contar átomos e moléculas se
suas dimensões são extremamente reduzi-
das e nem mesmo conseguimos enxergá- 1.2- Constante de Avogadro
los? A solução foi estabelecer relações
usando as massas dos próprios átomos. Por meio de estudos, alguns químicos
calcularam o número de Avogadro, número
Para relacionar massas de átomos, é pre- muito grande (6,022 • 1023) que indica a
ciso, antes de tudo, escolher um padrão que quantidade de átomos que temos de “pesar”
seja compatível com as dimensões atômi- para termos uma massa numericamente
cas. O padrão utilizado atualmente é o áto- igual à massa atômica do elemento, só que
mo de carbono de número de massa 12 em gramas.
(12C).
Para facilitar os cálculos, costuma-se
Estabeleceu-se que a usar a constante de Avogadro com o va-
massa atômica do carbo- lor 6 .1023.
no-12 (lembre-se, 12 é o
número de massa desse
átomo) corresponde a 12 1.3- Mol e Quantidade de Maté-
unidades de massas atô- ria
micas, simbolizadas por u.
Isso quer dizer que uma
A expressão “quantidade de matéria” está
unidade de massa atômica
se referindo, exclusivamente, ao número de
1(u) corresponde a 1/12 da massa do áto-
partículas de certa amostra de matéria. Foi
mo de carbono de número de massa 12.
criada uma unidade de medida especial para
a grandeza quantidade de matéria: o mol.
Em termos práticos, a unidade de massa
A definição oficial dessa unidade é:
atômica indica quantas vezes a massa de
um átomo é maior que 1/12 da massa do
Mol é a quantidade de matéria de um
átomo do carbono-12.
sistema que contém tantas unidades
elementares quantos são os átomos
contidos em 12 gramas de carbono-12.
1.1- Massa atômica e Massa mo-
lecular Assim, pode-se concluir que:

No cálculo das massas atômicas dos ele- 1 mol contém 6 . 1023 unidades ele-
mentos, devemos considerar todos os seus mentares
isótopos e, ainda, a porcentagem de ocor-
rência de cada um na natureza. Ao usarmos o termo mol, devemos espe-
cificar quais são as entidades elementares:
Os valores tabelados de massas atômicas átomos, moléculas, íons, elétrons ou outras
dos elementos correspondem à média pon- partículas.
derada das massas atômicas de todos os
seus isótopos.

130
Veja os exemplos: Exercícios – Parte 1

a) 1 mol de átomos de hidrogênio corres- 1. Siga o modelo


ponde a 6.1023 átomos de hidrogênio;
b) 1 mol de moléculas de água corres- Au: MA=197u
ponde a 6.1023 moléculas de água. Quan dade de Número de Massa (gramas)
1.4-Mol e Massa Molar matéria (mol) átomos

1 mol 6X1023 átomos 197 g


A unidade mol tem como símbolo o pró-
prio nome, ou seja, mol. E, como qualquer 0,1 mol 6X1022 átomos 19,7 g
outra unidade, símbolo não tem plural; po- 2 mol 1,2x1024átomos 394g
demos escrever que existem 10 mol de
água ou que a quantidade de matéria é 0,5 mol 3X1023 átomos 98,5g
igual a 10 mol.
Cu: MA= ______
Da mesma forma que não se pergunta
qual o número de gramas existentes em um Quan dade de Número de Massa (gramas)
sistema, mas sim qual é a massa existente, matéria (mol) átomos
também devemos perguntar qual a quanti-
1 mol
dade de matéria existente em um sistema,
não qual o número de mols. 0,1 mol

A massa, em gramas, que contém um 0,5 mol


mol de partículas é chamada massa molar e 2 mol
tem como unidade g/mol.
10 mol
Massa molar (M) de uma substância é a
massa, em gramas, de uma amostra que
S: MA= ______
contém 1 mol de partículas dessa substân-
cia, isto é, 6.1023 partículas. Quan dade de Número de Massa (gramas)
matéria (mol) átomos
Exemplos:
1 mol
Número de Par- Massa Molar
culas 0,1 mol

Átomos de hi- 6.1023 átomos 1 g/mol 0,5 mol


drogênio
3 mol
Moléculas de 6.1023 moléculas 18 g/mol 20 mol
água

2. Siga o modelo
Antes de começarmos a treinar lembre-se
de algumas equivalências de unidades para H2SO4: MM= 2(1) + 1(32) + 4(16)= 98u
massa e volume que você vai precisar.
Quan dade de Número de molé- Massa (gramas)
matéria (mol) culas

1 mol 6x1023 moléculas 98 g


0,1 mol 6x1022moléculas 9,8g
0,5 mol 3x1023moléculas 49g
2 mol 1,2x10 24 molécu- 196g
las
10 mol 6x1024moléculas 980g

131

ti
ti
ti
ti
HCl: MM= ________________
Quan dade de Número de mo- Massa (gramas)
matéria (mol) léculas

1 mol
0,1 mol
0,5 mol
7. Se um dentista usou em seu traba-
3 mol lho 30 mg de amálgama de prata,
cujo teor de prata é de 72 % (em
20 mol
massa), o número de átomos de pra-
ta que seu cliente recebeu em sua
SO2: MM= __________________ arcada dentária é de , aproximada-
Quan dade de Número de mo- Massa (gramas) mente:
matéria (mol) léculas

1 mol
0,1 mol
0,5 mol
2 mol 8. Uma liga metálica formada por:
10 mol • 1,5 mol de átomos de Au
• 4X1023 átomos de Cu
3. DETERMINE o número de átomos • 42,3g de Ag
em 10,8g de prata (Ag). Determine a massa, em gramas da mis-
tura:

4. Determine a massa, em gramas,


de 3x1022 moléculas de HNO3 9. Linus Pauling, Prêmio Nobel da Quí-
mica e da Paz, faleceu aos 93 anos. Era
um ferrenho defensor das propriedades
terapêuticas da vitamina C. Ingeria dia-
riamente cerca de 2,1. 10-2 mol dessa
vitamina.
Quantas vezes, aproximadamente, a dose
ingerida por Pauling é maior que a reco-
5. Determine a quantidade de matéria, mendada?
em mol, de 11,7g de NaCl. (A dose diária recomendada de vitamina
C (C6H8O6) é 62 mg.)

6. Num determinado tratamento de água,


utilizou-se 0,355 mg de cloro (Cl2 ) por
litro de água. O número de moléculas de
cloro utilizadas por litro foi de:

132
ti
ti
10. A mistura formada por 50,0 g nitrato
de sódio, 3,0.1024 átomos de carbono e
0,5 mol de átomos de enxofre tem mas-
sa, em gramas, igual a:

15. Um recipiente contém 3,01X1026 mo-


léculas de água no seu interior. Admi-
tindo-se que só exista água nesse reci-
piente, calcule o número de átomos de
hidrogênio e o de oxigênio presente.
11. 3,0. 1023 moléculas de certa substân-
cia A tem massa igual a 14g. A massa
molar (g/mol) de A é:

1.5- Volume molar


12. A análise da vitamina B12 (cianocoba- É o volume ocupado por um mol de qual-
lamina) mostra que ela é constituída de quer substância a uma determinada tempe-
4,34% de cobalto. Quantos átomos de ratura e pressão. O volume molar apresenta
cobalto existem em 1,0 g de vitamina uma maior importância no estudo dos ga-
B12? Dado: MA (Co) = 59. ses; por isso daremos ênfase ao cálculo do
volume molar para gases.

Nas mesmas condições de pressão e de


temperatura, o volume molar de qualquer
gás é sempre o mesmo. Particularmente nas
CNTP (condições normais de temperatura e
pressão: 0 ºC e 1 atm ou 1,01325x105 Pa),
1 mol de qualquer gás ocupa um volume de
13. O acetileno, C2H2, é um gás usado 22,4 L.
como combustível em maçaricos para
soldar metal. Um serralheiro comprou Mais recentemente, a IUPAC alterou o
um bujão de acetileno, no qual há 13kg valor da pressão nas CNTP, de modo que os
dessa substância. Determine o número seus novos valores são: 0 ºC e 1 bar
de moléculas do gás compradas pelo (1,0x105 Pa); e o novo valor do volume mo-
serralheiro. lar passou a ser 22,71 L.

Para quaisquer valores de temperatura e


de pressão, podemos calcular o valor do vo-
lume molar por meio da equação de Clapey-
ron para os gases ideais.

PV=nRT
14. A gasolina é uma mistura de muitas
substâncias diferentes, a maioria das Exercícios- Parte 2:
quais é constituída apenas pelos ele-
mentos carbono e hidrogênio. O octano, Considere o volume molar dos gases nas
uma dessas substâncias, tem moléculas CNTP igual a 22,4 L.
com oito átomos de carbono e dezoito
de hidrogênio. Em um litro de gasolina 1. Qual é o volume ocupado por 0,75
há 22,8g de octano. Determine o núme- mol de gás nitrogênio nas condições
ro de moléculas de octano presente em normais de temperatura e pressão
um litro de gasolina. (CNTP)?
133
2. Qual é o volume ocupado por 64g de
gás oxigênio nas condições normais de 1.6- Balanceamento de equações
temperatura e pressão? químicas
Em uma reação química, os átomos ape-
nas se recombinam. Então, os átomos não
são destruídos e nem formados, a massa de
reagentes é sempre igual à dos produtos.
Dessa forma, o número de átomos no rea-
gente é igual o número de átomos do pro-
3. Um balão meteorológico foi preenchi- duto.
do com gás hidrogênio, H2, que está a
1,5atm e 20ºC e ocupa 8m3. Sabendo
que nessas condições de pressão e tem- Exercício- Parte 3
peratura, o volume molar dos gases é
16L. Determine a quantidade de maté- Balanceie as seguintes reações:
ria, em mol, e a massa de hidrogênio
dentro desse balão. __H2SO4 + __NaOH → __Na2SO4+ __H2O

____SO2 +____ O2 → ____SO3

__H3PO4+__Ca(OH)2→_Ca3(PO4)2+ __H2O

____Fe + ____ O2 →____ Fe2O3

__Pb(NO3)2+__KI→__KNO3 + __PbI2

___C2H5OH+ __O2→ __CO2 + __H2O


4. Determine o volume ocupado por 64g
de ozônio, O3, nas CNTP.

5. Uma amostra de gelo seco, dióxido de


carbono (CO2) sólido, sublima e, uma vez
no estado gasoso, é colocada em um re-
cipiente fechado de 1L, temperatura de
27ºC e pressão 1,23atm. Determine a
quantidade de matéria, em mol, desse
gás nestas condições.
Dado: R= 0,082 atm.L/K.mol

134
CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRI- 1CO2 + 1H2O ! 1H2CO3
CO
1 mol Reage 1 mol formando 1 mol
com
O termo estequiometria deriva do grego
stoicheion = ‘elemento’, e metron = ‘medi- 6.1023 mo- Reage 6.1023 formando 6.1023
da’. A estequiometria consiste nos cálculos léculas com moléculas moléculas
da quantidade (em massa, volume, quanti- 44 g/mol Reage 18 g/mol formando 62 g/mol
dade de matéria, número de átomos e de com
moléculas) de reagentes e de produtos das
reações químicas. Portanto, os coeficientes indicam também
a proporção em quantidade de matéria
Esses cálculos fundamentam-se no fato (mol) das substâncias envolvidas na reação;
de que a proporção da quantidade de maté- 1 mol de CO2 reage com 1 mol de H 2O para
ria entre reagentes e produtos, numa rea- formar 1 mol de H2CO3.
ção, é constante e é dada pelos coeficientes
estequiométricos.
Exercícios – Parte 4
1- Executando um cálculo este-
quiométrico 1. Siga o modelo
O ponto de partida para a realização de N2(g) + 3H2(g) → 2NH3(g)
todo e qualquer cálculo estequiométrico é a
Quan dade de 1 mol 3 mol 2 mol
equação química; por isso, ela tem de ser
fiel à transformação ocorrida. Devemos es- matéria
crever corretamente as fórmulas das subs- M a s s a ( g ra- 28 g 6g 34g
tâncias participantes da reação, bem como mas)
seus coeficientes de balanceamento — toda
equação química deve estar balanceada, N ú m e r o d e 6X1023 1,8X1024 1,2X1024
isto é, a quantidade total de átomos dos re- moléculas
agentes deve ser igual à quantidade total de
átomos dos produtos, o que garante a con- V o l u m e 22,4L 67,2L 44,8L
servação das massas (lei de Lavoisier). (CNTP)
C2H6O(g)+3 O2(g) → 2CO2(g)+3H2O(g)
Os coeficientes indicam a proporção em
número de moléculas entre as substâncias Quan dade
que reagem e que se formam na reação de matéria
química. No entanto, pode-se dar uma outra
dimensão aos coeficientes. M a s s a
(gramas)
Observe a reação abaixo: Número de
moléculas
1CO2 + 1H2O ! 1H2CO3
Volume
(CNTP)
1 molécula reage com 1molécula
formando 1 molécula 2. O ácido fosfórico é produzido por
meio da reação entre ácido sulfúrico
Essa reação pode ser, também, interpre- e apatita, Ca3(PO4)2, de acordo com a
tada com relação à quantidade de matéria, reação a seguir:
ao número de moléculas e à massa.
Ca3(PO4)2(aq) + 3 H2SO4(aq) → 2H3PO4(aq) + 3CaSO4 (aq)

a) Determine a quantidade de matéria,


em mol, de ácido sulfúrico e apatita são
necessários para a produção de 10 mol
de ácido fosfórico.

135
ti
ti
2C + O2 → 2CO (equação 1)
Fe2O3 + 3CO → 2Fe + 3CO2 (equação 2)

Sabendo que o monóxido de carbono


formado na primeira reação é consumido na
segunda, calcule a massa de carvão neces-
sária para produzir 1 kg de ferro metálico.
(Dado: M.A.: C = 12; O =16; Fe = 56)

b) O sulfato de cálcio é empregado na Nesse caso temos de fazer o CO (subs-


elaboração de massa corrida para pare- tância comum às duas reações) apresentar
des e na fabricação de giz. Determine a o mesmo coeficiente de balanceamento nas
massa, em gramas, de sulfato de cálcio duas etapas envolvidas.
produzido durante a produção de 10 mol
de ácido fosfórico. Para isso devemos:
• multiplicar a equação (1) por 3;
• multiplicar a equação (2) por 2;
• somar as equações e cancelar as subs-
tâncias em comum (nesse caso, o CO).

(1) 6C + 3O2 à 6CO


(2) 2Fe2O3 + 6CO à 4Fe + 6CO2
(total) 6C + 3O2 + 2Fe2O3 à 4Fe + 6CO2

6 mol 4 mol
6 • 12 g 4 • 56 g
03-Dada a equação química não balance- X __________1 kg
ada: x — 0,32 kg
Na2CO3 + HCl → NaCl + CO2 + H2O
Portanto, precisaremos de, aproximada-
DETERMINE a massa de carbonato de só- mente, 0,32 kg de carvão para 1 kg de ferro
dio que reage completamente com 0,25 produzido.
mols de ácido clorídrico.
Exercício – Parte 5

1. Em 2,8 kg de óxido de cálcio,


também conhecido como “cal
virgem”, foi adicionada água, for-
mando hidróxido de cálcio, usado
para pintar uma parede. Após a sua
aplicação, transformou-se numa ca-
mada dura, pela reação química com
gás carbônico existente no ar, for-
mando carbonato de cálcio.

CaO + H2O → Ca(OH)2


2- Cálculos Estequiométricos Ca(OH)2 + CO2 → CaCO3 + H2O
Envolvendo Reações Consecutivas
A massa de sal obtida é, aproximada-
É necessário que todas as etapas reacio-
mente, igual a:
nais de um processo sejam englobadas em
uma única reação.

Por exemplo, no processo siderúrgico, a


produção de ferro metálico pode ser repre-
sentada de forma simplificada pelas seguin-
tes equações:

136
rio de ferro chamado hematita. Em geral, o
2. O gás acetileno (C2H2), matéria grau de pureza desse minério é de aproxi-
prima para o preparo de diversos madamente 86%. Isso significa que a cada
compostos químicos, pode ser obtida 100 g de minério, 86 g correspondem ao
pela reação do carbeto de cálcio óxido de ferro III (Fe2O3), que é a substân-
(CaC2) com água a temperatura am- cia responsável pela formação do ferro.
biente. O carbeto de cálcio é produ-
zido industrialmente através da rea-
ção entre óxido de cálcio (CaO) e
uma fonte de carbono (carvão mine-
ral ou vegetal). As equações abaixo
representam as reações ocorridas.

CaO + 3C → CaC2 + CO
CaC2 + 2H2O → C2H2 + Ca(OH)2

DETERMINE a massa de gás acetileno ob-


tida a partir de 280,5 g de óxido de cálcio.
Com uma tonelada (1.000 kg) de hemati-
ta, quanto se produz de ferro (massas mo-
lares (g/mol): Fe2O3 =160; Fe = 56)?

Como as impurezas não participam da


reação, precisamos, antes de tudo, deter-
minar a massa do Fe2O3 presente nessa
amostra do minério. Esse valor é facilmente
3. A massa de dióxido de manganês obtido por uma regra de três:
que deve reagir com ácido clorídrico
a fim de que o gás desprendido, 1 tonelada = 1.000 kg---------100%
atravessando uma solução de hidró- (massa de minério)
xido de sódio concentrada e quente, x kg--------86% (massa de Fe2O3)
produza 53,2 g de clorato de sódio é:
x = 860 kg (massa que efetivamente re-
4 HCl + MnO2 ! MnCl2 + 2 H2O + Cl2 age)
3 Cl2 + 6 NaOH ! 5 NaCl + NaClO3 + 3 H2O
Agora, com a equação global que repre-
senta esse processo, determinamos a massa
de ferro produzida, como era feito nos cál-
culos anteriores.

2Fe2O3 + 6C + 3O2 → 4Fe + 6C02

2.160gdeFe 2 O 3 formam 4 • 56 g de Fe
860 • 103 g (860 kg) formam y

y = 602 • 103 g = 602 kg de ferro


3- Pureza de uma amostra
Se o produto obtido tiver uma quantidade
pré- fixada, deve-se calcular a quantidade
É muito difícil encontrar substâncias pu-
de reagente necessária sem contar as impu-
ras na natureza; elas estão normalmente
rezas. Para descobrir a massa da amostra
acompanhadas de outras substâncias em
impura, basta relacioná-la com o grau de
menor quantidade (as impurezas). Para pre-
pureza.
ver a quantidade de produto obtido pelos
cálculos, deve-se levar em conta a presença
dessas impurezas. Exercício- Parte 6
Veja o exemplo a seguir:
1. (UFRGS-RS) O gás hilariante,
• A produção de ferro e de aço nas side- N2O(g), pode ser obtido pela decom-
rúrgicas utiliza como matéria-prima o miné- posição térmica do nitrato de amônio,

137
NH4NO3(s), conforme mostra a reação Em comum, essas situações expressam a
a seguir: relação que existe entre algo que se espera
NH4NO3(s) → N2O(g) + 2 H2O(ℓ) que aconteça e o que efetivamente aconte-
ce. No caso do rendimento do automóvel,
Se de 4,0 g do NH4NO3(s) obtivemos 2,0 g por exemplo, espera-se que ele percorra
de gás hilariante, podemos prever que a pu- tantos quilômetros com tantos litros de ga-
reza do sal é de ordem: solina (situação ideal). Se compararmos
com a distância real percorrida, que pode
ser menor ou não, teremos o rendimento do
automóvel.

2. Determine a massa de ferro que


pode ser obtida a partir de 1000 to-
neladas de minério de hematita con-
tendo 80% de Fe2O3.

Fe2O3(g)+ 3CO(g)→2Fe(s)+ 3CO2(g)

Nas reações químicas, a idéia é a mesma.


Já vimos que em situações reais dificilmente
todo reagente se transforma em produto. A
razão entre a quantidade de produto obtida
e a quantidade prevista, a partir da relação
estequiométrica, é o rendimento da reação.

Convém ressaltar que rendimento de


100% corresponde à situação ideal, isto é, o
3. Uma amostra de calcário apresen- que se espera obter de um produto com
ta 75% de pureza em carbonato de base no cálculo estequiométrico.
cálcio (CaCO3). Fazendo-se reagir 20
g dessa amostra com ácido clorídrico Exemplo:
em excesso, DETERMINE o volume de O alto-fomo de uma siderúrgica foi ali-
CO2 produzido, nas CNTP, segundo a mentado com 16 toneladas de hematita, já
seguinte reação não balanceada: descontadas as impurezas. Qual o rendi-
mento da reação se a massa de ferro obtida
CaCO3 + HCl → CaCl2 + CO2 + H2O foi de 8,96 toneladas (massas molares (g/
mol): Fe203 = 160; Fe = 56)?

O primeiro passo é calcular a massa de


ferro esperada:

Equação do processo:

2Fe2O3 + 6C + 3 O2 → 4Fe +6CO2


\
2.160g de Fe2O3 ____4.56g de Fe

16.106g ____________Y
4- Rendimento de uma reação
Y= 11,2.10 6 g ou 11,2 ton.
O termo rendimento pode ser empregado
Para calcular o rendimento:
em situações diversas: rendimento escolar
11,2 ton______100% (ideal)
de um aluno, rendimento de um automóvel,
rendimento de um jogador de futebol duran-
8,96 ton_______x (real)
te uma partida e tantas outras.
X= 80%
138
Exercícios – Parte 7

1. O cromo é um metal empregado


na produção do aço inox e no reves-
timento (cromação) de algumas pe-
ças metálicas. Esse metal é produzi-
do por meio da reação a seguir:
5- Presença de Reagente em Ex-
Cr2O3(s)+ 2 Al(s) →2Cr(s) + Al2O3(s)
cesso
Partindo-se de 15,2g de Cr2O3 e admitin- O reagente que não reage completamen-
do-se que esse procedimento tem um ren- te é denominado reagente em excesso.
dimento de 75%, DETERMINE a massa de Isso acontece quando os reagentes não es-
cromo produzido, tão numa situação que os químicos chamam
de proporção estequiométrica. Vamos
ilustrar esse problema com a síntese da
água.

Hidrogênio + Oxigênio → Água + Excesso

1ª exp 2g 16g 18g -

2ª exp 4g 32g 36g -

2. O gás hidrogênio pode ser obtido 3ª exp 3g 16g 18g 1g de H2


em laboratório a partir da reação de
alumínio com ácido sulfúrico, cuja
Na primeira experiência, a proporção en-
equação química não balanceada é
tre as massas de oxigênio e de hidrogênio é
dada;
8:1.
Al + H2SO4 → Al2(SO4)3 + H2
Massa de O2 / Massa H2 = 16g/2g = 8
Um analista utilizou uma quantidade sufi-
Isso também acontece na segunda expe-
ciente de H2SO4 para reagir com 5,4 g do
riência:
metal e obteve 5,71 L do gás nas CNTP.
Nesse processo, o analista obteve um ren-
Massa de O2 / Massa H2 = 32g/4g = 8
dimento aproximado de:
Mas não se repete na terceira experiên-
cia:

Massa de O2 / Massa H2 = 16g/3g ≠ 8

Na reação de síntese da água, para que


não haja excesso de reagentes, a massa de
oxigênio deve ser oito vezes maior que a
massa de hidrogênio (lei de Proust).
3. Um produtor de etanol obtém o
Nos casos em que forem fornecidas quan-
etanol (C2H5OH) por fermentação de
tidades de mais de um reagente, antes de
carboidratos obtidos da cana-de-açú-
se fazer qualquer cálculo, é preciso verificar
car. Na etapa em que a glicose
se existe excesso de algum deles. Uma pos-
(C6H12O6) é transformada em álcool,
sível estratégia é, a partir da quantidade de
o rendimento é de 90%. A equação
um dos reagentes, determinar a quantidade
correspondente a esse processo é
necessária do outro, de acordo com a pro-
porção estequiométrica dada pelos coefici-
C6H12O6 → 2C2H5OH + 2 CO2
entes da equação. Se o valor encontrado for
menor que o valor do enunciado, é ele que
DETERMINE a massa de etanol obtida a
está em excesso; se for maior, aquele que
partir de 36g de glicose
se tomou como base está em excesso. Ob-
serve o exemplo a seguir:
139
• Determine a massa de enxofre produzi- 02-Metanol é um excelente combustível
da quando 5,0 mol de H2S são colocados que pode ser preparado pela reação entre
para reagir com 2,0 mol de SO2, segundo monóxido de carbono e hidrogênio, confor-
a reação representada (massa molar do me a equação química:
enxofre: 32 g/mol):
CO + 2 H2 → CH3OH
2H2S + SO2 → 3S + 2H2O
Quando se adicionam 336 g de monóxido
Primeiramente, é estabelecida a propor- de carbono a 60 g de hidrogênio, devemos
ção estequiométrica a partir dos coeficien- afirmar que o reagente em excesso e a
tes: massa máxima, em gramas, de metanol
formada são, respectivamente:
2H2S + SO2 à 3S + 2H2O
2 mol 1 mol 3 mol 2 mol
5 mol 2 mol ? -

Escolhendo, ao acaso, o SO2, calculamos


a quantidade de matéria de H 2S:

2 mol de H2S ____ 1 mol de SO2


y ____ 2 mol de SO2

y = 4 mol de H2S

Como foram colocados para reagir 5 mol


de H2S, é essa substância que está em ex-
cesso (1 mol de H 2 S permanece sem
reagir).

Para determinar a massa de enxofre (S)


formada, partimos sempre daquele reagente
que não está em excesso, que é também
conhecido como reagente limitante.

2H2S + SO2 → 3S + 2H2O

1 mol de S02 ___ 3 • 32 g


2mol de S02 ___ z
z = 192 g de S

Portanto, são produzidos 192g de enxo-


fre.

Exercício – parte 8

1. Determine a quantidade, em mol,


de HCl que serão produzidos quando
2 mol de H2 são colocados em conta-
to com 3 mol de Cl2, segundo a se-
guinte reação

H2 + Cl2 → 2HCl

140
ESTUDO FÍSICO DOS GASES

É o estudo do comportamento de um gás


e das transformações físicas que uma amos-
tra gasosa pode sofrer.

1)Variáveis de estado
São grandezas que definem a situação e
o estado físico que um sistema se encontra.
São elas: volume, pressão, temperatura e
quantidade de matéria. 1.4- Quantidade de matéria (n)

1.1- Volume (V) É o número de mol de partículas que


existe em um sistema, expresso em mol.
É o espaço ocupado pelo material medico
n = massa (g)/massa molar (g/mol)
em metros cúbicos (m3) no sistema interna-
cional de medidas (SI).
2)Transformações gasosas
São transformações físicas que consistem
na variação de pelo menos duas variáveis
de estado de uma amostra gasosa.

2.1- Transformação isotérmica


(Lei de Boyle)
Se uma amostra gasosa submetida a uma
temperatura constante, isto é, mantendo o
mesmo grau de agitação das partículas, so-
1.2- Pressão (P) frer uma compressão de seu volume, a
pressão exercida passa a ser maior.
É a força aplicada em determinada área,
medida em Pascal (Pa = N/m2) no SI.

P= F/A

Figura: representações de transformações iso-


térmicas.

Matematicamente temos:

Sob temperatura constante, o volume


1.3- Temperatura (T) ocupado por uma determinada massa
gasosa é inversamente proporcional à
É a medida do grau de agitação das par- pressão exercida pelas suas partículas.
tículas de um sistema e é uma grandeza di-
retamente proporcional à energia cinética P ∝ 1/V ∴ P.V = valor constante
média dessas partículas. A unidade no SI
utilizada é em Kelvin (K). Exemplo:
Obs.: TK = TºC + 273

141
Matematicamente temos:

Sob pressão constante, o volume


ocupado por uma determinada massa
gasosa é diretamente proporcional à
temperatura absoluta do sistema.

V ∝ T ∴ V/T = valor constante

Exemplo:

Tabela: dados de transformações isotér-


micas

Gráfico: representação de uma isóbara.

2.3- Transformação isovolumé-


trica, isométrica ou isocórica (Lei
de Charles e Gay-Lussac)
Se uma amostra gasosa mantida em um
volume constante for aquecida, a pressão
Gráfico: representação de uma isoterma
exercida passa a ser maior.

2.2- Transformação isobárica


(Lei de Gay-Lussac)
Se uma amostra gasosa submetida a uma
pressão constante, isto é, mantendo a
mesma força sobre a área total do sistema,
for aquecida, o volume ocupado passa a ser
maior. Figura: representações de transformações iso-
volumétricas.

Matematicamente temos:

Sob volume constante, a pressão


exercida por uma determinada massa
gasosa é diretamente proporcional à
temperatura absoluta de suas partícu-
las.

P ∝ T ∴ P/T = valor constante

Exemplo:

Figura: representações de transformações iso-


báricas.
142
De acordo com a Hipótese de Avoga-
dro, o volume de um gás tem relação dire-
tamente proporcional à quantidade de maté-
ria (n) de partículas gasosas.

Unindo essa hipótese às 3 Leis estudadas


temos que:

P.V ∝ n.T ∴ P.V/n.T = constante (R)


A constante R foi determinada experi-
mentalmente e denominada constante
universal dos gases. Seu valor varia de
acordo com as unidades aplicadas a cada
variável de estado. Veja:

Gráfico: representação de uma isócora. a) 0,082 atm.L/mol.K


b)62,3 mmhg.L/mol.K
3)Equação geral dos gases c) 8,31 Pa.m3/mol.K

Assim, a equação de Clapeyron pode ser


É uma equação utilizada no estudo das expressa:
transformações gasosas para uma mesma
quantidade de matéria de amostra de gás.
Unindo algebricamente as 3 Leis estuda-
P.V=n.R.T
das temos que:
Exemplo: determine o volume molar (L/
P.V ∝ T ∴ P.V/T = valor constante mol) nas CNTP (0ºC e 1 atm).

P = 1 atm;
Considerando uma situação inicial (1) e n = 1 mol
uma final (2), temos: R = 0,082 atm.L/mol.K
T = 0ºC ou 273K

P.V = n.R.T

1 atm.V=1 mol.0,082 atm.L/mol.K .273K


V = 22,4 L

5)Misturas gasosas

As misturas de dois ou mais gases for-


mam sempre sistemas homogêneos. Pode-
mos representar a composição de mistura
gasosa em termos de fração molar.

5.1 - Fração molar de um gás


(Xgás)

A fracão molar de um componente gasoso


Esquema: determinação da equação geral dos em um mistura é dada pela razão entre a
gases. quantidade de matéria desse gás e a quan-
tidade de matéria total da mistura gasosa.
4)Equação de Clapeyron
É uma equação utilizada para descrever o X gás =n gás /n total

comportamento de uma amostra contendo


um gás ideal. Exemplo: considere uma mistura que
apresenta 2 mol de H2, 3 mol de O2 e 5 mol

143
de N2 e determine a fração molar de cada equação de Clapeyron de acordo com a ma-
componente. nipulação matemática a seguir:

XH2 = 2 mol / 10 mol = 0,2


XO2 = 3 mol / 10 mol = 0,3
XN2 = 5 mol / 10 mol = 0,5

Obs.: a soma de todas as frações mola-


res de uma mistura é igual a 1.

5.2 - Lei de Dalton das pressões


parciais

A pressão total exercida por uma mistura


gasosa é igual a soma das pressões parciais
de todos os gases presentes no sistema.

A pressão parcial está relacionada à


pressão exercida por um determinado com- Observa-se que a densidade (d) possui
ponente gasoso na mistura. relação diretamente proporcional com a
massa molar (M) do gás. Assim, sob as
P parcial gás =X gás .P total mesmas condições de temperatura e pres-
ou são, quando maior a massa molar, mais
P parcial gás .V total =n gás .R.T denso será o gás.

5.3 - Lei de Amagat dos volumes 7)Difusão e efusão gasosa


parciais Difusão: é o movimento espontâneo de
dispersão de um gás em um meio até for-
O volume total ocupado por uma mistura mar um sistema homogêneo.
gasosa é igual a soma dos volumes parciais
de todos os gases presentes no sistema. Exemplo: espalhamento do aroma de um
alimento, da fragrância de perfume.
O volume parcial está relacionada ao vo-
lume ocupado apenas por um determinado Efusão: é a passagem de um gás através
componente gasoso na mistura. de um pequeno orifício de um meio de mai-
or pressão para outro de menor pressão ga-
V parcial gás =X gás .V total sosa.
ou
P .V =n .R.T Exemplo: saída rápida de gás quando se
total parcial gás gás
inicia a abertura de uma garrafa de refrige-
rante.
5.4 - Massa molar aparente de
Lei de Graham: as velocidades de difu-
uma mistura gasosa (Map) são e efusão de um gás são inversamente
proporcionais à raiz quadrada de suas mas-
É a massa molar média de uma mistura sas molares ou densidade.
gasoso. Pode ser determinada pela média
ponderada das massas molares (M) de cada
componente gasoso.

Map =(Xgás A.Mgás A)+(Xgás B.Mgás B)…

6)Densidade gasosa (d) Sob às mesmas condições de T e P gases


mais densos possuem menores velocida-
des de difusão e efusão.
A densidade (d=m/v) de uma amostra
gasosa pode ser determinada utilizando-se a

144
As principais soluções sólidas são as ligas
metálicas.
MÓDULO 7 - SOLUÇÕES E
Exemplos:
PROPRIEDADES COLIGATIVAS
Bronze:cobre e estanho

ESTUDO DAS SOLUÇÕES

1. Soluções
Latão: cobre e zinco
São misturas homogêneas, isto é, siste- Aço: ferro e carbono ou ferro e silício
mas obtidos pela mistura de duas ou mais
substâncias que, sem se alterarem quimi- • Soluções líquidas
camente, formam uma só fase: As principais soluções líquidas são as so-
Soluto + Solvente → solução luções aquosas.

Soluto: É a substância que é dissolvida Exemplos:


(geralmente há menor quantidade de soluto
em relação ao solvente).
Solvente: É o meio no qual um ou mais
solutos se dissolvem.

Exemplos:

Soro, Água e açúcar, água e álcool.

• Soluções gasosas

Água salgada
Soluto: sal; solvente: água

Ar atmosférico

Nitrogênio 78%
Oxigênio 20%
Gás Carbônico 1%
Toda mistura de gases é uma solução,
Outros gases 1% como é o caso do ar atmosférico.

Solutos: Oxigênio, gás carbônico e outros 2.2- Quanto às Quantidades de Soluto


gases. e Solvente
Solvente: Nitrogênio
Para que essa classificação seja feita, é
necessário que conheçamos o conceito de
2. Classificação das Soluções solubilidade.

2.1- Quanto ao Estado Físico Solubilidade ou coeficiente de solubi-


lidade é a quantidade máxima capaz de se
dissolver em uma quantidade fixa de sol-
• Soluções sólidas vente, em certas condições experimentais
(pressão e temperatura). A quantidade de

145
soluto pode ser expressa em g ou em mol
por 100 g ou por 1 L de solvente.

A solubilidade de uma substância em um


líquido varia bastante com a temperatura.
Observe os gráficos a seguir.

Soluções insaturadas: contem uma


quantidade de soluto dissolvido menor que
sua solubilidade. No gráfico, correspondem
a todos os pontos abaixo da curva.

Soluções saturadas: contem uma quan-


tidade de soluto dissolvido igual à sua solu-
A solubilidade do Ca(OH)2 em água dimi- bilidade. No gráfico, correspondem aos pon-
nui com o aumento de temperatura (solubi- tos da curva.
lidade exotérmica).
Precipitado: quantidade de soluto supe-
Isso acontece porque a formação de liga- rior à solubilidade. No gráfico, corresponde
ções entre o soluto e o solvente libera mais aos pontos acima da curva.
calor em relação ao calor absorvido no rom-
pimento de ligações soluto/soluto e solven- Soluções supersaturadas: contém uma
te/ solvente. quantidade de soluto dissolvido maior que a
solubilidade. Para preparar uma solução su-
Ca(OH)2(s) ! Ca2+(aq)+2 OH-(aq) ΔH < 0 persaturada, adiciona-se ao solvente uma
quantidade maior que sua solubilidade. De-
pois, a mistura é aquecida até que todo o
soluto se dissolva. Então, a mistura fica em
repouso, resfriando lentamente. Assim, todo
o soluto colocado permanece dissolvido, ob-
tendo-se um sistema altamente instável cha-
mado de solução supersaturada.

O mel é um bom exemplo de solução su-


persaturada.

2.3- Quanto à Condutividade Elétrica


A solubilidade do KNO3 em água aumenta
com o aumento de temperatura (solubili-
dade endotérmica). Soluções iônicas ou eletrolíticas são
aquelas capazes de conduzir corrente elétri-
Isso acontece porque o rompimento de ca, pois são formadas por eletrólitos.
ligações soluto/soluto e solvente/solvente Os eletrólitos produzem íons, que possibi-
absorve mais calor em relação ao calor libe- litam a condutividade elétrica.
rado na formação de ligações entre o soluto
e o solvente.
Exemplos:
KNO3(s)! K+(aq)+ NO3-(aq) ΔH > 0
Ácido clorídrico e água
Nos gráficos de solubilidade, podemos
HCl(aq) ! H+(aq) + Cl-(aq)
também reconhecer pontos correspondentes
à formação de soluções insaturadas, solu-
ções saturadas e precipitado.
Cloreto de sódio e água

NaCl(aq) ! Na+(aq) + Cl-(aq)

146
Observação: Desse modo, se o t de uma solução for
Todas as soluções formadas por solutos igual a 0,2, a porcentagem (%p/p) será
iônicos são eletrolíticas e as soluções for- igual a 20%.
madas por ácidos, apesar de não serem iô- Isso significa que existem 20g de soluto
nicas, também são eletrolíticas, pois os áci- em 100g de solução.
dos ionizam-se em água.
Porcentagem massa/volume (%m/v)
Soluções moleculares ou não eletrolí- (%P/V) relaciona a massa (em gramas) de
ticas são aquelas que não são capazes de um componente em cada 100mL de solução.
conduzir corrente elétrica, pois o soluto não
gera íons ao ser dissolvido em água. Exemplo:
Solução aquosa 10% p/v de NaCl → sig-
Exemplo: nifica que em cada 100mL de solução en-
C6H12O6(aq) → Solução de glicose contramos 10g de NaCl.

Porcentagem em volume (%V/V) re-


Concentração das Soluções laciona o volume (em mL) de um compo-
nente em cada 100mL de solução.
A concentração de uma solução é a rela-
ção entre quantidades de soluto e solução. Exemplo:
Solução aquosa 40% V/V de etanol →
• Quanto mais soluto dissolvido em certa significa que em cada 100mL de solução en-
quantidade de solução, mais concentrada é contramos 40mL de etanol.
a solução.
• Quanto menos soluto dissolvido em cer-
ta quantidade de solução, mais diluída é a Atenção!
solução. A água oxigenada é uma solução aquosa
que à temperatura ambiente sofre decom-
posição, conforme a equação:
1- Concentrações Percentuais
H2O2(aq) → H2O(l) + 0,5 O2(g)
Porcentagem em massa (%m/m) ou
As soluções de água oxigenada são co-
(%p/p) relaciona a massa (em gramas) de
mercializadas com as seguintes concentra-
um componente em cada 100g de solução. ções: 10, 20, 30 e 40 volumes. Essa con-
centração indica o volume, em litros, de O2
Exemplo: produzido, nas CNTP, após a decomposição
O ouro 18 quilates é uma liga que apre- de toda a água oxigenda presente em 1,0
senta concentração igual litro de solução.
a 75% p/p de ouro → sig-
nifica que em cada 100 Ex.: Água oxigenada 10 volumes
gramas de solução encon- Cada 1,0 L de solução de H 2O2 produz 10
tramos 75g de ouro. L de O2(g) nas CNTP (0 °C e 1,0 atm).

Observação: Devido a liberação do oxigênio, esta solu-


Título em massa (τ) é a razão entre a ção é utilizada como antisséptico na limpeza
massa do soluto e a massa de solução de ferimentos, pois o oxigênio liberado eli-
mina as bactérias aeróbicas, que causam o
apodrecimento do tecido.

O valor do título mulitiplicado por cem 2- Concentração Comum (g/L)


(100) fornece a porcentagem do soluto
(%p/p) em solução. É a relação entre a massa do soluto (em
gramas) e o volume de solução (em litros).

147
(109) ou em um trilhão (1012) de partes da
solução.

Exemplo:
Solução aquosa de NaOH 2g/L → significa
que em cada litro (1.000 mL) de solução
encontramos 2g de NaOH.
Essas unidades de concentração são utili-
zadas quando as soluções são muito diluí-
das. Por isso, caso a solução seja aquosa, a
sua densidade será aproximadamente igual
3- Concentração em Quantidade a da água, logo, a concentração pode ser
de Matéria (mol/L) expressa em partes de soluto, em massa, e
partes da solução em volume. Além disso,
É a relação entre a quantidade de maté- no caso de soluções gasosas, essas concen-
ria (número de mols) do soluto e o volume trações também podem ser calculadas utili-
de solução (em litros). zando-se os dados relativos aos volumes do
soluto e da solução.

Ex.: A concentração de CO2 na atmosfera


vem aumentando e, atualmente, atinge re-
cordes de 410 ppm no ar atmosférico, ou
seja, a cada 1 m3 (106 mL) de ar atmosféri-
co filtrado, 410 mL são de gás carbônico.
Exemplo:
Solução aquosa de HCl 0,1 mol/L → signi-
fica que em cada 1 litro de solução encon- 5- Transformações Envolvendo
tramos 0,1 mol de HCl.
as Principais Concentrações
Concentração Molar de íons
4.1. % p/v em g/L
Nas soluções iônicas, é possível determi-
nar tanto a concentração em mol/L do solu-
to quanto a concentração mol/L de íons pro- Exemplo:
venientes de sua dissociação ou ionização.
A concentração mol/L dos íons é propor- Qual a concentração em g/L para uma
cional aos seus coeficientes estequiométri- solução de NaCl(aq) 0,5% P/V?
cos de ionização ou dissociação.

Exemplo:

Solução de Al2(SO4)3(aq) com concentra-


ção 0,2mol/L.

Dissociação do sal:

Al2(SO4)3(aq)! 2Al3+(aq) + 3SO42-(aq)

Como a proporção estequiométrica dos


participantes é: 1 mol - 2 mols - 3 mols as 4.2. g/L em mol/L
suas respectivas concentrações são: 0,2-
mol/L - 0 4mol/L – 0,6mol/L. Exemplo:

Qual a concentração em mol/L para uma


4- Partes por milhão (ppm), por solução de NaOH 10g/L?
bilhão (ppb) ou por trilhão (ppt) Resolução:

Indicam a quantidade de partes do soluto Na = 23g/mol O = 16g/mol H = 1g/mol


presente em um milhão (106), em um bilhão
148
Massa molar do NaOH = 23 + 16 + 1 =
40g/mol

NaOH

40g — 1 mol
10g — x x = 0,25 mol Utilizando a concentração molar:
Se a massa de 10g de NaOH corresponde
a 1 litro de solução e 10g = 0,25 mol, então
a solução possui 0,25 mol/L.

Conclusão
Não esquecendo que

V’ = V + V2 ou m’ = m + m2

Observação

Concentrar uma solução significa au-


Diluição de Soluções mentar a concentração pela retirada de
solvente. O solvente é retirado por meio
Diluir uma solução consiste em adicionar de uma evaporação, desde que o soluto
uma quantidade de solvente puro, que pro-
não seja volátil. As fórmulas utilizadas
voca uma mudança no volume, mudando
são as mesmas apresentadas anterior-
com isso a proporção soluto/solvente e, por-
tanto, a concentração da solução se altera mente, apenas, ao invés de aumentar o
(diminui). volume final, ele deve diminuir.

Consideremos o seguinte sistema:

Exercício resolvido

Quanto de água deve ser acrescenta-


do à 100 mL de álcool 96%(v) a fim de
transformá-lo 46%(v).

Para a solução inicial: Resolução

1ª Opção (Utilizando a fórmula)

% . V = %' . V' → 96 . 100 = 46 . V'


Para a solução final: → V' = 208,7 mL

Vágua = V' - V = 208,7 mL - 100 mL →


Vágua = 108,7 mL

2ª Opção (Interpretação por regra de


Como foi adicionado apenas solvente, não
alteramos a quantidade de soluto (m1 = três)
m'), portanto:
Antes da diluição:
C · V = C’ · V’
Vsolução = 100 mL
Utilizando o título, encontramos:
%soluto = 96% (v) → 96 mL

149
Após a diluição Exercício resolvido

%soluto = 46% (v) → 46 mL Calcule a concentração (g/L) de um de-


tergente proveniente da mistura de 300 mL
Vsolução = ? de detergente 30 g/L com 200 mL de deter-
gente 50 g/L.
100 mL de solução → 96 mL de soluto
Resolução
X → 46 mL de soluto
1ª Opção (Utilizando a fórmula)
X = 208,7 mL de solução
C . V = C' . V' + C" . V" → C . 0,5 = 30 .
0,3 + 50 . 0,2 → C . 0,5 = 9 + 10 → C =
Cálculo do volume de água acrescen-
38 g/L
tado:
2ª Opção (Interpretação por regra de
Vágua = Vapós a diluição - Vantes da diluição → três)
Vágua = 208,7 - 100 = 108,7 mL

Mistura de Soluções

1 - Mistura de Soluções de Mes-


mo Soluto

Consideremos o esquema abaixo:

2 - Misturas de Soluções com


Reação Química

Neste caso, os exercícios são resolvidos


como na estequiometria, ou seja:

a) montar a equação química:

b) balancear a equação química;

c) determinar a quantidade em mols de


cada reagente;

d) fazer a proporção em mols.

Exemplo

Utilizando o título, o raciocínio é o Misturam-se para reagir 1,0 L de solução


mesmo, portanto: 2,0 M de NaOH, com 0,5 L de solução 4,0 M
de HCl.

a) A solução final, após a mistura, será


ácida, básica ou neutra?

b) Calcule a concentração molar da solu-


ção final em relação ao sal formado.

Esquematicamente, temos:

150
3- Titulação

Consiste em determi-
nar a concentração de
uma solução, pela reação
com outra solução de
concentração conhecida.
Resolução Podemos dizer que a ti-
tulação é a principal ope-
1o passo: montar a equação envolvida na ração da chamada análi-
mistura, balanceá-la e relacionar os coefici- se volumétrica ou volu-
entes com quantidades em mols de reagen- metria realizada em la-
tes e produtos. boratório, onde a solução
padrão (concentração
conhecida) contida em uma bureta é mistu-
rada gota a gota na solução problema (con-
centração desconhecida) existente em um
erlenmeyer. A solução problema deve apre-
2o passo: determinar a quantidade em sentar algumas gotas de indicador para de-
mols de cada soluto nas soluções a serem terminar o final da titulação, em virtude da
misturadas. mudança de cor da mesma.

3o passo: verificar se a quantidade de O ponto final da titulação é conhecido


cada reagente (em mols) está na proporção como ponto de viragem. Como a titulação
indicada pela equação do problema. consiste de uma reação entre o soluto da
solução padrão e o soluto do problema, os
problemas devem ser resolvidos por este-
quiometria.

Exemplo:

Como as quantidades do NaOH e do HCl Retiramos, com auxílio de uma pipeta, 50


estão na proporção correta, todo ácido e mL da solução contida no frasco abaixo,
toda base irão reagir (não haverá excesso), (observe que a solução possui concentração
produzindo 2 mols de NaCl, que estarão dis- molar desconhecida) e transferimos para um
solvidos em 1,5 L de solução (volume da frasco erlenmeyer.
solução final).

Respostas

a) A solução final será neutra.

No frasco erlenmeyer, contendo a solução


básica, adicionamos algumas gotas de fe-

151
nolftaleína, um indicador que, na presença Exercício resolvido
de base, adquire a coloração avermelhada.
Por lei, o vinagre (solução aquosa de áci-
Com o auxílio de uma bureta (figura a do acético) pode conter, no máximo 4% em
seguir), adicionamos cautelosamente à so- massa (0,67 mol/L) de ácido acético. Para
lução contida no erlenmeyer uma solução de você verificar se o vinagre utilizado em sua
HCl(aq) 2,0 M. casa atende às especificações legais, para
isso você verifica que 40 mL de vinagre são
Assim, no erlenmeyer haverá a seguinte neutralizados por 8 mL de solução aquosa
reação, representada pela equação. de NaOH 2 M. A que conclusão você che-
gou?
1HCl(aq)+1KOH(aq) 1KCl(aq)+1 H2O(l)
Dados:
Pela equação, observaremos que a neu-
tralização entre o ácido e a base será com- Vinagre: V = 40 mL = 0,04 L, [ác. acéti-
co] = ? (mols/L)
pleta quando o número de mols de do
NaOH(aq): V = 8 mL = 0,008 L, [NaOH]
ácido for igual ao número de mols de = 2 mols/L
da base.
RESOLUÇÃO
Esse fato é verificado exatamente no
momento em que a coloração vermelha, de- Cálculo do número de mols de NaOH que
vido ao meio básico, muda para incolor. reage:

2 mols de NaOH → 1 L de solução


Neste momento, o número de mols ,
provenientes do ácido neutralizam totalmen-
X → 0,008 L de solução
te o número de mols do , provenien- X = 0,016 mol
tes da base.
Cálculo do número de mols de ác. acético
Anotamos o volume de ácido gasto (25 que será neutralizado pelo NaOH:
mL), e calculamos quantos mols do ácido
foram utilizados para reagir completamente CH3-COOH+NaOH→CH3-COO-Na+ + H2O
com a base.
1 mol ___ 1 mol

X ____ 0,016 mol

X = 0,016 mol
Vejamos agora como se calcula a concen-
tração molar do KOH(aq): Cálculo da [ác. acético] no vinagre:

0,016 mol de ác. acético→40 mL de vina-


gre

X → 1000 mL de vinagre (1 L)

X = 0,4 mol, com isso temos que: [ác.


x = quantidade em mols de OH– presente acético] = 0,4 mol/L
no erlenmeyer = 0,05 mol
Como a concentração de ác. acético má-
Assim, para calcular a concentração mo- xima exigida por lei, no vinagre, é de 0,67
lar da base: mol/L, com isso concluímos que a amostra
de vinagre analisada não atende às especifi-
cações exigidas.

152
PROPRIEDADES COLIGATI-
VAS
A água pura à pressão de 1 atm possui
ponto de fusão de 0ºC e ponto de ebulição
de 100ºC.

No entanto, quando adicionamos um so-


luto não volátil à água, o soluto modifica as
propriedades físicas da água. Agora a água
congela abaixo de 0ºC e ferve acima de
I) Inicialmente temos evaporação, pois
100ºC. Estas alterações das propriedades
ainda não existem moléculas no estado de
físicas da água devido à adição do soluto
vapor;
são denominados de efei-
tos coligativos.
II) A velocidade de evaporação é maior
que a velocidade de condensação;
Adição de um soluto
não volátil à água
III) Após algum tempo, a velocidade de
condensação iguala-se à velocidade de eva-
Para cada propriedade
poração e o sistema atinge um equilíbrio
física que modifica temos
dinâmico: a cada unidade de tempo, o nú-
uma propriedade coligativa que estuda este
mero de moléculas que passam para o esta-
efeito:
do gasoso é igual ao nº de moléculas que
retornam para a fase líquida;
EFEITO COLIGATI- PROPRIEDADE CO-
VO LIGATIVA Em resumo, no início, a velocidade com
que o líquido passa a vapor é alta e a velo-
Diminuição da pressão cidade com que o vapor volta ao líquido é
Tonoscopia
de vapor baixa. No decorrer do processo, a velocida-
Aumento do Ponto de de com que o líquido passa a vapor vai di-
Ebulioscopia minuindo, e aumenta a velocidade com que
Ebulição
o vapor volta ao líquido. Quando temos a
Diminuição do Ponto de impressão de que o processo parou, o que
Crioscopia ocorreu realmente foi um equilíbrio, isto é,
Congelamento
as duas velocidades se igualaram.
Aumento da Pressão
Osmoscopia
Osmótica Nesta situação, dizemos que foi atingida
a pressão máxima de vapor do líquido.

Os efeitos coligativos dependem somen- 1.2- Fatores que Influenciam


te do número de partículas do soluto dissol-
vidas. Quanto maior for o número de partí- A pressão máxima de vapor depende de
culas do soluto dissolvidas, maiores serão alguns fatores:
os efeitos coligativos.
Natureza do Líquido

1- Pressão Máxima de Vapor Líquidos mais voláteis como éter, acetona


etc. evaporam-se mais intensamente, o que
acarreta uma pressão de vapor maior.
1.1- Definição
O gráfico abaixo mostra a variação da
Vamos imaginar um cilindro munido de pressão de vapor de alguns líquidos em fun-
um êmbolo totalmente apoiado em um lí- ção da temperatura.
quido puro contido no seu interior.
Se elevarmos o êmbolo, criaremos um
espaço vazio, e o líquido começará a vapori-
zar-se.

153
A evaporação depende da superfície de
contato entre o líquido e fase gasosa: quan-
O gráfico mostra que quanto maior a to maior for a superfície de contato, mais
pressão de vapor de um líquido, ou melhor, intensa será a evaporação.
quanto mais volátil ele for, mais rapidamen-
te entrará em ebulição. II. Ebulição

Temperatura É uma vaporização turbulenta, na qual a


passagem da fase líquida para a gasosa
Aumentando a temperatura, qualquer lí- pode ocorrer em qualquer ponto da fase lí-
quido irá evaporar mais intensamente, acar- quida, e não apenas na superfície. Esse tipo
retando maior pressão de vapor. de vaporização apresenta como característi-
ca a formação de bolhas, isto é, porções de
Observe a variação de pressão máxima vapor cercadas por uma película de líquido.
de vapor da água em função da temperatura As bolhas só podem existir se a pressão
e o respectivo gráfico: de seu vapor for igual ou maior que a pres-
são externa – a pressão atmosférica mais a
pressão da massa líquida, que comumente é
desprezível.

Um líquido entra em ebulição quando a


sua pressão de vapor se iguala à pressão
Observação: A passagem de uma subs- atmosférica.
tância da fase líquida para a fase gasosa
pode ocorrer de duas formas:
Pvapor = Patm
I. Evaporação
Exemplo: O gráfico abaixo mostra a va-
Consiste em uma vaporização relativa- riação da pressão de vapor da água em fun-
mente lenta, em que as moléculas mais ve- ção da temperatura.
lozes vencem as forças de atração intermo-
leculares e passam para o estado gasoso.
Um líquido evapora em busca de maior es-
tabilidade, pois, as moléculas que escapam
são as mais energéticas.

Ao nível do mar, onde a pressão atmosfé-


rica é de 760 mmHg, a água ferve a 100 °C.
154
Isto quer dizer que a 100 °C a pressão da Quanto menor a pressão atmosférica,
água é igual a 760 mmHg. Observando-se o menor a pressão de vapor de um líquido, a
gráfico acima, verifica-se que a temperatu- sua temperatura de ebulição e vice-versa.
ras diferentes o líquido também pode ferver,
bastando, para isso, que se altere a pressão
externa que atua sobre ele.

Assim, no alto de uma montanha, onde a


pressão atmosférica é menor que 1 atm, a
água ferve abaixo de 100 °C, enquanto em
uma panela de pressão, onde a pressão é
superior a 1 atm, a água ferve acima de
1000C.
2- Diagrama de Fases da Água
A temperatura na qual o líquido ferve,
sob pressão de 1 atm, é chamada de tem- Se representarmos em um mesmo gráfico
peratura de ebulição normal ou ponto de a variação da temperatura de ebulição e a
ebulição normal. variação de temperatura de solidificação da
água em função de sua pressão de vapor,
Desta forma, o ponto de ebulição normal obteremos o seguinte.
da água é de 100°C.

Exemplo: No pico Everest, a água ferve


em torno de 70 °C; numa panela de pres-
são, ela ferve em torno de 110°C.

1.3- Pressão Máxima de Vapor e Pon-


to de Ebulição

Para que um líquido entre em ebulição, é


necessário que a pressão de vapor no inte- No ponto onde a pressão é igual a 4,579
rior da bolha seja igual à pressão atmosféri- mmHg, a temperatura é igual a 0,01 °C e a
ca sobre a superfície do líquido. curva de ebulição coincide com a curva de
solidificação da água. Isso significa que nes-
sa pressão e temperatura temos o equilí-
brio:

água sólida água líquida água vapor

Esse ponto (4,579 X 0,01) é chamado de


ponto triplo da água. Abaixo de 4,579
mmHg, a água passa diretamente da fase
sólida à fase de vapor, ou seja, ocorre a su-
blimação.

Patm = Pressão de vapor Se acrescentarmos ao gráfico acima a


variação da temperatura em pressão abaixo
A temperatura do líquido corresponde a de 4,579 mmHg, obteremos a curva de su-
sua temperatura de ebulição. blimação.

A temperatura de ebulição de um líquido


varia quando ocorre mudança da pressão
atmosférica sobre ele, ou seja, mudança de
local.

1.4- Pressão Máxima de Vapor e Pon-


to de Ebulição

155
temperatura. Portanto, quanto maior o nú-
mero de partículas do soluto em solução,
maior o abaixamento da pressão máxima de
vapor e menor a pressão de vapor do sol-
vente.

Esquematicamente, podemos represen-


tar:

O gráfico anterior é conhecido como dia-


grama de fase da água. Nele, observamos
que:
Efeito Tonoscópico
• No ponto triplo coexistem as 3 fases de
equilíbrio:

água sólida água líquida água va-


por[

• Na curva de sublimação coexistem as


fases sólida e vapor:

água sólida água vapor


A experiência mostra que a dissolução de
• Na curva de solidificação coexistem as uma substância não-volátil num solvente
fases sólida e líquida: provoca o abaixamento de sua pressão de
vapor, isto é, a cada temperatura, a solução
água sólida água líquida possui menor pressão de vapor que o sol-
vente puro.
• Na curva de ebulição coexistem as fa-
ses líquida e vapor:

água líquida água vapor

• Em toda região à direita das curvas de


ebulição e de sublimação existe somente a
fase vapor d’água.

• Em toda região entre as curvas de soli- O diagrama mostra o abaixamento da


dificação e de ebulição existe somente a pressão de vapor da solução em relação ao
fase líquida da água. solvente puro, sendo:

Tonoscopia p2: pressão de vapor do solvente puro;


p = pressão de vapor da solução;
Δp = p2 – p = abaixamento absoluto da
É o estudo do abaixamento da pressão pressão de vapor;
máxima de vapor de um líquido, que é oca-
sionado pela dissolução de um soluto não-
volátil.
Ebulioscopia

A pressão de vapor da solução formada É o estudo da elevação da temperatura


por um soluto (não-volátil) em solvente é de ebulição de um líquido, por meio da adi-
menor que a do solvente puro, pois a disso- ção de um soluto não volátil.
lução de um soluto não volátil aumenta a
entropia do líquido e consequentemente a A diminuição da pressão máxima de va-
estabilidade do mesmo. Sendo assim, o lí- por do solvente, devido à adição de um so-
quido emite menos vapor, o que acarreta luto não-volátil, leva inevitavelmente ao
diminuição da sua pressão de vapor naquela aumento da temperatura de ebulição, já que
156
para um líquido ebulir sua pressão de vapor do a sua entropia com a formação do retícu-
tem que se igualar à pressão externa. lo cristalino, é necessário a retirada de uma
maior quantidade de energia térmica.
Quanto maior a concentração de partícu-
las do soluto, maior a elevação da tempera- Quanto maior a concentração de partícu-
tura de ebulição do solvente e maior a tem- las do soluto, maior o abaixamento da tem-
peratura de ebulição do mesmo. peratura de congelamento do solvente e
menor a temperatura de congelamento do
mesmo.

∆te = Elevação da temperatura de ebuli-


ção
∆tc = Abaixamento da temperatura de
congelamento

Onde temos:

te2 = temperatura de ebulição do solven- Onde temos:


te puro;
tc2 = temperatura de congelamento do
te = temperatura de ebulição do solvente solvente puro;
na solução.
tc = temperatura de congelamento do
solvente na solução.
Crioscopia
Graficamente, podemos representar os
efeitos ebulioscópico e crioscópico.

Efeito Crioscopico do sal no Ponto de So-


lidificação da água: à direita água pura com
Ponto de Solidificação de 0oC e a esquerda
água e sal com Ponto de Solidificação de
-18oC.

É o estudo do abaixamento da tempera-


tura de congelação de um líquido, por meio
da adição de um soluto não-volátil.

A diminuição da pressão de vapor do sol-


vente, devido à adição de um soluto, leva à
diminuição da temperatura de congelamen-
to. Isso se deve ao fato de a dissolução do
soluto não-volátil aumentar a entropia do Onde:
líquido, e para congelar tal líquido diminuin-
157
• tc = temperatura de solidificação do
líquido na solução; Exemplo:

• = temperatura de solidificação do lí- Dadas duas soluções de um mesmo solu-


quido puro; to, A e B, inicialmente 0,1 M e 0,2 M, sepa-
radas por uma membrana semipermeável.
• ΔtC= efeito crioscópico;

• te = temperatura de ebulição do líquido


na solução;

• = temperatura de ebulição do líquido


puro;

• ΔtE= efeito ebulioscópico;


Verifica-se que as soluções A e B mudam
• No ponto A ocorre a solidificação do lí- de concentração após a osmose.
quido puro;

• No ponto A' ocorre a solidificação do Pressão Osmótica (Osmoscopia)


líquido na solução;
Pressão osmótica é a pressão que se de-
• No ponto B ocorre a ebulição do líquido veria aplicar sobre a solução para impedir a
puro; passagem do solvente através da membrana
semipermeável. A pressão osmótica é re-
• No ponto B' ocorre a ebulição do líquido presentada pela letra grega π. Essa pressão
na solução. é equivalente à pressão exercida pelo sol-
vente na passagem através da membrana.
Osmose
Osmose é a passagem de um solvente de
um meio mais diluído para um meio mais
concentrado, através de uma membrana
semipermeável (MSP). A osmose também é
uma propriedade coligativa da solução, pois
depende do número de partículas do soluto
não volátil dissolvidas.

Osmoscopia é a medida da pressão os-


mótica, que pode ser medida por aparelhos
chamados osmômetros.

Soluções isotônicas são soluções de


mesma pressão osmótica. Uma solução será
hipotônica em relação à outra, quando tiver
menor pressão osmótica; e será hipertônica
quando tiver maior pressão osmótica.

Exemplo:
Nota:
Uma solução 0,4 molar de um certo solu-
to será hipertônica em relação a uma solu-
A membrana semipermeável (MSP), que
ção 0,1 molar do mesmo soluto, no mesmo
pode ser feita de bexiga de animal ou celo-
solvente e à mesma temperatura.
fane, é seletiva, ou seja, deixa passar o sol-
vente, mas não deixa passar o soluto.
Leis de Van’t Hoff para a Osmose
Observa-se que o nível do solvente dimi-
1ª) A pressão osmótica é diretamente
nui após um certo tempo, enquanto o nível
proporcional à temperatura absoluta da so-
da solução aumenta.
lução:
158
Os cientistas descobriram que existem
membranas sintéticas que exibem a mesma
propriedade. Talvez a mais comum delas
2ª) A pressão osmótica é diretamente seja o acetato de celulose, aquele papel
proporcional à concentração molar da solu- transparente que costuma envolver os ma-
ção: ços de cigarro. Com uma folha de acetato
de celulose pode-se efetuar uma experiência
de osmose, fenômeno descrito a seguir.

A osmose natural ocorre quando duas so-


Juntando-se as duas leis pela proporcio- luções salinas de concentrações diferentes
nalidade mútua, obtém-se: encontram-se separadas por uma membra-
na semipermeável. Neste caso, a água (sol-
vente) da solução menos concentrada ten-
derá a passar para o lado da solução de
maior salinidade. Com isto, esta solução
mais concentrada, ao receber mais solven-
te, se dilui, num processo impulsionado por
Sabendo-se que uma grandeza chamada “pressão osmótica”,
até que as duas soluções atinjam concen-
trações iguais.
logo a equação (I) fica:
Para melhor entender o fenômeno, recor-
re-se ao pequeno aparato exibido abaixo:
um vaso dividido ao meio por uma membra-
na semipermeável.
Onde:

k – constante universal dos gases perfei-


tos (R);

ou

p = Pressão osmótica da solução (atm ou


mmHg);
A água do lado direito do vaso tende a
V = Volume da solução (litros); passar para o lado esquerdo, aumentando o
nível da solução; a diferença de altura h
n = Quantidade em mols do soluto; corresponde à pressão osmótica.

T = Temperatura absoluta da solução Osmose Reversa


(kelvin).
A osmose reversa ocorre quando se apli-
Membranas semipermeáveis são mem- ca uma pressão no lado da solução mais sa-
branas existentes na natureza que têm a lina ou concentrada, revertendo-se a ten-
capacidade de deixar passar somente um dência natural. Neste caso, a água da solu-
líquido (a água), ou solvente, mas não dei- ção salina passa para o lado da água pura,
xam passar sais nela dissolvidos. Na verda- ficando retidos os íons dos sais nela dissol-
de, o que se verifica é uma propriedade se- vidos.
letiva, isto é, o solvente água passa de um
lado para o outro da membrana com muito A pressão a ser aplicada equivale a uma
mais facilidade do que os solutos (sais) pressão maior do que a pressão osmótica
existentes. característica da solução.

As paredes das células dos seres vivos Dessalinizadores


são membranas semipermeáveis naturais,
regulando a passagem de sais e nutrientes São equipamentos destinados a produzir
para dentro da célula ou para fora dela. água potável a partir de água do mar ou sa-
159
lobra, empregando o processo de osmose ⇒ do grau de dissociação ou ioniza-
reversa e membranas osmóticas sintéticas. ção (a) desse composto a uma dada
As condições de trabalho de um dessaliniza- temperatura.
dor são bastante severas, pois aliam um
elemento altamente corrosivo (íon cloreto) a Exemplo
altas pressões (5 600 a 16 800 atm).
Considere o ácido sulfúrico, H2SO4(aq),
Classificação de uma Solução quanto com grau de ionização a = 61% ou 0,61 a
à Natureza do Soluto 18°C.

Em uma solução iônica, há íons em solu- A ionização de uma molécula de H2SO4 é


ção; as partículas dissolvidas são íons pro- dada pela equação:
venientes da dissolução de um sólido iônico
ou da ionização de uma substância molecu-
lar. Exemplos: solução aquosa de sal de co-
zinha (NaCl); solução aquosa de ácido sulfú-
rico (H2SO4);

Se considerarmos 100 moléculas de H2-


SO4, nas condições descritas, temos:

Isto significa que cada 100 moléculas de


H2SO4 dissolvidas em água dão origem a
222 partículas em solução.

O cientista holandês Jakobus Henricus


Van’t Hoff, por volta de 1882, percebeu que
o número de partículas, em solução iônica,
poderia ser calculado pelo produto do nú-
mero de partículas dissolvidas por um certo
fator i que, em sua homenagem, é conheci-
do como fator de correção de Van’t Hoff.

Nº de partículas em solução = Nº de par-


Como as propriedades coligativas depen- tículas dissolvidas . i
dem apenas do número de partículas de so-
luto, e não de sua natureza, temos que, Observe no nosso exemplo:
numa solução iônica, os efeitos coligativos
são mais intensos que na solução molecular
de mesma concentração. 222 = 100 · i onde:

Sendo assim, o número de partículas de Van’t Hoff demonstrou que o fator de cor-
soluto existentes na solução vai depender: reção (i) podia ser calculado pela relação:

⇒ do número de íons presentes em


cada fórmula do composto;
Onde:

160
a = grau de ionização ou dissociação do reversa tem se desenvolvido bastante. A
composto; escassez de água potável em muitas regiões
do planeta também determina uma deman-
q = no total de íons liberados na ioniza- da por processos de dessalinização seguros
ção de 1 molécula ou na dissociação de 1 e econômicos. Assim, o processo de dessa-
agregado iônico. linização por osmose reversa tem se difun-
dido, seus custos vêm decrescendo e sendo
Como vimos, o soluto iônico apresenta colocados até ao alcance do indivíduo, viabi-
um número de partículas maior e, con- lizando muitos projetos antes impensáveis.
seqüentemente, o efeito coligativo será
mais acentuado. COLÓIDES
Portanto, torna-se necessário, então, cor-
rigir as equações, introduzindo um fator Como você perceberá, as dispersões co-
corretivo de Van't Hoff (i). loidais possuem participações importantes
em nosso cotidiano, sendo classificadas de
Então temos: acordo com o estado físico dos participan-
tes. Vários alimentos, medicamentos e pro-
dutos cosméticos são sistemas coloidais.

Veja alguns exemplos no quadro abaixo:


TEXTO COMPLEMENTAR

O Processo de Dessalinização

As usinas de dessalinização em Abu Dha- Os sistemas coloidais vêm sendo utiliza-


bi também produzem eletricidade dos pelas civilizações desde os primórdios
da humanidade. Os povos utilizaram géis de
Dessalinizadores funcionam segundo o produtos naturais como alimento, disper-
princípio de osmose reversa. Esse fenôme- sões de argilas para fabricação de utensílios
no, conhecido dos cientistas desde o fim do de cerâmica e dispersões coloidais de pig-
século passado, passou a ser aplicado em mentos para decorar as paredes das caver-
processos industriais na década de 60. des- nas com motivos de animais e de caça.
de a década de 80, o emprego de membra-
nas semipermeáveis sintéticas em aplica- Graham, em 1861, introduziu os termos
ções industriais passou a se difundir, ampli- colóide e diálise em um estudo sobre a difu-
ando o campo de aplicação deste processo. são da matéria nos estados gasoso e líqui-
Isto resulta em contínuas reduções de cus- do. O termo colóide, do grego, signifi ca
to, não só pela maior escala de produção cola e na época referiu-se às soluções de
permitida como também pelo crescente co- goma arábica, substância sem estrutura defi
nhecimento tecnológico adquirido. Nos anos nida e de natureza viscosa hoje conhecida
recentes, os avanços científicos no campo como macromolécula. A goma arábica (co-
de indústria de microchips e da biotecnolo- lóide) difundia mais lentamente que solu-
gia provocaram uma demanda por água de ções de sais (cristalóide). Diálise é o pro-
elevada pureza. Por outro lado, a consciên- cesso de separação através do qual, molé-
cia de preservação do meio ambiente da so- culas menores atravessam uma membrana
ciedade implica também tratamentos de re- semipermeável enquanto as moléculas mai-
jeitos industriais mais sofisticados e de ores ou partículas coloidais são retidas pela
maior eficiência. Nestes campos a osmose mesma membrana.
161
2- MOVIMENTO BROWNIANO
Sistemas coloidais estão presentes no
cotidiano desde as primeiras horas do dia,
na higiene pessoal (sabonete, xampu, pasta
de dente e espuma ou creme de barbear),
maquiagem, cosméticos, e no café da ma-
nhã, (leite, café, manteiga, cremes vegetais
e geléias de frutas). No caminho para o tra-
balho podemos enfrentar neblina, poluição
do ar ou ainda apreciar a cor azul do céu,
parcialmente explicada pelo espalhamento
Rayleigh da luz do Sol ao entrar na atmosfe-
ra contendo moléculas e partículas de poeira Uma outra característica típica dos siste-
cósmica atraídas pela Terra. No almoço, mas coloidais é o Movimento Browniano,
temperos, cremes e maionese para saladas. observado pela primeira vez pelo biólogo
No entardecer, ao saborear cerveja, refrige- inglês Robert Brown. Uma gota de uma dis-
rante ou sorvete estamos ingerindo colói- persão coloidal, ao ser colocada ao micros-
des. Os colóides ainda estão presentes em cópio, mostrará pontos luminosos se movi-
diversos processos de produção de bens de mentando. Essa movimentação das partícu-
consumo, incluindo o da água potável, os las dispersas se deve ao choque entre elas e
processos de separação nas indústrias, de as moléculas da substância dispersante.
biotecnologia e de ambiente.

São também muito importantes os colói- 3- COLÓIDES HIDROFÓBICOS E


des biológicos, tais como o sangue, o humor
vítreo e o cristalino. HIDROFÍLICOS

Os colóides mais importantes são aqueles


1- EFEITO TYNDALL em que o meio dispersante é a água. São
classificados em hidrofóbicos (possuem
As partículas que compõem os sistemas aversão à água) e hi-
coloidais são muito pequenas para serem drofílicos (possuem
identifi cadas a olho nu, mas o seu tamanho atração pela água).
é quase igual ao do comprimento de onda
da luz visível. Por isso, uma luz que atra- Os colóides hidrofíli-
vesse um sistema coloidal irá ser refletida cos são estáveis devido à
pelas partículas. Esse é o chamado Efeito atração que exercem so-
Tyndall, e pode ser visto, por exemplo, no bre as moléculas da
desvio da luz do sol por partículas coloidais água, e se assemelham
de fumaça ou de neblina, em um pôr-do-sol mais às misturas homo-
vermelho brilhante ou no ar nebuloso de gêneas ou soluções ver-
uma floresta. dadeiras. Exemplos típicos são o sabão,
goma de roupa solúvel, detergentes sintéti-
O efeito Tyndall recebeu esse nome , em cos e soro de sangue. Partículas hidrofóbi-
homenagem ao brilhante físico inglês, John cas, não possuindo afinidade com água,
Tyndall (1820 – 1893), que demonstrou por precisam ser estabilizadas de alguma forma,
que o céu é azul, e estudou de forma muito caso contrário acabam se separando em
completa os fenômenos de espalhamento da uma fase distinta. Esta estabilização pode
luz por partículas e poeira. Esse efeito tam- ser feita pela adsorção de íons em sua su-
bém foi observado por Tyndall quando um perfície. A maior parcela de turbidez oriunda
pincel de luz atravessava alguns sistemas de matérias orgânica e inorgânica, encon-
coloidais. Esse espalhamento da luz é sele- trada nas águas naturais, é dessa espécie.
tivo, isto é, depende das dimensões das As partículas individuais são mantidas sepa-
partículas dispersas e do comprimento de radas por forças de repulsão eletrostáticas,
onda da radiação. Dessa forma, é possível desenvolvidas por íons positivos adsorvidos
que uma determinada cor de luz se manifes- na sua superfície provenientes da solução.
te de maneira mais acentuada do que ou-
tras.

162
As partículas coloidais podem agregar-se
irreversivelmente na presença de eletrólitos
e resultar em agregados grandes e compac-
tos (coágulos) por um processo denominado
coagulação, enquanto na presença de polie-
letrólitos pode haver a formação de agrega-
dos menos densos (flóculos), os quais po-
dem ser facilmente rompidos e redispersos
por agitação vigorosa (cisalhamento). A co-
agulação do leite, por exemplo, resulta da
adição de vinagre (eletrólito) e a eliminação
de resíduos da água de piscina por sulfato
de alumínio (forma polieletrólito na água) é
feita após a floculação.

163
MÓDULO 8 - TERMOQUÍMI-
CA E CINÉTICA QUÍMICA

Termoquímica

Este capítulo se
propõe ao estudo Figura 1. Movimento rotacional
das transferências
de energia que es- Os movimentos translacionais consideram
tão associadas às os deslocamentos das moléculas no espaço.
transformações
químicas e às mu-
danças de estado físico. Exceto pela energia
nuclear, praticamente todas as outras for-
mas de energia que conhecemos dependem,
direta ou indiretamente, da energia lumino-
sa que recebemos do Sol.

A fotossíntese, por exemplo, é o processo


fundamental pelo qual as plantas geram
fontes de energia, na forma de alimentos ou Figura 2. Movimento translacional
de combustíveis, usando a luz solar.
Finalmente, os movimentos vibracionais
são aqueles relacionados aos movimentos
1.Energia dos átomos em torno de uma ligação inte-
ratômica.
As transformações quími-
cas normalmente são
acompanhadas de varia-
ções energia. As trocas de
energia nos informam
acerca da natureza das
substâncias que reagem e sobre as reações
que nos fornecem energia.

A energia, geralmente, é definida como a


capacidade de realizar trabalho. Essa ener-
gia pode-se apresentar de duas maneiras:
energia cinética e energia potencial.

1.1- Energia Cinética


A energia cinética está associada com o
movimento, ou seja, é o grau de agitação
das partículas. As partículas podem apre- Figura 3. Esquema representativo dos movi-
sentar movimentos rotacionais, translacio- mentos vibracionais: deformação axial e de-
nais e vibracionais. formação angular

Os movimentos rotacionais consideram os A magnitude da energia cinética, Ec, de-


deslocamentos em torno dos próprios eixos pende da massa, m, e da velocidade, v:
da molécula.
Ec = ½ mv2

164
1.2- Energia Potencial transferência de energia entre elas, fazendo
com que as partículas de um mesmo siste-
ma tenham energias cinéticas diferentes.
A energia potencial surge quando há uma
Dessa forma, a temperatura é dada pela
força atrativa ou repulsiva sendo exercida
energia cinética média de um sistema.
sobre o material. Uma das mais importantes
formas de energia potencial para os propó-
O gráfico a seguir ilustra essa situação.
sitos da química é a energia eletrostática,
que surge das interações entre partículas
carregadas ou em polos moleculares. Essa
energia é proporcional às cargas elétricas de
dois objetos que interagem entre si e inver-
samente proporcionais a distância que os
separa. Para duas cargas, a energia poten-
cial eletrostática é dada por:

Q1 Q2
E=k
d
Gráfico 1 - Distribuição de energia das partícu-
Nessa equação, o valor de K é 8,99X109 las constituintes de um sistema.
Jm/C2. Quando as duas cargas têm o mes-
mo sinal, elas se repelem e a Energia po- A energia cinética media é proporcio-
tencial eletrostática é positiva. Quando os nal à temperatura absoluta.
sinais das duas cargas são contrários, elas
se atraem, e a energia é negativa. Dessa Calor é o processo de transferência de
forma, quanto mais intensas forem as for- energia de um sistema, a uma temperatura
ças atrativas, mais estáveis são os sistemas mais alta, para outro, a uma temperatura
e consequentemente, menor e mais negati- mais baixa. A quantidade de calor transferi-
vo é a energia potencial. da é dada pela seguinte fórmula matemáti-
ca:
Q = mcΔt
1.3- Unidades de energia
Pela análise da fórmula, é possível con-
A unidade SI para energia é o joule, J. cluir que a quantidade de calor transferida é
Um joule não é uma quantidade grande de proporcional à diferença de temperatura e
energia, assim o quilojoule (kJ) é mais utili- não à temperatura. Isso implica que a
zado. transferência de calor pode ser maior entre
sistemas a baixas temperaturas do que en-
Tradicionalmente, as variações de energia tre sistemas a temperaturas mais altas,
que acompanham as reações químicas têm desde que a diferença de temperatura entre
sido expressas em calorias, mesmo não per- os sistemas a baixas temperaturas for maior
tencendo aos padrões da SI. Uma caloria do que a diferença de temperaturas entre
(cal) foi originalmente definida como a sistemas a altas temperaturas.
quantidade de energia necessária para au-
mentar a temperatura em 1ºC de 1g de A quantidade de calor transferida depen-
água. É possível definir caloria em função de, também, da massa e do calor específico.
de joule, da seguinte maneira: O calor específico é a energia necessária
para elevar a temperatura de 1 grama de
1cal= 4,184 J material em 1ºC. Assim, quanto maior o ca-
lor específico de um material, mais energia
é necessária para aquecer o corpo. O mes-
2.Temperatura e Calor mo se pode dizer em relação à massa do
corpo. Quanto maior a massa, mais energia
Em todos os sistemas, as partículas cons- é necessária para aquecer o corpo. Logo, a
tituintes não possuem a mesma energia ci- quantidade de calor que um corpo pode re-
nética, ou seja, há uma distribuição não ceber depende da diferença de temperatura
uniforme de energia das partículas que entre o corpo e a fonte de calor, do calor
compõem esse sistema. Essa diferença se específico do material de que é feito o corpo
deve pelas colisões elásticas entre as partí- e de sua massa.
culas. Essas colisões são responsáveis pela
165
3.Processos Endotérmicos e 5.Entalpia (H)
Exotérmicos
Os processos químicos e físicos envolvem A entalpia é uma função termodinâmica
transferências de energia da vizinhança para definida pela seguinte equação matemática:
o sistema ou do sistema para a vizinhança.
Os processos em que os sistemas absorvem H = E + PV
energia da vizinhança são denominados em que E é energia interna, P e V pres-
ENDOTÉRMICOS. são e volume do sistema, respectivamente.
Como E e PV têm unidades de energia, a
entalpia também tem unidade de energia.
Além disso, E, P e V são funções de estado,
ou seja, suas variações só dependem dos
estados inicial e final. Consequentemente, H
é uma função de estado.

6.Variação de entalpia (ΔH)


Figura 4- Exemplo de processo endotérmico: A maioria dos processos significativos na
Fusão do gelo química é realizada sob pressão constante.
Assim, a variação da entalpia seria dada
Enquanto que os processos em os siste- por:
mas liberam energia para a vizinhança são ∆H = ∆E + P∆V
os EXOTÉRMICOS.
Substituindo ΔE e PΔV, temos;

∆H = Q +W−W
Logo,

∆H = Q
A variação de entalpia, portanto, é defi-
nida como a energia trocada, na forma de
Figura 5 – Exemplo de processo exotérmico:
calor, entre o sistema e a vizinhança, sob
Queima do etanol pressão constante.

A variação de entalpia é expressa por um


número, que indica sua magnitude, um si-
4.Energia interna (E) nal, que indica a direção do fluxo de energia
e a unidade.
A energia interna de um sistema pode ser
definida como a soma das energias cinética Como a variação de entalpia é uma fun-
e potencial de todas as partículas do siste- ção de estado, podemos trabalhar a varia-
ma. ção de entalpia de uma reação como ental-
pia dos produtos menos a entalpia dos rea-
A energia interna de um sistema pode gentes. Essa variação de entalpia é denomi-
sofrer variações em função da transferência nada entalpia de reação.
de calor (Q), de trabalho (W)1 ou de ambos.
∆ H = H ( pr odut os) − H (reagentes)
∆E = Q +W
Quando a entalpia dos produtos é menor
que a dos reagentes, o sinal do ΔH é nega-
*1 Trabalho (W): energia utilizada para tivo, o que significa que o sistema liberou
fazer um objeto se mover contra uma força, calor para a vizinhança, sendo, portanto,
definido como; W= -PΔV um processo exotérmico. O diagrama a se-
guir representa a combustão do etanol. Essa
seria a forma geral dos diagramas de varia-

166
ção de entalpia para os processos exotérmi- sob forma de calor, é transferida da vizi-
cos. nhança para o sistema até que ambos te-
nham a mesma temperatura, em um valor
menor que o original.

Figura 8 – Representação das variações de


energia em um processo endotérmico
Figura 6 – Diagrama que representa um pro-
cesso exotérmico: Combustão do etanol
Importante: Processos endotérmicos
Para os processos em que a entalpia dos acontecem com a diminuição das tempera-
produtos é maior que a dos reagentes, o ΔH turas do sistema e da vizinhança.
será positivo, o que indica que o sistema
absorveu calor da vizinhança, sendo, por-
tanto um processo endotérmico. O diagrama 7.2 – Processos exotérmicos
abaixo representa a decomposição da água. Nesses processos parte da energia poten-
Todos os processos endotérmicos têm essa cial é convertida em energia cinética, o que
mesma forma geral para o diagrama de va- acarreta uma aumento da energia cinética
riação da entalpia. média. Dessa forma, a temperatura do sis-
tema aumenta, tornando-a maior que a da
vizinhança. Assim, a energia é transferida,
sob forma de calor, do sistema para a vizi-
nhança até que ambos tenham a mesma
temperatura, em um valor maior que o ori-
ginal.

Figura 7 – Diagrama de representa um pro-


cesso endotérmico: Decomposição da água

7.Energias cinética e poten-


cial durante uma trans-
formação termoquímica
Figura 9 – Representação das variações de
energia em um processo exotérmico
7.1 – Processo Endotérmico
Durante um processo endotérmico parte
Importante: Processos exotérmicos
da energia cinética das partículas é conver-
acontecem com o aumento das temperatu-
tida em energia potencial. Dessa forma, a
ras do sistema e da vizinhança.
energia cinética média diminui, diminuindo
a temperatura do sistema, tornando-a me-
nor que a da vizinhança. Assim, a energia,
167
8.Equações termoquímicas

A combinação de uma equação química


balanceada e o correspondente valor de ΔH
para a reação é chamada de equação ter-
moquímica.
C (s) + O2 (g) ! CO2 (g) ΔH = -395,5 kJ
ou
C (s) + O2 (g) ! CO2 (g) + 395,5 kJ

SnO2(s) ! Sn(s) + O2 (g) ΔH= +581 kJ


Figura 10 – Diagrama comparativo entre rea-
ou
ções diretas e inversas
SnO2(s) +581 kJ ! Sn(s) + O2 (g)
9.3- Estado físico dos reagentes
9.Fatores que afetam o valor e produtos
de ΔH Como a entalpia do estado sólido é me-
nor que a do líquido e essa menor que o ga-
soso, substâncias em estados físicos dife-
Vários fatores afetam os valores de ΔH, rentes acarretam em ΔH diferentes.
dentre eles podemos destacar:
CH4 (g) + 2O2 (g) ! CO2(g) + 2H2O (g)
ΔH = -820kJ/mol
9.1- Quantidade de reagentes
A combustão do metano produzindo H 2O
O ΔH é uma propriedade extensiva, ou (g) libera 820 kJ, enquanto que essa com-
seja, depende massa. Assim, essa grandeza bustão produzindo H2O (l) libera 890 kJ.
é proporcional à quantidade de reagente
consumida no processo.

CH4 (g) + 2O2 (g) ! CO2(g) + 2H2O (l)


ΔH = -890kJ/mol

Como a combustão de 1 mol de metano


libera 890kJ, a combustão de 2 mols libera
duas vezes mais energia, 1780kJ.

9.2- Sentido da reação Figura 11- Diagrama comparativo de valores


de ΔH quando as substâncias se encontram
A variação da entalpia para uma reação em estados físicos diferentes
é igual em valores absolutos, mas oposta
em sinais para o ΔH da reação inversa.
10.E n t a l p i a – P a d r ã o d e
CO2(g) + 2H2O (l) ! CH4 (g) + 2O2 (g) Formação e de Reação
ΔH = +890kJ/mol
A variação de entalpia de uma reação
pode ser determinada por meio da medida
de calor absorvida ou liberada, a pressão
constante. Mas é impossível obter valores
absolutos de entalpia de uma substância,
apenas valores relativos à uma referência
arbitrária podem ser determinados.

168
O ponto de referência para expressões de efeito estufa, já que participa do ciclo atual
entalpia é denominado entalpia-padrão de do carbono.
formação (ΔH0f). O estado padrão de uma A reação de combustão do álcool etílico
substância é a sua forma pura à pressão de é:
1 atm e, normalmente, 25ºC. C2H5OH (l) + 3O2 (g) →2CO2 (g) + 3H2O (g)

Por convenção, a entalpia-padrão de for- Sabendo que as entalpias padrão de for-


mação para qualquer substância simples na mação para álcool etílico, gás carbônico
sua forma alotrópica mais estável é zero. (CO2) e água (H2O) são, respectivamente, -
278 kJ/mol, -394 kJ/mol e -286 kJ/mol, o
O2 (g) : ΔH0f = 0 O3 (g) : ΔH0f ≠0 calor de combustão do álcool etílico é

As substâncias O 2 e O3 são simples, po- A variação de entalpia de uma reação é a


rém a substância O2 é a forma alotrópica diferença entre o somatório das entalpias
mais estável do elemento oxigênio, portan- dos produtos e o somatório das entalpias
to, é a que apresenta entalpia-padrão de dos reagentes. A entalpia de cada espécie
formação igual a zero. (reagente ou produto) é dada pelo produto
do coeficiente estequiométrico pela ental-
A entalpia-padrão de formação (ΔH0f )de pia-padrão de formação da espécie.
um composto é a variação de entalpia para
a reação que forma 1 mol do composto a Utilizando a seguinte equação e substi-
partir de seus elementos, na forma da subs- tuindo os valores de entalpias padrão de
tâncias simples mais estável, no estado pa- formação presentes no enunciado, temos;
drão.
ΔH0= Σ ΔH0f (produtos) - Σ ΔH0f (reagen-
Por exemplo, é possível estimar a ental- tes)
pia-padrão de formação para etanol reali-
zando a seguinte reação: ΔH 0 = [ 2 ΔH 0 (CO 2 ) +3 ΔH 0 (H 2 O)] –
[ΔH0(C2H5OH) + 3ΔH0(O2)]
2C(grafite)+3H2(g)+ ½O2(g)!C2H5OH(l)
ΔH0f = -277,7kJ ΔH0= 2(-394) + 3 (-286) – [(-278) – 0]

Por convenção, as entalpias padrão de ΔH0= -1368 kJ/mol


formação para as substâncias C(grafite),
H2(g) e O2(g) são zero. Assim, ao utilizar-
mos a fórmula ΔH= Hp –Hr, temos que a 11.Lei de Hess
entalpia padrão de formação para o etanol é A lei de Hess estabelece que se uma rea-
igual variação de entalpia da reação de sua ção for executada em uma série de etapas,
formação, que é -277,7kJ/mol. o ΔH para a reação será igual à soma das
variações de entalpia para as etapas indivi-
A importância das entalpias-padrão de duais.
formação é que, uma vez conhecidos os
seus valores, podemos determinar a varia- EXEMPLO 2:
ção de entalpia de uma reação à pressão de Determine a entalpia-padrão de formação
1 atm, através da aplicação da seguinte do acetileno (C2H2) a partir dos seus ele-
fórmula: mentos:

ΔH0= Σ ΔH0f (produtos) - Σ ΔH 0f 2C (grafite) + H2 (g) ! C2H2(g)


(reagentes)
As equações para cada etapa e as corres-
pondentes variações de entalpia são:
EXEMPLO:
No Brasil, o álcool etílico C (grafite) + O2 (g) ! CO2(g)
(C2H5OH) vem sendo muito ΔH0= -395,3,0kJ/mol
utilizado como uma opção de
biocombustível, uma vez que H2(g) + ½ O2 (g) ! H2O (l)
sua origem é vegetal, por- ΔH0= -285,8 kJ/mol
tanto renovável. Além disso,
o álcool etílico contribui me- 2C2H2 (g) + 5O2(g) ! 4CO2(g) + 2H2O (l)
nos para intensificação do ΔH0= -2598,8 kJ/mol

169
Como a reação de formação do acetileno Com base nos dados da tabela abaixo,
ocorre em várias etapas, determina-se o DETERMINE o ΔH para a reação
ΔH0f através da lei de Hess. Assim, a pri- Ligação Energia média de liga-
meira equação deve ser multiplicada por ção (kJ/mol)
dois, pois na reação principal são consumi-
dos 2 mols de carbono. Já a terceira equa- H-H 437
ção, temos 2 mols de C2H2 no reagente,
logo esta reação deve ser invertida e divida H-O 463
por dois. O=O 494
2C (grafite) + 2O 2 (g) ! 2CO 2(g)
ΔH=-787,0kJ/mol 2H2 (g) + O2 (g) ! 2H2O (g)

H2(g) + ½ O 2 (g) ! H2O (l) As ligações dos reagentes são quebradas


ΔH0= -285,8 kJ/mol durante a reação, enquanto as ligações dos
produtos são formadas. Assim, acrescenta-
2CO2(g)+ H2O (l) !C2H2 (g) + 5/2O2(g) se o sinal (+) nas energias de ligação dos
ΔH0=+1299,4 kJ/mol reagentes e o sinal (-) nas energias de liga-
ção dos produtos.
2C (grafite) + H2(g) ! C2H2 (g)
ΔH0f=+226,6kJ/mol ΔH= 2 (+ 437) + (+494) + 4( -463) =
-484kJ/mol
P o r t a n t o , o Δ H 0f d o a c e t i l e n o é +
226,6kJ/mol, o que caracteriza um processo
endotérmico.

12.Energia de ligação

É a energia que deve ser absorvida para


quebrar 1 mol de ligação ou a energia libe-
rada para formar 1 mol de ligação, estando
a espécie no estado gasoso. Dessa forma, a
quebra de ligações é sempre endotérmica e
a formação de ligações é sempre exotérmi-
ca.
Assim, se ΔHL de Cl2(g) é igual a 242 kJ/
mol, podemos concluir que:

Cl2(g) → 2Cl(g) ΔH= +242 kJ/mol (rom-


pimento)

2Cl(g) → Cl2(g) ΔH= -242 kJ/mol (forma-


ção)

Quanto maior for o valor numérico da


energia de ligação, mais forte ela é.

EXEMPLO 3:
(Cefet/RJ) “A BMW testa veículos movi-
dos a hidrogênio e antecipa uma novidade
que chegará ao mercado no futuro. A indús-
tria [...] aposta no hidrogênio como um dos
mais promissores substitutos da gasolina.
Ele não depende de reservas estratégicas e
é facilmente obtido com a quebra da molé-
cula da água. [...] Em vez de dióxido de
carbono, o escapamento expele água. O hi-
drogênio pode zera a emissão de poluentes
por veículos no futuro...”
170
Cinética Química

Á
rea da química que estuda as velo-
cidades com que ocorrem as rea- artifício, uma vez que é uma quantidade po-
ções químicas é denominada cinéti- sitiva.
ca química. A palavra cinética refere-se aqui
à velocidade ou dinâmica de uma reação, Para reações mais complexas como:
isto é, à variação de algum fator de um rea- 2A → B, devemos ter mais cuidado ao
gente ou de um produto com o tempo. escrevermos as expressões para a velocida-
de da reação.
Para o químico, um dos mais significantes
benefícios que vem do estudo das velocida- Nesse processo, para cada mol de B for-
des de reação é o conhecimento dos deta- mado são consumidos 2 mol de A, ou seja,
lhes de como as variações químicas ocor- a velocidade com que A é consumido é duas
rem. Uma reação química não ocorre, nor- vezes a velocidade de formação de B. Es-
malmente, em uma única etapa, envolvendo crevemos a velocidade da reação como:
as colisões simultâneas de todas as molécu-
las reagentes descritas na equação global V= - 0,5 Δ[A]/Δt ou V= Δ[B]/Δt
balanceada. Em vez disso, a mudança ob-
servada é o resultado de uma sequência de Dependendo da natureza da reação, há
reações simples. Essa sequência é chamada maneiras diversas de medir a velocidade da
mecanismo da reação e o estudo das veloci- mesma:
dades de reações nos esclarece qual o tipo
de mecanismo existente. Dessa forma, ad- Variação de tonalidade em reações que
quirimos uma compreensão maior sobre as envolvam reagentes ou produtos coloridos,
reações fundamentais que levam as subs- variação de pressão em reações que envol-
tâncias a reagir da maneira como o fazem. vam participantes gasosos, etc.

Qualquer reação pode ser representada


por uma equação geral do tipo:

Reagentes → Produtos

Entende-se por essa equação que, no de-


correr da reação, reagentes são consumidos
enquanto produtos são formados. Assim po-
demos seguir a evolução da reação, medin-
do tanto a diminuição da concentração dos
reagentes quanto o aumento da concentra-
ção dos produtos.

Assim podemos expressar a velocidade


da reação como:

V= -Δ [reagente] / Δt ou
V= Δ[produto]/Δt

Sabendo que Δ [reagente] e Δ[produto]


são variações de concentração (em mol/L)
durante um intervalo de tempo Δt. Uma vez
Os fatores que controlam a rapidez com
que a concentração de um reagente decres-
a qual as transformações ocorrem são:
ce com o tempo, Δ[reagente] é uma quanti-
dade negativa. Como a velocidade da reação
1. A natureza dos reagentes e produ-
é uma quantidade positiva, torna-se neces-
tos. Sendo todos os outros fatores
sário introduzir um sinal negativo na equa-
iguais, algumas reações são natural-
ção da velocidade para tornar a velocidade
mente rápidas e outras são natural-
positiva. Por outro lado, a velocidade de
mente lentas, dependendo da com-
formação do produto não necessita desse
posição química das moléculas ou
íons envolvidos.
171
A tabela a seguir apresenta três medidas
2. A concentração das espécies rea- da velocidade da reação
gentes. Para duas moléculas reagi-
rem uma com a outra elas precisam F2(g) + 2ClO2(g) → 2FClO2(g)
se encontrar, e a probabilidade de [F2] (mol.L-1) [ClO2] (mol.L-1) Velocidade Inicial
que isso vá ocorrer numa mistura (mol.L-1. s-1)
homogênea aumenta com o aumento
de suas concentrações. Para as rea- 1. 0,10 0,010 1,2 x 10-3
ções heterogêneas, aquelas em que
os reagentes estão em fases separa- 2. 0,10 0,040 4,8 x 10-3
das, a velocidade também depende 3. 0,20 0,010 2,4 x 10-3
da área de contato existente entre as
fases. Uma vez que muitas partículas
pequenas possuem uma área bem
maior do que uma partícula grande, Observando as linhas 1 e 3 na tabela,
de mesma massa total. Assim, dimi- podemos ver que se duplicarmos [F2] man-
nuindo o tamanho das partículas au- tendo constante [ClO2], a velocidade da re-
mentaremos a velocidade da reação. ação duplica. Então, podemos concluir que a
velocidade é diretamente proporcional a
3. O efeito da temperatura. Quase [F2]. Do mesmo modo, os dados das linhas
todas as reações químicas ocorrem 1 e 2 mostram que uma quadruplicação de
de forma mais rápida quando suas [ClO2], mantendo [F2] constante, corres-
temperaturas são aumentadas. Uma ponde a uma quadruplicação da velocidade,
vez que o aumento da temperatura portanto a velocidade também é direta-
aumenta a energia cinética média das mente proporcional a [ClO2]. Essas observa-
moléculas, estas se tornam mais agi- ções empíricas estão representadas na se-
tadas e suas colisões mais eficientes. guinte lei de velocidade:

4. A influência dos agentes externos V = k [F2] [ClO2]


chamados catalisadores. As velocida-
des de muitas reações, incluindo vir- O termo k é a constante de velocida-
tualmente todas as reações bioquími- de, que é a constante de proporcionalidade
cas, são afetadas por substâncias entre a velocidade de uma reação e a con-
chamadas catalisadores. centração dos reagentes. Essa equação é
conhecida como a lei da velocidade, que
exprime a relação da velocidade da reação
com a constante de velocidade e com as
1.Leis da velocidade concentrações dos reagentes. A constante
de velocidade pode ser calculada com base
O efeito da concentração do reagente so- na concentração dos reagentes e da veloci-
bre a velocidade de uma reação pode ser dade inicial. Usando a linha 1, temos:
estudado determinando-se como a velocida-
de inicial depende das concentrações inici- K = V/ [F2] [ClO2]
ais.
K = 1,2.10-3 (mol.L-1)/s / (0,10 mol.L-1).
A velocidade é quase sempre diretamente ( 0,010 mol.L-1)
proporcional à concentração dos reagentes,
elevada a alguma potência. Isto significa K = 1,2
que, para a reação geral
Para a reação geral do tipo
A→B aA +bB ! cC + dD
a velocidade pode ser escrita como
a lei da velocidade é:
velocidade α [A]x V = [A]x . [B]y

em que o expoente , x, é chamado or- Onde os expoentes x e y são determina-


dem de reação. Quando x=1, temos uma dos experimentalmente.
reação de primeira ordem.
A soma dos valores das potências de to-
das as concentrações dos reagentes que
172
aparecem na lei da velocidade é conhecida Entende-se que, para que possam reagir,
como ordem da reação global. Para a ex- as moléculas que colidem tem que possuir
pressão da lei de velocidade mostrada aci- uma energia igual ou maior do que a ener-
ma, a ordem global da reação é dada por gia de ativação (Ea). Essa energia de ati-
x+y. Para a reação envolvendo F2 e ClO2 a vação é a energia mínima necessária para
ordem total é 1+1, ou 2. Dizemos que a re- que se inicie uma reação química. Se essa
ação é de primeira ordem em F 2 e de pri- energia não for suprida, as moléculas se
meira ordem em ClO2, ou de segunda ordem mantêm intactas e a colisão não produz ne-
global. Observe que a ordem de uma reação nhuma transformação. Uma espécie transi-
é sempre determinada pela concentração tória formada pelas moléculas de reagente,
dos reagentes e nunca pela concentração como resultado da colisão efetiva, antes da
dos produtos. formação do produto é denominada um
complexo ativado (também chamado de
2.T e o r i a d a s c o l i s õ e s e estado de transição).
energia de ativação

A teoria cinética dos gases postula que as


moléculas de um gás colidem frequente-
mente umas com as outras. Assim, pode-
mos admitir que, em geral, as reações quí-
micas ocorrem como consequência das coli- Podemos considerar a energia de ativação
sões entre as moléculas dos reagentes. como uma barreira que impede as molécu-
Aplicando a teoria das colisões à cinética las de menor energia reagirem. Uma vez
química, podemos esperar que a velocidade que, em uma reação comum, o número de
de reação seja diretamente proporcional ao moléculas reagente é muito grande, as ve-
número de colisões moleculares por segun- locidades e consequentemente as energias
do, ou seja, à frequência das colisões mo- cinéticas variam muito. Em geral, apenas
leculares: uma pequena fração das moléculas colidem.
Podemos, então, explicar o aumento da ve-
V α número de colisões/segundo locidade de uma reação provocado pelo au-
mento de temperatura dos reagentes. Uma
Embora a teoria das colisões seja intuiti- vez que, para temperaturas elevadas o nú-
vamente muito atrativa, a relação entre a mero de moléculas de energia alta é maior,
velocidade de reação e a frequência de coli- a velocidade de formação de produtos é
sões moleculares é mais complexa. A teoria também maior para as temperaturas eleva-
das colisões admite que, sempre que uma das.
molécula reagente colide com a outra, ocor- Observe o gráfico que mostra o compor-
re reação. Contudo, nem todas colisões tamento de uma reação endotérmica:
conduzem à formação de produtos. Na prá-
tica, verificamos que, em muitos casos, a
ocorrência de colisões por si não garante
que a reação ocorra.

Qualquer molécula em movimento possui


energia cinética; assim quanto mais rápido
se mover, maior será a energia cinética.
Quando as moléculas colidem, parte da
energia cinética é convertida em energia
vibracional. Se as energias cinéticas iniciais
forem elevadas, então a vibração das molé-
culas que colidem será suficiente para que-
brar algumas ligações químicas. Essa que-
bra de ligações é o primeiro passo no senti-
do da formação do produto. Do ponto de
vista energético, existe um valor mínimo de
Como os produtos são menos estáveis
energia de colisão, abaixo do qual não pode
(mais energéticos) do que os reagentes, a
haver reação.
mistura reacional absorverá calor da vizi-
nhança e a reação será endotérmica.

173
Nesse caso, 2, simboliza o ΔH do proces- vel em escala industrial, uma reação tem de
so e ,1, simboliza a energia de ativação. ocorrer com uma velocidade apreciável e
possuir um elevado rendimento do produto
desejado.
3.Catálise
Em 1905, o alemão Fritz Haber descobriu
Um catalisador é uma substância que que essa reação era catalisada por uma
aumenta a velocidade de uma reação quími- mistura de ferro com uma pequena porcen-
ca sem ser consumido ao final da reação. O tagem de óxidos de potássio e alumínio a
catalisador pode reagir e formar um inter- cerca de 500oC.
mediário, mas é regenerado em uma etapa
subsequente da reação. Na catálise heterogênea, o centro ativo
da reação localiza-se na superfície do catali-
Um catalisador acelera uma reação, pro- sador sólido. A etapa inicial no processo en-
porcionando um conjunto de etapas elemen- volve a dissociação do N2 e do H2 na super-
tares mais favoráveis do ponto de vista ci- fície do metal. Embora as espécies dissocia-
nético em alternativa às etapas que ocorrem das não sejam verdadeiramente átomos iso-
na sua ausência. lados, uma vez que estão ligados à superfí-
cie metálica, são muito reativas. As duas
Na maioria dos casos, o catalisador faz a moléculas reagentes comportam-se de um
velocidade aumentar em virtude de uma modo muito diferente na superfície do cata-
diminuição da energia de ativação da rea- lisador.
ção.
Observe a imagem:

Existem três tipos de catálise, dependen-


do da natureza da espécie que causa o au-
mento da velocidade: catálise heterogênea,
catálise homogênea, catálise enzimática. Catálise Homogênea
Na catálise homogênea, os regentes e o
Catálise Heterogênea catalisador estão dispersos em uma única
Na catálise heterogênea, os reagentes e fase.
o catalisador encontram-se em fases distin-
tas. Geralmente o catalisador é um sólido e Um bom exemplo desse tipo de catálise é
os reagentes são gases ou líquidos. a destruição do ozônio estratosférico pelo
cloro livre proveniente de moléculas de CFC.
Exemplo: Síntese da amônia pelo pro- Nesse caso, os reagentes e o catalisador são
cesso Haber gasosos.

A amônia é uma substância bastante va-


liosa, utilizada na indústria de fertilizantes,
na fabricação de explosivos e em muitas ou-
tras aplicações.

A formação de NH3 a partir de N2 e H2 é


exotérmica.

N2(g) + H2(g) ! NH3(g) ΔH = -92 kJ/mol

No entanto, a reação é extremamente


lenta à temperatura ambiente. Para ser viá-
174
Uma enzima é tipicamente uma proteína
de dimensões elevadas, que contém um ou
mais centros ativos, onde ocorrem as inte-
rações com os substratos. Esses centros ati-
vos têm estruturas compatíveis apenas com
certas moléculas específicas de substrato,
de um modo análogo ao que existe entre
uma chave e a respectiva fechadura. Entre-
tanto, as moléculas das enzimas possuem
certo grau de flexibilidade estrutural e po-
dem alterar a sua forma para acomodar di-
ferentes tipos de substrato.
As reações podem ser, simplificadamente,
representadas por:

Etapa I: Cl(g) + O3(g) → ClO(g) + O2(g)


Etapa II: ClO(g) + O(g) → Cl(g) + O2(g)
Reação Global: O3(g) + O(g) → 2O2(g)

Observe que o cloro é consumido na pri-


meira etapa e regenerado na segunda e,
consequentemente, não é representado na
equação global.

Nesse caso o cloro catalisa a reação de


destruição do ozônio.

Catálise Enzimática
De todos os processos complexos que se
desenvolveram nos organismos vivos, ne-
nhum é mais espantoso ou mais essencial
que a catálise enzimática. As enzimas são
catalisadores biológicos. O mais espantoso
em relação às enzimas é que, além de au-
mentarem a velocidade das reações de fato-
res de 106 a 1018 , são também muito espe-
cíficas. As enzimas atuam apenas sobre cer-
tas moléculas, chamadas substratos (ou
seja, reagentes), deixando inalterado o res-
tante do sistema. Estima-se que uma célula
viva possa conter cerca de 3000 enzimas
diferentes, cada uma delas catalisando uma
reação específica, na qual um substrato é
convertido nos produtos apropriados.

175
centrações dos produtos vão aumentando, a
velocidade da reação inversa também au-
menta. Já a velocidade da reação direta di-
MÓDULO 9 - EQUILÍBRIOS minui, devido à diminuição das concentra-
Equilíbrio químico ções dos reagentes, e a velocidade inversa
aumenta, devido ao aumento das concen-
trações dos produtos. Essas variações ocor-
O equilíbrio Químico é um tipo de equilí- rem até que as velocidades se igualam, e, a
brio dinâmico que ocorre com as reações partir desse instante, as velocidades instan-
reversíveis. Nesse estado, reagentes e pro- tâneas direta e inversa não valem zero, mas
dutos se interconvertem com a mesma rapi- possuem o mesmo valor conforme mostra o
dez de tal forma que as propriedades ma- gráfico a seguir.
croscópicas do sistema (cor, pressão, densi-
dade, concentração, etc.) se mantêm e to-
das as espécies coexistam.

Quando o equilíbrio é atingido, as rea-


ções se processam normalmente, ou seja,
os reagentes continuam formando produtos
e vice-versa. As alterações microscópicas
continuam, pois o equilíbrio químico é um
processo dinâmico e não estático.
Além do gráfico de velocidade versus
Praticamente toda reação é reversível em tempo, pode-se estudar os equilíbrios quí-
sistemas fechados, variando apenas o grau micos pelos gráficos concentração versus
de reversibilidade, maior ou menor. Entre- tempo. Nesses tipos de gráficos, verificare-
tanto, algumas reações têm um rendimento mos que, com o passar do tempo, as con-
muito elevado, de praticamente 100% (con- centrações dos reagentes sempre irão dimi-
sideradas irreversíveis), como é o caso das nuir, pois estão sendo consumidos, enquan-
reações de combustão. Outras reações têm to as concentrações dos produtos irão au-
rendimento tão baixo que, na prática, po- mentar, partindo do zero, pois estão sendo
demos dizer que a reação não ocorre. formados. No entanto, a concentração das
espécies em equilíbrio dependerá do rendi-
mento da reação na temperatura do expe-
1. Condições rimento e, por isso, há três possíveis gráfi-
cos para uma mesmo a reação:
Para que o estado de equilíbrio químico
seja estabelecido é necessário que • Reação com rendimento de 50%
• o sistema deve ser fechado,
• não haja mudanças macroscópicas no
sistema ( alteração de cor, formação de
precipitado, efervescência ... ),
• todos os reagentes e produtos devem
estar presentes,
• as concentrações dos reagentes e pro-
dutos sejam constantes, não necessari-
amente iguais e que
• a velocidade da reação direta é igual a
da inversa.

2. Análise gráfica
No início da reação, só temos reagentes;
logo, a velocidade a reação direta é máxi-
ma. Com o passar do tempo, os produtos
vão sendo formados e começa a existir a
velocidade inversa. À medida que as con-
176
• Reação com rendimento maior que velocidade para as reaçõe direta e inversa
50% são dadas por:

vd = kd . [A]a . [B]b e
vi = ki . [C]c . [D]d

No equilibrio, vd = vi, portanto

kd . [A]a . [B]b = ki . [C]c . [D]d

Assim, pode-se expressar Kc como:

Kc = [C]c . [D]d/ [A]a . [B]b

Exemplo: para a equação de obtenção


do tetróxido de dinitrogênio, a constante Kc
• Reação com rendimento inferior a é
50%

Atenção!
Sólidos e líquidos puros não entram na
expressão de Kc, pois suas concentrações
são constantes.

3. Tipos de equilíbrio quími- 4.2- Constante de equilíbrio em


co termos da pressão parcial em atm
• Quanto ao número de fases:
Homogêneo: todas as espécies na mes- (Kp)
ma fase de agregação.
Heterogêneo: espécies em fases de É expressa da mesma forma que o Kc,
agregação diferentes. entretanto, somente gases entram na ex-
pressão de Kp.
• Quanto à natureza das espécies:
Iônicos: pelo menos uma das espécies é Exemplos:
iônica.
Moleculares: reagentes e produtos são
moleculares.

4. Constantes de equilíbrio
Quanto maiores forem os valores de Kc
4.1- Constante de equilíbrio em ou Kp, maior será a extensão da ocorrência
da reação direta – maior concentração dos
termos da concentração em produtos. E quanto menores forem os valor
mol.L-1(Kc) de Kc ou Kp, maior será a extensão da ocor-
rência da reação inversa.
Para uma equação genérica
O valor numérico da constante de equilí-
brio depende dos coeficientes estequiomé-
aA + bB ⇄ cC + dD
tricos e da temperatura da reação. Por isso,
em que todos os participantes estão em a IUPAC recomenda que a constante de
equilíbrio homogêneo, tem-se que a Lei da equilíbrio seja estabelecida a partir dos me-
nores coeficientes estequiométricos inteiros.
177
4.3- Relação entre Kc e Kp Após o equilíbrio ser atingido, verificou-
se que a concentração de NO2 era igual a 4
Consideremos a seguinte reação genéri-
mol.L-1. Determine o valor da constante de
ca:
equilíbrio, Kc, para reação a 100 °C.
aA + bB ⇄ cC + dD
em que a constante Kc e kp são dadas
por:

Considerando o comportamento ideal dos


gases, a pressão parcial dos participantes
do equilíbrio pode ser relacionada da se-
guinte maneira com a concentração em RESOLUÇÃO
mol.L–1:
PV = nRT Nesse tipo de exercício, deve-se determi-
nar as concentrações de todas as espécies
Como [gás] = n/V e aplicando essa ex- no equilíbrio com o auxílio de uma tabela –
pressão para os componentes da reação ge- tabela de equilíbrio químico.
nérica, temos:
No exemplo anterior, sabe-se que foram
PA = [A]RT PB = [B]RT formados 8 mol de NO2,, pois o volume do
PC = [C]RT PD = [D]RT recipiente é de 2 L ([NO 2] = 4 mol.L-1). As-
sim, como a proporção da reação é de 1 : 2,
Substituindo esses dados na expressão conclui-se que foram gastos 4 mol de N2O4.
do Kp obtém – se: Dessa forma, resta, 16 mol do reagente no
sistema e, portanto, sua concentração no
equilíbrio é igual a 8 mol.L-1.

Agora basta substituir os valores encon-


trados na expressão da constante de equilí-
O que é equivalente a: brio Kc dessa reação:

Kc = [NO2]2 = (4) 2 = 2
[N2O4] (8)

Simplificando: Atenção!
A linha da quantidade que reagem e que
se formam é a única que deve obedecer a
estequiometria da reação.

Portanto: • A partir de equações químicas

Kp = Kc (RT)∆n Nesse tipo de exercício, deve-se manipu-


lar as equações fornecidas, como se fossem
Em que ∆n é a variação dos coeficientes equações matemátivcas, para se obter a
estequiométricos dos gases em equilibrio: equação desejada. No entanto, ao mudar os
∆n = (c + d) – (a + b) coeficientes estequiométricos da reação, al-
tera-se os expoentes da constante de equi-
líbrio. Por isso, deve-se realizar as mesmas
4.4- Cálculo da constante de operações matemáticas aplicadas às equa-
equilíbrio ções com os expoentes da constante de
equilíbrio. Além disso, ao somar as equa-
• A partir de dados experimentais
ções, deve-se multiplicar os valores das
Em um recipiente fechado, com capaci- constantes.
dade de 2 L, em temperatura de 100ºC, há Exemplo: Determine o valor de Kc para
20 mol de N2O4. Nessas condições, verifica- a reação hipotética a seguir.
se a ocorrência da seguinte reação reversí-
vel: A(s) + 3/2 B(g) + C(l) ⇆ D(aq)
N2O4(g) ⇆ NO2(g)

178
Dados:
A(s) + B(g) ⇆ E(g) Kc = 2
6. Grau de equilíbrio (∝)
2F(g) ⇆ 2E(g) + B(g) Kc = 0,25
D(aq) ⇆ F(g) + C(l) Kc = 0,1
O grau de equilíbrio é a razão entre a quan-
tidade de um reagente consumido até que o
RESOLUÇÃO
equilíbrio seja atingido (n0 – neq.) e a sua
A partir da análise das equações forneci-
quantidade inicial (n0).
das, verifica-se que, para se obter a equa-
ção desejada, deve-se manter - multiplicar
O grau de equilíbrio pode aparecer também
por 1 - a primeira equação, inverter e dividir
na forma percentual.
por dois – multiplicar por (-1/2) - a segun-
da, inverter a terceira – multiplicar (-1) e
Quando o grau de equilíbrio é, por exemplo,
somar as equações manipuladas.
igual a 0,6, significa que 60% dos reagente foi
consumido até o equilíbrio.
x1 A(s)+B(g)⇆ E(g) (Kc = 2)1
x(-1/2)2F(g)⇆2E(g)+B(g) (Kc = 0,25)-1/2
=
7. Deslocamento de equilí-
x(-1) D(aq) ⇆ F(g) + C(l) (Kc = 0,1)-1 brio
Portanto, tem-se:
7.1- Princípio de Le Chatelier
A(s) + B(g) ⇆ E(g) Kc = 2
Quando um sistema em equilíbrio sofre
E(g) + ½B(g) ⇆ F(g) Kc = 2 uma perturbação externa, a reação se pro-
F(g) + C(l) ⇆ D(aq) Kc = 10 cessa (se desloca) no sentido de amenizar
essa perturbação, buscando um novo estado
A(s) + 3/2 B(g) + C(l) ⇆ D(aq)
de equilíbrio.
Kc = 40
Atenção!
Deslocar o equilíbrio corresponde a alte-
5. Quociente reacional (Q) rar a a velocidade da reação direta e/ou a
da inversa em diferentes proporções.
A expressão que define o quociente rea-
cional é a mesma utilizada para a constante
de equilíbrio, com a diferença de que, na 7.2- Fatores que afetam o equi-
primeira, as concentrações empregadas não líbrio
são necessariamente as de equilíbrio. • Concentração
As velocidades das reações são proporci-
O quociente reacional é utilizado para
onais às concentrações dos reagentes. As-
prever se uma mistura reacional qualquer
sim, o aumento da concentração de uma
está ou não em equilíbrio químico. No caso
espécie desloca o equilíbrio no sentido con-
de não haver equilíbrio, é possível saber a
trário em que houve aumento da concentra-
direção da reação.
ção, pois a velocidade da reação no sentido
consumo dessa espécie aumenta. Já a redu-
Se
ção da concentração, desloca o equilíbrio no
• Q < K, o sistema não está em equilí- mesmo sentido em que houve diminuição de
concentração, pois a velocidade de consumo
brio, e parte dos reagentes deve ser con-
da espécie será menor que a de formação.
vertida em produtos, ou seja, a reação
tem de avançar no sentido direto para
Atenção!
estabelecer o equilíbrio.
A adição de um sólido ou líquido puro não
• Q = K, o sistema está em equilíbrio. desloca o equilíbrio, pois suas concentra-
ções são constantes.
• Q > K, o sistema não está em equilí-
• Pressão
brio, e parte dos produtos deve ser con-
Quando aumentamos a pressão sobre um
vertida em reagentes, ou seja, a reação
equilíbrio envolvendo gases, à temperatura
tem de avançar no sentido inverso para o
constante, ele se desloca no sentido da rea-
equilíbrio ser alcançado.
ção capaz de diminuir esse aumento da

179
pressão e vice-versa. Assim, o aumento da representado por uma constante em termos
pressão desloca o equilíbrio no sentido de de concentração:
produção do menor número de mols gaso-
sos e a diminuição da pressão desloca o
equilíbrio no sentido que gera o maior nú-
mero de mols gasosos.

Isso ocorre, pois quando aumenta-se a Como a concentração de água é pratica-


pressão de um sistema gasoso, as concen- mente constante, pode-se escrever:
trações e pressões parciais de seus compo-
nentes são aumentadas, o que acelera tanto KW = [H+].[OH-]
a reação direta quanto a inversa. Contudo,
caso a reação apresente o mesmo número Kw é o produto entre Ki e [H2O]. O valor
de mols gasosos nos dois lados da reação, experimental para Kw, a 25 °C, é de 10-14.
essas velocidades são alteradas na mesma Sendo assim, para uma amostra de água
proporção e, por isso, o equilíbrio não é per- pura a 25 ºC, temos:
turbado.
Kw(25 °C) ≅ 1x10–14 e [H+] = [OH–], pois
Atenção! a amostra é neutra.
A adição de um gás inerte não desloca o
equilíbrio, pois essa perturbação só vai alte- Kw = [H+] . [OH–]
rar a pressão total, não mudando a pressão 1x10–14 = [H+]2
parcial de algum gás participante da reação. [H+] = [OH–] = 1x10–7 mol.L–1
• Temperatura
Porém, se a água não for pura, o soluto
O aumento da temperatura aumenta a pode ou não alterar as concentrações hidro-
energia cinética média das particulas, acele- geniônicas ([H+]) ou as concentrações hi-
rando a reação direta e a inversa. Entretan- droxiliônicas ([OH–]). Caso isso ocorra, tem-
to, a reação endotérmica é a mais favoreci- se:
da, já que esta absorve energia. Assim, • Solução ácida [H+] > [OH–]
tem-se que o aumento da temperatura des-
loca o equilíbrio no sentido da reação endo- Portanto, a 25 °C: [H+] > 10–7 mol.L–1
• Solução básica [H+] < [OH–]
térmica, enquanto que a diminuição da
temperatura desloca o equilíbrio no sentido Logo, a 25 °C: [OH–] > 10–7 mol.L–1
da reação exotérmica.
Atenção!
Atenção!
O catalisador acelera a reação direta e O valor de Kw a 60 ° C é igual a, aproxi-
indireta na mesma proporção, porque pro- madamente, 1x10-13. Isso indica que a rea-
duz o mesmo abaixamento da energia de ção de autoiozação da água é favorecida
ativação nas duas reações. Assim, o catali- com o aumento da temperatura e, portanto,
sador não altera o estado final de equilíbrio, é uma reação endotérmica.
ou seja, não desloca. O catalisador apenas
faz com que o estado de equilíbrio seja
atingido mais rapidamente. 2.Equilíbrio iônico para áci-
dos e bases
Equilíbrio ionico

1.Autoionização da água 2.1- Equilíbrio iônico para ácidos


Os ácidos são substâncias moleculares
A água é um eletrólito muito fraco que que sofrem ionização em meio aquoso. Essa
sofre autoionização segundo a reação: reação é reversível e, portanto, estabelece
equilíbrio. Considere a ionização do ácido
genérico HA:

Como essa é uma reação reversível, ela


atinge o estado de equilíbrio, que pode ser A constante de ionização ou constante de
acidez desse ácido é dada por:
180
abaixo, de dissociação do Hidróxido de
Amônio:

Para os poliácidos, como o ácido sulfúri-


co, tem-se:

2.3- Relação entre Ka e Kb de um


Em que Kn = K1 . K2
par conjugado
Considerando a reação de um ácido gené-
O K1 é maior que K2 pois o primeiro hi- rico HA e sua base conjugada com a água,
drogênio é mais ionizável que o segundo. tem-se:
Isso é válido para todos os ácidos.
HA(aq)+H2O(l)⇆A-(aq)+H3O+(aq) Ka=[A-].[H3O+]/[HA]
É válido lembrar que, quanto maior o Ka, A-(aq)+H2O(l)⇆HA(aq)+OH-(aq) Kb=[HA].[OH-]/[A-]
mais forte é um ácido. Ou seja, mais ioniza-
do em H+ o ácido estará. Observe a tabela: 2H2O(l)⇆H3O+(aq)+OH-(aq) Kw = [H+].[OH-]

Portanto,
KW = Ka . Kb

A partir da análise dessa equação, con-


clui-se que quanto maior for a força de um
ácido ou de uma base, menor será a força
do seu par conjugado e vice-versa.

2.4- LEI DE DILUIÇÃO DE OSt-


WALD
Considerando a dissolução de um monoá-
cido (ácido que possui apenas um hidrogê-
nio ionizável) de fórmula HX que se encon-
tra dissolvido em água, formando uma solu-
ção com concentração molar M, e o seu grau
O grau de ionização é a relação entre o de ionização, tem-se:
número de moléculas ionizadas e o número
de moléculas inicialmente envolvidas. Ma-
tematicamente:

2.2- Equilíbrio iônico para bases A constante de equilíbrio é dada pela ex-
Ao contrário dos ácidos, a maioria das pressão:
bases sofrem dissociação quando dissolvi-
das em água. No entanto, as observações
feitas para os equilíbrios em meios ácidos
são, também, constatadas para os equilíbri-
os em meios básicos. Por exemplo, se Kb é Portanto, a manipulação matemática das
um valor baixo, temos que a base é fraca e constantes de acidez e de basicidade para
se dissocia pouco em água. Veja o equilíbrio monoácidos e para monobases leva à equa-
ção da Lei da Diluição de Ostwald:
181
centração dos íons H+ e OH– é alterada 10
Em que M é a molaridade da solução. vezes.
1. Relação entre pH, pOH e Kw
Para os ácidos e as bases que apresen- Aplicando colog na expressão de k w, tem-
tam grau de ionização ou dissociação muito se:
baixo, a expressão 1 – α é considerada
aproximadamente igual a 1. Logo, a cons- Kw = [H+] . [OH-] (- log)
tante de ionização, o grau de ionização e a - log Kw = - log ([H+] . [OH-])
concentração inicial se relacionam pela ex- - log Kw = - log [H+] + (- log [OH-])
pressão:
Como, - log Kw = pKw, tem-se:
K = M . α2 pKw = pH + pOH
A 25 °C, Kw = 1x10-14, portanto:
A partir da análise dessas expressões, pKw = - log 10-14 = 14
pode-se concluir que,
Assim,
• quanto mais diluída for a solução, mai-
or é a extensão de sua ionização ou dis- pH + pOH = 14
sociação.
• quanto maior o grau de ionização ou A partir dessa relação, pode-se classificar
de dissociação, mantendo constante a as soluções a partir da escala de pH e de
concentração molar da solução, maior é a pOH, a 25 °C:
força do eletrólito.

3.pH e pOH

Devido aos baixos valores de Kw, [H+] e


[OH–], Sörensen propôs representar a con-
centração desses íons numa escala cologa-
ritmica. A esse logaritmo negativo (colog),
na base 10, foi dado o nome de potencial,
sendo representado por p. Logo:

p = colog = – log ou p = 1/log


4.Indicadores Ácido-Base
Assim, a concentração de íons H+ e OH–,
em solução, será expressa em termos de
Indicadores são ácidos ou bases fracos
potenciais:
que apresentam espécies coloridas em equi-
líbrio. Por isso, de acordo com o pH, a solu-
pH = – log [H+] potencial hidro- ção com o indicador pode apresentar dife-
geniônico rentes cores.

pOH = – log [OH–] potencial hi- O funcionamento dos indicadores baseia-


se no deslocamento de equilíbrio causado
droxiliônico pela alteração de pH da solução.

Atenção! Considere um indicador ácido, represen-


O pH e o pOH são definidos somente para tados genericamente por (HIn), que ioni-
concentrações em mol.L–1. Além disso, es- zam-se conforme o equilíbrio.
ses potenciais são grandezas adimensionais.
Para as soluções, a concentração dos íons
H+ e OH– é calculada pelas expressões:

[H+] = 10–pH e [OH–] = 10–pOH

Portanto, para cada unidade de pH ou A adição de um ácido aumenta a concen-


pOH que é alterada numa solução, a con- tração de íons H+, deslocando o equilíbrio
para a esquerda. Assim, a solução se torna
182
amarela. Se adicionarmos uma base, o equi- Os tampões têm um papel importante em
líbrio se desloca para a direita, tornando processos químicos e bioquímicos, nos quais
meio vermelho. é essencial a manutenção do pH. Assim,
muitos processos industriais e fisiológicos
Todos os indicadores apresentam uma requerem um pH fixo para que determinada
faixa de viragem. A zona ou faixa de vira- função seja desempenhada. Por exemplo, o
gem é o nome dado ao intervalo de pH no sistema tampão HCO3–/H2CO3 é importante
qual um indicador ácido-base sofre a mu- fisiologicamente, uma vez que controla o
dança de coloração. A faixa de viragem é transporte de CO2 no sangue e o pH do
útil para determinar com maior precisão o mesmo.
intervalo de pH de uma solução.
A fórmula de Henderson-Hasselbach é
A tabela a seguir mostra a cor e a faixa utilizada para calcular o pH de um tampão.
de viragem de alguns indicadores. Ela é derivada da expressão da constante de
ionização ou dissociação.

Para tampão ácido

Para tampão básico

Em que [sal] é a concentração em mol.L–


1 do sal, [ácido] a concentração em mol.L–1
do ácido e [base] a concentração em mol.L–
1 da base.

Atenção!
A máxima eficiência do tampão ocorre
quando a concentração dos pares conjuga-
5.SOLUÇÃO TAMPÃO dos na solução são iguais. Por isso, geral-
mente, no preparo dessas soluções, iguala-
se a concentração do ácido com a do sal, ou
As soluções tampões são soluções que
a concentração da base com a do sal cor-
sofrem apenas uma pequena alteração de
respondente. Dessa forma, a equação pode-
pH quando a elas são adicionadas pequenas
ria ser simplificada:
quantidades de ácidos ou bases fortes ou
quando ocorre uma diluição. Essa resistên-
Tampão ácido: pH ≅ pKa
cia é resultado do deslocamento, Princípio
de Le Châtelier, do equilíbrio entre as espé- Tampão básico: pOH ≅ pKb
cies participantes do tampão.
6.HIDRÓLISE SALINA
Um tampão é constituído de uma mistura
de um ácido fraco e sua base conjugada ou
de uma base fraca e seu ácido conjugado. A hidrólise salina é o processo em que
Na prática, em geral, são soluções formadas o(s) íon(s) proveniente(s) de um sal
por um ácido fraco e o seu sal correspon- reage(m) com a água, produzindo soluções
dente, ou por uma base fraca e o seu sal com diferentes valores de pH.
correspondente.
O termo hidrólise é uma lembrança das
Exemplos: antigas definições de ácidos e de bases. Du-
Ácido acético + acetato de sódio rante anos, a palavra hidrólise tem sido uti-
Ácido cítrico + citrato de sódio lizada para significar o contrário de neutrali-
Ácido fosfórico + fosfato de sódio zação. Com o crescente uso da definição de
Amônia + cloreto de amônio ácido-base de Brönsted-Lowry, essa palavra
foi perdendo o significado e hoje se circuns-

183
creve às reações entre íons doadores ou re-
ceptores de prótons com a água. Exemplo:
NH4CN(aq) → NH4+(aq) + CN-(aq)
NH4+ (aq) + H2O(l) ⇆ NH3(aq) + H3O+(aq)
6.1-Hidrólise de um sal derivado
CN-(aq) + H2O(l) ⇆ HCN(aq) + OH-(aq)
de um ácido forte e uma base fra-
ca Kh = Kw /(Ka(HCN). Kb(NH3))
Nesse caso, o cátion derivado da base
fraca é um ácido mais forte que a água, en-
quanto que o ânion, por derivar de um ácido 6.4- Hidrólise de um sal deriva-
forte, é uma base mais fraca que ela. As- do de ácido forte e base forte
sim, apenas o cátion é capaz de reagir com
Como a base e o ácido são fortes, os íons
água, tornando o meio ácido.
são ácidos e bases conjugados mais fracos
que a água e, por isso, não são capazes de
Exemplo: reagir com ela. Assim, a única reação que
ocorre no sistema é a da autoionização da
NH4NO3(aq) → NH4+ (aq) + NO3- (aq)
água que gera a mesma quantidade de H+
NH4+ (aq) + H2O(l) ⇆ NH3(aq) + H3O+(aq) e OH-, o que resulta numa solução neutra.
Solução ácida (pH < 7)
Exemplo:
Kh = Ka (NH4+) = Kw /Kb(NH3) NaCl(aq) → Na+(aq) + Cl-(aq)
2H2O(l) ⇆ H3O+(aq) + OH-(aq)
KH = Kw = [H+].[OH-]
6.2- Hidrólise de um sal derivado
de um ácido fraco e uma base for- Em resumo:
te
Nesse caso, apenas o ânion derivado do
ácido fraco é capaz de reagir com água,
tornando o meio básico, visto que este é
uma base mais forte que ela.

Exemplo:
KCN(aq → K+ (aq) + CN- (aq)
CN-(aq) + H2O(l) ⇆ HCN(aq) + OH-(aq)

Solução básica (pH > 7)

Kh = Kb (CN-) = Kw /Ka(HCN)
7.EQUILÍBRIO DE SOLUBILI-
6.3- Hidrólise de um sal deriva- DADE E Kps
Quando um soluto está dissolvido em
do de um ácido e uma base fracos água formando uma solução saturada com
Ambos os íons derivados da dissociação corpo de fundo, ocorrem, simultaneamente,
do sal, por derivarem de ácidos e bases fra- a dissolução do sólido e a sua precipitação,
cos, são ácidos e bases mais fortes que a estabelecendo, assim, um equilíbrio dinâmi-
água e, por isso, reagem com ela. No entan- co heterogêneo. A constante desse equilí-
to, o caráter da solução resultará da espécie brio é denominada constante do produto de
mais forte. Assim, tem-se: solubilidade, Kps, ou apenas constante de
solubilidade, Ks.
Se Ka > Kb → solução ligeiramente ácida
(pH < 7) O produto de solubilidade (Kps) é uma
constante de equilíbrio relacionada com so-
Se Ka < Kb → solução ligeiramente bási- lução saturada, ou seja, que apresenta a
ca (pH > 7) máxima quantidade de soluto dissolvida.
Coeficiente de solubilidade (C.S.) ou, sim-
Se Ka = Kb → solução neutra (pH = 7) plesmente solubilidade (S) é o nome, que se
184
dá a essa máxima quantidade de soluto que
uma determinada quantidade de solvente
consegue dissolver a uma dada temperatu-
ra. O coeficiente de solubilidade será dado
em mol/L

Exemplo:
FeS(s) ⇆ Fe2+(aq) + S2–(aq)
Como a concentração do sólido é cons-
tante, temos:

Kps = [Fe2+].[S2–] = 5x10–18, a 25 °C.

Genericamente, tem-se:
AxBy(s) ⇆ xAy+(aq) + yBx–(aq)
Kps = [Ay+]x . [Sx–]y

Atenção!
Quando os solutos apresentam a mesma
estequiometria de dissociação, quanto maior
for o Kps maior será a sua solubilidade. Con-
tudo, caso a estequiometria seja diferente,
deve-se realizar o cálculo da solubilidade
para determinar o soluto mais solúvel.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
• De uma forma geral, valores muito
pequenos de Kps revelam que a solubili-
dade do soluto é muito baixa;
• Se o produto das concentrações dos
iôns elevados aos respectivos coeficien-
tes estequiométricos (produto iônico) for
maior que o Kps, ocorrerá precipitação da
substância;
• Se o produto iônico for igual ao K ps, a
solução formada será saturada;
• Se o produto iônico for menor que o
Kps, a solução formada será insaturada;
• A presença de um íon comum na solu-
ção acarreta na diminuição da solubilida-
de do soluto (efeito do íon comum).

185
Algumas reações de oxirredução podem
ser balanceadas utilizando o método das
MÓDULO 10 - ELETROQUÍ- tentativas que oferece uma obtenção mais
rápida dos coeficientes da reação. Porém,
MICA E REAÇÕES NUCLEARES outras reações de redox serão mais comple-
xas e o balanceamento por tentativas se
tornará um processo mais longo e complica-
ELETROQUÍMICA do. Nesses casos, uma alternativa para con-
seguir equilibrar os coeficientes estequiomé-
1.Reações de Oxirredução tricos, seria um método específico de balan-
ceamento para este tipo de reação que será
descrito a seguir.
Sempre que houver variação no valor do
número de oxidação (NOx) de alguns ele-
Principio básico
mentos presentes em uma reação, podemos
classificá-la como uma reação de oxirredu-
ção. Neste processo teremos a transferência Total de elétrons Total de elétrons
de elétrons de uma espécie à outra sendo cedidos pelo re- recebidos pelo
que a perda ou o ganho destes elétrons =
dutor oxidante
nunca ocorrerão isoladamente e sim, simul-
taneamente.
Regras para o balanceamento:
A espécie que sofre a oxidação durante a
reação é aquela que perde elétrons, fazendo 1. Determinar, na equação química,
com que o valor do NOx de um determinado qual espécie se oxida e qual se reduz.
elemento aumente durante o processo. Já 2. Encontrar os Δoxid e Δred:
na redução, outra espécie receberá estes
elétrons e consequentemente o NOx terá Δoxid = número de elétrons perdidos x
um abaixamento em seu valor. maior atomicidade do elemento

Lembre-se que só haverá oxidação se Δred = número de elétrons recebidos x


houver também a redução. maior atomicidade do elemento

A espécie que sofre a oxidação é chama- 3. Se possível, os Δoxid e Δred podem


da de agente redutor, e a que sofre redução ser simplificados.
é o agente oxidante do processo. 4. Para igualar os elétrons nos proces-
sos de oxidação e redução: Inverte-se
Em uma reação de oxirredução, tanto o os valores de ΔNox da seguinte forma:
agente redutor quanto o oxidante devem ser
os reagentes do processo e não as espécies O Δoxid se torna o coeficiente da subs-
envolvidas que estejam nos produtos, pois tância que contém o átomo que se reduz.
são os reagentes os responsáveis pela O Δred se torna o coeficiente da substân-
transferência dos elétrons e o consequente cia que contém o átomo que se oxida.
acontecimento da reação de redox.
5. Os coeficientes das demais subs-
tâncias são determinados por tentati-
vas, baseando-se na conservação dos
átomos.
6.
Exemplos:

NaBr+MnO 2 +H 2 SO 4 →MnSO 4 +Br 2 +H 2 O


+ NaHSO4

O Br sofre oxidação e seu NOx varia de -


1 para 0. Esta oxidação envolve 1 elétron e
a atomicidade do Br no NaBr é 1, logo te-
mos que:
1.1-Balanceamento de oxirredu-
Δoxid = 1x1 = 1
ção
186
tes obtidos serão multiplicados por 2. A
O Mn sofre redução e seu NOx varia de + equação na forma final fica:
4 para + 2. Esta redução envolve 2 elétrons
e a atomicidade do Mn no Mn0 2 é 1, logo 6KClO3 + 3H2SO4 3K2SO4 +
temos que: 4ClO2 + 2HClO4 + 2H2O

Δred = 2x1 = 2 Reações desse tipo, em que parte dos


átomos de um mesmo elemento se oxida e
Invertendo os coeficientes obtidos, como outra se reduz, são identificadas como rea-
manda o método, temos: ções de auto-oxirredução ou despropor-
cionamento.
2 NaBr + 1 MnO2 + H2SO4 → MnSO4 +
Br2 + H2O +NaHSO4
Resumindo:
Para os outros coeficientes deve ser usa-
do o método de tentativa:

2 NaBr + 1 MnOz + 3 H2SO4 → 1 Mn-


SO4 + 1 Br2 + 2 H2O +2 NaHSO4

Observe o que acontece quando o clorato


de potássio reage com ácido sulfúrico.

KClO3 + H2SO4 → K2SO4 + ClO2 +


HClO4 + H2O

Repare que só os átomos de cloro têm os


números de oxidação variando.

KClO3 : NOx do Cl = +5
ClO2 : NOx do Cl = +4
HClO4 : NOx do Cl = +7

Isto significa que parte dos átomos de


cloro presente no KClO3 se oxida e outra
parte se reduz. Assim, para efeito de acerto
de coeficientes, as variações dos números 2.Pilhas
de oxidação (Δ nox) devem ser relacionados A história das pilhas
aos coeficientes dos produtos. Então, tere- começou em 1800,
mos: quando o cientista ita-
liano Alessandro Volta
Oxidação: +5 → +7 Δoxid=2 (1745-1827) construiu
Redução: +5 → +4 Δred=1 a primeira delas. Volta
s i m p l e s m e n t e e m p i-
KClO3 + H2SO4 → K2SO4 + 2ClO2 + lhou (por isso, o nome “pilha”) pequenos
1HClO4 + H2O discos de zinco e cobre, separando-os com
pedaços de um material poroso — como o
Agora, procedemos da mesma maneira feltro — embebidos em uma solução diluída
como nos casos anteriores, completando os de ácido sulfúrico (solução boa condutora de
outros coeficientes por tentativas. O resul- corrente elétrica).
tado é:
Na pilha de Volta ocorre uma reação de
3KClO3 + 1,5H2SO4 → 1,5 K2SO4 + oxidação do zinco, que libera elétrons. Es-
2ClO2 + 1HClO4 + 1H2O tes, por sua vez, fluem por um fio metálico
e constituem a corrente elétrica. Simultane-
Respeitando-se os valores de Δnox, sur- amente acontece uma redução do cobre que
giram coeficientes fracionários, mas, por captura esses elétrons que vieram da oxida-
convenção, representam-se os coeficientes ção do zinco. O zinco possui maior potencial
com os menores números inteiros; portanto, de oxidação que o cobre, por isso ele se
no caso dessa equação, todos os coeficien- oxida e o cobre se reduz.

187
Algo semelhante acontece quando mer-
gulhamos uma placa de zinco em uma solu-
ção de sulfato de cobre. Trata-se de uma
reação de deslocamento (todo deslocamento
é também uma reação de oxirredução).

Para entendermos melhor a origem da


corrente elétrica na pilha de Daniell, obser-
ve acima a aparência da pilha após algum
tempo.

É possível perceber que todas as reações A lâmina de zinco apresenta-se corroída


de oxirredução envolvem trocas de elétrons porque sofreu oxidação. Observe:
entre “quem” sofre oxidação (agente redu- Zn0(s) → Zn2+(aq) + 2e- (o eletrodo em
tor) e “quem” sofre redução (agente oxidan- que ocorre a oxidação é chamado anodo da
te). As pilhas são simplesmente aparelhos pilha)
construídos para que os elétrons transferi-
dos de uma espécie química para outra pos- Os átomos de zinco metálico (Zn°) são
sam fluir através de um fio metálico e, con- perdidos para a solução na forma de cátions
sequentemente, ser aproveitados para a Zn2+, o que explica a diminuição de tama-
produção de corrente elétrica. nho da lâmina, isto é, sua corrosão.
As pilhas utilizam uma reação química de
oxirredução espontânea para produzir cor- Os elétrons liberados na oxidação do zin-
rente elétrica. co percorrem o fio condutor (exatamente
como na pilha de Volta). O eletrodo de zinco
é, portanto, aquele que fornece os elétrons
2.1- ENERGIA QUÍMICA CON- — partículas de carga negativa — que cons-
VERTIDA EM ENERGIA ELÉTRICA tituem a corrente elétrica. Por isso, esse
eletrodo é chamado pólo negativo da pilha.
Quando os elétrons chegam à lâmina de
cobre, eles começam a promover a redução
Em 1836, o cientista inglês John Frederic dos íons cobre II dissolvidos na solução:
Daniell (1790-1845) teve a ideia de separar
fisicamente os metais zinco e cobre da ex- Cu2+(aq) + 2 e- → Cu(s) (o eletrodo em que
periência descrita anteriormente. Ele criou ocorre redução é o chamado catodo da pi-
dois compartimentos: um com uma placa de lha)
zinco imersa em uma solução de sulfato de
zinco (eletrodo de zinco) e outro com uma Isso explica por que a lâmina de cobre
placa de cobre imersa em uma solução de aumenta de tamanho. Isso ocorre por causa
sulfato de cobre (eletrodo de cobre). Conec- do depósito de mais átomos de cobre metá-
tou, então, as duas placas com um fio me- lico (Cu°) em sua estrutura. É também por
tálico adaptado a uma lâmpada, a qual se essa razão que a coloração azul, caracterís-
acendeu, indicando a passagem de corrente tica de Cu2+ em solução, perde intensidade.
(o fluxo de elétrons pelo fio produziu cor- Como eles estão deixando a solução para
rente elétrica). Assim, foi criada a pilha de formar cobre metálico, é natural que a in-
Daniell. tensidade da cor diminua. Na pilha de Dani-
ell, o pólo positivo (para onde se dirigem os
elétrons) é o eletrodo de cobre.

188
O acúmulo de cátions Zn2+ na solução do É preciso saber que a tendência que o
eletrodo de zinco poderia se tornar um pro- zinco apresenta em sofrer oxidação pode ser
blema para o funcionamento da pilha. Isso quantificada em +0,76 V (potencial de oxi-
porque a alta concentração desses íons co- dação). Já a tendência do cobre II em sofrer
meçaria a “forçar” a reação inversa da oxi- redução é quantificada em +0,34 V (poten-
dação (a redução) do zinco ( Zn2+(aq) + 2e- cial de redução). Na pilha de Daniell, esses
→ Zn(s)), exatamente o oposto do que é ne- efeitos se somam: o zinco “doa” seus elé-
cessário para a produção da corrente elétri- trons pelo fio em direção ao eletrodo de co-
ca. Mas isso não acontece, por causa da bre, onde eles são “capturados” pelos íons
presença da ponte salina. cobre II. A soma desses efeitos é a ddp da
pilha. Nesse caso:
A ponte salina é constituída por um tubo
em “U” preenchido com uma solução satu- ddp = +0,76 V + 0,34 V = +1,10 V
rada de cloreto de potássio. A função da
ponte salina é permitir o escoamento de
íons de uma solução para a outra e o con-
sequente funcionamento da pilha.

A representação simplificada para a pilha


de Daniell é:

Zn° / Zn2+ // Cu2+ / Cu°

Observa-se que o zinco sofre oxidação


(passa de zinco metálico para cátion zinco)
e corresponde ao ânodo e pólo negativo
da pilha. O cobre sofre redução (passa de
cátion cobre II para cobre metálico) e cor-
responde ao cátodo e ao pólo positivo da
pilha.
Não é possível medir isoladamente o po-
O fluxo de elétrons acontece, então, do
tencial- padrão de um eletrodo, pois são ne-
eletrodo de zinco para o de cobre. Contudo,
cessários dois fenômenos simultâneos: a
o sentido da corrente elétrica é considerado
oxidação e a redução.
sempre como o inverso do caminho percor-
rido pelos elétrons. Nesse caso, o sentido da
Por isso, é preciso ter sempre dois ele-
corrente é do cobre para o zinco.
trodos: um em que ocorra oxidação, e outro
A equação global dessa pilha é:
para ocorrer redução. Lembre-se também
de que é necessário um eletrodo de referên-
Zn(s)+ Cu2+(aq) → Zn2+(aq) + Cu(s) cia, ao qual será atribuído o potencial zero.
O escolhido, por convenção, foi o eletrodo
2.2- Tensão elétrica de uma pi-
de hidrogênio:
lha
2H+(aq) +2e- → H2(g) E° red = 0,0 V

Esse eletrodo é constituído por gás hi-


drogênio à pressão de 1 atmosfera e tempe-
ratura de 25 °C, borbulhado em solução
ácida, onde a concentração dos íons H + vale
1 mol/L — condições estabelecidas pela
União Internacional de Química Pura e Apli-
cada (IUPAC).
A tensão elétrica de uma pilha pode ser
denominada diferença de potencial (ddp),
“voltagem”, ou ainda força eletromotriz 2.3- Potenciais e espontaneida-
(fem). Na verdade, a fem corresponde à ddp de de uma reação
da pilha quando esta não estiver em funcio-
Os metais, em sua maioria, são encon-
namento.
trados em combinação com outros elemen-
tos e, por isso, classificados como substân-
cias compostas. Alguns metais (como ouro,
189
prata, mercúrio e cobre) são encontrados 2.5- Eletrodo padrão de hidro-
sem essa combinação e denominados subs-
tâncias simples. gênio

Uma dúvida frequente é por que só al- É impossível medir o potencial absoluto
guns metais são encontrados puros na natu- de um eletrodo metálico. Dessa forma, foi
reza, e outros, como o ferro, são encontra- necessário adotar um padrão e atribuir um
dos combinados com, por exemplo, o oxigê- valor a esse padrão. Para tanto, o padrão
nio, como na hematita — principal minério escolhido foi o hidrogênio, já que o H + é o
de ferro (fórmula Fe2O3), ou como o esta- cátion mais comum em soluções aquosas,
nho, combinado também com o oxigênio, na pois é produzido a partir da ionização da
cassiterita — minério de fórmula SnO2. água.

O valor atribuído para o eletrodo padrão


2.4- Potenciais de oxidação e de hidrogênio foi zero, nas seguintes condi-
redução ções padrão:

Concentração de H+ (aq) = 1mol/L


Metais IA, IIA e Al Temperatura= 25ºC
Pressão= 1 atm
Para entender o que são potenciais de
oxidação e de redução dos metais, vejamos Estabelecidas as condições, os metais fo-
a ilustração a seguir: ram confrontados com esse eletrodo padrão.

A ilustração abaixo corresponde a deter-


minação do eletrodo padrão do zinco:

Nessa ilustração foram colocados os me-


tais mais comuns em nosso cotidiano. Quan-
to mais alto eles estão localizados na “mon-
tanha”, maior é seu potencial de oxidação,
isto é, sua tendência em sofrer oxidação
(perder elétrons).
Neste exemplo, o zinco oxida e o H+ re-
Observe que o ferro está localizado acima duz, sendo que o valor obtido corresponde
da platina. Isso revela sua maior tendência ao potencial padrão de oxidação do zinco.
em sofrer oxidação, o que torna impossível
encontrá-lo puro na natureza. 2.6-Tabela de potenciais
Já com a platina ocorre o oposto. Perce-
be-se que, pela posição que ocupa na “mon- Os químicos conseguiram quantificar
tanha”, sua tendência é permanecer na for- a tendência que os metais têm de sofrer
ma reduzida (Pt°), ou seja, na forma pura oxidações e reduções. Criaram, assim, a
ou de substância simples. tabela dos potenciais.

O sódio também não é encontrado na sua E0 = E0red =- E0ox


forma metálica, livre na natureza, mas
sempre combinado. É abundante na água do
mar, na forma de cloreto (NaCl).

190
Em qual (ou quais) desses casos a lâmina
sofrerá corrosão, isto é, oxidação?

Note que tanto o magnésio (E0ox = +2,37


V) quanto o ferro (E0ox = +0,44 V) apresen-
tam um potencial de oxidação maior que o
do hidrogênio (E0ox = 0,00 V); já o do cobre
(E0OX =-0,34 V) é menor.

Isso significa que ambos (magnésio e fer-


ro) sofrerão corrosão (oxidação) na presen-
ça do íon H+.

Sempre que a ddp (E0ox + E0red) de


uma reação de oxirredução for positiva,
temos um processo espontâneo.

3.Eletrólise
A eletrólise envolve reações de oxirredu-
ção não espontâneas que, para acontecerem
necessitam do fornecimento de energia elé-
trica.

Em uma eletrólise a energia elétrica “for-


ça” a ocorrência de uma reação química.
Note as setas de “ida e volta” presentes
Um exemplo de eletrólise é o sal de cozi-
na tabela anterior. O sentido de “ida” indica
nha, que, espontaneamente, jamais se
a redução do cátion metálico à sua forma
transformaria em sódio metálico (Na°) e em
metálica. A “volta” indica a oxidação do me-
gás cloro (Cl2). Em um processo eletrolítico,
tal. Observe que o valor do potencial de re-
contudo, isso pode acontecer.
dução é igual ao de oxidação, mas com o
sinal invertido. Por exemplo, se o potencial
Com a eletrólise, é possível revestir
de oxidação do lítio é de +3,05 volts, seu
quaisquer peças (metálicas ou não) com co-
potencial de redução será de -3,05 volts,
bre (cobreagem), zinco (zincagem), cromo
sendo este último um valor muito baixo que
(cromagem), prata (prateação), ouro (dou-
confirma a alta inclinação do lítio a se apre-
ração) etc. Costuma-se chamar esse pro-
sentar sempre na forma oxidada (nox =
cesso que produz um revestimento metálico
+1).
de galvanização. É também pela eletrólise
que se obtêm muitos metais importantes a
Observe de que maneira essa tabela pode
partir dos seus minérios, como o alumínio, a
ser útil. Considere a seguinte experiência:
partir da bauxita.

3.1-Eletrólise Ígnea

Agora vamos estudar a eletrólise do sal


de cozinha, citada anteriormente. Toda ele-
trólise requer uma aparelhagem como mos-
tra a figura a seguir:

Solução de ácido clorídrico ([H+] =


1mol/L)

191
Enquanto isso, no polo positivo ,que atrai
os ânions (e por isso é chamado ânodo), os
íons cloreto (Cl - ) liberam elétrons e sofrem
oxidação:

Oxidação(no ânodo):
2Cl - (l) →Cl 2(l) +2e -

Esses elétrons liberados no ânodo fluem


pelo fio metálico até atingirem o polo positi-
vo do gerador, fechando o circuito. Portanto,
têm-se uma corrente formada por elétrons
no fio metálico e uma corrente formada por
Para que a eletrólise ocorra, o líquido íons no líquido eletrolisado.
contido na cuba eletrolítica deve ser condu-
tor de corrente elétrica; por isso, não se De acordo com a terminologia química,
pode usar o NaCl que é sólido, em tempera- dizemos que na eletrólise ígnea do cloreto
tura ambiente. O que se pode fazer é fundi- de sódio, o sódio metálico foi descarregado
lo — nesse caso, tem-se a eletrólise ígnea. (depositado) no cátodo, e o cloro gasoso foi
A fusão do NaCl ocorre a 808 °C; nessa descarregado (liberado) no ânodo.
temperatura, os íons Na+ e Cl - podem mo-
vimentar-se livremente (uma vez que estão
no estado líquido), e a eletrólise pode acon- 3.2-Eletrólise Aquosa
tecer. A eletrólise da solução aquosa de NaCl
ocorre por causa da dissociação iônica do
A bateria fornecerá elétrons pelo seu pólo sal, que produz uma solução boa condutora
negativo. Esses elétrons, ao atingirem o ele- de eletricidade:
trodo de platina (ou grafite), definirão qual
será o pólo negativo da cuba eletrolítica. É possível eletrolisar uma solução aquosa
Esse pólo atrairá os cátions — no caso, Na+ com cloreto de sódio dissolvido (eletrólise
— presentes no líquido que está sendo ele- aquosa); porém, os produtos são diferentes
trolisado. Por essa razão, nas cubas eletrolí- daqueles formados pela eletrólise ígnea.
ticas, o pólo negativo é o cátodo.

Enquanto as pilhas geram corrente elétri- NaCl(aq) → Na+(aq) + Cl-(aq)


ca, a eletrólise consome essa mesma cor-
rente. Isso causa uma diferença de defini- Surge, porém, uma nova situação: a pre-
ção do cátodo e do ânodo. sença das moléculas de água e de seus
íons:

H2O(l) → H+(aq) + OH-(aq)

3.2.1- A REDUÇÃO NO CÁTODO

A redução do cátion Na + ou do H+ depen-


derá dos potenciais de redução dessas es-
pécies. O cátion Na+, por ter potencial de
redução (E0red= -2,71V) menor do que do H+
(E0red= 0,0 V), não será reduzido; portanto,
quem se reduz é o cátion H+:

No cátodo da cuba eletrolítica, os cátions 2H+(aq) + 2e- → H2(g)


Na+ presentes no líquido que está sendo
eletrolisado recebem elétrons e sofrem re- Nas eletrólises os íons envolvidos não
dução: precisam obrigatoriamente apresentar-
se nas condições-padrão (concentração
Redução (no cátodo): 1 mol/L e temperatura de 25 °C). Por
Na+(l)+1e- →Na°(l)
isso, em vez de consultar a tabela de
potenciais-padrão (que poderia nos in-

192
duzir a alguns enganos), devemos utili-
zar uma outra tabela, determinada ex-
perimentalmente, que demonstra a des-
carga preferencial. Observe:

3.2.2- A OXIDAÇÃO NO ÂNODO

Por meio de um raciocínio análogo ao an-


terior, conclui-se que o ânion Cl - sofre oxi-
dação preferencial em relação ao OH-. Veja 3.3-Estequiometria da Eletrólise
como funciona a prioridade de descarga no
ânodo
Para calcular qual a massa de cobre que
foi depositada sobre a superfície de uma
Assim, a reação de oxidação na eletrólise
chave na sua galvanização, analise a reação
da solução aquosa de cloreto de sódio é:
responsável pela deposição de cobre sobre a
chave:
2Cl-(aq) → Cl2(g) + 2e-

A equação global para a eletrólise aquosa Cu2+(aq) + 2e- → Cu(s)


do NaCl é:
Conclui-se que, quando 2 mol de elétrons
são fornecidos pelo gerador elétrico, há
formação de 1 mol de cobre metálico, isto é,
63,5 g (massa molar do cobre).

Portanto, se descobrirmos quantos mols


de elétrons foram fornecidos pelo gerador
durante a eletrólise, uma simples regra de
três resolve o problema. Pois então, basta
saber qual a corrente elétrica fornecida pelo
gerador e qual a duração da eletrólise.

Sabemos que a intensidade da corrente


elétrica (i) é determinada pelo quociente
entre a quantidade de carga fornecida (0 e
o tempo decorrido (At). Assim, matemati-
camente, temos:

I= Q/Δt ou Q = i . Δt
Três substâncias extremamente impor-
tantes são obtidas a partir dessa eletrólise:
A unidade mais utilizada para a medida
a soda cáustica (NaOH), o gás hidrogênio
da corrente elétrica é o ampère (A), que
(H2) e o gás cloro (Cl2).
corresponde à quantidade de carga, em
coulomb (C), fornecida pelo gerador a cada
segundo.

Se a eletrodeposição de cobre sobre a


chave de latão utilizou uma corrente elétrica
de 3,86 A e durou 13 minutos e 20 segun-
dos (800 segundos), temos:

Q = 3,86 -800 = 3.088 C

No início do século XX, o físico norte-


americano Robert Millikan determinou que a
carga elétrica de um elétron equivale a
aproximadamente 1,60218 x 10 -19C; portan-
to, foi possível calcular a carga, em cou-
lomb, correspondente a 1 mol de elétrons:

193
1 mol de e- = 96.500 C

1 mol de elétrons “carrega” uma


quantidade de carga correspondente a
96.500 C. Essa quantidade é conhecida
por constante de Faraday, isto é, 1 fa-
raday (F) = 96.500 C/mol = carga elé-
trica “carregada” por 1 mol de elétrons.

O problema está praticamente resolvido.


Observe:

Cu2+(aq) + 2e- → Cu(s)

Pela equação, conclui-se que a cada 2


mol de elétrons, isto é, 2 x 96.500 C, forne-
cidos pelo gerador, forma-se 1 mol de cobre
(63,5 g). Como já sabemos a carga forneci-
da pelo gerador durante nossa eletrólise,
temos:

2 x 96.500C——63,5 g de Cu metálico
3.088 C —— m
m = 1,016g de Cu

Conclui-se que a chave foi revestida com


uma película de 1.016 g de cobre metálico.

194
REAÇÕES NUCLEARES 2.Radioatividade

1.Introdução A radioatividade é um fenômeno nuclear,


isto é, deve-se unicamente à emissão de
partículas e radiações pelo núcleo atômico,
em um processo que ocorre com a finalida-
de de atingir a estabilidade.

2.1- Natureza das emissões

Existem três tipos de emissões, as quais


são denominadas α, β e γ. Estas podem ser
As reações nucleares são fenômenos em
separadas por um campo elétrico.
que ocorre a alteração da constituição dos
núcleos. Tais reações b prótons e / ou no
número de nêutrons de um núcleo atômico.

Quando a reação nuclear ocorre com a


alteração do número de prótons do núcleo,
ela é denominada transmutação devido à
alteração da identidade do elemento, um
elemento químico se converte em outro
elemento. No exemplo abaixo, átomos do
elemento cálcio são convertidos em átomos
do elemento potássio.

Exemplo:
20Ca40 → 19K39 + 1p1
Partículas α
Alguns processos nucleares ocorrem sem
que haja a alteração do número de prótons
São partículas constituídas de 2 prótons e
do núcleo, como a emissão de nêutrons. No
2 nêutrons (conjunto igual ao núcleo do
exemplo abaixo, o estanho–119 emite um
átomo de hélio), emitidas pelo núcleo radio-
nêutron, sem que haja alteração do número
ativo
de prótons, transformando-se em um isóto-
po, o estanho-118.

Exemplo:
50Sn 119 → 50Sn 118 + 0n 1

Existem três tipos de reações nucleares. Lei de Soddy: Quando um elemento ra-
dioativo emite uma partícula α, ele origina
● Radioatividade: Atividade apresentada um novo elemento com número atômico 2
por alguns nuclídeos instáveis em que há unidades menor e número de massa 4 uni-
emissão ou absorção de partículas (prótons, dades menor.
nêutrons, alfa, beta, pósitrons, elétrons,
neutrinos e antineutrinos), com emissão de
energia eletromagnética (radiação gama),
buscando a sua estabilização.

● Fissão nuclear: Ruptura de núcleos


atômicos, originando núcleos menores.
Observe que houve mudança do número
● Fusão nuclear: Junção de núcleos atô- atômico do átomo, logo, haverá mudança de
micos, originando núcleos maiores. elemento químico, denominada reação de
transmutação que no caso do urânio-235 é
uma transmutação natural.
195
Observe abaixo, outra transmutação na-
tural com emissão de partículas alfa que
acontece com o isótopo do urânio-238.

Radiação γ

As emissões gama (γ) não são partículas,


mas ondas eletromagnéticas semelhantes À
luz, porém de comprimento de onda muito
menor e, portanto, de energia muito mais
elevada, superando os raios X.
Partículas β
As emissões gama não possuem massa e
Cada partícula β é um elétron emitido em
nem carga elétrica, logo, não sofrem desvio
alta velocidade pelo núcleo radioativo.
ao atravessar um campo elétrico ou magné-
tico. Essas emissões não alteram os núme-
Admite-se que a partícula β (elétron)
ros atômico e de massa do átomo.
deve ser formada pela desintegração de um
nêutron.

Esse elétron é imediatamente expulso


pelo núcleo e recebe a denominação de par-
tícula β.

A partícula beta é representada por -1β 0

O neutrino é uma partícula de carga nula


e massa desprezível, já que possui uma
massa 20 vezes menor do que a massa do
elétron. As radiações α, β e γ possuem diferentes
poderes de penetração, isto é, diferentes
Lei de Soddy-Fajans-Russel: Quando capacidades para atravessar os materiais.
um elemento radioativo emite uma partícula
β, seu número atômico aumenta uma uni- Uma partícula α pode penetrar até 0,05
dade, e o seu número de massa não se alte- cm na pele e uma β, até 1,5 cm. A radiação
ra. γ, por sua vez, facilmente atravessa todo o
nosso organismo.

No exemplo abaixo, o carbono-14 se


transforma em seu isóbaro nitrogênio-14,
em uma transmutação natural que acontece
com emissão de partículas beta.

196
Em alguns casos, o número de prótons e
de nêutrons é tão alto que a força de liga-
Propriedades Alfa (α) Beta (β) Gama (γ) ção nuclear não é suficiente para mantê-los
Velocidade 5% a 10% 9 0 % d a Igual a ve- unidos. Nesses casos, ocorre emissão alfa
para diminuir tanto o número de nêutrons
da veloci- velocidade locidade da
como o de prótons.
dade da luz da luz luz
P o d e r d e Baixo Médio. 50 Al ssimo
penetração a 100 vezes
maior que a
alfa

As emissões α, β e γ são ionizantes, ou


seja, são capazes de arrancar elétrons de
estruturas químicas. Ao atravessar os teci-
dos biológicos, elas provocam a ionização de
moléculas existentes nas células. Essa ioni-
zação pode conduzir a reações químicas
anormais e à destruição da célula ou altera- Todos os isótopos dos elementos com
ção de suas funções, o que pode provocar números atômicos superiores a 83 são radi-
câncer. oativos.

A partícula alfa, por ser positiva, apre- O gráfico a seguir é do número de nêu-
senta o maior poder ionizante e a gama o trons em função do número de prótons para
menor. vários isótopos. Os núcleos estáveis situam-
se em uma área do gráfico conhecida como
A partícula alfa é a que apresenta menor faixa de estabilidade. A maior parte dos nú-
velocidade, entretanto, apresenta a maior cleos radioativos fica fora dessa faixa. Aci-
energia, já que sua massa é maior. ma dela, os núcleos têm razões nêutrons/
prótons maiores que aqueles que estão den-
tro da faixa de estabilidade (para o mesmo
número de prótons). Assim, para diminuir a
3.Estabilidade Nuclear razão, os núcleos tendem a emitir partículas
β.
A estabilidade nuclear depende direta-
mente da relação entre o número de nêu-
trons e o número de prótons.

197

Decorridas x meias-vidas, o número final
de átomos (N) em uma amostra radioativa
será

N0
N=
2x
em que
N= número final de átomos em uma
amostra radioativa
N0= número inicial de átomos em uma
amostra radioativa
X= número de meias-vidas.

Nessa expressão, N e N0 podem também


4.Cinética das desintegra- representar a massa final(m) e a massa ini-
ções cial (m0) de uma amostra radioativa.
Assim,
Não é possível prever com exatidão a du- m0
ração de um núcleo radioativo, pois ele po- m=
derá permanecer sem se desintegrar duran- 2x
te segundos, dias ou até séculos. Contudo,
existem cálculos estatísticos capazes de for- O tempo (t) correspondente a x meias-
necer uma expectativa do tempo de vida de vidas é dado por
um núcleo radioativo.

Período de semidesintegração ou t = xP
meia-vida (t1/2 ou P) é o tempo necessário
para que a metade dos átomos presentes em que
em uma amostra se desintegre. P= tempo correspondente a uma meia
vida.

Alguns exemplos:
Meia vida de alguns elementos
Elemento Símbolo Meia-vida
Urânio 238 238U 4,5 milhões de anos
Plutônio 239 239Pu 24100 anos
Rádio 226 226Ra 1600 anos
Césio 137 137Cs 30,2 anos
Cobalto 60 60Co 5,27 anos
O tempo de meia-vida está relacionado à
Iodo 128 128I 25 min
estabilidade do nuclídeo radioativo da se-
guinte forma: quanto menor o tempo de Cobre 64 64Cu 12,7 horas
meia-vida mais instável é o nuclídeo.
Carbono 14 14C 5730 ano

198
OBSERVAÇÕES parte do ciclo do carbono, animais e vege-
tais mantêm uma quantidade praticamente
1. A temperatura não interfere na veloci- constante de carbono-14 em sua constitui-
dade dos processos radioativos, ou seja, ção enquanto estão vivos. Porém, quando
não altera os fenômenos nucleares. morrem, cessa a entrada de carbono no or-
2. A meia-vida, ou período de semidesin- ganismo e esse número vai diminuindo à
medida que o carbono-14 vai decaindo radi-
tegração de um elemento, não depende do
oativamente. A meia-vida do carbono-14,
número de átomos ou da massa inicial da
isto é, o tempo necessário para que metade
amostra.
dos átomos radioativos de uma amostra de-
3. A atividade radioativa de uma amostra
caia, é constante e de aproximadamente
diminui no decorrer do tempo porque o nú- 5.730 anos.
mero de desintegrações diminui.
Observe o gráfico:
Baseando-se nas informações acima, po-
demos afirmar que o gráfico abaixo repre-
senta o comportamento de qualquer materi-
al radioativo.

Exercícios resolvidos

1. A meia-vida do polônio-218 é 3
Uma interessante aplicação do tempo de min. Qual é o tempo necessário para
meia-vida é a chamada datação por carbo- que uma amostra desse nuclídeo se
no-14: reduza à quarta parte do inicial?
Partindo inicialmente de 1, após uma
meia-vida, teremos ½ e, após outra meia
meia-vida, restará ¼ da amostra.

1 3 min ½ 3 min ¼

Assim, o tempo total transcorrido será de


6 minutos.

2. Quantas meias-vidas devem trans-


correr para que 93,75% de um certo
radionuclídeo sofra decaimento nu-
Os cientistas conseguem determinar a clear?
idade de um fóssil com menos de 40.000
anos de idade utilizando o método do car- Se 93,75% sofrerão decaimento nuclear,
bono-14 (14C ) ou carbono radioativo. Isso é restarão 6,25%. Esquematicamente:
feito a partir da relação existente entre a
quantidade de 14C restante no fóssil e a 100% t1/2 50% t1/2 25% t1/2 12,5% t1/2 6,25%
quantidade de 14C em uma espécie seme-
Portanto, o tempo total é de 4 meias-vi-
lhante atual. Apesar de sofrer decaimento
das.
radioativo, a quantidade de carbono-14 na
atmosfera, em particular em moléculas de
CO2, é praticamente constante devido à in-
cidência dos raios cósmicos, que atingem a
Terra a todo instante. Assim, por fazerem
199
5.Fissão nuclear um isótopo físsil, ou seja, ao ser bombarde-
ado por um nêutron, ele se quebra. Já o isó-
topo 238 não fissiona normalmente, pois
No processo conhecido como fissão, um absorve o nêutron se convertendo em
núcleo muito pesado se quebra produzindo Plutônio. Para que o urânio-238 sofra uma
núcleos de peso médio e liberando uma fissão é necessário bombardeá-lo com nêu-
grande quantidade de energia. trons de altíssima energia.

Ex: Fissão do 92U235 , quando bombarde- Dessa forma, é necessário aumentar o


ado com nêutrons. teor percentual de Urânio-235 em uma
amostra, processo denominado enriqueci-
92U 235 + 0n1 →56 Ba142 + 36Kr 91 + 3 0n 1 mento de urânio. O enriquecimento é feito
através de processos químicos e físicos de
Durante a fissão, são produzidos nêu- separação de misturas. Não se tratando de
trons. Os nêutrons emitidos podem causar a um fenômeno nuclear
fissão de outros núcleos de 92U235, ocorren-
do uma reação em cadeia.
5.2- Reator nuclear
Reação em cadeia do 92U 235

Em um reator nuclear, a reação de fissão


é controlada por moderadores de nêutrons e
por barras de controle.

Os moderadores de nêutrons desaceleram


os nêutrons liberados no processo, viabili-
zando o prosseguimento da reação em ca-
deia sob controle.

As barras controladoras adsorvem os


nêutrons, impossibilitando o crescimento
exponencial do número de nêutrons produ-
zidos na reação em cadeia. Os principais
materiais que realizam essa função são aço-
No processo da fissão, ocorre uma perda boro, cádmio ou háfnio.
de massa que é convertida em energia de
acordo com o princípio da equivalência mas- Em um reator nuclear, a reação de fissão
sa-energia de Einstein. é uma fonte de calor utilizada para elevar a
A energia liberada em uma fissão nuclear temperatura da água até a ebulição. O va-
é aplicada para fins pacíficos nos reatores por produzido aciona uma turbina que pro-
nucleares (reação controlada) ou para fins duz eletricidade, mecanismo idêntico ao de
bélicos em bombas atômicas, bomba A (rea- uma máquina térmica convencional.
ção incontrolada).
Esquema de um reator nuclear de água
pressurizada (PWR) semelhante ao usado na
5.1- Enriquecimento de Urânio Usina de Angra dos Reis.

O Urânio é a principal matéria-prima uti-


lizada na fabricação de combustíveis nuclea-
res. Ele é encontrado na natureza, princi-
palmente, na forma de óxidos, como UO2,
UO3 e U3O8. A extração e a purificação des-
ses minérios podem ser feitas com os pro-
cessos normais de mineração e de metalur-
gia usados para outros metais.

O Urânio é encontrado, na natureza, é


uma mistura de 99,3% de urânio -238 e
apenas 0,7% de urânio-235. O urânio-235 é

200
O processo de fissão produz um resíduo
extremamente perigoso, representando um
alto risco à população e ao meio ambiente.
Esse resíduo é denominado lixo atômico ou
nuclear.

O lixo nuclear é constituído de uma série


de radionuclídeos (já foram identificados
mais de 200 radionuclídeos diferentes) que
normalmente possuem uma meia-vida lon-
ga. Por esse motivo, é necessário armaze-
ná-los em recipientes de chumbo e concreto
e guardá-los em locais seguros por um tem-
po suficiente para que a radiação emitida
atinja níveis não prejudiciais.

5.4- Bomba atômica (Bomba A)

A água de um rio é utilizada pela usina


nuclear para condensar a água que movi-
menta a turbina. Essa água retorna ao rio a
uma temperatura maior, o que acarreta po-
luição térmica do rio, afetando várias espé-
cies biológicas.
A bomba atômica é detonada em três es-
Durante esse processo, temos a seguinte tágios. O primeiro consiste em detonar a
conversão de energia: espoleta da bomba, uma carga de TNT, que,
ao explodir, libera energia suficiente para
Energia nuclear energia térmica juntar massas de material físsil (normal-
energia mecânica energia elétrica mente urânio-235 ou plutônio-239). Quando
essas massas se juntam, formam uma mas-
sa denominada massa supercrítica, comple-
tando o segundo estágio. No terceiro está-
gio, a massa supercrítica recebe recebe
nêutrons, dando origem à reação em ca-
deia.

5.3- Lixo atômico

201
Temperaturas tão elevadas não são en-
contradas na Terra, porém a produção das
bombas atômicas viabilizaram a realização
das fusões.

Atualmente, já se pensa em reatores de


fusão mais eficientes do que os reatores de
fissão. O processo funcionaria a altas tem-
peraturas, em que os átomos estariam des-
vinculados de seus elétrons. Esse estado
denomina-se plasma. Trata-se de um campo
6.Fusão nuclear de pesquisa intensivo.

No processo conhecido como fusão, nú-


cleos leves combinam-se para formar núcle- 4.1-Bomba de hidrogênio (Bom-
os mais pesados.
ba H)
Exemplo: Energia solar.
Em uma bomba de hidrogênio, a espoleta
Na superfície solar, admite-se que ocorre é uma bomba atômica que, ao ser detona-
a reação de fusão de quatro núcleos de H da, libera uma quantidade de energia sufici-
para formar um núcleo de He. ente para elevar a temperatura e fundir os
núcleos atômicos.

A fusão nuclear libera muito mais energia


que a fissão nuclear (reação base da bomba
atômica). Assim, estima-se que tenha poder
de destruição cerca de 700 vezes maior que
a bomba que foi lançada em Hiroshima.

No ano de 1953, foi lançada a primeira


bomba de hidrogênio pelos norte-america-
nos, como um teste apenas. No mesmo ano,
os russos também realizaram explosões
desse tipo de bomba. Entre 1956 e 1957,
No processo, ocorre uma perda de mas- foram registradas 18 explosões em nível
sa, que é convertida em energia. experimental dos norte-americanos, ingle-
ses e russos.
O processo de fusão nuclear libera uma
quantidade de energia muito maior do que o Esses testes pararam quando o cientista
processo de fissão nuclear, além de produzir Linus Pauling conseguiu fazer com que os
resíduos mais limpos (menos radioativos). países citados assinassem, em 1964, um
acordo se comprometendo a não realizar
A temperatura necessária para vencer a mais testes com bombas nucleares a céu
repulsão entre os núcleos dos reagentes e aberto.
realizar a fusão é da ordem de cem milhões
de graus Celsius para a fusão de quatro
átomos de hidrogênio e de um milhão de
graus Celsius para a fusão de deutérios
(1H2) e trítios (1H3), isótopos mais pesados
do hidrogênio.
202
ticas estão relacionadas entre si, para as
ondas eletromagnéticas, onde a velocidade
é c, pela equação 1.
MÓDULO 11 - QUÍMICA AM-
BIENTAL

1.ATMOSFERA No início do século XX vários físicos esta-


vam pesquisando ondas eletromagnéticas
em conjunto com a física quântica. Eles per-
ceberam que, diferentemente de ondas me-
cânicas, onde a energia está associada à
amplitude da onda, a energia das ondas ele-
tromagnéticas está relacionada à frequência
delas pela equação 2, na qual h é a cons-
tante de Planck, e vale 6,62 x 10-34 J.s.

O século XX foi marcado por grandes


transformações da qualidade do ar não so- Ou seja, quanto maior a frequência de
mente das grandes metrópoles e de regiões uma onda, maior sua energia.
fortemente industrializadas mas também de
áreas remotas devido por exemplo às quei- Espectro eletromagnético
madas de florestas naturais. Fenômenos
globais (como o efeito estufa e o buraco na O espectro eletromagnético é o conjunto
camada de ozônio) foram detectados e ga- das várias ondas eletromagnéticas existen-
nharam notoriedade. A ciência ambiental da tes. No espectro eletromagnético elas são
atmosfera tem pela frente, neste novo sécu- ordenadas de acordo com a energia que
lo, o grande e complexo papel de contribuir possuem. Para melhor serem classificadas
para o aprimoramento de nosso entendi- elas são separadas e agrupadas dependendo
mento sobre o que são e como se compor- de sua frequência ou comprimento de onda
tam a atmosfera e espécies tóxicas sobre os (Figura 2).
ecossistemas e sua biota.

Ondas Eletromagnéticas

Ondas eletromagnéticas são ondas bem


diferentes das ondas mecânicas (como as
ondas do mar ou o som). Elas são oscila-
ções de um campo elétrico perpendiculares
a oscilações de um campo magnético (Figu-
ra 1).

Figura 1 - Espectro eletromagnético

Atmosfera

A terra é dividida em inúmeros setores


para que seu estudo seja facilitado. Dentro
da parte sólida podemos citar, por exemplo,
a litosfera, o manto e o núcleo. Essa divi-
A principal diferença entre as ondas me- são, bem simplificada, é feita de acordo com
cânicas e as ondas eletromagnéticas é que a variação na constituição da parte sólida.
estas não precisam de um meio físico para Uma divisão semelhante também é feita na
se propagar, ou seja, podem se propagar no parte gasosa da terra, a atmosfera.
vácuo. As ondas, tanto mecânicas quanto
eletromagnéticas, possuem três característi- Essa divisão é feita de acordo com a alti-
cas importantes; o comprimento de onda, a tude, a constituição e a temperatura média
frequência e a velocidade. Essas caracterís-

203
daquela altitude. A figura 3 mostra uma di- abundantes são vapor de água (H 2O) e dió-
visão clássica da nossa atmosfera. xido de carbono (CO2).

É nessa região onde ocorrem dois dos


fenômenos que são estudados na química
ambiental, a chuva ácida e o efeito estufa.

A estratosfera (do grego stratus que sig-


nifica camadas) é a região logo acima da
troposfera e tem esse nome devido a não
movimentação vertical dos componentes,
criando as camadas que são a origem do
nome. A temperatura nessa região é cres-
cente, de -56ºC até -2ºC, devido à absorção
da radiação ultravioleta, incidente do Sol,
pelo principal componente dessa região, o
ozônio (O3). É nessa região que existe a
camada de ozônio.

1.1- Efeito estufa

Figura 3 - Regiões da Atmosfera

A principal função da atmosfera é prote-


ger a terra da incidência de radiações ele-
tromagnéticas potencialmente danosas.
Essa proteção é feita de maneira que as es-
pécies presentes na região absorvam a radi-
ação, aumentando sua energia, de forma
que a radiação seja barrada e consequen- O efeito estufa, ao contrário do que nor-
temente não consegue penetrar nas áreas malmente se pensa, não é causado pelo
mais internas da atmosfera não atingindo os homem e também não é prejudicial para os
seres vivos. Obviamente essa proteção não seres vivos. Na verdade, o efeito estufa é o
é completa, mas sem ela com certeza não que evita que o calor proveniente da terra
poderia haver vida na terra da maneira escape para o espaço. Sem esse efeito a
como a conhecemos hoje. Terra seria cerca de 20oC mais fria, o que
praticamente impediria a existência da vida
A troposfera é a região da atmosfera em humana na Terra.
que nos encontramos. Em geral sua altitude
varia de 10 a 16 km e é definida pela tropo- O nome efeito estufa, Greenhouse Effect,
pausa. A tropopausa é a região da atmosfe- vem exatamente da referência a uma estu-
ra que possui uma temperatura de -56ºC e fa. Uma estufa atua da seguinte maneira:
ela é que define o término da troposfera e radiação muito energética (alta frequência)
início da estratosfera. Essa barreira, com atravessa o vidro e atinge o solo e as plan-
baixa temperatura, serve para condensar o tas dentro. As plantas e o solo então reemi-
vapor de água presente na mistura gasosa tem a radiação, porém menos energética
evitando assim que a água chegue a altitu- (menor frequência), já que parte da energia
des onde se foto dissociaria e escaparia da foi utilizada para aquecimento e para a rea-
terra. lização da fotossíntese. Parte dessa radiação
reemitida não consegue ultrapassar o vidro
A troposfera tem uma composição homo- de volta, e fica presa dentro da estufa.
gênea e constante. A composição média é Aquecendo mais o ambiente.
de: 78% nitrogênio gasoso (N2), 21% oxi-
gênio gasoso (O2), 0,9% argônio (Ar) e
0,1% de outros gases, dos quais os mais
204
O efeito estufa natural, que ocorre na isso ocorra é necessário que em algum ins-
Terra é semelhante, porém quem atua como tante seu momento de dipolo elétrico, ou
vidro são alguns gases da nossa atmosfera. momento dipolar, seja diferente de zero.

O balanço energético da Terra

A luz solar incidente na atmosfera terres-


tre é constituída basicamente de três com-
ponentes. A radiação ultravioleta, visível e
infravermelha. Da luz incidente total 50%
atingem a superfície terrestre, onde os fó-
tons são absorvidos. Do restante, 20 % são
absorvidos por gases, a radiação ultraviole-
ta pelo ozônio e a radiação infravermelha
pelo CO2 e H2O, principalmente. Os restan-
tes 30% são refletidos por corpos refletores,
como as nuvens, o gelo e a neve.

Como dito anteriormente a Terra reemite


radiação, porém de menor frequência, logo,
apesar de absorver um pouco de raios UV e
visível, a Terra reemite apenas radiação na
região do infravermelho.

Essa radiação reemitida é então absorvi-


da por alguns gases na atmosfera que então
as reemitem novamente. Porém essa emis-
são é caótica, e, portanto, parte atinge a
superfície terrestre, causando um aqueci-
mento adicional.

Ou seja, toda e qualquer molécula polar é


capaz de absorver radiação no infraverme-
lho, no entanto algumas moléculas apolares
também são capazes de absorver radiação
na região do IV. Para que isso ocorra é ne-
cessário que em algum de seus movimentos
Figura 4 - Absorção e emissão de radiação pela Ter-
vibracionais o momento dipolar seja diferen-
ra
te de zero.
Gases do efeito estufa
Isso faz com que praticamente todas as
Os principais gases da nossa atmosfera, moléculas sejam capazes de absorver radia-
N2, O2 e Ar, são incapazes de absorver radi- ção na região do IV. As únicas espécies que
ação no infravermelho. nunca conseguem absorver radiação infra-
vermelha são os gases monoatômicos (ga-
Então o que faz com que um gás seja um ses nobres) e os gases diatômicos homonu-
gás de efeito estufa? cleares, assim como o N2, O2 e H2. Porém,
para ser um gás estufa, a molécula tem que
Para que um gás seja um gás de efeito ser capaz de absorver IV térmico (λ=4.000-
estufa ele deve ser capaz de absorver radia- 50.000 nm).
ção na região do infravermelho. Para que
Principais gases do efeito estufa.
205
é o maior responsável pelo bloqueio dos rai-
Pode-se perceber na figura 5 que os prin- os reemitidos.
cipais gases responsáveis pelo efeito estufa
são o CO2, a H2O, o CH4 e o O3. Sendo que A maior parte do CO2 atmosférico é pro-
esse último corresponde ao ozônio troposfé- veniente da combustão de combustíveis fós-
rico, e não ao encontrado na camada de seis, como carvão vegetal e petróleo. Cerca
ozônio na estratosfera. de 5,5 gigatoneladas (1012 kg) de carbono
são emitidas para a atmosfera assim. As flo-
A figura acima mostra a intensidade da restas tropicais, já quase que completamen-
luz infravermelha que deveria deixar a Terra te desenvolvidas, e, portanto, com uma
(linha tracejada) em função do comprimento taxa fotossintética menor do que a taxa
de onda da mesma. Essa quantidade foi cal- respiratória, emitem por volta de 1,6 giga-
culada teoricamente. Já a linha preenchida tonelada. Os oceanos liberam para a atmos-
mostra a quantidade que realmente escapa. fera cerca de 90 gigatoneladas de carbono,
devido à respiração de todos os animais ma-
rinhos e ao próprio equilíbrio de solubilidade
do gás em água. As outras florestas são ca-
pazes de absorver anualmente 1,8 gigatone-
lada de carbono, enquanto as águas oceâni-
cas rasas absorvem cerca de 92 gigatonela-
das. Existe ainda uma taxa de transferência
de CO2 dissolvido de águas rasas para águas
profundas, cerca de 1,6 gigatonelada de
carbono é mandada para águas profundas
anualmente assim. Ainda há uma transfe-
rência de aproximadamente 0,2 gigatonela-
da de carbono das águas profundas para os
sedimentos do fundo do oceano.

Figura 5 - Absorção de radiação IV por gases Vapor de água

As moléculas de água presentes na at-


Dióxido de carbono mosfera também são responsáveis pela ab-
sorção de boa parte da luz infravermelha
A figura abaixo mostra o espectro de ab- emitida pela superfície terrestre. No entanto
sorção do CO2. Esse gráfico mostra quais a água representa um problema bem mais
são as frequências, e quanto dessas complicado de resolver. Primeiramente por-
frequências, as moléculas são capazes de que quanto maior for a quantidade de molé-
absorver. culas de água na atmosfera maior será a
quantidade de luz absorvida. E quanto mai-
or for a quantidade de luz absorvida maior
será o aquecimento provocado pelo efeito
estufa, e consequentemente maior será a
pressão de vapor da água. Logo maior será
a quantidade de água presente na forma
gasosa na atmosfera.

Por conta desses problemas, e pelo fato


da água ser essencial para a vida, o aque-
Figura 6 - Espectro de absorção do CO2 cimento da Terra provocado por essas molé-
culas geralmente ou é omitido, ou é conta-
As moléculas de CO2 hoje na atmosfera bilizado juntamente com o de outros gases.
são responsáveis pela absorção de metade
da luz infravermelha térmica refletida que Metano
possui comprimento de onda na região en-
tre 12 e 18 µm. A partir da análise do gráfi- Depois da água e do CO2 o metano é o
co percebe-se por que o dióxido de carbono gás de efeito estufa de maior importância.
é considerado o vilão do efeito estufa. Sua Isso se deve ao fato de que uma molécula
faixa de absorção coincide com a faixa de de metano é capaz de absorver 21 vezes
frequências que a Terra mais emite, logo ele mais quantidade de luz infravermelha do

206
que uma molécula de CO2. No entanto, a
concentração de metano na atmosfera é Ainda se discute muito sobre o aqueci-
bem menor do que a quantidade de CO2, e, mento global. Alguns cientistas dizem que a
portanto, geralmente se dá uma menor im- temperatura na troposfera está aumentan-
portância a esse gás. do, porém a temperatura na estratosfera
A quantidade de gás metano na atmosfe- está diminuindo mais do que a temperatura
ra vem aumentando desde a era industrial. na troposfera está aumentando. O que sig-
Presume-se que o aumento no nível desse nificaria que a temperatura da Terra na ver-
gás seja consequência de várias atividades dade está diminuindo. Outros cientistas di-
humanas, como o aumento da produção de zem que as medidas realizadas na troposfe-
alimentos, o uso de combustíveis fósseis e o ra não são confiáveis.
desflorestamento, por exemplo.
Outros cientistas ainda dizem que a ele-
Cerca de 70% do metano hoje emitido é vação da temperatura na Terra é parte do
de origem antropogênica. Ele é produzido ciclo geológico normal da Terra. Esses ciclos
por via biológica pela decomposição anaeró- são os responsáveis pelas eras glaciais,
bica de matéria de origem vegetal. Tal pro- sendo que a última ocorreu cerca de 10000
cesso se dá em grande escala onde ocorre a anos atrás.
decomposição de plantas submersas em
água, como por exemplo, pântanos, brejos e
terrenos úmidos como o do cultivo do arroz. Principais problemas causados pelo
aquecimento global
Terras alagadas são a maior fonte natural
das emissões de metano. A expansão de O aquecimento da Terra, como o próprio
áreas alagadas para a criação de hidroelé- nome já diz, é considerado um problema
tricas soma-se ao total de metano produzi- ambiental global, e, portanto, atinge toda a
do. superfície terrestre.

Animais ruminantes, como gado bovino, Devido ao aquecimento global já pode-


ovelhas e certos animais selvagens produ- mos citar como consequências:
zem grandes quantidades de metano como
subproduto em seus estômagos quando di- O derretimento do Ártico e da Groelândia,
gerem a celulose. Os animais depois podem o que acaba por provocar aumento do nível
arrotar o metano, liberando-o para a atmos- do mar e inundação de cidades litorâneas.
fera. Além disso, os furacões estão cada vez mais
fortes. Devido ao aquecimento das águas, a
O aquecimento global ocorrência de furacões das categorias 4 e 5
(os mais intensos da escala), dobrou nos
últimos 35 anos. O litoral sul do Brasil foi
varrido por um forte ciclone em 2004.

O total de áreas atingidas por secas do-


brou em trinta anos. Um quarto da superfí-
cie do planeta é agora de deserto. Só na
China, as áreas desérticas avançam 10.000
quilômetros quadrados por ano.

A Organização das Nações Unidas estima


que 150.000 pessoas morrem anualmente
O verdadeiro problema do efeito estufa por causa de secas, inundações, doenças e
não é ele por si próprio, pois como já foi outros fatores relacionados diretamente ao
dito sem esse efeito a temperatura da Terra aquecimento global.
seria entre 30 e 40ºC mais fria, mas a sua
intensificação. A intensificação do efeito es- Muitas das espécies de peixes de águas
tufa é conhecida como aquecimento global e doces e de águas do mar que consumimos
ele vem preocupando os cientistas já que as como alimento correm o risco de serem ex-
medidas de temperatura média da Terra, tintas.
realizadas desde meados do século XVIII,
mostram um constante aumento de tempe- Rãs e insetos também são animais que
ratura. estão ameaçados. Muitos deles estão se

207
acasalando antes do tempo previsto e ou-
tros estão emigrando por conta do calor.
Uma das ameaças é a destruição dos 1.2- Chuva ácida
mangues, possíveis de serem alagados pela
elevação do nível do mar.

Além de todas essas já ditas os ursos po-


lares também correm o risco de serem ex-
tintos, devido à diminuição de sua área de
convivência e consequentemente diminuição
de sua área de caça às focas, seu principal
alimento.

TEXTO COMPLEMENTAR
A chuva ácida é um fenômeno ambiental
Créditos de Carbono extremamente prejudicial, tanto para a qua-
lidade de vida de animais e vegetais quanto
Os créditos de carbono são uma espécie para a formação mineralógica dos vários
de moeda que se pode obter em negocia- ambientes, quanto para estruturas e monu-
ções internacionais por países que ainda mentos construídos pelo homem.
desconsideram o efeito estufa e o aqueci-
mento global. Esses são adquiridos por paí- Como o próprio nome já diz a chuva áci-
ses que tem um índice de emissão de CO2 da é uma precipitação que ocorre e que é
reduzidos, através desses fecham negocia- rica em ácidos. Porém deve-se tomar cuida-
ções com países poluidores. A quantidade do com isso. A chuva, mesmo que na au-
de créditos de carbono recebida varia de sência de poluentes, que possam afetar o
acordo com a quantidade de emissão de seu pH, é naturalmente ácida, ou seja, pos-
carbono reduzida. Para cada tonelada redu- sui pH menor do que sete. Isso se deve a
zida de carbono o país recebe um crédito, o um constituinte natural e essencial da at-
que também vale para a redução do meta- mosfera terrestre, o gás carbônico (CO2).
no, só que neste caso o país recebe cerca Quando em contato com a água esse gás se
de vinte e um créditos. dissolve, e por ser um óxido ácido, é capaz
de formar um ácido, que por sua vez se io-
Os países que mais negociam créditos de niza, aumentando a concentração de íons
carbono são os países da Europa e Japão hidrônio (H3O+) na água da chuva, dimi-
que por liberarem pouco carbono acumulam nuindo seu pH. Esses fenômenos estão
grande quantidade de créditos aumentando exemplificados na figura 7.
assim a renda do país, pois aliviam os paí-
ses que desconsideram o Protocolo de Kyo- CO2(g)
H2O
CO 2(aq) Solubilização do gás carbônico

to, estabelecido em 1997, e o aquecimento CO2(aq) + H 2O (l) H 2CO3(aq) Formação do ácido carbônico

global, que compram créditos como ocorre H2CO3(aq) + H 2O (l) H 3O


+
(aq) + HCO 3
-
(aq) Primeira ionização do ácido carbônico

com os Estados Unidos e com a Austrália,


- + 2-
HCO3 (aq) + H 2O (l) H 3O (aq) + CO 3 (aq) Segunda ionizição do ácido carbônico

esses relacionam o acordo à diminuição do Figura 7 - Etapas da acidificação da água pelo


desenvolvimento econômico. CO2

Existem pessoas que discutem sobre este Dessa maneira não se pode chamar uma
sistema de créditos de carbono, pois julgam chuva de chuva ácida somente porque seu
que este favorece o mercado e não propri- pH é menor do que sete, tendo em vista que
amente o meio ambiente como propõe. isso ocorre naturalmente por conta do CO 2.
Também julgam que tal crédito dá aos paí- O fenômeno chuva ácida é o nome dado
ses poluidores o direito de continuarem po- para as precipitações com pH menor do
luindo se pagarem pelos créditos que a prio- que 5,6, pH normal de uma solução de áci-
ri possui cota de compra limitada. Por outro do carbônico.
lado, o sistema de crédito de carbono dá
aos países menos poluidores o incentivo Para que o pH da chuva se torne menor
para que continuem o processo de valorizar do 5,6 é necessário que nela exista um áci-
o meio ambiente e em troca melhorar sua do mais forte do que o ácido carbônico.
economia já que este sistema é altamente
rentável aos países que o adere. A primeira ocorrência de chuva ácida re-
gistrada na história devido a efeitos antrópi-
208
cos foi na Noruega e na Dinamarca. Estudos mais fortes e consequentemente, causado-
da época mostraram que a chuva ácida nes- res da chuva ácida.
sa região foi devido à revolução industrial
que ocorria na Inglaterra naquela época. Suas reações com H 2O formando os áci-
dos nitroso e nítrico são apresentadas na
Nos Estados Unidos foi feita uma pesqui- figura 9.
sa do pH da chuva em todos os 48 estados
continentais, o resultado é mostrado abaixo 2NO2(g) + H 2O (l) HNO 2(aq) + HNO 3(aq)
na figura
N2O 3(g) + H 2O (l) 2HNO 2(aq)
N2O 5(g) + H 2O (l) 2HNO 3(aq)
Figura 9 - reação dos anidridos de nitrogênio
com água

Porém os óxidos de nitrogênio não são


abundantes no nosso planeta. Isso porque,
os dois óxidos neutros são extremamente
tóxicos, e os outros três formam ácidos for-
tes o suficientes para que acabem existindo
Figura 8 - Isopletas do pH da chuva nos EUA
apenas na forma de ânions na terra, como
os ânions nitrito NO2- e nitrato NO3-. Porém
A primeira revolução industrial ocorreu
o gás mais abundante na atmosfera é o gás
com o uso do carvão. A queima do carvão
nitrogênio, um gás extremamente inerte,
libera, principalmente, gás carbônico, o que,
devido à sua forte ligação covalente, que
como já discutido, não causa chuva ácida.
pode, sobre certas circunstâncias, reagir
No entanto, carvão vegetal também possui,
com o oxigênio também presente na atmos-
mesmo que em pequenas quantidades,
fera e formar os óxidos de nitrogênio. Essa
compostos sulfurados, que contem enxofre.
é uma reação extremamente lenta, devido à
Os gases de enxofre, principalmente SO2 e
sua elevada energia de ativação, porém os
SO3, são gases formadores de ácidos bem
raios, que ocorrem nas tempestades, aca-
mais fortes que o ácido carbônico, e são,
bam por fornecer a energia necessária para
portanto, gases causadores da chuva ácida.
que a reação ocorra. Os óxidos formados
podem agora se dissolver na água da chuva,
Principais gases da chuva ácida
acidificando-a, formando a chuva ácida.
Nitrogênio:
Enxofre:
Existem cinco óxidos de nitrogênio:
Os gases de enxofre são liberados para a
NO: óxido nítrico
atmosfera principalmente pela queima indis-
N2O: óxido nitroso
criminada de combustíveis fósseis com alto
NO2: anidrido nítrico-nitroso
teor de enxofre.
N2O3: anidrido nitroso
N2O5: anidrido nítrico
Durante a queima os átomos de enxofre
são oxidados, principalmente a SO2. Esse
Os dois primeiro gases, NO e N2O, são
gás pode reagir com a água formando o áci-
óxidos neutros, ou seja, não reagem com a
do sulfuroso ou ainda ser oxidado e formar
água. Os outros três, como o nome já diz,
o SO3 que pode reagir com a água formando
são anidridos, ou seja, óxidos ácidos.
o ácido sulfúrico.
Quando em contato com a água esses
óxidos geram os ácidos nitroso (HNO2) e/ou
nítrico (HNO3), cujos valores das constantes
de dissociação (Ka) são 7,1 x 10-4 e pratica-
mente infinito, já que a dissociação pode ser
considerada completa, respectivamente. Va-
lores maiores do que o valor do Ka do ácido
carbônico, 4,45 x 10-7 para a primeira dis-
sociação e 4,69 x 10-11 para a segunda dis-
sociação. O que significa que são ácidos

209
Figura 11 – Formação da Chuva ácida Figura 12 – Fotografia de uma floresta alemã
tirada em 1970 e depois em 1983, após a
ação da chuva ácida na região
Principais problemas causados pela
chuva ácida
Além dessas alterações a chuva ácida é
Os problemas ambientais podem ser divi- capaz de acentuar a dissolução de solos cal-
didos entre problemas locais, regionais ou cários, já que os ácidos são capazes de rea-
globais. Isso varia de acordo com a área gir com os carbonatos existentes. Esse pro-
que o problema atinge. Pro exemplo, polui- cesso pode acelerar a formação de cavernas
ção do ar é um problema local, só interfe- ou até mesmo causar a erosão de solos que
rindo na cidade em que o ar é poluído. A servem como suporte para construções.
chuva ácida é considerada um problema
ambiental regional, já que devido a corren- A reação que ocorre com os solos calcári-
tes de ar os gases causadores desse efeito os é a mesma que ocorre quando ácidos en-
podem ser transportados para locais um tram em contato com mármore, rocha me-
pouco mais distantes. Existem ainda os pro- tamórfica constituída basicamente de calcita
blemas ambientais globais, que irão afetar (carbonato de cálcio), motivo pelo qual al-
toda a superfície terrestre. gumas obras de arte de mármore, produzi-
das no Renascimento, principalmente, tive-
A chuva ácida é capaz e alterar o pH de ram de ser movidas, de maneira que ficas-
sistemas aquáticos e terrestres. Isso faz sem protegidas. O maior exemplo disso é a
com que as propriedades da fauna e da flora estátua de Davi de Michelangelo, que foi re-
de ambos os ambientes sejam alteradas, tirada da Praça de Florença e transportada
podendo levar à morte de algumas espécies para dentro da Academia.
e conseqüente alteração do ecossistema.

SO 2(g) + 0,5O 2(g) SO 3(g)


SO 2(g) + H 2O (l) H 2SO 3(aq)
SO 3(g) + H 2O (l) H 2SO 4(aq)
Figura 10 - reações dos gases de enxofre

A alteração do pH de solos e águas tam-


bém pode torná-las impróprias para a utili-
zação por humanos. A água pode se tornar
tão ácida que fica imprópria para o consumo
enquanto o solo pode se tornar infértil. A
Figura 13 – Estragos causados pela chuva áci-
chuva ácida também é capaz de diminuir a
produtividade de plantações devido à des- da em uma estátua
truição causada nas folhas, isso acaba por
causar enormes prejuízos para a economia Outro exemplo de corrosão de obras de
agrária. arte é a corrosão que ocorre nos Profetas de
Aleijadinho, na cidade de Congonhas. Os
profetas foram feitos a partir de pedra-sa-
bão, uma rocha constituída a partir de talco,
um mineral extremamente macio, e conse-

210
quentemente a reação com ácido facilita sua
dissolução.

Os ácidos constituintes da chuva ácida


também são capazes de corroer metais e Figura 14 - Ressonância na molécula de ozônio
estruturas metálicas. Isso é um grande pro-
blema na construção civil devido ao enfra-
quecimento dessas estruturas, a base para
a construção. Outro problema relacionado à
construção civil é a corrosão do concreto
utilizado, que possui carbonatos em sua
constituição, que podem ser dissolvidos por
ácidos.

Um grande problema é que a chuva ácida


pode cair até 3.750 quilômetros de distância
da fonte original da poluição. As chaminés e
os automóveis do centro industrial do meio-
A absorção da radiação UV pelo ozônio é
oeste causam chuva ácida que prejudica o
o que faz com que a temperatura da estra-
leste dos Estados Unidos e o noroeste do
tosfera seja maior do que se esperaria devi-
Canadá. Grande parte da chuva ácida que
do ao ar rarefeito.
cai na Escandinávia vem de origens euro-
péias do oeste, do Reino Unido em particu-
O ozônio da estratosfera é criado a partir
lar.
da interação entre os raios ultravioletas e as
moléculas de oxigênio gasoso. O esquema
da figura 15 mostra isso com clareza.
1.3- Camada de ozônio

Figura 15 - Síntese e decomposição do ozônio


estratosférico

Dessa maneira existe um equilíbrio quí-


Como dito anteriormente a principal fonte mico entre ambas as espécies. De maneira
de luz para a Terra é o Sol. E dos raios que que, sem perturbações, suas concentrações
saem da superfície do mesmo os principais deveriam ser constantes, o que faria com
a atingirem as camadas mais internas da que a camada de ozônio tivesse sempre
superfície são as radiações infravermelha, uma espessura praticamente fixa. No entan-
visível e ultravioleta. to, sabemos que não é isso que ocorre.

A mais energética, e consequentemente Destruição catalítica do ozônio


mais danosa para nós, é a radiação ultravio-
leta. No entanto, na parte mais baixa da es- Como vimos existe um equilíbrio entre as
tratosfera existe uma concentração relati- espécies oxigênio e ozônio na estratosfera,
vamente alta, por volta de 130 nanobar (em no entanto, existem algumas substâncias
termos da pressão parcial), de ozônio. O que são capazes de catalisar a destruição do
ozônio, O3, é uma molécula capaz de absor- gás ozônio.
ver radiação na região do UV.
Nos primeiros anos da década de 60 per-
As radiações dessa região geralmente es- cebeu-se que existem espécies capazes de
tão relacionadas com movimentos eletrôni- catalisar o processo de destruição do ozô-
cos. O que faz o ozônio ser então capaz de nio. Essas espécies seriam capazes de ace-
absorver fótons nessa região é a ressonân- lerar o processo de decomposição do ozô-
cia que existe em sua molécula. nio, diminuindo dessa maneira a concentra-
ção dessa espécie na estratosfera, o que
211
faria com que a incidência dos raios UV na
superfície da Terra aumentasse, o que é ex-
tremamente prejudicial para os seres vivos.

Clorofluorcarbonetos

Os Clorofluorcarbonetos (CFCs) são espé-


cies que contém carbono, flúor, cloro e po-
dem ou não conter átomos de hidrogênio.

Exemplos disso são os:

CFC-11 (CFCl3),
CFC-12 (CF2Cl2) ou ainda o
CFC-21 (CHFCl2).
(Baird, 2002)

Essas substâncias, assim como pratica-


mente todos os haletos de alquila são ex-
tremamente estáveis. Porém, no caso dos
CFCs, além de estáveis, as moléculas ainda
são inertes, atóxicas, inodoras e não-infla-
máveis. Por conta disso, e por conta da sua
capacidade de compressão esses gases fo-
ram muito utilizados no início dos anos 30
em refrigeradores. No entanto no início da
década de 40 esses refrigeradores começa-
ram a ter defeitos e foram descartados por
seus donos.
Porém, essa catálise não é capaz de des-
Nos ferros-velho e afins, esses refrigera- truir significativamente a quantidade de
dores eram danificados e o gás escapava ozônio estratosférica, já que a quantidade
para a atmosfera. Esses gases subiam para de CFC que chega por tempo é muito pe-
a alta atmosfera e chegavam à estratosfera. quena, logo o oxigênio produzido por essa
Na estratosfera eles eram atingidos pelos destruição catalítica acelera a produção do
raios UV. Esses raios UV eram capazes de ozônio, de maneira que a quantidade de
quebrar as ligações C-Cl homoliticamente. ozônio é rapidamente restabelecida.
Isso gerava átomos de cloro, que são catali-
sadores extremamente eficientes para a O buraco na camada de ozônio
destruição da camada de ozônio.
Em 1985 os cientistas perceberam que a
-
espessura da camada de ozônio sobre o
Cl + O
O
+O Cl O +O O
continente da Antártida diminuía substanci-
almente em algumas épocas do ano. Isso
Cl O + O Cl +O O ocorre porque devido aos ventos contra-alí-
sios os gases CFCs liberados em toda a su-
O3 + O 2 O2 perfície são quase que completamente leva-
Figura 13 - Destruição catalítica do ozônio dos para os pólos. Essa grande quantidade
de CFCs poderia então explicar a diminuição
da espessura da camada de ozônio, criando
inclusive, em algumas ocasiões, os buracos
na camada de ozônio.

No entanto os ventos contra-alísios con-


centram os CFCs em ambos os pólos, isso
não explica porque o buraco no Pólo Sul é
muito mais acentuado e maior do que a pe-
quena diminuição na espessura da camada
de ozônio no Pólo Norte.

Vórtices Antártico e Ártico


212
TEXTO COMPLEMENTAR
Devido às baixíssimas temperaturas que
os pólos atingem no inverno, o Pólo Sul Fora CFC!!!
atinge no inverno cerca de -80ºC, há uma
diminuição da pressão atmosférica. Isso, Entre 1978 a 1994, a camada de ozônio
associado ao movimento de rotação da Terra sobre a Antárctica diminuiu em mais de
cria um vórtice, capaz de prender os gases 50%. Na década de 60, o surgimento de
que chegam aos pólos. Esses gases ficam novos instrumentos de química analítica
presos durante todo o inverno polar, cerca permitiu o exame da concentração de cloro-
de seis meses. fluorcarbonos na estratosfera. Em 1974, ha-
via 0.1 ppb (partes por bilhão) de CFC na
Quando os primeiros raios de Sol atingem estratosfera. Este número cresceu para 0.2
os pólos os cristais de gelo que aprisionam ppb, em 1975 e para 0.4 ppb em 1987. Há
esses gases derretem, liberando os gases uma forte relação, como se percebe, entre a
que então atacam a camada de ozônio. presença de CFC e a diminuição da camada
Como a liberação de gases é maciça o ata- de ozônio.
que ao ozônio ocorre muito rapidamente, o
que então cria os famosos buracos na ca- A certeza da presença de CFC na estra-
mada de ozônio. Esse buraco diminui de tosfera, em 1974, levou Mario Molina e
tamanho com o passar dos meses, até a Sherwood Rowland a propôr um meca-
chegada do outono novamente, onde o vór- nismo detalhando a destruição do ozônio
tice reaparece e os gases são novamente pelo CFC. O primeiro passo requer a quebra
aprisionados e acumulados. do CFC pela luz UV em um átomo reativo de
cloro.
O buraco na camada de ozônio no hemis-
fério Sul é mais acentuado do que o do he- CF2C2 + UV CF2Cl + Cl
misfério norte devido à inclinação do eixo
terrestre, ao fato da órbita da Terra ser elíp- O próximo passo envolve o ataque ao
tica, e à proporção maritimidade / continen- ozônio pelo átomo de cloro:
talidade desse hemisfério, o que faz com
que o inverno no Pólo Sul seja bem mais Cl + O3 ClO + O2
severo que o do Pólo Norte. Dessa maneira
mais gases serão acumulados e na primave- O átomo de cloro é regenerado
ra mais gases serão lançados de uma só vez
na estratosfera. (Baird, 2002) ClO + O Cl + O2

Principais problemas causados pela O átomo de cloro, que pode ser reciclado
destruição da camada de ozônio milhares de vezes, faz com que apenas 1
molécula de CFC provoque a quebra de mais
A destruição da camada de ozônio au- de 1000 moléculas de ozônio! O átomo de
menta a incidência de raios UV-A e UV-B na cloro reside por mais tempo na estratosfera
superfície terrestre. Esses raios são extre- quando a temperatura é muito baixa - que é
mamente nocivos a todos os seres vivos. o caso da Antárctica.

Esses raios são capazes de destruir molé- Tal como os clorofluorcarbonos, os bro-
culas importantes para o funcionamento dos mofluorcarbonos são prejudiciais à camada
organismos, como proteínas e até mesmo o de ozônio; o átomo reativo, neste caso, é o
DNA. A destruição das moléculas de DNA bromo.
pode levar ao aparecimento de vários tipos
de tumores de pele, inclusive melanomas, Os químicos Molina e Rowland, junta-
mais raros e mais perigosos que os outros mente com o meteorologista Paul Crutzen,
tipos de tumores. ganharam o Prêmio Nobel em Química de
1995, por seu trabalho descrevendo a for-
Além disso, a radiação UV é capaz de mação e decomposição no ozônio atmosféri-
aquecer a superfície terrestre, mesmo que co.
pouco, o que aumentaria a pressão de vapor
da água, aumentando a taxa de evaporação Todos concordam que a redução da ca-
e aumentando a quantidade de água na at- mada de ozônio permite uma maior quanti-
mosfera o que aumentaria o efeito estufa, o da de luz UV chegar à troposfera, resultan-
que poderia levar ao aquecimento global. do em aumento do câncer nos humanos. Por
213
isso, os políticos decretaram que os CFC de- za. No lixo domiciliar, por exemplo, encon-
vem morrer. tramos diversos materiais que podem ser
reciclados. Já o lixo industrial precisa passar
Antes da síntese dos CFC (final da década por processos especiais de tratamento para
de 20), os gases refrigerantes mais utiliza- isolar os agentes poluentes, e o lixo radioa-
dos eram a amônia, o butano, isobutano e tivo, perigosíssimo, tem de ser armazenado
propano. Todos são tóxicos e/ou explosivos. em locais muito bem isolados e protegidos.
Hoje, os refrigerantes são, em geral, mistu-
ras binárias azeotrópicas contendo CFC e Cada um desses tipos de lixo possui pro-
HFC (hidrofluorcarbonos) ou HCFC (hidroclo- priedades químicas e físicas diferentes. O
rofluorcarbonos). Os tratados internacionais conhecimento dessas propriedades permite
preveêm a completa retirada dos CFC do o desenvolvimento de tecnologia adequada
mercado neste ano, e dos HCFC por volta de para tratá-los. Esse estudo implica a neces-
2030. Químicos do mundo inteiro já traba- sidade do conhecimento da composição de
lham a procura de substituintes para os CFC seus materiais.
e HCFC. Isto não é uma tarefa fácil. Os ga-
ses que possuem as qualidades necessárias Lixões
são, em geral, muito tóxicos. Os substituin-
tes mais promissores são os HFC (hidroflu- As centenas de milhares de toneladas de
orcarbonos) que, como não têm cloro em lixo produzidas diariamente no Brasil ficam,
sua estrutura, não agridem o ozônio. Alguns em sua maioria, amontoadas em grandes
estudos, entretanto, indicam que os HFC depósitos a céu aberto: os lixões. Mantidos
também devem ser banidos. Será que tere- em grandes áreas, normalmente afastadas
mos que voltar a velha amônia?! dos centros urbanos, esses lugares são
completamente tomados por toda sorte de
resíduos vindos dos mais diversos lugares,
como residências, indústrias, feiras e hospi-
tais.
2.SOLO
Como o lixo é mal acondicionado nos li-
xões, permanecendo livre no ambiente ele
O que é Lixo? contamina o solo e os lençóis subterrâneos
de água, além de contribuir para a prolifera-
Chamamos ‘lixo’ a uma grande diversida- ção de insetos e ratos transmissores de do-
de de resíduos sólidos de diferentes proce- enças. Mas isso não acontece só nos lixões.
dências, dentre eles o resíduo sólido urbano Qualquer lugar em que o lixo esteja acumu-
gerado em nossas residências. A taxa de lado inadequadamente é propício à dissemi-
geração de resíduos sólidos urbanos está nação das mais diversas e graves doenças.
relacionada aos hábitos de consumo de cada Dengue, febre amarela, disenteria, febre
cultura, onde se nota uma correlação estrei- tifóide, cólera, leptospirose, giardíase, peste
ta entre a produção de lixo e o poder bubônica, tétano, hepatite A, malária e es-
econômico de uma dada população. O lixo quistossomose são apenas alguns exemplos.
faz parte da história do homem, já que a
sua produção é inevitável. Para Teixeira e
Bidone (1999), o lixo é definido de acordo
com a conveniência e preferência de cada
um. O IPT/CEMPRE (1995) define-o como
restos das atividades humanas, considera-
das pelos geradores como inúteis, indesejá-
veis ou descartáveis. Normalmente apresen-
tam-se em estado sólido, semi-sólido ou
semilíquido (com quantidade de líquido in-
suficiente para que possa fluir livremente).
São também classificados como resíduos
sólidos vários resíduos industriais, resíduos
nucleares e lodo de esgoto desidratado,
conforme aponta Mata-Alvarez et al. (2000).
Para onde vai o Lixo?
A classificação do lixo visa separar os vá-
Nos lixões, dezenas de pessoas disputam
rios tipos de resíduos para que cada um te-
restos que possam ser reaproveitados, ga-
nha um tratamento adequado à sua nature-
214
rantindo o mínimo necessário à sobrevivên- pelos lixões a céu aberto. Nesses aterros, o
cia. Adultos, crianças e animais domésticos lixo é recoberto periodicamente, reduzindo a
misturam-se aos dejetos, criando um ambi- proliferação de insetos. O local para implan-
ente favorável à disseminação de doenças. tação deve ser escolhido de forma muito
criteriosa, para diminuir o risco da contami-
Segundo dados do IBGE de 2000, em nação de mananciais de água.
cerca de 71,5% das cidades brasileiras com
serviço de limpeza urbana, o lixo depositado
em lixões. Uma pesquisa encomendada pelo
Unicef em 1998 revela, ainda, que há lixões
em 26% das capitais brasileiras, em 73%
dos municípios com mais de 50 mil habitan-
tes e em 70% dos municípios com menos de
50 mil habitantes. E praticamente em todos
esses lixões existem pessoas trabalhando,
incluindo crianças.

Tratamento do Lixo

A partir do estudo das propriedades das


substâncias é possível separar os materiais
encontrados no lixo em diferentes sistemas
de tratamento. Conheça os mais utilizados Incineração – O lixo é queimado em alta
no país. temperatura ( acima de 900oC ), o que re-
duz seu volume. Em algumas usinas, essa
Aterro Sanitário – É projetado por en- queima é conduzida de modo a transformar
genheiros para reduzir bastante o impacto o calor liberado em energia elétrica. Nesse
do lixo sobre o meio ambiente. O lixo é re- processo, há necessidade do tratamento fi-
duzido ao menor volume possível e coberto nal dos gases altamente poluentes emitidos
periodicamente com uma camada de terra. pelo incinerador, por meio de filtros.
O local é isolado e impermeabilizado, para
evitar a contaminação das águas superfici- Compostagem – É um dos métodos
ais e subterrâneas por metais pesados e mais antigos e consiste na decomposição
pelo chorume, um líquido escuro e malchei- natural de resíduos de origem orgânica em
roso, resultante do processo de decomposi- reservatórios instalados nas chamadas usi-
ção anaeróbica (sem a presença de oxigê- nas de compostagem. Nesse processo, o
nio) de material orgânico. material orgânico (restos de alimentos, fo-
lhas, cascas de legumes, etc.) é transfor-
mado por microorganismos em húmus
(composto orgânico), que pode ser usado
como adubo. Na natureza, o húmus resulta
da decomposição de vegetais, formando um
material de cor escura que recobre a primei-
ra camada do solo.

Tanto na incineração como nas usinas de


compostagem, o lixo passa por uma etapa
inicial de separação de materiais que não
serão incinerados ou transformados em
adubo. Esses processos são conduzidos nas
usinas por meio de sistemas mecânicos de
esteiras, garras e eletroímãs (veja o es-
Aterro Controlado – É um sistema in- quema abaixo). Os materiais isolados nessa
termediário entre o lixão a céu aberto e o etapa inicial são enviados para indústrias de
aterro sanitário. Não possui uma estrutura reciclagem.
adequada de impermeabilização que trate o
chorume. Embora não seja a solução ideal
para o destino do lixo, os aterros controla-
dos podem, em curto prazo e com investi-
mento relativamente baixo, reduzir a agres-
são ambiental e a degradação social gerada
215
VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS PROCESSOS
DE DISPOSIÇÃO DO LIXO

Processo Vantagens Desvantagens

Contamina a água,
o ar e o solo, pois a
No curto pra- decomposição do
zo, é o meio lixo sem tratamento
mais barato produz chorume,
de todos, pois gases e favorece a
Lixão não implica proliferação de
em custos de insetos (baratas,
tratamento moscas), ratos e
nem controle germes patológicos,
que são vetores de
doença

Tem vida útil curta;


se não houver con-
trole pode receber
resíduos perigosos
Solução mais como lixo hospitalar
econômica, e nuclear.
pode ocupar
Aterro Sanitá- Se não for feito com
áreas já de-
rio critérios de enge-
gradadas, nharia, pode causar
como antigas os mesmos proble-
minerações
A reciclagem consiste em utilizar me- mas do lixão; os
materiais recicláveis
tais, vidros, plásticos e papéis que já foram não são aproveita-
descartados como fonte de manufatura de dos
novos materiais. Esse sistema de tratamen-
to de lixo contribui para preservar os recur- Propicia uma
sos naturais e diminuir a poluição. É um redução no
É um sistema caro
volume de
método interessante também do ponto de lixo; destrói a que necessita de
vista econômico. Gasta-se muito mais água maioria do manutenção rigoro-
sa e constante.
e energia elétrica para produzir um material material orgâ-
Pode lançar diver-
nico e do
a partir de matéria-prima bruta do que para material peri- sos gases poluen-
reciclar. Incineração goso, que no tes e fuligem na
atmosfera (dioxinas,
aterro causa
furanos). Suas cin-
problemas;
Na coleta seletiva, os materiais reciclá- não necessita zas concentram
veis são separados nos lugares onde o lixo é de áreas mui- substâncias tóxicas
com potencial de
gerado. Eles são, então, acondicionados em to grandes;
contaminação do
pode gerar
recipientes adequados, coletados e enviados energia atra- ambiente
para as indústrias de reciclagem. vés do calor

Num programa de coleta seletiva recupe- O composto


ra-se, em geral, cerca de 90% dos materiais originado Quando implantado
para reciclagem (papéis, plásticos, vidros e pode vir a ser com técnicas incor-
usado como retas pode causar
metais). Os 10% restantes são rejeitos, ou adubo na transtornos às áre-
seja, materiais que não podem ser reapro- agricultura ou as vizinhas, como
veitados, como isipor, trapos, papel-carbo- em ração para mau cheiro e proli-
animais, e feração de insetos e
no, fraldas descartáveis, couro, louça, ce- Compostagem poderá ser roedores, produzin-
râmica e objetos produzidos com muitas pe- comercializa- do compostos de
ças de diferentes materiais. do. Reduz a baixa qualidade e
quantidade de contaminados com
resíduos a ser metais pesados, se
Todos esses métodos apresentam vanta- dispostos no houver falhas na
gens e desvantagens e a sua implantação aterro sanitá- separação
rio
depende de uma pesquisa detalhada das
condições de cada cidade, a qual deve in-
cluir um estudo de impacto ambiental. A ta- Sem dúvida, a associação do crescimento
bela abaixo apresenta algumas vantagens e populacional à intensa urbanização e às
desvantagens de três desses processos de mudanças de consumo está mudando o per-
disposição de lixo. fil do lixo brasileiro. Porém, essa ‘moderni-
dade’ não está sendo acompanhada das
medidas necessárias para dar ao lixo gerado
um destino adequado. Segundo a Pesquisa
216
Nacional de Saneamento Básico (PNSB), re- • Tampas de garrafa: 150 anos
alizada em 1989 pelo Instituto Brasileiro de • Isopor: 400 anos
Geografia e Estatística (IBGE) e editada em • Plástico: 100 anos
1991 (IPT/CEMPRE, 1995), “o brasileiro • Garrafa plástica: 400 anos ( depende
convive com a maioria do lixo que produz. do tipo do plástico)
São 241.614 toneladas de lixo produzidas • Garrafa de plástico (PET) tempo inde-
diariamente no país. Fica a céu aberto (li- terminado
xão) 76% de todo esse lixo. • Pneus: indeterminado. mínimo: 600
anos
Apenas 24% recebe tratamento mais • Vidro: 4.000 anos
adequado”. • Casca de frutas: 01 a 3 meses. (serve
de adubo e não causa danos a natureza).
• Madeira pintada: 13 anos
• Chicletes: 05 anos
• Latas de alumínio: 200 a 500 anos

3.ÁGUA

Distribuição da água na Terra

Dos 24% de tratamento considerado mais Embora três quartas partes da superfície
adequado, 13% é através de aterro contro- da Terra sejam compostas de água, a maior
lado, o que ainda possibilita a contaminação parte não está disponível para consumo
do lençol freático. Mesmo os 10% de aterro humano pois 97% são água salgada, encon-
sanitário não são eficiência e qualidade de- trada nos oceanos e mares e 2% formam
vido à necessidade constante de controle e geleiras inacessíveis.
manutenção, o que nem sempre acontece,
mesmo porque são raros os aterros que Apenas 1% de toda a água é doce pode
operam convenientemente do ponto de vista ser utilizada para consumo do homem e
ambiental. animais. E deste total 97% estão armaze-
nados em fontes subterrâneas.
Período de tempo de decomposição
do lixo

O tempo de decomposição é uma previ-


são em média. Portanto, a informação pode
variar. Por este motivo, existem variações
entre livros e sites, sobre o tempo de de-
composição.

A informação sobre o tempo de decompo-


sição do vidro é a mais variável: algumas
fontes afirmam que são 4 mil anos, outras Ciclo da água
10 mil anos, e até 1 milhão de anos… Mas
isso não importa. Importante é reciclar! Podemos encontrar a água em três esta-
dos físicos: líquido, gasoso e sólido. O con-
• Papel: 3 a 6 meses junto das águas contidas no planeta desen-
• Jornal: 6 meses volve uma interdependência. Isso ocorre por
• Palito de madeira: 6 meses meio dos processos de evaporação, precipi-
• Toco de cigarro: 20 meses tação, infiltração e escoamento, que se con-
• Nylon: mais de 30 anos figuram como uma dinâmica hidrológica. Em
• Chicletes: 5 anos outras palavras, a água que hoje está em
• Pedaços de pano: 6 meses a 1 ano um lençol freático logo mais poderá estar na
• Cigarros: 2 anos a 05 anos atmosfera ou mesmo em uma geleira.
• Fralda descartável biodegradável: 1 ano
• Fralda descartável comum: 450 anos a O ciclo da água tem seu início com a
600 anos. evaporação das águas dos oceanos, lagos e
• Lata e copos de plástico: 50 anos rios. Essa evaporação se dá por causa do
• Lata de aço: 10 anos calor provocado pelo Sol e pela ação dos
217
ventos, transformando a água do estado lí-
quido para o estado gasoso.

O vapor de água, por ser mais leve que o


ar, sobe na atmosfera formando nuvens.

Quando as nuvens são atingidas por tem-


peraturas mais baixas, o vapor de água se
condensa e se transforma em gotículas que
se precipitam de volta à superfície em forma
de chuva.

Nas regiões muito frias, essas gotículas


se transformam em flocos de neve ao se
precipitarem.

As águas da chuva ficam retidas no solo


nas áreas onde há vegetação. Essa água é
usada pelas plantas. Outra parte da água
acaba indo para os rios e lagos.

A água não utilizada pelas plantas passa


através de pedras permeáveis e acaba se
dirigindo para grandes reservatórios no sub-
terrâneo, formando os chamados lençóis de A poluição da água indica que um ou
água, que fluem de volta para os oceanos. mais de seus usos foram prejudicados, po-
dendo atingir o homem de forma direta,
A evaporação das águas da superfície ter- pois ela é usada por este para ser bebida,
restre é constante e novos ciclos se formam para tomar banho, para lavar roupas e
a todo instante. utensílios e, principalmente, para sua ali-
mentação e dos animais domésticos. Além
O homem, os animais e as plantas tam- disso, abastece nossas cidades, sendo tam-
bém contribuem para a formação de vapor bém utilizada nas indústrias e na irrigação
de água, por expiração durante o processo de plantações. Por isso, a água deve ter as-
de respiração. pecto limpo, pureza de gosto e estar isenta
de microorganismos patogênicos, o que é
conseguido através do seu tratamento, des-
de da retirada dos rios até a chegada nas
residências urbanas ou rurais. A água de um
rio é considerada de boa qualidade quando
apresenta menos de mil coliformes fecais e
menos de dez microorganismos patogênicos
por litro (como aqueles causadores de ver-
minoses, cólera, esquistossomose, febre ti-
fóide, hepatite, leptospirose, poliomielite
etc.). Portanto, para a água se manter nes-
sas condições, deve-se evitar sua contami-
Poluição da água nação por resíduos, sejam eles agrícolas (de
natureza química ou orgânica), esgotos, re-
As águas doces superficiais - lagos, rios e síduos industriais, lixo ou sedimentos vindos
barragens - utilizadas para tratamento e da erosão.
distribuição nos sistemas de tratamento
vêm sofrendo os efeitos da degradação am- Sobre a contaminação agrícola temos, no
biental que atinge cada vez mais intensa- primeiro caso, os resíduos do uso de agro-
mente os recursos hídricos em todo o mun- tóxicos (comum na agropecuária), que pro-
do. A poluição destes mananciais vem tor- vêm de uma prática muitas vezes desneces-
nando cada dia mais difícil e caro o trata- sária ou intensiva nos campos, enviando
mento da água. grandes quantidades de substâncias tóxicas
para os rios através das chuvas, o mesmo
ocorrendo com a eliminação do esterco de
218
animais criados em pastagens. No segundo ganismos que nela vivem (como os peixes,
caso, há o uso de adubos, muitas vezes que aparecem mortos junto a espumas tóxi-
exagerado, que acabam por ser carregados cas).
pelas chuvas aos rios locais, acarretando o
aumento de nutrientes nestes pontos; isso Tratamento da água
propicia a ocorrência de uma explosão de
bactérias decompositoras que consomem Quase toda água potável que consumi-
oxigênio, contribuindo ainda para diminuir a mos se transforma em esgoto que é re-in-
concentração do mesmo na água, produzin- troduzido nos rios e lagos. Estes mananci-
do sulfeto de hidrogênio, um gás de cheiro ais, uma vez contaminados, podem conter
muito forte que, em grandes quantidades, é microorganismos causadores de várias do-
tóxico. Isso também afetaria as formas su- enças como a diarréia, hepatite, cólera e
periores de vida animal e vegetal, que utili- febre tifóide. Além dos microorganismos, as
zam o oxigênio na respiração, além das bac- águas dos rios e lagos contêm muitas partí-
térias aeróbicas, que seriam impedidas de culas que também precisam ser removidas
decompor a matéria orgânica sem deixar antes do consumo humano. Daí a necessi-
odores nocivos através do consumo de oxi- dade de se tratar a água para que esta volte
gênio. a ser propícia para o consumo humano.

Os resíduos gerados pelas indústrias, ci- Quando pensamos em água tratada nor-
dades e atividades agrícolas são sólidos ou malmente nos vem à cabeça o tratamento
líquidos, tendo um potencial de poluição de uma água que estava poluída, como o
muito grande. Os resíduos gerados pelas esgoto, para uma que volte a ser limpa.
cidades, como lixo, entulhos e produtos tó- Cabe aqui fazer uma distinção entre trata-
xicos são carreados para os rios com a aju- mento de água e tratamento de esgoto: o
da das chuvas. Os resíduos líquidos carre- tratamento de água é feito a partir da água
gam poluentes orgânicos (que são mais fá- doce encontrada na natureza que contém
ceis de ser controlados do que os inorgâni- resíduos orgânicos, sais dissolvidos, metais
cos, quando em pequena quantidade). As pesados, partículas em suspensão e micro-
indústrias produzem grande quantidade de organismos. Por essa razão a água é levada
resíduos em seus processos, sendo uma do manancial para a Estação de Tratamento
parte retida pelas instalações de tratamento de Água (ETA). Já o tratamento de esgoto é
da própria indústria, que retêm tanto resí- feito a partir de esgotos residenciais ou in-
duos sólidos quanto líquidos, e a outra parte dustriais para, após o tratamento, a água
despejada no ambiente. No processo de tra- poder ser re-introduzida no rio minimizando
tamento dos resíduos também é produzido seu impacto ao ambiente.
outro resíduo chamado "chorume", líquido
que precisa novamente de tratamento e Etapas do Tratamento da água:
controle. As cidades podem ser ainda poluí-
das pelas enxurradas, pelo lixo e pelo esgo- Coagulação: quando a água na sua for-
to. ma natural (bruta) entra na ETA, ela recebe,
nos tanques, uma determina quantidade de
Enfim, a poluição das águas pode apare- sulfato de alumínio. Esta etapa envolve a
cer de vários modos, incluindo a poluição formação de um precipitado gelatinoso.
térmica, que é a descarga de efluentes a
altas temperaturas, poluição física, que é a Al2(SO4)3(aq) + CaO (aq)→ Al(OH)3(s) +
descarga de material em suspensão, polui- CaSO4(s)
ção biológica, que é a descarga de bactérias
patogênicas e vírus, e poluição química, que Floculação - em tanques de concreto
pode ocorrer por deficiência de oxigênio, com a água em movimento, as partículas
toxidez e eutrofização . sólidas se aglutinam ao precipitado gelati-
noso formando flocos maiores.
A eutrofização é causada por processos
de erosão e decomposição que fazem au- Decantação - em outros tanques, por
mentar o conteúdo de nutrientes, aumen- ação da gravidade, os flocos com as impu-
tando a produtividade biológica, permitindo rezas e partículas ficam depositadas no fun-
periódicas proliferações de algas, que tor- do dos tanques, separando-se da água.
nam a água turva e com isso podem causar
deficiência de oxigênio pelo seu apodreci- Filtração - a água passa por filtros for-
mento, aumentando sua toxidez para os or- mados por carvão, areia e pedras de diver-

219
sos tamanhos. Nesta etapa, as impurezas
de tamanho pequeno ficam retidas no filtro.

Desinfecção - é aplicado na água cloro


ou ozônio para eliminar microorganismos
causadores de doenças.

Cl2(g) + H2O(l) → HClO(aq) + HCl(aq)

Fluoretação - é aplicado flúor na água


para prevenir a formação de cárie dentária
em crianças. Os íons fluoreto (F -) presen-
tes no flúor transformam a Hidroxiapatita
em fluorapatita que protege ainda mais os
dentes, por ser menos solúvel em ácidos.

Ca5(PO4)3OH(s) → Ca5(PO4)3F(s)

Correção de pH - é aplicada na água


uma certa quantidade de cal hidratada ou
carbonato de sódio. Esse procedimento ser-
ve para corrigir o pH da água e preservar a
rede de encanamentos de distribuição.

CaO (s) + H2O(l) → Ca (OH)2 (aq)

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