Caderno de Resumos
Caderno de Resumos
Rio de Janeiro
Anpuh-Rio
2023
Caderno de Resumos do 4º Encontro Internacional História & Parcerias
FICHA CATALOGRÁFICA
379 p.
ISBN: 978-65-88404-11-9
www.rj.anpuh.org.br
CONSELHO DIRETOR
Beatriz Kushnir
COMUNICAÇÕES COORDENADAS
A AMÉRICA PORTUGUESA EM PERSPECTIVA: DEBATES SOBRE ADMINISTRAÇÃO, ECONOMIA, SAÚDE E REPRESENTAÇÃO ENTRE OS SÉCULOS XVII E XVIII
LEONARDO PAIVA DE OLIVEIRA | LUIZ DE CARVALHO TERRA | PAULA VANESSA SOARES DOS SANTOS | STEPHANY BEATRIZ DE SOUZA SILVESTRE............................................37
DAS TRILHAS AOS TRILHOS: PODCAST E DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA PARA A HISTÓRIA DO VALE DO PARAÍBA FLUMINENSE
MAGNO FONSECA BORGES | THIAGO DE SOUZA DOS REIS | ROSELENE DE CÁSSIA COELHO MARTINS | MILLENA PESSANHA DO NASCIMENTO...............................................39
DIREITOS DE PROPRIEDADES E OCUPAÇÃO TERRITORIAL: AS SESMARIAS COMO FONTES DE INVESTIGAÇÃO E OBJETOS DE PESQUISA I
ANA LUNARA DA SILVA MORAIS | GIOVANNA COSTA DO AMARAL E SILVA | OTÁVIO HENRIQUE GOMES DO NASCIMENTO | ALESSANDRA DE OLIVEIRA ELIAS.........................40
DIREITOS DE PROPRIEDADES E OCUPAÇÃO TERRITORIAL: AS SESMARIAS COMO FONTES DE INVESTIGAÇÃO E OBJETOS DE PESQUISA II
MARCOS ARTHUR VIANA DA FONSECA | MIRELA ALBUQUERQUE DE LIMA | GILSON MATEUS PINTO JÚNIOR | TAINARA WEBER SCAIN...........................................................41
DIREITOS DE PROPRIEDADES E OCUPAÇÃO TERRITORIAL: AS SESMARIAS COMO FONTES DE INVESTIGAÇÃO E OBJETOS DE PESQUISA III
THIAGO ALVES DIAS | YASMIM AZEVEDO DA SILVA | ADRIEL PACHECO LOIOLA GOMES | DANIEL BERNARDO FARIAS PEREIRA...........................................................................42
ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURAS INDÍGENAS: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCACIONAIS PARA A INSERÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS NOS CURRÍCULOS,
LIVROS DIDÁTICOS, ENSINO DE HISTÓRIA, FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES E NA HISTORIOGRAFIA A PARTIR DO ADVENTO DA LEI 11.645/08
ALESSANDRA GONZALEZ DE CARVALHO SEIXLACK | DANDRIEL HENRIQUE DA SILVA BORGES | DIEGO FERNANDO SILVA RABELO | LIANA RAYSSA MOTA AMORIM | MARIA
ROSALINA BULCÃO LOUREIRO.................................................................................................................................................................................................................................44
O URBANO EM PAUTA: RELAÇÕES ENTRE HISTÓRIA E CIDADE A PARTIR DOS ESTUDOS URBANOS
LEONARDO FAGGION NOVO | FRANCISCO LUCAS COSTA SILVA | RAQUEL JORDAN | SUELEN CALDAS DE SOUSA SIMIÃO | MICHELE APARECIDA SIQUEIRA DIAS.....................61
OLHARES INTEGRADOS, HISTÓRIA E INTERDISCIPLINARIDADES: NOSSA REFERÊNCIA CULTURAL, O PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE NOVA IGUAÇU
ALEX DA COSTA VIEIRA | LUCIANE BARBOSA DE SOUZA | RODRIGO DE SOUZA | RAQUEL ALVITOS PEREIRA........................................................................................................62
OS ARQUÉTIPOS AUTORITÁRIOS DA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA: ELEMENTOS ÉTICOS E ESTÉTICOS DE UMA EXPERIÊNCIA (RE)SENTIDA DO TEMPO
LUIZ CARLOS BENTO | RODRIGO TAVARES GODOI | EDUARDO GUSMÃO DE QUADROS........................................................................................................................................63
COMUNICAÇÕES LIVRES
A ASSISTÊNCIA MÉDICA E PRÁTICAS DE CURA DE MULHERES NOS SERINGAIS DO AMAZONAS (1950 - 1970)
AGDA LIMA BRITO...................................................................................................................................................................................................................................................68
AMÉRICO DE CASTRO E A COMPANHIA EVONEAS FLUMINENSE: UM CONCESSIONÁRIO, UMA EMPRESA E O ESTADO (1872-1893)
ALEXANDRA DO NASCIMENTO AGUIAR..................................................................................................................................................................................................................69
SOBRE A IMPORTÂNCIA DA POESIA DE NIETZSCHE ENQUANTO FONTE HISTÓRICA: UM ESTUDO A PARTIR DE À MELANCOLIA
ALEXANDRE BARTILOTTI MACHADO | JOÃO MATHEUS SILVA GUIMARÃES............................................................................................................................................................70
A IMPRENSA COMO VETOR DE REPRODUÇÃO DO IMAGINÁRIO SOCIAL DE ESTIGMAS - ARCHIVO VERMELHO (RJ) E O PHAROL (MG)
ALEXIA DE SANTANA ROSA | IOLANDA CHAVES FERREIRA DE OLIVEIRA.................................................................................................................................................................71
PROPAGANDA BRASILEIRA E A GRANDE GUERRA: AGÊNCIA AMERICANA NO GOVERNO VENCESLAU BRÁS (1914-1918)
ALLAN CAVALCANTI DE MOURA..............................................................................................................................................................................................................................73
HISTÓRIA E TURISMO: EQUIPAMENTOS HISTÓRICOS COMO EQUIPAMENTOS TURÍSTICOS A PARTIR DO TURISMO HISTÓRICO-CULTURAL
ALMIR FÉLIX BATISTA DE OLIVEIRA..........................................................................................................................................................................................................................74
MEIO AMBIENTE E OS POVOS ORIGINÁRIOS. O DIÁLOGO ENTRE HISTÓRIA AMBIENTAL E A HISTÓRIA E CULTURA INDÍGENA NO ENSINO MÉDIO INTEGRADO
ALVARO MOREIRA DO REGO NETO..........................................................................................................................................................................................................................75
EXPATRIAÇÃO EM ALEXANDRIA NO SÉCULO III A.C.: A REPRESENTAÇÃO DA ATUAÇÃO DE DEMÉTRIO DE FALEROS EM PLUTARCO E ARISTEAS
AMANDA OLIVEIRA RIGHETTI..................................................................................................................................................................................................................................76
ENTRE PRECES E COMBATES: O PAPEL DOS CAPELÃES DA FEB DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
ANA AMÉLIA GIMENEZ DIAS....................................................................................................................................................................................................................................77
OS WAIMIRI-ATROARI E A EMPRESA DE MINERAÇÃO PARANAPANEMA NA AMAZÔNIA: VIOLÊNCIA E RESISTÊNCIA EM TEMPOS DE DITADURA (1964 A 1985)
ANA CAROLINA SANTOS DE PAULA..........................................................................................................................................................................................................................79
PINTURA MURAL E DISTINÇÃO SOCIAL: A PINTURA DECORATIVA VILLARONGUIANA NO VALE DO PARAÍBA CAFEEIRO
ANA CLAUDIA DE PAULA TOREM.............................................................................................................................................................................................................................80
“SE ELES QUEREM UMA BRUXA, EU LHES DAREI UMA”: REPRESENTATIVIDADES DE GÊNERO, RAÇA E SEXUALIDADE NA TRILOGIA SLASHER FEAR STREET (2021)
ANA KAROLINA APARECIDA ALVES DA SILVA...........................................................................................................................................................................................................81
PERCURSO HISTÓRICO DE IDEAIS IDENTITÁRIOS DO FEMINISMO E SUAS RAMIFICAÇÕES LITERÁRIAS E CULTURAIS
ANA LARYSSA TAVARES DE ANDRADE | DAISE LILIAN FONSECA DIAS.....................................................................................................................................................................82
O ANTIGO LARGO DE SÃO DOMINGOS: INTERVENÇÃO, DEMOLIÇÃO E APAGAMENTO NO TERRITÓRIO DA PEQUENA ÁFRICA (1941 -1944)
ANA LUIZA FERNANDES DA SILVA............................................................................................................................................................................................................................84
O RECONHECIMENTO DIALÉTICO DO PASSADO COMO PARTE DO PRESENTE A PARTIR DA HISTÓRIA SOCIAL DOS SERTÕES
ANA PAULA DA CRUZ...............................................................................................................................................................................................................................................85
EM PROL DA CIÊNCIA E DA SAÚDE PÚBLICA: INTERCÂMBIOS DO INSTITUTO OSWALDO CRUZ NA AMÉRICA DO SUL (DÉCADA DE 1910)
ANA TERESA ACATAUASSÚ VENANCIO | EDE CONCEIÇÃO BISPO CERQUEIRA........................................................................................................................................................87
"CLIENTELISMO DE PAREDE-E-MEIA" E PODER POLÍTICO - NONÔ: TRAJETÓRIA POLÍTICA EM VARZEDO, BAHIA (1958-1992)
ANTONIO JORGE SOUZA AMORIM..........................................................................................................................................................................................................................92
ATOS DOS INVASORES/COLONIZADORES PARA ESTRUTURAÇÃO DO ESPAÇO NO BRASIL COLÔNIA: BREVES CONSIDERAÇÕES
ARTHUR DA COSTA ORLANDO.................................................................................................................................................................................................................................93
PARA ALÉM DA COTA DA BRANQUITUDE NAS FÁBRICAS DO RIO: A IMPORTÂNCIA DOS SABERES MULTIDISCIPLINARES NEGROS NA CONSTRUÇÃO DA HISTÓRIA NEGRA
ARTUR SILVA LINS....................................................................................................................................................................................................................................................94
O CINEJORNAL PARA SE PENSAR AS RELAÇÕES ENTRE ANTIGUIDADE E MODERNIDADE NA ITÁLIA FASCISTA: O CASO DA PIAZZA AUGUSTO IMPERATORE
AUGUSTO ANTÔNIO DE ASSIS.................................................................................................................................................................................................................................95
FAMÍLIAS ESCRAVAS EM MEIA PONTE: RELAÇÕES FAMILIARES E LAÇOS DE COMPADRIO EM GOIÁS (1819-1825)
BEATRIZ CALDAS BOUREAU E MACHADO................................................................................................................................................................................................................97
ALEKSANDR DUGIN E A QUARTA TEORIA POLÍTICA: UMA ANÁLISE DO DISCURSO DA EXTREMA DIREITA CONTEMPORÂNEA
BEATRIZ LIMA OLIVEIRA DA SILVA............................................................................................................................................................................................................................99
“UMA CIVILIZAÇÃO VEGETAL”: A CONTRIBUIÇÃO DE BERTA G. RIBEIRO PARA A ANTROPOLOGIA BRASILEIRA NO SÉCULO XX
BIANCA LUIZA FREIRE DE CASTRO FRANÇA...........................................................................................................................................................................................................100
“NACIONALISTAS E OTIMISTAS”: O PROGRESSO DA CIÊNCIA NO BRASIL ENTRE O INSTITUTO BUTANTAN E A SBPC (1949-1964)
BRUNA SILVA..........................................................................................................................................................................................................................................................101
O PROJETO CATÓLICO ANTIMODERNO: REFLEXOS NO BRASIL NA OBRA DE ALCEU AMOROSO LIMA (1930-1940)
BRUNO ZOTTELE LOSS...........................................................................................................................................................................................................................................103
A ACUSAÇÃO DE SEBASTIANISMO NO PROCESSO DO PADRE LUÍS ANTÓNIO CARDOSO (1761-1768) E A TENSÃO ENTRE RELIGIÃO E POLÍTICA NO SÉCULO XVIII EM
PORTUGAL: UM ESTUDO DE CASO
CAIO MARCELO CABRAL VILANOVA.......................................................................................................................................................................................................................104
IDEOLOGIAS, REPRESENTAÇÕES E HUMOR: A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E A GUERRA FRIA NA REVISTA CARETA (1939-1960)
CAMILLA GONZALEZ MEDEIROS DA FONSECA......................................................................................................................................................................................................107
AS “MULHERES DE CONFORTO”: UM ESTUDO ATRAVÉS DAS MEMÓRIAS DE OK-SUN LEE NA OBRA GRAMA DE KEUM SUK GENDRY-KIM
CAMILLY EVELYN OLIVEIRA MACIEL.......................................................................................................................................................................................................................108
REVISTA DA SEMANA: CULTURA POLÍTICA E VISUAL NOS TEMPOS DA BOA-VIZINHANÇA NO PERIÓDICO CARIOCA (1939-1945)
CAROLINA MACHADO DOS SANTOS......................................................................................................................................................................................................................109
EDUCAÇÃO VIA RÁDIO: O SERVIÇO DE RADIODIFUSÃO EDUCATIVA NOS ANOS DE 1943 A 1951
CINTHYA DE OLIVEIRA NUNES...............................................................................................................................................................................................................................114
A EXPOSIÇÃO AMERICANA DE ARTE POPULAR, A DIPLOMACIA CULTURAL CHILENA E A PROJEÇÃO DA AMÉRICA LATINA NO CENÁRIO MUNDIAL
CLARA DUARTE LARA.............................................................................................................................................................................................................................................115
O QUE PODEM AS “VIDAS COMUNS”? EXPERIÊNCIAS COM A HISTÓRIA ORAL EM UMA DISCIPLINA DO NEM
CLAUDIA PATRÍCIA DE OLIVEIRA COSTA | JÔNATAN HENRIQUE DIAS FLÔRENCIO DE ASSIS | MARIA MANUELA VITORIA FONSECA LOURENÇO................................................117
A INSPETORIA DE HIGIENE INFANTIL, ENTRE A EDUCAÇÃO HIGIÊNICA E A PROTEÇÃO SOCIAL (1930-1934)
CLÁUDIO AMARAL OVERNÉ...................................................................................................................................................................................................................................118
CORINA PORTUGAL E A DEVOÇÃO POPULAR EM PONTA GROSSA: UM OLHAR SOBRE O PATRIMÔNIO CULTURAL
CRISTIANE APARECIDA RAINERI OLIVEIRA | ELIZABETH JOHANSEN......................................................................................................................................................................119
O CORPO HUMANO COMO TEMPLO DIVINO: EUGENIA E BIOPOLÍTICA NA PERSPECTIVA CATÓLICA DOS ANOS 1930
DANIEL FLORENCE GIESBRECHT.............................................................................................................................................................................................................................122
O NEGRO NO IMAGINÁRIO CAMPISTA NO AUGE DO MOVIMENTO ABOLICIONISTA NAS PÁGINAS DO MONITOR CAMPISTA E DO VINTE E CINCO DE MARÇO (1884-1888)
DANIELLE TAVARES DA ROCHA..............................................................................................................................................................................................................................123
DIMENSÕES DO MOVIMENTO ESTUDANTIL PELOTENSE DURANTE A DITADURA MILITAR: UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR EM ARTES, MUSEOLOGIA E HISTÓRIA
DARLISE GONÇALVES DE GONÇALVES | GUILHERME SUSIN SIRTOLI | CAROLINA FOGAÇA TENOTTI...................................................................................................................124
O CONGRESSO E O ÁTOMO: FORMULAÇÃO DA POLÍTICA NUCLEAR NOS EUA ENTRE 1945 E 1950
DÉBORA JACINTHO DE FARIA.................................................................................................................................................................................................................................126
GERAR O POVO E CRIAR A NAÇÃO - O DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA PARA A MULHER NO BRASIL: O PARTEJAR E A OBSTETRÍCIA PARA A CONSTRUÇÃO DO POVO
CIDADÃO
DÉBORA MEL BEAR HENDERSON...........................................................................................................................................................................................................................128
O NOVO ENSINO MÉDIO, ITINERÁRIO FORMATIVO E TUTORIA NO MODELO DE ENSINO INTEGRAL PARAIBANO: CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS PARA AS AULAS DE HISTÓRIA
DÊIS MARIA LIMA CUNHA SILVA............................................................................................................................................................................................................................129
ESTUDOS COMPARATIVOS DE FONTES MANUSCRITAS: TESSITURAS NARRATIVAS SOBRE O PROCESSO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
DENISE MARIA COUTO GOMES PORTO.................................................................................................................................................................................................................130
ENTRE A PRÁTICA E OS RESULTADOS DE UM ENSINO DE HISTÓRIA ANTIRRACISTA ATRAVÉS DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
DIEGO SANTOS BARBOSA | WILLIAM MATHIAS MOREIRA....................................................................................................................................................................................131
MULHERES E EDUCAÇÃO: A AUSÊNCIA/PRESENÇA FEMININA NOS ESTUDOS FORMAIS CÍCLICOS (EGKÝKLIA) DURANTE O PERÍODO CLÁSSICO E HELENÍSTICO
DIELSON SANTOS DA COSTA..................................................................................................................................................................................................................................132
ADMAR J. DA SILVA, UMA ANÁLISE HISTÓRICA DAS REPRESENTAÇÕES DA IMPRENSA SOBRE A LOUCURA E CRIME EM GOIÁS (2009-2010)
DIOGO DAVID DE PAIVA.........................................................................................................................................................................................................................................133
MEMÓRIAS DAS LUTAS DE OPOSIÇÃO À DITADURA CIVIL-MILITAR NO BRASIL: POR QUE THEODOMIRO FUGIU (1980) E LAMARCA, O CAPITÃO DA GUERRILHA (1980)
EDSON SILVA | JOSÉ ALVES DIAS............................................................................................................................................................................................................................134
O ENSINO DE HISTÓRIA NA AMAZÔNIA SETENTRIONAL: PRÁTICAS DECOLONIAIS NO ASSENTAMENTO RURAL NOVA AMAZÔNIA
EDUARDO GOMES DA SILVA FILHO........................................................................................................................................................................................................................135
OS ACERVOS MUSEOLÓGICOS COMO OBJETO PARA PRÁTICA DO ENSINO DE HISTÓRIA: O CASO DO MUSEU DE FOLCLORE ÉDISON CARNEIRO (1968-1982)
ELAINE CRISTINA VENTURA FERREIRA...................................................................................................................................................................................................................136
HISTÓRIA LOCAL, MEMÓRIAS E IDENTIDADES: VIVENCIANDO O PIBID NA ESCOLA DOM MOISÉS COÊLHO, EM CAJAZEIRAS – PB
ELISANGELA SILMARA AQUINO SILVA....................................................................................................................................................................................................................138
OS GAVIÕES NASCERAM PARA PODER REIVINDICAR! CRÍTICAS SOBRE O BRASIL NOS DESFILES DA GAVIÕES DA FIEL
EMERSON PORTO FERREIRA..................................................................................................................................................................................................................................139
CONCEPÇÕES DE HISTÓRIA E CIVILIZAÇÃO EM PLÍNIO CORRÊA DE OLIVEIRA: UMA ANÁLISE DA COLONIZAÇÃO NO PENSAMENTO CONSERVADOR CATÓLICO
ERALDO DA SILVA DUARTE.....................................................................................................................................................................................................................................141
REPRESENTAÇÕES DO POSSÍVEL: ANÁLISE DAS CRIAÇÕES POÉTICAS ELABORADAS PELOS DISCENTES DO COLÉGIO ESTADUAL ROTARY, ITAPUÃ, SALVADOR, BAHIA, NA
APRENDIZAGEM HISTÓRICA
ERWEUTER VOLKART DE OLIVEIRA........................................................................................................................................................................................................................142
O ENSINO DE HISTÓRIA E O USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS: O GOOGLE STREET VIEW COMO FERRAMENTA PARA ABORDAR O PATRIMÔNIO NA SALA DE AULA
ESDRAS CARLOS DE LIMA OLIVEIRA.......................................................................................................................................................................................................................143
LIMITES DA LINGUAGEM, FRONTEIRAS DA NARRATIVA: POSSIBILIDADES TEÓRICAS NOS DIÁLOGOS ENTRE A HISTORIOGRAFIA, A PSICANÁLISE E A BIOGRAFIA
EVANDRO DOS SANTOS.........................................................................................................................................................................................................................................144
EXPERIENCIAR, CONHECER, SENTIR: CONVERSAS SOBRE A ESCOLA E O ENSINO DA HISTÓRIA NO CONTEXTO DA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA
EVERARDO PAIVA DE ANDRADE | ADRIANA MASTRANGELO EBECKEN................................................................................................................................................................145
USOS DO PASSADO NO PROCESSO ELEITORAL BRASILEIRO DE 2018 PELA PERSPECTIVA DA ANÁLISE DO DISCURSO
FÁBIO CHILLES XAVIER...........................................................................................................................................................................................................................................146
OS “ENREDOS CRÍTICOS” E A CRÍTICA DECOLONIAL NOS DESFILES DAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
FÁBIO RODRIGUES DE ALMEIDA............................................................................................................................................................................................................................147
CARLOS LACERDA E ALBERTO PASQUALINI: UMA COMPARAÇÃO ENTRE UDENISMO E TRABALHISMO (1945-1962)
FABRÍCIO FERREIRA DE MEDEIROS........................................................................................................................................................................................................................149
LACERDA ESCOLHEU FICAR AO LADO DE SPÍNOLA: O PAPEL DE LACERDA NA REVOLUÇÃO DOS CRAVOS
FERNANDA GALLINARI MUSSI...............................................................................................................................................................................................................................150
TEXTO MUSICAL E PAISAGEM SONORA COMO TERRITÓRIO DE DISPUTAS: POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES DA MUSICOLOGIA AOS ESTUDOS HISTÓRICOS ENVOLVENDO O
CATOLICISMO NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
FERNANDO LACERDA SIMÕES DUARTE.................................................................................................................................................................................................................151
POR UMA HISTÓRIA SONORA DO ALTO SERTÃO PARAIBANO: AS CANÇÕES DA BANDA TOCAIA DA PARAÍBA E SUAS POSSIBILIDADES DE ENSINO
FRANCISCO DIDIER GUEDES ALBUQUERQUE JUNIOR...........................................................................................................................................................................................158
HOMENAGEAR QUEM, CARA PÁLIDA? A RELAÇÃO DO RACISMO POSITIVO E A INTERSECÇÃO ENTRE GÊNERO E NACIONALIDADE
FRANCISCO GONÇALVES QUEIROZ........................................................................................................................................................................................................................159
A MULTIDÃO EM MOVIMENTO: A EMERGÊNCIA DE ENTIDADES POPULARES NAS SECAS DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO (1970-1984)
FRANCISCO RUY GONDIM PEREIRA.......................................................................................................................................................................................................................160
AS IMAGENS "MARGINAIS" NO LIVRO DE HORAS DE JEANNE II DE NAVARRA: REFLEXÕES SOBRE ORNAMENTAÇÃO E ANÁLISE COMPARATIVA
GABRIEL ALVES PEREIRA........................................................................................................................................................................................................................................161
A MORTE E A MORTE DE MARIA JOSÉ: O MUNDO DE TRAUMA, ABDICAÇÃO E LUTA DE UMA MULHER NEGRA EM HOSPÍCIO E MANICÔMIOS DO RIO DE JANEIRO (1966-1976)
GABRIEL SILVA FRANCO.........................................................................................................................................................................................................................................163
A IMPRENSA COMO UM NEGÓCIO: A FORMAÇÃO DAS EMPRESAS JORNALÍSTICAS A PARTIR DOS CASOS D'O PAÍS E DA GAZETA DE NOTÍCIAS
GABRIELA DE OLIVEIRA NERY COSTA.....................................................................................................................................................................................................................165
"AMA DE LEITE: “PRECISA-SE DE UMA SADIA, DE BOM COMPORTAMENTO E COSTUMES”. ANÁLISE DOS ANÚNCIOS DO JORNAL GAZETA MÉDICA DA BAHIA (1872-1889)
GABRIELA GRILO DE ALMEIDA CORDEIRO.............................................................................................................................................................................................................166
“SERIA REALMENTE DE MULHER?”: A RECEPÇÃO CRÍTICA DAS OBRAS DE RACHEL DE QUEIROZ E LÚCIA MIGUEL PEREIRA NA DÉCADA DE 1930
GABRIELA MONTEIRO DA COSTA...........................................................................................................................................................................................................................167
A ATUAÇÃO DO CISTEMA DE JUSTIÇA BRASILEIRO EM RELAÇÃO ÀS MULHERES TRANS E TRAVESTIS A PARTIR DA ANÁLISE DE CASO NO MUNICÍPIO DE MANGA/MG
GABRIELA ROCHA RIBEIRO | MARCELO BRITO......................................................................................................................................................................................................168
“QUERO SER A PIONEIRA A ERGUER MINHA BANDEIRA E PLANTAR MINHA RAIZ”: O CARNAVAL E A FORMAÇÃO DE IDENTIDADES SUBURBANAS DURANTE A DITADURA
MILITAR
GABRIELLE REGINATTO DO CARMO.......................................................................................................................................................................................................................169
A CLASSE OPERÁRIA VAI PARA O INFERNO: A REPRESENTAÇÃO DA LUTA DE CLASSES NO CINEMA DE HORROR NORTE AMERICANO (1968-2020)
GILSON MOURA HENRIQUE JUNIOR.....................................................................................................................................................................................................................174
O PROJETO EDUCACIONAL NA COLÔMBIA DE LA REGENERACIÓN (1880-1905): UMA ANÁLISE DAS RELAÇÕES ENTRE POLÍTICA E RELIGIÃO
GIOVANA ELOÁ MANTOVANI MULZA....................................................................................................................................................................................................................175
MOVIMENTO NEGRO EDUCADOR: HISTÓRICO DAS POLÍTICAS EDUCATIVAS NAS ORGANIZAÇÕES NEGRAS DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
GIULIA SIMÕES DA COSTA | DIEGO DE MATOS GONDIM......................................................................................................................................................................................179
POR UMA HISTÓRIA REGIONAL - OS DESAFIOS PARA CONECTAR O LOCAL AO NACIONAL EM SALA DE AULA
GLAUCO JOSÉ COSTA SOUZA | ISADORA DE ALMEIDA SILVA................................................................................................................................................................................180
"ORDEM E PROGRESSO" E "LIBERTAD Y ORDEN": UMA COMPARAÇÃO ENTRE O CLIMA INTELECTUAL NO BRASIL E NA COLÔMBIA NO FINAL DO SÉCULO XIX
HÉCTOR ALFONSO MARTÍNEZ CASTILLO................................................................................................................................................................................................................187
A TRAJETÓRIA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA QUE SE TORNARAM EDUCADORES SOCIAIS (RECIFE, 1985 - 2002)
HELIWELTON DO AMARAL CLEMENTE...................................................................................................................................................................................................................188
PÁTRIA AMADA BRASIL: O ENSINO DE EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA NAS ESCOLAS DO RIO DE JANEIRO DURANTE O ESTADO NOVO E A DITADURA MILITAR
HÉRIKA RODRIGUES FREIRE...................................................................................................................................................................................................................................189
DEMOCRACIA EM TEMPOS DE GUERRA FRIA: LEITURAS DE RAYMOND ARON
HEVELYNN CRISTINA CHAVES................................................................................................................................................................................................................................190
POR QUE NÃO FIZERAM ANTES? OS DISCURSOS HUMORÍSTICOS NAS PROPAGANDAS ELEITORAIS PARA PREFEITO DE TERESINA EM 2012
HIGOR RAFAEL DE SOUSA AGUIAR........................................................................................................................................................................................................................191
A PRESENÇA INDÍGENA NAS EXPLORAÇÕES EM BUSCA DE OURO NO ESTADO DO MARANHÃO E GRÃO-PARÁ (SÉCULOS XVII-XVIII)
HUGO HANI MENDONÇA.......................................................................................................................................................................................................................................192
CAPITALISMO GLOBAL E O PLANO DA ALIANÇA PARA A PROSPERIDADE DO TRIÂNGULO NORTE DA AMÉRICA CENTRAL
IGOR PACHECO TEIXEIRA.......................................................................................................................................................................................................................................193
PENSANDO A QUESTÃO DE GÊNERO NO ALTO SERTÃO PARAIBANO: ANÁLISE DAS OBRAS DE IGNEZ MARIZ (1930-1940)
JANYLLE LIMA DE SOUSA ALVES............................................................................................................................................................................................................................196
“ONDE ESTÁ A IMORALIDADE?”: A OPERETA ANTONICA DA SILVA E AS POLÊMICAS NA IMPRENSA CARIOCA DE 1880
JEAN CARLOS RAMOS RIBEIRO..............................................................................................................................................................................................................................197
O EXPERENCIAR DE UM ENSINO DE HISTÓRIA BILINGUE E INCLUSIVO: REFLEXÕES SOBRE O ENSINO A ALUNOS SURDOS E OUVINTES ATRAVÉS DO DICIOSINALÁRIO DE
CONCEITOS HISTÓRICOS
JEFFERSON FERNANDES DE AQUINO.....................................................................................................................................................................................................................199
A RESISTÊNCIA EM DEFESA DO DIREITOS”: ORGANIZAÇÃO SENHORIAL NA LUTA CONTRA O ABOLICIONISMO EM PERNAMBUCO 1878 – 1884
JEFFERSON GONÇALO DO CARMO........................................................................................................................................................................................................................200
DIPLOMACIA IMPERIAL BRASILEIRA NO PÓS-INDEPENDÊNCIA: ASPECTOS DAS RELAÇÕES HISTÓRICO-INTERNACIONAIS ATLÂNTICAS ENTRE BRASIL E ANGOLA NO SÉCULO XIX
JESSICA SILVA TINOCO GIMENEZ...........................................................................................................................................................................................................................203
O HERDAR, O NEGAR E O PERDER O DOM: OS PROCESSOS DE SILENCIAMENTO E/OU NEGOCIAÇÃO DA MULHER QUE CURA NA AMAZÔNIA
JOANDREO BATALHA CAMPOS..............................................................................................................................................................................................................................204
NO RASTRO DO PASSADO: COMPARAÇÕES ENTRE POLÍTICAS PÚBLICAS DE MEMÓRIA PROPOSTAS PELAS COMISSÕES MUNICIPAIS DA VERDADE DE JUIZ DE FORA E DE
VOLTA REDONDA
JOÃO MARCELO AMARAL MACHADO....................................................................................................................................................................................................................205
O RODOVIARISMO COMO INSTRUMENTO DE MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA NO ESPAÇO URBANO DA CIDADE DE PETRÓPOLIS. UMA ANÁLISE DA TRAJETÓRIA DE
JOÃO VARANDA, A PARTIR DO REGIME VARGUISTA. (1934-1945)
JOÃO VITOR RIBEIRO BORDE DE CASTRO..............................................................................................................................................................................................................206
“TODOS NÓS NASCEMOS NUS, O RESTO É DRAG": A TEORIA QUEER E O SILENCIAMENTO DAS IDENTIDADES LGBTQIAPN+ NO ENSINO
JOSÉ ÁDRIO DEBRAY ALBUQUERQUE DOS ANJOS COÊLHO...................................................................................................................................................................................207
FONTES PARA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: PROFISSIONALIZAÇÃO DOCENTE EM MINAS GERAIS E MULHERES POPULARES NO ASILO SÃO LUIZ [1870 – 1910]
JOSÉ GABRIEL GOMES PINTO MAFFEI...................................................................................................................................................................................................................208
HISTÓRIA, LITERATURA E REVOLUÇÃO: POESIA DE COMBATE MOÇAMBICANA À LUZ DA IDEIA DE VIOLÊNCIA REVOLUCIONÁRIA DE FRANTZ FANON
JOSILENE SILVA CAMPOS.......................................................................................................................................................................................................................................210
ENTRECORTES ENTRE HISTÓRIA E LITERATURA: UMA ANÁLISE DA (HOMO)SEXUALIDADE NA OBRA AMADIANA DOS ANOS 1930
JULIANA CARVALHO DA SILVA................................................................................................................................................................................................................................218
“DE TRISTEZA FEIA O POETA NÃO GOSTA”: MEMÓRIAS DOS GURUFINS DE SAMBISTAS PORTELENSES
JULIANA RESENDE BONOMO.................................................................................................................................................................................................................................219
PIRENÓPOLIS, A GUARDIÃ DAS ÁGUAS: O QUE É O FILME PRODUZIDO COM ESTUDANTES NO PROJETO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO SESSÃO CORUJINHA & CINE
ARANDU?
JULIANA RIBEIRO MARRA | MARIA ALICE DE SOUSA CARVALHO ROCHA | LIDIANA REIS DE OLIVEIRA...............................................................................................................220
O CAMPESINATO NEGRO NA LUTA PELA TERRA: REPRESSÃO E RESISTÊNCIA NO ASSENTAMENTO TIMBORÉ EM ANDRADINA-SP
KAREN RAFAELA FELIPE NOGUEIRA.......................................................................................................................................................................................................................223
A REVOLTA COMUNISTA DE 1935: ANÁLISE DAS FOTOGRAFIAS SOBRE O COMUNISMO NOS PROCESSOS DO TRIBUNAL DE SEGURANÇA NACIONAL
KLEBER OLIVEIRA DOS SANTOS.............................................................................................................................................................................................................................227
HOMEM DE PENSAMENTO E DA POLÍTICA: O ENGAJAMENTO POLÍTICO DE VICTOR HUGO NA FRANÇA DO SÉCULO XIX
LARA CRISTINA VEIGA BERNARDO.........................................................................................................................................................................................................................230
DISPUTA DE MEMÓRIAS NA USINA DE CAMBAÍBA: PATRIMÔNIO, MEMÓRIA E HISTÓRIA DE CAMPOS DOS GOYTACAZES
LAVÍNIA IZIDORO MARTINS...................................................................................................................................................................................................................................233
O VOTO FEMININO E A LUTA DAS MULHERES BRASILEIRAS PELA PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA ERA VARGAS
LAYZA DE ALMEIDA ROCHA...................................................................................................................................................................................................................................235
UMA “ILHA” REUNIDA EM TORNO DA SUA ESCOLA DE SAMBA: AS EXPERIÊNCIAS SOCIORRECREATIVAS DOS MORADORES DA ILHA DA CONCEIÇÃO EM TORNO DA ESCOLA
DE SAMBA
LEANDRO MANHÃES SILVEIRA...............................................................................................................................................................................................................................237
“SOLETRE MOBRAL E LEIA BRASIL”: PERCEPÇÃO E CONSTRUÇÃO DO PAÍS DO PROGRESSO NO MATERIAL DIDÁTICO (1970-1985)
LEIDE RODRIGUES DOS SANTOS............................................................................................................................................................................................................................238
O PROCESSO DE PRIVATIZAÇÕES DOS GOVERNOS FHC NAS PÁGINAS DO JORNAL O ESTADO DE S. PAULO
LETÍCIA CRESPO BOMFIM......................................................................................................................................................................................................................................241
HISTÓRIA ORAL E TRABALHO DE CAMPO: DIÁLOGOS ENTRE A HISTÓRIA E A ANTROPOLOGIA NA CONSTRUÇÃO DE UM PASSADO RECENTE
LETÍCIA DE OLIVEIRA SANTOS................................................................................................................................................................................................................................242
O ESTUDO DO MEIO NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS HUMANAS: ALGUMAS REFLEXÕES A PARTIR DE UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA
LISANGELA KATI DO NASCIMENTO | SILENE FERREIRA CLARO..............................................................................................................................................................................246
O EDITORIAL EM UMA REVISTA ILUSTRADA DO INÍCIO DO SÉCULO XX: O CASO DA SEÇÃO “PORTICO” EM “A BOMBA” (CURITIBA, 1913)
LUANA CAMARGO GENARO..................................................................................................................................................................................................................................249
ENTRE AS LUZES E A TRADIÇÃO: VISÕES SOBRE A GESTÃO COLONIAL NA COMUNICAÇÃO POLÍTICA DO CONDE DE RESENDE E BALTAZAR DA SILVA LISBOA (1790-1801)
LUANA DA SILVA ALMEIDA.....................................................................................................................................................................................................................................250
USINA HIDRELÉTRICA DE ESTREITO: HISTÓRIA, MEMÓRIA E NARRATIVAS ENTRE PESCADORES DE BABAÇULÂNDIA-TO (2000-2016)
LUCAS ANDRÉ DA LUZ SILVA DIAS..........................................................................................................................................................................................................................252
EDUCAÇÃO, A HERANÇA MAIS VALIOSA: UMA REFLEXÃO SOBRE A HISTÓRIA DA PROFESSORA JOANA CONCEIÇÃO PRESTES
LUCAS ARAÚJO LEAL..............................................................................................................................................................................................................................................253
A QUESTÃO SALARIAL DOS PROFESSORES DO LYCEU DE GOYAZ E O DESESTÍMULO À CARREIRA DOCENTE (1869-1887)
LUCAS LINO DA SILVA | FERNANDA BARROS.........................................................................................................................................................................................................256
ENTRE A NAÇÃO E A REGIÃO: O INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO PARÁ E A BUSCA PELA INTEGRAÇÃO DA HISTÓRIA DA AMAZÔNIA A HISTÓRIA DO BRASIL (1900-1950)
LUCILVANA FERREIRA DOS SANTOS BARROS.........................................................................................................................................................................................................258
DOIS CARBONÁRIOS NO DUCADO DE MÓDENA: UMA ANÁLISE DAS TRAJETÓRIAS DE GIUSEPPE ANDREOLI E CIRO MENOTTI (1820-1831)
LUIZ FELIPE DOS SANTOS NARCISO........................................................................................................................................................................................................................259
CARAPEBUS NO “MAPA” DO CURRÍCULO: UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DE HISTÓRIA REGIONAL A PARTIR DA TRADIÇÃO ORAL DE UMA POPULAÇÃO INTERIORANA
MAISA FERNANDES DE BARCELOS.........................................................................................................................................................................................................................261
A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DA NAÇÃO EM MANOEL BOMFIM: DISCURSOS E CONCEPÇÕES NA SUA PRODUÇÃO ESCRITA DE 1905-1931
MARCELA COCKELL................................................................................................................................................................................................................................................262
“OS NOSSOS REPRESENTANTES NA CONSTITUINTE”: UMA ANÁLISE SOBRE A ASSEMBLEIA DE DEUS NA POLÍTICA INSTITUCIONAL A PARTIR DO MENSAGEIRO DA PAZ
(1985-1986)
MARCOS OLIVEIRA DE QUEIROZ............................................................................................................................................................................................................................267
FORMAS, IMAGENS E CONVENÇÕES LINGUÍSTICAS: UMA PROPOSTA MULTIDISCIPLINAR DE ABORDAGEM DOS MAPAS PICTÓRICOS ENQUANTO FONTES VISUAIS
MARCUS VINÍCIUS RODRIGUES DE SOUZA............................................................................................................................................................................................................268
A ESCOLA NOVA E A SAÚDE ESCOLAR NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES – ARMANDA ÁLVARO ALBERTO E A ESCOLA REGIONAL DE MERITY: DA ESCOLA NORMAL AO
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO (1921-1932)
MARIA CAROLINA GRANATO DA SILVA..................................................................................................................................................................................................................269
HISTÓRIA E PARCERIAS NA AMAZÔNIA: UM ESTUDO DAS EMPRESAS DE MINERAÇÃO E VIOLAÇÕES DOS DIREITOS DOS POVOS ORIGINÁRIOS NO ALTO RIO NEGRO (ANOS 1980)
MARIA CELMA BORGES | VITOR WAGNER NETO DE OLIVEIRA.............................................................................................................................................................................271
EDUCAR PARA PRESERVAR: EXPERIÊNCIAS E POSSIBILIDADES DO ENSINO DE HISTÓRIA ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL
MARIA LÚCIA BEZERRA DA SILVA ALEXANDRE | LÍCIO ROMERO COSTA................................................................................................................................................................277
O IMPACTO DAS MÍDIAS TECNOLÓGICAS NA HERANÇA FRANQUISTA E NA RECONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA RECENTE (2017-2022)
MARIANA GHIMEL MORRONE LOPES....................................................................................................................................................................................................................281
HISTÓRIA DA INFÂNCIA E INQUISIÇÃO: OBSERVAÇÕES SOBRE O PROCESSO INQUISITORIAL DE ANA DA TRINDADE (1735)
MARIANA SILVA RODRIGUES.................................................................................................................................................................................................................................283
MULHERES NO SANTO OFÍCIO: ELEMENTOS PARA A COMPREENSÃO DO TRABALHO FEMININO EM LISBOA SEGUNDO A DOCUMENTAÇÃO INQUISITORIAL (1536 – 1636)
MARIZE HELENA DE CAMPOS................................................................................................................................................................................................................................285
DEMOCRACIA NO AR, DITADURA NA TERRA: O RÁDIO (INTER)NACIONAL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
MATAN ANKAVA.....................................................................................................................................................................................................................................................286
O SANTUÁRIO NACIONAL DE APARECIDA E O SESQUICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL: BATALHA PELO PATRIOTISMO E CONSTRUÇÃO DO CONSENSO (1972)
MATHEWS NUNES MATHIAS..................................................................................................................................................................................................................................291
ENTRE OS INTERESSES DOS CAFEICULTORES E A RACIONALIZAÇÃO DOS NEGÓCIOS DA EMPRESA FERROVIÁRIA: A DUPLICAÇÃO DA FERROVIA SANTOS-JUNDIAÍ E O AS
ORIGENS DA VILA MARTIN SMITH (1892-1900)
MAURICIO TINTORI PIQUEIRA...............................................................................................................................................................................................................................292
DESAFIOS E POTENCIALIDADES DO USO DA LITERATURA COMO FONTE HISTÓRICA: PROPOSTA PARA UM DIÁLOGO INTERDISCIPLINAR ENTRE A HISTÓRIA E A TEORIA
LITERÁRIA A PARTIR DA ANÁLISE DO ROMANCE “CLARA DOS ANJOS”, DE LIMA BARRETO (1922)
MILENA CRISTINA DANTAS....................................................................................................................................................................................................................................295
CASAS DE BRASILEIROS: UMA REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICA DO BRASIL EM MEIO A SOCIEDADE LUSA OITOCENTISTA
MÔNICA LUCAS LEAL DE MACEDO........................................................................................................................................................................................................................297
DOM FRAGOSO E A “IGREJA-POVO”
MONYSE RAVENNA DE SOUSA
BARROS..................................................................................................................................................................................................................................................................298
A PRESENÇA DAS ASSOCIAÇÕES LEIGAS CATÓLICAS EM PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS DE SALVADOR DURANTE A PRIMEIRA REPÚBLICA
NATÁLIA CUNHA ROCHA........................................................................................................................................................................................................................................300
UMA COMUNIDADE LUSITANA NOS ARES PETROPOLITANOS: ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DA COMUNIDADE DE SANTA ISABEL ENTRE 1930 E 1960
NATALIA DA PAZ LAGE............................................................................................................................................................................................................................................301
NOMES, ROSTOS, MEMÓRIAS E UM GRANDE LEGADO: A DUPLA LUTA DAS MULHERES NA DITADURA MILITAR
OLAISYLENNE DOS SANTOS GONÇALO | ISADORA ASSUNÇÃO SOUSA CHAVES...................................................................................................................................................307
PADRE IBIAPINA (1806-1883) NO NORDESTE BRASILEIRO: UMA ANÁLISE HISTÓRICO SOCIOLÓGICA DE SUA ATUAÇÃO E MEMÓRIA
OSICLEIDE DE LIMA BEZERRA | CARLOS ANDRÉ MACÊDO CAVALCANTI...............................................................................................................................................................308
AS LIDERANÇAS INDÍGENAS E AS POVOAÇÕES CIVIS NA CAPITANIA DE SÃO JOSÉ DO RIO NEGRO (1758-1761)
OTÁVIO VÍTOR VIEIRA RIBEIRO...............................................................................................................................................................................................................................309
FRONTEIRAS E REPRESENTAÇÕES – A CONSTRUÇÃO DO OUTRO NA NARRATIVA VELLINIANA (1964)
PÂMELA CRISTINA DE LIMA...................................................................................................................................................................................................................................310
PLANEJAMENTOS EUGÊNICOS E MORAIS DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS NOS SÉCULOS XX E XXI: A MULHER COMO PROGENITORA DO POVO
PATRICIA GOMES DA SILVA....................................................................................................................................................................................................................................311
REPRESA DA MORTE OU REPRESA DA VIDA, REPRESA DA DESTRUIÇÃO OU REPRESA DO PROGRESSO? RIBEIRÃO DAS LAJES: DISCUTINDO O CONCEITO DE PROGRESSO,
SAÚDE, DOENÇA E MEIO AMBIENTE
PAULO CESAR DE ALMEIDA BARROS LOPES...........................................................................................................................................................................................................313
O PROGRAMA DO “ICMS - ÍNDICE DO PATRIMÔNIO CULTURAL” NO ESTADO DE MINAS GERAIS E OS SEUS REFLEXOS ENTRE OS MUNICÍPIOS: ADESÃO, IMPACTOS
CULTURAIS E RESULTADOS FINANCEIROS
PAULO SÉRGIO DA SILVA........................................................................................................................................................................................................................................315
‘A QUEDA DO CÉU’ E OUTRAS APORIAS DO ANTROPOCENO: UM DIÁLOGO INDISCIPLINAR ENTRE HISTÓRIA E ANTROPOLOGIA
QUEITON CARMO..................................................................................................................................................................................................................................................318
HISTÓRIA E JUSTIÇA: O ACERVO JUDICIÁRIO DO ARQUIVO PÚBLICO MUNICIPAL WALDIR PINTO DE CARVALHO COMO POSSIBILIDADE DE PESQUISA
QUÉZIA TRAJANO DE ALVARENGA.........................................................................................................................................................................................................................319
A CANTORA BRASILEIRA EMILINHA BORBA E SEU CENTENÁRIO EM 2023, EM NOTAS E REPORTAGENS NA IMPRENSA
RAIMUNDO CÉZAR VAZ NETO................................................................................................................................................................................................................................323
CONTROLE SOCIAL E PUDOR MORAL: ANÁLISE DE UM MANUSCRITO MÉDICO PARA CONTER A PROSTITUIÇÃO EM PORTUGAL NO SÉCULO XIX
RAIZA APARECIDA DA SILVA FAVARO | SABRINA ARAUJO DE SOUSA | CHRISTIAN FAUSTO MORAES DOS SANTOS.............................................................................................324
RESISTÊNCIA NA CLANDESTINIDADE: O JORNAL LIBERTAÇÃO E A LUTA DA AÇÃO POPULAR PARA DERRUBAR A DITADURA MILITAR
REGINA CÉLIA DAEFIOL..........................................................................................................................................................................................................................................326
ESPAÇO PÚBLICO, INTERESSES PARTICULARES: UM CASO DE REMOÇÃO DE ESCULTURAS PÚBLICAS NA CIDADE DE CURITIBA
RENAN BATTISTI ARCHER.......................................................................................................................................................................................................................................327
EXPERIÊNCIAS FORMATIVAS COM AS CLASSES TRABALHADORAS: IMPRENSA OPERÁRIA E EDUCAÇÃO NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO NA DÉCADA DE 1920
RENATA RODRIGUES CHAGAS PESSOA...................................................................................................................................................................................................................328
MEMÓRIA PEDAGÓGICA, TEOLOGIA E PRÁTICAS FÚNEBRES DIANTE DO SUICÍDIO EM CEMITÉRIOS EVANGÉLICO-LUTERANOS NO SUL DO RIO GRANDE DO SUL (1920 – 1990)
RENATO RODRIGUES FAROFA................................................................................................................................................................................................................................329
PRÁTICAS LETRADAS NA CONQUISTA DO NOVO MUNDO. A HISTÓRIA DA PROVÍNCIA DE SANCTA CRUZ (1576), DE PERO MAGALHÃES DE GÂNDAVO
RICARDO HIROYUKI SHIBATA.................................................................................................................................................................................................................................332
À OCUPAÇÃO DO BAIXO RIO MURIAHÉ NO PERÍODO DE 1804 Á 1826: UMA ANÁLISE SOBRE A PRESENÇA DAS SOCIEDADES NATIVAS ATRAVÉS DE UM DIÁLOGO ENTRE A
ARQUEOLOGIA E A HISTÓRIA
RICELY PINHEIRO SOUZA........................................................................................................................................................................................................................................333
A INFÂNCIA NA COLÔNIA ALEMÃ DE JUIZ DE FORA (MG) REVELADA PELAS MEMÓRIAS DE NETOS E BISNETOS DOS IMIGRANTES
RITA DE CÁSSIA LARA COUTO................................................................................................................................................................................................................................334
O SINDICATO DOS TRABALHADORES DE FIAÇÃO E TECELAGEM DE FORTALEZA: UMA PERSPECTIVA DE LUTA A PARTIR DO FEMININO (1990-1992)
RITA GEIZIELE PINHEIRO SOUSA............................................................................................................................................................................................................................336
A REGIÃO AMAZÔNICA COMO TEMA DE SUAS ELITES POLÍTICAS DURANTE O SEGUNDO REINADO
ROBERG JANUÁRIO DOS SANTOS..........................................................................................................................................................................................................................337
CASAMENTO, FAMÍLIA E CONDIÇÃO DA MULHER NO INÍCIO DO SÉCULO XX NO BRASIL: O PENSAMENTO DE AMÉLIA DE FREITAS BEVILACQUA
ROBERTA ALCÂNTARA GOMES DA SILVA................................................................................................................................................................................................................338
AÇÕES POLÍTICA E LEGISLATIVA ESTADUAIS PARAIBANAS RELACIONADAS AO COMÉRCIO PORTUÁRIO DE CABEDELO-PB: DA REGULAÇÃO DA INICIATIVA PRIVADA AO
INTERVENCIONISMO ESTATAL (1924 - 1935)
ROBERTO JORGE CHAVES ARAÚJO.........................................................................................................................................................................................................................339
AS MULHERESNA POLÍTICA E AS RELAÇÕES DE GÊNERO: A TRAJETÓRIA DA PROFESSORA E VEREADORA GEMINIANA BULCÃO BRINGEL EM PARINTINS-AM DE 1964 -1974
ROGER KENNED REPOLHO DE OLIVEIRA................................................................................................................................................................................................................343
MUDANÇA DE PARADIGMA NO ENSINO SUPLETIVO: A INVERSÃO DO PROJETO MINERVA DO PODER PÚBLICO AO PRIVADO (1979/1980)
ROSA MARIA GARCIA MONACO | NIELY NATALINO DE FREITAS LEYENDECKER....................................................................................................................................................346
MÃES ESCRAVAS, FILHOS LIVRES: PROJETOS E INICIATIVAS EM FAVOR DA EDUCAÇÃO/INSTRUÇÃO DOS INGÊNUOS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO (1871-1888)
ROSANE DOS SANTOS TORRES..............................................................................................................................................................................................................................347
CUBRA A ARENA COM SEU MANTO E FAZ O MEU BOI CAMPEÃO: HISTÓRIA E ENTRELAÇAMENTO CULTURAL ENTRE O BOI-BUMBÁ E A PADROEIRA DE PARINTINS, AM
ROSIMAY CORRÊA | LEONA SOUZA PIRAICE | SAYMON XAVIER MARTINS...........................................................................................................................................................348
CONTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS HISTORIOGRÁFICOS SOBRE CULTURA POPULAR PARA UMA PESQUISA EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
SAMIRA MARTINS..................................................................................................................................................................................................................................................349
O ATUANTE OPERÁRIO ANTÔNIO MARIANO GARCIA: SOCIALISTA, UMA LIDERANÇA OPERÁRIA NO RIO DE JANEIRO; ABOLICIONISTA, UM CAIFAZ DE ANTÔNIO BENTO EM
SÃO PAULO
SAYONARA FARIA SISQUIM....................................................................................................................................................................................................................................352
AS INFÂNCIAS EM NOTÍCIAS: DEBATES E EMBATES ACERCA DE SUA ASSISTÊNCIA E PROTEÇÃO NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO NA DÉCADA DE 1924 A 1934
SONIA DE OLIVEIRA CAMARA RANGEL | MARCELE DOS SANTOS RIBEIRO MALAQUIAS | ANA PAULA DA SILVA MARINS...................................................................................355
AS VIAGENS DE CORREIÇÃO DO OUVIDOR GERAL FELICIANO RAMOS NOBRE MOURÃO PELA COMARCA DO PARÁ NA DÉCADA DE 1760: CONSTITUINDO CARREIRAS NAS
AMAZÔNIA POMBALINA
STEPHANIE LOPES DO VALE...................................................................................................................................................................................................................................356
STF, HABEAS CORPUS E CIDADANIA NA PRIMEIRA REPÚBLICA BRASILEIRA
SURAMA CONDE SÁ PINTO | TATIANA DE SOUZA CASTRO....................................................................................................................................................................................357
ACERVOS PESSOAIS INSTITUCIONALIZADOS ENTRE O RECURSO HISTORIOGRÁFICO E DIDÁTICO: UMA RELAÇÃO ENTRE HISTÓRIA REGIONAL, CURRÍCULOS E O
TENENTISMO EM CAMPOS DOS GOYTACAZES
TAIANY FELIPE DE OLIVEIRA...................................................................................................................................................................................................................................358
DA EXCEPCIONALIDADE DE DON JAYME À “NORMALIDADE” DE JOÃO MIRANDA: CONDIÇÕES DE VIDA E TRABALHO POR UM INTELECTUAL NEGRO PÓS-1888
THOMPSON CLÍMACO...........................................................................................................................................................................................................................................366
O PENSAMENTO DE JOÃO SILVÉRIO TREVISAN ACERCA DA VIVÊNCIA E DO ATIVISMO HOMOSSEXUAL NO BRASIL DURANTE AS DÉCADAS DE 1970 E 1980
VINÍCIUS POTRICH DE SOUZA MACEDO GONÇALVES............................................................................................................................................................................................371
NUNCA É SÓ SOBRE HISTÓRIA: ENSINO FUNDAMENTAL, RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA DE HISTÓRIA E SUA INTERFACE COM AS CIÊNCIAS SOCIAIS E A FILOSOFIA
WALTER JOSÉ MOREIRA DIAS JUNIOR | FARLEY SILVA COSTA | LUCIANA SIQUEIRA CORTEZE..............................................................................................................................372
A ILHA DAS FLORES E O CAMPO: A IMIGRAÇÃO PORTUGUESA NA HOSPEDARIA DE IMIGRANTES DA ILHA DAS FLORES PARA O MEIO RURAL
WANDERSON SILVA BONIFÁCIO JUNIOR................................................................................................................................................................................................................373
O ENSINO DE HISTÓRIA POR MEIO DE PROJETOS EM UMA ESCOLA COMUNITÁRIA NO BAIRRO DO ANJO DA GUARDA
WELTON VALE PEREIRA..........................................................................................................................................................................................................................................374
ESCOLA COMUNITÁRIA E SUAS AÇÕES NO CONTEXTO DE HOJE: UMA INVESTIGAÇÃO DO PROJETO SEMINÁRIO INTERDISCIPLINAR DE INCENTIVO À PESQUISA -SEMIP
WELTON VALE PEREIRA..........................................................................................................................................................................................................................................375
“UMA EFÍGIE QUE QUEIMA”: MEMÓRIAS DE JOÃO SUASSUNA NA VIDA E OBRA DE ARIANO SUASSUNA
WILLIANS ALVES DA SILVA......................................................................................................................................................................................................................................378
ESCOLA DE INTELIGÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: DOCUMENTANDO DADOS PARA SUA HISTÓRIA
ZORAIA SAINT´CLAIR BRANCO...............................................................................................................................................................................................................................379
COMUNICAÇÕES
COORDENADAS
A AMÉRICA PORTUGUESA EM PERSPECTIVA: DEBATES SOBRE ADMINISTRAÇÃO, ECONOMIA, SAÚDE E REPRESENTAÇÃO ENTRE OS SÉCULOS XVII E XVIII
LEONARDO PAIVA DE OLIVEIRA | LUIZ DE CARVALHO TERRA | PAULA VANESSA SOARES DOS SANTOS | STEPHANY BEATRIZ DE SOUZA SILVESTRE
Essa proposta de comunicação coordenada pretende reunir jovens pesquisadores que trabalham com a América portuguesa ao longo dos séculos XVII e XVIII sobre
temáticas variadas, mas que em conjunto, possibilitam a construção de um panorama geral para se entender melhor o que foi a América portuguesa, mais
especificamente, o Estado do Brasil. Dentre os assuntos que serão debatidos, destaca-se a discussão sobre a circulação de informações entre os agentes governativos e
a construção de redes de conhecimento; a compreensão sobre o que era o sertão sob a perspectiva da história da saúde, analisando as epidemias de bexigas nessas
regiões; a representação dos indígenas por meio das cartas de sesmarias na região do Piauí; e analisar a evolução das atividades de crédito em Salvador. As fontes
utilizadas nessas pesquisas são das mais variadas tipologias e fundos: consultas do Conselho Ultramarino sobre requerimentos diversos, cartas sesmarias, livros de
registos públicos de créditos etc. Tem-se como objetivo a construção de um ambiente plural de pesquisas que permita a troca de experiências entre os jovens
pesquisadores, estimulando o debate acadêmico e possibilitando o amadurecimento no tratamento e análise das fontes históricas trabalhadas pelos investigadores,
uma vez que todos os trabalhos já possuem um conjunto documental rico que permite o aprofundamento dos debates.
37
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta comunicação coordenada congrega educadores-pesquisadores com formação em Humanidades e que vêm desenvolvendo projetos para ações que possibilitem a
educação antirracista em ambientes formais e não formais de ensino. Estes discutem questões essenciais ao mundo contemporâneo para desconstrução de
estereótipos, perpassando temas como decolonialidade e racismo para a efetivação da educação antirracista, são autores aqui discutidos Aníbal Quijano, Kabenguele
Munanga, bell hooks, Nilma Lino Gomes e Daniel Munduruku. A primeira estuda alguns sítios pré-coloniais para demonstrar a ocupação pretérita da região denominada
Baixada Santista/SP, como estratégia para o entendimento da presença de diferentes populações num mesmo território. A segunda visa discutir as origens e bases do
racismo estrutural constituído no Brasil e sua contribuição para uma sociedade desigual do ponto de vista socioeconômico e territorial. A terceira acompanha a petição
de queixa movida por Catharina Fernandes em 1870 na cidade de Santos/SP. Catharina, mulher preta e forra, processou José da Silva Ferreira devido a agressões que
esta sofrera quando cobrava uma dívida. A intenção é demonstrar que, a despeito da marginalização imposta pela sociedade oitocentista, as populações
afrodescendentes sempre estiveram em busca dos seus direitos, lutando mesmo contra um sistema que insistia em excluí-las. A quarta apresenta pesquisa em
documentos que orientam a educação básica nas redes municipais de Santos e Praia Grande, investigando o espaço reservado às temáticas africana/afro-brasileira e
indígena e os parâmetros que tais documentos estabelecem para a aprendizagem. Assim, estas apresentações discutem a educação antirracista sob diferentes enfoques.
38
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta mesa de Comunicação Coordenada tem como objetivo explorar o uso inovador da mídia de podcast como uma ferramenta eficaz na divulgação científica da história
do Vale do Paraíba Fluminense. A região, rica em patrimônio histórico, cultural, científico e natural, oferece inúmeras oportunidades para o desenvolvimento de
conteúdo de divulgação científica em História a partir de abordagens e tratamentos interdisciplinares. Neste encontro, reuniremos pesquisadores e produtores de
podcasts que estão envolvidos na criação e disseminação de conteúdo relacionado à história da região do Vale do Paraíba Fluminense. Os participantes discutirão suas
experiências, abordagens e desafios na produção de podcasts que visam educar, informar e envolver o público em questões históricas relevantes. O ponto de partida
são as intersecções entre o terceiro episódio da temporada 3 do “Ciência para Ouvir”, intitulado “Pelas terras do Médio Paraíba” e o episódio 8 da temporada 1 do
MASTCast, intitulado “Das trilhas aos trilhos: as vias interiores, o Vale do Paraíba cafeeiro-escravista e a formação do Império do Brasil”. Tópicos de Discussão: 1. Como
os podcasts podem ser utilizados como uma poderosa ferramenta de divulgação científica. 2. A importância de desenvolver narrativas cativantes e conteúdo de
qualidade que atraia e envolva o público interessado na história do Vale do Paraíba Fluminense. 3. Como a colaboração interdisciplinar pode enriquecer a produção de
conteúdo e alcançar um público mais amplo.
39
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente proposta reúne jovens investigadores que se tomam as cartas de sesmarias como fontes primordiais de pesquisas para compreender diversos aspectos da
ocupação territorial e seus principais agentes. Reúnem-se variadas propostas de investigação, com recortes temporais e específicos que ajudam a compreender a
pluralidade, bem como a potencialidade dessas fontes para o desenvolvimento de pesquisas sobre a história do império Luso-Brasileiro. Tem-se como objetivo uma
reflexão e análise sobre os direitos de propriedade e as estratégias de ocupação territorial em diferentes capitanias. As sesmarias, títulos concedidos pela Coroa e por
autoridades locais no período da colonização, serviram como forma de aquisição de terras até 1832, e ainda são utilizados como comprovação de registro históricos
validando terras no século XXI, principalmente no caso de comunidades quilombolas e indígenas. A importância dos trabalhos reunidos volta-se para uma maior
compreensão da dinâmica de ocupação do território, bem como sobre os direitos de propriedade a partir dos títulos de terras coloniais. Registros históricos, de natureza
jurídica relacionadas ao usufruto da terra e às demandas judiciais sobre propriedade pública e privada, são amplamente utilizadas por membros da comunidade jurídica,
representantes de entidades civis ligados às comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas e ONGs em geral.
40
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente proposta reúne jovens investigadores que se tomam as cartas de sesmarias como fontes primordiais de pesquisas para compreender diversos aspectos da
ocupação territorial e seus principais agentes. Reúnem-se variadas propostas de investigação, com recortes temporais e específicos que ajudam a compreender a
pluralidade, bem como a potencialidade dessas fontes para o desenvolvimento de pesquisas sobre a história do império Luso-Brasileiro. Tem-se como objetivo uma
reflexão e análise sobre os direitos de propriedade e as estratégias de ocupação territorial em diferentes capitanias. As sesmarias, títulos concedidos pela Coroa e por
autoridades locais no período da colonização, serviram como forma de aquisição de terras até 1832, e ainda são utilizados como comprovação de registro históricos
validando terras no século XXI, principalmente no caso de comunidades quilombolas e indígenas. A importância dos trabalhos reunidos volta-se para uma maior
compreensão da dinâmica de ocupação do território, bem como sobre os direitos de propriedade a partir dos títulos de terras coloniais. Registros históricos, de natureza
jurídica relacionadas ao usufruto da terra e às demandas judiciais sobre propriedade pública e privada, são amplamente utilizadas por membros da comunidade jurídica,
representantes de entidades civis ligados às comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas e ONGs em geral.
41
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente proposta reúne jovens investigadores que se tomam as cartas de sesmarias como fontes primordiais de pesquisas para compreender diversos aspectos da
ocupação territorial e seus principais agentes. Reúnem-se variadas propostas de investigação, com recortes temporais e específicos que ajudam a compreender a
pluralidade, bem como a potencialidade dessas fontes para o desenvolvimento de pesquisas sobre a história do império Luso-Brasileiro. Tem-se como objetivo uma
reflexão e análise sobre os direitos de propriedade e as estratégias de ocupação territorial em diferentes capitanias. As sesmarias, títulos concedidos pela Coroa e por
autoridades locais no período da colonização, serviram como forma de aquisição de terras até 1832, e ainda são utilizados como comprovação de registro históricos
validando terras no século XXI, principalmente no caso de comunidades quilombolas e indígenas. A importância dos trabalhos reunidos volta-se para uma maior
compreensão da dinâmica de ocupação do território, bem como sobre os direitos de propriedade a partir dos títulos de terras coloniais. Registros históricos, de natureza
jurídica relacionadas ao usufruto da terra e às demandas judiciais sobre propriedade pública e privada, são amplamente utilizadas por membros da comunidade jurídica,
representantes de entidades civis ligados às comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas e ONGs em geral.
42
_____________________________________________________________________________________________________________
A teledramaturgia pode se apropriar da história, assim como as realidades podem ser adequadas à narrativa ficcional, não existindo regras fixas no jogo verdade/
verossimilhança versus ficção. As produções repercutem nos assuntos do cotidiano e o público interage, seja em redes sociais e/ ou na criação de memes, dentre outras
formas. A teledramaturgia atual não é apenas vitrine para a venda de bens de consumo, como foram as primeiras produções (soap operas), pois a própria se tornou um
produto globalizado, de alcance mundial. A mesa pretende apresentar resultados de pesquisas que trabalham o Ensino de História e a Teledramaturgia, ressaltando o
que telenovelas e séries, além de outros produtos televisuais, podem ensinar sobre acontecimentos históricos e a apropriação por parte de docentes e estudantes,
usando trechos dessas produções para a construção de conhecimento e o desvendamento dos “mundos fabricados” pela TV. Será mostrada a importância do trabalho
de pesquisadores e docentes da História na discussão de gêneros dramatúrgicos e suas relações com o público consumidor de teledramaturgia, que defende produções
mais humanizadas e que atendam a demandas sociais do tempo presente. Objetiva-se, também, dialogar sobre possibilidades do ensino de História, interseccionando
com diversidades de mídias digitais fabricadas por produtoras de TV, tais como séries, novelas e filmes para televisão, com debate dos usos educacionais de tais mídias.
43
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta proposta de comunicação coordenada tem como objetivo discutir o protagonismo dos povos indígenas a partir da nova História indígena campo de estudo
inaugurado pelo eminente historiador John Manuel Monteiro. Neste sentido, busca-se pensar como a lei 11.645/08 potencializou a incorporação dos indígenas nos
livros didáticos, no ensino da História, nos currículos e na historiografia. À vista disto, é preciso destacar que a referida lei é resultado da mobilização dos povos indígenas
que ao longo de décadas reivindicam sua presença no Ensino e na História do Brasil. Durante muito tempo, a historiografia brasileira e os livros didáticos apresentaram
os indígenas de forma idílica, caricata, homogênea, romantizada, de modo que por anos estiveram presos em um eterno passado colonial. Contudo, o massivo
movimento indígena organizado desde o século passado, contínuo até os dias atuais, junto à emergência do campo da Nova História Indígena vêm tentando romper
com tais representações. Desta maneira, esta proposta visa congregar trabalhos que reflitam as ausências ou incorporação dos povos indígenas em livros didáticos, no
ensino de História, nos currículos da educação básica e superior, na historiografia e na formação continuada de professores a partir do diálogo com o campo e a lei
11.645/08.
44
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta comunicação coordenada reúne resultados de pesquisa em desenvolvimento sobre escritores e jornalistas como agentes do processo histórico no Brasil durante a
Primeira República. Investigando a literatura e a imprensa sob a perspectiva da história social, essas pesquisas refletem sobre o modo como determinados indivíduos
participam do movimento da história através dos seus textos, fazendo deles instrumentos de ação efetiva, e sobre como jornais e revistas conformam a realidade,
entendendo que os meios de comunicação são também meios de produção – a exemplo do que foi proposto por Raymond Williams. Desta forma, pretende-se analisar
as bases sobre as quais o escritor Lima Barreto forjou sua concepção de literatura engajada, considerando a influência de suas leituras no processo de sua formação
intelectual. Outra análise contempla os significados do romance Miserere, no qual Domingos Ribeiro Filho denuncia “os jugos da escravidão social, moral, econômica e
sexual que esmagam a nossa geração”. Já o poeta João Pereira Barreto é flagrado nas páginas da imprensa devido ao assassinato da própria esposa. A cobertura
jornalística do crime que ficou conhecido como a “tragédia de Icaraí” permite problematizar tanto a condição feminina, como o papel da imprensa na sociedade. Por
fim, é examinada a atuação do jornalista Nereu Rangel Pestana, no jornal O Combate¸ em face do aprofundamento das precárias condições de vida dos trabalhadores
paulistanos no contexto do início do século XX.
45
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente comunicação coordenada tem por objetivo jogar luzes ao debate em torno da história e memória da constituição - desigual e excludente -das cidades
brasileiras, em específico, sobre as condições de possibilidade da presença das favelas e de outros territórios vulnerabilizados no tecido urbano brasileiro, considerando
os aspectos materiais e a produção de sentidos simbólicos sobre estas localidades, suas habitações e das formas de viver. Ademais, não se pode falar sobre as favelas e
periferias, com honestidade epistemológica, sem deixar registrado as intercorrências cotidianas herdadas de um passado colonial escravagista, dos racismos em suas
diversas manifestações. Através da interface epistemológica entre a história, história das ciências e da saúde, história urbana, museologia urbana, saúde coletiva e o
conhecimento e práxis dos movimentos sociais, esse evento acolherá temas como a construção da e o direito a memória destes territórios, a escrita da história local, o
lugar destes territórios, moradores e habitações na escrita da história nacional, bem como no pensamento social brasileiro, e da construção historiográfica engajada,
militante, imbricada e implicada pelos pesquisadores das favelas e periferias. Partindo dos arquivos de cientistas sociais, profissionais de saúde e da ciência da
informação, dos acervos documentais constituídos por organizações sociocomunitárias, da própria vivência e atividade nos movimentos sociais desses territórios, além
da produção científica acumulada acerca de tais temas, essa comunicação coordenada tem por mérito trazer evidenciar novos aspectos correlatos ao Direito a Cidade,
a Saúde e à Cidadania por essa parcela da população cuja própria existência é persistentemente negada, simbólica e materialmente, produzindo apagamentos,
adoecimentos e dores, seja pela intencional negligência endereço com CEP, ou pela escassez de serviços sociais básicos como saneamento, habitação, lazer, emprego,
saúde, mobilidade urbana e assistência social.
46
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente proposta reúne quatro pesquisas que tratam de diferentes aspectos das articulações entre relações de gênero e noções de cidadania nos contextos histórico-
culturais de produção, circulação, apropriação e ressignificação dos saberes psiquiátricos. Nas últimas décadas, a história da psiquiatria vem consolidando sua
importância enquanto campo de estudos no Brasil e legitimando a importância de seus debates. Parte significativa da produção historiográfica mais recente vem
articulando as reflexões sobre os espaços de produção desses saberes e os atores envolvidos nesse processo a referenciais, abordagens e conceitos provenientes dos
campos de estudos de gênero e das relações étnico-raciais. Esse movimento tem sido imprescindível para a construção de um entendimento mais amplo, rico,
diversificado e, portanto, real das temáticas da história da psiquiatria. Ele favorece a percepção das especificidades de cada contexto, a identificação de pontos comuns
e sobreposições, de modo que diferentes investigações possam conversar em seus questionamentos e debates. Esses diálogos são essenciais para conformar
intercâmbios entre campos do conhecimento diversificados, consolidando a transdisciplinaridade das produções em curso e contribuindo para a realização de reflexões.
Assim, esta proposta de mesa tem como principal objetivo fomentar o debate entre os autores, de modo que as trocas decorrentes dele possam inspirar a diversificação
de seus olhares sobre suas respectivas temáticas.
47
_____________________________________________________________________________________________________________
A proposta de mesa redonda apresenta reflexões originadas a partir de três pesquisas realizadas no Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal
de Campina Grande. Essas pesquisas abordam como a história tradicional frequentemente negligenciou as contribuições e experiências das mulheres e das comunidades
LGBTQ+, ressaltando a necessidade de uma abordagem mais inclusiva para recontar o passado. Os debates estão centrados na maneira pela qual a História e a
historiografia podem ser enriquecidas ao incorporar análises de gênero e sexualidade. Isso implica a revisitação de eventos históricos sob uma nova perspectiva,
considerando a influência das identidades de gênero e orientações sexuais nas narrativas históricas. Serão apresentadas diferentes metodologias e fontes utilizadas em
pesquisas sobre gênero e sexualidades na História, envolvendo a reflexão sobre como documentos podem revelar perspectivas esquecidas, silenciadas ou marginalizadas
relacionadas a gênero e sexualidade. A mesa busca enfatizar a importância da diversidade de vozes e perspectivas na pesquisa histórica, incentivando uma abordagem
inclusiva que reconheça a riqueza das experiências humanas ao longo do tempo a partir da Metodologia Interativa que promoverá o debate entre palestrantes e
participantes através da documentação que será apresentada e das análises que serão construídas.
48
_____________________________________________________________________________________________________________
A proposta de mesa coordenada aqui apresentada reúne partes de 3 pesquisas, ainda em andamento, realizadas por membros do Laboratório de Oralidade e Memória
Africana e da Diáspora (PPFH-UERJ) que tratam dos movimentos negros durante o período da Ia. República. Estas pesquisas buscam se somar às contribuições já
produzidas que apontam uma participação ativa de negros e negras nas lutas antirracistas. Ao analisarmos as sociedades carnavalescas do final do século XIX e início
do XX, nos deparamos com uma notícia no jornal “A Gazeta de Notícias” de 21de fevereiro de 1895, informando sobre um desfile de um grupo de cucumbi, já integrados
ao carnaval carioca, apresentando-se como sociedades carnavalescas e desfilando na Rua do Ouvidor. Sendo este período conhecido pela importação dos ideais do dito
racismo científico pela elite brasileira, tentamos entender como grupos carnavalescos, em especial, os cucumbis, se constituíram em redes de sociabilidade tão
poderosas a ponto de desfilarem em uma das ruas mais elegantes da capital federal. Assim, por meio de análise de fontes primárias e secundárias, buscamos destacar
as formas de difusão das memórias negras por grupos carnavalescos, que faziam de seus corpos e de suas vozes territórios de reivindicação da população negra por
direitos iguais e cidadania.
49
_____________________________________________________________________________________________________________
Com o advento da história das cidades, ou história urbana, que dialoga cada vez mais com a antropologia, com o urbanismo e com a sociologia, é crescente a quantidade
de estudos que repensam a história das cidades, não mais apenas tomadas como pontos de partida, mas também como um problema, um processo ou uma vivência.
Nessa perspectiva, destaca-se a importância do estudo das territorialidades urbanas como fonte significativa de informações para a compreensão das dinâmicas
socioespaciais nas cidades contemporâneas. As intervenções e as reelaborações nos/dos espaços públicos, concretas ou imaginadas, refletem diretamente a atuação
de sujeitos sociais e suas relações simbólicas com os territórios ocupados. A partir desse entendimento, propomos, nesta Comunicação Coordenada, uma reflexão
acerca das formas de abordagem da história urbana e das narrativas feitas na e sobre as cidades a partir de seus aspectos sócio-culturais. Nesse sentido, as relações
entre cultura, cidade e sociedade são interpeladas como dimensões incontornáveis e indissociáveis e a inteligibilidade da urbe passa a ser pesquisada e pensada como
objeto de conhecimento histórico. Os debates envolvem ainda as disputas simbólicas em torno de territorialidades e espaços de valor cultural, suscitando reflexões
sobre a criação de elos afetivos que costuram os sujeitos aos seus espaços e trazendo narrativas históricas que muitas vezes fogem de uma “versão oficial” de uma
determinada cidade e de seus patrimônios institucionalizados. Esta Comunicação Coordenada reúne pesquisadores afeitos à temática que, em seus estudos, discutem
as relações entre história e memória, cidade e sociedade, afetividade e literatura.
50
_____________________________________________________________________________________________________________
A história e a comunicação guardam a semelhança de envolverem a ação humana (BARBOSA, 2003). Independentemente de suas especificidades como campos
científicos, ambas têm a narrativa como ferramenta que configura sentidos, fazendo-os inteligíveis aos outros. Partimos, portanto, da premissa que toda narrativa
histórica se constitui como um ato comunicacional. A presente Comunicação Coordenada sustenta-se nessa certeza para inscrever trabalhos que se propõem
experimentar a constituição de narrativas históricas a partir de ferramentas e linguagens da comunicação digital. São produções desenvolvidas por equipes
multidisciplinares do Centro de Tecnologia Educacional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Os trabalhos se utilizam de linguagens da comunicação digital para
dar materialidade narrativa a histórias que mesclam memórias, documentos escritos, imagens, oralidade, etc. e, assim, consciente e deliberadamente possibilitar a
reconstrução interpretativa de eventos passados, explicar o presente e/ou prospectar futuros possíveis. Em um tempo no qual a ação midiática fomenta o que seja
verdade é fundamental que os produtores de ciência, em especial as humanidades, possam compreender o ato de comunicar para amplas audiências como uma
dimensão da produção do conhecimento que não pode ser negligenciada. Nesse sentido, esta Comunicação Coordenada interliga divulgação científica e história pública
como possibilidade de dar sentido social à produção acadêmica.
51
_____________________________________________________________________________________________________________
A Fazenda de Santa Cruz se constituiu a partir da sesmaria concedida a Cristóvão Monteiro, às margens da Baía de Sepetiba entre Guaratiba e Mangaratiba. Doada aos
jesuítas após o seu falecimento, outras terras foram anexadas, formando uma das maiores propriedades dos padres em solo brasileiro. Através de grandes obras de
engenharia, se transformou na maior produtora para o abastecimento interno, atendendo ao eixo Rio de Janeiro – São Paulo – Minas Gerais, fazendo ainda dos seus
escravizados mãos de obra especializadas em diversos ofícios. Confiscada pela Coroa portuguesa, após a expulsão dos jesuítas, em 1759, passou a ser administrada por
superintendentes e vice-reis, e teve suas melhores áreas produtoras “desmembradas”, o que levou D. Pedro I a fazer o recadastramento dos aforamentos em 1824. O
seu real limite é uma questão a ser respondida por pesquisas que explorem documentos oficiais dos Jesuítas e da Regularização Fundiária de suas terras. A Fazenda de
Santa Cruz é um ambiente propício a diversos temas de pesquisas, possuindo um conjunto variado de documentação ao longo dos seus 456 anos. Dessa forma,
objetivamos reunir propostas de trabalho que tenha como eixo central de discussão a Fazenda de Santa Cruz e seus impactos sociais, econômicos, políticos e culturais,
abrangendo os períodos Colonial e Imperial.
52
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta comunicação coordenada reúne trabalhos de membros do grupo Artes, Teorias e História (ARTHS), coordenado por Beatriz Vieira e vinculado à Comunidade de
Estudos de Teoria da História da UERJ. A organizadora explicará a dinâmica da construção do primeiro livro do grupo (“História, Arte e Política: tecidos interdisciplinares”)
por meio de dois seminários. Cada trabalho responde à questão: quais as possíveis contribuições, para a pesquisa histórica, do entrecruzamento entre História, Arte e
Política, particularmente sob regimes ditatoriais? Carlos Eduardo Pinto de Pinto e Beatriz Vieira, com aportes da Teoria Crítica e uma interface entre poesia e artes
plásticas, observam as experiências da violência política no Rio de Janeiro, cujos impactos geram perplexidades e afetações na concepção de história. Caio Leone aborda
o diário da viagem de um editor norte-americano ao Brasil em 1969, questionando sua interpretação da ditadura e sua relação com a seleção de literatura brasileira.
Gabriel Bizzo propõe uma leitura de romances sobe a ditadura militar enquanto “gestos de sepultamento”: ações sobre o passado no sentido de exorcizar a morte ao
estabelecer a presença do ausente, reforçando o espaço dos vivos e o dos mortos. Por fim, partindo da História Oral e dos conceitos de experiência histórica dolorosa,
morte inconclusa e memória subterrânea, Isadora Cabral discute o estatuto do desaparecimento forçado, analisando como se representam os desaparecidos e os lutos
decorrentes.
53
_____________________________________________________________________________________________________________
Acervo civil e criminal do estado do Pará, de 1785 a 1970, compõe o Centro de Memória da Amazônia da Universidade Federal do Pará, instituído em 2007 por convênio
com o Tribunal de Justiça do Estado do Pará. No acervo civil, além de processos de casamento, inventários e associações de estrangeiros que se estabeleceram na
Amazônia, há uma rica documentação de estatutos de Associações Culturais, Esportivas, Profissionais e de Instrução, oficializadas e estabelecidas a partir, principalmente
do final do XIX. O Fazer História social das Associações, através das leituras das fontes de seus estatutos, dá possibilidades de compreensão da vida cultural, educacional
e política de um tempo de outrora na Amazônia. Entre as fontes, há diversos processos crimes, alguns que nos possibilitam leituras das relações entre os espaços
habitados, seus rios e águas e os sujeitos históricos envolvidos, que podem compor uma história ambiental da Amazônia, uma vez que rios e águas antes utilizados,
encontram-se poluídos e até soterrados. Outros possibilitam estabelecer as relações entre mulheres, pajelanças e oficialização da medicina na Amazônia. Diante de
desafios contemporâneos de ampliar a divulgação das fontes a um maior público, a Instituição desenvolve ações digitais que busca o diálogo entre História Social da
Amazônia, História Pública e História Digital na nova era global e sustentável. Estas possibilidades de fazer História na e da Amazônia é o assunto desta Comunicação
Coordenada
54
_____________________________________________________________________________________________________________
A proposta desta Comunicação Coordenada é apresentar algumas ações educativas desenvolvidas em três museus – Museu da República, Museu Memorial Iyá Davina
e Museu Vivo do São Bento –, em torno de um mesmo acervo museológico, o Acervo Nosso Sagrado. Este acervo reúne 519 bens litúrgicos de matrizes africanas, tendo
sido formado a partir de confiscos policiais em casas religiosas afro-brasileiras do Rio de Janeiro, nas décadas iniciais da República. O sequestro desses bens ocorreu
com o amparo legal dos Códigos Penais de 1890 e 1940, a despeito da primeira Constituição republicana do Brasil afirmar o direito à liberdade religiosa. Por décadas
esses bens sagrados permaneceram retidos na polícia, tratados como material de contravenção. A indignação do povo de santo deu força a uma luta incansável pela
libertação desses objetos sagrados, que se fez ancorada no direito à diversidade cultural e à Vida. Em 21 de setembro de 2020, com o protagonismo da comunidade de
santo e o apoio convergente de alguns movimentos sociais, artistas, autoridades políticas e representantes de instituições públicas, o Nosso Sagrado foi transferido do
Museu da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro para o Museu da República, nos termos de uma reparação de justiça. Esta Comunicação Coordenada intenta discorrer
sobre a importância e os sentidos de algumas experiências educativas produzidas em espaços museais e conduzidas na direção do que chamamos de pedagogia
antirracista do Nosso Sagrado.
55
_____________________________________________________________________________________________________________
A comunicação coordenada tem como objetivo apresentar o projeto intitulado “Mapeamento cultural da região norte do Paraná”, desenvolvido por um grupo
multidisciplinar das Ciências Humanas e áreas afins. A pesquisa foi organizada a partir das seguintes linhas de pesquisa: 1. Gestão cultural e políticas institucionais; 2.
Bens culturais: patrimônios materiais e imateriais; 3. Religiões de matriz africana: memórias e identidades; 4. Poéticas da literatura do Norte e Nordeste do Paraná. Os
objetivos centrais das linhas são: a) mapear artistas, trabalhadores da cultura, manifestações artístico-culturais, equipamentos e patrimônios culturais dos municípios
situados na abrangência da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP); b) recuperar parte das memórias dos fazeres e das tradições de grupos populares; c)
oferecer um panorama estatístico da produção literária local, com vistas à análise crítica e literária. O projeto é fruto do Programa de Desenvolvimento da Cultura da
Região Norte do Paraná, desenvolvido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UENP. Esta pesquisa contribuirá efetivamente na alimentação da base de dados do
Inventário Cultural do Norte do Paraná - espaço digital que integra uma rede de agentes culturais; e poderá estimular as instituições da região a proporem políticas
públicas de cultura a partir da realidade encontrada. Nesta comunicação, serão apresentados os resultados parciais dos levantamentos e pesquisas iniciadas das linhas
citadas.
56
_____________________________________________________________________________________________________________
A mesa "Memórias Orais dos Trabalhadores da Cultura" congrega comunicações do grupo de pesquisa de mesmo nome que reúne pesquisadores, professores,
estudantes e estagiários de entidades da administração indireta vinculadas ao Ministério da Cultura - Fundação Biblioteca Nacional, Fundação Casa de Rui Barbosa e
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - interessados em questões afeitas à área da memória, com especial enfoque a temas ligados ao mundo do
trabalho em instituições federais de proteção e guarda do patrimônio cultural. O objetivo da mesa é reunir e estabelecer um diálogo multidisciplinar que permita
integrar debates de caráter teórico e metodológico com as experiências e dificuldades práticas enfrentadas por projetos de pesquisa sobre a memória do trabalho
desenvolvidos nessas instituições que se utilizem do método da história oral. A partir da interação entre as atividades de pesquisa do grupo que originou a mesa,
objetiva-se ainda discutir diferentes aspectos da atuação dos profissionais de entidades federais de cultura, abarcando desde processos e execuções envolvidas no
tratamento, organização, conservação e divulgação dos acervos culturais patrimonializados – muitas vezes invisíveis a pesquisadores que os utilizam enquanto fontes
de informação –, a questões relativas a políticas nacionais de cultura, associações de trabalhadores, lutas sindicais bem como seus impactos na carreira, na rotina de
trabalho e na vida pessoal desses sujeitos ao longo das últimas décadas. Visa-se, em última instância, aprofundar as análises travadas, estimular novas reflexões sobre
a história dos trabalhadores da cultura do serviço público federal e, ainda, produzir um acervo de fontes orais dos trabalhadores que contribuíram na construção das
instituições.
57
_____________________________________________________________________________________________________________
“Se és uma mulher forte se proteja com palavras e árvores e invoca a memória de mulheres antigas”. Os versos da poetisa nicaraguense Gioconda Belli em Conselhos
para a Mulher Forte dão a tônica desta comunicação coordenada. Nosso objetivo é trazer imagens de mulheres das quais, muitas vezes, temos apenas curtos textos
encontrados em jornais microfilmados, documentos oficiais caducados e esquecidos em gavetas escolares, mulheres com nome e sobrenome, mas sem rosto e corpo.
Outras vezes mulheres cujos corpos e rostos se expressam ou são surpreendidos pelo instante fotográfico, também há aqueles registros cujas raízes são mais firmes,
expostas e a folhagem e seus frutos nos chegam em forma de escrita feminina que narram suas vivências, fantasias e memórias. Intrigada a pesquisa histórica sobre
essas mulheres está a educação. É neste tema que elas aparecem como protagonistas e de um especial interesse político e social na virada do século XIX para o século
XX. Serão as normalistas e professoras que formarão os futuros doutores da nação e que prepararão as donas de casa, as mulheres do lar e as mães cientes dos seus
deveres e compromissos com uma pátria civilizada e higiênica. Fontes pesquisadas na capital do Rio de Janeiro e na Cidade de Campos o grupo de pesquisa GESDI
pretende apresentar os resultados de seus trabalhos finalizados e em andamentos que buscam repensar o lugar histórico da mulher na educação e suas imbricações no
campo político, social e da historiografia.
58
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente proposta tem como objetivo ampliar os debates sobre a formação espacial, histórica e cultural do Rio de Janeiro a partir dos debates conceituais sobre os
subúrbios cariocas ou antigo espaço rural da cidade, como forma de compreender a grande diversidade cultural, geográfica e social dos vários bairros que o compõe.
Partindo deste princípio, debateremos como a pesquisa e o ensino sobre a História do Lugar, particularmente dos subúrbios, se torna importante na promoção de
identidade e conscientização histórica, tanto para alunos do ensino básico e graduação, como para as comunidades locais. Acredita-se que o desenvolvimento desta
identidade com o lugar onde se vive e convive, tendo como instrumento a história e a memória local, possa aproximar o indivíduo dos conteúdos históricos a ele
apresentados, além de valorizar sua história e seu espaço, tornando-o capaz de lutar por seu próprio direito à cidade. Pretende-se estreitar diálogos entre pesquisas
acadêmicas (incluindo projetos educacionais), a história pública suburbana e os trabalhos dos coletivos suburbanos, pois acreditamos ser primordial o diálogo com
vozes que promovem a memória e sociabilidade local. Tal debate tem se mostrado importante na formação da consciência e identidade suburbana em eventos
presenciados e organizados pelos proponentes, que tem atuação acadêmica- docente em instituições de nível superior e básico, além de atuação pública por coletivos
civis.
59
_____________________________________________________________________________________________________________
A importância dos meios de comunicação faz da reflexão sobre a comunicação social um campo interdisciplinar para a compreensão da vida contemporânea. Sistemas
de satélites e cabos, novas tecnologias e redes de informação sinalizam o emaranhado de tecnologias, artefatos e mensagens que invadem o cotidiano configurando as
redes de comunicação e informação que estamos imersos. Em relação à imprensa, é fácil constatar que seu uso se encontra disseminado entre as ciências humanas e
sociais. Na área da História, no ensino e na investigação sobre os mais variados temas e problemáticas, a utilização de materiais da Imprensa hoje está cada vez mais
generalizada. E, sem dúvida, tais usos nos distanciam de um tempo em que a imprensa era considerada como fonte suspeita, a ser usada com cautela, pois apresentava
problemas de credibilidade. Nestas últimas décadas incorporamos a perspectiva de que todo documento, e não só a imprensa, é também monumento, remetendo ao
campo de subjetividade e da intencionalidade com o qual devemos lidar. Sobre os veículos de comunicação de massa que temos estudos já consolidados. No entanto,
em geral, são jornais de âmbito nacional que pouco destaque dão ao enfoque local/regional. Essa mesa se propõe a discutir como a imprensa periódica em locais
periféricos/interioranos são fontes privilegiadas para discutir, no jogo de escalas, sua agência político/social, os processos históricos ou as narrativas historiográficas
construtoras de memória e identidades
60
_____________________________________________________________________________________________________________
As cidades e o urbano se consolidaram como objetos de análise do historiador há, pelo menos, algumas décadas. Os diversos processos de elaboração teórica e
metodológica e suas revisões e disputas observados na historiografia assinalam a centralidade da interdisciplinaridade – quando não transdisciplinaridade – para as
práticas de se narrar os processos de continuidade e ruptura observados nas cidades em suas diferentes escalas (regional, nacional, transnacional, internacional).
Pensada como o lugar simbólico e político da formação do cidadão, na cidade e a partir dela são desenvolvidas diferentes formas de sensibilidade, percepção e
apropriação do espaço edificado, público e privado. Nessa perspectiva, deixa de ser apenas um “cenário” no qual ocorrem processos e transformações de ordem social,
política e cultural e passa a ser interpretada como parte destes. A complexidade dessas relações e a atenção às temporalidades colocadas em disputa a partir das cidades
e do urbano são as preocupações das comunicações aqui reunidas. Os trabalhos se dedicam a pensar diferentes dimensões da construção e legitimação de um saber
técnico sobre as cidades, bem como das relações entre o urbano e diferentes linguagens, figurações e mídias, como o cinema. Espera-se ampliar o debate e a
interlocução entre as pesquisas reunidas e debater os pressupostos e aspectos teórico-metodológicos relativos a compreensão das cidades como fenômeno histórico.
61
_____________________________________________________________________________________________________________
O objeto de estudo do conjunto das comunicações propostas pretende refletir sobre o Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu, a partir de sua dimensão de referência
cultural, sobretudo para o município de Nova Iguaçu do Estado do Rio de Janeiro. Objetivamos construir um diálogo entre o campo do Patrimônio Cultural e os campos
da História, da Biologia, da Gestão e Educação Ambiental, para assim evidenciar os elementos constitutivos desse referente cultural da Baixada Fluminense (RJ).
Pretendemos também mostrar o alcance de uma perspectiva interdisciplinar para a salvaguarda do bem, por meio dos conceitos de patrimônio cultural integrado,
ampliando as possibilidades de conhecimento acerca do PNMNI e abraçando aspectos do patrimônio natural, cultural, histórico e arqueológico. Para tanto, as
comunicações se voltam para uma reflexão crítica sobre a noção de patrimônio cultural e natural em consonância com as perspectivas de ecossistema, sustentabilidade,
referência cultural, educação ambiental, patrimonial e ecoturismo. Toma-se como estudo de caso o PNMNI que será analisado, a partir de pesquisa documental e
bibliográfica, com vistas a evidenciar sua historicidade, sua constituição como lugar de pertencimento e as dimensões de seu processo de formação como Unidade de
Conservação. Refletiremos, ainda, sobre aspectos naturais, como seus recursos hídricos e sua biodiversidade, valores fundamentais para a preservação da vida e do
ambiente e, ainda, destacaremos as dimensões de pertencimento e integração sócio-cultural de seus distintos espaços. Dentre os propósitos deste trabalho de pesquisa
está a discussão sobre o papel da História, hoje, no campo do patrimônio cultural e sua reinserção como uma dimensão fundamental para a constituição de uma
perspectiva interdisciplinar que contribua para a consolidação de um olhar integrado para os bens culturais plurais da sociedade brasileira.
62
_____________________________________________________________________________________________________________
A motivação da proposta está ligada à experiência recente da militarização do passado no Brasil. Uma contingência – visível na presidência republicana recente (2019-
2022) - abriu a possibilidade de repensar como nossa experiência atual interage com os efeitos de uma temporalidade que, cronologicamente, nos remeteria para a
segunda metade do século XX. Para entender esse anacronismo, é necessário apreender de que modos a dialética do enviar / receber nos condiciona, sob polos que
oscilam entre a contextualização e a rehistoricização das representações. Na sessão coordenada, tempos três abordagens que se debruçam sobre a experiência do
tempo nesse (re)sentir, que transita entre o trauma e o sentimento de nostalgia. A primeira apresentação, se dedica a refletir sobre uma epistemologia do
desaparecimento; a segunda, faz uma exploração do sadomasoquismo que provém da sociedade patriarcal; a terceira, explora como na região amazônica existe a
valoração positiva da militarização, seja nas instituições seja nos vínculos sociais. Compreender tais representações da experiência autoritária brasileira, traumáticas e
nostálgicas, nos leva a tecer uma analítica da sensibilidade histórica, refletindo sobre a estética que elabora as imagens espaçotemporais. Complementarmente, há uma
pressão ética que envolve, necessariamente, as ideias de história e suas práticas metodológicas, tanto no ensino quanto na produção historiográfica.
63
_____________________________________________________________________________________________________________
Identifica-se que, ao longo dos últimos dois séculos, existe, em segmentos da sociedade latino-americana, a preocupação com aposentadorias e pensões. Nas guerras
de independência do Brasil e do Prata, assim como nos conflitos que caracterizaram a construção do Estado Argentino, a possibilidade da obtenção de pensões foi parte
da estratégia para arregimentar soldados. No século XX, no Brasil, houve a lei Elói Chaves, a política de Vargas para a Previdência e a Constituição de 1988, que versa
sobre o tema. Agrega-se que no contexto internacional no qual predomina o capitalismo financeiro, posteriormente ao Consenso de Washington, países como Brasil,
Argentina e Uruguai sofreram reformas previdenciárias, que retiraram direitos dos beneficiários, mas que, por outro lado, atenderam a propostas do FMI e do Banco
Mundial – embora, durante o kirschnerismo e o governo da Frente Ampla tenham ocorrido ações para suavizarem impactos das reformas de Menem e Sanguinetti.
Além da necessidade concreta de que aposentadorias e pensões são fundamentais para a sobrevivência do indivíduo, verifica-se sua relevância com fatos recentes,
como as manifestações no Chile (2019), que questionavam, também, o sistema previdenciário imposto por Pinochet, e, no Brasil, quando o então candidato Lula
comprometeu-se (2022) a rever a reforma de Bolsonaro/Guedes. Assim, os trabalhos da mesa irão analisar aspectos políticos e econômicos relacionados à previdência
em perspectiva histórica e seus impactos sociais.
64
_____________________________________________________________________________________________________________
O objetivo dessa pesquisa foi traçar o perfil da União Democrática Nacional no Piauí em 1945, ano da sua fundação. A intenção foi perceber como a União Democrática
Nacional seção Piauí (UDP) atuou no pleito eleitoral de 1945 de modo a executar o plano udenista nacional e a criar manobras para minar a força do seu principal
adversário: o Partido Social Democrata (PSD). Verificamos as características nacionais da UDN por meio da bibliografia específica sobre o assunto e analisamos as
matérias do principal jornal udenista do estado do Piauí, o jornal a Gazeta, para então entender o perfil dessa sigla no estado. Percebemos que a UDP associava a força
do seu rival à apropriação da máquina administrativa, jogando com nomeações e demissões, perseguições, controle da polícia e até das instâncias responsáveis pelo
alistamento de eleitores. Dessa forma, a UDP construiu sua imagem em oposição à do PSD. Traçou para si um perfil democrático e de defensora das liberdades individuais
enquanto que para seu adversário restou o perfil autoritário e representante de um mal que precisava ser combatido.
67
_____________________________________________________________________________________________________________
Buscamos desvendar a vivência das mulheres dentro dos seringais do Amazonas, através do trabalho em torno da memória dessas trabalhadoras, tentamos
demonstrar como viver nos seringais trata-se de um processo de experiências que são adquiridas, herdadas, com o passar do tempo, em especial na troca de
conhecimento sobre o plantio, uso de ervas e sementes para uso medicinal entre essas moradoras dos seringais, pois mesmo com o Serviço Especial de Saúde Pública
- Sesp atuando em algumas áreas da região Norte, o oficio de mulheres como parteiras, benzedeiras, curandeiras, enfim essas mulheres terapêuticas, foi fundamental
para sobrevência das pessoas nessas comunidades em meio a mata.
68
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho propõe analisar a trajetória do concessionário Américo de Castro e sua Companhia Evoneas Fluminense como objeto para refletir sobre o diálogo
entre empresas concessionárias na área de construção civil e o Estado. Américo de Castro atuou como concessionário nos anos 1870 e 1880 na expansão das linhas de
bonde na Corte e na capital da província do Rio de Janeiro. Este também era o contexto dos discursos higienistas de combate aos cortiços e em que o empresário foi
precursor na obtenção da concessão para a construção de habitações higiênicas para a classe trabalhadora pobre, que se tornaria a Companhia Evoneas Fluminense,
inaugurada em 1890 e falida em 1893. A partir de Américo de Castro e da Companhia Evoneas Fluminense é possível mapear uma rede formada por empresários,
autoridades governamentais e profissionais da construção civil cujas relações transitaram nos cenários políticos da Monarquia e da primeira década da República. A
metodologia empregada nesta pesquisa foi a análise qualitativa das fontes: notas empresariais, atas da assembleia de acionistas, divulgação de eventos sociais e políticos
publicadas em periódicos da época, entrecruzadas a documentação oficial, como requerimentos, ofícios e legislação. O Memorial publicado em 1913 por Antonio
Jannuzzi, diretor-técnico da Evoneas, mostrou-se uma fonte de suma importância para suprir as lacunas deixadas pela ausência de documentação da companhia quando
esta já se encontrava extinta.
69
_____________________________________________________________________________________________________________
Friedrich Wilhelm Nietzsche teve uma vida curta e trágica. Nascido em 1844, durante o turbulento período de unificação alemã, o filólogo lidou diversas vezes com as
contradições de seu tempo: havia nascido num território rural que se industrializava rapidamente através do Zollverein; devoto estudante da arte clássica, viu com pesar
o crescente tecnicismo das mesmas a fim de atender à crescente demanda por operários das indústrias de seu país; e, por último, havia nascido numa Alemanha ainda
fragmentada que passava por crescente ondas de nacionalismo que, já próximas à sua morte, soavam-lhe como os prenúncios de uma guerra como nunca antes vista.
Nietzsche expressou suas opiniões através de diversas formas: do aforismo ao romance filosófico, passando pela ópera e pela autobiografia, vemos um diverso panorama
de possibilidades do uso da palavra. Diversas dessas expressões de Nietzsche já renderam grande quantidade de estudos, sobretudo as pesquisas que versam sobre
seus aforismos, contudo, sua poesia ainda é muito pouco estudada pela academia. Compreender a poesia de Nietzsche é uma chave não apenas para desvendarmos
seu estilo enquanto ficcionalista, mas também é um modo de adentrarmos em seu contexto histórico; é mais uma forma de percebermos seus pensamentos, seu
diálogo com as contradições de seu tempo e a forma como o mesmo buscava – quando buscava – uma resolução. Neste trabalho, objetivamos expor considerações
gerais sobre a poesia de Nietzsche, utilizando principalmente o poema À Melancolia, buscando destacar de que maneira ela se apresenta como importante para os
estudos históricos na contemporaneidade.
70
_____________________________________________________________________________________________________________
Os finais do século XX e a primeira metade do século XX no Brasil compreendem um período que contou com grandes mudanças no setor da imprensa, como a inclusão
de novas tecnologias na produção dos materiais impressos, profissionalização da classe jornalística e transformação dos jornais em empresas. Além disso, os periódicos
aumentaram gradativamente seu protagonismo e participação como voz ativa no cotidiano dos brasileiros. Nesse sentido, estudar esse tipo de material e suas formas
de representação, emissão e discursos é de extrema importância, dada sua influência ativa enquanto formador de opinião e reflexo da sociedade que os produz. Nossa
proposta de comunicação gira em torno de dois importantes periódicos, O Pharol, publicado entre 1866 e 1939 na cidade de Juiz de Fora, e o Archivo Vermelho,
publicado entre 1918 e 1921 na cidade do Rio de Janeiro. Esses materiais, sendo o primeiro um jornal diário e o segundo uma revista ilustrada quinzenal criminal,
guardam entre si características similares em relação aos discursos voltados à representação de classes populares, nos impulsionando a compreender melhor as
construções em torno das categorias sociais (pobres, imigrantes e indivíduos fora das normas sociais) abordadas com frequência em suas páginas. Dessa forma,
pretendemos apresentar os resultados de nossas pesquisas, que contemplam os dois materiais e demonstrar como, ao serem expostos a métodos de análise do discurso,
eles podem revelar mecanismos de estigmatização e exclusão tanto da sociedade de Juiz de Fora do final do século XIX e início do século XX, e da sociedade carioca das
primeiras décadas do século XX.
71
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho é parte de um estudo referente ao uso de literatura de viagem, como fonte histórica e instrumento de pesquisa em História Intelectual. Trata-se de
um estudo teórico baseado nas análises de pesquisadores do campo de conhecimento para pensar a pesquisa sobre a literatura de viagem elencando possibilidades de
uso na produção científica (JUNQUEIRA, 2011; FRANCO, 2011; LEITE, 1997; LEITE, 2000). O estudo tem como objeto a produção intelectual de Harriet Martineau
(Inglaterra, 1806-1876) publicada sob a forma de literatura de viagem. Martineau produziu suas observações e reflexões relativas ao conhecimento científico, à
sociedade europeia e americana entre as décadas de 1830 e 1870. Seu pensamento tem como característica a preocupação com a racionalidade e a cientificidade do
conhecimento como fundamento para a compreensão de processos históricos e sociais de seu tempo. Desse modo, esse estudo se refere à História da Intelectual no
que tange à produção e circulação de reflexões, teorias e metodologias do campo das ciências humanas (COSTA, 2019; LACERDA & KIRSCHNER, 2003). O exercício de
pensar a originalidade de suas ideias no seu tempo torna possível conhecê-las e relacioná-las a aspectos da história intelectual no contexto histórico do século XIX
(COSTA, 2019; SILVA, 2002; SILVA, 2003).
72
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente comunicação, resultado parcial de pesquisa de doutorado em curso, objetiva acompanhar a atuação da Agência Americana - uma agência de notícias sediada
no Rio de Janeiro e fundada em 1909 - ao longo da presidência de Venceslau Brás (1914-1918). Mais especificamente, observar a atuação dessa agência junto ao governo
brasileiro na promoção de propaganda do governo brasileiro pela América Latina, Estados Unidos e Europa. O foco da comunicação recairá sobre as estratégias de
promoção da propaganda junto à imprensa internacional, e no papel das notícias de guerra no estabelecimento da Americana enquanto veículo de promoção de
informações entre América Latina Europa e Estados Unidos, bem como nas disputas internas ao Gabinete da Presidência a respeito da pertinência dessa agência. Para
a comunicação será considerado principalmente o conjunto documental reunido no CPDOC da Fundação Getúlio Vargas
73
_____________________________________________________________________________________________________________
O trabalho ora apresentado ao 4° Encontro Internacional História e Parcerias tem por objetivo analisar as relações de parcerias entretidas entre as áreas de
conhecimento História e Turismo na utilização de diversos equipamentos históricos (aqui pensados não somente na condição de lugares, utensílios ou objetos, mas
coadunados como manifestações, tradições, práticas simbólicas etc.) enquanto possíveis equipamentos turísticos (realização de visitação) através da pratica do Turismo
Histórico-Cultural (conhecido também como segmento turístico de Turismo Cultural). A parceria entre essas duas áreas de conhecimento já ocorre a bastante tempo,
desde o surgimento das práticas turísticas em meados do século XIX em que cidades históricas, museus, monumentos, determinadas festas tradicionais foram utilizados
como atrativos/destinos turísticos, quanto da sua manutenção no processo de massificação do Turismo em meados do século XX em que a prática do Turismo Cultural
era uma atividade que distinguia e inclusive hierarquizava pessoas. Pretende analisar e apresentar exemplos diversos sobre essa prática e mais especificamente observar
essa prática na cidade do Natal capital do Rio Grande do Norte.
74
_____________________________________________________________________________________________________________
Atualmente ocupando o cargo de Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico de História do IFPA no Campus Marabá Industrial, podemos observar que embora
a cidade de Marabá denote em sua formação aspectos indiscutíveis de sua miscigenação e expressões negras e indígenas sobretudo advindos dos fluxos migratórios
colonizadores, a presença de algumas situações de silenciamento a elementos constituintes da cultura afro-brasileira e indígena local. Por sua vez, no curso integrado
em Controle Ambiental podemos evidenciar a importância dos conteúdos voltados a preservação do meio ambiente no ensino de história, sobretudo pensando como
dialogar aspectos da história ambiental com a história e cultura indígena, tendo em vista acontecimentos atuais importantes como a proposta do marco temporal para
demarcação das TIs (terras indígenas) e toda discussão sobre o impacto ambiental de atividades predatórias como garimpo nesses território, se valendo também da
característica fundamental de interdisciplinaridade da história ambiental (BITTENCOURT, 2011), e as articulações entre a História e áreas diversas que na teoria, que
possuiriam a primazia no trabalho com a temática. Portanto, essa pesquisa em andamento busca entender através de pesquisa bibliográfica e documental como a
trajetória histórica indígena pode ser manejada como um vetor para trabalhar a temática ambiental no ensino de história, sobretudo aplicado ao contexto do Ensino
Médio Integrado.
75
_____________________________________________________________________________________________________________
Demétrio de Faleros é conhecido como legislador, filósofo, retórico e político grego e causou impacto não só pelas suas obras como também por sua operação em duas
grandes cidades da Antiguidade, Atenas e Alexandria. No entanto, sua atuação permanece um enigma, seja à época de seu governo em Atenas, entre os anos de 317-
307 a.C., seja durante sua vida em exílio, em Tebas, por mais ou menos 10 anos, ou em Alexandria, por vários anos sob o beneplácito de Ptolomeu I Sóter (305-285 a.C.),
fundador da dinastia ptolomaica. Desse modo, ao contrário do que propõem os especialistas que se dedicaram ao tema do exílio egípcio de Demétrio, seu impacto nas
instituições da cidade de Alexandria é mais determinante do que geralmente se propõe, de modo que ajudou na transformação da cidade não apenas em sua
constituição, mas também em termos espaciais. Tendo isso em vista, esta comunicação tem como objetivo apresentar de que maneira sua ação produziu um ganho
particular à corte ptolomaica, o qual foi compatível com sua posição de expatriado em Alexandria. A análise de sua integração na nova cidade será feita à luz da Técnica
de Análise Categorial de Laurence Bardin, dos conceitos de representações de Roger Chartier (1990) e expatriado de Peter Burke (2017) e através da obra De Exilio de
Plutarco, presente em no livro VII de Moralia (96 d.C.) e da obra Aristeas a Filócrates de Aristeas (III/II a.C.).
76
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente comunicação é o resultado de uma pesquisa de mestrado do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Juiz de Fora, atualmente
em fase de conclusão. Baseada na dissertação intitulada "O Sagrado no Profano: Manifestações Religiosas e Formação de Identidade da FEB durante a Segunda Guerra
Mundial – Um Estudo das Trajetórias de Frei Orlando (1913-1945) e Monsenhor Francisco Eloi (1915-2003)”, esta apresentação explora a atuação do Serviço de
Assistência Religiosa da Força Expedicionária Brasileira durante os meses de combate das tropas brasileiras no teatro de operações italiano durante a Segunda Guerra
Mundial. Nesse sentido, serão apresentados os 27 capelães, católicos e protestantes, que integraram esse serviço, destacando suas funções em meio ao contexto
desafiador do campo de batalha. Além disso, serão discutidas as principais adversidades enfrentadas por esses sacerdotes e pastores, em especial, a sua adaptação ao
ambiente militar, bem como o impacto da prestação de serviços religiosos na vida cotidiana dos soldados brasileiros. Ao longo da apresentação, serão detalhadas as
fontes utilizadas na elaboração da dissertação e como a aplicação da metodologia da micro-história, com ênfase no conceito do "jogo de escalas" proposto por Jacques
Revel, permitiu revelar não apenas as funções desempenhadas pelos capelães, mas também as práticas religiosas dos combatentes brasileiros.
77
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente comunicação abordará pesquisas em andamento sobre O Teatro Indiano na Contemporaneidade que vêm sendo realizadas durante o Pós-doutorado Júnior
(PDJ), sob orientação da Profa. Dra. Denise Mancebo Zenicola, junto ao Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro (PPGAC-UNIRIO), no âmbito do “Programa de Apoio à Fixação de Jovens Doutores no Brasil”, com o apoio Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – CNPq, PDJ nº 150937/2023-7, e da FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, Processo SEI
260003/005791/2022. Em linhas gerais, os objetivos da pesquisa contemplam a investigação sobre a história de grupos teatrais indianos localizados em diferentes
regiões da Índia, tendo como base metodológica a análise de fontes escritas, orais, fotográficas, audiovisuais, documentais e bibliográficas e pesquisas de campo junto
à grupos teatrais e instituições acadêmicas, culturais e artísticas indianas. Nesse âmbito, diversos pesquisadores e artistas do Teatro Indiano integram o referencial
teórico da pesquisa, como: Sharmistha Saha, Usham Rojio, Brahma Prakash, Arjun Ghosh, Suchetana Banerjee, dentre outros. Assim, a presente pesquisa visa contribuir
com as áreas das Artes Cênicas, da História do Teatro e das Ciências Humanas e com o estabelecimento de diálogos entre o Brasil e a Índia, países com amplos e
representativos movimentos culturais, artísticos e teatrais.
78
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho tem como objetivo demonstrar os resultados obtidos na pesquisa que considerou a participação da Paranapanema nos empreendimentos realizados
na Amazônia, mais especificamente no território Waimiri-Atroari, entre 1964 e 1985. Analisamos a participação da ditadura empresarial-militar e seus órgãos como a
FUNAI e exército em relação com o empresariado que resultou em graves violações dos direitos humanos do povo Kinja. Essa faceta do desenvolvimentismo fomentado
durante o regime ditatorial se configurou como uma continuidade do processo colonizador que gestou a apropriação e expropriação do território em vista do lucro
baseado no monopólio. Para tanto, FUNAI e Exército colaboraram com os empreendimentos na Amazônia no sentido de garantir a exploração dessas áreas. Uma série
de artíficios ideológicos foram usados para justificar a invasão ao território amazônico, este já ocupado por povos originários de diversas etnias, mas que foram ignorados
e violentados durante o processo. Violência e invasão se esconderam atrás da ‘segurança’ e do ‘desenvolvimento’ em vistas de um processo de ‘Ocupação produtiva’,
forjando um vazio demográfico. É neste complexo arranjo entre poder público e privado que a mineração chega em território indígena como elemento desagregador
em diversos sentidos. No entanto, em contrapartida, na busca da sobrevivência de seus corpos, mas também de sua cultura e modos de vida, os Waimiri-Atroari
resistiram e resistem na defesa de seu território.
79
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho de pesquisa busca historicizar as pinturas murais criadas pelo pintor-decorador catalão José Maria Villaronga, para a decoração interior das fazendas
do Vale do Paraíba cafeeiro. Logo, questionamos: por que a pintura decorativa villaronguiana assumiu características visuais distintas daquelas produzidas nos palacetes
fluminenses, durante o mesmo período? Que papel desempenhou a obra de Villaronga, no processo de desenvolvimento da classe senhorial escravista? E como
entender essas decorações parietais como construção e representação da diferença social? Para alcançar a história dessas imagens, sua interpretação depende,
necessariamente, de situá-las no contexto em que foram produzidas. Assim, a partir de uma metodologia comparativa, identificamos, inicialmente, os elementos
compositivos que conferiram sentido ímpar e singular às decorações pictóricas de Villaronga, para em seguida, analisar temas e tipologias, evidenciando seus
significados, enquanto objeto de circunstâncias históricas, sociais e culturais específicas, as quais favoreceram a sua criação. Desta forma, foi possível compreender
como a pintura decorativa villaronguiana construiu, visualmente, um tipo de representação senhorial, alicerçada em certos aspectos de distinção externa e coesão
interna, intrínsecos às famílias dos megaproprietários rurais do Vale do Paraíba, durante o período de apogeu do café, criando, assim, a visualidade de uma época e de
uma região em particular.
80
_____________________________________________________________________________________________________________
Nesta Apresentação, Pretende-se Abordar a Trilogia Slasher Fear Street (2021) Tendo Como Problema Pensar a Origem do Subgênero Slasher, a Crescente Brutalidade
e a Violência Contra o Corpo Feminino em Filmes do Subgênero. Busca-se Entender o Porquê do Protagonismo nos Filmes Slasher é Majoritariamente Feminino, com
Ênfase no Corpo e à Sexualização, e o Porquê Ainda se Perpetuam Diversos Estereótipos Femininos Negativos Nessas Produções, Como na Figura da Final Girl. São Obras
Cinematográficas Que Serão Comparadas Com A Trilogia Fear Street, Para Analisar as Modificações Que os Três Filmes Propõem Como uma Renovação do Subgênero,
e se é Capaz de Alterar as (Antigas) Narrativas de Filmes Slasher. Fear Street é um Objeto de Pesquisa Relevante no Que se Refere às Questões de Gênero, Raça e
Sexualidade, Uma Vez Que dá Protagonismo a Grupos Historicamente Fadados ao Esquecimento e a Segregação Racial e Econômica, Dentro e Fora do Cinema.
Realizaremos um Estudo Aprofundado Dos Elementos Que Podem Tornar a Trilogia Tão Singular Comparado a Outros Filmes Slasher, Entre Eles um Diálogo Entre o
Audiovisual e Uma Tradição Antifeminina. Ademais, Iremos Compreender Como Fear Street Pode Ser Analisada Como Crítica a Sociedade, Uma Vez Que Utiliza Das
Questões de Gênero, Raça e Sexualidade Para Denunciar o Mundo Hétero Patriarcal.
81
_____________________________________________________________________________________________________________
O objetivo central deste trabalho é apresentar um panorama histórico do movimento feminista no Ocidente, com ênfase para os contextos de contribuições das
vertentes inglesa, francesa, americana e brasileira, visando o estabelecendo de um paralelo que solidifique a compreensão acerca das lutas empreendidas pelas
mulheres em busca de direitos. Para tanto, contaremos com o suporte crítico-teórico de Duarte (2003), Beauvoir (2019), Silva, Carmo e Ramos (2021), Pinto (2010),
Martins (2015), dentre outros, no objetivo de prover uma compreensão acerca das sistematizações que o movimento e a crítica (literária) feminista empreenderam, ao
tempo em que surgia um pensamento feminista que incidiu diretamente na forma de agir e pensar não apenas das mulheres, mas da sociedade como um todo, levando
a efeito uma série de mudanças e conquistas em favor da causa em lume. Para tanto, será dado destaque ao cenário do século XIX, em razão do surgimento de uma
tradição literária de autoria feminina neste que ficou conhecido como “o século da romancista”
82
_____________________________________________________________________________________________________________
A relação da autora italiana Elena Ferrante com Nápoles é evidente em toda a sua obra. Seja nas personagens principais de seus romances, mulheres napolitanas que
ascendem socialmente, como também nas histórias pessoais que a autora nos conta em seus textos não-ficcionais. Na tetralogia napolitana, acompanhamos a trajetória
de duas protagonistas de origens pobres, nascidas em um bairro periférico de Nápoles. A possibilidade de mobilidade social, na segunda metade do século XX, só é
possível devido aos acontecimentos do pós-Segunda Guerra na Itália, que trouxeram um processo de modernização tardia ao país. Ao representar literariamente esse
cronotopo da Itália na segunda metade do século XX em sua série de quatro romances, Ferrante reconstrói Nápoles como uma cidade dicotômica, composta por diversos
pares antitéticos: o sagrado e o profano, a sedução e a desilusão. Lila, uma das protagonistas, parece confundir-se com as características da própria cidade. Já Lenu
constrói sua relação com a cidade e a Itália ao realizar seu projeto de ascensão social partindo do sul do país, historicamente mais pobre, para o norte do país, conforme
ascendia no meio intelectual. Minha questão central nessa apresentação é refletir sobre como Ferrante constrói em sua obra, especialmente na tetralogia napolitana e
nos seus textos ditos não-ficcionais, uma cultura histórica italiana de meados do século XX na Itália, mobilizando seus leitores a investigarem as especificidades desse
momento histórico.
83
_____________________________________________________________________________________________________________
Este trabalho tem como tema a demolição do Largo de São Domingos na década 1940, na área central do Rio de Janeiro. O antigo Largo situava-se na área central da
cidade do Rio de Janeiro, mas especificamente na atual Avenida Presidente Vargas próximo ao DETRAN com a dimensão territorial da Rua Camerino até as proximidades
da Praça Tiradentes. Este território sofre diversas interversões urbanísticas ao longo século XX, antes mesmo do apagamento total do território. Neste sentido,
retomando os discursões sobre a formação do território de São Domingos no início do século XVIII a partir do crescimento urbano da cidade por meio da dinâmica das
irmandades negras, bem como a centralização da irmandade de São Domingos de Gusmão. Além disso, é abordado a conjuntura ideológica do começo da república, “o
bota-abaixo” que refletiu no Largo promovendo a primeira intervenção no território. Neste sentido, verificamos as mudanças políticas, econômicas no pos-30, no golpe
de Getúlio Vargas. Por meio de pesquisas, levantamento bibliográfico e análise da iconografia existente, analisamos as ideologias por trás das obras na área central do
Rio de Janeiro, para a abertura da Avenida Presidente Vargas entre os anos de 1941 – 1944, na qual foram demolidos diversos logradouros, como é o caso do Largo de
São Domingos e a Igreja de São Domingos de Gusmão. Por fim, buscamos estabelecer uma relação do Largo de São Domingos como pertencente a Pequena África.
84
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho trata do campo do conhecimento histórico imerso na categoria espacial "sertão", trazendo à tona a dimensão mnemônica do humano e a construção
de sua sensibilidade histórica. Nesse sentido, tem o objetivo discutir a relevância da produção historiográfica sobre os sertões para a dinâmica de construção da
consciência histórica resultante dos estudos ligados aos acontecimentos históricos, oriundos da pesquisa e do ensino e aprendizagem de história. Utilizou-se fontes
imagéticas, cartográficas e documentais textuais, para embasar uma escrita que se debruça, a partir da perspectiva da história social dos sertões, sobre a experiência
humana e ambiental de territorialização e reterritorialização dos Sertões do Rio Piranhas, Paraíba do Norte, na primeira metade do século XVIII, que foi geradora do
etnocídio dos povos indígenas originários da terra. Por fim, discute-se a emergência das memórias históricas em torno desses sertões de violência e resistências como
um manancial de compreensões sobre os interiores das relações humanas na História, aguçando uma sensibilização histórica dos sujeitos voltados para a criticidade do
presente a partir de suas leituras sobre o passado.
85
_____________________________________________________________________________________________________________
O Estado do Paraná, assim como outros estados brasileiros, possui muitos aspectos históricos que ainda não foram abordados em pesquisas científicas. Desta forma
trazemos para esta discussão um dos aspectos que está em processo de análise histórico científica, o processo de migração e formação populacional de uma dada região
do Estado, especificamente a região conhecida como Vale do Ivaí, a qual foi colonizada pela Companhia Ubá. Esta região ficou conhecida como fruto do encontro das
três frentes colonizadoras do Estado, segundo os estudiosos do século XIX. Não temos conhecimento de outras pesquisas que abordaram ou abordam essa temática e
que tenham como recorte temporal o século XX. Para tanto compreende-se que analisar a população que ocupou esta região é fundamental para que possamos
compreender o processo de migração, ocupação e formação dos municípios do Vale do Ivaí.
86
_____________________________________________________________________________________________________________
O negacionismo científico contemporâneo presente em muitos países, incluindo certamente o Brasil, é considerado por nós um retrocesso em relação a outros
momentos em que o conhecimento científico foi mais valorizado. A negação do valor da ciência acaba também por desqualificar o conhecimento histórico a respeito
de seus diferentes usos e de sua circulação entre comunidades voltadas para ações e intervenções conjuntas que objetivaram e objetivam lutar contra os graves
problemas sociais, em especial de saúde pública, tanto relativos ao passado quanto à atualidade. Partindo desta afirmação, este trabalho visa demonstrar a importância
da ciência na década de 1910, por meio da análise histórica sobre as ações e intercâmbios científicos entre vários países da América do Sul (Brasil, Bolívia, Peru, Argentina
e Uruguai), dos quais participaram o Instituto Oswaldo Cruz (IOC). Para isto nos valemos de pesquisa e análise de fontes secundárias e de fontes primárias que constam
na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional e no acervo histórico do IOC na Fiocruz. Apresentamos assim as diferentes iniciativas, personagens e objetos que circularam
no contexto histórico mencionado, e que resultaram na crescente institucionalização da ciência, formação de recursos humanos e enfrentamento de alguns dos cruciais
problemas de saúde pública da Região.
87
_____________________________________________________________________________________________________________
O objetivo desta pesquisa é analisar o desenvolvimento da aviação do Brasil no primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945), período marcado por consideráveis
mudanças no setor, sendo uma das principais a criação do Ministério da Aeronáutica em 1941, o qual ficou a cargo do ministro Salgado Filho. Defende-se que a principal
estratégia empregada pela administração varguista para empreender alterações profundas no campo aéreo foi a de investir na elaboração de um projeto de Estado
voltado à construção do que foi chamado na época de uma mentalidade aeronáutica. Ela consistia na tentativa de se generalizar a compreensão e o interesse da
população pelo desenvolvimento da navegação aérea, despertando em cada brasileiro o interesse de colaborar com a causa. O presente estudo foca na seguinte ação
promovida para viabilizar tal mentalidade: aumentar o número de aviões disponíveis para treinamento dos atuais e futuros condutores. Com esse intuito, Salgado Filho
recorreu principalmente à colaboração da sociedade civil, por meio de campanhas como a do alumínio e a dos jornais velhos, que estimulavam a doação particular
desses materiais que seriam vendidos e o dinheiro arrecadado auxiliaria na compra de aviões de treinamento a serem entregues aos aeroclubes nacionais. A
metodologia empregada na pesquisa consistirá na análise de jornais e de documentos localizados no Fundo Salgado Filho, do Arquivo Nacional.
88
_____________________________________________________________________________________________________________
Este trabalho se relaciona com a pesquisa que coordeno na Divisão de Memória Institucional do Sistema de Bibliotecas e Informação da UFRJ e com a pesquisa que
desenvolvo no Pós-Doutorado no PPGHIS/UFRJ referente à reflexão sobre as disputas de memória dentro da Universidade sobre o seu papel e de seus atores sociais
durante a ditadura civil-militar (1964-1985). Neste evento, apresentarei a análise da trajetória dos quarenta e quatro professores cassados pela Universidade com o
apoio de integrantes da instituição. Desde o final de 2022, começamos a realizar entrevistas com os docentes que trabalharam com estes professores cassados ou com
os seus familiares para assim organizarmos o acervo de História Oral sobre as suas memórias. Reforçamos que esta pesquisa também incentiva a análise, a disseminação
do acervo universitário, de seus lugares de memória, a orientação de novas pesquisas de Iniciação Científica entre os estudantes que se apropriam destes acervos como
fontes e objetos e a divulgação dos resultados das pesquisas e destas fontes históricas nos canais de informação da DMI. Promovendo, dessa maneira, não apenas a
divulgação científica sobre a Universidade, mas também um debate sobre a sua História Pública, com um público que nem sempre é do campo da História, mas que
tem uma identidade com a UFRJ, até mesmo uma memória afetiva com a instituição. Além disso, no caso específico dos docentes ao analisar as suas trajetórias
promovemos um debate sobre o que foi o esvaziamento científico, político, social e cultural enfrentado pela UFRJ, e por muitas instituições de ensino e pesquisa, ao
longo dos 21 anos de ditadura através da censura, perseguições, expulsões, violências e prisões sofridas pelo seu corpo social e em suas pesquisas.
89
_____________________________________________________________________________________________________________
No final da década de 1990, os historiadores se deram conta dos efeitos do lugar social, com suas permissões e censuras, sobre os sujeitos e, naturalmente, sobre seu
próprio ofício. A reflexão sobre a instituição histórica fez com que se atentasse para uma “história da história”, que permitiu procurar compreender, numa perspectiva
de longa duração, que teriam sido os objetos próprios, as formas de prova, escrita e trabalho intelectual impostos pelos diferentes lugares onde a história foi sendo
escrita. Em uma tentativa de escrever uma história mais abrangente, os historiadores têm atentado para o uso de novas fontes ou, às vezes, olhado de outra maneira
para fontes já conhecidas; eles estabeleceram novos objetos, novas abordagens e formas de explicação. Em geral, essa história alternativa (ou melhor, histórias
alternativas) tem sido designada como Nova História, ainda que, não raras vezes, seja parte de uma tendência consideravelmente mais antiga. O mesmo se pode dizer,
nos últimos anos, da influência que a as reflexões entre a história e geografia, as investigações das relações entre homem, ambiente e outros seres vivos ao longo do
processo histórico, assim como a ecologia e as questões ambientais, têm exercido enquanto objeto e na escrita da história. A emergência da chamada história ambiental,
por exemplo, é um bom exemplo desse alargamento da “amplitude narrativa” ou histórias alternativas. Neste texto, nós fornecemos alguns exemplos de como as
investigações no campo da história ambiental e aquelas têm focado numa abordagem histórica envolvendo homem, geografia, plantas e animais, possibilitaram alargar
nossa compreensão dos processos históricos e suas consequências para a formação do mundo atual.
90
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente estudo tem por objetivo analisar a pauta política no jornal A Luta durante a campanha eleitoral de 1970. O jornal foi fundado em 1967, no município de
Campo Maior, estado do Piauí. Foi no ano de 1970 que o órgão de comunicação se inseriu na pauta política municipal com a promoção de entrevistas com os candidatos
a prefeito e enquetes com os eleitores. No período, o jornal recebe a colaboração de jornalistas profissionais na reformulação do projeto gráfico e editorial. Assim,
pretendemos entender quais foram os mecanismos utilizados pelo jornal para consolidar-se como um órgão de comunicação e como suas narrativas possibilitam
compreender as disputas por poder, e, ainda, como isso repercutiu no cenário local. Portanto, nossa análise centra-se nos mecanismos utilizados pelos proprietários do
jornal na busca de inserir-se na política e como isso tornou-se uma prática do jornalismo praticado durante o recorte temporal e espacial proposto. Metodologicamente,
adotamos a pesquisa e crítica documental através da análise das edições do jornal A Luta, biografias, dados econômicos e estatísticos. O estudo toma como aporte
teórico a perspectiva da Nova História Política a partir da interlocução com Rémond (2003), Berstein (2003), Becker (2003) e Jeanneney (2003). Para estudar a história
da imprensa recorremos aos estudos de Abreu (2008), Ribeiro (2003), Capelato (2015) e Silva (2011).
91
_____________________________________________________________________________________________________________
O estudo da vida de uma liderança política é uma tarefa que estimula a curiosidade por detalhes pouco conhecidos. Partindo disso que se refere a biografia política de
Manoel José de Souza, na localidade de Varzedo, Recôncavo baiano, entre 1958 e 1992, isto é, do ano em que ele inicia como vereador, representando a vila de Varzedo
na câmara municipal de Santo Antônio de Jesus (Ba), até o ano em que ele termina abruptamente como prefeito do município de Varzedo, após ser assassinado a mando
de Luís Carlos Farias Mesquita, seu então vice-prefeito. Em sincronia a esse momento de mais de três décadas, Manoel José de Souza, apelidado por Nonô, conseguiu
ser eleito vereador por Varzedo, então distrito do município de Santo Antônio de Jesus, consecutivamente entre 1958 e 1988, estando filiado a partidos políticos (PSD,
UDN, ARENA, PDS, PFL, PMDB e, de novo, PFL) que alçavam o poder estadual. Criado município em 1989, após processo emancipatório que durou cinco anos (1985-
1989), Varzedo teve neste último ano sua primeira eleição para prefeito e vereadores, sendo Nonô vitorioso àquele cargo executivo, governando a localidade até 17 de
maio de 1992, dia em que foi assassinado. Portanto, demarcar a extensão temporal de 1958 a 1992 tem como fim compreender a ascensão, capilarização e a manutenção
do seu poder político a partir de suas ligações com lideranças políticas de Varzedo/Santo Antônio de Jesus e da Bahia, assim como a capilarização e manutenção daquele
seu poder sobre a população local a partir de ações pragmático-políticas denominadas de "clientelismo de parede-e-meia", prática de poder exercida através de
personalismo, conselhos, idas às casas de conhecidos, assistencialismo, popularidade e mandonismo, com base em documentos escritos, orais e imagéticos.
92
_____________________________________________________________________________________________________________
A história constitui uma ciência que sempre está em constante renovação, isto é, paradigmas que durante longos períodos foram vistos como verdades absolutas, são
renovados com a produção de novas pesquisas. Sabe-se que o ofício do historiador não é fácil, mas proporciona resultados incríveis. Nesse sentido, o intuito deste
trabalho foi de trazer à tona práticas utilizadas pelos invasores/colonizadores no espaço que se tornou o Brasil. A pesquisa contribuirá ao externar e discutir atos que
ainda carecem de debates, como: por exemplo; a concessão de terras aos donatários e introdução do governo-geral, bem como sobre centralização ou descentralização
no período colonial até a chegada da família Real em 1808 e, também, a formação das vilas e cidades durante o referido recorte temporal. Para isso, recorreu-se a
metodologia da revisão historiográfica com diálogo constante às novas produções acadêmicas. Desse modo, percebeu-se a justaposição de aspectos muitas vezes
tratados como antagônicos e a herança de atos praticados em períodos posteriores. Acrescenta-se que a proposta proporcionará subsídios que poderão ser aplicados
tanto como bases para pesquisas acadêmicas, quanto para o suporte didático.
93
_____________________________________________________________________________________________________________
Nos estudos da História Social do Trabalho e da Economia, campos nos quais caminho para formular a pesquisa de doutorado, há um problema urgente que se constitui
na falta de amplas discussões entre nossos pares sobre as desigualdades raciais. Como reflete Álvaro Pereira Nascimento, o campo da história social (mas, acredito que
pode ser muito mais amplo), não consegue ter a criatividade teórico-metodológica necessária para enfrentar os próprios esforços das fontes em ocultar a raça dos
atores sociais e o racismo enquanto problema social, sobretudo no pós-Abolição (2016, pp. 607-626). Dessa maneira, através de uma crítica à abordagem abusiva que
se faz de ideias alienígenas a nossa trajetória colonial e escravista (sobretudo de E.P. Thompson), proponho pensar caminhos teórico-metodológicos alternativos e
multidisciplinares, que embora não menosprezem as abordagens revolucionárias da historiografia inglesa, centram sua atenção no diálogo com os saberes negros,
especialmente com a psicologia (Frantz Fanon; Grada Kilomba), a antropologia (Lélia Gonzalez), a filosofia (Charles Mill) e no pensamento do ativismo clássico brasileiro
(Clóvis Moura). A partir disso, creio que podemos refletir técnicas de mapeamento da população negra em processos com precária informação racial, assim como as
oportunidades, as desumanizações e as percepções e lutas sociais que o racismo catalisou na disciplina de trabalho, caso específico desta comunicação.
94
_____________________________________________________________________________________________________________
A relação entre Antiguidade e Modernidade na Itália fascista se estabeleceu de maneira íntima e instrumental. As investidas em direção ao passado pautaram-se não
somente por paralelismos, mas na tentativa de edificação de uma amálgama entre os processos históricos, ressaltando a noção de continuum. Tais manifestações
podem ser observadas em diferentes níveis das esferas política, cultural e social, como: diretrizes educacionais, reformas urbanas, emprego de veículos de comunicação
de massa e até nas investidas imperialistas. Nesse sentido, variadas são as fontes que permitem ao historiador uma análise problematizada do contexto, alçando
destaque a abordagens interdisciplinares. A presente proposta de comunicação se insere nesse ínterim, ao examinar fragmentos de cinejornais da época. Visa-se
compreender criticamente a construção de sentidos através da linguagem cinematográfica. O cinejornal produzido pelo Instituto LUCE - responsável pela cinematografia
educativa fascista - atuou enquanto um dos principais meios de divulgação de informações do regime diretamente para a população. No início da década de 1930, as
obras de construção da Piazza Augusto Imperatore foram pauta frequente nas telas. A praça protagonizou um relevante debate no tocante à relação entre Antiguidade
e Modernidade, em especial com o restauro e isolamento do Mausoléu de Augusto, e será mobilizada, aqui, enquanto estudo de caso das estratégias de representação
empregadas no cinejornal em questão.
95
_____________________________________________________________________________________________________________
No panorama histórico atual, evidencia-se um deslocamento da centralidade tradicionalmente conferida à classe social, enquanto o gênero assume uma posição
proeminente como categoria de análise. Esse processo foi influenciado pelos movimentos sociais, especialmente pelo feminismo negro. Nesse sentido, este trabalho
propõe uma análise interdisciplinar e interseccional das questões socioambientais, explorando as perspectivas emergentes e os diálogos em (re)construção no contexto
contemporâneo. A interseccionalidade, como abordagem teórica-metodológica, busca compreender as múltiplas formas de opressão e desigualdades, considerando as
intersecções de raça, gênero e classe. A pesquisa é um recorte da tese de doutoramento que está em andamento e que a partir da perspectiva interseccional, visa
compreender de forma mais aprofundada as estruturas de poder e desigualdades que permeiam as questões socioambientais. Argumenta-se que, a partir da urgência
do debate sobre questão socioambiental uma interpretação interseccional é necessária para responder às demandas que vêm tensionando os estudos sobre mulheres,
meio ambiente e resíduos.
96
_____________________________________________________________________________________________________________
Analisando a região de Meia Ponte, atual cidade de Pirenópolis, em Goiás, esta pesquisa em andamento procura demostrar hipóteses iniciais sobre as relações familiares
– tanto consanguíneas quanto espirituais – entre escravos da região. Nosso objetivo é analisar a formação de famílias escravas no antigo arraial goiano por meio de
alianças sociais firmadas através do compadrio, identificando e interpretando dados encontrados no Livro de batismo de Pirenópolis, que possui registros de 1819 a
1868. O compadrio foi uma maneira de traçar alianças muito utilizada na América lusa, tanto por livres e libertos, quanto por escravos, que buscavam tecer redes de
sociabilidade com indivíduos que possuíam moral elevada, garantindo assim algum tipo de proteção e privilégio. Esta pesquisa pretende responder como se organizavam
as famílias cativas no arraial de Meia Ponte, entre os anos de 1819-25, identificando e interpretando dados como a quantidade de crianças e adultos escravos batizados,
assim como quem eram seus pais, donos e padrinhos.
97
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta comunicação tem como objetivo discutir a relação entre história, autoria e corpo, especificamente aquele construído pela dança cênica. A dança deve ser
compreendida como uma atividade que ocorre em um contexto político, cultural e econômico em que desenvolvimentos e elaborações científicas, filosóficas e artísticas,
também estão presentes naquilo que é apresentado. Logo, articula em cena, e nos corpos daqueles que a realizam, as questões que permeiam e se fazem presentes
em sua preparação, em uma simultaneidade de informações que confere o caráter multidisciplinar de sua elaboração. De mudanças estéticas e técnicas, passando por
diferentes posicionamentos políticos e artísticos, mas sempre ligada aos movimentos e desejos daqueles que a elaboram, a dança evidencia as relações espaço-
temporais em que é criada. Quando refletimos acerca da dança e de suas autorias, algumas perguntas surgem: quais são as matrizes históricas que podemos acionar
para pensarmos sobre os processos de autoria em dança cênica? Como uma coreografia opera no processo de construção do movimento do/no corpo? Como tratar da
questão da originalidade e assinatura na dança? Como pensar nas remontagens em dança – no balé e na dança contemporânea? Sem a pretensão de apontar respostas
definitivas, mas apontar caminhos possíveis para este debate, partimos das discussões realizadas por Michel Foucault, Roger Chartier e Susan Foster
98
_____________________________________________________________________________________________________________
Com a crise do capitalismo neoliberal e ascensão de diversos grupos de extrema direita a nível global, tornou-se imprescindível a investigação desse fenômeno. As redes
sociais se transformaram no principal campo de difusão dessas ideias, principalmente de uma nova extrema direita que combina elementos como: a anti modernidade,
o anti americanismo, ultra nacionalismo e a defesa da tradição em detrimento da tecnologia. A “Quarta Teoria Política” foi desenvolvida pelo filósofo russo Aleksandr
Dugin que possui seguidores em diversos países, incluindo Brasil. Os elementos citados possibilitaram a infiltração de seus seguidores nem partidos de esquerda.
Portanto o presente trabalho possui como principal objetivo analisar como elementos tão distintos – alguns atribuídos ao espectro da esquerda – são incorporados a
componentes defendidos pela extrema direita. Utilizamos o método da Análise Crítica do Discurso de Norman Fairclough que trata o discurso como produto das relações
sociais. Assim, olhamos para Dugin a partir do seu passado em grupos neonazistas, o contato com obras da filosofia Tradicionalista e seu contexto histórico – os anos
finais da URSS. É fundamental investigar sua ideologia, que por se diferenciar da extrema direita convencional possibilita que até mesmo os mais nacionalistas do
espectro da esquerda interpretem equivocadamente seu discurso como um aliado na luta contra as opressões e a desigualdade social.
99
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente comunicação tem por objetivos apresentar os resultados de pesquisa de tese defendida em agosto de 2023 no Programa de Pós-graduação em História,
Política e Bens Culturais da Fundação Getúlio Vargas (RJ). A pesquisa analisou a contribuição de Berta Gleizer Ribeiro através de sua vida-obra, de 1924 a 1997, para a
Antropologia brasileira do século XX, com ênfase para a Antropologia Ecológica e os estudos de adaptabilidade humana aos trópicos úmidos. A partir de entrevistas de
história oral com ex-colegas de profissão, amigos pessoais, ex-alunos e orientandos, e do levantamento bibliográfico da antropóloga, bem como consulta às biografias,
memoriais e arquivos sobre a mesma foi possível concluir que contribuiu com seus estudos sobre a TecEconomia dos indígenas brasileiros, conceito que cunhou para
explicar a produção desses indígenas, e contribuiu com a proposição do uso social da tecnologia indígena a fim de uma exploração mais sustentável dos recursos naturais
e da preservação da memória e do “saber-fazer” desses povos. Berta usava o estudo de cultura material e de arte visual dos indígenas brasileiros como fio condutor
para abordar temas como o domínio da fauna e flora, e o manejo agrícola e hídrico dos povos indígenas brasileiros. Suas obras antecipam debates atuais referentes à
conservação da biodiversidade florestal, mostrando que os saberes indígenas têm muito a nos ensinar sobre a sustentabilidade, o convívio com o meio-ambiente e o
respeito à natureza.
100
_____________________________________________________________________________________________________________
O objetivo da pesquisa é tomar a fundação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, como um ponto de chegada e não como um ponto de partida,
diferentemente de como tem abordado. Isso porque, a publicação de uma revista ou qualquer outro material impresso por uma associação é apenas a superfície de
algo muito mais denso e conflituoso. A documentação principal analisada é a publicação do livro 70 Reuniões anuais da SBPC publicado em 2018, a partir desta, agora,
fonte busca-se entender as relações que levaram à criação da SBPC, a partir do início do século XX, o cenário em que se dá a fundação da SBPC e, posteriormente, os
temas centrais das reuniões anuais que aconteceram entre 1949 e 1964. Para tanto, serão levados em consideração conceitos como espaço de experiência, horizonte
de expectativa, grupo, tempo, local social, atualização e dasein.
101
_____________________________________________________________________________________________________________
Arnaldo Xavier (1948-2004) foi um poeta e ativista negro paraibano, porém radicado em São Paulo, bastante atuante entre as décadas de 1970 e 2000 no campo cultural
afrodescendente. Dentro de sua produção intelectual, dedicado a diferentes gêneros como a poesia e o ensaio, destaco: Dha lamba à qvizila – a busca de hvma expressão
literária negra, ensaio publicado no ano de 1987 na coletânea Criação Crioula, Nu Elefante Branco, como registro do I Encontro de Poetas e Ficcionistas negros brasileiros,
realizado em 1985 em São Paulo, do qual o próprio Arnaldo foi um dos organizadores. Desta forma, nosso objetivo, nesta comunicação, será investigar as principais
ideias de Arnaldo Xavier no momento em que o debate sobre a chamada literatura negra brasileira emerge no campo cultural nacional, a partir das diversas formas de
polemização sobre o tema, no contexto do Brasil dos anos 1980 e 1990. Dha lampa à qvizila- a busca dhe hvma expressão literária negra, como um contraponto a ideia
naturalizada de literatura negra brasileira.
102
_____________________________________________________________________________________________________________
O processo histórico da modernidade substituiu a cosmovisão cristã, operando uma verdadeira reconfiguração de paradigma, de um mundo hierarquicamente
constituído para uma nova forma de organização social, na qual a subjetividade surge como valor. A questão religiosa, com isso, é deslocada da esfera pública para a
esfera privada. No bojo destas modificações, forja-se a sensibilidade antimoderna ou ultramontana que se expandiu por todas as igrejas locais, beneficiando-se da
centralização romana. Também no Brasil fez-se sentir o processo de romanização, aqui entendido como o processo de transição do catolicismo colonial ao catolicismo
universalista, tendo como figura paradigmática, no século XX, Alceu Amoroso Lima, cuja influência intelectual atuaria de modo duradouro nas elites brasileiras. O
objetivo do trabalho é investigar de que maneira o pensamento de Alceu Amoroso Lima, expresso em seus livros e artigos, constituiu-se como uma concretização, em
um nível brasileiro, daquela doutrina contra-revolucionária, antimoderna, hegemônica no contexto da centralização romana do século XIX. Será analisada a produção
bibliográfica do autor no período 1930-1940, em que assumiu completamente a perspectiva integrista, consubstanciada em livros e artigos para a revista A Ordem.
Como aporte teórico, utiliza-se a sociologia da religião de Peter Berger.
103
_____________________________________________________________________________________________________________
Neste estudo, examinamos o caso do Padre Luís António Cardoso processado pelo Tribunal do Santo Ofício por sebastianismo (1761 – 1768) no século XVIII em Portugal,
sob a influência do Marquês de Pombal. Nosso objetivo é analisar as implicações políticas e religiosas da acusação de sebastianismo, que não era usual no foro
inquisitorial. Utilizamos uma abordagem de nova história política, focando nos registros inquisitoriais, incluindo o processo digitalizado do padre. Investigamos as razões
por trás da acusação, considerando o controle de Pombal sobre instituições religiosas e a relação dos jesuítas com o poder estabelecido, bem como a secularização em
uma sociedade religiosa. Nossos resultados revelam que o caso de Padre Luís António Cardoso desempenhou um papel relevante nas estratégias de Pombal para
consolidar seu poder. A acusação de sebastianismo, aparentemente religiosa, era uma ferramenta política para suprimir o apoio a figuras desafiadoras. Pombal
manipulou temas religiosos para justificar perseguições e demonstrar controle sobre as instituições eclesiásticas. O caso exemplifica a complexa interseção entre política
e religião no século XVIII em Portugal. Essa acusação religiosa serviu como meio para atingir objetivos políticos. Este estudo contribui para uma compreensão mais
profunda das estratégias de controle e manipulação de poder, destacando a importância de considerar o contexto político ao analisar questões religiosas.
104
_____________________________________________________________________________________________________________
Partindo do pressuposto de que o ensino de história precisa ser repetidamente repensado, a presente apresentação trará apontamentos que envolvem o ensino de
história e a proposta de uma educação que parta de uma abordagem da amorosidade ética, com vistas para a liberdade, ancorada nas ideias de bell hooks e Paulo
Freire. Esse tipo de abordagem educativa é muito pertinente, já que os sujeitos que estão no espaço escolar necessitam de orientação para um caminho de percepção
de como se constituem as narrativas históricas e como pode ser realizado o movimento de resistência, onde acontece a valorização de todas as culturas existentes e
todas as vozes podem ser ouvidas, em um caráter de horizontalidade e pluralidade. Além disso, será realizado um breve apanhado sobre como se dá a construção do
currículo escolar, apontando que se trata, historicamente, de caráter elitista e burguês, onde o que foi e será ensinado é organizado de modo intencional para que
alguns grupos continuem prevalecendo sobre outros.
105
_____________________________________________________________________________________________________________
A comunicação tem por objetivo abordar a trajetória de alguns proprietários de terras em Campos dos Goytacazes analisando as estratégias utilizadas para ampliação
de seu capital econômico, político e simbólico. A região constituiu-se como importante polo produtor de açúcar de forma que a conquista de terras e de escravizados e
indígenas tornou-se a principal fonte de riqueza dos proprietários locais selecionados para análise. Estes, além da busca pela ampliação de seu poder econômico,
trataram também de assegurar capital político, por meio da ocupação de cargos camarários, e simbólico, à medida que tiveram sucesso em adentrar a nobreza imperial
através das condecorações honoríficas. As condecorações serviram ao propósito de consolidar trajetórias de poder construídas a partir do final do século XVIII. A
abertura para alcançar um lugar social prestigioso na hierarquia do Primeiro Reinado se deu em virtude da necessidade do poder central assegurar fidelidade de grupos
poderosos em cada localidade do Império, de modo a consolidar o apoio político que legitimaria o poder de D. Pedro I. Dessa forma, o imperador concedeu um grande
número de condecorações que contemplaram os personagens escolhidos para análise. A comunicação debruça-se, portanto, sobre diversos requerimentos elaborados
por esses personagens, com a intenção de mapear as estratégias adotadas na construção de seu poder.
106
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente projeto de Iniciação Científica tem o intuito de mapear as charges da Revista Careta, sediada no Rio de Janeiro, como um meio relevante para a arena pública
durante o recorte histórico entre 1939 e 1960. A partir da Segunda Guerra Mundial e da Guerra Fria, o mundo entra em uma era das ideologias e vai vivenciar a mudança
do eixo hegemônico do poder mundial, da Europa para os EUA e a URSS. Esse momento foi vivenciado, no Brasil, a partir de um contexto de transição interna, do regime
autoritário do Estado Novo getulista para uma nova democracia. A partir desse recorte, pretende-se analisar a representação das diferentes ideologias presentes no
campo público/cenário mundial desse período, em que há a utilização do humor para a expressão de opiniões políticas. Para tal, essa pesquisa se pautará pelo método
documentário, guiado por um princípio reconstrutivo e qualitativo segundo o qual se intenta destacar, por uma análise comparativa (interna e externa), as estruturas
discursivas, de pensamento e de ação.
107
_____________________________________________________________________________________________________________
A comunicação tratará sobre as “mulheres de conforto” coreanas através da Graphic Novel Grama, escrito por Keum Suk Gendry-Kim. Em um primeiro momento,
abordaremos quem foram as “mulheres de conforto” e quais foram suas vivências. Em seguida discutiremos sobre a Graphic Novel Grama, trazendo alguns detalhes
sobre a obra. O próximo tópico analisará como o caso das “mulheres de conforto” é representado dentro da Graphic Novel Grama. Por fim, a conclusão do trabalho irá
apresentar os resultados obtidos neste estudo. As “mulheres de conforto” referem-se às mulheres que foram submetidas à escravidão sexual pelo Império Japonês
durante a Segunda Guerra Mundial. Essas mulheres eram sequestradas, recrutadas à força ou enganadas por meio de falsas promessas de trabalho. Uma vez capturadas,
eram mantidas em bordéis militares, nomeados de ""casas de conforto"", onde eram obrigadas a fornecer serviços sexuais aos soldados japoneses. Grama é uma
Graphic Novel, escrita por Keum Suk Gendry-Kim, que conta a história de Ok-Sun Lee, uma coreana que foi vítima do “sistema de conforto” japonês. A HQ foi lançada
no Brasil pela editora Pipoca & Nanquim. Neste livro, Ok-Sun Lee narra a maior parte da sua vida: desde a infância, mostrando as dificuldades que ela e sua família
passaram devido ao colonialismo japonês; o momento em que ela foi raptada; como foi sua vivência como “mulher de conforto” e sua vida no pós-guerra.
108
_____________________________________________________________________________________________________________
As mudanças historiográficas ocorridas a partir da década de 70, a citar: o retorno do político’ e o conceito de ‘cultura política’ com René Remond e Serge Berstein, que
demonstraram a importância de se compreender que cultura não é um mero reflexo, mas ponto crucial de entendimento de ações políticas, e, o que tange o
estabelecimento da imagem, mais especificamente, a fotografia, enquanto fonte, como propõe Ana Maria Mauad, compõem o plano de fundo que essa pesquisa se
inscreve onde se predispõe a debruçar-se sobre a relação entre fotografia, e história, dando ênfase no conceito de fotografia pública e seu papel na configuração de
espaço público visual contemporâneo, durante o período de 1939-1945, que abrange a Segunda Guerra Mundial, o Estado Novo e a Política da Boa-Vizinhança. A partir
da análise da revista ilustrada Revista da Semana, investiga como foi expressa em suas páginas a política de estreitamento da amizade hemisférica entre Estados Unidos
e Brasil, além de se comprometer em investigar de que forma a revista e as imagens que nela circulavam ajudavam a construir e conformar cultura(s) política(s). Como
citado anteriormente, o recorte temporal é o período de 1939-1945, que corresponde ao desenrolar da Segunda Guerra Mundial e processo de solidificação da
solidariedade hemisférica entre Brasil e Estados Unidos com a ‘Política da Boa-Vizinhança’, que inovou nos métodos de controle e teve como base de sua ação a
construção de uma cultura política visual específica.
109
_____________________________________________________________________________________________________________
A comunicação e o trabalho de pesquisa se concentram na análise detalhada da vida e obra de Hannah Arendt, explorando sua trajetória intelectual, sua influência no
pensamento político e filosófico, bem como seu legado na compreensão da política no contexto da Guerra Fria e suas implicações contemporâneas. Explorando o
conceito da banalidade do mal, que tem origem no trabalho notável “Eichmann em Jerusalém: Um Relato sobre a Banalidade do Mal”, Arendt explora como indivíduos
aparentemente comuns podem se envolver em atrocidades em massa, como as que ocorreram durante o Holocausto. A expressão “banalidade do mal” encapsula a
ideia de que esses atos horríveis não são cometidos exclusivamente por fanáticos extremistas, mas, alarmantemente, por pessoas comuns que, ao seguir ordens sem
questionar, acabam por perder sua capacidade de fazer julgamentos morais.
110
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta comunicação é um recorte da pesquisa de doutorado. Centra-se na recuperação histórica da Capela São Pedro, localizada na comunidade rural do Deizinho do
Vermelho, em Rolândia (PR), desde a doação do terreno pela família Frigo até a comemoração das Bodas de Ouro de um dos descendentes, realizada em 2020. Duas
fotografias: uma do dia da inauguração da capela e outra da primeira turma da Primeira Comunhão, ambas de 1954, aliadas aos álbuns da família Frigo, pesquisa
bibliográfica e de campo foram o norte desse artigo. Utilizou-se a fotografia como gatilho disparadora da memória, metodologia criada pelo grupo de pesquisa
Comunicação e História, sob a coordenação do professor Paulo Boni, da Universidade Estadual de Londrina, que alia história oral à fotografia e que vem apresentando
resultados positivos para obter informações que antes, em depoimentos comuns, poderiam ficar à margem da memória. As imagens acionam a memória e fazem com
que o sujeito volte ao passado, revivendo situações e trazendo à tona histórias latentes, que extrapolam o retângulo da fotografia. Cada relato foi importante para
recuperar mais detalhes da história da comunidade. Os principais aportes teóricos se concentram nos referenciais da História Cultural e nos procedimentos
metodológicos sugeridos pela Micro-História e a História Oral, desenvolvidos a partir das proposições de Peter Burke (2004), Portelli (2016) e Ginszburg (1989) e para a
reflexão fotográfica, Pesavento, Sontag, Kossoy e Boni.
111
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta comunicação tem como objetivo evidenciar o problema histórico da grilagem, de forma específica, a atuação da Colonizadora Itaporanga em Rondônia, entre os
anos de 1970 a 1980. Para isso, utilizamos os registros produzidos pelo SNI (Serviço Nacional de Inteligência da Ditadura Militar). Tais documentos datam a instalação
da Itaporanga em Rondônia em 1967, ocupando ilegalmente uma grande extensão de terras. A colonizadora não era registrada no Incra para exercer as atividades de
colonização e nem teve aprovado pelos órgãos competentes, qualquer projeto de loteamento. Apesar dessa irregularidade, ocupou e passou lotear, uma área de
1700.000 ha. Esta ação gerou conflitos com famílias trazidas do Sul e a população indígena que habitava a região. O argumento principal é que os projetos de
“colonização” criados pelo regime militar, foi um meio institucional de regularização, legitimação e perpetuação da grilagem. Além de servir como justificativa para a
resolução dos conflitos, uma forma de conter ou conformar problemas sociais advindos da região Sul do país, tal processo provocou uma expropriação contínua da força
de trabalho no campo. A atuação de colonizadoras e grileiros, produziu um verdadeiro roubo de terras no Estado, já que a titulação realizada pela autarquia ocorreu à
revelia de seus interesses articulados às empresas colonizadoras.
112
_____________________________________________________________________________________________________________
A finalidade desta exposição é refletir sobre as experiências de defesa e militarização no Império Ultramarino Português na segunda metade do século XVIII. O contexto
espacial delimitado compreende duas áreas: o Norte e o Centro-Sul da América Portuguesa. Mais especificamente, as zonas de fronteira, lugares onde a necessidade
de prevenir-se é constante, onde os vassalos deveriam estar atentos e preparados para não deixarem margem a que o agressor os surpreenda. Essas regiões fronteiriças,
pelo menos idealmente, deveriam dispor de uma eficaz estrutura defensiva para garantir a posse do território. Pretendemos fazer uma breve analise comparativa a fim
de obter uma compreensão mais ampla sobre a política militar utilizada pela Coroa Lusitana nas suas possessões ultramarina, na segunda metade do século XVIII A
metodologia selecionada consiste no levantamento dos diversos ofícios, cartas, requerimentos, consultas e ordens existentes no Arquivo Histórico Ultramarino (AHU),
sobre o projeto militar pombalino disponibilizado digitalmente através do Projeto Resgate.
113
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta comunicação objetiva analisar as concepções de educação materializadas no Serviço de Radiodifusão Educativa (SRE), nos anos de 1943 a 1951. O recorte temporal
justifica-se pela implementação do projeto em 1943 com a nomeação do primeiro diretor do Serviço, Fernando Tude de Souza. O ano de 1951 marca o encerramento
dessa diretoria. Utilizamos como fontes documentais, cartas e discursos proferidos por Fernando Tude de Souza (1943-1951). Para dialogar com as fontes usamos Rangel
(1997), Oliveira (2001), Freitas (2001), Camara (2010), (2013), Capelato (2012), entre outros. O Serviço de Radiodifusão Educativa foi criado pelo ministro de Educação
e Saúde, Gustavo Capanema (1937-1945), a partir do decreto de lei nº. 378. A direção de Fernando Tude de Souza trouxe como base os ideais de educar e instruir a
população brasileira pelo rádio. O Serviço trazia nas suas transmissões, aulas de: Português, Francês, Espanhol, Ciências, História, Conselho doméstico, Trabalho agrícola
e Geografia; cursos de: Matemática, Italiano, latim, puericultura; além de novelas, dramatizações, literatura, artes, concertos musicais e palestras. Com essa
programação diversa o Serviço colocou em prática seu projeto integrador tendo como fio condutor a educação via rádio.
114
_____________________________________________________________________________________________________________
A comunicação livre pretende abordar a Exposição Americana de Arte Popular (EAAP), ocorrida entre 1937 e 1943, que marcou um ponto crucial na história cultural e
diplomática do Chile e da América Latina. Este estudo investiga esse evento multifacetado, que não apenas celebrou o centenário da independência chilena, mas
também desempenhou um papel fundamental na promoção da cooperação intelectual internacional e no fortalecimento da identidade latino-americana. A pesquisa
aborda a EAAP a partir de três perspectivas entrelaçadas: a diplomacia e a cooperação intelectual, a cultura e a arte popular, e o movimento latino-americanista. Isso
permitirá uma compreensão mais profunda dos objetivos e narrativas subjacentes a esse evento histórico.
115
_____________________________________________________________________________________________________________
O conhecimento sobre a história das cidades é importante para que seus habitantes possam compreender e contextualizar o modo de ocupação do território onde
vivem. Preservar a história “não oficial” da ocupação desses territórios é uma forma de identificar as inúmeras facetas, contradições e posições sociais, políticas e
econômicas existentes em todas as cidades. Objetivo: Este trabalho visa apresentar a importância do Centro de Memória de Diadema para o resgate da história de
ocupação do território de Diadema. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa documental sobre o Centro de Memória de Diadema, baseada em publicações da Prefeitura
local, jornais da região e em materiais do referido equipamento. Desenvolvimento: Trata-se de um centro público municipal de documentação e memória social,
inaugurado em 2003, com acervo de documentos textuais, orais, audiovisuais e fotográficos, jornais e publicações acadêmicas. Gravações com depoimentos de
moradores antigos da cidade permitem a recuperação da história do município, conhecido pelo seu histórico inicial de participação e de mobilização popular. Outras
atividades também ocorrem nesse espaço, como feira de troca de livros e sarau da memória. Considerações: Contextualizar o processo de ocupação histórica da cidade
é importante para os sujeitos compreendam as razões de constituição do território na contemporaneidade.
116
_____________________________________________________________________________________________________________
Relicário de Heranças é o título de um componente previsto no Currículo Referencial do Estado do Rio de Janeiro para o Novo Ensino Médio. Esse componente curricular
integra o itinerário formativo concernente às Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, pertencendo à trilha de aprendizagem intitulada “Oportuna(i)dade” e tendo
aplicação prevista para turmas do 2º e 3º anos do referido segmento da Educação Básica. O trabalho, que ora apresentamos, visa discutir os percursos trilhados durante
a construção e execução de uma sequência didática com uma turma do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Professor José de Souza Marques, localizado no
subúrbio de Brás de Pina - Rio de Janeiro, na qual esse componente faz parte da grade curricular. A sequência partiu da exibição de entrevista audiovisual realizada com
antiga moradora - mulher, negra, migrante - de uma cidade da Baixada Fluminense, que funcionou como provocador para que a turma produzisse textos, nos quais
fossem destacados, os aspectos mais marcantes dessa narrativa. Com base nos textos redigidos, tendo como base 2 eixos temáticos a saber - ser mulher e migrações -
os estudantes elaboraram roteiros de entrevistas e entrevistadas pessoas pertencentes às comunidades escolar e familiar. As reflexões aqui apresentadas, também
fazem parte das ações previstas pelo projeto “Usos do autobiográfico e educação antirracista”, sediado na UERJ.
117
_____________________________________________________________________________________________________________
O objetivo desse estudo está em investigar a Inspetoria de Higiene Infantil (IHI), primeiro órgão de natureza federal de assistência materno-infantil, analisando as ações
apoiadas na higiene e na eugenia dirigidas à infância, no esforço de promover a educação higiênica, sem descurar da proteção social, na mitigação da mortalidade
infantil, focando especialmente na gestão de Olímpio Olinto de Oliveira (1930-1934). O recorte cronológico desta análise justifica-se por ser essa a ocasião que demarca
a inserção e a atuação deste médico nos quadros do Estado, no Distrito Federal, no ano de 1930, além de ser o período da sua direção na IHI. Em paralelo, nesse
momento ocorreram transformações fazendo com que a política materno-infantil passasse a dar fundamentação as ações médico-social balizando o projeto, em curso,
de construção de nação. A nossa hipótese é que a existência da IHI se constituiu num esforço pioneiro de centralizar, sob a égide estatal, a política materno-infantil,
caracterizada por ser descentralizada e local.
118
_____________________________________________________________________________________________________________
Este trabalho visa apresentar a devoção popular em torno de Corina Portugal, uma santa não canônica, venerada no Cemitério Municipal São José, em Ponta Grossa
(PR). O projeto buscou informações sobre o assassinato de Corina Portugal em 1889, revelando a escassez de registros sobre sua vida nos arquivos locais e na imprensa
da época. Corina era uma mulher do séc. XIX, cuja história só ganhou notoriedade após seu trágico assassinato, e, anos mais tarde pela veneração em dois momentos
distintos: 26/04 (falecimento) e 02/11 (finados). O espaço cemiterial e a figura de Corina Portugal se interconectam nas relações sociais dos devotos, moldadas pela
subjetividade e influenciadas por tradições, recriações e sentimentos de pertencimento. Partindo das colocações anteriores, a pesquisa em andamento tem como
principal objetivo entender como a rede de devoção popular em torno de Corina Portugal se distribui e perpetua ao longo das gerações, bem como, as interações entre
o espaço cemiterial e a devoção popular, enquanto patrimônio cultural local. A metodologia envolve entrevistas escritas e orais com diferentes públicos, bem como as
observações etnográficas das celebrações e rituais relacionados à devoção. Os resultados esperados incluem a produção de conhecimento científico sobre a relação
entre o espaço cemiterial e a devoção popular, contribuindo para a disseminação do entendimento sobre Corina Portugal e sua importância como patrimônio cultural
de Ponta Grossa.
119
_____________________________________________________________________________________________________________
Analisaremos neste trabalho a cidade de Itapira, localizada no interior do Estado de São Paulo, a partir da Congada Mineira do Senhor Arnaldo Franco (1959), a Festa
do 13 de Maio (1888) e a estátua da “Mãe Preta” (1985) como forma de compreender os apagamentos da história negra e escravista na região, em detrimento a história
das elites locais de sobrenomes que, ainda hoje, têm seus lugares de destaque, não só pelo centro da cidade como espalhados por toda a localidade. Nosso objetivo
neste artigo é compreender o distanciamento da população negra de Itapira/SP em relação a esses marcos e eventos a partir da história da cidade e suas memórias
subalternas, em especial, as memórias negras escravizadas; para tanto, mobilizamos os conceitos de história local e história regional. Nossas fontes circunscrevem as
obras produzidas por memorialistas e literatos da cidade de Itapira/SP. Nos amparamos metodologicamente na abordagem histórico-crítico como possibilidade de
suspeita e dúvida quanto aos discursos impressos em nossas fontes, que culminará em uma hermenêutica do diálogo passado-presente.
120
_____________________________________________________________________________________________________________
Esse trabalho se propõe abordar sobre o racismo no Brasil por meio dos estudos do trauma histórico, ou seja, busca encontrar respostas de como o racismo reverbera
na população brasileira hoje e como ela o percebe, mais precisamente dentro do ambiente escolar e da sala de aula. Sendo assim, muitos historiadores e historiadoras
defendem o conceito de passados vivos, que seria um passado que existe no presente e um presente que não deixa de ser passado, isto é, ao mesmo tempo passado e
presente. Como também o conceito de memórias sensíveis, que tem por objetivo compreender tal contradição desses ecos de um passado, tanto por seu aspecto
violento como pelo seu lado de resistência e luta, compreendendo toda a sua polissemia. Dito isso, o foco será estabelecer um diálogo entre tais estudos e a linguagem
das histórias em quadrinhos em sala de aula, fazendo um debate permanente entre o que está sendo exposto nos quadrinhos e como os(as) estudantes percebem os
ecos da escravização na atual estrutura social. Possibilitando a construção de um guia de leitura e debate sobre a obra Jeremias: Pele, de Rafael Calça e Jefferson Costa,
num método de transformar o espaço da aula de história como uma forma de falar do passado sem parar de pensar no presente, pois não se faz justo que uma instituição
que lida com processos de formação humana continue se esquecendo de fatores humanos, das diferenças, identidades e emoções de eventos que ainda geram grande
impacto em nosso presente.
121
_____________________________________________________________________________________________________________
A eugenia, idealizada por Francis Galton (1822–1911) no final do século XIX, tornou-se uma espécie de autorretrato da modernidade. Atraindo entusiastas de todo o
mundo, a “ciência de Galton”, como ficou conhecida, tornou-se um dos conceitos centrais nos debates científicos, sociais e políticos, tanto na Europa quanto nas
Américas. Por meio de metodologias de intervenção e controle sobre a hereditariedade e o meio ambiente, as teorias eugênicas prometiam melhorar a qualidade
genética das populações humanas e, ao mesmo tempo, evitar a degenerescência da sociedade. Como resultado, alguns campos de conhecimento relacionados à
genética foram favorecidos, o que levou à estruturação do modelo de “eugenia negativa”, o qual reivindicava a adoção de medidas biopolíticas totais — difusão de
métodos contraceptivos; restrições matrimoniais quando necessárias; e a esterilização de indivíduos considerados prejudiciais para a saúde coletiva e da raça. No
contexto específico do Brasil, a implementação do regime republicano no final do século XIX refletiu uma época fortemente influenciada pelo positivismo de Augusto
Comte (1798–1857) e pelo darwinismo social de Herbert Spencer (1820–1903). Esse cenário propício permitiu a incorporação de novos projetos de engenharia social
que prometiam a melhoria da condição humana, sob a perspectiva da classe burguesa, visando preservar a “linhagem” das elites sociais e, ao mesmo tempo, regenerar
as classes populares por meio de medidas higiênicas e morais.
122
_____________________________________________________________________________________________________________
Este trabalho visa perceber como o negro era representado nos anos finais da escravidão (1884-1888) por dois jornais campistas muito diferentes: Vinte e Cinco de
Março, jornal abolicionista cujo redator era acusado de acoitar escravizados, mandar pôr fogo em canaviais, dentre outras coisas, e o Monitor Campista, jornal de
situação, aparentemente emancipacionista, pretensamente neutro, repleto de anúncios que envolviam compra, venda, aluguel e fuga de escravos. Por meio de uma
perspectiva comparada, pretende-se descobrir similaridades e diferenças entre os jornais, como eles se influenciavam mutuamente e de que forma construíam a
imagem do negro.
123
_____________________________________________________________________________________________________________
O Brasil é um país de dimensões continentais, o que faz com que os anos da ditadura militar (1964-1985) não tenham sido vivenciados da mesma maneira do Oiapoque
ao Chuí. Entretanto, a sociedade, em geral, ainda pauta suas visões em grandes mitos forjados no período e em generalizações explicativas, considerando o Sudeste do
país, no âmbito das “narrativas hegemônicas”. Diante deste panorama essa comunicação se volta para uma experiência estudantil na cidade de Pelotas – RS. Conhecida
como ‘cidade universitária’, o Movimento Estudantil possuiu significativa participação nas mobilizações contra a ditadura nesta cidade. Assim, através de uma intersecção
entre os campos das Artes Visuais, Museologia e História, buscamos refletir sobre a consolidação do ME pelotense durante o período, compreendendo sua atuação
através da montagem de uma exposição curricular no curso de Museologia da UFPel, durante o segundo semestre de 2023. A exposição foi concebida de forma
colaborativa e participativa, onde o público poderia incluir materiais junto ao que já estava exposto, bem como, disfrutar de uma experiencia multissensorial. Através
desta mostra, foi possível ampliar a repercussão do ME em relação aos períodos perpassados por ele, fazendo conexões dinâmicas entre o período ditatorial até as
reivindicações do presente, bem como intersecções com a sociedade como um todo.
124
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente proposta busca apresentar resultados de uma pesquisa concluída durante o mestrado em educação, na qual o objeto de estudos teve como foco a merenda
escolar, tão presente no cotidiano das escolas, mas que, ainda se apresenta de modo tímido nos debates dentro do campo da educação. Pensar e olhar a merenda por
meio de aspectos históricos proporcionou adentro a questões que se mantém presentes no cenário atual e que foram precursoras da necessidade de adentro do
alimento nas instituições de ensino públicas. O espaço utilizado para materializar esta abordagem tratou-se de uma escola publica localizada em uma cidade interiorana
do pontal do triângulo mineiro contando também com a participação de sujeitos essenciais para a corporificação da oferta de alimentação nas escolas, as merendeiras.
As histórias e memórias reverberadas por estas mulheres sustentaram todo propósito do trabalho, indo além e auxiliando na condução em trazer e apresentar como a
alimentação neste espaço figura como temática importante e necessária nas discussões no campo da educação.
125
_____________________________________________________________________________________________________________
O empreendimento da bomba atômica marcou o final da Segunda Guerra Mundial e o início da nova ordem internacional. O advento do átomo é, portanto, um marco
definidor da Guerra Fria. A apresentação é resultado da pesquisa de doutorado que procurou analisar a construção do aparato institucional para a energia atômica no
contexto do modelo de segurança nacional entre 1945 e 1950. A regulamentação da tecnologia foi uma das prioridades do governo do presidente Harry Truman. Um
dos principais pontos de discussão naquele momento era a mudança de paradigmas de uma realidade de guerra para uma de paz – a transferência do controle da
energia atômica (e, consequentemente, das bombas) para uma agência civil. O Congresso americano participou ativamente da formulação dos padrões da política
externa, incluindo a regulação da energia nuclear. O foco da pesquisa foi a aprovação da Lei de Energia Atômica de 1946 e a instalação do Comitê Conjunto de Energia
Atômica (JCAE), cuja prerrogativa de oversight sem precedentes implicou em maior atuação do Congresso no tema do átomo. Questões exploradas foram: dicotomia
entre controle civil e militar da energia atômica; dissonâncias entre a Câmara e o Senado; relação entre democratas e republicanos – divergências pouco obedeciam a
linhas partidárias até 1949; tentativa de equilíbrio entre segurança nacional e defesa dos valores democráticos. As transcrições das sessões executivas do JCAE foram o
corpus documental predominante na execução da tese.
126
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho utiliza como fontes principais testamentos datados para a segunda metade do século XVIII, no período de 1748 a 1759, de moradores da Vila de
Santo Antônio de Sá e região, e que temendo da morte escreveram seus testamentos, contendo suas especificidades sobre o testador e a região em que viveram. A
pesquisa tem intenção de compreender quem eram os habitantes da região, como viviam, como eram a base econômica e se havia ligação com os religiosos franciscanos.
Além de compreender a relação do Convento com os testamentos e a vida religiosa dos habitantes. Desse modo, o trabalho tem por objetivo estudar as atitudes dos
homens da Vila de Santo Antônio de Sá na hora da morte e os seus comportamentos embasados na fé que possuíam, trazendo consequências para a base religiosa e a
população da vila. Além de tentar compreender os aspectos sociais e econômicos da população local no período colonial e os seus vestígios nos dias atuais. Através do
cruzamento dos testamentos com outas fontes primarias como requerimentos, doações de terra, entre outros, demonstrou-se uma história no âmbito social, econômico
e cultural sobre o população da Vila de Santo Antônio de Sá. Foi possível identificar como são distribuídos os bens dos testamenteiros, e relacionar os bens que eram
deixados para o clero e entidades religiosas de Santo Antônio de Sá, observando a ligação entre a fé e religião e a cultura material.
127
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta análise concerne a estudos históricos e historiográficos que visam compreender processos de concepções de Nação e nacionalismo no Brasil, aprendidas como
“forjamento” do Povo brasileiro. Aborda-se influências eugênicas em contextos delimitados entre 1834 e 1934, marcos apontados entre o fim de um lapso temporal
(1820-1834) por Gladys Ribeiro (2007) e os debates racialistas da Primeira República e início da Era Vargas, empreendendo abordagem sobre a Mulher como Ser
biológico e político. A pesquisa discorre sobre estudos do corpo feminino nas áreas da Ginecologia e da Obstetrícia, concomitante com os avanços das pesquisas
científicas das artes leigas do partejar, juntamente com os cuidados assépticos recém introduzidos pelas ciências médicas, no século XIX. O Partejar como significado e
significante da concepção biológica (eugênica) do povo brasileiro e forjamento da cidadania brasileira será objeto desta pesquisa que, metodologicamente, abordará
bibliografia pertinente, exame documental em Instituições públicas e de organizações civis dedicadas à pesquisa e cuidado da Mulher gestante e parturiente, no ensejo
de controle, cuidado e cura da população e do “povo nacional”. Para análise dos dados levar-se-á em conta as análises contextuais segundo concepção de temporalidade
trazida à História por Koselleck (2006), assim como a noção de “Cultura Política” como compartilhamento de “comportamentos” políticos em determinados contextos.
128
_____________________________________________________________________________________________________________
O estudo em questão, tem como objetivo principal analisar o modo, pelo qual o Novo Ensino Médio, está sendo implantado nas escolas públicas no Brasil, mais
especificamente nas escolas integrais da Paraíba, e como a grade curricular e a chamada parte diversificada desestrutura as disciplinas da Base Nacional Comum
Curricular – BNCC. É importante salientar que a disciplina de Itinerário e Tutoria, ocupa o espaço da carga horária da disciplina de História e demais componentes
curriculares, de modo a prejudicar na organização e planejamento dos conteúdos. Outros objetivos deste estudo é entender e perceber o desmonte das aulas de História
e se tal ação tem alguma relação com as determinações e desejos capitalistas da classe dominante brasileira. Não obstante, as aulas de Itinerário, podem ser utilizadas
para focar na história local. Enquanto isso, as aulas de Tutoria, é apresentada como meio para informar os alunos sobre documentos que são utilizados pelos professores
e administração escolar, a exemplo do Programa de Ação. Outros objetivos deste estudo se refere as dificuldades enfrentadas pelos professores das áreas do
conhecimento para planejarem e desenvolverem suas aulas, tanto dos Itinerários Formativos, quanto da Tutoria. Para fundamentar esta pesquisa, fiz uso dos
documentos e Diretrizes organizados pela Secretaria de Educação do estado da Paraíba, Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, para compreender sobre o
modelo Integral de Ensino paraibano.
129
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente estudo tem como objetivo apresentar a análise de parte da documentação manuscrita referente ao processo de Independência do Brasil durante o ano de
1823, que se encontra sob a guarda do Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, considerando os conflitos políticos e militares ocorridos nas províncias brasileiras de
Bahia e Maranhão. Os documentos selecionados e organizados pelo Projeto Resgate Barão do Rio Branco da Fundação Biblioteca Nacional foram analisados sob uma
abordagem comparativa, levando em conta as observações da escritora inglesa Maria Graham (1785-1842) sobre o período histórico em questão, na fonte bibliográfica
Diário de uma Viagem ao Brasil (1990). A partir deste procedimento de análise, foi possível identificar algumas aproximações que revelaram semelhanças evidentes
entre os acontecimentos documentados nos manuscritos produzidos por instituições do governo português de d. João VI, e aqueles relatados sob a pena literária de
Maria Graham. Por conseguinte, visamos com o presente estudo comparativo contribuir para a amplitude do debate acerca do mérito de ser Maria Graham autora de
fontes historiográficas fidedignas sobre o processo de Independência do Brasil, bem como, sublinhar o potencial investigativo e inovador que o acervo de fontes sobre
a História do Brasil dos anos da Independência disponíveis nos arquivos do Projeto Resgate oferece aos pesquisadores interessados no tema.
130
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta comunicação tem como objetivo apresentar a prática e os resultados do projeto pedagógico, de título: "História em Quadrinhos e o Ensino de História: Passados
Presentes". Este projeto utilizou duas histórias em quadrinhos: “Angola Janga” (2017), de Marcelo D´Salete, e “Jeremias - Pele” (2018), de Rafael Calça e Jefferson Costa,
e foi realizado em 2022 em seis turmas do 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Profª Alda Bernardes dos Santos Tavares, no município Magé. A intenção deste
projeto foi partir das exigências da Lei 10.639/03, que inclui no currículo a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” na Educação Básica, e do que
está presente nas competências gerais 1, 3 e 9 da BNCC para o Ensino Médio, além das competências específicas das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas 1 e 5.
131
_____________________________________________________________________________________________________________
A educação é a técnica coletiva pela qual uma sociedade inicia sua geração jovem em valores e conhecimentos que caracterizam a vida de sua civilização. Assim, a
Educação, é subordinada a aspectos culturais. Logo, é de se compreender, que a educação é palco de discursos de poder e resistência, por vezes, agregadora e/ou
desagregadora de minorias; fenômenos é claro, derivados da cultura de um povo ou da manutenção de um status quo. O modelo educacional grego Egkýklia,
inicialmente totalmente excludente, ao longo do período Clássico e Helenístico, teve que “conviver” com a necessidade de inserir indivíduos marginalizados nesse
processo, ainda que isso tenha ocorrido de forma adequada a manter uma sociedade extremamente patriarcal e elitizada. O objetivo nesta presente comunicação é
apresentar as nuances, mudanças e permanências deste modelo educacional em relação as mulheres durante o período Clássico e Helenístico. É preciso então,
estabelecer uma profunda analise do conceito de Egkýklia, a partir do campo da história dos conceitos. Conceito para Reinhart Koselleck, são vocábulos nos quais se
concentra uma multiplicidade de significados. Bem diferente da palavra, que por sua vez, pode ter o seu sentido definido de forma precisa pelo seu uso específico, o
conceito se mantém então, sempre polissêmico (KOSELLECK, 2006, p. 5).
132
_____________________________________________________________________________________________________________
O sujeito louco sempre representou um desconforto para a organização social vigente tendo em vista não estar em conformidade com os padrões de conduta impostos
pela cultura. Dado essa realidade, no Brasil até o marco da reforma psiquiátrica, a essa categoria foi conferido o tratamento de enclausuramento. Essa prática que no
passado foi possível de se observar por todo país conta com particularidades dos variados contextos no qual se insere. Se tratando do caso goiano, podemos observar
um atraso na construção de espaços terapêuticos para essa categoria se compararmos ao sudeste. Esse mesmo processo também se reproduz quando deslocamos o
sujeito de pesquisa para o louco infrator, mas neste caso com o agravante da absorção dessa categoria para a de criminoso comum ou doente comum. Essa postura é
explicativa do descaso conferido ao louco infrator na História Goiana, isto é, sua invisibilização. É somente já no século XXI como uma das consequências da lei 10.216,
conhecida como lei da reforma psiquiátrica, que o poder público goiano através do Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator (PAILI) reformula a maneira pela
qual interage com a categoria. Em meio a este cenário, entre o final de 2009 e início de 2010 a cidade de Luziânia (GO) viveu um momento de intensa notoriedade pela
mídia que divulgou as atualizações sobre uma série de assassinatos de garotos entre 14 e 19 anos. Com o desenrolar dos eventos foi descoberta a identidade do serial
killer e também tornou-se de conhecimento público que Admar J. da Silva era um paciente jurídico que havia passado por tratamento pelo Programa de Atenção Integral
ao Louco Infrator (PAILI).
133
_____________________________________________________________________________________________________________
O objetivo do artigo é analisar as memórias registradas nas publicações de “Por que Theodomiro Fugiu” (1980), do jornalista Fernando Escariz e “Lamarca, o capitão da
guerrilha” (1980), dos jornalistas Emiliano José e Oldack Miranda. Argumentamos, que as publicações, apresentaram narrativas e rememorações sobre personagens,
acontecimentos e testemunhas que haviam sido silenciadas, ocultadas e censuras, no entanto, reservadas nos ambientes privados de laços familiares e de amizades. As
obras emergiram no debate público e promoveram uma visibilidade de “memórias subterrâneas”, pautaram uma disputa e conflito com a versão oficial da ditadura
sobre os acontecimentos, militantes políticos e atuação das lutas de oposição (POLLAK, 1989), expressando, uma narrativa a contrapelo. Por outro lado, a partir dos
relatos de memória contidos nos livros, procuramos averiguar o que revelavam sobre as organizações de oposição à ditadura atuantes na Bahia, qual a estratégia de
luta e as ações desenvolvidas, bem como, o que denunciavam do modus operandi dos órgãos de segurança e repressão política.
134
_____________________________________________________________________________________________________________
Este estudo apresenta o ensino de história na região da Amazônia Setentrional, com foco nas práticas decoloniais adotadas no Assentamento Rural Nova Amazônia, em
particular, na Escola Agrotécnica da UFRR. Nesse contexto, surge a necessidade de uma abordagem de ensino que valorize as perspectivas locais, promova o
empoderamento das comunidades e desafie os legados coloniais. O objetivo deste estudo é demonstrar como as práticas pedagógicas decoloniais estão sendo aplicadas
no ensino de história no Assentamento Rural Nova Amazônia e como essas técnicas funcionam para uma compreensão mais inclusiva e precisa do passado e da
conscientização sociopolítica do presente. A metodologia inclui observação e análise de materiais didáticos utilizados, estratégias como o diálogo de saberes, a
recuperação de memórias ancestrais e o questionamento das narrativas dominantes. Os resultados revelaram que as práticas decoloniais empregadas, permitiram aos
estudantes reconectar-se com suas raízes culturais e repensar a história a partir de perspectivas indígenas e locais. Essa abordagem favorece a preservação da sabedoria
tradicional, combate estereótipos prejudiciais e empodera os jovens a se tornarem agentes de mudança social. No entanto, também foram identificados desafios. A
falta de recursos educacionais contextualizados e a pressão para seguir currículos expressivos representam obstáculos para a plena implementação das práticas
decoloniais. Além disso, a resistência de algumas instituições à revisão das narrativas tradicionais pode limitar a abrangência das mudanças. O Assentamento Rural Nova
Amazônia surge como um exemplo promissor de como a educação pode se tornar uma ferramenta para enfrentar os legados do colonialismo e construir uma
compreensão mais abrangente e autônoma do passado, além de capacitar as futuras gerações para moldar um futuro mais equitativo e consciente.
135
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente comunicação buscar traçar uma reflexão sobre as linguagens construídas acerca da cultura negra no momento em que ela integrou as práticas educativas
do Museu de Folclore Édison Carneiro de 1968 a 1982. Por meio de uma investigação e análise de jornais e do discurso de inauguração do museu, a nossa intenção é
mostrar como a instituição representou em suas práticas educativas, frente à sua relação com as escolas, um imaginário social sobre a cultura negra brasileira.
Pretendemos identificar que naquelas ações, o museu participou ativamente de um projeto de nação no qual os estudantes aprendiam que a cultura de matriz africana
fazia parte de uma nação nascida de três raças onde não havia conflito étnico - raciais. E assim, entendendo que os museus participam do jogo político de seu tempo
buscamos destacar a sua importância como ferramenta para prática de um ensino de história questionador.
136
_____________________________________________________________________________________________________________
Apresentamos, neste texto, resultados parciais da pesquisa em andamento sobre a produção de textos e vídeos educativos pela empresa Brasil Paralelo. Pretendemos
discutir os vídeos “Brasil Paralelo na sua Universidade” e “1964: o Brasil entre armas e livros”. Guiadas pela pergunta do porquê esse passado é tão focalizado na
educação sistematizada, nos apoiamos em suportes teóricos da história pública, nas discussões acerca do revisionismo histórico/ideológico e nas contribuições dos
estudos da sociologia da memória, para localizar os sentidos atribuídos a esse passado nas narrativas construídas por esses vídeos projetados para o chamado
ciberespaço. Ainda que nesse texto não tenhamos respostas a muitas das interrogações que estamos buscando, até o estágio atual da pesquisa observamos que há
uma narrativa muito bem construída – inclusive com a participação de historiadores – por meio do uso de recursos audiovisuais de fácil acesso, atuando na recomposição
de informações, dados e relatos que sustentam a salvação do país pela ditadura e como uma decisão importante e necessária perante uma suposta ameaça comunista
que permaneceria ainda hoje. Enfim, buscamos compreender qual é a disputa pedagógica da História e da Memória da Ditadura de 1964 que comparece nesse
ciberespaço, incluindo o negacionismo da historiografia crítica, a qual começou a alcançar os espaços acadêmicos e da educação básica nos anos 1990 e a fomentar os
valores educativo-democráticos no país.
137
_____________________________________________________________________________________________________________
Intitulado como “História Local, Memórias e Identidades”, o subprojeto História do Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID), da Universidade Federal de
Campina Grande (UFCG), tem como principal finalidade possibilitar que os alunos consigam se autoidentificar enquanto sujeitos históricos e sociais do local onde
residem, para além da sala de aula. Assim, por meio de diferentes metodologias, que incluem oficinas, debates, exposições artísticas, entre outras, visa-se compreender
como ocorre o processo de assimilação dos alunos a partir da conceituação de História Local, memória e identidade, relacionando-as com suas próprias vivências e
concepções pré-existentes. Dentro dessa perspectiva, a presente comunicação se propõe a analisar a execução e os resultados das atividades desenvolvidas pelo
subprojeto História na turma do 6º ano “B”, da Escola Estadual Dom Moisés Coêlho, no munícipio de Cajazeiras, Paraíba. Sob a ótica da realidade escolar e dos alunos
que a compõe, os licenciandos do PIBID experienciam a construção do pensamento histórico situados no campo da História Local frente ao ensino de História.
138
_____________________________________________________________________________________________________________
Desde seu nascimento como torcida organizada, em 1969, a Gaviões da Fiel teve na sua veia crítica um pilar importante para moldar sua identidade e tradição, marcada
com um viés sobre a sociedade brasileira de muitas contradições e posicionamentos contundentes. A proposta para tal comunicação, visa realizar um apontamento
analítico sobre os enredos críticos da agremiação paulistana, observando as realidades narrativas enquanto visual, textual e musical bem como sua estética de impacto
nas múltiplas linguagens. O recorte para tal análise se encontra entre 2020 e 2023, período em que o posicionamento de pista se encontra com o posicionamento
político da sua vertente futebolística. O asfalto da cidade conjuga com o asfalto do carnaval, uma série de questionamentos acerca da extrema direita, intolerância
religiosa, machismo, feminicídio e genocídio ao povo preto e indígena, deixando de lado entretanto as pautas referentes a luta de gênero, sejam nas manifestações de
rua ou no sambódromo. Essa e outras contradições é o foco de tal análise. Tal trabalho deriva da tese em processo de finalização sobre os desfiles da escola e a relação
com a identidade e espetáculo, em que parte das fontes como desfiles, fantasias/alegorias, documentários e periódicos de jornal servem como parte essencial para tal
investigação e continuidade de reflexão sobre os Gaviões da Fiel.
139
_____________________________________________________________________________________________________________
A pesquisa teve como objetivo analisar o ensino primário no Internato Evangélico Amazonas, tendo como base as memórias e experiências de ex-alunos entre as décadas
de 1940 e 1970, na cidade de Breves, no Marajó das Florestas, na Amazônia Brasileira. Nas rememorações emergem a origem da instituição, suas regras escolares e de
doutrinação, métodos de ensino e o papel da evangelização na vida dos alunos, sob as diretrizes da Igreja Cristã Evangélica. Metodologicamente, trabalhou-se dentro
de uma abordagem qualitativa de pesquisa, desenvolvida sob o método do estudo da pesquisa oral. Além das memórias, para captação de informações foram usadas
fontes documentais, fotográficas e entrevistas semiestruturadas. O embasamento teórico se apoiou nas contribuições de Portelli (2016), Thompson (1992), Kossoy
(2007), Bosi (1994), Le Goff (1990), Halbwachs (2006). Os resultados indicam que o Internato Evangélico Amazonas foi a primeira escola particular de Breves, garantindo
a formação escolar a centenas de crianças e adolescentes, valendo-se de práticas e comportamentos da Pedagogia tradicional e ao mesmo tempo, desempenhando
funções como aparelho ideológico religioso, disseminador da catequese protestante; entretanto, ex-alunos afirmaram em suas narrativas, que consideram que o
internato, enquanto escola, era melhor que a escola atual.
140
_____________________________________________________________________________________________________________
Neste trabalho, visamos explorar a filosofia da história intrínseca à obra do renomado intelectual conservador católico Plínio Corrêa de Oliveira. Sua atuação no cenário
brasileiro, marcada por sua influente participação no debate público e pela emblemática criação da entidade 'Tradição, Família e Propriedade', é de significativa
relevância para compreendermos as nuances do pensamento conservador do século XX. Oliveira desenvolveu uma visão social estruturada em torno de hierarquias e
desigualdades, que, segundo ele, eram fundamentais para o modelo de civilização católica ideal. Em nosso estudo, temos o intuito de analisar a forma pela qual o autor
abordou e interpretou eventos críticos da história brasileira, com destaque para a colonização e a prática da escravidão. Utilizando uma metodologia inspirada nas ideias
de Michel Foucault, examinamos as intrincadas relações de poder, as nuances discursivas e os regimes de verdade que permeiam a obra de Oliveira. Esse prisma
foucaultiano proporciona uma visão crítica e reveladora das construções ideológicas presentes, possibilitando uma análise mais aprofundada de suas implicações no
discurso histórico de Oliveira e no contexto sociopolítico brasileiro.
141
_____________________________________________________________________________________________________________
Busca-se, na presente proposta, uma abordagem inovadora para o ensino de história: a integração da poesia. A pesquisa, conduzida em um colégio publico em
Salvador(BA), adota um enfoque aplicado e qualitativo. Objetiva-se compreender o impacto dessa abordagem na aprendizagem histórica, destacando a intersecção
entre poesia e história para promover compreensão mais profunda e reflexiva. Com objetivos exploratórios e descritivos, a análise das criações poéticas dos alunos
permite avaliar como a poesia enriquece o ensino, fomentando conexões emocionais e habilidades analíticas. A pesquisa oferece insights valiosos para educadores,
contribuindo para uma abordagem pedagógica inovadora no ensino de história.
142
_____________________________________________________________________________________________________________
As mídias e a tecnologia sempre estiveram em uso nas nossas escolas, mas hoje, com o aumento exponencial dos usos da internet e de uma série de dispositivos
tecnológicos, nossas aulas estão sendo inundadas por uma profusão de tecnologias que adentram, de forma muitas vezes inadvertida, os espaços de aprendizagem. Os
professores acabam competindo com sites de vídeo, tocadores de podcast e com outras ferramentas de acesso aos meios digitais. Nesse sentido, até os museus e os
espaços patrimoniais foram colocados à disposição no mundo virtual proporcionando acesso onde quer que estejamos. Assim, o debate que é necessário ao Ensino de
História perpassa o diálogo, mais do que urgente, com o mundo virtual. Recentemente uma série de pesquisadores tem se dedicado a entender as possibilidades que
a História Digital pode proporcionar para a pesquisa histórica e para o ensino da disciplina. Trabalhos como os de Noiret (2015); Lucchesi (2012; 2013; 2014; 2018); e
Albaine (2021) nos alertam para os usos críticos das tecnologias digitais na pesquisa e no Ensino. Aqui, a proposta é revisitar um debate que já fizemos em 2014 em
texto publicado em um periódico ao propor o uso da ferramenta Google Street View na sala de aula. Naquele momento fizemos a partir dos debates do campo das
Ciências da Educação e do debate sobre uso das tecnologias (LÉVY, 1995; KENSKI, 2003). Agora, propomos um texto a partir dos aportes teóricos das autoras e do autor
citados anteriormente sobre História Digital e Historiografia Escolar Digital e com as perspectivas de Arruda (2013) sobre museus virtuais e as contribuições de Dodebei
(2008; 2009) sobre Patrimônio Digital que subsidiam nosso entendimento sobre a virtualização patrimonial. Dessa maneira, ao longo desse texto, pretendemos tecer
algumas considerações acerca do impacto das mídias e das tecnologias no ensino da História e identificar o lugar das ferramentas digitais no ensino da disciplina a partir
do uso da ferramenta Google Street View demonstrando possibilidades de mediação no campo do ensino de História em diálogo com as tecnologias digitais.
143
_____________________________________________________________________________________________________________
Tão importante quanto o estudo da história da historiografia é a observação dos diálogos da história, entendida como disciplina, com outros saberes disciplinares e não
disciplinares. Desde os primeiros movimentos dessa concepção, é possível mapear as trocas da história com a filosofia, a geografia, a literatura e, sobretudo, com as
novas ciências eminentemente modernas: a sociologia e a antropologia. Esses contatos são os mais comuns, porém, não os únicos. Seja pelo viés da teoria crítica, seja
pelos estudos linguísticos/literários, a historiografia e a psicanálise mantiveram interações que, atualmente, mais de meio século depois do início do chamado giro
linguístico, permitem outras reflexões. O objetivo desta pesquisa, partindo do pressuposto de que tanto a psicanálise como o gênero biográfico podem ser apreendidos
como espaços de fronteira em relação à historiografia, é apresentar resultados parciais de uma experiência de leitura da obra “Freud: uma vida para o nosso tempo”
(1988), escrita pelo historiador alemão Peter Gay (1923-2015). Desenvolvido no âmbito da subárea História da Historiografia, e inserida em um projeto de pesquisa de
pós-doutorado (vinculado ao PPGH da UFC), executado ao longo deste ano de 2023, este exame da referida biografia tem sido efetuado a partir de uma problemática
geral que se volta para a análise das fronteiras discursivas e narrativas que circunscrevem o conhecimento histórico e, em especial, a posição de seu sujeito, isto é, o
historiador.
144
_____________________________________________________________________________________________________________
No presente trabalho, mais do que uma reflexão sobre professores em formação os autores propõem uma arte da escuta e um diálogo capaz de se estabelecer com e
entre professores. Pretende contribuir para a criação de uma contracultura que confronte a tendência ao silenciamento dos professores na pesquisa, autenticada e
legitimada por sua própria “voz”. A discussão dialoga com vivências na Residência Pedagógica (PIRP), na pareceria entre a UFF e o CE Manuel de Abreu, no sentido de
refletir sobre projetos que estimulem a articulação entre teoria e prática nos cursos de licenciatura e nos programas de iniciação à docência. Na perspectiva de um
percurso de trans/formação, a estrutura do PIRP favorece a proposta na medida em que conta com o professor-orientador na universidade e a professora-preceptora
na escola, ambos em formação continuada, e o grupo de licenciandos em formação inicial. As vozes da preceptora e do orientador do Núcleo, confrontadas como
mônadas benjaminianas, são tomadas como referentes de pesquisa, no percurso da produção do conhecimento mas também ensejando uma forma outra de escrita
acadêmica. Sob o pressuposto de que somos palavra, somos o que contamos em palavras, atribuindo sentido a nossas vidas, o diálogo, registrado em momentos
distintos da experiência do PIRP, evidencia a existência de um lugar de fronteira entre a História e a Educação, no qual se configura o campo do Ensino de História.
145
_____________________________________________________________________________________________________________
É notável que nos discursos que permearam o processo eleitoral brasileiro de 2018, a história, e o passado em geral, foram evocados de maneira profusa, o que enseja
a constatação de que ali não estiveram em discussão apenas projetos de futuro, mas também, projetos de passado. Isso posto, o objetivo deste trabalho é mapear e
atribuir sentido aos usos políticos do passado histórico ao longo das entrevistas realizadas com os treze candidatos postulantes à presidência em 2018. Para tanto, tem
sido analisadas 126 horas de material audiovisual contidos em 118 entrevistas concedidas pelos candidatos em diferentes veículos de comunicação no decorrer do
pleito. No que tange à análise das relações que esses sujeitos estabelecem com o tempo histórico, nos fundamentamos em autores como Reinhart Koselleck, Jörn Rüsen
e François Hartog. Em termos metodológicos, como a matéria-prima da pesquisa corresponde, basicamente, a discursos eleitorais, nos valemos de uma articulação
interdisciplinar com a linguística a partir de diversos recursos analíticos e lógicas de estruturação da Análise do Discurso de linha francesa, com destaque para autores
que operam ferramentais direcionados ao estudo do discurso político, como Patrick Charaudeau e Jean-Jacques Courtine. Com a aplicação de tais procedimentos, tem
sido identificadas filiações dos enunciados dos candidatos com as mais variadas formações discursivas e ideológicas, além dos modos de funcionamento desses discursos
dentro da dinâmica eleitoral.
146
_____________________________________________________________________________________________________________
As escolas de samba são instituições carnavalescas centenárias, tendo como uma de suas principais características o desenvolvimento de enredos, pelos quais, a cada
ano, se apresenta uma determinada trama e narrativa acerca de personagens e histórias, reais ou fictícias. Ao longo de sua trajetória, as tópicas e as abordagens
propostas pelos enredos passaram por diferentes transformações, relacionadas tanto às dinâmicas internas ao “mundo do samba” quanto a influências externas, muitas
vezes conectadas a aspectos sociais, políticos e econômicos em um contexto mais amplo. Considerando-se a importância de estudar e compreender tais processos, este
trabalho tem como objetivo analisar e discutir a emergência dos chamados “enredos críticos” entre as escolas de samba do Rio de Janeiro a partir da segunda metade
do século passado, mobilizando, para tanto, o conceito de decolonialidade. O corpus documental é composto por sinopses de enredos e letras de sambas-enredo
apresentadas pelas escolas de samba do Rio de Janeiro entre as décadas de 1950 e 1990, sendo utilizadas como ferramentas metodológicas a Análise de Conteúdo, a
Análise de Planos de Relevância Discursiva e a Análise do Discurso. Esta pesquisa é parte do projeto de tese de doutorado ainda em andamento, contando com
financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
147
_____________________________________________________________________________________________________________
Ações educativas da Revista do Brasil, periódico quinzenal de Salvador, ao produzir e disseminar ao nível local e para fora das fronteiras soteropolitanas representações
civilizatórias, entre 1907 e 1912, a partir de concepções de modernidade baseadas na higienização e urbanização da capital baiana e em percepções racistas que
sustentavam a degeneração de grupos sociais negros e mestiços como estorvo à civilização nos moldes europeus.
148
_____________________________________________________________________________________________________________
Na grande maioria das pesquisas relativas à história política da Quarta República brasileira (1945-1964), a União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Trabalhista
Brasileiro (PTB) são situados em pólos antagônicos do espectro partidário, como se não houvesse quaisquer afinidades entre as suas propostas de desenvolvimento
para o país. De fato, os conflitos envolvendo ambos os partidos políticos corroboram essa linha interpretativa. Porém, uma análise mais acurada acerca das ideias
políticas formuladas por membros da UDN e do PTB permite encontrar pontos de aproximação, sem que isso implique na negação das tensões e disputas acirradas pelo
poder entre os seus quadros. O objetivo desta comunicação é apresentar uma análise comparativa aplicada aos projetos políticos formulados por Carlos Lacerda (UDN-
DF) e Alberto Pasqualini (PTB-RS) entre os anos de 1945 e 1962, delimitados pela criação do novo sistema multipartidário brasileiro, pelo falecimento de Pasqualini em
1960 e pela publicação de uma obra síntese do pensamento político de Carlos Lacerda (1962). Para tanto, utilizarei como fontes principais transcrições de discursos,
artigos e projetos legislativos de autoria de Pasqualini e Lacerda, muitos dos quais, especialmente no caso do político gaúcho, foram compilados em livros.
149
_____________________________________________________________________________________________________________
Nesta comunicação, exploraremos a influente relação de Lacerda com a Revolução dos Cravos, centrando-se em sua conexão com o general Spínola, autor de "Portugal
e o Futuro", obra reconhecida como impulso para a revolução. Analisaremos a intimidade desse vínculo, exemplificada pela hospedagem de Spínola na casa de Lacerda
em Petrópolis, e como testemunhos, inclusive do filho de Lacerda, revelam sobre a coexistência dessas figuras proeminentes. Também abordaremos a significativa
decisão de Lacerda de publicar "Portugal e o Futuro" no Brasil, aprofundando-se no contexto do prefácio por ele redigido e sua relevância para a Revolução dos Cravos.
Adicionalmente, uma breve contextualização biográfica de Spínola será integrada para enriquecer a compreensão desse período crucial.
150
_____________________________________________________________________________________________________________
A École des Annales promoveu, no âmbito dos estudos históricos, um novo olhar para as fontes, ampliando consideravelmente a noção do que poderia trazer
informações relevantes para tais estudos. Existem, entretanto, documentos cuja interpretação acaba por depender de olhares mais "internalistas", inerentes à área do
conhecimento em foram produzidos. Neste trabalho, busca-se analisar a questão do repertório musical católico na primeira metade do século XX enquanto
representação sensível de relações de poder entre diferentes autocompreensões da Igreja Católica e sua música "oficial". Recorrendo à pesquisa documental e apoiado
na noção de controle normativo das práticas musicais, os resultados apontam para tensões entre a implementação de um repertório afastado do modelo operístico
vigente a partir do século XVIII e com forte caráter historicizante. Trata-se da retomada intencional de uma tradição com vistas a legitimar uma identidade coletiva,
como observou Joël Candau. O trabalho aborda ainda uma situação que envolveu indígenas bororo e missionários italianos, de modo que a paisagem sonora, que se
tornou conhecida a partir de relatos, também revelava tais relações de poder. Conclui-se que, sobretudo no caso do repertório musical de tradição escrita, cuja
transmissão se opera a partir de partituras e partes vocais ou instrumentais avulsas, a Musicologia pode trazer contribuições aos estudos históricos, na medida em que
deles se beneficia.
151
_____________________________________________________________________________________________________________
As reflexões propostas neste texto foram organizadas com base nas leituras bibliográficas que se referem ao uso das fontes jornalísticas no trabalho historiográfico. A
utilização dessas fontes desempenha um papel fundamental, enriquecendo as análises sobre perspectivas políticas, sociais e culturais de diferentes períodos,
demonstrando as tendências que construíram narrativas históricas. A partir disso, busca-se analisar o Jornal Hora H, que passou a ser produzido em 1970, na cidade de
Dois Vizinhos, no Sudoeste do Estado do Paraná. Em suas matérias impressas, identifica-se o esforço para a construção de uma representatividade sobre o árduo
trabalho realizado pelos pioneiros, os quais, além de desbravar essa região, traçaram os rumos do progresso e desenvolvimento para uma cidade pujante. Esse material
foi encontrado por meio de uma visita realizada na biblioteca pública desse município, juntamente com as obras memorialistas que enfatizam a figura dos pioneiros na
construção da história regional.
152
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho analisa a trajetória de vida e profissional da professora primária, da cidade do Rio de Janeiro, Adelia Ennes Bandeira, reconhecida como a primeira
professora normalista a produzir uma gramática prática para uso nas escolas primárias da referida cidade. O final do século XIX foi o cenário da renovação gramatical
brasileira, a partir da introdução da perspectiva histórico-comparada em oposição às gramáticas expositivas que predominaram naquele século. A História das Ideias
Linguísticas tem acumulado um conjunto diversificado de produções acerca dos filólogos renovadores do final dos oitocentos, professores de instituições educativas
pós-primárias da cidade do Rio de Janeiro, em especial, do Colégio Pedro II. No entanto, pouca visibilidade tem sido dada à produção dos professores fora do círculo
dos ilustres mestres da Língua Portuguesa, como é o caso de Adelia E. Bandeira. O interesse pela professora-autora surgiu com a hipótese que questões de gênero e de
formação teriam contribuído para o apagamento da autora, no entanto, o estudo de sua trajetória nos permitiu pensar na hipótese de que na verdade, Adelia tenha
utilizado seus conhecimentos linguisticos como capital para se afirmar e garantir mobilidade social no espaço do ensino primário e não como filóloga. A pesquisa apoiou-
se nas contribuições teóricas da história da educação, história cultural e história das ideias linguísticas, além do aporte metodológico dos estudos biográficos.
153
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente texto reúne considerações iniciais a partir da pesquisa de doutorado em curso, sobre as relações de trabalho entre designers e ourives na cidade do Rio de
Janeiro. Um dos conteúdos da tese trata das associações de classe e coletivos de trabalhadores que já representaram essas profissões. Propomos um retorno ao passado,
investigando as primeiras agremiações cariocas de ourives que identificamos: a Irmandade do Glorioso Santo Eloy, fraternidade religiosa ligada aos ourives, fundada em
1795, a Sociedade Animadora da Corporação dos Ourives, associação de socorro mútuo, fundada em 1838, e o Sport Club Joalheiro, clube desportivo para profissionais
do setor joalheiro, fundado em 1937. Treze pastas com documentação proveniente da Sociedade Animadora da Corporação dos Ourives, disponíveis no acervo do
Arquivo Nacional, orientam nossa reflexão. A análise destes documentos segue em andamento, por isso, para a presente exposição, delimitamos nossa busca por
referências entre os períodos de 1838 a 1971 e 1901 a 1914. Também analisamos jornais e revistas em circulação no Rio de Janeiro, publicados entre 1830 a 2023,
disponíveis no acervo digitalizado do Arquivo Nacional. Com este estudo, procuramos contribuir para o preenchimento de algumas lacunas na história do setor joalheiro
carioca e refletir sobre como essas agremiações podem ter influenciado na forma como o setor se organiza e se articula com o Campo do Design nas primeiras décadas
do século XXI.
154
_____________________________________________________________________________________________________________
O exílio em sua versão contemporânea, como afirma Edward Said, é manifesto em relações entre homens e mulheres que são perpassadas por relações de poder.
Considerando o tema e tomando a obra de Edward Said como suporte teórico-metodológico percebe-se que o exílio surge no mundo contemporâneo como um lugar
de choques e reflexões. Está relacionado ao sentimento de perda com a força necessária para consumir a alma de quem está apartado dos seus afetos e da sua morada
natal. A artista plástica franco-iraniana Marjane Satrapi ganhou destaque no início do século XXI pela sua obra em quadrinhos com base em suas memórias pessoais
que revelam as relações entre Oriente e Ocidente e como estas se mostram na sua história de vida. Os conflitos e os choques nas relações políticas e culturais entre as
duas regiões são marcados na ciência, na mídia e podem ser vistas também em trajetórias pessoais. O caminho encontrado para compreender a obra da artista Marjane
Satrapi foi considerar o teor dos livros, o contexto que a autora está inserida e a sua trajetória artística. Com isto, foi possível buscar uma compreensão da sua trilogia
memorialística que incorpora os livros Persépolis (2000-2003), Bordados (2003) e Frango com Ameixas (2004), analisando-os sob a perspectiva teórico-metodológica
da literatura de exílio.
155
_____________________________________________________________________________________________________________
Na presente comunicação pretendo discutir acerca da trajetória intelectual de Luzia Margareth Rago. Margareth Rago é uma historiadora, professora e pesquisadora
brasileira. Graduou-se em história pela Universidade de São Paulo (USP) em 1970. Posteriormente realizou seu mestrado em história na Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP), em 1980-1984, e doutorado em história pela mesma Universidade em 1985-1990. Onde é professora universitária e livre docente desde os anos
2000. Analisarei a conjuntura da formação de Rago, levando em conta o contexto político da época, a historiadora se forma em história na década de 1970. E nesse
período a academia era predominantemente masculina, além disso, ela é uma historiadora feminista, e é nessa época que o movimento feminista começa a ser
estruturado e organizado, com movimentos contra a ditadura e a anistia. Logo, analisar como a formação de Margareth Rago é construída é de grande importância,
pois, sabemos como as mulheres foram e muitas vezes são silenciadas na história e historiografia. Desta forma, nosso objetivo é compreender a trajetória intelectual
de Margareth Rago, enquanto mulher e ativista política, problematizando assim sua construção e identificação enquanto historiadora. Bem como sua grande
contribuição para a história e historiografia, e suas discussões sobre o movimento feminista e a história das mulheres.
156
_____________________________________________________________________________________________________________
O objetivo desse artigo é analisar possíveis relações interdisciplinares entre história e literatura piauiense, para que o educando conheça e reconheça a história e cultura
do lugar em que vive e assim possa estabelecer uma relações identitárias incentivando o gosto de ser e conviver no seu território. O estudo parte da aplicação de uma
sequência didática proposta no projeto interdisciplinar “Viajando nas Rimas da História e Literatura Piauiense.” Sendo uma proposição realizada interdisciplinarmente,
para suprir as lacunas provocadas pela retirada do componente História Piauiense e Literatura Piauiense do Currículo oficial do Ensino Médio do Estado do Piauí. Onde
durante o período de seis anos foram executadas por alunos e professores pesquisas e visitas às cidades, museus e pontos turísticos do Estado do Piauí, para conhecer
sua história e cultura. Para entendimento do objeto em análise, o estudo apoiou-se em textos teóricos de alguns estudiosos renomados na área de estudo da História
e Literatura Piauiense, bem como nas relações interdisciplinares entre estes componentes: Gabriela Grecco (2015); Roger Chartier (1990); Circe Bittencourt (2004) e
Maria Aparecida Bicudo (2008). Os resultados desta pesquisa apontam a necessidade de intervenção interdisciplinar para promoção de conhecimento da História e
Literatura piauiense ao educando e pretende contribuir com pesquisas relacionadas à temática em estudo, bem como favorecer suporte para futuras pesquisas e
intervenções.
157
_____________________________________________________________________________________________________________
A banda Tocaia da Paraíba foi criada no ano de 1995. Sua formação remete à cidade de Cajazeiras, localizada no zoneamento geográfico no qual passou a se intitular de
Alto Sertão, situado no extremo oeste da Paraíba e próximo aos estados do Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Como um grupo que esteve atento às práticas
culturais e à realidade social desse espaço fronteiriço, suas canções compostas de modo autoral corresponderam a uma forma de ouvir, pensar e dizer a perspectiva
local. Sendo assim, o grupo cajazeirense teve como principal intuito conectar as expressões musicais encontradas no espaço sonoro sertanejo (repente, embolada, coco
de roda, bandas de pífano) com sonoridades de caráter universal (rock e jazz). Nesse ritmo, a presente exposição tem como objetivo central discutir as representações
musicais empenhadas pelo grupo Tocaia da Paraíba, entendendo suas canções lançadas nos discos Tocaia (2000) e Botando pra quebrar (2005) como material didático
possível para o uso em sala de aula, contando, assim, uma história do Alto Sertão da Paraíba a partir da dimensão sonora. Do ponto de vista teórico/metodológico,
elenca-se como referência os estudos sobre canção popular (NAPOLITANO, 2002) e os seus respectivos usos na atuação docente (CALISSI, 2015).
158
_____________________________________________________________________________________________________________
Este artigo destina-se em compreender como o racismo positivo foi moldado desde a formação do Brasil as custas do holocausto indígena e como isto corrobora na
falsa imagem da presença nativa de maneira romantizada enquanto as projeções deste “índio genérico” reverbera na “inocente” homenagem aos primeiros habitantes
reforçando os variados níveis da discriminação quanto da hiperssexualização, envolvendo as intersecções entre raça, gênero e nacionalidade. O propósito deste trabalho
se refere como as admirações e conhecimentos da sociedade sobre os aborígenes são resultado do apagamento na história deste país. A abordagem decolonial utilizada
foi do pensamento abissal cunhado por Boaventura de Sousa Santos em Epistemologias do Sul (2009), além das literaturas indigenistas de Manuela Carneiro da Cunha,
História dos Índios no Brasil (1992) e João Pacheco de Oliveira conhecido por O Nascimento do Brasil e Outros Ensaios: “Pacificação”, Regime tutelar e Formação de
Alteridades (2016). Neste trabalho investigo as atualizações do racismo em fontes primárias dos jornais Ecoa Uol (2023) e G1 Bauru e Marília (2022).
159
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta comunicação tem o objetivo de analisar as ações da multidão nas secas das décadas de 1970 e 1980 no Semiárido do Nordeste, atento à presença de novos atores
políticos na mediação de suas demandas. A emergência da multidão enquanto sujeito político remonta à década de 1950: saques, invasões e ocupações de cidades
tornaram-se constituintes da cultua política dos subalternos no sertão em períodos de seca. A força das ações revelava o aprofundamento da resistência por meio das
armas disponíveis contra a inoperância das medidas protetivas no esteio da intervenção errante do Estado, expressando uma modalidade de mobilização pontual e
localizada reveladora de noções de direitos subjacentes aos diversos grupos sociais. Até a seca de 1970, elas estiveram marcadas pela pressão e negociação diretas,
materializadas na ausência de mediadores capazes de dialogar com as autoridades nos termos da política representativa. A partir da grande seca de 1979-1983,
entidades de representação dos movimentos populares (que vinham se rearticulando após a intensa onda repressiva da Ditadura Militar) abraçaram a resistência contra
a negligência, o autoritarismo e o paternalista da intervenção estatal. Elas reconheceram na forma multidão uma relevante modalidade de mobilização dos/as
trabalhadores/as rurais. A militância sindical e católica assumirá, então, uma mediação ausente, articulando e instituindo demandas até então pontuais, difusas ou
mesmo invisibilizadas.
160
_____________________________________________________________________________________________________________
O Livro de Horas de Jeanne II de Navarra é um manuscrito medieval encomendado por Jeanne II de Navarra (1328-1349), rainha de Navarra durante os primeiros quartos
do século XIV. Ele possui 18,5 por 14 cm e cerca de 5,7 cm de espessura; escrita em gótico, texto em latim com rubricas em francês; possui uma série de miniaturas,
capitulares, margens decoradas etc. Quatro artista foram os responsáveis por seu trabalho de iluminação, sendo Jean Le Noir, um artista parisiense, o chefe responsável
pela decoração do manuscrito. Esse códice é ricamente iluminado com brasões, iniciais ornamentadas, iluminuras de santos, de cenas da vida da Virgem Maria etc.
Contudo, um dos pontos que nos chama atenção para essa comunicação são as imagens presentes nas margens desse manuscrito. As margens trazem representações
imagéticas de leigos, animais, seres híbridos, antropomórficos, entre outros. Segundo Michelle P. Brown, as bas-de-page (imagens marginais) podem ou não ter relações
com o texto ou com as imagens principais de um manuscrito, além de ser uma característica da arte gótica. Portanto, nosso objetivo nessa comunicação é apresentar
uma reflexão acerca das imagens presentes nessas margens, destacando seus tipos, seu trabalho de ornamentação e sua relação dentro de um contexto de um
manuscrito religioso pertencente a uma rainha leiga do século XIV.
161
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente artigo se concentrará em abordar a ascensão de Recep Tayyip Erdoğan ao poder na Turquia, retrocedendo a sua primeira atuação política em cargo executivo
em 1994, mas concentrando-se no momento em que se elege presidente da república turca em 2014 até o período de 2020, que antecede a pandemia do Covid-19 .
Erdoğan se revelou um político habilidoso, tendo neutralizado militares e opositores, ao mesmo tempo que vêm se esforçando na reestruturação do projeto nacionalista
turco que ressignifica alguns dos acontecimentos cruciais na formação da atual identidade turca. Desta forma, o presidente e seu grupo político, apoiando-se nos setores
fundamentalistas religiosos, constroem o que se denomina neo-Otomanismo, resgatando o nacionalismo a partir do revisionismo histórico, tanto a respeito do período
imperial quanto sobre a era de Mustafa Kemal Ataturk. Neste projeto de pesquisa nos propomos a examinar, com auxílio de autores que abordam problemas pertinentes
a memória coletiva e ao poder simbólico, em que constitui este projeto de Erdoğan e como é implementado.
162
_____________________________________________________________________________________________________________
Maria José das Dores Silva era uma mulher negra jovem, mãe, pobre e periférica e que, de 1966 a 1976, esteve em instituições psiquiátricas manicomiais na cidade do
Rio de Janeiro, institucionalizada com diagnóstico de esquizofrenia. Após gerações de uma verdadeira luta familiar, conseguiu-se somente em 2019 o devido acesso à
documentação sobre seu caso. Buscando entender o esquecimento que Maria José sofrera após passar os últimos 10 anos de sua vida em hospícios, objetiva-se
estabelecer para sua família a possibilidade de um rito fúnebre através da pesquisa histórica. Compreendê-la como vítima de políticas tradicionais de coerção
psicossocial, solidificadas por uma cultura política brasileira conservadora e autoritária, é um passo-chave para defender a justiça e a memória que pretende a Reforma
Psiquiátrica Brasileira. Para que nunca mais aconteça, e para que nunca mais se esqueça, a presente pesquisa parte do objetivo de que histórias dolorosas como essa
não se repitam e tampouco sejam relegadas ao ostracismo.
163
_____________________________________________________________________________________________________________
A comunicação a ser apresentada é fruto de pesquisa parcial para o mestrado em Educação Tecnológica, ainda em curso. O objetivo desta pesquisa é conhecer os
discursos de intelectuais industrialistas, que disputaram influência na reforma do ensino industrial, planejada e institucionalizada nas décadas de 1930 e 1940. Naquele
período, o Estado brasileiro concentrou esforços no processo de industrialização, além de investir num projeto político de reconstrução nacional, em que a educação
profissional se tornou fundamental. Nesse contexto, a burguesia industrial se uniu, criando associações de classe como o Instituto de Organização Racional do Trabalho
(Idort) e se aproximou do Estado, tendo um papel relevante na promulgação das Leis Orgânicas do Ensino e na criação do Senai. Os discursos produzidos por este grupo
constituem o corpus de análise desta pesquisa, a partir da metodologia de Análise do Discurso da escola francesa e na perspectiva teórica da História intelectual. Para
a comunicação ora apresentada selecionamos os artigos da Revista do Idort, a respeito da educação dos trabalhadores, publicados entre 1938 e 1942, quando houve
uma intensificação do debate em torno da temática da educação profissional, devido à criação de uma comissão interministerial para discutir as reformas previstas.
Pretendemos demonstrar as dificuldades no acesso e uso dessas fontes históricas, mas entendemos que as concepções divulgadas no periódico foram contempladas,
em grande medida, na referida reforma do ensino, o que demonstra a importância de compreendê-las para refletir sobre a constituição de um modelo de ensino
profissional que ainda se faz presente no Brasil.
164
_____________________________________________________________________________________________________________
Esse trabalho é parte de tese de doutorado em história em andamento, que analisa a profissionalização dos trabalhadores da imprensa no Rio de Janeiro. A pesquisa
parte de meados do século XIX para acompanhar a mudança no ambiente de negócios da Corte, fundamental para o surgimento das primeiras empresas jornalísticas
cariocas, e se encerra com a formação das associações e sindicatos dos trabalhadores da imprensa, nas primeiras décadas do século XX. Essa comunicação, em específico,
trata do surgimento e da consolidação de duas grandes empresas jornalísticas do último quartel do século XIX, O País e a Gazeta de Notícias. Analisar a fundação e
consolidação desses diários permite acompanhar as transformações pelas quais a imprensa passou no período, e como o ofício do jornalista foi impactado. O ponto de
inflexão na trajetória de ambos os jornais se dá com a mudança em seu modelo de sociedade, passando de comanditárias a anônimas, o que lhes inseriu em um intenso
processo de mercantilização e gradual industrialização. Esse movimento alterou a forma como os escritórios das redações se estruturavam e, consequentemente, os
regimes de escrita e publicação dos jornalistas, que começaram a se profissionalizar no bojo dessas mudanças. Assim, compreender como os veículos de imprensa se
organizaram como negócio e como isso impactou a produção e publicação em suas folhas é fundamental para compreender tanto a atividade jornalística, como a
atividade literária, indissociável da imprensa naquelas décadas.
165
_____________________________________________________________________________________________________________
A partir do cruzamento de fontes, históricas e médicas, o seguinte trabalho alicerçado na história social da escravidão e do pós- abolição, investiga a figura fabricada
para a ama-de-leite em Salvador entre 1872 a 1880, principalmente, quanto às especificações de “sadia”; “moralisada”; “de bom comportamento e costumes” diante
das condições adequadas de higiene e do projeto de urbanização dos grandes centros. Por meio de jornais de grande circulação da época, importa perceber suas
sociabilidades, a preconcepção formada à sua pessoa e a atividade desenvolvida nos lares, submetidos à norma da ciência médica e aos valores morais pressupostos
pelos costumes, convívios e comportamentos familiares. Ainda como fonte primária, a análise dos periódicos revela o social, o político, o econômico, e nesse sentido
projeta imaginários e memórias sobre as amas, para além das questões do uso do ofício e costumes à época, permitem por exemplo, o reconhecimento de assuntos
ligados à saúde pública; maternidade; higiene da mulher negra e cuidados na primeira infância. Neste sentido, o projeto de valorização da identidade, nega a importância
da mulher negra para o período em questão, apesar de sua condição de lactante favorecer a alimentação de crianças brancas, sua condição de escravizada e de corpo
domesticado é mantida enquanto corpo negro, sujo, impuro e por vezes, mercenário. Por esta razão, a problemática se insere no que diz respeito ao tipo de sujeito
saudável à amamentação de outrem e um dos pilares do exercício da maternidade, se apresenta como assunto recorrente em teses médicas e fator decisivo para o
desenvolvimento do recém-nascido.
166
_____________________________________________________________________________________________________________
Este artigo tem por objetivo específico analisar a recepção crítica das obras de duas das principais escritoras brasileiras da década de 1930: Rachel de Queiroz e Lúcia
Miguel Pereira. O objetivo geral, por sua vez, consiste em problematizar as relações de gênero no mundo das letras daquele período, muito marcado por diferentes
frentes políticas em disputa, como o comunismo, o integralismo e o conservadorismo católico. Ambas as autoras, embora com trajetórias diferentes e alinhadas
politicamente em esferas opostas, estavam inseridas em um campo literário comum, majoritariamente masculino; tanto Queiroz como Miguel Pereira tiveram suas
escritas associadas a um estilo masculino, aparentemente como forma de “elogio”, mas também, como uma forma de terem suas obras legitimadas pelos seus pares,
tanto no campo literário, como junto ao público leitor. A hipótese levantada é que tais “elogios” consistiam em estratégias de legitimação das escritoras por seus pares,
proporcionando certa “aceitação” tanto no campo literário, como junto ao público. Uma segunda hipótese é que as transformações estruturais causadas pela
modernidade, como a crescente participação das mulheres de classe média na política e no mercado de trabalho, foi um fator decisivo para que tais escritoras ganhassem
notoriedade no campo literário brasileiro, e consequentemente proporcionou uma maior publicização dos debates de gênero nos periódicos da época, como o Boletim
de Ariel, a principal fonte para essa pesquisa.
167
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho é desenvolvido no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da graduação em Direito na Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES). São
empregados os métodos de procedimento histórico e estudo de caso com análise qualitativa. A partir da concepção da impossibilidade de separação entre a constituição
do Direito ocidental sob o genocídio e epistemicídio dos povos originários e escravizados e sua performance enquanto CIStema de justiça atualmente, aborda-se a
historicidade presente na concretização do pacto heterocisnormativo para situar o direito como instrumento discursivo de poder que institui quem pode ser sujeito de
direitos. Como objetivo do trabalho, tem-se a associação desta base teórica com a análise de caso de violência transfóbica ocorrida contra uma mulher transexual negra
no Município de Manga/MG, em 2021, que foi agredida pelo dono do restaurante/bar onde teve o atendimento negado. Após, foi colocada no camburão da Polícia
Militar (PM), encaminhada ao hospital do município, sem realização de corpo de delito, sendo desencorajada ao registro do Boletim de Ocorrência. No inquérito policial
a sua identidade de gênero é desrespeitada, sendo colocada como indivíduo do sexo masculino e referida pelo seu nome de registro. O delito é classificado como lesão
corporal leve, todo o procedimento dura 80 (oitenta) dias e ao seu agressor é oferecido o benefício da transação penal pelo Ministério Público, sendo realizado o
pagamento de um salário-mínimo.
168
_____________________________________________________________________________________________________________
A pesquisa tem por objetivo compreender a formação de múltiplas identidades suburbanas cariocas a partir da atuação de Grêmios Recreativos Escolas de Samba e
Blocos Carnavalescos durante a Ditadura Militar no recorte temporal de 1975 a 1985. Compartilha-se a ideia de que Grêmios Recreativos são responsáveis pela formação
de um elo entre o subúrbio carioca e a figura do suburbano por meio da afirmação de uma identidade e de um pertencimento diante destes territórios. O cruzamento
de dados obtidos no fundo de Serviço de Censura de Diversões Públicas referentes a programação carnavalesca disponibilizada pela Riotur e a escolha de enredos,
alegorias e letras dos sambas ajudam no entendimento dos elementos formadores de uma identificação social mobilizados pelos Grêmios Recreativos em meio a um
duplo movimento durante o processo de abertura democrática, em que o Estado agiu através da censura, vigiando o Carnaval sob a ótica da moral de bons costumes
conservadores e da eliminação de elementos considerados subversivos, e, por outro lado, o da consolidação da contravenção e de seus líderes nestes territórios, que
agiram de forma direta no Carnaval e nas sociabilidades suburbanas e em paralelo estabeleceram relações contraditórias com o regime militar. Diversos, os subúrbios
cariocas devem ser entendidos a partir de suas particularidades, o que auxilia no combate ao estigma suburbano atrelado a falta de refinamento dos costumes e a
violência.
169
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho pretende analisar o lugar do Brasil no Imperialismo Tardio. A atuação internacional brasileira foi expandida através de uma nova política externa
independente e a formação do BRICS (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, muito recentemente acrescido de um grupo significativo de países).
Esse processo assinalaria o ingresso do Brasil no rol das potências imperialistas, um imperialismo tardio, no contexto do capital-imperialismo, ainda que numa posição
inferior ao que o governo atual gostaria, mas com maior autonomia do que seus críticos admitem. O avanço do retrocesso, tanto nas políticas sociais de redução das
desigualdades e combate à miséria, de conciliação de interesses de classes, através do aumento da expropriação da classe trabalhadora a partir do Golpe de 2016, o
governo Temer e, principalmente, o governo Bolsonaro, teriam gerado obstáculos intransponíveis para a retomada desse projeto? A frente amplíssima para eleger Lula
representaria essa viabilidade? Discutir e problematizar a noção do “imperialismo tardio” como conceito e problematizar algumas questões teóricas à luz da formação
de uma nova ordem mundial são alguns dos nossos objetivos.
170
_____________________________________________________________________________________________________________
Lampião da Esquina, foi uma publicação da imprensa alternativa do final dos anos 1970 que durante a sua existência - abril de 1978 a junho de 1981 -, abriu espaço
para os discursos das minorias como as mulheres, os negros, índios, ecologistas e homossexuais, e, proporcionou uma visibilidade inédita às práticas sociais delas ao
abordar questões de sexualidade, gênero e raça em suas páginas. Partindo disso, discuti a presença da questão da interseccionalidade no jornal Lampião, a partir das
categorias de gênero (mulher), raça (negra) e orientação sexual (homossexual), usando como fonte uma entrevista que o jornal realizou com a cantora Leci Brandão,
uma mulher negra e homossexual. Lampião da Esquina permitiu pensar nas relações entre as pessoas homossexuais, negras e as mulheres, e, apesar de todas as
diferenças que tais grupos poderiam ter (luta contra o preconceito, machismo e/ou racismo), o jornal defendia que eles poderiam se unir contra inimigos comuns: a
discriminação, a opressão e o silenciamento histórico. Ademais, também discuti a existência do jornal como um ato de resistência, tendo como suporte teórico as
discussões de James Scott, apontando que através dessa mídia impressa os homossexuais conseguiram usá-lo como um veículo de oposição aos poderes constituídos
da heteronormatividade e da ditadura.
171
_____________________________________________________________________________________________________________
O Golpe de 2016 é o fim do pacto da Nova República? A presente pesquisa, que compõe tese de doutoramento desenvolvida no Programa de Pós-graduação em História
da Unesp, tem por objetivo levantar e analisar as representações sobre a política brasileira nos processos midiáticos do periódico Le Monde Diplomatique Brasil, acerca
do impeachment - golpe - de Dilma Vana Rousseff (PT) e seus desdobramentos, nas edições impressas e digitais, pesquisando, assim, aspectos referentes à mídia e à
política, bem como a história do tempo presente do Brasil na conjuntura da nova ordem internacional. Como recorte de pesquisa, focamos neste artigo o editorial
“Militância democrática”, da edição 113, de dezembro de 2016. Empreende-se neste percurso compreender de que maneira um veículo da mídia francesa organiza o
conhecimento social sobre a conjuntura política brasileira. Concluímos a análise com a visão de Fairclough (1995), que enxerga a mídia como uma forma de
representação. A partir do editorial analisado, entende-se que a resistência democrática precisa se apresentar de forma propositiva, buscando inspiração em
experiências nacionais e internacionais, a fim de propor novas instituições e mecanismos que possibilitem aos cidadãos brasileiros a superação de arbitrariedades e
autoritarismos.
172
_____________________________________________________________________________________________________________
Para traçar uma narrativa sobre os aspectos históricos do melhoramento genético das videiras, devemos situar esse campo de pesquisa dentro dos interesses
econômicos e sociopolíticos nos quais este processo está inserido. O objetivo deste trabalho é apresentar um panorama histórico e global sobre as pesquisas de
melhoramento fitogenético de videiras desenvolvidas desde meados do século XIX até o século XXI. Através de revisão bibliográfica e fontes da área vitivinícola e dos
recursos genéticos vegetais, a presente trabalho busca colocar em perspectiva histórica o processo de hibridização de videiras, desde a crise vitivinícola causada pela
introdução de patógenos nos vinhedos europeus até as recentes pesquisas com variedades resistentes denominadas pilzwiderstandsfähig (piwi). Apesar das melhorias
genéticas fazerem parte da coevolução de videiras com seres humanos desde seus primórdios, foi com a propagação de patógenos no século XIX que o os melhoristas
passaram a atuar de maneira mais intensa e institucionalizada. A partir de meados do século XIX a vitivinicultura passou por significativas modificações com a
disseminação de três parasitas que colocaram a produção vitícola europeia em crise: dois parasitas fúngicos: oídio (Uncinula necator) e míldio (Plasmopara vitícola), e
um pulgão denominado Filoxera (Daktulosphaira vitifoliae). Por ter coevoluído com os parasitas, as videiras americanas são imunes a eles, porém, a Vitis vinifera L. que
nunca havia entrado em contato com esses parasitas apresentou-se muito suscetível aos seus efeitos. No XVI Congrès International de la Vigne et du Vin, realizado pela
Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) em 1979, em Stuttgart, os geneticistas alemães propuseram que os pesquisadores não mais utilizassem a
denominação “híbridos”, mas sim a expressão piwi, redução da palavra alemã pilzwiderstandsfähig (= “resistente a fungos”).
173
_____________________________________________________________________________________________________________
O Horror fez-se um gênero durante o mesmo período em que se deu a conceituação de classe e luta de classes como motor da história. Classe para nós é um fenômeno
histórico cuja formação nos diversos contextos históricos necessita deve ser entendida como relação histórica, onde classe se dá por relações e experiências comuns
entre quem compartilha, sente e articula identidade e interesses entre si e cuja consciência se dá contra outros indivíduos que têm demandas diferentes e opostas às
suas (THOMPSON, 1987). A partir do século XVIII, transformações sociais mudaram as percepções tradicionais da vida e do tempo, disciplinaram o trabalho, o viver e o
comer (THOMPSON, 2013). O Horror dialoga com estas transformações. Explorando ansiedades culturais e tensões sociais de cada época e projeta alegoricamente os
medos reais no espaço controlado da ficção, o Horror representou, até meados do século XX, a classe trabalhadora como figurante. Isso muda no cinema quando “A
Noite dos Mortos Vivos” (1968) de George Romero aborda uma visão de classe sobre racismo e violência racial, explicitando estes temas (PHILLIPS, 2012). Analisamos
a representação da classe trabalhadora e da luta de classes na cinematografia de Horror dos EUA de 1968 até 2020 a partir das obras de George Romero, John Carpenter
e Jordan Peele.
174
_____________________________________________________________________________________________________________
No último quartel do século XIX, diversas nações hispano-americanas verificaram uma reorientação política diante das desilusões do liberalismo. A Generación del 80
na Argentina, o Porfiriato mexicano e o movimento de La Regeneración na Colômbia foram expressões da reorientação centralizadora e intervencionista dos Estados-
Nacionais em prol do progresso de suas nações. Na Colômbia, o movimento de La Regeneración (1880-1905) esteve marcado pela concentração do poder e pela intensa
atuação da Igreja Católica na educação. O governo havia firmado uma aliança com a Santa Sé através de uma Concordata assinada em 1887, cujo objetivo estava em
promover o cumprimento do longevo projeto civilizatório que os presidentes colombianos tentavam cumprir desde o advento da Gran Colombia bolivariana. Em tal
documento, a Colômbia firmava seu compromisso com o catolicismo e conferia ao clero católico o monopólio do sistema educacional e das missões indígenas. Tratava-
se de uma relação de poderes que tinha como intuito usufruir da forte influencia da Igreja Católica para a formação de cidadãos católicos devotos às instituições políticas
e religiosas. Este artigo ampara-se nas discussões promovidas em nossa dissertações de mestrado e nos debates de nossa pesquisa de doutorado em andamento acerca
das relações político-religiosas na Colômbia finissecular. Realizamos a análise de uma documentação escrita referente ao projeto educacional de La Regeneración a
partir da aliança com a Igreja Católica.
175
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho tem como objetivo abordar não só como ensino de História da América Latina desempenha um papel fundamental na formação dos estudantes,
oferecendo a oportunidade de compreender e refletir sobre o passado com o intuito de compreender melhor o presente e construir um futuro mais informado e
consciente, mas também, como a abordagem da Revolução Cubana nos livros didáticos é de suma importância, uma vez que este evento histórico teve um impacto
significativo não apenas em Cuba, mas também em toda a região latino-americana. Ao analisar a presença da Revolução Cubana nos livros didáticos utilizados entre
2006 e 2016, é possível observar diferentes abordagens e enfoques, que variam de acordo com a perspectiva do autor e com o contexto histórico e político em que a
obra foi produzida. No entanto, é importante ressaltar que a análise de livros didáticos não representa a totalidade das práticas pedagógicas, mas sim uma parte
importante das ferramentas utilizadas pelos professores. A Revolução Cubana, liderada por Fidel Castro e Che Guevara, teve início em 1959 e resultou na derrubada da
ditadura de Fulgencio Batista. O movimento revolucionário buscou a instauração de um regime socialista em Cuba, com a promessa de justiça social, igualdade e
distribuição de riqueza. A Revolução Cubana teve um impacto significativo na história da América Latina e inspirou movimentos revolucionários em outros países da
região, como por exemplo na Nicarágua e na Venezuela.
176
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta pesquisa tem como objetivo analisar os saberes (conhecer/fazer) das mulheres erveiras que atuam em feiras livres no território da Grande Tijuca, bairro da cidade
do Rio de Janeiro (BRA). Apresentamos aqui os resultados da segunda etapa do projeto que consistiu na análise, inicial, das formas de transmissão destas sabenças (a
primeira foi apresentada no 12º seminário interdisciplinar de Sociologia e Direito na UFF - Mulheres na Ciência, protagonismos e luta (2023) onde publicizamos suas
vozes e o mapeamento de suas atividades no território). Para esta apresentação classificamos a transmissão que observamos em duas categorias: transmissão-
informativa e a transmissão-formativa, sendo a primeira realizada no exercício do ofício da venda, e embora configure uma transmissão de conhecimento, não há
segundo as próprias erveiras, a intencionalidade de formar. Em contrapartida a transmissão-formativa, segundo elas, possui a intencionalidade de formar suas ajudantes
ou a próxima geração que irá assumir a banca, sendo assim, esta é uma formação que ocorre na prática, indo além do conhecimento e configurando um saber transmitido
através da oralidade que envolve outros sentidos – o escutar e o intuir. . Adotamos como metodologia a pesquisa de campo exploratória qualitativa e realizamos
entrevistas semiestruturadas individuais – com o cuidado de solicitar autorização e realizar o preenchimento do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).
177
_____________________________________________________________________________________________________________
Ao final do século XIX, foi fundado no atual município de Franco da Rocha, em São Paulo, o Hospital de Alienados do Juquery, após se constatar a superlotação do
Hospital de Alienados da capital. Ao longo do século XX, o hospício ganhou força como um espaço de formulação e reprodução de práticas de higiene mental, financiadas
pelo Estado. Em 1927, foi institucionalizada uma separação entre os os condenados pela Justiça diagnosticados como doentes mentais e os demais pacientes e
inaugurado o Manicômio Judiciário do Estado de São Paulo, para onde foram destinados os alienados advindos do sistema penal. Partindo desse histórico, pretendemos
compreender como o sistema de encarceramento de alienados no Complexo foi responsável por aprisionar sujeitos e portanto, reproduzir uma lógica de pobreza, já
que internava provedores de famílias, potencializando situações de vulnerabilidade financeira e social. Para fundamentar tal comunicação, iremos nos basear no
levantamento de fontes já realizado pelo PET-HISTÓRIA UNIFESP, o qual reuniu os prontuários de internação de alienados com justificativa criminal ocorridas entre 1903
e 1927 no Hospital de Alienados do Juquery. Para alcançarmos o objetivo proposto, cruzaremos dados como: gênero, idade e estado civil dos internos, presentes nas
fichas de internação com o censo das décadas englobadas.
178
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta proposta tem como objetivo apresentar possibilidades de uma educação antirracista pautada pelas ações do Movimento Negro Unificado (MNU) a partir da década
de 1970, especialmente as denúncias ao racismo sofrido através de conteúdos dos livros didáticos nas escolas do século passado. O Movimento Negro Unificado (MNU),
uma das organizações mais expoentes da comunidade negra no Estado, se singularizou por diversas ações, particularmente devidas suas reivindicações por uma
educação que valorizasse a contribuição participativa da história e cultura negra no país. Com um perfil constitutivo singular – dadas as condições sociopolíticas de uma
ditadura empresarial-militar instalada no país e a necessidade de uma frente forte e consistente que se pusesse face ao regime imposto – o MNU agregou esforços de
diversas entidades e organizações negras que surgiram ao longo dos anos 70, tais como o primeiro bloco afro Bloco Ilê Aiyê (1974), IPCN (1974), CECAN (1972) o Grupo
Palmares (1971), entre outras. É em virtude disto que, nesta proposta, pretende-se problematizar as singularidades do Movimento Negro Unificado junto a contribuições
de intelectuais contemporâneos, notadamente Nilma Lino Gomes, buscando compreender o MNU como uma "instituição" que possibilita pensar o movimento negro
como um educador, tanto no Brasil do século passado quanto contemporâneo.
179
_____________________________________________________________________________________________________________
A História Regional é um instrumento importante no para conectar realidades locais ao âmbito nacional, sobretudo quando se pensa no ensino de História do Brasil em
nosso país. As realidades dispares existentes ao longo do território brasileiro não nos permitem afirmar que vivenciamos ao longo dos anos um processo histórico
monolítico, tão pouco há unanimidade nas interpretações do mesmo. Assim, é preciso encontrar maneiras de superar os desafios que segregam experiências regionais
e, muitas vezes, as distanciam do que chamamos de nacional. O processo de desenvolvimento historiográfico no Brasil formulou perspectivas tradicionais que vêm
sendo desconstruídas nas últimas décadas. É, em torno deste objetivo, que o presente trabalho vem sendo desenvolvido a fim de contribuir às reflexões acerca dos
usos da História Regional para permitir conexões entre realidades locais com o nacional, possibilitando o surgimento de novas vozes, identidades e culturas.
Historicamente, a região Sudeste goza de maior primazia em relação às demais regiões do Brasil. Essa diferenciação criou dificuldades de identificação de padrões
culturais distantes do Rio de Janeiro e São Paulo com o que seria algo típico do Brasil. Assim, buscamos refletir por meia da História Regional como podemos superar
estas lacunas e conectar realidades locais o que chamados de nacional em sala de aula.
180
_____________________________________________________________________________________________________________
A história dos trabalhadores ao longo de sua trajetória tem mostrado alto índice de acidentes graves, e, em alguns casos fatais, decorrentes da negligência estrutural
na segurança do trabalho. Os acidentes são comuns principalmente com aqueles que atuam em áreas como as indústrias, nas construções civis, nos campos de extração
dos produtos minerais, nas áreas marítimas e portuárias, entre outras frentes. Todavia, com os avanços tecnológicos e a inserção de novos recursos mecanizados nas
atividades laborais oriundas das políticas de modernizações, esse cenário tem passado por algumas alterações. Os questionamentos a esse respeito são, houve redução
dos acidentes com os novos métodos de trabalho? A qualidade de vida dos trabalhadores melhorara? Entre muitas outras perguntas que poderíamos elencar aqui. Para
este trabalho limitou-se a responder algumas questões acerca das mudanças ocorridas na realidade do cotidiano dos trabalhadores portuários avulsos que operam nos
portos capixabas. Como metodologia para pesquisa, os recursos utilizados foram o questionário e a entrevista, referenciais com estudos feitos em outros portos
brasileiros.
181
_____________________________________________________________________________________________________________
A história dos trabalhadores ao longo de sua trajetória tem mostrado alto índice de acidentes graves, e, em alguns casos fatais, decorrentes da negligência estrutural
na segurança do trabalho. Os acidentes são comuns principalmente com aqueles que atuam em áreas como as indústrias, nas construções civis, nos campos de extração
dos produtos minerais, nas áreas marítimas e portuárias, entre outras frentes. Todavia, com os avanços tecnológicos e a inserção de novos recursos mecanizados nas
atividades laborais oriundas das políticas de modernizações, esse cenário tem passado por algumas alterações. Os questionamentos a esse respeito são, houve redução
dos acidentes com os novos métodos de trabalho? A qualidade de vida dos trabalhadores melhorara? Entre muitas outras perguntas que poderíamos elencar aqui. Para
este trabalho limitou-se a responder algumas questões acerca das mudanças ocorridas na realidade do cotidiano dos trabalhadores portuários avulsos que operam nos
portos capixabas. Como metodologia para pesquisa, os recursos utilizados foram o questionário e a entrevista, referenciais com estudos feitos em outros portos
brasileiros.
182
_____________________________________________________________________________________________________________
A relação paradoxal com o passado é uma das características mais marcantes da estética pós-modernista. As metaficções historiográficas, uma das formas
predominantes de escrita em prosa da pós-modernidade, se caracterizam por uma tentativa de equacionar o passado com as novas abordagens sociais que questionam
ou põe à prova o capitalismo ocidental, o empirismo e nossos pressupostos sociais sobre raça e gênero. Nossa pesquisa, em uma abordagem ligada à teoria da história,
procura entender como os questionamentos em torno do passado, sua forma de construção e representação, são suficientes e determinantes para se chegar às questões
de gênero. A simples pergunta “que tipo de história herdamos e como isso nos restringe?” mostra como aspectos ligados à construção de identidade, assim como o
gênero, foram influenciados por nossas pressuposições humanistas. Nosso recorte trata da obra The French Lieutenant’s Woman do escritor britânico John Fowles,
publicada em 1969. Segundo alguns autores, ela antecipa aquilo que vem sendo tratado a partir dos anos 1990 como “heteronarrativa”, na medida que mostra suas
protagonistas aceitando, mas também reinterpretando e subvertendo mitos e padrões apresentados como inatos, mas que se revelam produtos de uma ordem
patriarcal com a finalidade de criar um quadro regulatório da sexualidade feminina.
183
_____________________________________________________________________________________________________________
Principal base eleitoral de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2018 e 2022, os evangélicos vem se destacando pela aproximação com o conservadorismo político
e o ativismo social em pautas morais e comportamentais, sobretudo a partir de 2010, no fim do primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Neste trabalho,
portanto, objetivamos analisar os vínculos entre os evangélicos brasileiros, sobretudo pentecostais e neopentecostais, com setores conservadores no ambiente público,
tendo por base as motivações do voto religioso, a institucionalização das denominações protestantes, os vínculos com partidos políticos e o comportamento das
esquerdas em relação ao segmento.
184
_____________________________________________________________________________________________________________
Através de figurações presentes nos quadrinhos do Capitão América Sam Wilson, com particular atenção ao grupo Filhos da Serpente, Ariella Conner, que tem um
discurso muito parecido com o de Ann Coulter, comentarista política de viés conservador e Joaquim Torres, um samaritano que ganha super-poderes após ser capturado
e utilizado como cobaia de experimentos, iremos refletir sobre a questão imigratória nos Estados Unidos no contexto em que a obra foi produzida e, sabendo que esta
história em particular foi objeto de crítica da emissora Fox News, com acusações de que o enredo era contra os conservadores, pedidos de que a política fosse deixada
fora dos quadrinhos e simpatia com o discurso dos vilões presentes na história, nos questionamos como estão figurados esses conservadores nos quadrinhos do Capitão
América Sam Wilson, qual interesse destes nesta mídia, num contexto de Guerras Culturais. Para isso, utilizaremos o método dialético para análise em histórias em
quadrinhos proposto por Nildo Viana (2016), bem como o conceito de Guerras Culturais de Hunter (1991) e de Cultura de Mídia proposto por Kellner (2001)
185
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho tem como objeto o Instituto Nacional do Sal desde a sua criação em 1940 até o seu desmonte em 1968. O INS foi uma autarquia ligada à presidência
da República criada durante o Estado Novo com o objetivo de regular e fomentar a industrialização da atividade salineira no litoral brasileiro. Durante o período outros
institutos, como o do café, também foram criados seguindo o projeto econômico e político do nacional desenvolvimentismo de Vargas. Até 1968 o órgão mudou de
nome e teve aumentos e retrações no seu quadro de funcionários e foi marcado por diferentes fases de acordo com a política econômica do governo vigente. Através
da análise de documentação primária, periódicos e revisão bibliográfica analisaremos a atuação do INS no processo de regulação e modernização da indústria salineira
e quais os discursos sobre a natureza estavam sendo veiculados pelos seus cientistas e membros. Alguns resultados parciais podem ser alcançados, como a percepção
das diferentes formas de instrumentalização do discurso científico de exaltação da riqueza natural do país e seus usos pelos diferentes governos federais.
186
_____________________________________________________________________________________________________________
A partir de meados do século XIX, os círculos intelectuais latino-americanos foram amplamente influenciados por uma série de correntes de pensamento, ideologias e
discursos importados da Europa Central e dos Estados Unidos. Dessa forma, ideologias como progresso, modernidade e civilização, e outros saberes baseados nas
linguagens da "ciência", influenciaram o pensamento das minorias letradas dos países da região. Esses "recursos" ideológicos e científicos serviram de suporte para os
intelectuais latino-americanos interpretarem a "realidade" de suas respectivas sociedades, ao mesmo tempo em que justificavam as plataformas ideológicas dos
primeiros Estados nacionais que seguiam o caminho de seus pares europeus. Este artigo pretende refletir sobre algumas analogias, diferenças e conexões na forma
como as elites intelectuais na Colômbia e no Brasil adotaram e adaptaram as ideologias e a retórica do progresso no final do século XIX no contexto do debate sobre a
construção da nação nos dois países. A ênfase será colocada no clima intelectual de mudança impulsionado pelo movimento político da Regeneración (1886-1903) para
a Colômbia e a Geração de 1870 para o Brasil. O ponto de partida é que, no final do século XIX, as elites intelectuais hegemônicas do Brasil e da Colômbia eram
civilizadoras e modernizadoras; no entanto, o contexto normativo de ambos os países influenciou a diferença na forma como as ideologias ocidentais foram recebidas
e, consequentemente, na forma como os respectivos projectos nacionais foram construídos. Além disso, faz-se uso do “procedimentos relacionais” comparados, com
os quais se espera a "iluminação recíproca" entre as ideias das duas gerações, bem como a oportunidade de pensar a história nacional não a partir da excepcionalidade
histórica, mas a partir de múltiplos focos de análise e interconexões.
187
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho de pesquisa, ainda em desenvolvimento, está vinculado ao curso de doutorado acadêmico do Programa de Pós-graduação em História da
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), na linha Política, Instituições e Relações de Poder. Seu objetivo é historicizar trajetórias de pessoas que vivenciaram,
na capital pernambucana, a experiência de situação de rua ou vulnerabilidade social quando crianças e adolescentes e se tornaram, na idade adulta, educadores do
Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua (MNMMR) do Recife, tendo o período de 1985 a 2002 como nosso recorte temporal. Do ponto de vista teórico, o
trabalho será construído sob o prisma da História Social, tendo a História Social da Cultura Regional como área de concentração. No âmbito da metodologia, pretende-
se trabalhar com relatos de memória de educadores sociais do MNMMR que integraram a organização na infância e adolescência, entrecruzando tais fontes com
documentos de diversas tipologias produzidos por essa entidade ao longo de nosso recorte temporal. O acesso às fontes será viabilizado pelo acervo do Laboratório de
História das Infâncias do Nordeste (LAHIN). Criado em 1985, o MNMMR é uma organização popular não governamental que atua na luta e defesa dos direitos no âmbito
da infância e adolescência. O trabalho em desenvolvimento está construindo uma análise acerca do papel das crianças e adolescentes na atuação do MNMMR em
Recife, ao longo do recorte temporal proposto.
188
_____________________________________________________________________________________________________________
A Educação Moral e Cívica (EMC) foi implementada nas escolas do ensino secundário pelo Decreto-Lei n. 4.244/42 no Estado Novo. Foi retomada em “todos os graus e
modalidades” pelo Decreto-lei nº 869/69 e vigorou nas escolas públicas brasileiras enquanto disciplina até 1993, quando a Lei nº 8.663/93 revogou sua obrigatoriedade.
A disciplina tinha, segundo a lei, o objetivo estabelecido de promover nos ambientes escolares públicos e privados uma supervalorização do patriotismo, do
nacionalismo, da moral cristã e do amor ao trabalho; além de delimitar os caminhos do civismo “ideal”. A historiografia sobre ambos os períodos é vasta e se concentra
em diferentes temas, sendo a Educação em particular abordado mais recentemente. A perspectiva comparativa entre os recortes temporais ainda é lacunar. Desta
maneira, a proposta deste trabalho é analisar as permanências e rupturas entre o projeto educacional do Estado Novo e do período militar tendo como objeto central
a disciplina Educação Moral e Cívica, especialmente nas escolas do Rio de Janeiro. Esse esforço se dará através do estudo da legislação voltada para a educação, assim
como da análise de alguns dos materiais didáticos utilizados nos períodos. A perspectiva de análise da questão proposta se dá numa discussão sobre memória, cultura
histórica e consciência histórica, a fim de buscar indícios do impacto que essa disciplina teve na construção da memória e legitimação tanto do Estado Novo como da
Ditadura Civil-Militar.
189
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente projeto de Iniciação Científica tem como proposta a reconstrução contextual e teórico-conceitual do pensamento de Raymond Aron, um dos intelectuais
que mais se destacou no período da Guerra Fria, sendo um dos principais comentaristas políticos de sua geração; obtendo uma ampla variedade temática em suas
obras, da História à Política, Filosofia e Relações Internacionais. Nesse ínterim, a perspectiva de análise utilizada nessa pesquisa parte do entrecruzamento da História
Intelectual (Dosse, 2003) e da História Cultural do Político (Rosanvallon,1995; 2010), além das contribuições ofertadas pela História Filosófica do Político e pela História
Conceitual, obtendo o foco sobre os diferentes níveis de sentido de seus discursos e reconhecimento no que tange a sua especificidade contextual e sua projeção sobre
as comunidades de sentido (Standortgebundenheiten, como proposto por Mannheim [1964, 1980, 1984]) nas quais operam. Dessa forma, o trabalho aqui descrito irá
focar sobre as considerações de Aron, escolhidos acerca da natureza da República e da Democracia, assim como da violência, do totalitarismo e de revolução, com o
objetivo de propor uma compreensão especializada através de conceitos e reflexões que se mostram essenciais para entender o período da Guerra Fria e discussões
que reverberam ainda hoje em praticamente todo o globo.
190
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente artigo versa sobre o uso de humoristas nas propagandas eleitorais de Elmano Férrer (PTB) e Firmino Filho (PSDB), os quais disputaram a prefeitura de
Teresina nas eleições municipais de 2012. Partindo da atuação desses artistas buscamos analisar as seguintes questões: as tensões políticas e sociais que permeavam a
capital do Piauí nesse contexto e suas influências sobre os conteúdos dos testemunhos audiovisuais estudados; a forma como os problemas urbanísticos da cidade
foram apropriados nos discursos cômicos desses programas; em que medida essas produções humorísticas afastaram ou promoveram o debate eleitoral e até que
ponto o vínculo desses comediantes com os grupos em que trabalharam poderiam denotar algum apoio ou militância pessoal. Nessas produções, os humoristas criavam
personagens, produziam paródias e chamadas para elencar as ações dos candidatos ou então atacar seus adversários. O uso do humor nesses programas provocou uma
insatisfação nos demais candidatos que passaram a acusar os dois partidos de negligenciarem o debate em prol de galhofas e pilhérias. Nesse sentido, a pesquisa aborda
esses aspectos à luz de uma história política que também articula elementos subjetivos e culturais na compreensão de seus objetos.
191
_____________________________________________________________________________________________________________
Nesta comunicação pretende-se apresentar a importância da presença indígena nas explorações em busca de ouro no Estado do Maranhão e Grão-Pará durante os
séculos XVII e XVIII. Os indígenas eram de suma importância para os colonos já que eram eles que conheciam os locais ainda não explorados, os sertões. Os indígenas
também eram úteis na navegação e na condução das canoas que iam aos sertões colher gêneros. Eles eram indispensáveis para as autoridades coloniais, moradores e
também para os missionários que residiam no Maranhão e Grão-Pará, sendo assim o controle sobre esses indígenas era essencial para obter o domínio daquela região.
Assim, o objetivo dessa comunicação é demonstrar como os indígenas foram essenciais na busca de minas de ouro no Estado do Maranhão e Grão-Pará. As principais
fontes utilizadas são os documentos manuscritos avulsos e alguns códices relativos às capitanias do Pará e do Maranhão, do Arquivo Histórico Ultramarino, que foram
digitalizados pelo Projeto Resgate Barão do Rio Branco e estão disponíveis na BNDigital, no site da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. A metodologia de análise
empregada é qualitativa e quantitativa, e parte do preenchimento de uma ficha de coleta de dados, que tem como objetivo identificar e resumir o conteúdo de cada
documento levantado e identificar na correspondência oficial entre os governadores e o Reino, relatos sobre a busca de minas de ouro no Estado do Maranhão e Grão-
Pará, tema central da minha dissertação.
192
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente proposta pretende uma análise da integração do Triângulo Norte da América Central (TNAC) ao capitalismo em sua etapa global a partir do final do século
XX. O TNAC é formado por Honduras, Guatemala e El Salvador. Foram dados destaques para os períodos finais de contrainsurgência no TNAC e para o período
contemporâneo de articulação do Plano da Aliança para a Prosperidade do Triângulo Norte da América Central. O foco recai sobre a análise dos impactos do Plan of the
Alliance for Prosperity in the Northern Triangle (PAPNT) nas realidades sociais desses países. Estabelecido, inicialmente, em 2014 para o período de 5 anos, entre 2015-
2019, o PAPNT surgiu como tentativa de conter os fluxos migratórios oriundos do TNAC e que se tornaram alarmantes devido ao crescente número de crianças centro-
americanas desacompanhadas nas fronteiras. Nesse sentido, o PAPNT se apresentou como pedra angular para a atração de investimentos privados visando a melhora
das condições econômicas, e por consequência, a mitigação da pobreza, da violência e da emigração, ou seja, com a perspectiva de uma melhora no quadro regional
de segurança e desenvolvimento das populações. No entanto, o que se pode observar, principalmente, é que o Plano figura como um canal de integração desses Estados
com os setores do capitalismo transnacional. A metodologia de análise utilizada neste projeto se refere àquilo que William I. Robinson (2003) denomina como análise
estrutural-conjuntural.
193
_____________________________________________________________________________________________________________
A apocalíptica judaica é um gênero literário que surgiu no período do Segundo Templo e teve grande impacto na cultura judaica e cristã. Neste gênero, os autores
apresentam visões ou revelações sobre o fim dos tempos e o juízo final. Muitas vezes, essas visões incluem figuras históricas, como o rei Alexandre da Macedônia,
conhecido como Alexandre Magno. Neste artigo, vamos analisar a interpretação da apocalíptica judaica sobre Alexandre Magno, a fim de compreender como os autores
judeus do período do Segundo Templo viam esse importante personagem histórico.
194
_____________________________________________________________________________________________________________
A referida pesquisa é fruta de minha experiência como mestranda do programa de Pós-graduação em História pela Universidade Estadual do Ceará. A temática da
referida pesquisa traz à tona as histórias e memórias dos ferroviários de Reriutaba, localizada no estado do Ceará, que prestaram serviço especificamente a Rede
Ferroviária Federal. Ao adentrar na história da cidade em análise e observando as demais cidades vizinhas que foram “privilegiadas com os trilhos”, faz-se necessário a
difusão desse saber na educação básica. Sendo assim, há sérias implicações quando se nega a participação popular na construção da história, sobretudo local. Isso se
caracteriza como atitude anti-científica, uma vez que a história é resultado de conflitos entre classes; o que significa dizer que a subtração da participação popular é
entendida como sendo uma negação da atuação desses segmentos, classificando-os como objeto e não como sujeitos da história. Apesar das imposições ao professor
para seguir um plano curricular do início ao fim, o docente precisa ser sabedor da sua autonomia dentro da sala de aula, fazendo seleção do que realmente condiz com
a realidade do aluno. A principal metodologia da pesquisa é a História oral. Foram mapeados 3 professores de História que podem retratar suas experiências com a
temática ferroviária local.
195
_____________________________________________________________________________________________________________
Esse trabalho tem o objetivo de estudar e problematizar as relações de gênero no alto sertão paraibano do início do século XX, focando na cidade de Sousa, na Paraíba,
tendo como fonte as publicações da escritora sousense Ignez Mariz (1905-1952). Por meio dos seus escritos, publicados entre 1930 e 1940, pretendo analisar como
neles estão presentes os discursos onde é possível identificar a questão de performance de gênero, que dá forma às relações sociais e gênero que temos hoje a partir
de nossas identidades. Os dois trabalhos são “A Barragem”, publicado em 1937, único romance da autora, conta a história da construção do açude São Gonçalo, no
sertão da Paraíba, contada por meio das narrativas dos personagens trabalhadores da obra. O segundo foi publicado como uma monografia em 1940, pelo Círculo de
Educação Sexual no Brasil, no Rio de Janeiro, intitulado “Educação sexual: a que leva a curiosidade infantil insatisfeita.” A base teórica deste trabalho se sustenta com a
ideia de performatividade, de Judith Butler (1998), pensado por meio da colonialidade de gênero colocada por Maria Lugones (2006; 2014). Por meio dessa discussão
teórica, meu trabalho busca entender como a ideia de gênero é moldada na sociedade, partindo de uma análise voltada para o sertão paraibano.
196
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente comunicação aborda as polêmicas que emergiram na imprensa carioca após a primeira representação da opereta Antonica da Silva – de Joaquim Manoel de
Macedo (literato) e Manuel Joaquim de Macedo (compositor) – estreada no palco do “Teatro Phênix Dramática” em 29 de janeiro de 1880. Nota-se a partir da imprensa,
que as récitas ocorreram com lotação máxima de público. No entanto, a opereta saiu de cena antes de completar 10 representações. Na "Revista Ilustrada" o articulista
“A. de Lino” teceu ácidas considerações a respeito do autor e sua criação, acusando a opereta de ser uma verdadeira “indecência teatral autorizada”. O que levou
Joaquim Manoel de Macedo a escrever uma extensa resposta publicada ao longo de três números do "Jornal do Commércio". Diferente de Manuel, Joaquim já gozava
de imenso prestigio no meio social carioca da década de 1880, e foi justamente essa posição de visibilidade que o transformou em alvo potencial da imprensa naquele
contexto. Claramente, a exposição não estava relacionada somente a questão da moral e aos bons costumes da corte, pelos discursos da imprensa acreditamos que tais
provocações tinham um apelo político, considerando o viés republicano da Revista Ilustrada, e as alianças de Joaquim Manoel de Macedo com a monarquia. A partir
dos pressupostos de Carlo Ginzburg e Roger Chartier buscamos analisar as tensões entre autor e articulista, e entender se o insucesso da opereta esteve diretamente
conectado ao desgaste da monarquia no período.
197
_____________________________________________________________________________________________________________
O trabalho tem como objetivo um levantamento sobre os debates em torno de duas categorias, a de Subúrbio Carioca e Favela, e como ambas se relacionam entre si e
atuam sobre o corpo social em suas camadas teóricas, simbólicas e empíricas. Tendo como objeto para análise a praia de Ramos, praia dos subúrbios. Tendo como fato
histórico a construção da Av. Brasil (1940) que dinamiza a ocupação e a formação da favela Praia de Ramos(1950). Partindo de reflexões trabalhadas com fontes
bibliográficas, periódicos, atas, fotografias, que me ajudam a compreender contextos políticos importantes de estratificação do território. A partir das diacronias do
desenvolvimento social e do território Carioca, ligadas a profundas mudanças políticas, econômicas, e sociais o fenômeno Favela se estabelece enquanto uma questão
social e fundiária no território dos subúrbios. A Maré é um dos bairros populares mais populosos do município do Rio de Janeiro, composto por um conjunto de 16
favelas. No ano de 1994 é constituído o bairro da Maré, através da Lei Municipal nº 2.119, de 19 de janeiro de 1994. Dito isso, é importante destacar que as pesquisas
desenvolvidas sobre a ocupação territorial desse espaço denotam historicidades específicas e dinâmicas heterogêneas entre as favelas que compõem o bairro, o que
faz do bairro da Maré um território diverso e muito importante para a história do Rio de Janeiro. Entre essas 16 favelas, iremos focar nosso esforço de pesquisa na Praia
de Ramos, que atualmente tem 3.221 moradores, representando 2,3% de toda a população da Maré. Sua formação histórica enquanto favela data dos anos de 1950. A
partir de 1994 com lei municipal citada acima a praia de Ramos deixa de pertencer a Ramos e faz parte do bairro Maré “oficialmente”.
198
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente estudo, fruto de uma pesquisa no âmbito do ProHistória, tem por objetivo refletir no tocante ao ensino de História a alunos surdos e ouvintes numa
perspectiva bilingue e inclusiva. Neste sentido nos acostaremos a pesquisadores, a saber, Ramos (2010), Mantoan (2015), Crochik (2012), Gonçalves e Furtado (2015)
que nos darão aporte para afirmar que a inclusão escolar não pode ser vista como um processo isolado e de responsabilidade única de professores que atuam nas salas
de Atendimento Educacional Especializado (AEE). Como nos afirma Bedaque (2015), é preciso ver todo o processo de educação das pessoas com deficiência com muita
cautela, ao tempo que compreender que este é um processo colaborativo, que exige, para além do envolvimento dos profissionais da educação, a participação de todos
que convivem com este indivíduo. O ensino de História, por sua vez, para além das discussões do passado, visa fomentar nos estudantes, uma ação crítica e reflexiva da
sociedade, problematizando, por conseguinte, a realidade do meio em que vive, assim como os problemas encontrados, vividos ou sentidos. Neste contexto, buscamos
trazer neste estudo pensadores do ensino de História, tais como Cerri (2001), Marrera e Souza (2013), Boschi (2007), Barca (2001) e Rüsen (2006), que dialoga conosco
sobre consciência histórica e aprendizagem histórica, a fim de estabelecer uma relação entre o ensino de História e a Educação de Surdos.
199
_____________________________________________________________________________________________________________
Com o crescimento do abolicionismo no Império, a classe senhorial passou a se organizar em Clubes Agrícolas também conhecidos como Clubes da Lavoura em que
eram discutidos propostas e meios de barrar a ação do movimento libertador. Pautados muitas vezes na constituição esses indivíduos buscavam argumentar que tinham
direitos a manter os escravizados como sua propriedade e que só aceitariam concederem a alforria a estes sujeitos mediante o pagamento de indenização por parte do
Estado. Pernambuco, uma das províncias do Norte que mais continha escravizados foi uma das quais os escravocratas se organizaram na tentativa de barrar o movimento
abolicionista com a instauração de Clubes Agrícolas, originados em sua maioria nas comarcas interioranas da província. Em 1884 aconteceu o 2º Congresso Agrícola de
Pernambuco influenciado pelo que acontecia na província do Ceará e com a intenção de buscar meios de barrar a ação libertadora que incomodavam aos fazendeiros
da região. O intuito dessa apresentação é de discutir como estes senhores se organizavam para tal feito, quais as propostas apresentadas por eles em relação a escravidão
e quais eram seus receios em relação a libertação dos escravizados. Para isso utilizo notícias que circulavam na imprensa local, a partir das análises dos discursos dos
representantes da classe senhorial, em especial a figura de Afonso de Albuquerque Mello, um escritor que foi membro do Clube Agrícola de Escada e que fazia duras
críticas ao abolicionismo pernambucano.
200
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente artigo busca encorajar uma reflexão ao movimentar História, literatura e Imprensa, tomando como ponto de partida um caso que foi de ampla repercussão
da sociedade da época. Trata-se da história que ficou conhecida como “Questão Capistrano”. O fato se deu no ano de 1876, entretanto, teve tal repercussão, que além
da exposição de todo processo entre 1876 até 1877, ela foi retomada muitos anos depois, como no Jornal do Brasil 3 em 1926, ou ainda mais tarde no jornal Correio
do Amanhã 4 em 1940. Essa mesma história foi também base para a escrita do romance de Aluísio Azevedo (1857-1913), Casa de Pensão, publicada em 1883 em
folhetim e depois em volume em 1884. A forma como o autor mobilizou um acontecimento de seu tempo motivou indagações. O que a “Questão Capistrano” e,
sobretudo, as narrativas sobre esse caso podem nos apontar sobre a sociedade do Rio de Janeiro no ultimo terço do século XIX? A relação dialógica entre leitor e texto,
como apontado por Chartier também é um aspecto interessante que nos leva a pensar: Como a “Questão Capistrano” pode nos ajudar a compreender a relação entre
realidade, literatura e leitor? Ao tratar das relações miméticas, as quais o homem está submetido, destaca-se a visão de Benjamim 6 , pois segundo o autor o indivíduo
não só reconhece as semelhanças, mas também as produz ao reagir às semelhanças do mundo a sua volta. Além das questões mencionadas, o artigo também se mostra
relevante ao tratar das relações entre História e Literatura.
201
_____________________________________________________________________________________________________________
A intersecção entre História e Geografia revela um campo de estudo que lança luz sobre a complexa relação entre os seres humanos e o mundo que os cerca. Atualmente,
esse diálogo interdisciplinar tem evoluído, proporcionando alternativas para a visualização de dados históricos, o que permite estabelecer conexões entre os indivíduos
e o espaço. Diante disso, esta comunicação tem como objetivo abordar a relevância da interseção entre esses campos, a partir do estudo de caso de uma pesquisa de
doutorado em andamento, que investiga a ação social e econômica de viúvas que administravam casas de secos e molhados na cidade do Rio de Janeiro durante a
segunda metade do século XIX. Na pesquisa, o diálogo tem possibilitado investigar a relação entre os indivíduos e o espaço nos locais de consumo e fornecimento de
alimentos na cidade. Por meio do georreferenciamento, podemos analisar a conexão entre as comerciantes e o ambiente em que estavam inseridas, explorando
questões relacionadas à mobilidade espacial, aos circuitos comerciais e aos aspectos da evolução urbana e comercial da cidade. Como metodologia, o geoprocessamento
de dados é conduzido por meio do software ArcGIS. Através dele, exploramos as capacidades de criação, visualização, manipulação e análise de bancos de dados,
gerando mapas que indicam a inserção das comerciantes no centro comercial. Em suma, o objetivo principal é refletir sobre o valor analítico que a dimensão espacial
proporciona na investigação histórica.
202
_____________________________________________________________________________________________________________
Este trabalho de pesquisa busca abordar aspectos da formação da política externa brasileira imperial (PEBI) no pós independência do Brasil a partir do caso das relações
comerciais e diplomáticas do Brasil com Angola no Primeiro Reinado, início do século XIX. Sendo realizado uma análise do conjunto de cartas diplomáticas escritas por
Ruy Germack Possolo, documentos/fontes primárias disponíveis no Arquivo Histórico do Itamaraty no centro do Rio de Janeiro. É possível perceber quais são as
dinâmicas históricas da construção dessa relação e dos acontecimentos que permeavam as disputas comerciais no Atlântico Sul. E, ainda, como a questão do tráfico de
escravizados e a escravidão pautou as políticas do Brasil Império. É importante ressaltar que esse período estava marcado por disputas políticas e sociais que
influenciavam nas suas relações internacionais. A independência do Brasil, nesse sentido, configurou novas dinâmicas nas relações histórico-internacionais e determinou
as diretrizes da Diplomacia Imperial no pós-independência.
203
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente pesquisa lança mão sobre os processos de silenciamento e/ou negociação da mulher que cura na Amazônia através da vida de Sabina Souza e Zerina Campos,
duas mulheres envolvidas em processos de cura não farmacológicos no município de Faro, no Pará. As duas personagens estão inseridas no cosmo diversificado de cura
da cidade, ora entendidas como benzedeiras, ora entendidas como feiticeiras. Deve-se mencionar que o município de Faro é conhecido regionalmente como a "terra
da macumba", estigma que se relaciona a trajetória dessas mulheres, assim como exerce pressão social sobre suas práticas. Nesse sentido, o objetivo do estudo é
alcançar e compreender os mecanismos utilizados por essas mulheres, como o silenciamento e a negação de seu dom, como forma de resistência, sobrevivência e
manutenção de suas práticas nesse espaço. A História Oral é a metodologia adotada para o desenvolvimento da pesquisa geradora deste comunicado. Trata-se de uma
metodologia fundamental para o registro de testemunhos, experiências e o acesso as memórias das colaboradoras.
204
_____________________________________________________________________________________________________________
A pesquisa tem como objetivo comparar as políticas públicas de memória propostas e realizadas pelas Comissão Municipal da Verdade de Juiz de Fora/MG (CMV-JF) e
Comissão Municipal da Verdade Dom Waldyr Calheiros de Volta Redonda/RJ (CMV-VR), desde as suas criações até os dias atuais. A simples existência de uma política
de memória não é capaz de atestar a sua qualidade e divulgação na esfera pública. Assim, procura-se entender e analisar os projetos de memória dos movimentos
sociais anteriores às Comissões, bem como os trabalhos realizados durante e após a publicação dos relatórios finais. Serão analisadas as ações posteriores aos trabalhos
das comissões, como alteração de nomes de logradouros públicos e ações memoriais recomendadas nos relatórios finais. É importante entender e analisar a escolha
dos comissionados que, semelhante às escolhas na Comissão Nacional da Verdade, não privilegiaram a atuação de historiadores/as. Para isso, serão utilizados os
relatórios finais da CMV-JF e CMV-VR, bem como as produções historiográficas posteriores aos trabalhos das comissões em diálogo com os teóricos da memória e de
políticas públicas.
205
_____________________________________________________________________________________________________________
Este trabalho tem por objetivo, analisar o processo de transição dos modais de deslocamento. Em especial, pela passagem do bonde para ônibus e o seu impacto nas
transformações da territorialidade das cidades. Ambos os modelos de transportes, impactaram o modo de funcionamento dos municípios, com o intuito de modernizar
o espaço urbano. Em destaque, o ônibus, que neste processo foi a ferramenta mais efetiva para o desencadeamento da segregação do território das localidades,
ocasionados pelo crescimento desordenado, ante a falta de capilaridade na operação dos bondes para suprir o aumento da demanda populacional. Consequentemente,
consagrando sua hegemonia como transporte de massa, a partir da metade do século XX. Nesse modo, Petrópolis não foge à regra, sendo espaço de disputa e
representatividade política, por então acolher os chefes de estado em temporadas de veraneio. Destacando-se, Getúlio Vargas, onde sua estadia culminou em grandes
transformações urbanistas na cidade, entre elas a extinção do transporte por bonde em 1939. Em meio a esse contexto, está João Varanda: primeiro empresário a
constituir de maneira empresarial uma empresa de ônibus em Petrópolis, após a extinção do bonde. Esse empreendimento, possibilitou o estabelecimento de relações
de sociabilidade com a classe política regional e nacional, entre elas, está a própria figura de Vargas. Dessa forma, por meio da micro história, a análise da trajetória
deste agente social, oferece grandes potencialidades como objeto de estudo para compreender esse fenômeno histórico, representado pela figura do ônibus como
instrumento de modernização conservadora no território das cidades, ao longo do séc. XX.
206
_____________________________________________________________________________________________________________
A pesquisa propõe refletir sobre a construção das subjetividades e o silenciamento das identidades LGBTQIAPN+ dentro do ambiente escolar. Com isso, a proposta
metodológica é investigar, a partir de observações etnográficas feitas dentro de sala de aula, como as discussões sobre gênero e sexualidade podem afetar a percepção
dos alunos sobre si mesmos. Do ponto de vista teórico, essa pesquisa será feita sob a perspectiva da Teoria Queer, na busca para perceber como o corpo é educado e
construído socialmente com estruturas disciplinares rígidas e, consequentemente, como isso pode afetar negativamente o corpo discente em suas relações sociais a
partir de autores como LOURO (2018), BENTO (2011), MISKOLCI (2007). Nesse sentido, o estudo objetiva perceber como os professores podem estabelecer metodologias
e formas de auxiliar o processo de desenvolvimento e construção dessas subjetividades na escola.
207
_____________________________________________________________________________________________________________
O objetivo desse trabalho é analisar criticamente o funcionamento do Asilo São Luiz enquanto uma experiência social preocupada em educar meninas e formar
professoras, a partir de diferentes fontes entre o século XIX e os primeiros anos do século XX. Dentre as fontes consultadas, destacamos o livro “O Pioneiro da Serra da
Piedade” (1964), que abrange a maior produção textual relacional ao Asilo dentro do recorte cronológico proposto. Também estão reunidos periódicos em que
destacamos transcrições de discussões na Assembleia Provincial sobre o Asilo, no qual são discutidas pautas sobre o funcionamento e legalidade, assim como menções
ao Monsenhor Domingos, seu principal dirigente. O Asilo propunha-se à assistência e instrução de meninas populares que, posteriormente, poderiam atuar como
professoras na própria instituição. Destarte, será delineado uma perspectiva crítica acerca das questões sociais que envolvem a experiência educacional empreendida
no Asilo, juntamente aos demais aspectos da formação de professoras no Brasil a partir de diferentes fontes. A produção de Maria Cristina Gouvêa (2001) muito contribui
para uma visão social e histórica sobre a profissionalização docente, juntamente à Alessandra Schueler (2008) com a articulação dos conceitos de “raça”, “classe” e
“gênero” diante do recorte temporal e geográfico determinado. Já o trabalho de Luciano Faria Filho (2002) nos fornece reflexões metodológicas para compreender as
instituições educacionais e especificidades do contexto mineiro.
208
_____________________________________________________________________________________________________________
Observamos a figuração da deusa trácia Bendis na cultura material como um reflexo da atividade ritual das mulheres atenienses no período clássico. A historiografia
tende a destacar a deusa como auto reflexo das sacerdotisas e suas preparações rituais. Os rituais de Bendis proporcionam as mulheres diversas posições de destaque
(oficiante e devota) ao coloca-las em um patamar social de equivalência, em relação aos homens, conforme atestam os registros epigráficos. Nestes documentos,
particularmente, encontramos evidencias de que não há diferenciação sexual das mulheres, mas um papel sociocultural similar aos homens, quando realizam as
atividades de culto conjuntamente em honra a deusa dentro do festival (a bendideia).
209
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta comunicação, tem como objetivo pensar as produções poéticas ligadas à Frente de Libertação Nacional de Moçambique (FRELIMO) a partir da concepção de
violência revolucionária de Frantz Fanon. Os poemas tomados neste estudo foram escritos por guerrilheiros durante a guerra de independência de Moçambique entre
os anos de 1964 e 1974.São textos que apresentam uma forma de ler, ver e sonhar o mundo dissociado das referências do colonizador, onde se projetou um horizonte
de expectativas que vislumbrava uma nação livre. Tais poemas foram analisados a partir das ideias ligadas à violência e revolução presente na obra “Os condenados da
Terra” de Frantz Fanon. Conforme expresso por este autor, a violência fundou, estruturou e garantiu a continuidade do colonialismo, sendo assim, a destruição do
domínio colonial só pode ser realizada a partir das substancias de sua construção, ou seja, da própria violência. Potencializada, ela passaria a ser utilizada como
engrenagem para se alcançar a ruptura radical e a revolução, um meio para se conseguir o desmantelamento das forças de opressão. Encontramos esse mesmo
pensamento nos poemas de combate, é marcante a defesa da violência revolucionária como caminho de resistência e luta. A violência se instala na narrativa como
único e último recurso para a conquista da liberdade, que garantiria o realocamento do lugar do sujeito colonial no mundo, após a saída da “grande noite”.
210
_____________________________________________________________________________________________________________
Essa pesquisa busca discutir as significações que podem ser atribuídas às ilustrações contidas em anúncios publicitários. Especificamente, estudamos os desenhos
presentes nos anúncios publicitários da revista Encontro que circulou durante a década de 1960 em Montes Claros -MG. Nesse período, considerado de muita
prosperidade e de grande expansão do uso de tecnologias em todo o país, procuramos verificar o desenvolvimento da imprensa local através das imagens que ilustram
a Revista Encontro. Esse periódico, como outras revistas de variedades publicadas no Brasil na época, dá ênfase à ascensão da sociedade que busca tanto por novas
conquistas como por constantes aquisições. Dessa maneira, por meio desses recursos imagéticos encontramos subsídios para o estudo da cidade e de seus habitantes.
Assim, através das propagandas vamos delineando os costumes da população local ao mesmo tempo que constatamos a trajetória desses recursos
artístico/comunicacional no cenário do sertão norte mineiro. Sendo uma pesquisa que se trata de uma Revisão de Literatura e que se encontra em andamento, demos
início à análise dos desenhos que ilustram os anúncios publicitários e que evidenciam não apenas os aspectos econômicos, mas sobretudo o contexto histórico, político
e sociocultural da cidade.
211
_____________________________________________________________________________________________________________
Essa pesquisa tem como objeto de estudo o primeiro arranha-céu, erguido na cidade de Niterói (RJ) e construído para abrigar repartições da administração estadual
fluminense, na ocasião em que a cidade foi a capital do estado do Rio de Janeiro. Inicialmente funcionou no espaço do prédio a Secretaria de Fomento à Agricultura
que foi extinta em 1931, e então, na edificação passa a funcionar o Arquivo Público do Estado Rio de Janeiro e a Secretaria de Fomento Agricultura e Trabalho. Até o
ano de 2015, quando o prédio foi completamente desocupado pelos órgãos públicos, outras secretarias administrativas do Estado fizeram uso desse espaço, mas não
há registros deste uso no processo de patrimonialização municipal. Desde então, o edifício histórico ficou exposto à deterioração, mesmo sendo reconhecido como
bem cultural pelo tombamento em nível municipal aprovado em 1994.
212
_____________________________________________________________________________________________________________
Sendo cultura material um algo físico transformado e utilizado pelos seres humanos, a Arqueologia é a ciência por trás do estudo da relação formada entre esses
indivíduos e seus materiais ao longo do tempo, desde grandes construções como as pirâmides egípcias a objetos simples de atividades cotidianas das sociedades
humanas, como o pilão. O pilão é um utensilio usado pelas populações humanas desde os primórdios até os dias atuais, constituído de um recipiente geralmente em
formato de tigela que é utilizado para moer substâncias, possuindo diversos tipos de matérias-primas, como rocha, metal, madeira, cerâmica etc. Este trabalho é
resultado de uma iniciação cientifica voltada para os pilões de rocha utilizados pelas populações indígenas no Estado do Paraná, porém, após o levantamento
bibliográfico, ficou evidente a amplitude e importância desse artefato para a humanidade e, por isso, objetivo apresentar um levantamento histórico dos diferentes
aspectos nos quais trouxeram este importante utensilio desde a pré-história até os dias atuais. Para tal, partiremos da perspectiva da literatura etnográfica, em sua
maioria dos pilões feitos sob rocha, com fontes documentais e análises de artefatos denominados de pilões.
213
_____________________________________________________________________________________________________________
Considerando a Região Serrana catarinense como um novo terroir em busca de identidade e afirmação no mundo do vinho, o projeto “Vitivinicultura Serrana: o
despontar de um terroir de oportunidades para Santa Catarina” tem como objetivo investigar o processo histórico e ambiental da introdução e desenvolvimento da
produção de uva e vinhos finos, compreendendo as interconexões entre a trajetória do setor vitivinícola e seus impactos socioambientais nas últimas décadas. A
pesquisa é potencializada pelas abordagens metodológicas da História Ambiental Global e da História Espacial (Spatial History) para compreensão do processo histórico
e ambiental da introdução e desenvolvimento da produção de uvas e vinhos finos na Região Serrana de Santa Catarina. Além disso, a proposta abarca também a análise
da incorporação de práticas sustentáveis, como o cultivo orgânico, e o potencial de sustentabilidade pretendido pelas pesquisas de melhoramento fitogenético de
videiras Piwi (resistentes a fungos) desenvolvidas na EPAGRI e na UFSC com a cooperação do Julius Kuhn-Institut (Alemanha) e da Fundação Edmunch Mach (Itália). A
pesquisa possui financiamento pelo projeto de Iniciação Científica do CNPq/UFSC e pela FAPESC.
214
_____________________________________________________________________________________________________________
Este trabalho tem como proposta traçar um perfil do “café-cantante” Alcazar Lyrique que, entre 1859 e 1880, movimentava o centro do Rio de Janeiro, oferecendo
espetáculos variados todas as noites. O Alcazar Lyrique é bastante mencionado por aqueles que estudam a história do teatro brasileiro. Sua inauguração, em 1859, na
atual Rua Uruguaiana, é frequentemente apontada, sem grandes aprofundamentos, como um acontecimento marcante na vida cotidiana e teatral da cidade.
Reiteradamente, isso é feito reproduzindo-se - crítica ou acriticamente - a visão de alguns literatos do período, como Machado de Assis ou Joaquim Manuel de Macedo
que, ao refletirem sobre o teatro de seu tempo, atribuíam ao Alcazar, pelo menos em parte, a responsabilidade pela “decadência da arte dramática no Brasil”. Fazendo
coro às pesquisas que buscam desconstruir uma visão negativa sobre o teatro musicado que entusiasmava o público fluminense de finais do século XIX, este estudo
tem como objetivo aprofundar o conhecimento sobre esse “teatrinho”, tão fundamental para a compreensão de algumas transformações por que passava o Rio de
Janeiro daquele momento. Em especial, àquelas relacionadas à criação de uma tradição teatral brasileira ligada, ao mesmo tempo, à vida noturna e ao gênero ligeiro.
215
_____________________________________________________________________________________________________________
Este trabalho analisa a publicação dos chamados poetas marginais pela Editora Brasiliense durante o período de abertura da ditadura militar (1979-1985).
Especificamente, optou-se por trabalhar com cinco dos autores que haviam composto a histórica antologia 26 Poetas Hoje (1976) e que foram publicados pela Brasiliense
durante a primeira metade da década de 1980. Tal opção deu-se porque a inclusão destes poetas no catálogo da editora muito incômodo causou. Diversos autores,
poetas e jornalistas mostraram-se indignados com o fato de poetas marginais serem publicados por uma casa editorial em um país no qual havia, historicamente, pouco
espaço para poesia no mercado livreiro. Assim, trabalhando com um suporte teórico advindo das reflexões sobre História do livro, este trabalho observar como se deu
essa mudança de suporte (de edições artesanais para publicações através de uma editora tradicional) para os poetas marginais da década de 1970, como a crítica
literária reagiu a esta mudança, qual o papel da publicações destes poetas na trajetória da editora Brasiliense e de que forma isto se relaciona com as modificações no
mercado editorial ocorridas durante o período de abertura.
216
_____________________________________________________________________________________________________________
A biografia é um gênero que desperta o interesse de leigos e acadêmicos e tem ocupado as prateleiras de muitas livrarias. Esta curiosidade pela história privada, a
história do outro, também é comum entre os alunos que estão sempre em contato com biografias, seja na escola ou em casa, vendo TV, lendo revistas ou livros,
navegando na internet. Nesse sentido, as trajetórias individuais de pessoas comuns tornam-se essenciais para o entendimento do que chamamos de “História vista por
baixo”, ou, ainda, a História não-oficial, aquela que não está presente nos livros que estudamos. Esse projeto visa buscar pelas histórias de vida de pessoas que não
estiveram nos holofotes e nas capas de jornais, mas pessoas comuns, como nós. O projeto contou com a participação de alunos de sétimo ano de uma escola pública
do interior do estado de São Paulo que entrevistaram quatro moradores antigos da cidade. O objetivo era de que essas pessoas contassem suas histórias de vida e, para
isso, os alunos elaboraram algumas perguntas. As entrevistas foram gravadas em vídeos e também transcritas pelos alunos com a orientação do professor de História.
O projeto resultou na exposição dos vídeos gravados durante as entrevistas e das fotos dos entrevistados em um cenário montado com objetos relacionados com a
história de cada indivíduo. Essa exposição compôs a primeira Feira do livro da cidade e teve um resultado muito positivo para os alunos, que se sentiram protagonistas
durante a realização do projeto.
217
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho tem por objetivo analisar a importância das produções literárias para o conhecimento historiográfico, a partir das ideias elaboradas na História
Cultural. Propõe-se igualmente analisar a construção da masculinidade e da virilidade negras, valendo-se do personagem Medonho, de Jorge Amado. Busca-se
igualmente analisar e compreender como os conceitos de gênero, raça e sexualidade se entrelaçam e se apresentam no discurso da construção identitária.
218
_____________________________________________________________________________________________________________
Os gurufins são velórios de origem afro diaspórica, normalmente praticados nos morros e subúrbios do Rio de Janeiro. Nessas celebrações fúnebres, a última despedida
ao falecido é marcada por uma atmosfera poética e “festiva”, com a presença de sambas, brincadeiras, café, bebidas alcóolicas. Originalmente, o termo gurufim
denominava uma brincadeira praticada nesses velórios. Contudo, ao longo do tempo, o termo alongou-se e passou a significar o próprio rito funerário. Sob uma
perspectiva histórica, cujo marco temporal inicia-se nas primeiras décadas do século XX e finda no momento presente, esta pesquisa tem como objetivos gerais
interpretar as mudanças e permanências dos gurufins, assim como testar suas dimensões festivas e lúdicas, através das memórias de sambistas portelenses que
presenciaram essas celebrações. Este estudo é parte da pesquisa de pós-doutorado que venho desenvolvendo no Instituto de Estudos Brasileiros da USP, cuja
metodologia principal é a pesquisa de campo, que faz uso da História Oral aliada a uma inspiração etnográfica. Até o momento, conto com 7 entrevistas, além das
etnografias das minhas visitas à quadra da Portela e da etnografia do velório do sambista portelense, Monarco, falecido em novembro de 2021. Na comunicação livre,
pretendo apresentar os desafios e os resultados preliminares da pesquisa de campo realizada até então.
219
_____________________________________________________________________________________________________________
O projeto de ensino, pesquisa e extensão Sessão Corujinha & Cine Arandu foi proposto como ação conjunta entre a pós-graduação em História (PPGH) e o Centro de
Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE), da Universidade Federal de Goiás, em parceria com o projeto de educação não formal Arandu Ecopedagogia, da cidade
de Pirenópolis-GO. Na metodologia utilizada com as crianças do Arandu visamos aprofundar questões referentes à produção audiovisual escolar, aumentando as
possibilidades de experiências, análises e criações pedagógicas, artísticas e científicas. Inicialmente, foram realizadas três mostras de cinema com exibições, debates e
experimentações audiovisuais. Em seguida, iniciamos a realização do curta Pirenópolis, a guardiã das águas, no qual as crianças trabalharam e estudaram ativamente
em todas as etapas de produção do filme. Buscou-se garantir um ensino ético, criativo e comprometido com o reconhecimento da Arte como linguagem não apenas
possível, mas privilegiada no desenvolvimento da aprendizagem, especificamente a histórica. O tema do curta e a ação coletiva para realizá-lo atendeu a essa
perspectiva, pois se trata de uma ficção que acompanha a aventura de duas crianças que, através do (re)conhecimento da história local, buscam salvar as águas do rio
da cidade onde moram. O curta estudantil sonha transformar não apenas aqueles que dele participaram diretamente, mas também vários outros públicos, espaços e
realidades possíveis de serem alcançados.
220
_____________________________________________________________________________________________________________
A questão do uso de diferentes linguagens no processo de ensino e aprendizagem de História é um tema que vem sendo debatido cada vez mais no campo da
historiografia e da educação. O presente trabalho tem como objetivo analisar o filme O ano em que meus pais saíram de férias (2006), do diretor brasileiro Cao
Hamburger, e o documentário 15 Filhos (1996), de Maria de Oliveira Soares e Marta Nehring, para construir reflexões acerca da relação entre o cinema, o ensino de
história e os temas sensíveis. Partindo da premissa de que o audiovisual também produz sentido sobre a história, o estudo busca demonstrar como o uso dos filmes
possibilita refletir sobre a questão da ditadura, inaugurada com o golpe civil-militar no Brasil (1964), em sala de aula. Considerando que um ensino de história voltado
para a construção da consciência histórica requer o estudo de questões sensíveis e controversas, o uso dos filmes se confere em uma tentativa de ampliar as
investigações sobre a ditadura civil-militar brasileira, pela perspectiva da infância durante o período em questão. Com intuito de colaborar com uma proposta de ensino
que tenciona abrir espaço nos currículos para a abordagem dos passados vivos e também pensar o dever de memória no ensino de História.
221
_____________________________________________________________________________________________________________
Os povos Guarani Mbya do Espírito Santo vieram de uma longa jornada denominada oguata porã, do Rio Grande do Sul ao Estado capixaba, no período compreendido
entre 1940 a 1967. As causas desse deslocamento foram motivadas por diversos fatores, tais como a cosmologia da Terra sem Males, sonhos, revelações, conflitos
internos, a busca por parentes e sementes, as alianças de casamentos, de parentesco e de rituais religiosos. Também foi imperativo a busca por condições ambientais
que formam o tekoha e territoriais para a construção das aldeias guarani. Considerados esses fatores, os indígenas Mbya passaram por inúmeros conflitos territoriais
que atualizaram a formação do seu território. Diante desse contexto, nosso tema principal consiste em abordar a história da formação das aldeias guarani no Espírito
Santo no período compreendido entre 1983 a 2016. As fontes utilizadas para esse trabalho são depoimentos orais indígenas, fontes primárias como relatórios da Funai
e de órgãos indigenistas, jornais, reportagens, dissertações, teses, dentre outros. Os objetivos deste trabalho são primeiro, compreender que a elaboração do território
guarani está em permanente mudança considerando a temporalidade histórica. Segundo, analisar a formação das aldeias guarani considerando as questões ambientais
e territoriais adequadas ao seu modo de ser, teko e nhandereko. Terceiro, analisar que a elaboração do território guarani perpassa por constantes conflitos fundiários e
atravessamentos de empreendimentos, como empresas, gasodutos, empresas de saneamento e mineradoras. Nossa metodologia utilizada consiste na Etno-
História(FERREIRA NETO), com diálogo interdisciplinar entre Antropologia e História, compreendendo a historicidade dos conceitos de cultura, de identidade étnica e
território. Além disso, tivermos uma imersão por dois anos em aldeias guarani no período de 2015 a 2017 para realização de pesquisa etnográfica.
222
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho tem como objetivo discutir a temática do campesinato negro a partir do estudo do Assentamento Timboré em Andradina-SP. O interesse em discutir
o campesinato negro surge pela escassez de discussões sobre o tema, conforme pontuado por Reis e Gomes (2008) desde o século XVII, os debates na
contemporaneidade acerca dos movimentos sociais no campo negligenciam as experiências de negros e negras escravizados, livres, e sobretudo, quilombolas na
ocupação de terras pelo Brasil. A proposta desse projeto é conseguir, portanto, examinar com base na historiografia do campesinato negro e do MST no Brasil, como o
“racismo estrutural”, conceito abordado pelo autor Silvio Almeida (2019), atua nas relações do campo, sobretudo, no assentamento Timboré, no município de
Andradina, São Paulo, levantando questões como: Existe um campesinato negro no assentamento Timboré? Como as pessoas que residem no assentamento se
identificam enquanto grupo social? Quais são suas perspectivas em relação a questão racial e até que ponto ela se interliga ou não com a questão de luta pela terra? O
enfrentamento do racismo é um debate relevante para elas? Quais as relações entre o racismo e as desigualdades impostas de forma sistêmica no campo. Desse modo,
esta pesquisa em andamento visa fomentar uma reflexão ampla sobre esses questionamentos.
223
_____________________________________________________________________________________________________________
Na região norte da Ilha de Santa Catarina está localizado o balneário de Canasvieiras, que dá nome ao bairro, à praia e à sede do distrito. Até meados do século XX essa
região era, em geral, um conjunto de pequenas comunidades de lavradores e de pescadores, caracterizada por ser predominantemente rural. A partir da metade do
século, as áreas próximas da praia passaram por um aumento no valor imobiliário e foram se transformando em loteamentos para veranistas. O processo de urbanização
iniciado na década de 1960 aprofundou a valorização e especulação imobiliária, principalmente após os anos de 1970, com o desenvolvimento do setor turístico, que
teve forte participação de setores públicos municipais e estaduais. O presente trabalho investiga esse processo de apropriações de terras de pequenas comunidades de
pescadores e lavradores em Canasvieiras, assim como, as relações desse processo com o turismo e a especulação imobiliária na cidade, sobretudo, entre as décadas de
1950 a 1980. Assim, o trabalho se propõe a transitar entre a história urbana e rural no século XX, por meio da análise de fontes diversas (documentos cartoriais,
processos judiciais, processos de concessões de terra, entrevistas, jornais, legislação, etc).
224
_____________________________________________________________________________________________________________
Este trabalho tem como objetivo analisar o processo de instituição das Escolas Normais brasileiras no século XIX, tendo como marco temporal a chegada da família real
em 1808 e a proclamação da República em 1889. Acreditamos que a Escola Normal foi um ethos em que se desenvolveu uma cultura pedagógica decorrente de
representações e valores responsáveis pela construção da identidade do professor primário brasileiro. Discorreremos sobre as mudanças implementadas na educação
após a chegada de D. João VI, apontando que esse momento provocou mudanças significativas no ensino do Brasil. O texto busca contextualizar o início do período
colonial e uma nova orientação política educacional estabelecida com a Lei de 15 de outubro de 1827, invalidada posteriormente com o Ato Adicional de 1834.
Utilizaremos a abordagem teórica da micro-história, a decifração de pistas e o conceito de escalas, com vistas a compreender a criação da primeira Escola Normal no
Brasil. A pesquisa conta com aporte teórico metodológico nos trabalhos de Ginzburg (1989, 2006), Revel (2010), Espada Lima (2006), Levi (2000), Le Goff (1996) e
Certeau (2014), que auxiliam a pensar o papel do historiador, as maneiras de se fazer história e o tratamento com as fontes documentais.
225
_____________________________________________________________________________________________________________
A pesquisa tem como objetivo trabalhar a alimentação infantil, na primeira metade do século XX, a partir de propagandas de alimentos industrializados e do discurso
médico da época. Neste cenário o Jornal de Pediatria, periódico oficial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), se apresentou como fonte para a análise dos anúncios
de alimentos e do pensamento médico, por meio dos artigos científicos, publicações de casos clínicos e atas das reuniões da SBP publicados no período. Deste modo,
propomos refletir sobre o ideal de alimentação preconizado no período em diálogo com os discursos médicos da Sociedade Brasileira de Pediatria, as práticas culturais
e o ideal relativo à saúde infantil almejado pelas lideranças médicas e governamentais. A hipótese construída tem como proposta a análise a partir dos dados
encontrados na fonte e da investigação teórica para confirmar a existência de uma diversidade de ideias sobre a alimentação infantil e que foram passíveis de debate
entre os atores sociais envolvidos com a causa infantil e que pretenderam instrumentalizar a ciência para alcançar objetivos coletivos. Estes objetivos poderiam variar
entre a participação de médicos na construção de uma nação moderna, a consolidação da pediatria como especialidade no Brasil e os interesses comerciais que
envolviam a indústria alimentícia.
226
_____________________________________________________________________________________________________________
Essa comunicação tem como objetivo apresentar os resultados de uma pesquisa de doutorado realizada no âmbito no Programa de Pós-Graduação em História Social
da UERJ-FFP, que teve como tema central a Revolta Comunista de 1935 realizada em cidades do Rio Grande do Norte, Recife e Rio de Janeiro. Nesta pesquisa as fontes
primárias utilizadas foram as fotografias anexadas nos processos do Tribunal de Segurança Nacional, órgão do poder judiciário criado em 1936 com o intuito de julgar
os implicados pela organização e/ou participação no levante comunista, que funcionou até os anos finais do Estado Novo (1937-1945). A partir da análise das fotografias
relacionadas ao tema proposto e à repressão aos militantes comunistas, buscamos identificar o processo de construção de representações acerca do comunismo, que
foi fortemente marcado pelo discurso anticomunista em voga. Acerca da metodologia aplicada, as fotografias foram analisadas em séries, tendo como base teórica os
pressupostos da Cultura visual, sobretudo em seu conceito de visualidade e da semiótica peirciana em sua classificação do signo em índice.
227
_____________________________________________________________________________________________________________
Este trabalho propõe uma análise do impacto da industrialização da suinocultura no bem-estar dos animais confinados, através da análise de manejo nas granjas
catarinenses nas últimas décadas do século XX. Por meio de conceitos da filosofia e da história dos comportamentos, busca-se contextualizar os padrões de atitudes e
sensibilidades dos humanos em relação aos animais não humanos durante os últimos séculos, a fim de compreender as percepções contemporâneas na qual os porcos
são considerados mercadoria e propriedade. A análise abrange a evolução das práticas de criação, desde os métodos tradicionais dos caboclos catarinenses e dos
colonos migrantes até a transição para o confinamento industrial, que se correlaciona com a globalização do movimento de modernização agrícola, conhecido como
Revolução Verde. Para avaliar o bem-estar animal, adota-se o conceito de Telos, proposto pelo filósofo Bernard Rollin, que engloba as necessidades e interesses
específicos de cada espécie. Os parâmetros zootécnicos para mensuração de bem-estar envolvem a possibilidade de realizar comportamentos naturais, presença de
dor, fome e sede, mutilações, e outros. Ao examinar as transformações na suinocultura à luz de perspectivas históricas e conceituais interdisciplinares, este estudo
contribui para a reflexão sobre a conexão entre o desenvolvimento agroindustrial e o bem-estar animal, fornecendo contribuições para o entendimento das relações
entre as práticas de produção e as percepções sociais.
228
_____________________________________________________________________________________________________________
Os processos históricos, principalmente transitórios, ficam marcados pelas continuidades e rupturas. Nos estudos sobre a transição política brasileira, entre os períodos
da ditadura militar e a Nova República, ressaltam essas concepções em relação às conquistas e derrotas sofridas nos campos progressistas. Nas direitas, por exemplo,
no grupo dos militares, os temas sobre as permanências autoritárias recebem destaque. O trabalho apresenta reflexões acerca de uma dessas permanências: o Serviço
Nacional de Informações. O órgão que foi construído na ditadura continuou em atuação produzindo informações sobre as questões políticas internas durante o Processo
Constituinte até ser extinto em 1990. Nesse sentido, pretende-se identificar os atores políticos que foram articuladores pelos temas de interesse do órgão nos trabalhos
da Assembleia Nacional Constituinte e examinar possíveis mudanças na produção de informações do Serviço em um contexto democrático. Para isso, foram analisados
documentos produzidos pelos agentes durante os anos de 1985 a 1988 e as propostas legislativas da Constituição sobre assuntos relacionados à atividade de
informações.
229
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho tem como objetivo tratar do engajamento político de Victor Hugo na França do século XIX. Enquanto intelectual e literato, Hugo teve enorme
influência na sociedade francesa de seu tempo, tanto a partir da produção literária, quanto através de sua participação no Parlamento e na Assembleia. Ao longo dos
anos o romântico foi de um posicionamento à direita, se identificando como monarquista reformado, para assumir cada vez mais espaço junto à esquerda. A
aproximação do autor com as pautas progressistas começou em 1829, com a publicação de O último dia de um condenado, onde defende o fim da pena de morte, e
tem seu ápice a partir de 1848, quando passa a defender claramente pautas como democracia, liberdade de impressa, educação pública e aquilo de chama de “o fim
das misérias”. Nesse interim escreve Os Miseráveis, romance que utiliza para defender suas ideias de uma sociedade transformada a partir de uma justiça inspirada
num cristianismo progressista. Para fazer tal análise, são utilizadas transcrições de discursos, trechos de cartas e outras fontes documentais disponíveis na biblioteca
virtual francesa.
230
_____________________________________________________________________________________________________________
Nesta comunicação, venho apresentar o trabalho que eu, como professora da disciplina de História no Escola Estadual Infante Dom Henrique, realizei em conjunto com
a arqueóloga Camilla Agostini (departamento de Arqueologia/ UERJ) então professora do mestrado profissional em História (profHistória) da mesma instituição. Nosso
trabalho, realizado em 2016, consistiu em uma visita guiada de uma turma de 1o ano de Ensino Médio (cerca de 20 alunos) ao parque estadual da Chacrinha, situado
no bairro de Copacabana, Rio de Janeiro, onde no passado existiu uma ocupação cujos vestígios são visíveis através de remanescentes de habitações e lixo doméstico
distribuídos ao longo da única trilha demarcada no local. Em nossa visita, que contou também com a colaboração de três estagiários vinculados ao departamento de
Arqueologia da Universidade, pretendíamos atingir, junto aos alunos, dois objetivos: pesquisar e aprofundar os conhecimentos sobre a história do bairro de Copacabana,
onde também fica situada a escola, e principalmente, promover o contato e a compreensão, entre eles, sobre o campo de atuação, os métodos, os objetos da
Arqueologia e de sua intersecção com a História.
231
_____________________________________________________________________________________________________________
O trabalho emerge como uma proposta pensada, a partir das leituras dos textos do educador Paulo Freire sobre pedagogia libertadora, nos quais por meio da educação
emancipatória os educandos tornam-se protagonistas de suas histórias, percebem-se cidadãos e também estudantes que apreciam suas vivências e toda cultura que
os envolve (FREIRE, 2002). Envolvidas pela ideia de emancipação dos estudantes somados aos relatos obtidos durante a abordagem dos temas sexualidade e drogas
dos licenciandos em Química, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, durante oficinas e rodas de conversa objetivo da pesquisa é promover espaços de diálogo,
bem como elaboração de autobiografia que sejam escritas narrativas e memórias sobre a ação, bem como a atuação docente a respeito dos temas citados
anteriormente. Elaborar um memorial torna-se uma fonte importante para compreender ações dos estudantes em formação, bem como o cotidiano escolar
corroborando com o estudioso sobre a escrita de memoriais educacionais, Antônio Novoa (1988) que afirma a autobiografia colaborar para a ideia de que o processo
de formação é permeado pela reflexão sobre os caminhos trilhados na vida do indivíduo. Os diálogos relacionados às drogas foram tecidos pelo viés da redução de
danos (RD)- conjunto de políticas e ações de saúde pública visa reduzir os danos à saúde do usuário de drogas; já os relacionados à sexualidade- inspirados nos
Parâmetros curriculares Nacionais (PCN)- contendo temas transversais que em sua composição discutem quais devem ser abordados para a promoção de saúde (BRASIL,
1997). Em torno da diversidade de assuntos esperados, surgiram: gravidez na adolescência, abuso de medicamentos, precariedade da abordagem sobre sexualidade na
escola e família.
232
_____________________________________________________________________________________________________________
Este trabalho busca apresentar reflexões acerca das memórias ligadas à Usina de Cambahyba, em Campos dos Goytacazes, uma das principais da região até a década
de 1990. Para isso, damos enfoque na disputa entre duas narrativas: a usina como patrimônio agro-industrial do município, bem como a memória política e paternalista
ligada a seus antigos donos, e a que vem à tona com a publicação do livro Memórias de uma guerra suja (2012), no qual o ex - delegado do Departamento de Ordem
Política e Social (DOPS), Cláudio Guerra, revela a utilização dos fornos da usina para queimar os corpos de militantes vítimas da Casa da Morte de Petrópolis, no período
da ditadura militar brasileira. Assim, contrapomos a memória oficial, relacionada principalmente ao caráter latifundiário da sociedade e da política campista, às
revelações do uso dessas instalações pelo aparelho repressivo, para discutir o caráter de lugar de memória desse espaço.
233
_____________________________________________________________________________________________________________
O objetivo central do estudo é explorar as narrativas de assombração que circulam entre os servidores do Museu da Memória Rondoniense e compreender como tais
narrativas contribuíram para a criação de um imaginário popular em torno do prédio que hoje abriga o acervo documental, fotográfico e arqueológico do estado de
Rondônia. A pesquisa foi desenvolvida sob abordagem qualitativa, com aplicação de entrevistas individuais junto a servidores do Museu, a fim de coletar histórias de
assombração vinculadas ao prédio. A análise dos dados se apoia em diversas referências, incluindo se: Tim Edensor (2005), que propõe uma abordagem para entender
como os espaços históricos promovem experiências ""entre-mundos""; Mara Nogueira e Sônia Sampaio (2020) e Gilberto Freyre (2015), que discutem as narrativas de
assombração em diferentes contextos, incluindo-se a cidade de Porto Velho e o Recife Velho; e Peter Burke (2005), que defende a importância da história cultural para
explorar os relatos de medo e assombro. A análise das narrativas de assombração coletadas revela como essas histórias se relacionam com o prédio que hoje abriga o
Museu e com as experiências pessoais dos servidores que nele atuam. Os resultados apontam para a importância de entender essas narrativas de assombração como
parte da cultura popular e da história local, bem como para a necessidade de preservar e proteger esses patrimônios culturais.
234
_____________________________________________________________________________________________________________
As fragilidades das leis que regulam o exercício da participação cidadã da mulher brasileira é o objeto norteador desta pesquisa que tem por propósito a compreensão
das relações entre Estado e sociedade por meio da análise da Cultura Política que atravessa a História Brasileira desde os primeiros anos da chamada Era Vargas até as
duas últimas eleições para as funções executivas e parlamentares da República brasileira (2018 e 2022), considerando a negação normatizadora da obediência partidária
quanto o respeito à cota de gênero e, ainda, a constatação da permanência de cultura machista em relação à atuação política das mulheres no âmbito do exercício de
poder executivo e ou parlamentar. Tendo como ponto focal o Código Eleitoral de 1932, objetiva-se compreender as relações de troca entre Estado e população feminina
através da intermediação de intelectuais promotores da modernização da participação popular no Projeto varguista de 1930 a 1945. A análise será aprofundada pelo
suporte documental produzido pelo Estado da Era Vargas, assim como serão utilizadas as produções textuais dos intelectuais mediadores ligados ao projeto
modernizador varguista, assim como será consultada a historiografia produzida, em sua diversidade teórica e metodológica, sobre o período delimitado acima.
235
_____________________________________________________________________________________________________________
O universo cultural do hip hop e da música rap se construiu como expressão política e urbana dos modos de vida de juventudes negras e periféricas, mobilizando o
testemunho da realidade e o conhecimento para dar substância a esse discurso. Nos anos 2000, o rap brasileiro se aproximou da cultura pop e da profissionalização, à
medida em que mais setores da sociedade se mostravam interessados no gênero e que a própria periferia era incluída na sociedade de consumo. A “Nova escola” surfou
nessa onda, porém, mantendo a vocação de descrever e contestar a realidade, afirmando o lugar cultural e político de sujeitos negros e periféricos. Essa trajetória pode
ser lida através do que Stuart Hall denomina de “Sistema de representação”, os sentidos próprios, práticas e visões de mundo identificados com determinados
marcadores sociais. A pesquisa que apresentamos investiga o uso de referências históricas e culturais nas canções do rap nacional contemporâneo, como expressão
desse sistema de representações, a cultura hip hop, mas também como ferramenta de “usos públicos do passado” e da Memória. Foram rastreados álbuns e canções
de artistas da cena contemporânea do rap e identificadas temáticas referenciadas no passado, como “escravidão”, “abolição da escravidão”, “colonização”, “quilombos”,
“luta pelos direitos civis”, “ditadura civil-militar”, “heranças africanas” etc. A investigação demonstrou a potencialidade da música rap para circulação social da História.
236
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente proposta busca desenvolver um dos pontos de minha pesquisa de doutorado, “Para além de fevereiro... Samba e carnaval em Niterói (1946-1985)” mais
especificamente a que se refere ao GRES União da Ilha da Conceição organizado em 01/01/1970 no bairro que lhe deu nome, em Niterói. Acompanhando o crescimento
e modificações pelas quais o bairro passou após a inauguração da Ponte-Rio Niterói e a construção da ligação por terra para o restante da cidade, -a Escola teve ascensão
rápida nos desfiles da cidade entre 1979 e 1985- da categoria de bloco em 1979 à campeã do grupo principal em 1985, empatada com os Corações Unidos e desbancou
a hegemonia Cubango- Viradouro. Busco demonstrar como os componentes da agremiação, homens e mulheres,- lideranças locais- realizavam sambas, festas
comunitárias, eventos sociais com o objetivo de movimentar social e culturalmente o bairro e como, a partir da ascensão da escola de samba, expandiram essas
experiências sociorrecreativas e carnavalescas para outros territórios de Niterói, como o centro, território central dos desfiles na cidade e como a escola de samba lidou
com as proibições da censura aos seus enredos e projetos em alguns carnavais.
237
_____________________________________________________________________________________________________________
Considerando que o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), entendia a alfabetização ofertada como uma forma de “ler o Brasil”, esse estudo tem por objetivo
compreender o modo como o material didático do Mobral foi construído, bem como a forma que estava sendo guiada a Educação de Jovens e Adultos (EJA) durante a
ditadura civil militar no Brasil. O trabalho visa examinar os elementos que indicam as concepções que embasaram a elaboração dos materiais didáticos e o sentido dessa
produção. Portanto, elegemos apenas os materiais utilizados no Programa de Alfabetização Funcional (PAF) e Programa de Educação Integrada (PEI), a saber, os livros
do aluno com enfoque na leitura e/ou tarefas e os manuais dos professores, percebendo as semelhanças e/ou diferenças na elaboração do material, conteúdo e método
nele utilizado. Através do Mobral, o país assistiu à mistificação da educação tratada como estratégia de mobilidade social, ou seja, a escolarização enquanto mecanismo
de crescimento e desenvolvimento do país. Como tentativa de homogeneizar os valores e as ações favoráveis ao projeto desenvolvimentista implantado no período, o
material didático difundia os padrões de vida moderna como ideal, enfatizando o espaço urbano como sinônimo de progresso e prosperidade. Através do lema “você
também é responsável”, acentuava a função de que mobralense contribuiria com seu esforço para o crescimento de uma nação forte, reforçando o projeto de nação
defendido pelos militares.
238
_____________________________________________________________________________________________________________
A partir das análises de anúncios de jornais, pode-se perceber que esses ateliês estavam concentrados em diferentes regiões da cidade, mas nota-se a preferência dos
artistas pelas ruas localizadas no centro da cidade e em alguns bairros dos arredores do centro tais como a rua do Catete. Percebe-se nesse interesse, uma tentativa de
residir próximo ao mercado consumidor de seus serviços. Também é possível perceber as mudanças dos endereços dos ateliês que ocorreram ao longo dos anos e que
podem ter acontecido por vários motivos como mudança no valor do aluguel, desentendimento com algum parceiro ou na tentativa de melhoria da localização do
ateliê. Portanto, estudar a localização desses artistas e suas modificações nos possibilita compreender mais sobre o Rio de Janeiro do século XIX, entender quais eram
as características e potenciais comerciais das ruas e entender as estratégias de manutenção que eram utilizadas por esses artistas em terras estrangeiras. Para o pleno
desenvolvimento desse estudo são relevantes enquanto aporte teóricos a utilização da prosopografia, segundo o trabalho de Laurence Stone, que nos permite analisar
as trajetórias coletivas de um determinado grupo, nesse caso, os artistas franceses no Rio de Janeiro. Além disso, usa-se a ideia de capitalidade a partir do texto de
Marly Motta (2004) para entendermos a relevância da capital imperial em âmbito nacional, como um exemplo a ser seguido pelas demais cidades da nação.
239
_____________________________________________________________________________________________________________
A ideia para a comunicação veio do terceiro capítulo da minha dissertação: “A natureza do serviço: ‘hygiene’ urbana e a questão do que fazer com o lixo do Rio de
Janeiro (1865-1940)” defendida no Programa de Pós Gradação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Curz. Em todo o trabalho de pesquisa, busquei
explorar a relação entre sociedade, ambiente, cidade, saúde e lixo no Rio de Janeiro no período de 1865 e 1940 do ponto de vista da História Ambiental Urbana e da
Saúde. Tenho como ponto de partida os conceitos de metabolismo urbano e de “cloaca final”, ideia desenvolvida pelo historiador ambiental estadunidense Joel Tarr,
como forma de compreender diferentes aspectos que compunham a relação entre o Rio de Janeiro e o vazadouro oficial de lixo da cidade, a Ilha de Sapucaia. A chave
analítica escolhida para a apresentação partiu do terceiro capítulo do trabalho em que discuti as diferentes perspectivas da existência da Ilha de Sapucaia. A Ilha estava
localizada no interior da Baía de Guanabara e desde 1865 era usada como depósito de lixo. Na Ilha encontrava-se também equipamentos e instalações necessárias para
execução de diversos serviços. Por outro lado, aspectos negativos rondavam a Ilha e as cercanias pelos efeitos de poluição na enseada próxima por todo o lixo depositado
ali. Para dar forma a discussão proposta, vou-me utilizar de reportagens de veículos de imprensa usadas para a construção do terceiro capítulo.
240
_____________________________________________________________________________________________________________
A partir da perspectiva gramsciana, que remete a um conjunto de instituições – entendidas como aparelho privado de hegemonia – a intenção de interferir na busca
em torno da construção de um dado, este trabalho tem como objetivo analisar o posicionamento do jornal O Estado de S. Paulo acerca dos processos de privatizações
durante os governos de Fernando Henrique Cardoso (1994-2002). O projeto de privatizações, na década de 90, se tornava intrínseco ao “ajuste estrutural” de várias
economias do mundo – o que era ratificado pela escolha dos presidentes. Isto fica evidente nos governos de FHC, que defendiam a inserção do Brasil na nova ordem
internacional, marcada então pelo modelo político-econômico neoliberal e, assim, defendiam a ideia de redução do Estado. Para tanto, apresenta o programa de
privatizações como política econômica central de seus governos. Diante deste cenário os processos de privatizações das estatais brasileiras também foram uma pauta
constante nas páginas do jornal objeto da pesquisa. Assim, a partir da análise dos editoriais e matérias internas do jornal O Estado de S. Paulo, defenderemos que o
jornal tomou “partido” de forma favorável a um dos principais receituários do modelo neoliberal implementado por Fernando Henrique Cardoso, as privatizações,
atuando como um importante aparelho privado de hegemonia que buscava a construção de um consenso em torno deste tema.
241
_____________________________________________________________________________________________________________
O trabalho em questão visa expressar algumas considerações a respeito de como a Antropologia e a História Oral podem trabalhar em conjunto na construção de um
passado mais recente. A pesquisa a exemplificar tais considerações se deu através de um trabalho de campo realizado em 2019 para a matéria optativa de Antropologia
Cultural, no curso de História da Universidade Federal do Amazonas, onde o objetivo era relatar em um diário de campo alguma festa cultural de algum grupo
religiosamente diverso da cidade de Manaus. O grupo em questão escolhido foram as bruxas Wicca da Tradição Farreliana de Manaus, que em maio daquele ano,
organizaram uma festa em homenagem ao Beltane — solstício de primavera — num acampamento fora da cidade. Os registros resultaram num artigo científico que em
breve será publicado, após mais algumas alterações e considerações a respeito do grupo Wicca serem elaboradas. Além da observação, várias entrevistas foram feitas
ao longo dos anos sobre como é o modo de vida de tal grupo religioso, e estas demonstraram quão bem a História Oral pode trabalhar em conjunto com os métodos
de pesquisa de campo da Antropologia.
242
_____________________________________________________________________________________________________________
Em 1918, Cuiabá era a capital política de uma vasta região, que abrangia os atuais territórios de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia, a comunicação mais
rápida era via fluvial, os vapores que partindo de São Paulo, faziam sua primeira conexão dentro do Estado na cidade de Corumbá, e, dali navegavam via Rio Paraguai
até Cáceres e Rio Cuiabá, até a capital. A rota geográfica da gripe espanhola e sua interiorização até chegar ao Centro-Oeste brasileiro foi basicamente pelas águas, o
mesmo portão de entrada feito pela varíola durante a Guerra do Paraguai. Neste cenário, observar as movimentações do final da Primeira Guerra Mundial ao que
compete a pandemia de Gripe espanhola que se interiorizou feito rastro de pólvora no final de 1918, e as dinâmicas que envolvem o aparecimento e a transmissão do
vírus influenza, diante das notícias, tratamentos e supostas curas que foram amplamente divulgadas pela mídia nacional e internacional em uma ampla polarização de
fake news, que assombrou a população sobretudo, pelo medo eminente da morte que batia a porta é o objetivo precípuo desta análise. A proposta reflexiva parte da
leitura dos jornais que circularam neste território e o cruzamento dos mesmos com jornais do Rio de Janeiro, levantando as notícias de curas milagrosas, de alarmes
falsos e das consequências da influenza na sociedade local.
243
_____________________________________________________________________________________________________________
Discutiremos os resultados da pesquisa de mestrado desenvolvida pelo ProfHistória/UNEMAT. A pesquisa analisou a implementação da Lei Federal n. 10.639/03 em
uma escola pública de Poconé/MT (2004-2019), a partir de como a história e a cultura africana e afro-brasileira foram inseridas e quais os saberes e práticas dos
professores sobre a temática. A metodologia foi baseada na história oral temática para construir um diálogo entre as fontes orais (entrevistas com professores de
História, Artes e Língua Portuguesa) e documentais (leis, diretrizes, orientações curriculares e bibliografia sobre o tema). A abordagem utilizada foi qualitativa e somada
a perspectiva dos estudos decoloniais. A pesquisa está inserida nas discussões a respeito dos saberes e práticas dos professores no tocante ao ensino da história e da
cultura africana e afro-brasileira e das relações étnico-raciais na educação básica. Podemos dizer que caminho para implementação ainda é longo, mas na escola campo
apesar dos limites e descontinuidades muitas transformações ocorreram.
244
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta pesquisa é vinculada ao Programa de Pós-Graduação em História da UFPEL e analisa a constituição e circulação do acervo utilizado no projeto de remição pela
leitura desenvolvido no Presídio Estadual de Camaquã, chamado: “Carrinho da Leitura: estimulando a leitura como forma de libertação”. Considerando, a apropriação
da leitura e escrita realizada pelos participantes, através dos relatórios de leitura produzidos. Deste modo, foram delineados os objetivos específicos: investigar o perfil
do leitor privado de liberdade no Presídio Estadual de Camaquã, além de identificar a existência de uma comunidade de leitores. Na perspectiva dos direitos
constitucionais do cidadão e direitos humanos, alicerçado nos princípios teóricos e metodológicos da História Cultural, articulados no campo da História do Livro e da
Leitura e da Sociologia da Leitura, procuramos dar visibilidade à cultura escrita no ambiente prisional.Realizamos uma pesquisa no banco de dissertações e teses no
Portal da Capes a partir das palavras-chaves: remição, leitura, escrita, prisões, RS visando conhecer o objeto a ser pesquisado. Com a análise dos dados percebemos
que os estudos que envolvem a prática da leitura e da escrita nas prisões do Rio Grande do Sul são poucos e estão atrelados ao processo de alfabetização e letramento,
associados a Educação de Jovens e Adultos. Entretanto, agência destes leitores em meio ao contexto prisional ainda não foi considerada, carecendo de estudos nesta
temática.
245
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente artigo tem por objetivo tematizar as possíveis contribuições do Estudo do Meio, em seus aspectos metodológicos e epistemológicos, na formação inicial de
professores de Ciências Humanas. Partindo-se da concepção do Estudo do Meio como uma metodologia de pesquisa interdisciplinar que pressupõe a articulação de
diferentes conteúdos na busca de respostas complexas e significativas sobre as problemáticas que estão sendo estudadas na sala de aula, problematiza-se uma proposta
realizada com uma turma de licenciandos da Universidade Federal do ABC, durante o segundo quadrimestre de 2022 no bairro de Perus, município de São Paulo, que
envolve Educação Patrimonial, História Local e História Oral.
246
_____________________________________________________________________________________________________________
O texto aqui apresentado discute como a figura do caboclo, transitando entre a ruralidade e a urbanização, assume um papel característico na literatura paraense,
narrando histórias e apresentando uma história. Diversos estudos buscam entrelaçá-lo em um hibridismo entre as etnias negra e indígena, culminando em uma
representação de inferioridade frequentemente projetada no outro. A experiência histórica na região amazônica manifesta-se sob a forma de uma identidade étnica
complexa, que por vezes assume a forma de uma não-identidade, marcada pela alteridade. Nesse contexto, delimitações distintas emergem entre as facetas da
Amazônia, abrangendo as esferas da pajelança, da encantaria e da herança negra, delineando as fronteiras da identidade cabocla, a qual muitas vezes encontra-se à
margem da sociedade. As diversas camadas culturais que permeiam a história amazônica refletem múltiplas estruturas sociais, padrões de ocupação, sistemas
cosmológicos e expressões materiais e simbólicas. O caboclo, por sua vez, atua como um reflexo das exclusões perpetradas pelo colonizador, demonstrando resistência
em face dessa colonização. Procuramos com esse estudo reconhecer e compreender essas experiências, buscando nas obras de A Ilha da Ira, de Paes Loureiro, e A
terceira margem, de Benedicto Monteiro, uma apresentação da versão caboquinha da história da ditadura militar brasileira.
247
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho busca analisar o jornal Imprensa Popular e suas representações, especialmente através das charges, sobre a Guerra da Coreia. Extraoficialmente
ligado ao Partido Comunista do Brasil (PCB) e editado no Rio de Janeiro, o periódico teve seu funcionamento, entre suspensões, de 1947- 1958. Ao longo de suas edições
era utilizado um grande número de imagens que buscavam destacar o seu posicionamento político e ideológico, assim como alcançar um público mais variado da
população. No período do conflito coreano, o diário fazia oposição ao alinhamento do governo brasileiro com os Estados Unidos, ao envio de tropas brasileiras para a
Coreia, a utilização de armas bacteriológicas e “agressão ianque” na Coreia, temas que mobilizavam as representações imagéticas. Portanto, objetiva-se demonstrar
como essas figurações políticas desenvolvidas por meio das charges atuaram em consonância com os elementos gráficos e verbais que eram utilizados pelo Imprensa
Popular no recorte de 1950 à 1953 em relação a Guerra da Coreia.
248
_____________________________________________________________________________________________________________
Publicada em Curitiba em 1913, “A Bomba” definia-se como uma revista ilustrada, humorística e literária. Todas as 20 edições possuíam aproximadamente 40 páginas
com publicidade, textos em prosa e verso, charges e fotografias. O conteúdo era organizado em seções e apresentado em diferentes gêneros textuais. A prática
jornalística do início do século XX difere do jornalismo de revista contemporâneo, como aquele encontrado nas bancas de jornais. O que inclui o sentido aplicado a
organização interna do periódico, como é o caso do editorial. Em “A Bomba”, o texto que mais se aproxima da definição de editorial é o “Portico”. Seção fixa localizada
na primeira página após a folha de rosto, o texto de abertura consiste em crônicas intituladas “Portico”, publicadas em quase todas as 20 edições, a exceção é a edição
n. 15. Considerando o recorte da pesquisa, todas as edições de 1 a 10 apresentam a seção “Portico”. Partindo da definição recente aplicada ao termo editorial e ao
gênero literário crônica nos trabalhos de Sérgio Roberto Costa, Jorge Pedro Sousa e Antonio Candido, e com base na historiografia sobre revistas ilustradas,
principalmente da autora Ana Luiza Martins, a qual defende a importância de compreender os gêneros literários e as seções que compunham as revistas inseridas na
sua historicidade, o objetivo é identificar as principais características da seção e responder até que ponto o “Portico” se encaixa na definição de editorial.
249
_____________________________________________________________________________________________________________
A comunicação apresentada tem como objetivo investigar as tensões e resistências que surgem do choque entre duas visões de mundo opostas: as tradições e, como
coloca Manuel Hespanha, os comportamentos particulares de uma sociedade estamental e corporativa em oposição aos ideais do Reformismo Ilustrado. O trabalho
pretende analisar os impactos da crítica iluminista sobre a administração do vice-rei José Luís de Castro, o Conde de Resende, com ênfase na comunicação política entre
o referido vice-rei e a Secretaria de Estado da Marinha e Domínios Ultramarinos durante seu governo, entre 1790 e 1801. A correspondência do período demonstra a
antipatia que o Conde de Resende angariou ao promover perseguições a funcionários da administração colonial, incluindo membros da elite local. Um dos casos mais
conhecidos e explorados pela historiografia foram os embates do vice-rei com Balthazar da Silva Lisboa, juiz de fora e presidente do Senado da Câmara do Rio de Janeiro.
Ao observar a correspondência entre Silva Lisboa e o poder central, é possível constatar suas queixas acerca das perseguições que sofria e o que considerava ser a
“péssima” administração de Conde Resende. Este último foi acusado por Silva Lisboa de promover "negócios ilícitos" juntamente com seus "protegidos". Duas visões
sobre a política colonial estavam em conflito, o que nos permite questionar que visões sobre a administração os dois personagens tinham? O Conde de Resende seria
herdeiro de qual tradição de pensamento político? O Juiz de Fora estaria influenciados pelas ideias iluministas a partir de sua formação na Universidade de Coimbra?
Perguntas que este trabalho pretende oferecer algumas perspectivas de resposta.
250
_____________________________________________________________________________________________________________
A pesquisa aqui proposta é desenvolvida no Doutorado em Comunicação da Universidade Federal do Ceará e é fruto do amadurecimento de questões histórico-
imagéticas investigadas em estudos anteriores. A pesquisa busca diagnosticar como o cinema documental aborda acontecimentos do mundo histórico por meio da
rememoração de pessoas que viveram determinado acontecimento ou que foram diretamente afetadas por ele. Nosso recorte temático está em filmes produzidos
sobre e a Ditadura Militar brasileira e nossa metodologia é a análise fílmica, com a qual iremos examinar cenas específicas de um arcabouço complexo e diversificado
de obras que utilizam o testemunho como sua principal escolha narrativa, como em Retratos de identificação (Anita Leandro, 2014) ou Fico te devendo uma carta sobre
o Brasil (Carol Benjamin, 2019). O objetivo é compreender como o cinema trabalha com a história oral para construir não um registro do passado, mas outra leitura
sobre uma história que conta de si por meio da memória, imaginação, enquadramento, som, objetos de cena, arquivos, etc. Propomos uma busca pelo que chamamos
de memória filmada, isto é, pelas maneiras com que as lembranças de um sujeito se manifestam em cena e dizem de suas experiências individuais e coletivas. Para isso,
nos apoiamos na ideia de cena testemunhal proposta pelo crítico Márcio Seligmann-Silva (2008), assim como em outros autores (as) como Walter Benjamin (1987),
César Guimarães (2008), Georges Didi-Huberman (2012) e outros.
251
_____________________________________________________________________________________________________________
Este trabalho, situado na História do Tempo Presente, e construído a partir do aporte metodológico da História Oral, procura problematizar a articulação da memória
que os pescadores atingidos pela Usina Hidrelétrica (UHE) de Estreito, situados na cidade de Babaçulândia, interior do Tocantins, possuem sobre a obra. Entendendo a
Usina como um obstáculo imposto na trajetória de vida desse grupo atingido. A construção que foi inaugurada no ano de 2012, impactou significativamente ao redor
de 12 municípios, sendo 10 no estado de Tocantins e 2 no estado do Maranhão. E um desses municípios tocantinenses atingidos, é a cidade de Babaçulândia, local da
pesquisa. Ao acessarmos a memória que esses sujeitos possuem da construção da Usina Hidrelétrica de Estreito, e suas narrativas acerca desse processo, visamos
compreender de que maneira os pescadores articularam e articulam caminhos para superar as intempéries impostas pela UHE. Somando-se a metodologia da História
Oral utilizada para a realização das entrevistas, lançamos mão da análise de documentos e jornais locais, para tencionar não somente os aspectos ditos pelos pescadores,
mas também outra dinâmica cara ao historiador quando se trabalha com a memória, os aspectos não ditos, o silêncio da memória.
252
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente pesquisa buscará refletir sobre alguns aspectos da trajetória de Joana Conceição Prestes, filha de Guajarina Prestes; ambas professoras do município de Parintins
- Amazonas, com profunda relevância sociopolítica para a cidade. O amor à profissão constitui como herança deixada de mãe para filhos, uma característica central da
abordagem feita neste trabalho, que através de uma pesquisa qualitativa, analisará fontes orais com o intuito de esmiuçar os elementos que envolvem a percepção que se
projeta nos descendentes sobre educação, culminando em um reconhecimento da sua importância social, e um legado que atravessa gerações. Nesse sentido, discutiremos
sobre a relevância de se produzir um trabalho dedicado para essas pessoas que tanto contribuíram e contribuem para a Educação no Munícipio de Parintins –AM. A memória
como sendo pilar de sustentação para o fortalecimento da mensagem deixada pela professora Guajarina Prestes, se mostra como um aliado na busca para conhecer o
passado e compreender o presente, nessa perspectiva, a influência exercida por Guajarina, recebe destaque, uma vez em que a maioria dos seus filhos também foram
professores, escritores, e nenhum deixou de ser formado no ensino regular de educação. Entre os filhos biológicos, está a professora Joana Conceição Prestes, uma mulher
negra, assim como sua mãe, e que desde criança, acompanhou de perto o trabalho de sua genitora como educadora, ajudando-a no processo de ensino dos alunos, afinal
dona Guajarina ofertou aulas particulares nas dependências de sua casa, mostrando seu interesse em alcançar o letramento das pessoas, por meio de uma educação rígida,
característica do século XX. Joana, em sua infância, sempre praticou esportes, e fez da educação física, sua área de atuação dentro da Educação, ministrando aulas em
colégios tradicionais da cidade de Parintins, apropriando-se dos valores e de dinâmicas de ensino oriundos de sua mãe.
253
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente comunicação expõe alguns resultados da pesquisa de mestrado acerca do periódico redigido por Januário da Cunha Barbosa e Joaquim Gonçalves Ledo.
Vindo à luz em fins de 1821, o Reverbero, a princípio, repercutiu em terras fluminenses as premissas do constitucionalismo vintista. O elo entre estes dois liberais
fluminenses e os vintistas fica evidente na escolha para a data de publicação do número inaugural, em 15 de setembro de 1821, justamente em comemoração à adesão
de Lisboa ao movimento iniciado no Porto, em 24 de agosto de 1820. Editado em paginação contínua a fim de constituir uma espécie de obra, o periódico, com ocasionais
exceções, não possuía o indicativo autoral, cabendo sempre a impessoalidade dos “dois brasileiros, amigos da nação, e da pátria”. Com formações distintas, os irmãos
Kant e Diderot – as respectivas alcunhas maçônicas de Januário e Ledo – pelejaram contrariamente ao despotismo, mas não por isso detiveram vozes políticas idênticas.
Enquanto Ledo não concluiu o curso de direito em Coimbra, Januário foi um seminarista, depois cônego, orador sacro e professor público de filosofia no Rio de Janeiro.
Sendo assim, e a partir de uma distinção feita por Basílio de Magalhães (1917) e com suporte metodológico do contextualismo linguístico, foi realizada uma tentativa
de identificar a autoria e os distintos posicionamentos políticos nas folhas do periódico, embora certas ressalvas devam ser feitas às conclusões obtidas e expostas na
referida dissertação.
254
_____________________________________________________________________________________________________________
Alfred Russel Wallace (1823-1913) foi uma figura notória responsável por diversas contribuições científicas, sendo considerado, juntamente com Darwin, um dos
elaboradores da Teoria da Evolução. Ao longo de sua vida, Wallace galgou por diversas regiões do globo registrando as mais variadas faunas e floras, sendo uma dessas
viagens para a região norte do Brasil, juntamente com o naturalista Henry Walter Bates. A viagem de Wallace durou aproximadamente quatro anos, tendo ele percorrido
os territórios desde a região conhecida como Grão-Pará até o sul da Venezuela. No decorrer de sua viagem, Wallace registrou em seu diário diversas informações de
suma importância científica sobre o norte do Brasil acerca da vegetação, animais e populações indígenas. Nesse sentido, o presente trabalho tende a desvendar quão
próximo Wallace estava de desenvolver a Teoria da Evolução ao ter contato com a natureza brasileira. Para tal, me fundamentei a partir de seu relato de viagem, como
seu diário por exemplo, assim como publicações posteriores a sua viagem, cartas etc. Objetivando explorar a temática acima proposta, tencionei a priorizar por uma
perspectiva interdisciplinar das fontes documentais, lidando com uma gama de referências teóricos centrados na área de História das Ciências, História Natural e História
Regional.
255
_____________________________________________________________________________________________________________
Este estudo, de cunho histórico-documental, possui como objeto o Lyceu de Goyaz. Seu principal objetivo é discorrer sobre a questão salarial dos professores do Lyceu
de Goyaz e o desestímulo à carreira docente entre 1869 e 1887. A partir do campo da História da Educação, buscou-se responder a seguinte questão: como a questão
salarial dos professores do Lyceu de Goyaz foi responsável por desestimular o seguimento da carreira docente no período entre 1869 e 1887? O recorte temporal foi
definido conforme a disponibilidade de fontes. Dentre os autores utilizados, destacam-se Nars Chaul; Fernanda Barros; Maria de Lourdes Mariotto Haidar; Luís Palacín;
Maria Augusta de Sant’Anna Moraes; dentre outros. Através da análise da documentação constatou-se que os valores pagos aos professores do Lyceu no período entre
1869 e 1887 eram semelhantes aos pagos pelo Collegio de Pedro II, principal instituição de ensino secundário do período, contudo, os constantes atrasos e a aplicação
indevida de descontos fazia com que muitos profissionais abandonassem a carreira docente.
256
_____________________________________________________________________________________________________________
A intenção é o urgente debate sobre questões de gênero. O método: Jogos Poéticos - através da poesia, contextualizando-a através da história e a crítica social: ler, jogar
e criar. Ler o poeta, e o mundo através do olhar das poetas. Jogar, brincar, trocar, se dispor, numa ação séria e divertida, prazerosa. Criar, individual e coletivamente,
poesia - sintetizar os olhares, as escutas, as falas e dizer. O módulo Gênero, Poesia e Crítica Social aconteceu em curso de extensão: de formação de professores (2019)
e remoto entre 2020 e 2021. O foco principal: gênero feminino. O objetivo principal do método: formar poetas. E nesse módulo, o olhar feminino sobre o mundo. Para
isso, foram lidos poemas e poetas em suas trajetórias contextualizadas no seu tempo histórico e sociopolítico e relacionadas aos acontecimentos no tempo presente,
na leitura de poetas de gerações contemporâneas, na busca de um diálogo possível. O método Jogos Poéticos, criado em 2012, faz encontros presenciais, mas adaptou-
se para o virtual - e diante das notícias devastadoras do cenário de mais de 700 mil mortes por COVID, ampliou o esforço de escuta. E a poesia e o jogo constituíram um
lugar de encontro. O resultado: um e-book ao fim de 2021. Importante ressaltar que “poeta” é todo aquela ou aquele que sensibiliza-se com poesia, que lê e/ou escreve
poesia, em texto, imagem ou som. E a poesia e o jogo, formas de conhecimento, epistemes - para ler e reescrever o mundo, poeticamente.
257
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente comunicação pretende analisar a atuação do Instituto Histórico e Geográfico do Pará na construção da História oficial da região amazônica na primeira
metade do século XX, e o processo de integração da História da Amazônia à História do Brasil, observando como historiadores ligados ao IHGP construíram e pensaram
a sua própria história, no contexto em que a Amazônia vivia a crise da borracha. Assim, buscaremos investigar a partir de obras, capítulos e artigos das revistas do IHGP
produzidos pelos intelectuais paraenses entre as décadas de 1900-1950, de que forma o conjunto das publicações destes intelectuais construíram uma tradição de
pensamento histórico acerca da região amazônica, contribuindo para o processo de integração da História da Amazônia à História do Brasil, demarcando um lugar de
escrita sobre esta região na Historiografia Brasileira. Para a presente análise, toma-se por base a teoria dos campos de Pierre Bourdieu, especialmente o conceito de
campo intelectual e sua articulação com o campo do poder. A leitura inicial dos documentos, e o aparato teórico e metodológico nos possibilitou compreender a
construção de um regionalismo histórico, disseminado através das publicações que privilegiava eventos, personagens e narrativas da história da Amazônia, a partir da
afirmação das particularidades regionais, ao mesmo tempo, em que almejavam, através destas narrativas, a integração da História da Amazônia à História do Brasil.
258
_____________________________________________________________________________________________________________
Entre 1820 e 1830, diversas insurreições ocorreram na Península Itálica, norteadas por ideais liberais e constitucionalistas e que contaram amplamente com a
participação de sectários, sobretudo, aqueles vinculados à Carbonária. O Ducado de Módena, um dos Estados existentes antes da Unificação Italiana, presenciou em
seu território um grande crescimento de adeptos à Carbonária, bem como a eclosão de movimentos insurrecionais, no contexto em que emergiram as figuras de
Giuseppe Andreoli e Ciro Menotti. O objetivo deste trabalho é analisar as trajetórias de Giuseppe Andreoli e Ciro Menotti, com o intuito de compreender os movimentos
insurrecionais e a natureza das perseguições aos carbonários ocorridas no ducado, relacionando-as à tendência austera da Restauração, que ali fora empreendida. Para
conduzir esta análise, utilizar-se-á como metodologia a discussão bibliográfica sobre o tema e a análise de fontes primárias, mais especificamente as leis responsáveis
pela condenação dos carbonários e pela instituição dos tribunais que condenaram os dois personagens analisados. O referencial teórico levado em consideração será o
debate sobre a contraditoriedade e a não integralidade do Processo de Restauração, apresentado por René Remond e Jean Baptiste Duroselle.
259
_____________________________________________________________________________________________________________
Nascida nos primeiros anos do século XIX em Papari, Rio Grande do Norte, Nísia Floresta utilizou a escrita como principal veículo de suas ideias em defesa da educação
feminina. Ousando questionar o lugar que era reservado às mulheres nos Oitocentos, a brasileira foi escritora no século que delegava à mulher apenas o domínio do
espaço privado. Viajou e morou em diversas províncias, tais como Pernambuco, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, e também viajou e morou em países europeus,
como Portugal, Itália, França, Alemanha. Faleceu em Rouen, na França, em 1885. Dessa maneira, sua produção não está restrita a um único espaço, nem mesmo em
um recorte temporal limitado, uma vez que suas obras ultrapassam existências e lugares. Sua produção desafiou, também, os padrões da época, que não reconheciam
a capacidade intelectual feminina. Mas Nísia Floresta foi além: fundou o Colégio Augusto em 1838 no Rio de Janeiro, dedicado exclusivamente para educar meninas.
Reconhecendo sua importância na luta pela emancipação intelectual feminina, este trabalho tem como objetivo apresentar e analisar as prescrições de Nísia Floresta a
respeito da educação de mulheres nos Oitocentos. Para isso, três de suas obras são consideradas: Conselhos à minha filha (1842), Fany ou O modelo das donzelas (1847)
e Opúsculo humanitário (1853). Como inspirações teórico-metodológicas, recorre-se a Roger Chartier (1990), Michel de Certeau (1982), Teresinha Queiroz (2011) e
Nicolau Sevcenko (1999).
260
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta pesquisa visa empreender análise da dinâmica do ensino de História Regional consonante com o processo educacional no município de Carapebus que se atrela,
nos contextos históricos, ao processo de desenvolvimento da Cidade de Carapebus no Estado do Rio de Janeiro, no âmbito do sistema capitalista desde fins do Império
até a atualidade, enquanto parte de região de produção de commodities agrícola, entendida como vocação econômica, e a petrolífera, transversalmente, pois integrante
de território confrontante com campos e poços de petróleo. Desde fins da década de 1970, por estar localizada na área da Bacia de Campos, Carapebus se atrela ao
conjunto de cidades brasileiras atingidas pela produção petrolífera. Segundo o Núcleo de Vigília Cidadã do município de Carapebus, a Bacia de Campos ocupa o segundo
lugar entre as regiões produtoras de petróleo no Brasil, ficando apenas atrás da Bacia de Santos, com 46% da produção total. Esta pesquisa visa compreender questões
relacionadas aos enfrentamentos socioculturais que atingem gerações de moradores da cidade nos conflitos educacionais entre o currículo nacional do Ensino de
História e as tradições locais e as mudanças econômicas que interferem na captação de recursos nacionais através de royalties. Neste sentido, a perspectiva de análise
que põe em debate conceitos de cultura nas abordagens de Marshall Sahlins que considera que a cultura se conforma às pressões materiais, de acordo com um esquema
simbólico definido.
261
_____________________________________________________________________________________________________________
Manoel Bomfim (1868-1932) foi um intelectual engajado, médico por formação, atuou na política, jornalismo e como escritor, se dedicando essencialmente à educação.
Foi um intérprete das transformações urbanas, sociais, políticas e educacionais na Capital Federal que se desenvolveram a partir início do século XX, no contexto da
Primeira República (1898-1930). Perpassou a Belle Époque tropical (1889-1914), conforme Needell (1993), movimento em que os ideais de modernidade e progresso
emergiam como um modo de pensar uma nação civilizada e democrática. Suas críticas em torno dos atenuantes problemas sociais e educacionais existentes no Brasil
também se voltaram para a América Latina. Neste trabalho consideramos a ação e produção de Bomfim em torno da temática da educação destacando suas
sociabilidades (Sirinelli, 2003) e concepções a partir de um contradiscurso (Foucault, 2002), em que justifica que o atraso brasileiro não seria uma questão de raça,
mestiçagem e condição climática, mas de educação. Pretendemos refletir sobre o pensamento de Manoel Bomfim, na perspectiva da história da educação, a partir de
sua produção de 1905 até 1931, referente à obra A América Latina: males de origem (1905), que marca seu discurso contracorrente e a sua última obra, Cultura e
educação do povo brasileiro (1931). Buscamos apresentar suas reflexões em torno da educação como ciência, teórica e prática, e especialmente centralizada na infância
escolarizada e a formação da nação.
262
_____________________________________________________________________________________________________________
As primeiras décadas do século XX tornaram-se cruciais para a compreensão do momento de consolidação do que se convencionou considerar “povo brasileiro”. As
contribuições da Ciência, complexificadas pelas disputas entre eugenistas e adeptos do caboclismo corroboravam com o ideal da colonização portuguesa definidora de
uma cultura brasileira. Contrapondo-se à Democracia Liberal, organiza-se a Ação Integralista Brasileira, em 1932, cuja identificação com o fascismo italiano era
demonstrada pela ordem paramilitar, com o uso dos uniformes verdes, pelo gesto da saudação “Anauê!” e pela defesa de um Estado autoritário corporativista. Porém,
na sua complexidade doutrinária e organizativa, o Integralismo brasileiro pode ser compreendido como Pensamento nacional, entendendo-o como continuidade do
propósito colonizador português que se adequava à um modelo de povo brasileiro “por fazer-se”. O integralismo entende que a miscigenação resultante do encontro
entre o português e a indígena, nos tempos coloniais, teria gerado a “raça cósmica” ideal, superando a “raça cósmica” colonial espanhola, sendo capaz de estender-se
para além das fronteiras nacionais levando à toda a Humanidade à Revolução Espiritual e à criação da Quarta Humanidade. Neste Sentido, a Doutrina Social da Igreja
era entendida como suporte ao projeto corporativo, sendo o lema “Deus, Pátria e Família” o alicerce do projeto de síntese nacional e sobre o qual todos os militantes
deveriam pautar as suas vidas. O papel reservado à mulher integralista neste projeto de Estado alicerçado na família seria o de educar os filhos, no papel de mãe, capaz
de participar do espaço público como militante, exercendo esta atividade sob a submissão ao pai da família, o Chefe do Lar integralista
263
_____________________________________________________________________________________________________________
O espaço urbano de uma cidade ao ser apreendido em uma reconstituição fílmica desponta como objeto de leituras e elaboração de imagens sociais que unificadas,
resultam em memórias e na propagação de uma “história oficial”. Inserindo-se nessa proposta de um cinema voltado para o contexto nacional, vinculado há um caráter
pedagógico, os curtas metragens, aqui, especificamente, os documentários realizados entre as décadas de 1950 a 1970, se estabeleceram enquanto produções que
apesar de serem registros primários de um passado, possibilitaram a percepção de aspectos sócios históricos que por vezes, ao indicar uma realidade externa (mesmo
que encenada) para além do filme, torna-se objeto da análise historiográfica. Destarte, refletindo sobre o potencial de propagação de ideais a partir das narrativas
fílmicas (O que dizem? Como dizem?), tomamos como objeto de análise para este estudo, dois documentários feitos entre as décadas de 1960 a 1970, sobre Feira de
Santana, cidade localizada no interior da Bahia, os quais são: “Os pioneiros” (1968), de Oscar Santana; e “Como nasce uma cidade” (1973) de Olney São Paulo.
Pretendemos mediante um estudo comparativo entre as obras, perceber as representações e memória elaboradas em torno da ideia de urbanidade e desenvolvimento
feirense, e investigar o possível diálogo com documentos e discursos históricos e artísticos do período.
264
_____________________________________________________________________________________________________________
Na atualidade, discursões acerca da questão quilombola vem ganhando novos olhares, principalmente, quando se refere ao termo “remanescente”. Sendo assim, a
importância deste trabalho, consiste em apresentar reflexões acerca do reconhecimento legal e do processo identitário da comunidade Pedra D´Água, localizada no
município de Ingá-PB. Teve seu reconhecimento enquanto grupo remanescentes quilombola no ano de 2005. Este trabalho tem como objetivos analisar como se deu o
processo de construção da identidade étnica na comunidade Pedra D´Água, verificando como as identidades se reconstroem e se mantem no contexto contemporâneo.
Para isso, utilizaremos algumas fontes historiográficas, como o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) da comunidade, documentos que legitimam o
espaço enquanto remanescentes de quilombo, relatos orais de moradores tanto de jovens quanto de pessoas mais experientes. Como aporte teóricos, pretendemos
trabalhar na perspectiva de Maurice Halbwachs (1990), José Maurício Arruti (2006) e seus apontamentos sobre o processo de formação dos quilombos; Ilka Leite (2000)
trazendo questões conceituais sobre as ressemantizações que o termo quilombo sofrera ao longo dos anos. Fredrik Bart (1998), trazendo a visão de um antropólogo
destacando a relevância em compreender os grupos étnicos e a formação das fronteiras culturais, Alberti (2005) e Meihy (2007), onde Alberti contribui com a história
Oral do ponto de vista teórico, e Meihy aponta os aspectos metodológicos no que se refere a pratica e utilização da oralidade durante a entrevista. Para que assim
possamos discutir sobre a identidade quilombola, embasados pelos discursos apresentados pelos moradores do quilombo. Desta forma, utilizaremos a História oral, a
partir da aplicação de questionários semiestruturados com alguns moradores tentando perceber a construção de uma nova identidade quilombola que luta em busca
de seu reconhecimento enquanto sujeitos sociais.
265
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente pesquisa propõe analisar o ensino de história: livro didático e os desafios para a construção da maranhensidade. Considerando como basilar os livros didáticos
adotados nas salas de aulas da rede estadual do Estado do Maranhão, delimita-se a investigação ao ensino de história do primeiro ano ao terceiro do ensino médio.No
que se refere ao atual contexto do ensino médio será relevante pontuar os pontos conflitantes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como as omissões em relação
a história local. No aspecto estadual é significativo a análise do documento do território maranhense para o ensino médio e seus silenciamentos para a construção da
aprendizagem a respeito do pertencimento em relação a história do Maranhão. Em relação a sala de aula pretende-se fazer a aplicação de questionários com perguntas
relacionadas a história maranhense para discentes e professores.Compreende-se a importância da análise das estratégias metodológicas dos docentes para desenvolver
na sala de aula o pertencimento em relação a cultura do Maranhão. A opinião dos alunos é relevante para o entendimento de seus conhecimentos, lacunas, ausências
e contradições criadas pelo instável sistema de ensino brasileiro e maranhense.A pesquisa tem como objetivos: Discutir a relação do ensino de história e o
desenvolvimento da identidade maranhense e criar um guia ou cartilha referentes aos temas da história do Maranhão.
266
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta comunicação objetiva apresentar uma síntese no que diz respeito às mudanças ocorridas nos campos político e religioso na segunda metade da década de 1980.
Com enfoque nos evangélicos pentecostais, pretende-se discorrer sobre o cenário que favoreceu a inserção de membros da Assembleia de Deus na política institucional
brasileira. Destacamos, desse modo, o intenso movimento no interior da referida denominação em torno Assembleia Nacional Constituinte de 1987, visando a eleição
de candidatos para a defesa de suas fronteiras religiosas. Nesta abordagem, lançamos mão do jornal Mensageiro da Paz (MP), periódico difundido pela Assembleia de
Deus na década de 1930 e um dos principais veículos de comunicação da instituição religiosa até os dias atuais. O Mensageiro da Paz é uma fonte substancial para
compreender a articulação AD durante as eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, bem como a atuação desta denominação religiosa em outros períodos.
Utilizamos, neste trabalho, o método de investigação qualitativa, selecionando e investigando, no Jornal Mensageiro da Paz, apenas as matérias que versam
explicitamente sobre o campo político-partidário. Trabalhamos com o conceito de campo religioso, na perspectiva do sociólogo Pierre Bourdieu (2007), para pensar as
dinâmicas internas deste campo e a interação de seus agentes com o campo político, a partir do capital simbólico adquirido.
267
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente proposta de abordagem integra pesquisa em andamento, atualmente, junto ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa
Catarina. Por meio da referida investigação, pretendemos avaliar a relação entre um conjunto de mapas pictóricos – em circulação nos Estados Unidos, ao longo da
primeira metade do século XX – e dinâmicas coletivas de configuração de comunidades étnico-nacionais. Interagindo com convenções cartográficas vigentes à época e,
simultaneamente, recorrendo a formas de expressão artística não fundamentadas em parâmetros reconhecidos, naquele momento, como científicos, os mapas
examinados dialogam com dimensões de linguagem estudadas, geralmente, de modo apartado. O que pretendemos discutir, aqui, é a possibilidade de superar esse
hermetismo, por meio de um exame multidisciplinar das fontes em questão. Para atender a tal objetivo, buscamos, neste momento, integrar perspectivas que, com
semelhante preocupação no que se refere ao estudo de imagens, operam métodos geográficos – tais como as elaboradas por Matthew Edney e André Reyes Novaes –
e historiográficos – como proposto por Peter Burke e Ulpiano Bezerra de Meneses.
268
_____________________________________________________________________________________________________________
Resultado de pesquisa bibliográfica e documental, esta comunicação é parte de estudo sobre Formação de Professores e Saúde Escolar da Escola Normal do Distrito
Federal ao Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (ISERJ) desenvolvido pelo PROMEMO (Projeto Memória da Formação de Professores no Instituto de Educação
(IE) da origem à História Imediata)/ISERJ. A experiência de Armanda Álvaro Alberto na Escola Regional de Merity articula Escola Nova a Saúde Escolar ao incorporar
cuidados com a saúde e higiene no cotidiano da Escola e sua influência na Escola Normal (1921-1931) até 1932, com a transformação em IE e divulgação do Manifesto
dos Pioneiros da Escola Nova. Os relatos de Armanda e de colaboradores próximos nos recortes cronológicos: A Escola Proletária de Merity (1921-1924); Escola Regional
de Merity na Primeira República (1924-1930), a Escola Regional de Merity na Era Vargas: O Ministério de Educação e Saúde Pública (1930). Experiências: “passado atual
(...) no qual acontecimentos foram incorporados e podem ser lembrados”. (KOSELLEK, 2006), muitas divulgadas pela imprensa, entendida “fundamentalmente como
instrumento de manipulação de interesses e de intervenção na vida social” (CALONGA, 2012). Considerando o currículo real, “a soma de todo tipo de aprendizagens e
de ausências que os alunos obtêm como consequência de estarem sendo escolarizados” (SACRISTÁN, 1995); no nosso recorte as relacionadas à saúde e formação de
professores.
269
_____________________________________________________________________________________________________________
Quando pensamos no ensino e na aprendizagem, não devemos nos limitar somente ao ambiente da sala de aula, e visando a expansão do ambiente educativo temos
três espaços pedagógicos: o espaço formal de educação, o espaço informal de educação e o espaço não formal de educação. Os espaços não formais são espaços que
podem ser referidos como um local de diversas atividades que são direcionadas para a aprendizagem, atividades essas que possuem uma coordenação e prezam pela
autonomia do aluno. Desta forma buscando não estabelecer limitação ou rigidez referente a experiência e vivência realizada e sim potencializar, logo compreendemos
a importância de ambos os espaços, formais e não formais, na construção da educação. O Planetário de Vitória faz parte dos Centros de Ciência, Educação e Cultura
(CCEC) da Prefeitura Municipal de Vitória (PMV), e é gerenciado em conjunto com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Nesse espaço são realizadas diversas
sessões onde, em sua grande maioria, são desenvolvidas habilidades físico científicas, entretanto esse espaço pode ser um aliado para o ensino de História também.
Em especial, duas sessões trabalhadas no Planetário de Vitória são de extrema importância nesse aspecto, e serão elas que debruçaremos nossa discussão nesse
trabalho: “50 anos da ida do homem à Lua” e “O Céu de 1500”.
270
_____________________________________________________________________________________________________________
Em trabalho desenvolvido junto ao Ministério Público Federal, e sob coordenação geral do Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF-UNIFESP),nos anos de
2021 a 2023, a partir da área de História e de parcerias - como a estabelecida junto ao Direito, a Geografia e a Economia -, pudemos apreender parte das violações de
direitos humanos vividas pelos povos originários na Amazônia, como os Tenharim, os Waimiri-Atroari e os povos do Alto Rio Negro, como os Tukano e Baniwa. Nesta
comunicação, o foco centra-se no Alto Rio Negro, chamando atenção para o modo como a ditadura empresarial-militar atuou na região, em conluio com as empresas
de mineração, sendo que a violência impressa a esses povos não cessou em 1985. No decurso dos anos 1980, governos estaduais e federais, FUNAI e empresas de
mineração, associadas a grileiros de terras e a construção de projetos hidrelétricos e de rodovias - como o projeto Calha Norte -, utilizando-se do discurso da "segurança
nacional" e de "progresso" para a Amazônia, deram continuidade às ações empresariais-militares e foram redesenhando projetos substanciados na violência, na
corrupção e na imposição do domínio sobre o território indígena. A resistência dos povos originários também demarca esta história que não se limita a uma narrativa
de vencidos ou de vencedores, como nos ensina E. P. Thompson e Walter Benjamin. A "contrapelo" e por uma "história vista de baixo", foi possível entender o modus
operandi de empresas mineradoras na região, em especial da empresa de mineração Paranapanema e suas subsidiárias. A documentação utilizada foi encontrada no
Arquivo Nacional, fundo digital do Serviço Nacional de Informações (SNI), em acervos do Conselho Indigenista Missionário (CIMI – Norte), na Casa da Cultura Urubuí,
em Presidente Figueiredo-AM, coordenada pelo indigenista Egydio Schwade, entre outras fontes.
271
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta comunicação espera investigar as relações entre gênero, raça e sexualidade na literatura de mulheres em Cadernos Negros, especialmente em algumas de suas
mais frequentes escritoras: Esmeralda Ribeiro, Marise Tietra, Miriam Alves e Sonia Fatima da Conceição . Além disso, tomaremos com atenção a produção de Zula Gibi,
heteronômio adotado por Miriam Alves. Pretende-se aqui refletir as concepções, disputas e questões que atravessam as construções narrativas sobre o corpo e o
erótico, principalmente interessado na construção das personagens - mulheres negras -, em suas multiplicidades e complexidades. A partir de uma perspectiva feminista,
analisaremos algumas das formas com que estas escritoras elaboram seus pensamentos acerca da sexualidade, da afetividade, da heteronormatividade, sobre a
homossexualidade e o erótico, a partir de uma perspectiva encruzilhada entre gênero e raça. É possível, a partir desta literatura, tencionar/debater um pensamento
feminista interessado na questão da sexualidade, produzido por estas autoras? O eros elaborado nestes textos foge à heterossexualidade compulsória? Foge à
objetificação do corpo de mulheres negras? O feminino (como essência) é reiterado/permanece a essencialização? Ou é desafiado? De que formas são entendidos os
corpos racializados no exercício do desejo e da sexualidade, nestes textos?
272
_____________________________________________________________________________________________________________
De acordo com Marco Morel, iniciando-se após a Abdicação de D. Pedro I, no dia 7 de abril de 1831, o Período Regencial foi um momento em que, a ausência da figura
centralizadora do monarca, levou à uma ""explosão da palavra pública”, no qual “atores históricos variados” emergiram, manifestando publicamente seus interesses e
demandas. Um dos setores mais atingidos pela politização social foi a imprensa, nela, sujeitos de diversas camadas da sociedade, divididos em facções políticas,
debatiam à respeito do futuro da nação. Diante disso, o objetivo deste projeto é compreender o papel desempenhado por Francisco Salles Torres Homem – um homem
de cor de 19 anos –, através do jornal O Independente (1832-1833), na imprensa moderada carioca, durante Período Regencial. Para tanto, este estudo circunscreve o
ano de circulação do jornal, afim analisar as ideias, os valores, as discussões e conceitos acionados em seus artigos.
273
_____________________________________________________________________________________________________________
Este estudo reflete sobre o docente que vivencia experiências em sala de aula e na gestão escolar de escolas públicas localizadas em ambientes conflagrados pela
violência associada ao tráfico de drogas e de armas na cidade do Rio de Janeiro. A pesquisa aborda a docência na perspectiva da História da Educação, abrangendo o
estudo da história da profissionalização docente que inicia na academia e se desenvolve na prática cotidiana. A proposta de investigação consiste em compreender
como a violência das armas de fogo presente no entorno da escola afeta o trabalho, as identidades professorais, as práticas pedagógicas, administrativas e, enfim, a
trajetória profissional. A expectativa do estudo foi de ouvir dez docentes em dez escolas públicas, sendo cinco estaduais de Ensino Médio e cinco municipais de Ensino
Fundamental, que funcionam sob o sistema de compartilhamento de prédio escolar. O método de análise se desenvolveu na perspectiva da história oral, pois, tal modelo
investigativo aproxima o pesquisador de seu interesse em conhecer, identificar e aprofundar suas reflexões sobre os fatos que cercam a história da profissão. A pesquisa
apontou também a relevância dos conhecimentos adquiridos ao longo das suas trajetórias formativas na prática cotidiana. No estudo se percebe que os desafios
pessoais e profissionais do docente, seja em sala de aula seja na gestão escolar, se tornam críticos em escolas situadas em áreas conflagradas pelo tráfico de drogas ou
pelas milícias. Em suas narrativas, aparece de forma recorrente a “falta” de preparação dos professores para atuar em situações de violência armada no entorno das
escolas, a preocupação com o desenvolvimento global das crianças e adolescentes e a saúde mental daqueles que estão envolvidos com a manutenção dos trabalhos
educativos da escola. A intenção é compreender, na história da educação brasileira, o papel do docente para além de sua atuação na sala de aula.
274
_____________________________________________________________________________________________________________
Este Plano de trabalho, ao propor um estudo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Brasil (MST), visa indagar sobre a presença de pessoas LGBTQIA+
no interior do Movimento Sem Terra, buscando apreender se esta participação está à margem do Movimento, ainda que a presença desta questão no Movimento já
possa ser considerada uma conquista. Em vista disso, para indagar se há a periferização dessas pessoas em movimentos da luta pela terra, como a empreendida pelo
MST, é necessário fazer um balanço da história do movimento LGBTQIA+ no Brasil. Portanto, buscamos utilizar os recursos textuais de pesquisadores como Bortolozzi
(2019), Ferreira e Sacramento (2019), Teischmann (2021) e o livro “História do Movimento LGBT no Brasil”, organizado por James N. Green, Márcio Caetano, Marina
Fernandes e Renan Quinalha (2018), para levantar dados que auxiliem na pesquisa. É visto, tomando como referência esses autores (CUNHA E MIRANDA, 2012), que
dentre os movimentos pela luta da terra, há núcleos e formas de organização. Face a esta organização indagamos aqui a questão tão arquitetada pelo MST e demais
movimentos em relação à coletividade e cooperação entre as pessoas assentadas, visto que no livro “Nós, cidadãos aprendendo e ensinando a democracia”, de D’Incao
e Roy (1995, p49) percebe-se que o companheirismo é, naquelas condições, representado por uma figura única, a da liderança, que comparece em negociações com
agentes do Estado e em apresentações para a comunidade externa, media ações com entrevistadores e pesquisadores e está presente em questões que envolvem a
militância. Esta figura, segundo os autores, aparece também como representante da luta de todos, em uma comunidade que parece ser “imposta e inquestionável”.
Face a essas considerações, cabe indagar: Será que, mesmo em um movimento coletivo da luta pela terra não há hierarquias e representações que colocam o assentado
e o camponês em uma situação marginalizada e não participativa dentre as decisões tomadas? Como a questão de identidade sexual é tratada no interior do MST?
275
_____________________________________________________________________________________________________________
A pesquisa “A Cultura dos Mascarados na comunidade Faxinal do Marmeleiro de Baixo-Rebouças/Pr”, ainda em andamento, apresenta a definição de um sistema de
faxinal e, especificamente, se aprofunda no estudo de uma prática cultural vivenciada na comunidade, a Tradição dos Mascarados. O sistema de faxinal é um sistema
silvipastoril, atualmente só encontrado no interior do Paraná, onde há a integração de animais, árvores e pastagens em uma mesma área juntamente com a comunidade,
ou seja, os povos tradicionais faxinalenses. A prática cultural dos Mascarados refere-se a uma brincadeira que ocorre durante o período de três dias do Carnaval, em
que os meninos se fantasiam usando lonas, galhos de árvores, sacolas, tecidos e máscaras, e saem pela comunidade assustando crianças e animais que circulam pelo
espaço durante a festividade, é importante pontuar que nenhum faxinalense sabe quem está trajado de mascarado, a não ser os próprios que participam da brincadeira.
A pesquisa busca apresentar a prática como Patrimônio Cultural Imaterial, já que a mesma, embora não registrada como tal, possui vínculo afetivo com os faxinalenses
que a vivenciam, proporcionando um caráter identitário e de memória para os mesmos. Atualmente a tradição vem diminuindo aos poucos na comunidade em questão,
o que também a torna tão importante de ser registrada, pois representa uma parcela da memória coletiva daqueles que a vivenciam. Para a realização da pesquisa se
utilizará a metodologia da História Oral.
276
_____________________________________________________________________________________________________________
O trabalho pretende, a partir do relato de experiências desenvolvidas em cursos técnicos integrados ao Ensino Médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia da Paraíba (IFPB), refletir sobre as possibilidades do ensino de história com foco na educação patrimonial. Compreendendo a importância da temática,
desenvolvemos práticas interdisciplinares com estudantes dos cursos técnicos integrados em Meio Ambiente, Recursos Pesqueiros e Multimídia do IFPB Campus
Cabedelo. As atividades envolveram visitas técnicas ao Centro Histórico da Cidade de João Pessoa, sequenciadas por atividades avaliativas integradas com as turmas.
Com base em suas observações e registros, os estudantes elaboraram folders turísticos detalhando o conjunto arquitetônico colonial ainda preservado na capital
paraibana. O êxito da proposta levou ao planejamento de um projeto integrador, atualmente em execução junto à turma de 1º Ano do Curso Técnico em Multimídia,
nomeado “Patrimônio de todos: uma proposta educativa”, que objetiva aproximar os educandos da realidade local, integrando conhecimentos da formação geral com
os da formação técnica, culminando na produção de um inventário cultural, abordando bens culturais materiais, imateriais e patrimônios naturais locais. Através deste
trabalho, pretendemos, portanto, refletir sobre a cultura escolar em cursos técnicos integrados da Rede Federal, com enfoque em suas normas, finalidades, conteúdos
e práticas, e a sua relação com nossa cultura histórica.
277
_____________________________________________________________________________________________________________
Considerando a apropriação das mídias digitais como demanda indígena na atualidade, este trabalho procura abordar o espaço da web como território a ser conquistado
por povos e associações indígenas. As mídias indígenas atuais disputam narrativas na arena polifônica das redes sociais, buscando dar visibilidade e fortalecimento às
suas reivindicações e direitos constitucionais. Também atuam na demarcação da indianidade, ação política elaborada e reelaborada em situações sócio-históricas. Assim,
as produções midiáticas indígenas tornam-se um dos caminhos possíveis para desconstruir uma versão única que mantém a perspectiva eurocêntrica na produção
historiográfica e no ensino. A ausência da história indígena nos currículos escolares ou sua apresentação de forma secundária, evidencia as disputas políticas que essas
escolhas representam. Currículos de história enfrentam questionamentos a respeito do que deve ser ensinado e em quais processos de identificação se pretende investir,
sem perder de vista o fato de que currículos escolares nunca estão desvinculados de relações sociais de poder. A história ensinada é um produto de escolhas teóricas e
metodológicas, fruto de uma seleção. Expressam consensos, aproximações, esquecimentos, em permanente reconstrução. Este trabalho tem por objetivo contribuir
para esse debate, escolhendo como porta de entrada os possíveis diálogos entre o território da etnomídia digital indígena na sua fronteira com o ensino e os currículos
de história.
278
_____________________________________________________________________________________________________________
A história escrita de Itapagipe-MG, conta com um único livro, publicado em 1991, é atravessada de sujeitos brancos, desbravadores, laboriosos e tementes a Deus. A
participação de outros grupos foi silenciada na versão oficial, conforme Chimamanda Adichie (2019), criando para a história de Itapagipe uma versão única, ou seja,
uma história única. Uma história marcada pela exclusão dos grupos indígenas Kayapós, da população negra, pobre e campesina. A proposta em questão é parte de
minha pesquisa de doutorado, que se orienta com o objetivo de contar e ouvir, Histórias apagadas e memórias silenciadas, uma pesquisa sobre a história e o poder,
silenciamentos e os grupos marginalizados pela escrita oficial da história do Município de Itapagipe-MG. Para conhecer outra versão ou outras versões da história de
Itapagipe, foi preciso ouvir vozes silenciadas pela história escrita daqueles que venceram e não se cansam de vencer, memórias precisam ser lembradas, pois vão sendo
apagadas com a morte física daqueles que a detém. A História Oral é a metodologia norteadora da pesquisa, ocorre pela possiblidade do trabalho com as entrevistas
orais, pela tenuidade entre história oral e memória, e como uma possibilidade de valorizar os nossos colaboradores. Para o historiador e professor José Carlos Sebe
Meihy (2020), sob as condições que se combinam para dar sentido a História Oral está a memória exprimida por sons na responsabilidade de contatos de pessoas.
279
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho, fruto da experiência do estágio e de discussões realizadas no Grupo de Pesquisa GHESP, tem o intuito de estudar a História Oral como fonte para
se produzir o conhecimento historiográfico e como fonte na pesquisa acadêmica. Nesse sentido, compreendendo que a oralidade está diretamente ligada à subjetividade
da memória, a importância de se respeitar o entrevistado como protagonista e entender que nas ausências de respostas diretas sobre determinadas pautas também é
uma forma de se transmitir uma mensagem. Conforme o verbete do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, a História Oral é uma
metodologia de pesquisa que consiste em realizar entrevistas gravadas com pessoas que podem testemunhar sobre acontecimentos, conjunturas, instituições, modos
de vida ou outros aspectos da história contemporânea. Assim, Silveira (2007) aponta que com a metodologia da História Oral é possível se construir o pensamento
histórico através de narrativas contextualizadas. Nesse raciocínio, os entrevistados não irão revelar informações sobre eles mesmos a menos que estejam dispostos a
fornecê-las. Concordamos com Ferreira (2000) ao frisar a importância do direito dos entrevistados de não revelarem tudo a respeito deles próprios. Portanto, ao se
trabalhar com essa fonte, o historiador poderá analisar a narrativa contada na entrevista, fazendo uma leitura das falas, contextos e silêncios, uma vez que esses podem
revelar uma mensagem importante.
280
_____________________________________________________________________________________________________________
Os periódicos El Diario, El Socialista, El País, EL Mundo e ABC España, acompanham as consequências atuais do revisionismo sobre a ditadura de Francisco Franco. A
remoção dos símbolos do franquismo dos espaços públicos engendrou uma disputa pela memória e contestação da História Oficial. Com a aprovação da Lei da Memória
Democrática, encabeçada pelo governo PSOE, foi central um aprofundamento no caso da remoção de monumentos franquistas, correlacionando tal movimento de
derrubada monumental com a ascensão de governos democráticos na Espanha. As leis visam reconhecer as vítimas do franquismo e remover símbolos e estátuas
relacionadas ao período. A Lei, aprovada em 2022, promoverá a criação e autonomia de Instituições para mapear os enterrados em valas comuns, e se configura como
maior avanço antiautoritário até agora sobre a questão da ditadura. Com a nova legislação, as vítimas puderam sair da categoria de apagados socialmente. Além disso,
percebe-se que o caráter pedagógico da lei reforça a formação educativa das futuras gerações, no que tange a memória coletiva do país. Foi necessária a compreensão
dos antagonismos entre o PSOE e VOX na Espanha, partidos opositores, como também situar política e ideologicamente os periódicos consultados para identificar como
veiculavam as notícias e com qual viés. As manifestações dentro do Twitter também demonstram o grande embate na sociedade espanhola acerca de seu passado
recente, na tentativa de conformar e dirigir a opinião pública.
281
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta comunicação incidirá sobre a influência dos ideais de pobreza e de assistência oitocentistas e de que maneira tais princípios foram traduzidos na irmandade da
Santa Casa de Misericórdia de Campos dos Goytacazes, localizada no norte da província do Rio de Janeiro. O estudo visa discutir como os dirigentes dessa instituição se
apropriaram e interpretaram ideias socioeconômicas europeias e práticas utilitaristas liberais, tendo como ponto de partida a proposta do provedor e Comendador José
Gomes da Fonseca Paraíba, de aproximação do modelo assistencial britânico. A proposta de um novo regulamento estabeleceria uma análise previa daqueles que
seriam classificados como pobres merecedores: “toda a despesa feita, quer com os indigentes que entram para as enfermarias por doentes, quer com a infância
desvalida de um e outro sexo; [seria] paga, depois, por eles mesmos com serviços que presta[riam] em diferentes oficinas”. Assim, é relevante dimensionar a repercussão
e a recepção de tal referencial entre os confrades, afastando-se da historiografia que defende o “modelo português de assistência” como único, pois admitindo o
encontro das esferas política e filantrópica, encontramos a construção de ação assistencial com características próprias e em consonância com discursos de intelectuais
europeus da época.
282
_____________________________________________________________________________________________________________
Este trabalho é fruto de um Plano de Trabalho de Iniciação Científica intitulado “História da Infância e Inquisição: Observações sobre o processo inquisitorial de Ana da
Trindade (1735)” e analisou o processo inquisitorial iniciado em 1735 da ré cristã-nova Ana da Trindade acusada de Judaísmo, tendo em vista o objetivo de entender o
conceito de infância em formação e sua relação processual com o Tribunal do Santo Ofício Português. Para isso, utilizou-se o estudo paleográfico do processo, assim
como tudo que enviesa o estudo de caso. Com isso, identificar pontos importantes do processo como os hábitos que caracterizavam a heresia e o papel desempenhado
pela inquisição são importantes para entender o desenvolvimento do trabalho. Destaca-se, portanto, a relação entre os mecanismos que propiciaram uma ação
regulamentadora e, em função disso, o trabalho abre perspectivas de análises para a estrutura de um conceito plástico em relação às diretrizes da Inquisição Portuguesa
que alçava pela institucionalização de seus mecanismos de poder. A partir disso, abrem-se margens para outros aspectos a serem analisados mais profundamente
dentro do processo inquisitorial.
283
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente comunicação tem como objetivo principal apresentar como é construída a memória traumática de Frei Betto na obra Batismo de Sangue – Guerrilha e morte
de Carlos Marighella. Para alcançar esse objetivo iremos utilizar as contribuições do chamado trauma studies, ou estudos sobre o trauma tendo como base autores
Dominick LaCapra, Jaime Ginzburg, Marisa Maia e Freud. A metodologia de pesquisa da comunicação é de cunho qualitativo e explicativo ,pois a partir da análise da
narrativa da obra literária Batismo de Sangue, de Frei Betto buscamos compreender como o autor constrói esse passado trágico. Um resultados do trabalho identificados
e de que a partir da narrativa da obra Batismo de Sangue – guerrilha e morte de Carlos Marighella , o autor Frei Betto realiza uma espécie de perlaboração e e
rememoração e um trabalho de luto dessa experiência traumática. E ainda, identificamos na escrita de Frei Betto em Batismo de Sangue como um trauma de caráter
subjetivante, ou seja, um trauma que provoca a narrativa e possibilita formas e significados dessa narrativa.
284
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta pesquisa tem como sujeitos históricos principais mulheres moradoras e presas na cidade de Lisboa pela Inquisição, entre os anos de 1536 a 1636, com enfoque nas
suas vivências de trabalho. A intenção é fazer um detido mapeamento e análise das atividades laborais desenvolvidas naquela cidade no início da Idade Moderna e, ao
mesmo tempo, observar como se compunham e configuravam os trabalhos que exerciam em seus cotidianos. Com base em 100 (cem) processos inquisitoriais contra
mulheres lisboetas nos séculos XVI e XVII, alocados no Arquivo da Torre do Tombo, são analisados os ofícios exercidos e suas tipologias, descortinando práticas laborais
femininas, pouco ou nada conhecidas. Objetivos: Revisitar histórias de mulheres anônimas em suas lidas diárias e contribuir para o preenchimento de uma lacuna
historiográfica, no que se refere ao conhecimento do mundo do trabalho feminino ibérico quinhentista/seiscentista. A metodologia de análise percorre a trilha da
paleografia digital à partir da plataforma Transkribus, inserindo a pesquisa no campo das humanidades digitais. Segue, ainda, as balizas propostas por Carlo Ginzburg,
nomeadamente nos seus apontamentos inscritos em “O queijo e os vermes” e “Mitos, emblemas e sinais”, onde trata sobre o uso de processos como fontes e a
imprescindível observância dos detalhes ali contidos no que se refere ao potencial em revelar ricas informações sobre pessoas anônimas, comuns, mas que corporificam
o protagonismo da história.
285
_____________________________________________________________________________________________________________
Ganhando força a partir dos anos 1920, o rádio foi um meio central na formação da cultura de massa, no Brasil e no mundo. Além das esferas econômica e sociocultural,
o desenvolvimento da radiodifusão marcou profundamente também a política, regional e internacional: novas forças, da esquerda à direita, utilizaram as ondas
hertzianas para disseminar as suas ideologias, assim como a democracia liberal, que integrou-a na reprodução do capital e na difusão dos seus ideias. A Segunda Guerra
Mundial levou ao extremo essas tensões, revelando a potência de ação do rádio na diplomacia pública e na guerra psicológica. No Brasil dos anos 1940, o rádio encontrou
uma conjuntura singular: governado por um regime autoritário, fortemente inspirado nas estratégias de propaganda e censura nazi-fascistas, o país vivenciava também
uma crescente aproximação diplomática e comercial dos EUA; o Estado Novo procurava equilibrar-se entre sua natureza ditatorial e seu alinhamento ao bloco
democrático. As políticas culturais adotadas pelo governo e sua atuação no campo radiofônico refletem a tensão vivenciada pelo regime, em sua tentativa de sustentação
e legitimação. A investigação dessa conjuntura lança novos olhares para o rádio como fenômeno social e político, revelando as contribuições das Comunicações e das
Relações Internacionais para a História do Brasil como objeto situado entre o local e global.
286
_____________________________________________________________________________________________________________
O turismo cultural tem se expandido e reproduzido experiências cada vez mais imersivas que em sua diversidade unem-se na busca por fortes conexões com os visitantes
através dos interesses pessoais, da história, cultura ou até mesmo das memórias de cada indivíduo. O fator da etnicidade tem sido uma constante na criação e resgate
de espaços ou tradições de grupos que possuem uma identidade histórica marcante dentro de determinados contextos sociais que possibilitam o surgimento de
equipamentos dedicados a lembrar tal cultura e apresentá-la através do turismo para a comunidade local e aos visitantes. A cidade de Erechim no norte do estado do
Rio Grande do Sul tem percebido a estruturação de uma rota turística sobre a paisagem do Vale Dourado, região montanhosa por onde passa a rodovia ERS420 que liga
Erechim com a cidade de Aratiba. Desde o ano de 2012 alguns equipamentos tem sido instalados sobre esse espaço e oferecendo atividades ligadas ao lazer e a
gastronomia, a característica comum entre esses objetos é o uso de elementos estéticos em suas fachadas, representantes da arquitetura produzida pelos imigrantes
italianos no início do assentamento desses sobre o espaço do então estado do Rio Grande do Sul. A aderência da população local e do turismo sobre essa nova
experiência na cidade aponta para a verificação de uma relação afetiva entre os indivíduos e a representação das memórias destes através dos elementos estéticos
produzidos nas fachadas dos novos equipamentos que compõem a rota do Vale Dourado. A imagem enquanto representação pode construir uma cenografia em
contextos onde aspectos ou elementos produzidos no passado são trazidos para a atualidade e reconstruídos afim de lembrar ou reforçar a identidade ou cultura de
um grupo. Este trabalho de pesquisa busca percorrer os caminhos que entrelaçam as escolhas sobre a estética arquitetônica reproduzida nessa nova rota e dinâmicas
sociais nesse contexto sobre memória e identidade individual e coletiva.
287
_____________________________________________________________________________________________________________
A problemática a ser analisada será a relação entre o Governo Federal, presidido por João Batista Figueiredo (1979-1985), e o novo partido governista (o PDS - Partido
Democrático Social). A Reforma Eleitoral, de 1979, foi responsável por dar fim ao sistema bipartidário. Em seu lugar, surge um contexto favorável aos novos partidos
políticos (Grinberg, 2009; Fleischer, 1988). A estratégia do governo seria justamente criar uma nova sigla que fosse capaz de superar a visão negativa que estava sendo
imposta à Aliança Renovadora Nacional (Arena). O PDS surge para ser um partido de estabilidade aos governistas. Porém a realidade não foi próxima ao projetado. A
ideia é utilizar um exemplo da pesquisa dissertativa, que evidenciou como essa relação projetada se mostrou turbulenta e instável. A prorrogação dos mandatos de
prefeitos e vereadores era de interesse do Executivo, para impedir que no momento da reorganização partidária ocorresse uma disputa eleitoral que pudesse fragilizar
os interesses governistas. Porém, essa medida não encontrou consenso entre os políticos do PDS por alguns motivos. Essa pesquisa baseou-se em alguns referenciais
teóricos sobre partidos políticos, como: Cotado (2015); Michels (1982,); Merton (1965). Além disso, os jornais (O Globo, Jornal do Brasil e Folha de São Paulo) se
constituíram no principal conjunto de fontes utilizadas para esse estudo, tendo como principais referenciais metodológicos os autores: Barros (2023); Lucca (2008a;
2008b).
288
_____________________________________________________________________________________________________________
Andando hoje pela cidade do Rio de Janeiro, da rua Sacadura Cabral, passando pelo Cais do Valongo até chegar a longa extensão da rua do livramento uma coisa fica
perceptível ao observador mais atento: a presença de oficinas mecânicas/artesanais. Funilarias, serralherias, marcenarias são alguns dos estabelecimentos que podemos
encontrar naquela região em uma simples caminhada. O olhar mais atento também irá perceber que grande parte das comunidades negras da Saúde, Gamboa e
Providência ganham a vida trabalhando com o carnaval: confecção de fantasias, alegorias e adereços que demandam um conjunto de ofícios especializados.
Especialmente na Cidade do Samba, próximo à estação da antiga praia formosa e de frente ao cemitério dos ingleses. Lá, trabalharam chapeleiros, alfaiates, sapateiros,
ferreiros e outros tantos “mestres de ofício”. A grande manufatura da Ponta de Areia, a companhia de luz Esteárica em São Cristóvão e a fábrica de gás no aterrado,
grandes empreendimentos fabris de meados do século XIX não funcionam mais hoje. Os dois últimos ainda são possíveis observar sua estrutura física diante das
mudanças urbanos e quanto ao primeiro resta um letreiro “estaleiro Mauá” defronte para a Ponte Rio-Niterói, porém são resquícios físicos do período da Indústria
Escravista no Rio de Janeiro (Sinder, 2023). A pesquisa proposta pretende mesclar dois campos de pesquisa que ainda possuem um pequeno diálogo: história econômica
e história oral. Os estudos da memória e os estudos da economia por vezes são deliberadamente tratados como áreas opostos. Porém, ao investigarmos as origens da
Indústria no Rio de Janeiro percebemos que o contato desses dois campos se torna frutífero para observar as permanências e transformações dos ofícios mecânicas na
cidade.
289
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho busca analisar a produção científica e literária sobre a Amazônia produzida entre os anos de 1940 e 1966. O período marcou uma gradual valorização
da região perante o cenário nacional e internacional. A partir da década de 1940, assistiu-se à aplicação de projetos baseados na ocupação dos ditos “espaços vazios”
com a finalidade de promover a integração nacional. Temos por hipótese que a urgência com a qual o Estado Novo demonstrou interesses e enquadrou a Amazônia
enquanto um espaço estratégico para o progresso nacional resultou em um estímulo à produção científica e literária, algo legado às décadas posteriores. Amparados
nas discussões contextuais, entre elas a superação das perspectivas deterministas e a crença na ciência e na técnica como caminhos para a integração econômica, os
intelectuais produziram orientações e interpretações sobre a região. Ao longo da década de 1940 e 1960, a Amazônia foi palco de iniciativas de intervenção estrangeira
e estatal. Busca-se compreender como a construção de intepretações, representações e conhecimentos forneceram um novo olhar sobre a Amazônia ao longo dos anos
e como essas imagens da região estiveram alinhadas às iniciativas promovidas pelo poder central. Norteia-se assim, a intenção de compreender o papel dos intelectuais
no âmbito do Estado, no que tange suas contribuições, perspectivas científicas e possibilidades práticas em relação à Amazônia.
290
_____________________________________________________________________________________________________________
A comunicação tem como objetivo refletir sobre a participação da Igreja Católica nas comemorações do Sesquicentenário da Independência do Brasil, em 1972, a partir
da atuação do Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. A ideia é pensar a participação da cúpula católica nos festejos da Independência para além
da noção de “batalha pelo patriotismo” que, segundo o historiador Kenneth Serbin, envolveu bispos e militares no contexto da festa mais popular da ditadura. Assim,
a comunicação destaca as aproximações entre o clero do Santuário Nacional e o governo Médici através da análise da construção da chamada Passarela da Fé em
Aparecida e do Ano Marial, anunciado pelo então arcebispo de Aparecida, dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, como forma de celebrar os laços patrióticos que
uniam a Igreja Católica e os militares. Nesse sentido, a comunicação visa problematizar o foco, por vezes excessivo, da historiografia da ditadura militar nas resistências
de religiosos católicos em relação ao regime, sobretudo a partir de 1968. Ao analisar a participação do Santuário de Aparecida nos festejos da Independência em 1972,
este trabalho pretende discutir o imaginário cívico-patriótico que, de alguma forma, estava sintetizado na imagem da padroeira do Brasil, e ajudou a compor o consenso
social em torno da ditadura civil-militar, justamente no momento de maior repressão.
291
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho tem o objetivo de refletir sobre o conflito de interesses no início do processo de desenvolvimento capitalista do estado de São Paulo, envolvendo
as reivindicações dos cafeicultores paulistas na construção de um meio de transporte que suprisse as necessidades de uma grande produção cafeeira em plena expansão
no interior paulista e a racionalização dos negócios de uma empresa ferroviária constituída nos moldes do capitalismo moderno, a britânica São Paulo Railway Company
Ltd., que procurava manter e aumentar a grande lucratividade que obtinha através do monopólio do transporte ferroviário entre o interior e o porto de Santos e que,
inicialmente, não tinha interesse em construir uma nova ferrovia ou fazer obras de adaptação e melhoria na estrada de ferro Santos-Jundiaí. Neste intrincado jogo de
interesses conflitantes entre os cafeicultores e a São Paulo Railway, a empresa britânica buscou uma conciliação através das obras de duplicação da ferrovia e de
construção dos novos planos inclinados da estrada de ferro Santos-Jundiaí. Os trilhos que cortam a Serra do Mar e a vila ferroviária Martin Smith, em Paranapiacaba,
constituem testemunhas silenciosas deste choque de interesses entre frações da burguesia paulista e do modelo de racionalização do trabalho planejada pela empresa
ferroviária britânica.
292
_____________________________________________________________________________________________________________
É possível afirmar que as raízes da historiografia ocidental se encontram na Grécia Antiga. É conhecida a expressão de que o historiador grego Heródoto, de Halicarnasso
(482-420 a.C), é o “pai da História”. Foi o estadista romano Marco Túlio Cícero (106-43 a.C) que denominou o historiador grego com esse epíteto que se tornou lugar-
comum entre os historiadores. O presente trabalho objetiva realizar uma leitura crítica da obra de Heródoto a partir da ideia dos “espelhos” de Heródoto conforme o
historiador francês François Hartog. É possível sintetizar os objetivos da operação historiográfica de Heródoto partindo da ideia de preservação do tempo da erga, o
tempo dos “grandes feitos”, os quais não deveriam, segundo o historiador grego, ser deixados cair no esquecimento por serem importantes demais.
A análise que propomos tem como escopo problematizar as linhas gerais da perspectiva historiográfica de Heródoto, as quais eram: a) o conceito de história como um
testemunho o qual se ligava a memória, a lembrança de feitos considerados memoráveis; b) o texto historiográfico deve mirar nos grandes feitos, nos eventos fora do
“comum”, deve ser a escrita do excepcional, c) historiografia é um relato racional, é uma investigação da visão e da audição; e d) a busca pelas causas, pelos motivos
que levaram os grandes homens a fazer história, deveria nortear a escrita da história.
293
_____________________________________________________________________________________________________________
Esse trabalho reflete sobre as ações educativas implementadas pela Câmara Municipal de Morrinhos dentre os anos de 1946 a 1960, fundamentado pelo conceito
historiográfico do município pedagógico. Em linhas gerais, discutimos, a partir da documentação de Morrinhos-GO, os processos do trabalho político do município no
que refletem a criação de escolas. Com base nos registros das Atas da Câmara Municipal de Morrinhos e no jornal local, dentre outros documentos. Foram discutidas
as iniciativas do poder legislativo municipal, no âmbito educacional, referente à criação de instituições de ensino, a promoção da educação, assim como o
desenvolvimento educacional do município. A documentação encontrada no arquivo da Câmara Municipal de Morrinhos informa sobre a criação e manutenção de
escolas, a subvenção orçamentária para instituições de ensino, e a contribuição destinada para bolsas aos alunos pobres. Ao final das reflexões fica expresso que, as
ações do poder público municipal foram assertivas para o desenvolvimento da população. Ficou evidenciado que a criação de escolas, bem como a manutenção das
instituições escolares existentes teve como objetivo reduzir o número de analfabetos no município.
294
_____________________________________________________________________________________________________________
Este trabalho apresenta resultados parciais da pesquisa: “O lar dos infelizes: o processo de construção físico e simbólico dos subúrbios cariocas, nas duas primeiras
décadas da república, a partir das obras de Lima Barreto (1900-1922)”, em andamento no Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A
pesquisa tem como objetivo verificar os indícios simbólicos de uma renovada relação com o espaço físico dos subúrbios, desenvolvidas no contexto de transformações
políticas, econômicas, culturais e sociais da Primeira República, a partir da obra literária “Clara dos Anjos” (1922), de Lima Barreto. Portanto, e compreendendo as
especificidades do uso da Literatura como fonte histórica, a pesquisa faz uso de um diálogo interdisciplinar entre os aspectos metodológicos da História e da Teoria
Literária, a fim de estabelecer uma relação entre os elementos internos e externos ao texto, em outras palavras, uma análise que considera a correlação entre texto e
contexto. Para tal, a pesquisa leva em consideração as características de construção da personagem, foco narrativo, figuras de linguagem, polissemia, noções de tempo
e espaço na escrita literária e entre outros elementos estruturam a obra. Por fim, a partir da análise interna do texto, a literatura será contraposta com a documentação
censitária (Rio de Janeiro 1906 e 1920) bem como fontes de natureza jornalística, sendo elas: “Jornal Suburbano” (1911), “O Subúrbio” (1907-1908), “Gazeta Suburbana”
(1910-1920).
295
_____________________________________________________________________________________________________________
Os semióforos são objetos revestidos de significado. Ou seja, são formados por um conjunto de signos e são os objetos destinados a subsistir, completar ou prolongar
uma troca de palavras ou conservar-lhe o vestígio, ou seja, tornar visível e estável o que de outra forma ficaria limitado à oralidade e possivelmente se perderia ou seria
alterado com o passar do tempo. Essa função é que fora tão combatida pelos anos iniciais de nossa história republicana. Almejava-se descolar dos tronos sua atmosfera,
sua alma, retirando deles o poder e a influência que possuíram num momento histórico tão próximo daquele em questão. Um semióforo substitui alguma coisa invisível
e o exibe, como poder, por exemplo. Ele recorda, conserva seus vestígios. Ele é feito para ser olhado, ou até mesmo ser examinado minuciosamente, visando impor aos
destinatários a posição de espectadores. Por isso o material utilizado, a forma, a dimensão são tão relevantes, pois a sua aparência manifesta e torna visível o que antes
era invisível. Isso leva esse objeto a ser protegido, preservado, conservado, segundo seu grau de hierarquia, para evitar que se tornem coisas ou até restos. É neste
contexto que nossas análises caminham desde a queda da monarquia até a Era Vargas.
296
_____________________________________________________________________________________________________________
O trabalho, aqui proposto, faz a interface entre Teoria e História da Arquitetura e História na linha de Trajetórias, e constitui um recorte da pesquisa de doutorado em
História, cujo tema central refere-se às vivências dos brasileiros de torna-viagem – grupo de imigrantes portugueses que, em meados do século XIX, depois de cerca de
trinta anos passados no Brasil, retornaram a Portugal endinheirados e usando artifícios de representação associados ao “tipo brasileiro”. Com o dinheiro conquistado
na imigração esses lusos formaram um verdadeiro arcabouço de simbolismos de distinção social. Dentre estes aparatos simbólicos estão as casas de linguagem eclética
que ergueram aqui e lá. O entrecruzamento cultural se dá, também, nas características de tais edifícios que correspondem, no Brasil, à uma tipologia europeia enquanto
que, em Portugal, ficaram conhecidos como “casas de brasileiros” ou simplesmente “casas brasileiras”. Estas, correspondem a construções que portam signos a partir
de azulejaria em verde e amarelo, palmeiras nos jardins frontais, ou mesmo, com a representação da bandeira brasileira no frontispício principal. Dessa forma, estes
retornados, atestaram a representação de um brasileiro em meio a sociedade portuguesa de origem.
297
_____________________________________________________________________________________________________________
Nosso objetivo com a comunicação é apresentar Dom Antonio Batista Fragoso, sua origem, formação e trajetória eclesial e política até chegar à Diocese de Crateús, no
sertão cearense. Destacando sua participação no Concílio Vaticano II e sua adesão ao Pacto das Catacumbas. Dom Fragoso nasceu na cidade de Teixeira, no sertão da
Paraíba, em 1920, o mais velho dos sete filhos de José Fragoso da Costa e Maria José Batista, camponeses sem-terra. No dia dois de julho de 1944 Antônio Fragoso foi
ordenado padre em João Pessoa, na ocasião seus pais não puderam comparecer pois não podiam arcar com os custos de deslocamento, quando em 1957 veio a
ordenação para o bispado a família pôde acompanha-lo. Em nove de agosto de 1964, Antônio Fragoso é ordenado bispo de Crateús, para cerimônia de posse do bispado,
seus pais e irmãos o acompanharam até o sertão cearense. Chamou muita atenção de Dom Fragoso que mesmo Crateús sendo uma cidade pobre, não só tivessem lhe
destinado uma casa bonita e boa, mas sim uma das melhores casas da cidade e a tivessem batizado de “Palácio do Bispo”, que no momento que foi apresentada a
Fragoso ele pediu para chamaram de “Casa do Bispo”, o compromisso com os pobres e com a teologia da libertação seriam as marcas mais profundas de sua atuação
pastoral. Temos como fontes principais o Jornal O Roceiro, Documentos do Fundo Dom Fragoso no Projeto Brasil Nunca Mais, Jornal O Trecheiro, Livros publicados por
Dom Fragoso, Cartilha Igreja de Crateús a serviço da vida – 30 anos de Catequese – 1964-1994.
298
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho apresenta as primeiras aproximações teóricas/metodológicas de uma pesquisa cujo objetivo é investigar a trajetória formativa e à docência de um
professor paroquial da Igreja Evangélica Luterana no Brasil (IELB). O estudo aborda a História da Educação no recorte temporal compreendido entre os anos 1965/1985,
período correspondente ao tempo em que o professor desempenhou suas funções na Comunidade São João, localizada em Cerrito (RS). Vale ressaltar que uma das
características das escolas paroquiais luteranas (IELB) é que, em um determinado contexto histórico, o professor também exercia a função de pastor. Nesse contexto, o
professor em questão representa um exemplo desse profissional que desempenhou a função de professor e pastor luterano, tendo concluído a sua formação pedagógica
no Seminário Concórdia entre os anos de 1938 e 1945. Para o desenvolvimento desta pesquisa, pretendemos utilizar a metodologia de história oral, ao trabalhar com
as memórias dos filhos do professor, ex-alunos, colegas de trabalhos e membros da Comunidade. E análise documental, realizada por meio dos materiais vinculados
tanto a prática do professor, como os materiais que retratam sua trajetória docente (certificados, atas, livros didáticos, caderno de planejamentos, fotografias, entre
outros. A hipótese inicial para este estudo é que o professor Reinaldo foi um intelectual importante na comunidade São João.
299
_____________________________________________________________________________________________________________
As Irmandades e Ordens Terceiras foram alicerces da sociedade de Salvador durante o período colonial e o imperial, de modo que, além de suscitarem demarcadores
políticos e socioeconômicos vantajosos para as elites, concederam assistência aos seus membros. Entretanto, com o advento da Primeira República e da transição entre
os séculos XIX e XX, essas instituições enfrentaram empecilhos substanciais para a manutenção de seus espaços devocionais e de suas manifestações religiosas, à
exemplo do processo de modernização das áreas urbanas e da romanização da Igreja Católica. Assim, os periódicos de Salvador, em ascensão durante o recorte temporal
trabalhado, registraram convites, anúncios e editorais que, partindo das Irmandades e Ordens Terceiras e, também, do arcebispado da Bahia e de grupos letrados do
período, viabilizam a investigação sobre o panorama sociorreligioso da época, destacando-se as táticas de resistência de católicos leigos diante de um cenário,
impulsionado por ações estatais e clericais, de desmobilização de expressões populares. Dessa maneira, o presente trabalho se propõe a discutir, através da pesquisa
bibliográfica e da verificação quantitativa e qualitativa de excertos de jornais soteropolitanos veiculados durante a Primeira República, as dinâmicas das representações
e atividades socio-eclesiásticas de associações leigas católicas do período e, ainda, a importância do uso, alinhado com a análise semântica, de publicações periódicas
como fontes históricas.
300
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho aborda o processo imigratório português para o Brasil no seu segundo momento, que compreende de 1930 a 1960, onde o perfil do imigrante luso
se modifica, passando de um número expressivo de homens, jovens e solteiros para famílias inteiras e mulheres com filhos ao encontro de seus maridos já imigrados.
Especificamente nos voltamos para a análise da comunidade de Santa Isabel, localizada na cidade de Petrópolis-RJ, onde entenderemos mais a fundo esse processo
imigratório e suas reverberações. Nosso objetivo parte, portanto, de compreender a formação da comunidade de Santa Isabel, tendo por fundamento o processo
imigratório português, e suas consequências sociais e culturais para o local. Entre os mecanismos de formação da comunidade, analisaremos as similitudes de construção
e vivência de Santa Isabel com as freguesias de Vila Real, distrito português com maior número de imigrantes direcionados para essa região em Petrópolis. Para tanto,
utilizaremos a metodologia de História Oral, com os relatos de nove imigrantes portugueses que tiveram por destino Santa Isabel e permaneceram morando na
comunidade. Paralelamente, utilizaremos da história demográfica, com a análise dos registros matrimoniais da comunidade para identificar as redes de sociabilidade
formadas após o processo imigratório. Relativo a Vila Real, utilizaremos de pesquisas realizadas sobre as freguesias, como das autoras Karin Wall e Celeste Castro, para
realizar as comparações propostas.
301
_____________________________________________________________________________________________________________
O trabalho em questão é resultado de diálogos estabelecidos a partir de uma disciplina intitulada História Política: discussões sobre possibilidades teórico-
metodológicas, ministrada pela professora Doutora Adriana Gomes, através do Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade Salgado de Oliveira –
UNIVERSO. O objetivo do artigo é apresentar questões referente a história social, de maneira que verse com a história das mulheres, apresentando alguns casos de
violências noticiados nos jornais da Zona da Mata mineira e com isso pensar que contexto podemos associar a história política. A figura feminina era encontrada nas
páginas dos impressos onde a construção de uma realidade idealizada do “lugar” da esposa, da mãe, da filha e da amante se misturava com a ficção literária. Dessa
forma, são atribuídos papéis equivocados em relação aos sexos de forma biológica, o que acarreta discriminações no que se refere ao feminino e a exaltação do
masculino, ocasionando disparidades entre os gêneros que, historicamente, desencadeia o princípio da dominação de um sobre o outro, ou seja, do homem sobre a
mulher, ocasionado em muitos casos, em práticas de abusos e violências. Para isso, utilizo dos estudos, fazendo de aporte teórico de autoras como Hebe de Matos
Castro e Rachel de Soihet, além de José D’Assunção Barros para entender esses percursos históricos e como esses raciocínios se convergem.
302
_____________________________________________________________________________________________________________
Durante o período de colonização do Brasil, especialmente no século XVIII, os sertões configuraram um espaço de constantes conflitos interétnicos protagonizados pelas
autoridades coloniais e pelos distintos povos de tradição oral que desafiavam o projeto de expansão portuguesa na América. Tendo em vista esse conflituoso e instigante
sertão multiétnico dos tempos coloniais, algumas questões são levantadas: Como os povos ciganos, indígenas e quilombolas construíram as suas territorialidades nessas
regiões fronteiriças? Por que os povos ciganos se tornaram alvo dos poderes locais nessas regiões? Com base nessas questões centrais buscaremos problematizar os
processos de constituição de territorialidades ciganas, quilombolas e indígenas nas regiões fronteiriças da colônia com ênfase no século XVIII. Através da metodologia
da análise de discurso buscaremos analisar as conexões entre as práticas discursivas – o vocabulário presente nas distintas fontes documentais – e as punições aplicadas
aos povos originários, ciganos e quilombolas no período setecentista. Com o suporte teórico-metodológico dos estudos pós-coloniais e decoloniais realizaremos uma
releitura crítica dos eixos de colonialidade do poder que influenciaram a produção de discursos discriminatórios e a frequente política de repressão aos territórios
ciganos, indígenas e quilombolas no mundo colonial.
303
_____________________________________________________________________________________________________________
Os plantios em vias públicas empreendidos entre os séculos XVIII e XIX, relacionaram-se a uma nova concepção urbana, associada a estética e salubridade. Com
influências da reestruturação parisiense, a arborização tornou-se elemento de composição do projeto de modernização da cidade do Rio de Janeiro no início do século
XX, fossem em jardins, praças ou avenidas, aludiram graça e sanidade a cidade. O plantio de árvores de maneira voluntária perpassa questões de sociabilidade,
preocupações ecossistêmicas, e busca de um tipo de compensação ao ambiente construído. Compreendendo as cidades como espaços de materialidade de variadas
relações socioambientais, o objetivo desta pesquisa é inferir sobre a participação de habitantes da cidade do Rio de Janeiro no processo de arborização urbana, entre
os anos de 1992 -2022. O marco temporal abarca os 30 anos da realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Eco-92,
como demarcação da amplitude das temáticas ambientais para o cotidiano da sociedade. Nesta apresentação, o foco recai sobre o caminho percorrido pelas árvores
até se tornarem demandas em vias públicas. Um caminho iniciado na formação dos jardins e praças como espaços de fruição, considerando uma nova sensibilidade
frente ao elemento arbóreo, e posteriormente seu uso como símbolo de renovação urbana e civilidade no alvorecer da República.
304
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente pesquisa almeja discutir como a organização pública, por meio de políticas neoliberais em Belo Horizonte, impactaram determinados grupos na ocupação e
intervenção na/pela cidade, em especial os pichadores. Analisaremos como ponto de partida, o Plano Estratégico BH-2030 e suas metas para a capital mineira, aprovado
na gestão do prefeito Marcio Lacerda (2009-2017) que se baseou em um planejamento urbano mediante uma metodologia de articulação com o investimento privado,
consolidada desde a década de 1990 no contexto de globalização. Alinhado ao BH-2030, outra série de medidas, como leis orgânicas do município e peças publicitárias,
promoveram a intensificação no combate à pichação na tentativa de construção de um espaço cordial. Nossa hipótese supõe que a remodelação do ordenamento
urbano, provocada pela inserção da capital mineira à rede global de cidades, tensionou ainda mais a relação entre os praticantes da pichação e o poder público no que
tange à defesa da propriedade privada e poluição visual. Entendemos que as contribuições da Sociologia podem ampliar as fronteiras e proporcionar novas perspectivas
ao campo dos estudos do Tempo Presente.
305
_____________________________________________________________________________________________________________
Nesse estudo nosso objetivo é investigar a prática do periodismo dos irmãos acadêmicos de Direito, Sérgio e Álvaro Teixeira de Macedo, intitulado O Olindense. A
atividade do periodismo e das associações literárias e políticas movimentaram a cidade de Olinda nas primeiras décadas do século XIX. Esses espaços mobilizaram
estudantes e professores em torno de temas caros interna e externamente aos cursos de Ciências Jurídicas e Sociais. Não é a toa que esse jornal veiculou informações
sobre as avaliações, as leituras, as disciplinas, como também noticiou acontecimentos como as revoltas da “Setembrada” e “Novembrada” em Pernambuco e as reuniões
da Sociedade Patriótica Harmonizadora. Considerando os limites de espaço/tempo desse estudo, analisaremos O Olindense como uma prática de escrita e leitura, ou
mais especificamente, a prática do periodismo acadêmico que serviu como um instrumento político transformador das discussões e das sociabilidades na cidade de
Olinda, tornando essa atividade elaborada pela primeira vez fora dos círculos da Igreja Católica. Portanto, a imprensa é estudada aqui como uma prática que foi ao
mesmo tempo “produto” e “criador” das representações dos Cursos Jurídicos no Brasil.
306
_____________________________________________________________________________________________________________
O período da ditadura Civil-militar imposta no Brasil no ano de 1964, foi uma época marcada pela censura, violência e repressão, caracterizada por ações que feriram
gravemente todo e qualquer direito humano. Aqueles que exerciam autoridade não se viam restritos por quaisquer limites ou manifestavam compaixão quando se
deparavam com a necessidade de suprimir aqueles que os contestavam. Com a democracia brutalmente colocada em jogo, aqueles que se opuseram e resistiram ao
regime enfrentaram severas repressões, censuras, perseguições e torturas intensas, as mulheres que padeceram sob esse regime enfrentaram um duplo desafio. Elas
não apenas combateram a ditadura Civil-militar, mas também se confrontaram com a sociedade patriarcal que impunha um padrão rígido e sustentava a convicção de
que o domínio da militância não era um espaço destinado às mulheres. Dessa forma, neste trabalho será abordado o legado de algumas mulheres que lutaram, inovaram
e resistiram como lhes era possível, dentro do cenário em que se encontravam, apresentando suas histórias e vivências como forma de assegurar que as lutas, os rostos,
os nomes e as memórias dessas mulheres não sejam esquecidas, dialogando assim com autoras como Susel Oliveira da Rosa, Larissa Tomazoni, Tatiana Merlino, Maria
Elaene Rodrigues Alves, dentre outras.
307
_____________________________________________________________________________________________________________
A proposta, de cunho histórico sociológico, analisa o papel desempenhado pela obra missionária do Padre Ibiapina na região Nordeste. Do ponto de vista histórico, o
Padre Ibiapina se situa como um dos missionários atuantes na região, sobretudo em meio ao flagelo das secas dos sertões. Tendo sido capaz de erigir uma obra extensa
que inclui desde a construção de vinte e duas Casas de Caridade nos Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Ceará e Piauí, até a construção de açudes,
igrejas, cemitérios, hospitais, etc., o Padre José Antônio Pereira Ibiapina (1806-1883) foi um indutor da sustentação dos vínculos e do tecido social, através do
atendimento à pobreza. Suas ações missionárias amparavam-se nos preceitos cristãos da caridade e redenção pelo trabalho e na mobilização de mutirões para
construção das obras. Dado o caráter da pesquisa, adotamos métodos qualitativos de análise e precedemos com o levantamento e análise de documentos da época,
do estatuto e regimento que ordenavam o funcionamento das Casas de Caridade, biografias, jornais, relatos das missões, além de variadas publicações sobre o
missionário. Nosso período de estudo volta-se para os seus 27 anos de atuação missionária (1856 a 1883). O contexto sócio-político em que viveu o Padre Ibiapina no
Nordeste foi marcado pelas consequências das secas que assolaram a região. As análises dos documentos pesquisados indicam que, numa conjuntura de fraqueza
política e de desinteresse por parte da política nacional e local com as demandas regionais, suas ações missionárias produziam forte eco. Apesar de sua relevância
histórica, sua memória permaneceu apagada durante várias décadas após a sua morte.
308
_____________________________________________________________________________________________________________
Durante a segunda metade do século XVIII, a lei do Diretório dos Índios (1757-1798) regulamentou as relações de poder entre índios e não-índios nas capitanias da
América portuguesa. O seu regimento previa a “civilização” indígena, a partir do estabelecimento de povoações civis (Vilas e Lugares). No vale amazônico, a composição
de alianças entre a administração colonial e as lideranças indígenas foi decisiva para a manutenção da posse lusa regional. Sendo assim, esta comunicação tem por
objetivo discutir o processo de fundação de vilas e lugares na capitania de São José do Rio Negro – unidade administrativa fundada em 1755 e subalterna ao Estado do
Grão-Pará e Maranhão - durante a administração do seu primeiro governador, Joaquim de Mello e Póvoas (1758-1761). Para tanto, propõe-se a análise das estratégias
empregadas pela administração colonial para lograr êxito nas negociações com as lideranças indígenas e as suas implicações no processo de ocupação e povoamento
da capitania do Rio Negro. O estudo é composto pela análise quantitativa e qualitativa dos circuitos formais (interno e transoceânico) da comunicação política no Império
português. O circuito interno corresponde a troca de correspondências oficiais entre o governador do Rio Negro e os governadores e capitães-generais do Estado do
Grão-Pará. Por sua vez, o circuito transoceânico envolve a interlocução entre o governador do Rio Negro e a Secretaria de Estado da Marinha e Ultramar, no Reino.
309
_____________________________________________________________________________________________________________
No presente artigo, nos dedicamos a analisar a construção discursiva de Moysés Vellinho na obra Capitania d’El Rey (1964), observando as formas como o autor teceu
fronteiras de cunho geopolítico e cultural em seus escritos. A partir da análise discursiva, mobilizando conceitos ligados à ideia de fronteira, região e representação,
buscamos compreender os constructos de fundo identitário estabelecidos por Vellinho em termos da formação sul-rio-grandense, sobretudo no que tange ao
contato/tensão com as áreas de colonização espanhola na América.
310
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta pesquisa pretende reunir elementos para análise de projetos sociais definidos pelo Estado, Instituições religiosas e movimentos sociais que concernem aos desafios
brasileiros diante do estabelecimento de perspectivas de alcance civilizatório sob a égide do modelo hegemônico ocidental de Estado Nação. Pretende-se elaborar
quadro das diretrizes das concepções racialistas produzidas pela Medicina e pelo Pensamento Social brasileiro desde fins do século XIX sobre as concepções de raças
brasileiras. Considerando as relações temporais apontas pela História, como exercício de reunião de fatos e como Disciplina, no século XIX, entende-se o Presente, não
como finalidade ou finalismo, mas resultante dialético do processo de construção das ações dos seres humanos no tempo. A pesquisa, neste sentido, parte de dados
analisados pelo Observatório Nacional da Família, publicado neste ano de 2023, aborda a composição da análise da estrutura da família brasileira, utilizando-se de
dados estatísticos comprováveis do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A análise sobre a família brasileira será produzida a partir de dados apontados em
síntese de indicadores recolhidos pelo IBGE, tendo em vista os resultados de análise das condições de vida da população brasileira, de 2016; e dos estudos estatísticos
das categorias Família e Domicílio, com uso de dados do Censo Demográfico de 2010 e as avaliações do “Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça - Chefe de família”,
de 2021.
311
_____________________________________________________________________________________________________________
Em meu trabalho tenho por objetivo pesquisar o processo de institucionalização da agroecologia na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) com base
em articulações internas e externas, disputas de paradigmas e debate institucional. Pretendo analisar esse processo de 1980, quando houve forte movimento de
implementação das agriculturas de base ecológica e a ocorrência dos quatro Encontros Brasileiros de Agricultura Alternativa (EBAA) que contou com o apoio da Embrapa;
até 2006, ano da publicação do Marco Referencial em Agroecologia, posicionando-se oficialmente. Investigar o processo de institucionalização da agroecologia na
Embrapa implica analisar a mobilização dos grupos isolados que se formaram dentro da instituição. Busca-se compreender a inserção da pesquisa científica com enfoque
agroecológico, as perspectivas em debates, as contribuições de diferentes organizações e instituições que se interessavam pelo tema e pela inclusão da agroecologia na
empresa, fundamentados nos conceitos da História das Ciências. Para analisar e compreender esse processo estão sendo mobilizados os principais conjuntos de fontes:
anais dos EBAA’s, relatórios e revistas da Embrapa e outras instituições, Marco Referencial Agroecológico da Embrapa, documentação do Sistema Integrado de Produção
Agroecológica (SIPA). Com base nas fontes, realizarei entrevistas com atores que estão sendo identificados e que foram fundamentais para a institucionalização da
agroecologia no Brasil e Embrapa.
312
_____________________________________________________________________________________________________________
O trabalho propõe discutir o conceito de progresso no contexto da história da cidade de São João Marcos, procurando entender o impacto da construção das estradas
de rodagem e das ferrovias, bem como discutir o conceito de sertão inserido no contexto da construção da Represa de Ribeirão das Lajes e como ocorreu seu processo
de inundação; discutir o porquê dessa represa ter sido chamada pelos jornais, que eram publicados naquela época da construção, de represa da morte; compreender
o desenvolvimento das doenças causadas ou não por esta inundação, bem como as mortes que porventura ocorreram em consequência destas doenças, com a
perspectiva de relacionar se as mortes estavam associadas à construção da represa. Procurar entender a relação do poder público como a The Rio de Janeiro Tramway,
Light and Power, (hoje apenas Light), analisando se houve cumplicidade ou não na concessão da construção da represa pelos órgãos públicos. Analisar se a inundação
para a construção da represa alterou o meio ambiente, causando ou não dano ao mesmo; e discutir o paradoxo das doenças e das mortes no enquadramento da
importância da geração de energia e captação de água por conta da construção da represa, e também o respectivo progresso econômico da capital fluminense e da
república no período de instalação da represa , e também os impactos desta construção nos tempos modernos.
313
_____________________________________________________________________________________________________________
Há um importante debate entre os economistas acerca da economia cafeeira paulista e sua diversificação. Entre eles, podemos citar Wilson Cano e sua obra Raízes da
concentração industrial em São Paulo. Cano trouxe grande contribuição ao se dedicar à economia cafeeira e seu desenvolvimento, tal como à importância do seu setor
de transportes. Destarte, a análise de Cano não atentou para os desdobramentos da economia cafeeira paulista no que se refere à integração de outras regiões brasileiras
ao complexo cafeeiro. Mais que isso, a leitura pouco cuidadosa destas obras lança uma névoa sobre processos importantes que marcaram a formação do mercado
interno brasileiro. Voltando às fontes, notamos que o papel de São Paulo como estado que se diversifica e desdobra seus meios de comunicação rumo a outras regiões
não foi inquestionável. Houve mesmo uma elite regional que desafiou o ímpeto paulista e apresentou um projeto próprio de integração do mercado interno: a paraense.
Esta comunicação, indo para além da produção acadêmica da área de economia surgida em São Paulo, consultando outras historiografias regionais e voltando às fontes,
visa compreender a formação do mercado interno naquele momento, investigando a importância da relação da economia paulista com outras regiões do Brasil,
desnaturalizando o papel de São Paulo e trazendo a baila outro projeto de integração que, ao menos nos primeiros momentos da república, possuía musculatura para
se contrapor aos paulistas.
314
_____________________________________________________________________________________________________________
O Estado de Minas Gerais destaca-se na área de políticas públicas estaduais relacionadas à indução de ações relacionadas com a identificação, a proteção, a salvaguarda,
a valorização e a difusão de bens culturais. Desde 1996 a legislação estadual propicia a distribuição de percentuais do ICMS aos Municípios do Estado, segundo critérios
específicos, entre os quais está previsto o do Patrimônio Cultural. Desde então, visando obter os recursos financeiros correspondentes, os municípios passaram a
implantar e desenvolver ações na área do patrimônio cultural pautados nas determinações conceituais e metodológicas do IEPHA/MG, fixadas em resoluções e
deliberações normativas. Nesse contexto, tendo-se em conta a adoção do programa do ICMS - Índice do Patrimônio Cultural, de 1996 até os dias atuais, a comunicação
discutirá as diretrizes metodológicas adotadas nas deliberações do IEPHA/MG, as medidas propostas e as ações estimuladas. Analisará os níveis, os impactos culturais
e os resultados financeiros da participação dos municípios mineiros nessa política pública estadual de identificação, proteção, salvaguarda, valorização e difusão de
bens culturais, durante esse período.
315
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente apresentação faz parte uma pesquisa de mestrado em desenvolvimento e pretende investigar as representações da masculinidade durante a epidemia de
Aids dos anos 1980 e 1990 nas páginas do jornal O Globo. Descoberta no início dos anos 1980, a Aids é uma infecção viral que tem como seu principal sintoma o ataque
ao sistema imunológico dos indivíduos, fazendo com que outros micro-organismos oportunistas ataquem o corpo e fiquem sem uma resposta imunológica adequada,
levando, muitas vezes, ao óbito. Por ter uma das formas de transmissibilidade ser pelo contato sexual e por sua alta taxa de mortalidade, o surgimento da doença incitou
vários discursos conservadores e estigmatizantes contra determinados sujeitos e sexualidades e impactou fortemente os referenciais de masculinidades, em especial
de homens gays. Utilizando a teoria das representações sociais (TRP), ancorados em especial no trabalho do historiador Roger Chartier, faremos uma análise de O Globo,
periódico de grande circulação nacional, entre os anos de 1983, quando aparecem os primeiros casos da doença no país, até 1994, momento em que começa a ser
distribuído o primeiro coquetel retroviral da rede pública de saúde, com o objetivo de identificar e compreender os sentidos construídos pelo jornal sobre as
masculinidades e qual a relação feita entre essas e a infecção.
316
_____________________________________________________________________________________________________________
Este texto é resultado de um projeto de pesquisa, aprovado na seleção de doutorado de 2023, no Programa de Pós-Graduação em História Social (PPGHS) da Faculdade
de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e tem como objetivo principal identificar o impacto dos vocábulos "império" e "educativa",
presentes no nome do Grêmio Recreativo Escola de Samba Educativa Império da Tijuca (G.R.E.S.E.), na escolha dos enredos apresentados pela agremiação em seus
cortejos carnavalescos, bem como, nas aprendizagens históricas mobilizadas pelos moradores de sua comunidade, localizada no Morro da Formiga, bairro da Tijuca,
Zona Norte do Rio de Janeiro. Uma das principais fontes de pesquisa que fundamentam esse estudo é o acervo da Hemeroteca Digital da Fundação Biblioteca Nacional.
Foi a partir desse portal, que encontro a primeira pista dessa investigação: a matéria "Sambar não é só sambar" escrita pelo jornalista Francisco Duarte, no Jornal do
Brasil, em que um dos fundadores da escola, o compositor Sinval Silva, justifica a escolha do nome completo da agremiação, termo a termo. Para auxiliar na análise
desse material, recorri a um caderno de memórias, escritas à mão, pelo compositor Sebastião Vicente da Silva, o Tiãozinho. As pistas iniciais apontam que, ao exaltar a
ancestralidade e homenagear personalidades negras, a a escola de samba pode ser entendida como um lugar de produção de conhecimento e de divulgação de histórias
invisibilizadas.
317
_____________________________________________________________________________________________________________
As abordagens sobre o Antropoceno têm ganhado na atualidade uma amplitude de pesquisas nas ciências humanas cada vez mais vertiginosa. O conceito do
Antropoceno tem marcado, pelo menos desde 2000 quando foi publicado por Eugene Stoermer e Paul Crutzen dois cientistas naturais, críticas e questionamentos sobre
diferentes escalas temporais e a quem o “Anthropos” (o Humano) está se referindo e que tipo de história pode ser narrada por ele. Nesta discussão viso pensar os
estudos de ciência e a possibilidade da emergência de uma historiografia articulada com as dimensões contemporâneas sobre as mudanças climáticas, o Antropoceno,
as percepções e histórias indígenas. A dimensão temporal mais debatida sobre o Antropoceno é a intensificação da perturbação do processo industrial planetário
conhecido como Grande Aceleração situado após 1945. No Brasil, em especial na história da Amazônia, durante e após a ditadura militar e o seu desenvolvimentismo,
ocorreu uma ampla alteração dos ecossistemas, modos de vida, nas suas paisagens e dos seus povos. Utilizo uma análise bibliográfica com base nas críticas estabelecidas
por Bruno Latour, Donna Haraway, Isabelle Stengers, Davi Kopenawa, Ailton Krenak, Déborah Danowski e Viveiros de Castro ao questionar como podemos pensar as
histórias nesse momento. É em relação à diversidade das experiências históricas que ressaltamos a problemática importância da descentralização do humano e outras
ontologias nas histórias no e do Antropoceno
318
_____________________________________________________________________________________________________________
O Arquivo Público Municipal Waldir Pinto de Carvalho criado pela lei nº 7060 de 18 de maio de 2001 e inaugurado no dia 28 de março de 2002 no Solar do Colégio,
edifício histórico construído pelos jesuítas no século XVII em Campos dos Goytacazes (RJ), possui uma documentação surpreendente, com cerca de 360 caixas de
inventários (1698-1980), 3.400 processos e 63 caixas de testamentos (1712-1988). Documentação de todo noroeste fluminense, constituindo-se um espaço de
valorização de memória e universalização do acesso à informação. Associada ao grupo de pesquisa Justiças e Impérios Ibéricos de Antigo Regime e bolsista PIBIC no
projeto “Territórios de poder, criminalidade e regionalismo: A administração da justiça na vila de São Salvador dos Campos dos Goytacazes (1732-1841)”, coordenado
pela doutora Claudia Atallah, trabalhei no acervo judiciário deste arquivo, ajudando na higienização e identificação dos processos crimes. Com isso o objetivo é, a partir
dos processos crimes, apresentar os ornamentos da sociedade a partir do caso julgado visto que o julgamento envolvia diversos personagens, e mostrar possiblidades
de pesquisa histórica nesse acervo, como a análise da questão de gênero e o papel social da mulher a partir dos processos. Com base no trabalho já realizado, no projeto
PIBIC, foi possível identificar tipologias criminais e interpretações das leis penais, bem como compreender as influências que práticas regionais costumeiras exerceram
na tramitação dos processos.
319
_____________________________________________________________________________________________________________
Dentro do âmbito dos estudos ligados às ciências, emergem três principais vertentes de investigação: a Filosofia das Ciências, que se concentra nas questões que cercam
a construção do conhecimento científico; a Sociologia das Ciências, voltada para as estruturas sociais que viabilizam a prática científica; e, por último, a História das
Ciências, que enfatiza a importância do contexto e das contingências para uma compreensão abrangente do desenvolvimento científico. Neste artigo, propomos a
apresentação dos resultados de uma tese que se valeu de abordagens sociológicas e históricas para desvendar o projeto de astrofotografia francês conhecido como
"Carte du Ciel," datado de 1887. Esse projeto foi conduzido pelo Observatório de Paris em colaboração com outros observatórios localizados nos hemisférios norte e
sul. Ao recorrer ao conceito de objetividade delineado pelos historiadores Peter Galison e Lorraine Daston, e ao examinar o cotidiano laboratorial conforme explorado
pelo sociólogo Bruno Latour, conseguimos traçar uma análise que identifica as dimensões sociais, econômicas e políticas subjacentes a essa iniciativa francesa.
Nesse sentido, evidencia-se que o projeto "Carte du Ciel" não apenas exemplificou uma busca científica, mas desvelou-se como um empreendimento político. Sua
conexão com o Governo Francês visava consolidar Paris como um polo central nas pesquisas envolvendo a fusão da fotografia com a astronomia, resultando em um
sucesso parcial.
320
_____________________________________________________________________________________________________________
Os relatos de viajantes e cronistas acerca das sociedades nativas brasileiras apresentam informações de grande valia sobre questões como áreas de ocupação geográfica,
organização social, hábitos alimentares e técnicas de manufatura utilizadas na cadeia operatória de produção da cultura material. Entretanto é fundamental realizar
uma leitura desta documentação histórica com rigor científico considerando o juízo de valor presente em alguns relatos bem como a intencionalidade da sua produção
que estava vinculada aos interesses políticos e econômicos da Coroa Portuguesa. Considerando tais informações, o objeto de estudo desta pesquisa são os relatos
produzidos pelo cartógrafo e primeiro tenente da infantaria Manoel Martins do Couto Reis acerca das sociedades nativas que ocuparam a região Norte Fluminense ao
decorrer do século XVIII. Couto Reis, foi responsável por mapear a antiga Capitania de São Tomé, informando aspectos ecológicos e antropossociais. Influenciado pelo
racionalismo e o despotismo esclarecido, pensava no domínio da natureza ao interesse do homem. Seu pensamento estava em conjunto com o pensamento proposto
pelas ordens religiosas do período que baseou-se em transformar essas sociedades nativas consideradas bárbaras em civilizadas para fazer parte do projeto de civilização
ocidental, que consistia em aldea-los e catequizá-los para que fosse possível utilizá-los como mão-de-obra agrícola.
321
_____________________________________________________________________________________________________________
Na década de 1960 a reforma agrária se encontra no centro dos debates empreendidos por diferentes atores políticos, individuais e coletivos, tais como os partidos, os
movimentos sociais, a Igreja Católica, o governo, os parlamentares etc. Nessa ambiência, parte da classe política, com a poio de amplos setores da sociedade, chega à
conclusão de que o latifúndio seria um impeditivo para o desenvolvimento social e nacional, residindo nesta questão o cerne da querela política como um todo. Nesse
sentido, a comunicação tem por objetivo analisar o debate no Senado e Congresso Nacional a respeito da proposta de reforma agrária e a propriedade da terra. Em
resumo, há, de um lado, um forte movimento pela reforma agrária e pela alteração constitucional; por outro lado, há forte resistência às mudanças, apoiando-se na
ideia consagrada da propriedade da terra como intocada; há também setores com propostas fora das polarizações. A metodologia utilizada ancora-se nas análises a
respeito da propriedade privada com uma perspectiva múltipla, faceta e produto da construção humana, como expõe Rosa Congost, Márcia Motta e Paollo Grossi. Dessa
análise é possível traçar o panorama histórico do período, bem como os alicerces discursivos e políticos que impediram a realização de uma mudança na estrutura
fundiária no país.
322
_____________________________________________________________________________________________________________
A rádio foi um importante veículo de comunicação no século XX e Emilinha Borba (1923-2005) foi uma das mulheres mais midiatizadas no período. Chegando aos 100
anos do nascimento da cantora, sem o apogeu do veículo que a lançou para o grande público, ela foi lembrada em reportagens nos portais G1, O Dia, Band, da Câmara
dos Deputados e da Agência Brasil. Resgato algumas imagens antigas da artista, na Hemeroteca Digital Brasileira, pois os veículos de imprensa atuais usaram imagens
de periódicos extintos como a Revista do Rádio (1948-1970) e Radiolândia (1953-1963), recuperando a história de Emilinha, analisando o período aos quais àquelas
reportagens do passado destacavam seu nome como uma das cantoras mais populares do seu período. A metodologia da pesquisa se dá por meio virtual, aos portais
que retrataram o centenário da artista, e as revistas extintas, na Hemeroteca Digital, que endossam a representatividade da artista para a cultura popular brasileira.
Discuto história e o periodismo com Cruz e Peixoto (2007); o papel conservador da Revista do Rádio, bem como a influência para a posterior Radiolândia, e o contexto
da exaustão da figura feminina e maternal, como Emilinha era representada, por Lenharo (1995).
323
_____________________________________________________________________________________________________________
No percurso do século XIX em Portugal a medicina adquiriu uma função importante quanto ao “controle” e administração da saúde dos indivíduos, foram produzidos
diversos manuais e regulamentações médicas, com foco em analisar e promover a saúde. Os discursos do período são carregados de valores cristãos e preceitos que
foram considerados morais, o que sustentou um padrão de mulher “saudável”; a casada, com objetivo de reprodução e unificação familiar. O Estado aliado a classe
médica, definiu formas de “normatizar” a população, as mulheres que subvertessem a ordem, possuíam “naturalmente” uma conduta degenerativa, assim as meretrizes
foram interpretadas como transgressoras do “padrão vigente”, por conta da forma que lidavam com sua sexualidade. A sociedade do período relacionou a dispersão de
doenças sexualmente transmissíveis com a moralidade, as prostitutas foram inseridas nos discursos sobre a sífilis, se o sexo fora do casamento era pecado, a sífilis seria
um castigo de Deus. Este trabalho tem por objetivo compreender a visão do corpo feminino presente na fonte documental: "Methodo de atalhar a propagação da
Syphilis nas casas públicas de prostituição" (1839), de autoria desconhecida. Utilizou-se a metodologia descritiva, com o objetivo de recolher e organizar as passagens
sobre o tema e a metodologia explicativa, para explicar e estabelecer quais foram as regras em harmonia com os costumes, instituições, a controlar a saúde e a moral
pública.
324
_____________________________________________________________________________________________________________
Este trabalho objetiva apresentar a pesquisa, ainda em desenvolvimento, “Ensino de História e Debates Contemporâneos: O Campo de Estudos de Gênero no Currículo
de Formação Inicial Docente em Pernambuco”, vinculada ao curso de doutorado do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal Rural de
Pernambuco (UFRPE). A referida pesquisa objetiva compreender como o campo de estudos de gênero tem se configurado no currículo de formação inicial docente, a
partir de cursos de Licenciatura em História no estado. A proposta é observar a formação inicial docente na área de história, através de análises cuidadosas dos currículos
dos cursos de licenciatura, no que se refere ao campo de estudos de gênero, buscando compreender como este se configura no processo de formação inicial de
futuras/os professoras/es atualmente. Para isto, foram escolhidas como locus duas universidades federais localizadas no estado de Pernambuco. Como fontes, serão
utilizados documentos como legislações e políticas educacionais, matrizes, perfis e ementas de componentes curriculares, entrevistas semiestruturadas e questionários.
Para análise de dados, a intenção é fazer uso da Análise de Discurso Crítica (ADC), utilizando gênero e currículo como categorias de análise.
325
_____________________________________________________________________________________________________________
O objetivo da comunicação é apresentar resultados preliminares da pesquisa de doutorado que tem como objeto de estudo o jornal clandestino Libertação, produzido
entre 1968 e 1975 pela Ação Popular (AP), uma das mais relevantes organizações da esquerda armada no período da ditadura militar. A investigação, que entrelaça
metodologias das áreas da História e da Comunicação Social, especialmente na análise de imagens, vem sendo desenvolvida sob duas perspectivas: 1) a correlação
entre o jornal e as lutas internas na AP que resultaram em importantes redefinições político-ideológicas; 2) o jornal como expressão de resistência à ditadura militar.
A Ação Popular, fundada em 1963, viveu três processos de disputas internas pela redefinição do seu projeto político. O primeiro resultou no referendo à luta armada
como meio de derrotar a ditadura. O segundo, ocorrido em 1968, originou a primeira grande reformulação na AP, que, inspirada no legado da Revolução Chinesa, aderiu
ao maoísmo, visto como a terceira etapa do marxismo. O Libertação nasceu nesse contexto. O terceiro processo de lutas internas deu-se entre 1971 e 1972, quando a
AP passou a se chamar Ação Popular Marxista-Leninista e a maioria da militância aderiu ao PC do B. Os resultados que serão apresentados referem-se ao ano de 1968,
quando as pautas do Libertação focaram as greves de trabalhadores que eclodiram pelo país, mas não deixaram de abordar temas ideológicos relacionados à opção
pelo maoísmo.
326
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta comunicação deve apresentar resultados de pesquisa realizada pelo comunicador, em que investiga e analisa o caso de remoção de esculturas da artista Eliane
Prolik, instaladas em espaços públicos de Curitiba, com especial foco nas disputas entre a artista e o então prefeito da cidade, Rafael Greca de Macedo. Devemos analisar
o contexto de instalação das esculturas e intenções da artista, ambos no contexto do Projeto Escultura Pública, bem como as situações que motivaram os embates entre
artista e prefeito, os agentes envolvidos, discursos proferidos na imprensa e diferentes visões dos envolvidos, tanto à época quanto em tempos recentes (a partir de
entrevistas inéditas realizadas). Mais do que somente apresentar e analisar o ocorrido, devemos partir desses eventos para investigar a seguinte hipótese: o caso de
remoção de esculturas públicas em Curitiba representa um exercício de arbitrariedade por parte do prefeito Rafael Greca de Macedo e um exemplo de uma prática
sistemática por parte do político, de impôr a cidade, por meio de obras públicas, uma estética particular que seguia seus gostos particulares. Assim, analisamos uma
série desses investimentos e construções patrocinadas pela Prefeitura entre 1993 e 1996, mandato de Greca, e buscamos na literatura de Rosalyn Deutsche, David
Harvey e Henri Lefebvre alguns conceitos que nos permitem traçar um perfil deste político. Essa pesquisa faz parte da dissertação de mestrado do comunicador,
concluída em 2023.
327
_____________________________________________________________________________________________________________
O trabalho tem como objetivo analisar as iniciativas educacionais debatidas e realizadas por e com as classes trabalhadoras, a partir da imprensa operária na cidade do
Rio de Janeiro ao longo da década de 1920. Pretende-se captar as demandas por educação, as experiências e as sociabilidades, articulando as ações vinculadas à
instrução, cursos diurnos e noturnos, dentre outras práticas educativas, como incentivo a criação de bibliotecas, festivais de teatros, músicas e exibição de filmes na
cidade capital. Elege-se como centralidade os debates por educação, a partir da imprensa operária, tomando-a como fonte privilegiada enquanto força ativa e de
intervenção social. Os periódicos selecionados, veiculados no Rio de Janeiro, encontram-se disponíveis para consulta online na Hemeroteca Digital, da Biblioteca
Nacional, a exemplo de Voz do Povo (1920) e A Classe Operária (1925). Pela imprensa operária percebe-se como esses periódicos podem revelar formulações, expressões
de vozes e vivências de homens e mulheres que experimentaram por meio de práticas diversas, um cotidiano produzido, enfrentado e, portanto, ativo, seguindo a
acepção de Certeau (2014).
328
_____________________________________________________________________________________________________________
Este trabalho tem como objetivo analisar o espaço cemiterial evangélico-luterano como um lugar de memória pedagógica no conceito comunitário desse grupo religioso
diante do suicídio. Como objeto de estudo essa pesquisa analisa um conjunto de sepulturas do cemitério da comunidade evangélica luterana São Pedro do Canguçu
Velho, interior do município de Canguçu-RS, como também de regimentos de outros cemitérios desse mesmo grupo religioso localizados no sul do Rio Grande do Sul
(Morro Redondo e São Lourenço do Sul). Essa comunicação apresenta um esboço a respeito das práticas fúnebres e teologia da Igreja Evangélica Luterana do Brasil em
relação a suicidas entre os anos de 1920 e 1990. Como aporte teórico este trabalho faz uso do conceito de memória pedagógica em Pierre Nora e da memória
compartilhada e das edificações (sepulturas) como socio-transmissores em Joël Candau relacionando-os com a identidade religiosa/comunitária embasada em conceitos
soteriológicos e escatológicos da teologia evangélica-luterana.
329
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta comunicação apresenta parte dos resultados de minha pesquisa de doutorado divulgados por meio do artigo "Conhecimento médico em trânsito: um estudo sobre
o circuito germano-hispano-brasileiro (1920-1930)" (Revista de Estudios Brasileños, 2023). Desta forma, a comunicação tratará das condições de possibilidade para a
circulação transnacional de ideias médicas, entre as décadas de 1920-1930, por meio do circuito germano-hispano-brasileiro. Para tal, o artigo examina, em primeiro
lugar, a participação de livrarias e editoras espanholas nesta circulação; em segundo lugar, o intercâmbio entre agremiações de especialistas e periódicos médicos
brasileiros e espanhóis; e, por fim, a circulação e apropriação de traduções de livros e tratados que articulavam o léxico da teoria constitucional das enfermidades.
Evidencio que tais intercâmbios encorajaram os médicos brasileiros a utilizarem o idioma espanhol como ferramenta intermediária para a apropriação de conhecimento
médico de matriz germânica, operando como uma zona de contato entre culturas linguísticas distintas. A análise da sua circulação entre praticantes dos referidos
idiomas exemplifica o ir e vir de noções e conceitos para além de fronteiras nacionais. Tão importante quanto a apropriação do conteúdo do léxico referido, as traduções
demonstram que os médicos brasileiros (sobretudo os psiquiatras) escolheram estrategicamente a forma como tal conteúdo circulou.
330
_____________________________________________________________________________________________________________
A análise da gestação e do estabelecimento da chamada Nova República cumpre um significado social e acadêmico de suma importância para o entendimento da
História do Tempo Presente brasileira, uma vez que tal processo se liga diretamente tanto a fenômenos políticos da ordem do dia, quanto a permanências há muito
sedimentadas e deslindadas pela historiografia, o que não nos exime de trazer e propor reflexões outras para o esquadrinhamento do paradigma político nacional de
então. Nesta comunicação, objetiva-se trazer à luz a análise do processo de redemocratização sob o prisma do mundo do trabalho, com vistas e sopesar os limites e
avanços deste processo histórico, que abrigou dentro de si, a um só tempo, uma abertura política e, na contramão dos avanços, uma hiperinflação que corroeu salários
e, em muitos casos, a própria possibilidade de estabelecimento da cidadania para a maior parte da população. De modo sucinto e sem maiores complexificações,
tentaremos refletir sobre esse processo de mudanças a partir da análise dos discursos e debates situados em alguns órgãos de imprensa do período, balizando-se no
choque entre os imperativos do mercado e o Direito do Trabalho.
331
_____________________________________________________________________________________________________________
No sentido de tratar as novas abordagens no Ensino de História e seus respectivos métodos de aprendizagem, há que se considerar as novas práticas historiográficas,
cujo teor vem incorporando estrategicamente as questões de cariz linguístico, a teoria da comunicação e os diversos modos de recepção e de apropriação, presentes
em diversas disciplinas. Dessa forma, a questão do discurso e do horizonte de expectativa por parte do público leitor consegue contribuir para uma interpretação mais
apropriada dos diversos materiais que compõem o campo historiográfico. Isto, então, vai além das meras determinações de fatos, de eventos, do contexto ou mesmo
dos documentos e dos arquivos. Um bom exemplo na aplicação dessa nova abordagem analítica são os estudos que tratam da descoberta do Brasil. Refiro-me
particularmente à História da Província de Sancta Cruz (1576), de Pero Magalhães de Gândavo, cuja historicidade se articula com uma série de práticas letradas do
período, em especial, àquelas tentativas de mapear as terras do Novo Mundo e demais conquistas correlatas. Nesse sentido, há que se levar em conta, para uma
hermenêutica epocal mais historicamente verossimilhante, que Gândavo pressupõe a correlação de seu texto com outras matérias, cujo objetivo era destacar as
aventuras lusitanas no além-mar. É justamente por isso que é relevante desvelar certas tópicas centrais, compartilhadas em Gândavo, que compõem certas narrativas
histográficas de vária ordem e temática.
332
_____________________________________________________________________________________________________________
O uso de documentações históricas na elaboração de pesquisas arqueológicas é um mecanismo de fundamental importância para compreender o contexto de ocupação
das sociedades nativas e assim auxiliar na busca por possíveis sítios arqueológicos. Caminhando em conjunto com esta afirmação relatos de viajantes e cronistas, mapas
históricos e documentos de concessão de sesmarias que estão relacionados à região do baixo rio Murihaé no período de 1804 à 1826 são objeto de análise desta
pesquisa. Que tem como objetivo compreender os espaços de ocupação das sociedades nativas que habitavam locais que na divisão geográfica contemporânea
correspondem aos municípios de Cardoso Moreira, Italva e Campos dos Goytacazes. A partir da análise destes documentos serão debatidas questões como redes de
vizinhanças e redes de comércio através das práticas de navegação com o objetivo de compreender a dinâmica presente no contexto da região bem como a presença
dos nativos nesta divisão político-social. Em suma, esta é uma pesquisa voltada para reconhecer a importância da construção histórica e social das sociedades nativas
em meio aos resquícios de violência e opressão deixados pelos agentes e estruturas sociais envolvidos no processo de colonização do Brasil.
333
_____________________________________________________________________________________________________________
Este trabalho busca refletir a respeito da infância na Colônia de São Pedro, a partir das memórias de netos e bisnetos dos imigrantes alemães e tiroleses que constituíram,
no ano de 1858, a então denominada Colônia Dom Pedro II em Juiz de Fora (MG). Com a metodologia da História Oral, foram realizadas entrevistas de histórias de vida
com descendentes destes estrangeiros e as perguntas foram direcionadas aos principais ambientes frequentados pelas crianças naquele momento: a família, a igreja e
a escola. O objetivo foi revisitar através das memórias o cotidiano da infância vivida no espaço da colônia entre as décadas de 1920 a 1940. Os depoimentos permitem
identificar o entrelaçamento das memórias individuais nas redes múltiplas de convivência do grupo que integrava a Colônia São Pedro e indicam a formação de uma
memória afetiva coletiva. Além disso, por meio das entrevistas foi possível detectar aspectos da herança imaterial legada pelos imigrantes de origem germânica,
especialmente nos aspectos culturais e religiosos.
334
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho de iniciação científica investigou a presença da população negra no Nordeste do Paraná, especificamente nas cidades de Andirá, Cambará,
Jacarezinho e Santo Antônio da Platina. As histórias de tais municípios são atravessadas por uma narrativa que invisibilizou a população negra de sua memória oficial.
Este apagamento histórico é resultado da política de memória elaborada pelo Estado a partir do final do século XIX. No Nordeste do Paraná os negros também são
excluídos da memória oficial que cristalizou a figura do “pioneiro” como o principal personagem da história. Portanto, a pesquisa visibiliza a presença da população
negra através da análise de fotografias levantadas em cada município, nas quais as pessoas pretas são protagonistas. Sob a perspectiva de Boris Kossoy (2020), as
fotografias “são apenas o ponto de partida, a pista para tentarmos desvendar o passado”. Logo, as fontes podem evidenciar quais foram as possibilidades e
impossibilidades da população negra no Nordeste do Paraná e demonstram também que ela é participante direta da construção das cidades, e que também faz parte
de sua história, tornando inaceitável a perpetuação de uma narrativa que suprime a presença negra da história e memória oficiais.
335
_____________________________________________________________________________________________________________
O início da década de 90 foi uma época de resistência, em meio aos diversos prejuízos vividos pela classe trabalhadora no Brasil, como a perca de direitos trabalhistas,
a consfiscação das poupanças, etc, encontramos a resistência dos operários e operárias de Fortaleza a partir da conscientização e de sua organização, que teve como
ápice a intervenção do Sindicato dos trabalhadores da indústria têxtil de Fortaleza. O sindicato teve papel fundamental na construção de lutas em torno de direitos
trabalhistas, greves, processos de trabalho. A inclusão das mulheres se deu em um momento de necessidade de falar das pautas femininas e problematizar essas
pautas. As operárias já estavam nas greves e nas assembléias sindicais porém em menor número, o que não impedia que estas protagonizassem lutas individuais e
coletivas. Assim queremos destacar a participação das mulheres de forma mais efetiva em um processo trabalhista que conta com a participação de 15 mulheres. O
dissídio coletivo 1460/90, nesse processo vários trabalhadores abrem uma reclamação contra a fábrica Master tecidos plásticos S/A. O processo gira em torno das horas
extras trabalhadas e não remuneradas. Os dissídios coletivos era uma reclamação de um grupo de trabalhadores que em sua maioria esperava que tivesse um efeito
maior em relação a ações individuais. Talvez seja por isso que em sua maioria estavam mulheres, talvez elas esperassem encontrar nos companheiros e companheiras
a possibilidade de efetivação da reclamação, pois: [...] entrar com um processo trabalhista na Justiça significa um risco para o empregado. E este risco manifesta-se em
perseguições dentro da empresa e até mesmo a perda do emprego [...]. E as demissões por causas injustas, [...] (BARBOSA, p. 134, 2011).
336
_____________________________________________________________________________________________________________
Este trabalho objetiva abordar a emergência da Amazônia como um recorte regional na nação brasileira durante o Segundo Reinado brasileiro, tomando por base a
atuação parlamentar dos deputados gerais paraenses e amazonenses como fonte para o estudo mencionado. Este estudo se baseia nas contribuições teóricas da História
dos Conceitos, implicando pensar na desnaturalização dos nomes e nos significados que eles assumem ao longo do tempo. As fontes históricas principais desta pesquisa
são anais do Parlamento brasileiro. A partir do Segundo Reinado, intensificou-se o movimento para que algumas províncias, como o Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco
angariassem maior peso político no cenário nacional, acarretando uma maior acentuação da diferenciação regional no país. Por outro lado, as províncias do Pará e
Amazonas se ressentiam da distância em relação ao poder central e de investimentos nessa área. O cenário político e econômico criou a ambiência para que as elites
amazônicas gestassem um regionalismo político em prol de seus interesses, de maneira a canalizar a percepção de “atraso” da região para a falta de atenção do Governo
Central e para a influência nacional das províncias do Sul. O argumento principal deste trabalho é o de que o regionalismo amazônico contribuiu decisivamente para a
emergência de uma identidade política regional, expressa, principalmente, na substituição do nome pelo qual a região era identificada até então – Grão-Pará – por um
novo nome: Amazônia.
337
_____________________________________________________________________________________________________________
Nesta apresentação objetivamos refletir sobre o casamento, a família e a condição da mulher no início do século XX, no Brasil, a partir do pensamento e da atuação de
Amélia de Freitas Bevilacqua. Esses tópicos eram recorrentes nas obras da escritora, em especial a condição de submissão que era reservada às mulheres naquele
período. Nesse sentido, almejamos investigar mais profundamente a forma como Amélia as compreendia e examinar sua trajetória intelectual e familiar, a fim de
compreender seus posicionamentos. Também buscamos investigar como sua trajetória intelectual se entrelaça com a do seu marido, o jurista Clóvis Bevilacqua, redator
do projeto de Código Civil aprovado em 1916, cuja trajetória profissional é marcada por uma reflexão mais progressista sobre direito de família. Analisaremos,
especialmente, o contexto histórico em que Amélia vivia, produzia e que era foco de suas críticas, tendo em vista que foi um período marcado pelas transformações da
passagem à modernidade no Brasil. Interessa-nos, por fim, pensar a recepção e a repercussão das obras e do pensamento de Amélia no interior da sociedade literária
e da imprensa. Para tanto, selecionamos como fontes seus romances, contos e artigos publicados entre os anos de 1902 e 1940, seu período de maior produção; a
revista O Lyrio, revista para mulheres da qual foi redatora-chefe; e artigos e críticas literárias sobre suas obras.
338
_____________________________________________________________________________________________________________
A pesquisa é um estudo de caso sobre as ações de políticos paraibanos eleitos relacionadas ao comércio pelo porto de Cabedelo-PB, de 1924 a 1935. O contexto histórico
é a transição de uma sociedade agroexportadora e rural para uma sociedade industrial e urbana no Brasil e das mudanças no chamado estado liberal que se constituiu
como estado intervencionista, bem como as lutas sociais e políticas atuais e, do ponto de vista da disciplina da História, há o contexto da renovação da História Política
e da relação entre acontecimento e estrutura. O objetivo é explicar como e porque o estado paraibano atuou relativamente àquele comércio portuário marítimo no
período mencionado. A metodologia é a leitura histórica, dialética, crítica e problematizada da documentação institucional técnica e regulatória, privada e pública,
relacionada à dinâmica do comércio portuário cabedelense e do comércio marítimo em geral no Brasil. A consideração de conhecimentos das áreas da Ciência Política,
da Antropologia e do Direito, além da História, é essencial para o desenvolvimento da análise e da síntese do tema mencionado.
339
_____________________________________________________________________________________________________________
O objetivo desse artigo é situar as dinâmicas de sociabilidade históricas presentes na região Oeste de Santa Catarina, com foco nas práticas de ocupação do território e
nos diversos modos de vida produzidos nesse processo. Salientam-se, também, as práticas familiares que sustentam os mecanismos de reprodução da agricultura
familiar e a caracterização dos aspectos sociais. Trata-se de uma abordagem metodológica pautada na análise bibliográfica combinada com dados históricos e sociais
sobre a referida região. Embora o discurso oficial tenha tratado de uma “ocupação de territórios vazios” a partir de 1917, a região não estava desabitada. A ocupação
oficial do Oeste catarinense promoveu, em verdade, um impacto fortemente dramático ante as populações originárias, seja sobre os indígenas, seja sobre os caboclos
posseiros. Como bem lembra José de Souza Martins (2009), esse é um contexto de fronteira conflitiva. Disto se pode afirmar que as populações indígenas e caboclas
foram invisibilizadas e em muitos casos exterminadas. Renilda Vicenzi (2008), por exemplo, trata a ação das companhias colonizadoras como promotoras da expulsão
deliberada dos sujeitos indesejados, a chamada “limpeza de terras”. Nesse caso, é notório o uso da violência física e de um clima constante de ameaça. É premente
descontruir uma narrativa que invisibiliza atores sociais e históricos e que glorifica, no “projeto colonizador”, a violência institucional em nome do “progresso”.
340
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente proposta de comunicação tem como objetivo apresentar os resultados parciais de uma pesquisa de doutorado ainda em andamento, cujo objetivo central é
analisar a Formação da Associação Democrática e Nacionalista de Militares (ADNAM), entidade que exerceu o papel de representar as demandas do grupo frente ao
processo de transição política. Dessa maneira, a comunicação irá resgatar as ideias e os projetos políticos dos militares punidos, a partir dos exemplares do boletim
editado pela entidade. O objetivo aqui é perceber, sobretudo em seus textos editoriais, como o grupo entendeu o processo de abertura política, entre os anos de 1981
a 1988, período que compreende a edição do primeiro boletim, até a promulgação da constituição de 1988. A documentação em questão não é resultante de uma ação
desinteressada dos membros da AMIC/ADNAM, tampouco um panfleto informativo trivial destinados aos sócios. Tendo o nacionalismo como pedra de toque, a entidade
irá angariar esforços para denunciar o esgotamento do projeto de modernização conservadora, o sequestro da democracia pelos militares golpistas, a submissão
econômica do país, a interferência das FFAA na transição e as limitações da Lei da Anistia. A Newsletter, atua como um importante meio de manutenção da coesão e
identidade do grupo, à medida que a maior parte dos textos se orienta por temas relacionados ao binômio “Democracia e Nacionalismo”, instrumentalizando, inclusive,
uma narrativa de memória a respeito da atuação de militares legalistas, democratas e nacionalistas.
341
_____________________________________________________________________________________________________________
Os jesuítas administravam extensas propriedades agrícolas, que sustentavam suas atividades missionárias. Além disso, as boticas, ou farmácias, presentes nessas
fazendas, desempenhavam papel essencial ao fornecer remédios e tratamentos para a população local. O contexto revela complexas interações entre fé, economia e
medicina, onde os irmãos boticários se destacavam como atores-chave na sociedade colonial. No entanto, também suscitam debates sobre exploração e controle dos
recursos locais. Apesar dessas contribuições significativas, esse período também marcou o início do declínio gradual da Companhia. Na segunda metade do século XVIII,
os jesuítas foram expulsos do Brasil e de outros territórios portugueses, como parte da política pombalina de supressão das ordens religiosas. Como resultado desse
processo, tal atitude gerou a produção de uma vasta documentação judicial (inventários) de seis fazendas jesuíticas existentes na cidade do Rio de Janeiro. Essas medidas
levaram uma ação sistemática de levantamento e registro de todos os bens e propriedades detidos pelos irmãos inacianos. Foi a partir dessas documentações que pude
realizar um amplo levantamento documental sobre a influência médica e científica, os produtos naturais que eles possuíam para elaborar remédios, receitas e
tratamentos de doentes e uma lista de produtos, com preços, que eram vendidos no mercado interno carioca.
342
_____________________________________________________________________________________________________________
Nosso trabalho busca entender as relações de gênero e histórias das mulheres no poder político para entender a trajetória da vereadora e professora Geminiana
(Gemica). buscamos assim interpretar sua trajetória no meio político e entender as relações e desigualdades de gênero presentes em sua atuação política nos espaços
públicos e privados, assim como as estratégias da vereadora para sobrepor as desigualdades. Nossas análises se estenderão de 1964, ano que se dá o início de seu
terceiro mandato e início da ditadura militar no Brasil, a 1974, momento em que a vereadora recebe o anti-candidato Ulysses Guimarães no município de Parintins-AM,
ela líder do MDB. Geminiana Bringel, nasceu em uma família que pôde lhe proporcionar privilégios, teve acesso aos espaços públicos muito cedo na educação. Sua
participação marcou a memória de muitos colegas de câmara assim como amigos no âmbito privado, que por meio da metodologia de história oral, possibilita analisar
as memórias de sua atuação, limitações e desigualdade de gênero nos espaços públicos, buscando entender suas estratégias de resistências ao sistema de opressão
feminina o patriarcado, assim como as opressões sofridas pela vereadora dentro desse meio.
343
_____________________________________________________________________________________________________________
Nossa pesquisa, ainda em andamento, trata dos embates na arena religiosa na diocese de Nova Iguaçu entre os anos de 1979 e 2002, tendo como centro duas formas
antagônicas de catolicismo: o Tradicionalismo católico, pautado em uma religiosidade anterior às mudanças ocorridas no Concílio Vaticano II, defensora dos valores
devocionais e da missa rezada em latim e a Teologia da Libertação, cuja ênfase se traduz na junção de religiosidade e movimentos sociais, de viés progressista e atida a
uma prática mais politizada. Como representante da ala tradicionalista, teremos o padre Valdir Ros, que irá desafiar a autoridade episcopal da diocese de Nova Iguaçu
e provocar uma série de conflitos com o bispo local, rejeitando as mudanças conciliares, chegando a produzir um violento cisma na região onde era vigário; do outro
lado, teremos o bispo Dom Adriano Hypólito e a sua ação pastoral pautado na militância social, bastante próximo à militância de esquerda. O resultado desse conflito
será a existência do catolicismo tradicionalista na diocese que, até o ano de 2002, passará por cismático e ausente de representatividade oficial na região até seu
reaproximação com a Santa Sé. A persistência de um formato anômalo de catolicismo tradicionalista, em comparação à adesão massiva da Teologia da Libertação em
Nova Iguaçu é um ponto fulcral para o trajeto investigativo da pesquisa.
344
_____________________________________________________________________________________________________________
Neste trabalho nos propomos a analisar o conto "The Children of Húrin" (2009), do escritor inglês J. R. R.Tolkien (1892-1973), considerado o fundador da moderna ficção
fantástica, e relacioná-lo com as transformações ocorridas na Europa nas primeiras décadas do século XX. Para tanto, nos valemos do conceito de “modernidade”, tanto
como uma situação histórica, marcada pelo dinamismo e pela subjetividade artística, quanto como um projeto de caráter totalitário e ambivalente. Em ambos
significados, estamos diante de algo assombroso e perturbador, que produziu como uma de suas consequências mais visíveis a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Tolkien, que teve participação ativa nesse conflito, manifesta na obra em questão um profundo sentimento de desolação e decadência diante de todo esse processo.
Isso pode ser verificado pelo recurso ao trágico e ao desespero no qual se veem mergulhados os protagonistas da história.
345
_____________________________________________________________________________________________________________
Criado pelo Serviço de Radiodifusão Educativa (SRE), órgão subordinado ao Ministério da Educação e Cultura (MEC), o Projeto Minerva (1970-1989), que inicialmente
integrou o plano do governo militar do Brasil (1964-1985), veiculou, em caráter nacional, programação radiofônica com fins educativos e culturais para pessoas adultas,
subdividindo-se em três fases distintas. A primeira (1970-1972) foi marcada pela programação educativa do 1ª ciclo do 1º Grau (1ª a 4ª série), com material didático de
agências educativas; a segunda (1973-1979) caracterizou-se pela produção do conteúdo didático do 2º ciclo do 1º Grau (5ª a 8ª série) pelo próprio SRE/MEC; e a terceira
(1980-1989), sob a responsabilidade da Fundação Roberto Marinho (FRM), desenvolveu-se baseada nas aulas e apostilas da Fundação para os cursos de 1º e 2º graus,
no rádio e na televisão. O objetivo do trabalho consiste em compreender a troca da coordenação pedagógica, feita pelo órgão público, o SRE, até o ano de 1979, para
o comando da FRM, a partir de 1980. Arquivos como Relatórios de Desempenho e periódicos como o Jornal do Brasil e O Fluminense compõem nossas fontes.
Dialogamos com Revel (1998; 2010), a respeito da micro história; com Chartier (1990), no tocante as representações; além de Certeau (1998, 2020), Oliveira (2011),
entre outros.
346
_____________________________________________________________________________________________________________
Esse trabalho é resultado das pesquisas desenvolvidas por sua autora no processo de doutoramento junto ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro. Pretendemos discutir sobre alguns projetos e iniciativas envolvendo a educação dos ingênuos na cidade do Rio de Janeiro, entre os anos de
1871 e 1888. Buscamos analisar se houve um processo de inserção social desses menores, para além de sua condição jurídica; visamos recuperar práticas efetivas
levadas a cabo por particulares e pelo Estado para a escolarização dos ingênuos, em um momento fundamental para os debates em torno da emancipação escrava.
Realizamos nossa pesquisa a partir de uma análise qualitativa das fontes escolhidas – alguns periódicos em circulação à época, tais como Gazeta de Notícias, Gazeta da
Tarde, A Mãi de família etc; os Anais da Câmara dos deputados e do Senado Federal; e legislação avulsa do período. Propomos acompanhar os discursos – inclusivos ou
não – voltados para a questão da educação dos ingênuos, de modo específico, e dos libertos, de maneira geral, num recorte temporal que abarca os últimos anos do
Império brasileiro. Ao recuperar esse processo, visamos reconstruir a problemática em torno da instrução popular, em um momento em que as crianças pobres
estiveram na pauta dos debates parlamentares, sendo recorrentemente associadas a um determinado projeto de Nação.
347
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta proposta de trabalho visa apresentar parte dos resultados finais obtidos com o desenvolvimento de projetos de pesquisa na modalidade Pibic-Júnior do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas, Campus Parintins. O Festival Folclórico de Parintins surgiu em 1965 com o intuito de dirimir os confrontos
físicos que ocorriam entre os brincantes dos bois-bumbás Garantido e Caprichoso pelas ruas desta cidade quando iluminada pelas lamparinas. Jovens católicos
organizaram o festival para que os bois se apresentassem e o dinheiro da venda dos ingressos, doado para a construção da torre da Catedral. A relação entre os bois-
bumbás e a padroeira se tornou tão profunda que artistas desses bumbás passaram a trabalhar voluntariamente na festa da santa. Entre estes artistas, uma artesã
tomou a iniciativa de confeccionar o manto da padroeira como forma de gratidão pelo dom e pelos milagres recebidos. A pesquisa assumirá o aporte teórico
metodológico das Ciências Humanas e Sociais, num diálogo interdisciplinar entre Sociologia, Antropologia e História, tendo como suporte de campo a etnografia
(GEERTZ, 1989) e a história oral (MEIHY,2005). Ao final, este trabalho apresentará aspectos que sinalizam o entrelaçamento existente entre os bois-bumbás e a devoção
à padroeira, com destaque às origens dos bumbás e à confecção do manto, ressaltando ainda alguns momentos das apresentações do festival que homenageiam a
santa, exaltando a arte como expressão da fé em Parintins.
348
_____________________________________________________________________________________________________________
O objetivo deste estudo é sublinhar as contribuições dos estudos históricos sobre cultura para uma pesquisa em história da educação a partir do conceito de ‘cultura
popular’. O presente texto é fruto das reflexões que desenvolvi após cursar a disciplina Historia e historiografia da educação e cultura popular, ministrados pela
professora Dra. Ana Luiza Jesus da Costa do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo em 2023. Visando produzir uma
história vista de baixo, fui levada a refletir sobre a importância dos estudos históricos sobre a cultura popular para o desenvolvimento da minha pesquisa de mestrado
em educação. Assim sendo, o objeto de análise deste trabalho foi meu projeto de pesquisa apresentado no ingresso do mestrado, bem como o referencial teórico-
metodológico discutido no curso, mas especificamente, as proposições dos seguintes autores: Marilena Chauí, Natalie Zemon Davies, Roger Chartier, Martha Abreu e
Petrônio Domingues. Para execução deste trabalho, me pautei nas considerações metodológicas de A. J. Severino (2013) sobre a modalidade de pesquisa bibliográfica.
A princípio meu objetivo de pesquisa era analisar os discursos da militância operária em torno da educação do trabalhador que, pautados no ideal eugênico e no saber
médico-higiênico, circularam na imprensa operária paulista no recorte de 1913 até 1925. Tinha uma vaga ideia de como definir quem eram esses militantes, como
analisar suas práticas e comportamento e que abordagem adotar para analisar a interação entre a cultura das classes dominantes e das classes subalternas. Embora
tratasse em termos de apropriação, comportamento e hábitos, o objeto central da análise era o discurso dos militantes.
349
_____________________________________________________________________________________________________________
Este texto perspectiva historicizar as trajetórias que envolvem o campo de estudos da memória, suas teorias e os autores que a colocaram em centralidade nas suas
investigações e produções. O norte metodológico se situa na revisão bibliográfica, identificando o “estado do conhecimento” ao mapear e discutir a produção acadêmica
para compreender dimensões e aspectos destacados e privilegiados em diferentes épocas e lugares (FERREIRA, 2002). Os resultados obtidos se apresentam em
provisoriedade, circunscritos a problematizações iniciais, a partir dos estudos das obras de Bergson (2010), Aristóteles (2012), Santo Agostinho (2008), Benjamin (1987),
Halbwachs (2004; 2006) e Ricoeur (2007). Foram observadas diferentes, antagônicas e/ou ampliadas abordagens sobre o campo de estudos da memória. Conclui-se, a
necessidade de aprofundamentos diante da complexidade que a temática possui, sobretudo no seu caráter social, especialmente no contexto contemporâneo marcado
por retrocessos políticos e culturais que se manifestam em diferentes âmbitos da vida cotidiana, ameaçando as conquistas que vinham sendo obtidas por grupos
historicamente marginalizados. No que se refere as relações entre História e Memória, o avanço do negacionismo do conhecimento historiográfico demanda rever a
antinomia demarcada por alguns autores com objetivo de compreender os novos desafios que se colocam na compreensão do mundo atual.
350
_____________________________________________________________________________________________________________
O artigo propõe historicizar os elementos discursivos e ideológicos sobre a popularização de um imaginário sobre a animação Caverna do Dragão: o inferno. A ficção
em questão, baseada em jogo de Role-Playing Game (RPG), é uma série animada de 27 episódios, iniciada em 1983. Inspirados na fantasia medieval, ou Alta Fantasia,
trazem elementos da magia e mitologia, do romantismo literário classificado como Espada & Magia, ricos de medievalidades. Durante a década de 1990, tornou-se
comum um discurso público de que os eventos narrativos da ficção estavam atrelados a representações do inferno e da morte, lenda urbana mantida nas décadas
seguintes e ainda hoje latentes nas memórias de muitas pessoas, inclusive no Brasil, onde a série foi exibida em canal de televisão aberta desde 1986. A disputa de
narrativa moral, como as fontes evidenciam, surge de grupos conservadores, muitas vezes religiosos fundamentalistas, que atacam a produção de desenhos animados
objetivando o alarde. Em tempos de nostalgia instrumentalizada pela indústria de entretenimento, onde parte do público consumidor e audiência dos produtos
vinculados à marca ou de elementos similares são adultos entre os 30 e 40 anos, a historicização da memória produz uma relação mais honesta e crítica sobre os
personagens-produtos e as narrativas que os orbitam.
351
_____________________________________________________________________________________________________________
O socialista Mariano Garcia: liderança operária no Rio de Janeiro; abolicionista em São Paulo - um caifaz de Antônio Bento. Nascido no Estado do Rio de Janeiro, em
1862, Mariano Garcia começou a trabalhar aos 11 anos como operário cigarreiro nas fábricas de cigarro em Niterói. Como liderança operária, na intenção de organizar
sua classe, em 1885 lança o seu primeiro jornal operário: O Cigarreiro, e como abolicionista, em 1887 vai atuar em São Paulo como caifaz de Antônio Bento, contribuindo
para o mais importante jornal abolicionista da época: A Redempção, denunciando em sua coluna “Correspondência” toda violência a qual os escravizados eram
submetidos por seus senhores, importantes fazendeiros cafeicultores da região do Oeste Paulista. Após o advento da República, na Capital Federal, juntamente com
outras lideranças socialistas, dentre elas: França e Silva e Gustavo de Lacerda, buscou organizar a classe operária lançando jornais operários e organizando diferentes
associações, além de tentar fundar um partido operário, no intuito de eleger representantes da classe trabalhadora que viessem contribuir para aquela que seria a
Primeira Assembleia Constituinte do Brasil República, no intuito de criar leis em benefício da classe operária. Mariano Garcia morreu em 1917, e durante toda a sua
trajetória, como militante socialista, procurou organizar os trabalhadores, fundou diversos partidos operários, associações e sindicatos, além de atuar como jornalista
lançando vários jornais operários e escrevendo colunas operárias para os jornais da Grande Imprensa, tais como: Gazeta de Notícias e A Época.
352
_____________________________________________________________________________________________________________
Embora tenha sido expressiva a presença escrava na Província do Espírito Santo, quando nos referimos de forma mais específica aos escravizados menores de quatorze
anos, essa expressividade deixa de ser percebida e as fontes sobre este grupo apresentam-se em número pouco expressivo em nossa historiografia, e particularmente
ainda mais reduzido na historiografia capixaba. Em busca desses desconhecidos, nos reportamos ao ano de 1869, ano em que foi editada na Província Capixaba a Lei
de Emancipação Infantil, destinada a emancipar meninas entre 05 e 10 anos de idade. A edição da Lei ocorre a quase dois anos antes da promulgação da Lei do Ventre
Livre objetivando a partir daí, refletir sobre como essas crianças passaram a viver na condição de livres, se os projetos de inserção pensados pra elas foi efetivado e
fundamentalmente como a Província resolveu o problema social provocado pela edição dessas leis.
353
_____________________________________________________________________________________________________________
Este estudo propõe uma reflexão sobre o entendimento das relações estabelecidas entre direitos das crianças à educação de qualidade e a importância de fundamentar
a prática de ensino de História na perspectiva da ética do cuidado. Com esse objetivo, recorremos as abordagens de Melanie Klein, seguidora de Sigmund Freud, que
tratam de teorias psicanalíticas relevantes à educação escolar. Nesse sentido, entendendo o ensino de História como um fenômeno social, e não somente um feito da
educação formal, defendemos a hipótese que a efetivação do direito à educação de qualidade para as infâncias ocorre a partir de ações pedagógicas que consideram
aspectos sociais, emocionais e cognitivos. Nessa perspectiva, o presente estudo destaca a Psicanálise como um conjunto de conhecimentos que contribuem para
relações pedagógicas, dialógicas e consequentes no processo educacional das crianças nas séries iniciais do ensino fundamental. O referencial teórico baseia-se em
Klein (1923-193-1997), Kupfer (2000-2001), Lajonquière (1999), Almeida (2018-2023), Cunha (2000), Camargo (2006), Mauco (1978), dentre outros. Trata-se de uma
tese em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em História, na linha de pesquisa de Ensino de História e Cultura Regional da Universidade Federal Rural de
Pernambuco.
354
_____________________________________________________________________________________________________________
Este trabalho tem como intuito cartografar as notícias que circularam pela imprensa acerca da presença de menores nas ruas da cidade do Rio de Janeiro, capital federal,
no período de 1924 a 1934. Objetiva-se abarcar o período de vigência da magistratura do primeiro Juiz de Menores do Brasil, José Cândido de Albuquerque Mello
Mattos (1864-1934), procurando identificar as temáticas que mobilizaram a imprensa no sentido de participar dos debates em torno do Código de Menores de 1927,
que se encontrava em discussão no Senado Federal, mas também constituir-se em veículo importante de circulação e produção de representação sobre os indivíduos
que careciam de amparo e proteção do Estado. A partir desta perspectiva interessa identificar as matrizes e concepções que organizaram a atuação do Juiz de Menores
no que concernia as propostas de intervenção, fiscalização, recolha e institucionalização das crianças e dos adolescentes na cidade-capital. Para empreender este
movimento analítico destaque será atribuído aos periódicos localizados na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional e nos acervos digitalizados do Núcleo
Interdisciplinar de Pesquisa em História da Educação e da Infância que se encontra digitalizado. A fim de empreender um diálogo com a produção da área serão
acionados os trabalhos de Neves (1994), Alvim e Valadares (1998), Rizzini; Rizzini (2004), Barbosa (2007), Grinberg (2009), Camara (2010) e outros.
355
_____________________________________________________________________________________________________________
Viagens de Correição eram uma atribuição dos corregedores e ouvidores gerais de comarca, esse agentes da Coroa portuguesa na Época Moderna eram partes de um
grupo seleto de bacharéis formados em Direito na Universidade de Coimbra. Nomeados para ocupar postos por toda monarquia pluricontinental portuguesa, na vasta
rede de funcionários, para obterem nomeações dentro da hierarquia da Justiça do Rei. O rei, na segunda metade do século XVIII, D. José I esperava desses vassalos
dedicação e lealdade para que fossem seus olhos e ouvidos. A Justiça do Rei deveria fiscalizar, regular e promover a manutenção da sociedade, fazer justiça, os
magistrados nomeados para serem ouvidores (colônia) ou corregedores (metrópole) procediam em Inquirições nas câmaras das vilas, nelas abrindo as mesas de
Devassas Gerais para receberem denúncias e petições, os bacharéis do rei atuavam percorrendo todo o termo da comarca. Essas viagens dos ouvidores gerais permitiam
que a Coroa obtivesse noções das rotinas e usos de cada localidade, coletando particularidades e perfis, e nelas o letrado Feliciano Ramos Nobre Mourão percorreu os
rios e igarapés de uma das capitanias da colônia norte portuguesa: o Grão-Pará. O magistrado teve o início de sua carreira na região, permanecendo anos nas funções,
pode conhecer não somente os rios, mas os ritmos das querelas e do modo de viver da Amazônia. A Justiça era a função basilar do rei, a presença de seus braços era
demonstração de que a monarquia estava presente.
356
_____________________________________________________________________________________________________________
Esta comunicação visa discutir a relação STF, habeas corpus e exercício da cidadania nos anos 1920 no Brasil. Como base documental, foram utilizados os habeas corpus
originários do Distrito Federal, protocolados no STF, no período indicado, que estão disponíveis no Arquivo do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, e no Arquivo
Nacional, na cidade do Rio de Janeiro. Do ponto de vista metodológico, lançamos mão do recurso da amostragem. Com base nos dados analisados, sustenta-se a
necessidade de relativização das interpretações que supervalorizam o papel do STF e do Judiciário no exercício da cidadania no período, já que apesar da facilidade de
ser solicitado, a concessão desse instituto foi bastante restrita.
357
_____________________________________________________________________________________________________________
Este trabalho propõe o uso de arquivos pessoais para o Ensino de História, partindo do pressuposto que seu uso está geralmente ligado a objetivos profissionais técnicos
ou de temáticas especializadas, entre arquivistas e historiadores. A partir das discussões do campo da História Regional e sua inserção nos currículos nacional e
municipal, visamos apontar algumas possibilidades a partir do acervo do intelectual Godofredo Tinoco (1897 - 1983) para a temática do tenentismo em Campos dos
Goytacazes e imbricações da lei do município que determina os elementos regionais a serem incluídos nas disciplinas. Isso porque, a partir da atuação política e
intelectual de Tinoco no movimento tenentista, conteúdo indispensável para as temáticas deste ano, pode-se estabelecer uma relação bastante profícua entre o quadro
político nacional, regional e local. Neste quadro vê-se a cidade de Campos inserida nas contestações que criam a ruptura entre primeira e segunda república, assim
como também imersa em debates bastante próprios em torno da sua identidade administrativa e política, entre o sonho da capitalidade e perpetuação das suas
linhagens ideológicas.
358
_____________________________________________________________________________________________________________
A proposta de comunicação tem por objetivo apresentar um recorte de uma pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Educação na Universidade Federal de Pelotas
(UFPel), na linha de pesquisa Filosofia e História da Educação realizada a partir da revista O Cruzeiro nas décadas de 1950-1960, com atenção aos discursos textuais e
imagéticos relativos à educação e à modelação do corpo feminino. A revista O Cruzeiro nasceu de um projeto do jornalista português Carlos Malheiro Dias. Este não
teve como levar o projeto adiante, passando então, ao empresário e jornalista Assis Chateaubriand, surgindo a Empresa Gráfica Cruzeiro S.A. na cidade do Rio de Janeiro.
Iniciou a circular em 10 de novembro de 1928 como uma revista semanal ilustrada. Foram realizadas oito entrevistas com as leitoras da revista, em Pelotas-RS, tentando
perceber se elas praticavam ou não os modelos de comportamento sugeridos por esse periódico. Utilizando a metodologia da História Oral. Como aporte teórico
recorreu-se a autores do campo da História da Educação a partir da perspectiva da História Cultural, entre eles: Chartier (2002, 2014); Del Priore (2014, 2017); Grazziotin
e Almeida (2012). O texto traz também uma análise dessas narrativas para entender como se deu esse processo de prática, contextualizando a história do universo
feminino no período proposto.
359
_____________________________________________________________________________________________________________
Com a redescoberta do Cais do Valongo, na denominada Pequena África por Heitor dos Prazeres (1898-1966), a memória da escravidão trouxe à tona um local símbolo
da diáspora africana, que recebeu o título de Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, em julho de 2017, como sítio de memória sensível. Inserido nessa região, o
Complexo do Valongo é considerado o epicentro da estrutura mercantil do negro escravizado e tratado como mercadoria, constituída pelo Cais do Valongo, pelo mercado
de escravizados, pelo Lazareto e pelo Cemitério dos Pretos Novos, local onde eram jogadas as “mercadorias” novas que não resistiam à vinda para o Brasil. Esta
comunicação faz parte da pesquisa de mestrado sobre as interconexões entre o apagamento histórico do Complexo do Valongo, as lutas e resistências do trabalho negro
em relação à saúde laboral e a influência do Estado na região. A metodologia, a princípio, baseou-se em uma RSL sobre o Complexo do Valongo e a Pequena África e na
busca pelas lutas e resistências do trabalho negro. O estudo visa contribuir futuramente para uma compreensão mais abrangente da história e das experiências do
trabalho negro na região, destacando o papel do Estado na configuração das relações de classe, saúde no trabalho e memória cultural.
360
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho pretende abordar a importância de articular educação e cultura a partir do uso do patrimônio cultural nas aulas de História para a construção de
um ensino de História crítico, reflexivo e provocativo, contribuindo para que a produção do conhecimento seja de forma ampla, dialógica e cidadã, que ultrapasse o
ambiente escolar e que favoreça o reconhecimento identitários e a valorização das memórias coletivas e da diversidade. Para tanto é fundamental conceber a educação
enquanto um instrumento de conhecimento, cidadania, cultura, resistência, de criatividade, de trocas e de desenvolvimento e, principalmente, como uma prática social
aberta ao exercício do novo. E, nesse sentido, tendo em vista a inseparabilidade entre educação e cultura é que o patrimônio cultural pode ser um importante mecanismo
para se pensar a produção de conhecimento para além da sala de aula. Compreender que o patrimônio cultural tem caráter educativo, formativo e formador é
fundamental para se pensar a interdisciplinaridade do campo e as potencialidades de diálogos e relações que podem ser estabelecidas entre diversas temáticas, áreas
de produção de conhecimento e lugares de sentido.
361
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho tem como objetivo apresentar a pesquisa sobre História Pública e Música: pelas trilhas do acervo digital da seresta diamantinense. Com o intuito
de promover a difusão da história da seresta diamantinense. Foram disponibilizadas informações sobre a seresta e grupos seresteiros e foi feita, também, a transcrição
de partituras com a finalidade de propiciar a pesquisa a musicistas e estudiosos em geral. Foi utilizada uma metodologia de transcrição e registros em partituras das
produções fonográficas; utilizando o programa Sibelius que é um software de edição de partituras para o computador. A transcrição tem notação em partitura tradicional,
tendo como base as interpretações realizadas pelos respectivos cantores nos registros sonoros obtidos através de discos e CD’s .Em seguida, foram feitas as gravações
dos áudios das músicas, migrados através da plataforma Audacity. A metodologia envolveu também a descrição dos grupos de seresta (possibilitada pela pesquisa
bibliográfica, discográfica e documental) e procedimentos peculiares para construção de um site, no qual será hospedada o acervo digital. O objetivo geral deste trabalho
é criar e divulgar o acervo com informações sobre a história da música seresteira diamantinense, seu repertório e suas transcrições, promovendo, assim a difusão da
história da seresta para a comunidade em geral e para estudiosos do tema em especial.
362
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente projeto pretende analisar os padrinhos e madrinhas preferenciais na freguesia de Manicoré (localizada na região do rio Madeira) no intuito de compreender
como o acúmulo de compadrio demarcava os espaços hierárquicos e as disputas que ali se engendravam. Para tanto, as fontes utilizadas são os registros de batismo da
paróquia de nossa senhora das Dores de 1868 a 1880 e os jornais do período demarcado, a fim de cruzar os nomes dos padrinhos e assim enriquecer as informações a
respeito destes. Ademais, o contexto que abarca o período em análise envolve a extração de goma elástica, fator que atraiu interesses de além-mar para a região. Essa
característica é especialmente importante para o rio Madeira, onde se produziu mais da metade da borracha em toda província, o que contribuiu para a manutenção
do mesmo padrão colonial de relações produtivas (produção e troca). Encontramos na análise dos padrinhos e madrinhas preferenciais, casais com posses de terras,
comércios e seringais, a presença de militares que por vezes ocuparam diversos cargos administrativos na freguesia (subdelegados, suplentes, juízes de paz) e uma alta
demanda por missionários como padrinhos. Embora essa tendência, presumidamente, indique uma homogeneização de escolha, ao analisar com mais cuidado, ela
possui suas especificidades para cada lugar que esse batismo foi realizado.
363
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente comunicação tem por objetivo apresentar uma pesquisa de doutorado em Educação em andamento no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRJ,
sob orientação da Prof.ª Dr.ª Ana Maria Monteiro. A pesquisa procura investigar a produção de conhecimento histórico escolar (GABRIEL; MONTEIRO, 2014) de
professores de História sobre temas sensíveis (ALBERTI, 2013; SEFFNER; PEREIRA, 2018; GIL; EUGENIO, 2018) na articulação com o Patrimônio Cultural, no que estamos
conceituando como "patrimônios sensíveis" (PIUBEL; MELLO, 2021). Entendemos que os patrimônios sensíveis se relacionam com “processos de cristalização de
memórias” e suas disputas associadas às questões de violência física e simbólica contra grupos historicamente marginalizados, sendo alvo de discursos negacionistas
e/ou memorialistas. Além disso, procuramos evidenciar os saberes docentes (SHULMAN, 1986; MONTEIRO, 2019) e as produções curriculares desenvolvidas por
docentes que atuam na educação básica, em redes públicas da região metropolitana do Rio de Janeiro. Esses professores foram entrevistados na perspectiva
metodológica da História Oral (ALBERTI, 2004), partindo de uma concepção dialógica de pesquisa "com" professores para a produção de fontes orais.
364
_____________________________________________________________________________________________________________
O objetivo da apresentação é percorrer o caminho de 1934 a 1937 a fim de debater com a mesa sobre como a democracia foi sendo golpeada até a criação da ditadura
do Estado Novo. Serão abordados os contextos históricos, alianças e embates que vão desde o início do Governo Constitucional até a derrocada final do modelo de
democracia liberal, com a vitória do viés autoritário e ditatorial. As alianças do presidente, a articulação da oposição, a relação do governo com os trabalhadores e a
repressão que se inicia com a aprovação da Lei de Segurança Nacional e se acentua após os levantes de novembro de 1935 serão tocados e aprofundados. A apresentação
é resultado de uma longa jornada de estudos sobre o período, culminando em dois livros lançados sobre a temática, respectivamente após trabalhos desenvolvidos no
doutorado e no pós-doutorado. O objetivo é trocar com colegas que estudem o governo Vargas ou outros golpes de Estado, de modo a aprofundarmos nossos
conhecimentos e compreendermos ainda melhor a história do Brasil.
365
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho tem como intuito discutir como as percepções de um intelectual negro do Sul Fluminense contribuí para a reflexão acerca do pós-abolição e mundos
do trabalho na região que mais detinha escravizados na segunda metade do séc. XIX. Dado que João Miranda foi um intelectual nascido em Rio Claro-RJ em 1878 e
exerceu cargos como jornalista, professor e tabelião em Barra Mansa-RJ desde os 18 anos de idade o que demonstra a particularidade profissional para um homem
negro nascido livre no séc. XIX. São analisados alguns textos de Miranda no jornal Gazetinha relacionados à população negra, principalmente nas celebrações do dia 13
de maio, quando o autor evidencia a situação de negros e negros no pós-abolição em Barra Mansa com seu pseudônimo Don Jayme, contrapondo-se às narrativas
oficiais da cidade. Ademais, são apresentados dados analisados de censos, periódicos, inquéritos entre outras documentações que coadunam com as denúncias feitas
por Miranda e contrapõem obras historiográficas e memorialísticas do Sul-Fluminenses que pouco consideraram a experiência e contribuição de negros/as no processo
de reconstrução econômica e política local pós-1888. Outrossim, a trajetória de Miranda é comparada com outros intelectuais de cor do mesmo período para situar sua
pertinência enquanto figura nacional. Em suma, busca-se salientar diferentes os significados do pós-abolição e a pertinência desse processo para a análise das questões
raciais e de classe na região em questão.
366
_____________________________________________________________________________________________________________
Lasar Segall foi um artista judeu russo, que marcou profundamente a cena cultural brasileira no início do século XX, a partir principalmente de sua linguagem
expressionista e modernista. No Arquivo Lasar Segall (Museu Lasar Segall) estão guardadas cartas escritas em russo e yiddish e que trocadas entre o artista, seus
familiares e intelectuais próximos. Neste momento, estes documentos estão passando por um estudo paleográfico e de tradução. As informações ali levantadas têm
servido de base para reconstruir o seu processo de formação intelectual e artística, além de ajudar a estabelecer de maneira mais completa as relações familiares. Sendo
assim, buscaremos aqui apresentar sucintamente algumas das informações preliminares advindas deste estudo, dando conta dos métodos utilizados para decodificação
da escrita e interpretação da tradução.
367
_____________________________________________________________________________________________________________
Procuraremos discutir neste artigo sobre a repercussão da Questão Nabileque nos jornais brasileiros nas primeiras décadas do século XX. Em síntese, o episódio
denominado Questão Nabileque consistiu em uma cessão de terras feita pelo Governo do estado do Mato Grosso em 1905 ao italiano Celso Pasini, que ulteriormente
em 1908, cedeu a concessão dessas terras a uma Sociedade Anônima argentina, denominada de Fomento Argentino Sud-Americano. A Questão Nabileque ocorreu
poucas décadas depois do fim da Guerra do Paraguai, período em que ainda havia um movimento de contestação de terras no Paraguai e no Brasil, chamado de Missão
Godoy. Tal cessão de terras em áreas de fronteiras foi noticiada em alguns jornais brasileiros tais como o A Reação: Órgão Do Partido Republicano de Matto Grosso, O
Brazil: Orgam Noticioso E Commercial, Dedicado Aos Interesses do Povo, O Matto-Grosso, O Paiz (RJ), A Noite (RJ) e O Jornal (RJ). Segundo Pierre Nóra a “história é a
reconstrução sempre problemática e incompleta do que não existe mais [...], é uma representação do passado”. A obtenção de informações por meio de periódicos,
como os jornais é uma possibilidade de fonte histórica que se apresentou aos historiadores. Representada pelos jornais impressos, a imprensa periódica, é amplamente
utilizada como fonte para localizar e analisar notícias sobre os acontecimentos.
368
_____________________________________________________________________________________________________________
Vicente Lombardo Toledano foi um dos primeiros intelectuais mexicanos a contribuir para a difusão do socialismo científico no contexto latino-americano. Influenciado
pelo idealismo filosófico da geração ateneísta, Lombardo só entraria em contato com a literatura marxiana a partir das suas experiências de aproximação com a classe
trabalhadora, sobretudo em razão do seu ingresso no movimento obrero organizado. Após seu engajamento na Confederação Regional Obrera Mexicana, o intelectual
participou da fundação de centrais sindicais de grande relevância nacional e internacional, como Central de Trabalhadores do México e a Central de Trabalhadores da
América Latina, ambas voltadas para a unificação e consolidação de um proletariado comprometido com as causas socialistas. Entretanto, apesar da sua filiação
ideológica ao marxismo soviético, Lombardo não se identificava enquanto um militante comunista, tendo inclusive protagonizado algumas disputas com o PCM pela
liderança do movimento obrero. Em face do exposto, a proposta desta comunicação visa produzir reflexões sobre as motivações políticas e as divergências ideológicas
que o apartavam dos comunistas mexicanos, abarcando as principais propostas do seu ideário político. Para isso, pretendemos estabelecer um diálogo entre os escritos
deste intelectual, os aspectos da sua trajetória, e o contexto político estabelecido entre 1920 e 1940, período este marcado pela institucionalização do processo
revolucionário mexicano.
369
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente pesquisa tem o objetivo de trazer a memória das lutas de três mulheres militantes da esquerda partidária brasileira - Benedita Sousa da Silva Sampaio (81
anos), Ione Cardoso Siqueira (75 anos), e Jurema Batista da Silva (66 anos) -, inseridas no contexto da redemocratização da década de 1980, e a importância da
valorização dessas trajetórias diante da invisibildade de gênero, raça e geração, assim como de participação de mulheres periféricas e faveladas na vida política no Brasil.
A questão norteadora da pesquisa é investigar o que levou essas mulheres a ingressar na luta militante deixando seu trabalho doméstico e participando de reuniões
que se dedicavam à preocupações da coletividade. Como metodologia realizaremos uma pesquisa bibliográfica e documental sobre a biografia dessas três mulheres,
seguida de entrevistas com as mesmas, fundamentando as análises na história oral e na perspectiva de um feminismo afro-latino-americano, a partir de Lélia Gonzalez
e Sueli Carneiro.
370
_____________________________________________________________________________________________________________
O trabalho proposto, sob orientação da prof.ª dr.ª Maria Paula Nascimento Araujo, visa expor os apontamentos da minha pesquisa de mestrado em andamento, cujo
objetivo principal é a exposição do pensamento social e político de João Silvério Trevisan, ativista pioneiro do Movimento Homossexual Brasileiro, acerca da vivência e
do ativismo homossexual no Brasil durante as décadas de 1970 e 1980. Especificamente, busco uma estruturação e análise do pensamento e dos ideais do ativista
acerca da formação e da dinâmica do campo progressista brasileiro, do campo homossexual no Brasil e do Movimento Homossexual Brasileiro, categorias estas
mobilizadas a partir da teoria de Pierre Bourdieu e Alberto Melucci. Além destes dois autores, a pesquisa se baseia em uma tradição teórica e historiográfica referente
ao tema, mobilizando os trabalhos de Peter Fry, Edward MacRae, James N. Green, Renan Quinalha e do próprio Trevisan. As fontes analisadas pelo trabalho são os
textos de Trevisan publicados no jornal Lampião da Esquina, o acervo dos grupos de ativismo homossexual Somos e Outra Coisa, a entrevista de Trevisan para o Memorial
da Resistência de São Paulo e os elementos autobiográficos presentes na obra “Devassos no Paraíso”. Para a análise destas fontes, mobilizo em minha pesquisa o aparato
metodológico desenvolvidos pelas historiadoras Verena Alberti , Vavy Pacheco Borges e Tania Regina de Luca.
371
_____________________________________________________________________________________________________________
O objetivo do trabalho é refletir sobre as aulas e as dinâmicas ministradas no contexto do Programa de Residência Pedagógica de História, via parceria CAPES/UFF, que
ocorre no C.E. Manuel de Abreu (Niterói/RJ). Nosso objetivo será demonstrar o entrelaçamento entre o Ensino de História, a Filosofia e as Ciências Sociais (Antropologia,
Ciência Política e Sociologia) no cotidiano das atividades desenvolvidas. Com a contribuição de outros campos de saberes busca-se o enriquecimento tanto do processo
de ensino-aprendizagem, como da formação docente inicial dos licenciandos, atuando como residentes pedagógicos, e da formação continuada do professor da escola
pública, atuando preceptor, potencializando assim um processo de trans/formação (ANDRADE, 2016). A metodologia empregada visa apresentar diversas situações em
que usamos outras áreas científicas das Ciências Humanas para auxiliar na elaboração do planejamento dos encontros e na construção de conhecimento nas aulas de
História nas quatro turmas de 9º ano do Ensino Fundamental em que atuamos. Nas regências vemos como, em certas temáticas, estes conhecimentos são indissociáveis,
assim como também verificamos como é valioso para a formação docente, de forma mais ampla, ter disciplinas de Ciências Sociais e de Filosofia nas grades curriculares
das licenciaturas em História.
372
_____________________________________________________________________________________________________________
A presente comunicação tem como objetivo abordar a relação dos portugueses ingressos na Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores com o meio rural durante a
Grande Imigração e no Entreguerras. A Hospedaria da Ilha das Flores foi um local criado em 1883 pelo governo imperial com o objetivo de tornar o Brasil um país
receptor de imigrantes europeus. Haja vista que o Rio de Janeiro era uma cidade marcada por forte insalubridade e presença de doenças endêmicas, logo, havia a
necessidade de se construir um local adequado para a recepção dos imigrantes europeus. Desta maneira, a Ilha das Flores foi criada para atuar na recepção, hospedagem
e transporte de imigrantes. O primeiro período que analisaremos é o de 1901-1914, neste momento, o meio rural do Rio de Janeiro foi uma opção escolhida por
imigrantes portugueses interessados em repetir as ocupações que já tinham exercido em terra natal. No Entreguerras notamos que a relação dos portugueses ingressos
na Hospedaria se alterou, o meio rural praticamente sumiu dos registros de imigrantes portugueses na Ilha. Para cumprirmos com o objetivo da comunicação, usaremos
métodos da história quantitativa ao trabalhar com os livros de registros da Hospedaria da Ilha das Flores e os relatórios ministeriais apresentados ao presidente pelo
Ministério da Agricultura como fontes.
373
_____________________________________________________________________________________________________________
Este trabalho objetiva apresentar a metodologia de trabalho para o ensino de história, isso se dar com um projeto instituído em uma escola comunitária do eixo Itaqui-
Bacanga, no bairro especificamente do Anjo da Guarda. Implantando uma proposta de ação, apresenta um modelo que poderá ser seguido para uma simples efetuação
de ação em classe, na escola ou na comunidade, considerando a metodologia de projetos como uma forma eficiente de promover pesquisas e o ensino de história.
374
_____________________________________________________________________________________________________________
Introdução/Justificativa: As escolas comunitárias brotam dentro do movimento pela expansão da escola pública com vista à escolarização das crianças provenientes das
classes baixas através da ação grupal da sociedade organizada, regida no Brasil pela garantia estabelecida na Constituição Federal de 1988 e na LDB 9394/96, no Art.
20, quando destaca que “instituições privadas de ensino se enquadram na categoria de comunitárias, quando são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma
ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas de professores e alunos que incluam na sua entidade mantenedora representantes da comunidade”. A escola
investigada se encontra enquadrada dentro desse contexto, em caráter comunitário privado. Objetivo: Analisar ações de incentivo á pesquisa a partir da disciplina na
escola Instituto Educacional Menino Jesus, escola comunitária localizada no bairro do Anjo da Guarda, eixo Itaqui Bacanga. Fundamentação Teórica: As escolas
comunitárias são conhecidas pela necessidade de melhorias em suas infraestruturas, assim como uma extensão do ensino público. sendo algumas mantidas com o
incentivo dado pelas políticas do município ou estado, ou por meio de recursos federais, assim como, por empresas particulares estas conseguem se organizar para
atender as necessidades da sociedade. Durkheim (2009, p. 100) aponta que “cada tipo de povo tem a sua educação que lhe é própria e que pode servir para defini-lo
da mesma forma que a sua organização moral, politica e religiosa”. E no século XXI, se tornou primordial a fundamentação do ensino por meio de projetos de pesquisas,
com o intuito de formar pesquisadores. Nesse sentindo utiliza-se o que afirma Silva (2001, p.170) “as organizações comunitárias são metamorphoses apoiadas nos
conceitos e representações de escola que temos nos tempos atuais”. Na atualidade o que se observa são políticas educacionais que estão desconforme ao modelo
gramsciano de sociedade.
375
_____________________________________________________________________________________________________________
A Revista do Brasil foi um periódico que começou a circular em 1906, em Salvador, de propriedade de José Alves Requião (dono de alguns diários de imprensa) e era
claramente inspirada em revistas como O Malho, findando suas tiragens em 1912. Sua história e atuação se confundem com as disputas políticas da Bahia dos primeiros
anos da República. Inicialmente, simpatizava com o grupo liderado por José Marcelino e Araújo Pinho (respectivamente, governadores do estado na primeira década
do século XX). Entretanto, já na chamada Campanha Civilista de 1910, vinculou-se às hostes do político J.J Seabra. Entretanto, não só de pelejas políticas vivia a Revista
do Brasil, pois seus proprietários e caricaturistas estavam atentos às lutas travadas na Bahia da época, como as constantes greves e movimentos sociais. Ainda, temos
o intuito de demonstrar que analisar as inúmeras charges, textos e sátiras produzidas por essa fonte é uma forma de entender como a imprensa do período representava
um personagem bastante utilizado por esses veículos na época: o “Zé Povo”. Na Bahia, o “Zé” ganhou características distintas das feições publicadas em outros estados
e se travestiu em uma espécie de adulador das autoridades que Requião apoiava. Por fim, não pretendemos privilegiar uma narrativa que apresente apenas as tramas
internas do poder isoladas da sociedade em que estão inseridas. Pois, o magazine também estava atento aos conflitos sociais que aconteciam em solo baiano.
376
_____________________________________________________________________________________________________________
A pesquisa objetiva compreender os processos, ações e planos orientados à navegação militar e mercante entre o Brasil e a Colômbia, no período de 1867, com a
Abertura do rio Amazonas até 1915, momento de crises da produção de borracha amazónica e da participação de vários países na I Guerra Mundial, quando ocorreu a
redefinição de interesses e ações de diferentes países a respeito da Amazônia e Caribe. Há de se destacar que em 1868 o controle naval brasileiro passou a contar com
a atuação da Flotilha do Amazonas. Nessa conjuntura, é importante discutir as questões relacionadas a política internacional do governo brasileiro com países e seus
interesses no comercio pelos rios dos então chamados "países ribeirinhos", sendo relevante entender os tratados, acordos e documentos que regulavam a navegação,
debates e trânsito de navios de guerra e mercantes, rotas e os elementos de política internacional que impactaram a navegação e vigilância por parte das marinhas
brasileira e colombiana. Mas há necessidade de compreender questões envolvendo outros países amazônicos - caribenhos, que são os que que fazem conexão com a
bacia Amazônica e com o mar Caribe. Seguindo o método do paradigma indiciário de acordo com os ensinamentos de Carlo Ginzburg e as questões que entrecruzam
empiria e teorias na concepção de E.P. Thompson, analiso as correspondências dos ministérios das relações exteriores, obras raras e periódicos pesquisadas em
bibliotecas digitais dos dois países.
377
_____________________________________________________________________________________________________________
O presente trabalho pretende mostrar como a morte trágica de João Urbano de Vasconcelos Suassuna configurou-se como um acontecimento histórico e traumático
responsável por moldar os comportamentos, as práticas, as defesas e vivências de Ariano Vilar Suassuna. João Suassuna, ex-governador da Paraíba, foi assassinado em
1930 em função do conturbado período de brigas no interior da oligarquia que comandava o Estado; durante o acontecimento, o filho Ariano contava apenas com três
anos de idade. Amparado em autores como Jeanne Marie Gagnebin (2006) e Eduardo Dimitrov (2011), e em entrevistas, discursos da ABL (Academia Brasileira de
Letras) e fontes jornalísticas, o estudo tenta mostrar como o dramaturgo é marcado fortemente pelo assassinato do pai, e como transforma e ressignifica a experiência
traumática, demarcando historicamente uma defesa ferrenha pelas tradições. Ariano Suassuna muito recebeu do pai; a biblioteca de João Suassuna, por exemplo, foi
muito importante para a sua formação. Foi nos exemplares deixados por ele que Ariano leu pela primeira vez os livros de Eça de Queiroz, Euclides da Cunha e Aluísio
Azevedo. Em diversos momentos Ariano Suassuna também se orgulha do pai por ter sido um defensor e amante da cultura popular. O pai de Ariano ainda era um
colecionador de folhetos de cordel, colaborando, assim, com João Dantas na coletânea de cordel organizada por Leonardo Motta, Violeiros do Norte, publicada pela
Cia. Graphico-Editora Monteiro Lobato, em 1925.
378
_____________________________________________________________________________________________________________
A questão do estudo, “Quais são os dados sobre a Escola de Inteligência de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro (ESISPERJ), primeira escola de Inteligê3ncia
de Segurança Pública (ISP) no Brasil e a primeira a qualificar profissionais para a recém-criada espécie de Inteligência no Brasil?” tem por objetivo identificar e registrar
esses dados, legais e normativos, a fim de criar um histórico para o ensino de ISP no Brasil. A metodologia está no campo da história política com corpus documental
em atos dos Poderes Legislativo e Executivo. A ISP é criada a partir das intervenções federais de 1994 e de 1995 no estado do Rio de Janeiro devido à onda de crimes
hediondos, sequestros principalmente. Em 01 de janeiro de 1995, o então criado Centro de Inteligência de Segurança Pública (CISP) foi transformado, em 05 de junho
de 2000, na Subsecretaria de Inteligência (SSINTE), criada em 12 de julho de 2002. Aí o início do ensino profissional para profissionalizar a ISP, contudo já havia
capacitações efetivadas pelo órgão. O Decreto Estadual nº 44.528, de 19 de dezembro 2013, renomeou a ESISP: Escola de Inteligência de Segurança Pública do Estado
do Rio de Janeiro (ESISPERJ), reorganizada e implementada pela, a Resolução SESEG nº 737, de 30 de dezembro 2013, no âmbito da SSINTE. Implementada em 2014, a
ESISPERJ seu marco histórico com os cursos de ISP em 2004, persistindo até os dias de hoje nos processos de capacitação, com alguma diversidade de orientações neste
ano de 2023.
379
_____________________________________________________________________________________________________________