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Disciplina Eclesiástica na Igreja

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CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINISTER

CAPÍTULO 30
DAS CENSURAS ECLESIÁSTICAS

Disciplina eclesiástica é um termo em risco de extinção no vocabulário cristão


atual.

Desde a adoção dos princípios do pós-modernismo pela igreja, qualquer conceito que
ameace o individualismo e a liberdade de escolha em relação ao estilo de vida e
comportamento é rapidamente considerado arcaico e ultrapassado.

A prática dicotômica de muitos cristãos cria a ilusão de que a igreja não influencia o
comportamento "secular" de seus membros.

Nesta "nova era" antropocêntrica, a igreja é vista como uma organização extremamente
dependente do indivíduo, necessitando manter seus membros mesmo à custa de várias
concessões.

O medo da impopularidade leva muitos líderes à cumplicidade, e pecados são justificados


em nome de uma atitude mais "humana".

Por outro lado, existem aqueles que, em nome do zelo pela disciplina, cometeram
injustiças e causaram mais malefícios que benefícios.

Nesse contexto, a disciplina tem vida curta e a tolerância se consagra como a virtude
predominante. Mas o que ocorre com uma igreja sem disciplina?

O termo "disciplina" pode ser usado em diversos contextos, como uma área de
ensino, o exercício da ordem, a prática da piedade ou como medidas corretivas dentro da
igreja.

O propósito deste artigo é destacar alguns aspectos da importância da disciplina


eclesiástica entre os membros do corpo de Cristo.
Embora um artigo como este não encerre o diálogo sobre o assunto, a motivação para
esta reflexão é a esperança de que ela seja útil para esclarecer muitos sobre o aspecto
bíblico-teológico da disciplina.

30.1 O Senhor Jesus, como Rei e Cabeça da sua igreja, nela instituiu um governo nas
mãos dos oficiais dela; governo distinto das autoridades civis.8
30.2 A esses oficiais estão entregues as chaves do reino no céu. Em virtude disso, eles
têm, respectivamente, o poder de reter ou absolver pecados; de fechar esse reino a im-
penitentes, tanto pela Palavra quanto pelas censuras; de abri-lo aos pecadores
penitentes, pelo ministério do evangelho e pela remissão de censuras, quando as
circunstâncias o exigirem.b
Provas na Escritura
30.1 Ts 9.6-7; lTm 5.17; lTs 5.12; At 20.17,28; Hb 13.7,17,24; ICo 12.28; Mt 28.18-20.
30.2 bMt 16.19; Mt 18.17-18; Jo 20.20-23; 2Co 2.6-8.

O governo da igreja

O primeiro ponto de parada para um capítulo sobre censuras eclesiásticas é


o sujeito do governo da igreja.

Assim sendo, o primeiro parágrafo do capítulo 30 inicia com a identificação do próprio


governador: o Senhor, cujo nome é Jesus.

Em seus versos sobre o rei servo vindouro, Isaías escreveu acerca daquele que iria
carregar sobre seus ombros um governo, cujo aumento não teria fim (Is 9.6-7).

Esse governador é o “Rei e Cabeça da sua igreja”, aquele que tem “toda autoridade no
céu e na terra”.

Ele comanda, como ele fez na Grande Comissão (Mt 28.18-20).

Ele é aquele que, no Novo Testamento, designa governadores e governos subordinados a


ele.
Não deveria ser preciso dizer que nenhum mero mortal deve buscar para si mesmo o
título de cabeça da igreja, quando as ações de nosso Senhor, e o louvor de seus
apóstolos, dão somente a ele esse título (Ef 1.22; 5.23; Cl 1.18).

Os governadores que Jesus Cristo designou sob si são chamados “presbíteros” (lTm 5.17;
At 20.17-18) ou “guias” (Hb 13.7,17,24). Aqui eles são simplesmente chamados de
“oficiais da igreja”.

Eles têm o dom de “governos” ou “administração” (lCo 12.28). A igreja cristã os conhece
como aqueles que “trabalham entre” nós e nos “presidem”.

Eles são pessoas que às vezes nos “admoestam” (lTs 5.12). Essas são as mãos usadas
pelo cabeça da igreja.

O governo de Cristo é administrado pelos oficiais da igreja, distintos dos


magistrados civis.

Historicamente, o próprio fato de o governo da igreja ser independente sofreu resistência


do Rei e do Parlamento, pois os líderes no estado não queriam ter de responder a uma
liderança na igreja.

Entretanto, não há dúvida que no Novo Testamento Cristo estabeleceu sobre os cristãos
um governo que era da igreja, ou eclesiástico.

Esse governo era separado do governo civil.

Historicamente, nós sabemos disso, porque o governo civil romano que estava sobre os
cristãos era oposto à igreja, à mensagem dela, e à obra dela.

Biblicamente, sabemos que só o governo da igreja iria fazer o tipo de trabalho que Deus
ordena que os presbíteros façam: não apenas governar, mas pregar e ensinar, nos falar a
Palavra de Deus e velar por nossas almas (lTm 5.17; Hb 13.7,17).

A igreja não é o braço religioso do Estado; ela é uma instituição distinta do estado e tem
seu próprio propósito único.
As chaves do reino

O foco do governo da igreja é o poder e exercício do que Jesus chamou de “as


chaves do reino dos céus”.

Aqui, a Confissão está pegando a linguagem usada em Mateus 16, onde as chaves do
reino são mencionadas no contexto da preeminência de Cristo.

Antes de todos os discípulos, Pedro confessou Jesus como “o Cristo, o filho do Deus
vivo”.

O nosso Senhor o elogiou, e com um jogo de palavras com o nome de Pedro (que
significa “rocha”) ele prometeu, “sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do
inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.13-18).

Essa é uma passagem que destaca o governo de Cristo, seu poder, e reino sobre a igreja.

Ela é também uma passagem muito famosa onde Jesus, em seguida, declara a seus
discípulos que a eles seriam dadas “as chaves do reino dos céus”: “o que ligares na
terra”, Jesus diz, “terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido
desligado nos céus” (Mt 16.19).

Jesus deu essas chaves em Mateus 16 aos seus discípulos, e eles aos governantes ou
oficiais que governam a igreja dele.

Os oficiais da igreja recebem a tarefa de ligar e desligar, ou de reter ou de perdoar os


pecados - realizando julgamentos para saber se os pecadores são impe- nitentes, sem
arrependimento e ligados a Satanás; ou penitentes, arrependidos e libertados por Cristo.

A mesma verdade foi ensinada novamente por nosso Senhor, registrada apenas a
dois capítulos de distância, em Mateus 18.

Ali Jesus novamente fala com seus discípulos, desta vez dando instruções acerca da
disciplina na igreja.
No final da discussão Jesus anunciou: “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na
terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos
céus” (Mt 18.17-18).

Em outra ocasião, registrada em João 20.23, Jesus disse a seus discípulos: “Se de alguns
perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos” (Jo 20.23).

A mensagem dessas três passagens é chocante.

Parece que a tese clara desses pronunciamentos em Mateus 16, 18 e João 20 é que cabe
aos oficiais da igreja a responsabilidade de julgar, pela Palavra de Deus, até onde for
possível, quem vai para o céu e quem não vai.

Os governantes da igreja “têm, respectivamente, o poder”, de Cristo, “de reter ou absolver


pecados”.

Os presbíteros da igreja guiam o corpo de Cristo ao determinar se alguém deve ser


tratado como um irmão, como um irmão em pecado, ou como o que Jesus chamou de um
gentio ou um cobrador de impostos.

Os presbíteros fecham “esse reino a impenitentes, tanto pela Palavra quanto pelas
censuras” e o abrem “aos pecadores penitentes, pelo ministério do evangelho”.

Às vezes, “quando as circunstâncias o exigirem”, nós, líderes, temos de pregar palavras


duras e exercer real disciplina.

Às vezes, “quando as circunstâncias o exigirem”, temos de abrir o reino pela pregação do


evangelho e oferecer o alívio da correção.

Os oficiais oferecem o que a Assembléia de Westminster chama de “pela remissão de


censuras”, e que o apóstolo Paulo chama de perdão e conforto (2Co 2.7; cf. versículos 6-
8).
Até mesmo os oficiais mais piedosos da igreja de forma alguma são perfeitos, como todos
sabemos, mas eles são designados como porteiros que, “quando as circunstâncias o
exigirem”, às vezes fecham o reino em nome de Cristo.

Eles fazem isso “tanto pela Palavra quanto pelas censuras”.

A pregação da Palavra apenas permite que algumas pessoas saibam onde elas estão em
relação a Deus.

A leitura e pregação da Palavra é a ferramenta de disciplina mais comumente aplicada,


pois ela nos convence do pecado e nos guia ao arrependimento.

Geralmente isso é suficiente para nós. Às vezes precisamos das censuras da igreja para
que algumas questões fiquem mais claras para nós.

Praticamente, isso quer dizer que quando os oficiais da igreja examinam uma pessoa
para que ela se torne membro da igreja, eles estão tomando uma decisão extremamente
importante.

Eles precisam decidir se vão ou não dar a uma pessoa a certeza de que, na opinião
deles, tudo está bem com a alma dela.

Quando os presbíteros têm muita experiência com respeito à disciplina na igreja eles
muitas vezes têm de fazer perguntas difíceis: a vida e o testemunho dessa pessoa
contrariam a Palavra de Deus de tal maneira que eles são obrigados a colocar essa
pessoa para fora da igreja e excluí-la da presente esperança do céu?

Isso deveria ter um significado real para os membros da igreja.

Se você é um membro em plena comunhão com a igreja de Cristo, então isso é motivo de
encorajamento.

Aqueles a quem Cristo designou para cuidar de sua felicidade eterna chegaram à
conclusão que há motivos suficientes para acreditar que você está na estrada estreita do
reino de Deus.
Por outro lado, se a atitude dos presbíteros com respeito a um membro é admoestar, ou
suspender, ou disciplinar, ou excomungar, ele deve refletir com a maior seriedade sobre
as razões para tais ações.

Uma vez que o problema se torna público, todos os outros membros devem estar em
oração incessante por aquela pessoa.

30.3 A disciplina na igreja é necessária para chamar e ganhar (para Cristo) os irmãos
transgressores, para dissuadir outros de praticar ofensas semelhantes, para lançar fora o
velho fermento que poderia corromper a massa inteira, para vindicar a honra de Cristo e a
santa profissão do evangelho, e para
evitar a ira de Deus, a qual, com justiça, pode cair sobre a igreja, se ela permitir que o
pacto divino e os seus selos sejam profanados por ofensores notórios e obstinados.'

30.3 clCo 5.1-13; lTm 5.20; Mt 7.6; lTm 1.20; ICo 11.24-34, com Jd 23.

30.4 Para melhor obtenção desses fins, os oficiais da igreja devem proceder dentro da
seguinte ordem, segundo a natureza do crime e o demérito da pessoa: repreensão,
suspensão do sacramento da Ceia do Senhor por algum tempo e exclusão da igreja.

30.4 dlTs 5.12; Mt 18.17; 2Ts 3.6,14-15; ICo 5.4-5,13; Tt 3.10.

Para que serve a disciplina na igreja?

Cristo tem um governo em sua igreja que é chamado a administrar a disciplina. Mas para
que serve a disciplina?

O parágrafo 3 sintetiza cinco razões por que a disciplina é necessária.

Primeira, ela é necessária “para chamar e ganhar” o ofensor.

A disciplina é para ajudar os pecadores, para trazê-los de volta para o Senhor. Judas
instou os cristãos a salvar os irmãos “arrebatando-os do fogo” (Jd 23).
O apóstolo Paulo disse a Timóteo que Himeneu e Alexandre foram entregues “a
Satanás”.

Por quê? “Para serem castigados, a fim de não mais blasfemarem” (lTm 1.20).

O apóstolo incitou os coríntios a corrigir um homem.

Por quê?

“A fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor” (ICo 5.5).

Ele os repreendeu por sua conduta pecaminosa no que ele chamou de ceia do Senhor.
Por quê?

Porque ele não queria que eles comessem e bebessem “juízo para si” (ICo 11.29).

Ele mais tarde lembrou a eles que “quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor”.
Por quê? “Para não sermos condenados com o mundo” (ICo 11.32).

Segunda, as correções pela igreja são necessárias como um dissuasor.

A disciplina é alarmante.

Ela concentra a atenção dos discípulos e muitas vezes os desencoraja de seguir o padrão
de um ofensor.

Paulo disse a Timóteo com respeito aos indivíduos “que vivem no pecado, repreende- -os
na presença de todos, para que também os demais temam” (lTm 5.20).

As censuras nos ajudam a evitar seguir as pessoas erradas pelo caminho errado. Deus
tem um propósito preventivo ao disciplinar.
Terceira, as punições eclesiásticas ordenadas por Deus, como as que são
mencionadas no parágrafo 4, são necessárias para impedir que o germe do pecado já
presente na igreja infecte todo o corpo.

Quando Paulo repreendeu os coríntios, que estavam relutando em corrigir um de seus


próprios membros, ele usou esse terceiro argumento para a disciplina na igreja com
grande força:
“Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda? Lançai fora o velho
fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento” (ICo 5.6-7).

A disciplina purifica a igreja.

Quarta, a disciplina na igreja é necessária “para vindicar a honra de Cristo e a santa


profissão do evangelho”.

O que Cristo oferece para nós é santo; é uma pérola de grande valor. Devemos guardar o
que é santo daqueles que agem como cães e porcos na igreja (Mt 7.6).

Além do mais, o povo de Deus é chamado a ser piedoso. Judas diz que devemos odiar
“até a roupa contaminada pela carne” (Jd 23). Nós disciplinamos por causa de Cristo.

Finalmente, a disciplina às vezes é necessária também “para evitar a ira de Deus, a


qual, com justiça, pode cair sobre a igreja, se ela permitir que o pacto divino e os seus
selos sejam profanados por ofensores notórios e obstinados”.

As admoestações de Paulo acerca da ceia do Senhor, seu misterioso comentário em 1


Coríntios 11 acerca de alguns ofensores ficando fracos, doentes e até morrendo, são
advertências acerca da insatisfação de Deus com aqueles que desrespeitam os selos da
aliança (os sacramentos) ou a própria aliança (o evangelho).

Deus fica insatisfeito com igrejas que toleram o pecado - por exemplo, ao permitir que
pecadores impenitentes participem da ceia ou batizem seus filhos. Para evitar a
insatisfação de Deus, temos de lidar fielmente com o pecado, e isso às vezes requer
disciplina.
O apóstolo nos diz que se julgássemos mais fielmente na igreja, e mais corretamente, não
teríamos que ser julgados pelo Senhor (ICo 11.27-34).

Os graus de disciplina

Resta dizer que há diferentes tipos e graus de disciplina a serem aplicados pelos
oficiais da igreja (e não pela congregação da igreja) para atingir qualquer um desses
cincos objetivos.

O método de disciplina adotado, e até que ponto ele é adotado, sempre deve levar em
consideração a natureza do erro em si, as faltas da pessoa, a reação à correção e,
podemos acrescentar, a enorme graça de Deus para conosco.

Algumas vezes tudo o que é preciso é a “admoestação”.

Esse é o tipo de repreensão que Paulo estimulou os tessalonicenses a aceitar de seus


líderes (lTs 5.12).

Algumas vezes pode ser necessária uma suspensão do sacramento da ceia, pelo menos
por um tempo.

Talvez seja isso que Paulo queria dizer quando ele escreveu aos tessalonicenses acerca
de se afastar dos irmãos desobedientes - para que eles possam se envergonhar e dar
atenção à advertência, mas ainda devem ser tratados como irmãos (2Ts 3.6,14-15).

Algumas vezes pode ser necessário cortar alguém da comunhão com os santos:
“exclusão da igreja”.

Esse é o tratamento severo que Paulo defendeu que fosse aplicado a um membro da
igreja de Corinto.

É também o que Jesus ordenou para com os que se recusam a escutar a igreja, e o que
Paulo intimou Tito a fazer com pessoas facciosas que ignoravam múltiplas advertências
(ICo 5.4-5,13; Mt 18.17; Tt 3.10).
Ainda assim aqui, nossa esperança é que o pecador seja restaurado (ICo 5.5).

Como a igreja alegremente pode testificar... às vezes é isso o que acontece.

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