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Campos+Reis III - 21-22 - V2

O texto apresenta uma análise da nova publicação da poesia completa de Jorge de Sena, intitulada Poesia 2. O autor realça a força expressiva da poesia de Sena, marcada por tensões dramáticas e um comprometimento humano. A nova publicação inclui poemas inéditos e abrange a produção poética ao longo da vida de Sena.

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Rita Silva
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O texto apresenta uma análise da nova publicação da poesia completa de Jorge de Sena, intitulada Poesia 2. O autor realça a força expressiva da poesia de Sena, marcada por tensões dramáticas e um comprometimento humano. A nova publicação inclui poemas inéditos e abrange a produção poética ao longo da vida de Sena.

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ESCOLA SECUNDÁRIA D.

SANCHO I
Ano Letivo 2021/2022
PROVA ESCRITA DE PORTUGUÊS 12º ANO

GRUPO I
_______________________________________________________________________Versão 2__
Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.
_________________________________________________________________________________

A
Leia o texto.

Acordo de noite, muito de noite, no silêncio todo.


São – tictac visível – quatro horas de tardar o dia.
Abro a janela diretamente, no desespero da insónia.
E, de repente, humano,
5
O quadrado com cruz de uma janela iluminada!
Fraternidade na noite!

Fraternidade involuntária, incógnita, na noite!


Estamos ambos despertos e a humanidade é alheia.
Dorme. Nós temos luz.
10

Quem serás? Doente, moedeiro falso¹, insone² simples como eu?


Não importa. A noite eterna, informe, infinita,
Só tem, neste lugar, a humanidade das nossas duas janelas,
O coração latente das nossas duas luzes,
15 Neste momento e lugar, ignorando-nos, somos toda a vida.

20 Sobre o parapeito da janela da traseira da casa,


Sentindo húmida da noite a madeira onde agarro,
Debruço-me para o infinito e, um pouco, para mim.

Nem galos gritando ainda no silêncio definitivo!


Que fazes, camarada, da janela com luz?

Sonho, falta de sono, vida?


Tom amarelo cheio da tua janela incógnita…
Tem graça: não tens luz elétrica.
Ó candeeiros de petróleo da minha infância perdida!

sei: Álvaro de Campos, Poesia, Lisboa, Assírio & Alvim, 2002

NOTAS: 1 moedeiro falso: pessoa que falsifica moeda. 2 insone: pessoa que tem insónias

__________________________________________________________________________________________________________
1
1. Identifique os sentimentos do «eu» expressos nas três primeiras estrofes.

2. Refira as sensações representadas no poema, transcrevendo os elementos do texto em que se


fundamenta.

3. Apresente uma interpretação possível para o seguinte verso: «O coração latente das nossas duas
luzes» (v. 13).

4. Comente o sentido da apóstrofe do último verso, tendo em conta a globalidade do poema.

B
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa (…)

Ricardo Reis, Odes, 1914

Com base na informação contida no excerto acima transcrito, e tendo em conta a sua experiência de
leitura, redija um breve texto expositivo sobre o posicionamento de Ricardo Reis perante a vida e suas
vicissitudes.

GRUPO II
_________________________________________________________________________________
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.
Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
_________________________________________________________________________________

Leia o texto.

“O que em mim sente está pensando” é uma afirmação de Fernando Pessoa que implica uma
5 complementaridade ou acordo entre o pensamento e a emoção. Ela exprime, dentro do contexto do
nosso Modernismo, uma reação ao subjetivismo não raro levado ao extremo quando, nas primeiras
décadas do século passado, muitos poetas não se furtavam a um derramamento emocional que se
diria vindo do Ultrarromantismo. Sem dúvida que, conforme nos aproximamos dos nossos dias, a
situação vai-se tornando diferente. Mas a “intelectualização das emoções” e a “emocionalização das
10
ideias”, a que Pessoa também se referia, não deixa de estar presente quando é sobre a poesia que
se reflete.
Jorge de Sena esteve sempre atento a esta questão. Ele pertence a uma geração, geração essa
onde sobressaem Ruy Cinatti, Sophia de Mello Breyner Andresen, Eugénio de Andrade ou Carlos de
Oliveira, cuja obra começa a ser publicada nos anos 40, mas que ganha toda a sua força nas
15
décadas seguintes. Depois de Poesia 1, que inclui todos livros de Sena publicados em vida do autor,
sai agora Poesia 2 que colige a sua obra poética póstuma. Ficam, assim, recolhidos finalmente todos
os poemas de Jorge de Sena, numa edição preparada por Jorge Fazenda Lourenço.
Considerada na sua totalidade, a poesia de Sena manifesta uma força expressiva que vai ao
encontro de um lirismo especulativo onde logo vêm à superfície tensões dramáticas muito marcadas,
20
como ele disse, por “um comprometimento humano da poesia pura”. Há na sua escrita um sentido
extremamente lúcido - porque a poesia de Sena é também pensada - que se torna vigilante, muitas
vezes voltada para uma realidade angustiante e adversa.
Talvez seja a partir deste tónus que se terá desenvolvido uma certa direção que ganha corpo
__________________________________________________________________________________________________________
2
neste segundo volume agora publicado. Poesia 2 estende-se por 900 páginas e obedece a uma
25 ordenação cronológica que principia numa juvenília, seguida de um alargado conjunto de outros
poemas cuja escrita corresponde ao tempo de publicação dos seus livros, desde Peregrinação até
Exorcismos e Conheço o Sal, mas que não foram incluídos neles. Há ainda outros conjuntos de
poesias, nomeadamente as que correspondem ao livro póstumo Dedicácias e vários novos inéditos.
Diga-se desde já que esta Poesia 2 assume um caráter que se diria mais documental, por vezes
30 quase memorialístico, na medida em que muitos dos poemas são uma direta ou espontânea reação a
momentos de natureza circunstancial ou uma transposição desabusadamente temperamental que se
tornam extremamente cortantes, cruzando-se com um confessionalismo por vezes amargo e
desencantado.
Fernando Guimarães, in Visão, edição online de 17 de setembro de 2015
(consultado em outubro de 2016).

1. O verso pessoano citado, no contexto modernista, pode ser interpretado como


(A) reação ao subjetivismo romântico que urgia extinguir.
(B) expressão da complementaridade entre razão e emoção.
(C) uma crítica aos poetas ultrarromânticos do século XIX.
(D) subjacente à produção poética de Jorge de Sena.

2. No texto dá-se especial ênfase


(A) à poesia modernista, e em particular à de Fernando Pessoa.
(B) ao retrocesso percecionado na nova publicação de Jorge de Sena.
(C) à obra da geração a que pertenceram Jorge de Sena e Ruy Cinatti.
(D) ao livro que colige a poesia póstuma de Jorge de Sena, Poesia 2.

3. De acordo com o que se afirma nas linhas 15 a 17, a poesia de Jorge de Sena mantém
(A) muitos pontos de contacto com a produção lírica dos românticos.
(B) um caráter totalmente inovador em relação à da sua geração.
(C) uma grande proximidade com a lírica romântica, de caráter subjetivo
(D) alguma proximidade com a de Fernando Pessoa.

4. O recurso ao travessão duplo (l. 18) justifica-se dado que aí se introduz


(A) um facto distinto do que é dito anteriormente.
(B) um comentário de Jorge de Sena.
(C) uma justificação para a expressão anterior.
(D) uma ideia contrária à expressa antes.

5. O constituinte “tensões dramáticas muito marcadas” (l. 16) desempenha a função sintática de
(A) sujeito.
(B) complemento direto.
(C) predicativo do sujeito.
(D) complemento oblíquo.

6. A oração “que ganha corpo neste segundo volume agora publicado” (ll. 20-21) é subordinada
(A) substantiva relativa.
(B) adjetiva relativa restritiva.
(C) adverbial consecutiva.
(D) substantiva completiva.
7. O nome “livros” (l. 23), relativamente aos títulos enumerados, é um elemento que garante a coesão
(A) interfrásica.
__________________________________________________________________________________________________________
3
(B) lexical.
(C) referencial.
(D) temporal.

8. Indique o valor aspetual configurado no segmento “Ficam, assim, recolhidos […] Jorge Fazenda
Lourenço” (ll. 13-14).

9. Indique a classe e a subclasse dos vocábulos destacados em “Diga-se desde já que esta Poesia 2
assume um caráter que se diria mais documental”. I.26).

10. Indique o referente do elemento sublinhado em “nomeadamente as que correspondem ao livro


póstumo” (l. 25).

GRUPO III

Num texto bem estruturado, com um mínimo de 200 e um máximo de 350 palavras, redija uma
apreciação crítica do cartoon abaixo apresentado, da autoria de Dave Coverly.
Tenha em conta que a figura da esquerda representa a famosa estátua O Pensador (The Thinker, em
inglês»), de Auguste Rodin.

Fonte: www.cartoonistgroup.com

O seu texto deve incluir:


‒ a descrição da imagem apresentada, destacando elementos significativos da sua composição;
‒ um comentário crítico, fundamentando devidamente a sua apreciação crítica e utilizando um
discurso valorativo;
‒ uma conclusão adequada aos pontos de vista desenvolvidos.

__________________________________________________________________________________________________________
4
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo
quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2022/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre duzentas e trezentas e cinquenta palavras –, há que
atender ao seguinte:
−− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
−− um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.

BOM TRABALHO!

COTAÇÕES DA PROVA

Grupo Item
(cotação em pontos)
I 1. 2. 3. 4. B
15 20 20 15 30 100
II 1. a 10. 60
10 × 6 pontos
III Item único 40

TOTAL 200

FIM

__________________________________________________________________________________________________________
5

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