Sistemas produtivos
Maia, Fábio Luis da Silva
SST Sistemas Produtivos / Fábio Luis da Silva Maia
Ano: 2020
nº de p.: 9
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Sistemas produtivos
Apresentação
Para estudar os sistemas produtivos, vamos abordar as principais filosofias
produtivas, ou seja, o Fordismo e o Toyotismo. Aprenderemos como o Fordismo
revolucionou a industria de automóveis no século XX e falaremos sobre a produção
em massa no modelo de produção Fordismo, suas características e em que
momento este começou a apresentar desvantagens consideraveis.
Vamos entender como a indústria reagiu após a segunda guerra mundial, com
o surgimento do Toyotismo e a produção enxuta.E, ainda, vamos conhecer os
principais alicerces o Just‑in‑time e autonomação (Jidoka).
As filosofias produtivas
Com o passar do tempo, a Administração da Produção passou por grandes
transformações, o que motivou uma mudança radical na forma de pensar o
processo produtivo.
Saiba mais
Para ampliar o seu conhecimento sobre as Filosofias Produtivas,
leia o artigo “Do Just-In-Case ao Just-In-Time”, disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rae/v29n3/v29n3a05.pdf.
Desse cenário nasceram as filosofias produtivas, caracterizadas como
pensamentos modelos de organização industrial, sendo as principais o Fordismo e
o Toyotismo.
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Fordismo e a produção em massa
Concebido por Henry Ford (1863-1947), fundador da Ford Motor Company,
o Fordismo é um modelo de produção em massa que modificou a indústria
automobilística na primeira metade do século XX.
Henry Ford
Fonte: Pixabay (2020).
A partir do Fordismo, surgiu a produção em massa, conhecida por empregar uma
linha de montagem de grandes volumes de produtos padronizados com o objetivo
de aumentar a produtividade e reduzir os custos.
Várias são as características do modelo de produção fordista. Vamos conhecer
algumas particularidades desse sistema.
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Produção fordista
Projeto cuidadoso do produto com o objetivo da normatização, utilizando peças
uniformes e padronizadas, que sejam intercambiáveis.
Modificação das atitudes e comportamentos dos trabalhadores, disciplinando-os
e atuando sobre suas normas de consumo e sobre seu modo de vida.
Aumento de salário, pagando por tempo de trabalho, facilitando o recrutamento,
reduzindo rotação e absenteísmo, compensando a intensificação do trabalho e
freando a ação sindical.
Divisão e simplificação social e técnica do trabalho de execução.
Melhora progressiva dos projetos.
Construção ou adaptação de máquina-ferramentas dedicadas.
Integração progressiva da produção.
Cadenciar a força de trabalho ao movimento das máquinas e da correia
transportadora.
Organização sequencial da produção e montagem,utilizando a correia
transportadora e a força da gravidade para reduzir movimentos e esforços
humanos.
Fonte: Elaborada pela autora (2020).
Assim, o Fordismo foi um modelo de organização industrial muito popular durante
todo o século XX, conseguiu promover o consumo da indústria automobilística
em todas as classes sociais, o que acarretou no consumo em massa. Além disso,
a base do pensamento fordista era produzir em larga escala,para proporcionar
lucros e retornos imediatos. Considerando a ampla padronização empregada
nesse processo produtivo, é importante reconhecer que o trabalho alcançou uma
realidade monótona e rotineira, na qual o trabalhador era visto como uma extensão
da máquina, uma vez que seus movimentos se comparavam a um ritmo mecânico.
Portanto, as tarefas eram especializadas e repetitivas.
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Modelo de produção fordista
Fonte: Wkimedia (2020).
Com o passar do tempo e o aumento da competitividade empresarial, a filosofia
fordista começou a apresentar desvantagens em sua utilização e, entre elas,
podemos citar:
• os defeitos nos produtos eram detectados somente quando o processopro-
dutivo já estava concluído, já que a lógica era empurrar a produção (Just‑In‑
‑Case), ou seja, a ordem era produzir o máximo possível, desconsiderando as
necessidades e desejos do consumidor;
• altos volumes de estoques,oque,por sua vez, aumentava consideravelmente
os custos deprodução;
• o operador possuía apenas uma visão restrita, não tendo uma percepção glo-
bal de todo o processo produtivo; e
• existia uma massificação do processo produtivo.
Toyotismo e a produção enxuta
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), as empresas japonesas idealizaram
um modelo de organização industrial que se configurava como uma evoluçãodo
Fordismo, denominado de Sistema Toyota de Produção (STP).
O STP, desenvolvido por Taiichi Ohnoe Schigeo Schingo, engenheiros da Toyota
Motors Company, tinha como principais alicerces o Just In Time (JIT) e a
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autonomação (Jidoka).O JITé caracterizado como um modelo de produção que
se configura na produção por demanda, isto é, só é produzida a quantidade exata
requisitada pela procura do mercado. Esse sistema resulta em um processo de
fluxo contínuo em que as partes necessárias à produção chegam na quantidade e
no momento exato em que são requisitadas, eliminando a formação de estoques
intermediários no processo produtivo.
Para que o JIT alcance o seu objetivo, são empregados cartões de controle do fluxo
de produção, definidos como Kanban.
Curiosidade
Kanban é um termo japonês que significa “cartão”. Ele pode ser
utilizado para indicar o andamento dos fluxos de produção em
empresas de fabricação em série.
Com base nisso, veremos o comparativo entre o fluxo tradicional e o fluxo JIT.
Comparação do fluxo tradicional com o JIT
Fluxo tradicional
Estoque Estoque
antecedente antecedente
Estágio Estágio Estágio
A B C
Fluxo JIT
Pedidos Pedidos
Estágio Estágio Estágio
A B C
Entregas Entregas
Fonte: Adaptada de Slack et al. (2009).
No que tange à autonomação (Jidoka) – outro grande avanço que o STP acarretou
no processo produtivo –, é importante destacar que ela é um mecanismo capaz
de fazer com que as máquinas parem de funcionar no caso de alguma falha na
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produção. Entretanto, esse recurso teve sua forma de execução modificada pelo
operador do processo produtivo, uma vez que esse profissional passou a ter
“autonomia” para interromper o processo, caso verificasse alguma anormalidade.
Eliminavam-se, dessa forma, os defeitos durante essa atividade, assim como
reduziu-se, consideravelmente, o Lead Time (tempo de aprovisionamento).
Pilares do STP
Objetivos: melhor qualidade, menor custo e lead-time mais curto.
Just-in-time JIDOKA
Parar e notificar
Fluxo contínuo anormalidades
Takt-time Separar o
Sistema puxado trabalho humnao
do trabalho das
máquinas
Nivelamento Trabalho padronizado Melhoria contínua
ESTABILIDADE
Fonte: Adaptada de David Kong (2010).
Dando continuidade às nossas discussões, é válido lembrar que a base do Sistema
Toyota de produção passou a ser a voz do cliente, o que levou a empresaa
empregar modelos mais científicos de gestão para levantar as necessidades,
desejos e expectativas do mercado, antes de iniciar o processo produtivo.
Passou-se a identificar as necessidades do cliente para, então,satisfazê-las;
ultrapassá-las foi considerado um dos critérios fundamentais de competitividade.
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Fechamento
Aprendemos que o Fordismo, criado por Henry Ford, foi um modelo de produção
em massa, responsável pelas mudanças nas indústrias, especialmente na
automobilista.
Vimos, além disso, que a origem da produção em massa ocorreu no Fordismo, com
um único intuito: o de maximizar a produção e minimizar os custos.
Conhecemos, então, várias características do Fordismo, entre elas, a melhoria
progressiva dos projetos e a divisão do trabalho e, embora o Fordismo apresentasse
resultados significativos para a indústria, observamos que os estoques passaram
a ficar volumosos e que o funcionário tinha uma visão restrita do processo,
configurando desvantagens para a indústria.
Além do que, entendemos que a indústria reagiu positivamente ao Toyotismo, uma
vez que este, por meiode seus principais alicerces – o JITe autonomação (Jidoka),
trouxe resposta para as lacunas já identificadas no processo produtivo, gerando
benefícios que se estenderam até o cliente.
Referências
ANTUNES, J. A. V. Jr.; KLlEMANN, F. J. N.; FENSTERSEIFER, J. E.. Do Just-In-Case ao
Just-In-Time. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rae/v29n3/v29n3a05.pdf.
Acesso em: 02 out. 2020.
KOND, D. A “casa” do STP – Sistema Toyota de Produção. 2010. Disponível em:
https://davidkond.wordpress.com/2010/06/28/casastp/. Acesso em: 02 out. 2020.
SLACK, N. et al. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 2009.