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Trabalho de Fundamentos de Teologia Catolica. UCM

Este documento discute a revelação divina, definindo-a como a auto-revelação e auto-doação de Deus ao homem. O documento explora as etapas da revelação, incluindo a origem, Noé, Abraão e a formação do povo de Israel, e descreve Jesus Cristo como a plenitude da revelação. O documento também aborda a revelação divina no diálogo com outras religiões.
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Este documento discute a revelação divina, definindo-a como a auto-revelação e auto-doação de Deus ao homem. O documento explora as etapas da revelação, incluindo a origem, Noé, Abraão e a formação do povo de Israel, e descreve Jesus Cristo como a plenitude da revelação. O documento também aborda a revelação divina no diálogo com outras religiões.
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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

A Revelação Divina

Ercilia Nelson Matsome, Codigo: 708210279

1º Trabalho de campo
Curso: Licenciatura em Ensino de Geografia
Disciplina: Fundamentos de Teologia Catolica
Turma: D
Ano: 2º
Docente: Silvio Anovo

Chimoio, Outubro de 2022


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Categorias Indicadores Padrões Pontuação Nota do
máxima tutor Subtotal
 Capa 0.5
 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliográfica 0.5
 Contextualização
(indicação clara do 1.0
Introdução problema)
 Descrição dos objectivos 1.0
Conteúdo  Metodologia adequada 2.0
ao objecto do trabalho
 Articulação e domínio 2.0
discurso académico
(expressão escrita
Analise e cuidada, coerência/
discussão coesão textual)
 Revisão bibliográfica 2.0
nacional e internacional
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos dados 2.0

Conclusão  Contributos teóricos 2.0


práticos
Aspectos Formatação  Paginação, tipo e 1.0
gerais tamanho de letra,
parágrafo, espaçamento
entre linhas
Referencias Normas APA 6ª  Rigor e coerência das 4.0
Bibliográficas edição em citações/referências
citações e bibliográficas
bibliografia
Recomendações de melhoria

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Índice

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................1
1.1. Objectivos..........................................................................................................................2
1.1.1. Geral................................................................................................................................2
1.1.2. Especificos......................................................................................................................2
1.2.Metodologia............................................................................................................................2
2. REVISÃO DA LITERATURA.................................................................................................3
2.1. Conceito de revelação Divina............................................................................................3
2.2.As etapas da Revelação...........................................................................................................4
2.2.1. Desde a Origem, Deus dá-se a Conhecer........................................................................4
2.2.2. A Aliança com Noé.........................................................................................................4
2.2.3. Deus Elege Abraão..........................................................................................................5
2.2.4. Deus forma o seu Povo Israel..........................................................................................5
2.3.Jesus Cristo o Mediador e plenitude de toda a Revelação......................................................6
2.3.1.No seu Verbo, Deus disse Tudo.......................................................................................6
2.3.2.Já não haverá outra revelação..........................................................................................6
2.4.A revelação divina e o diálogo com as religiões....................................................................7
2.5. A revelação divina e a imagem de Deus................................................................................7
2.6. A revelação divina e a linguagem de Deus............................................................................8
3. CONCLUSÃO........................................................................................................................10
4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................11
1

1. INTRODUÇÃO
A revelação divina acontece no dinamismo da história. E para captarmos a sua
manifestação, “não temos porque chegar a Deus, pela simples razão de que Ele já está sempre
conosco. Não se trata de usar um meio, mas de suprimir obstáculo [...]. Não necessitamos ir
buscá-Lo, porque Ele está se manifestando a nós sempre”. Limitado pela história, o finito nunca
captará, em sua totalidade, o Infinito. Nessa perspectiva, refletiremos este tema da revelação de
Deus a partir da compreensão do mundo hoje.
Entendemos que é impossível estarmos atentos à realidade do mundo em que nos coube
viver, e não nos sentirmos tocados, de forma preocupante, em face da espantosa ascensão das
trevas. Trevas essas que se manifestam, desvelada e escancaradamente, nas mais diversificadas
formas de atrocidades (TORRES QUEIRUGA, 1969). Estarrecidos, acompanhamos, com
sensação de impotência, as ações “humanas” intolerantes e violentas de todos os tipos que se
possa pensar. Jamais imaginaríamos que pudéssemos chegar a pleno século XXI, com tantos
contratestemunhos advindos das ações de seres chamados de gente, mas que, na verdade,
envergonham a raça humana. É a era da espetacularização da morte e de todos os tipos de
violências, espantosas. Vivemos na época marcada pela chamada “pós-verdade”, onde as
opiniões e crenças pessoais se sobrepõem aos fatos objetivos. Não cabem aqui detalhamentos
maiores, pois eclodem inúmeras adjetivações do mal que, infelizmente, poderíamos elencar em
uma lista interminável. Visto a partir da experiência cristã, entendemos que esse quadro
estarrecedor do mundo hodierno evidencia que o homem perdeu o horizonte de Deus.
A Revelação é mais do que comunicação de leis, de preceitos e de informações. Deus, em
sua bondade e condescendência, se aproxima para se revelar e se doar ao homem e para lhe
revelar o seu desígnio de salvação. A revelação divina é autorrevelação e autodoação
(AGOSTINO, 2007).

O que Deus revela não é algo alheio ao próprio Deus. O objeto da revelação não é
primeiramente um conjunto de ideias e de doutrinas, mas é o próprio Deus: Ele mesmo se revela.
Assim o sujeito e o objeto da revelação coincidem. Por isso usa-se o termo autorrevelação.
Revelação não é mera comunicação de proposições e mensagens. Se fosse só isso, bastaria para Deus
usar o e-mail ou o facebook (CATALAN, 2008). A revelação divina, porém, é a comunicação da
própria vida de Deus. Ao se revelar, Deus se comunica a si mesmo ao homem. O que Deus dá na sua
revelação é a si mesmo. Por isso diz-se que a revelação é autodoação.
2

1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
Estudar sobre a Revelação Divina.
1.1.2. Especificos
Conceituar a Revelaçcao Divina;
Apresentar as etapas da Revelacao;
Descrever a Revelacao Divina no Novo Testamento;
Mencionar as correntes face a revelacao.

1.2.Metodologia
Para a estruturacao e elaboracao do presente trabalho, realizou-se uma pesquisa descritiva
de abordagem qualitativa, atraves de levantamento bibliografico e consulta na internet em livros,
revistas, artigos, visita as paginas electronicas, analise de textos e trabalhos publicados escrito em
parte ou no seu todo, bem como outras publicacoes ligado ao temaem analise nesta pesquisa.
3

2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Conceito de revelação Divina
A Revelação deriva do grego apokalypsis, epiphaneia, delosis; do latim, revelatio,
manifestatio e significa que Deus se conhece por Deus. Dito de outra forma, esses verbos gregos
e latinos significam: “descobrir, tirar o véu. ‘Deus habita em luz inacessível, de modo que
nenhum homem o viu, nem o pode ver’ (1Tm 6,16). Mas ele levantou o véu impenetrável, se
revelou”. Ou seja, a percepção da revelação divina está diretamente atrelada à automanifestação
do Transcendente. A revelação divina é fomentada pela Palavra, cuja obra da criação fez surgir
(Gn 1,1). “Com a sua palavra criadora, ele saiu da - LUZ inacessível e revelou-se, fez-se – por
assim dizer – conhecer” (CATALAN, 2008).
Ao refletirmos, portanto, sobre a concepção de revelação como autocomunicação do divino,
falando a partir da perspectiva bíblica do termo, é necessário irmos além da definição teológica
comum da revelação, isto é, aquela que contém um discurso divino afirmando uma proposição,
pois seria apenas a comunicação de uma proposição. “Nenhuma palavra particular ou grupo de
palavras em hebraico ou grego pode ser registrada como expressando a ideia; revelação é um
termo amplo que envolve diversas ideias com ela relacionadas”. O homem considera o Divino
como algo misterioso, cuja manifestação é um evento extraordinário.
A Revelação é a característica peculiar da nossa fé cristã. De fato, o cristianismo não é
mera religião formada de ritos, mitos e normas morais, tampouco é religião do livro. O
cristianismo vive da experiência histórica da manifestação pessoal de Deus (=Revelação). A
revelação é uma atividade pessoal de Deus. Não é uma ação necessária ou um processo
involuntário de Deus, como uma emanação. Como ação pessoal, Deus empenha seu próprio ser e
inclui a si mesmo na revelação. Além disso, a revelação é um gesto de amor no qual o Deus
transcendente condescende para se fazer próximo do homem e para o chamar à comunhão
consigo (ALBERTZ, 1999).
Ao mesmo tempo que se revela a si mesmo, Deus manifesta ao homem o seu desígnio de
salvação. A revelação é uma verdade e uma realidade salvadora. Deus se dirige ao homem num
diálogo de amor. Esta revelação, que procede do amor de Deus, persegue também uma obra de
amor: Deus quer que o homem se introduza na sociedade de amor que é a Trindade. Pela
revelação, Deus vence a distância infinita que separa o Criador da criatura. O Altíssimo, o
Transcendente se torna próximo, o Deus conosco, o Emanuel. Deus sai de seu mistério,
4

condescende e se torna presente ao homem para estabelecer com este uma relação de salvação e
de amizade. Essa ação é designada por este termo: “revelação”. O plano da salvação de Deus
consiste em fazer com que a pessoa humana participe da natureza divina e receba a filiação
divina. O ser “capaz de Deus” acede assim a uma nova ordem do ser: ele é chamado por Deus a
ser mais do que ele é (ALBERTZ, 1999).

2.2.As etapas da Revelação


2.2.1. Desde a Origem, Deus dá-se a Conhecer
Deus, criando e conservando todas as coisas pelo Verbo, oferece aos homens um
testemunho perene de Si mesmo nas coisas criadas, e, além disso, decidindo abrir o caminho da
salvação sobrenatural, manifestou-se a Si mesmo, desde o princípio, aos nossos primeiros pais.
Convidou-os a uma comunhão íntima consigo, revestindo-os de uma graça e justiça
resplandecentes. Esta Revelação não foi pelo pecado dos nossos primeiros pais. Com efeito,
Deus, «depois da sua queda, com a promessa de redenção, deu-lhes a esperança da salvação, e
cuidou continuamente do gênero humano, para dar a vida eterna a todos aqueles que,
perseverando na prática das boas obras, procuram a salvação». «E quando, por desobediência,
perdeu a vossa amizade, não o abandonastes ao poder da morte [...] Repetidas vezes fizestes
aliança com os homens» (LIBANIOU & MEIRAD, 1998).

2.2.2. A Aliança com Noé


Desfeita a unidade do gênero humano pelo pecado, Deus procurou imediatamente, salvar a
humanidade intervindo com cada uma das suas partes. A aliança com Noé, a seguir ao dilúvio,
exprime o princípio da economia divina em relação às «nações», quer dizer, em relação aos
homens reagrupados «por países e línguas, por famílias e nações» (Gn 10,5).

Esta ordem, ao mesmo tempo cósmica, social e religiosa da pluralidade das nações,
destinava-se a limitar o orgulho duma humanidade decaída, que, unânime na sua perversidade,
pretendia refazer por si mesma a própria unidade, à maneira de Babel. Mas, por causa do pecado,
quer o politeísmo quer a idolatria da nação e do seu chefe são uma contínua ameaça de perversão
pagã a esta economia provisória (LIBANIOU & MEIRAD, 1998).

.
5

A aliança com Noé permanece em vigor enquanto durar o tempo das nações, até à proclamação
universal do Evangelho. A Bíblia venera algumas grandes figuras das «nações», como «o justo
Abel», o rei e sacerdote Melquisedec, figura de Cristo, ou os justos «Noé, Daniel e Jó» (Ez
14,14). Deste modo, a Escritura exprime o alto grau de santidade que podem atingir os que vivem
segundo a aliança de Noé, na expectativa de que Cristo «reúna, na unidade, todos os filhos de
Deus dispersos» (Jo 11,52).

2.2.3. Deus Elege Abraão


Para reunir a humanidade dispersa, Deus escolhe Abrão, chamando-o para «deixar a sua
terra, a sua família e a casa de seu pai» (Gn 12,1), para fazer dele “Abraão”, quer dizer, «pai de
um grande número de nações» (Gn 17,5): «Em ti serão abençoadas todas as nações da Terra» (Gn
12,3). O povo descendente de Abraão será o depositário da promessa feita aos patriarcas, o povo
eleito, chamado a preparar a reunião, um dia, de todos os filhos de Deus na unidade da Igreja.
Será o tronco em que serão enxertados os pagãos tornados crentes. Os patriarcas, os profetas e
outras personagens do Antigo Testamento foram, e serão sempre, venerados como santos em
todas as tradições litúrgicas da Igreja (LIBANIOU & MEIRAD, 1998).

2.2.4. Deus forma o seu Povo Israel


Depois dos patriarcas, Deus formou Israel como seu povo, salvando-o da escravidão do
Egito. Concluiu com ele a aliança do Sinai e deu-lhe, por Moisés, a sua Lei, para que Israel O
reconhecesse e O servisse como único Deus vivo e verdadeiro, Pai providente e justo Juiz, e
vivesse na expectativa do Salvador prometido. Israel é o povo sacerdotal de Deus, sobre o qual
«foi invocado o Nome do Senhor» (Dt 28,10). É o povo daqueles «a quem Deus falou em
primeiro lugar», o povo dos «irmãos mais velhos» na fé de Abraão.

Pelos profetas, Deus forma o seu povo na esperança da salvação, na expectativa duma
aliança nova e eterna, destinada a todos os homens, e que será gravada nos corações. Os profetas
anunciam uma redenção radical do povo de Deus, a purificação de todas as suas infidelidades,
uma salvação que abrangerá todas as nações. Serão sobretudo os pobres e os humildes do Senhor
os portadores desta esperança. As mulheres santas como Sara, Rebeca, Raquel, Miriam, Débora,
Ana, Judite e Ester conservaram viva a esperança da salvação de Israel. Maria é a imagem
puríssima desta esperança (BALTHASAR, 1968).
6

2.3.Jesus Cristo o Mediador e plenitude de toda a Revelação


2.3.1.No seu Verbo, Deus disse Tudo
Muitas vezes e de muitos modos falou Deus antigamente aos nossos pais, pelos Profetas.
Nestes dias, que são os últimos, falou-nos pelo seu Filho (Hb 1,1-2). Cristo, Filho de Deus feito
homem, é a Palavra única, perfeita e insuperável do Pai. N'Ele, o Pai disse tudo. Não haverá
outra palavra além dessa. São João da Cruz, após tantos outros, exprime-o de modo luminoso, ao
comentar Hb 1,1-2: Ao dar-nos, como nos deu, o seu Filho, que é a sua Palavra – e não tem outra
– (Deus) disse-nos tudo ao mesmo tempo e de uma só vez nesta Palavra única e já nada mais tem
para dizer. [...] Porque o que antes disse parcialmente pelos profetas, revelou-o totalmente,
dando-nos o Todo que é o seu Filho. E por isso, quem agora quisesse consultar a Deus ou pedir-
Lhe alguma visão ou revelação, não só cometeria um disparate, mas faria agravo a Deus, por não
pôr os olhos totalmente em Cristo e buscar fora d'Ele outra realidade ou novidade (ADORNO,
1968).

2.3.2.Já não haverá outra revelação


Portanto, a economia cristã, como nova e definitiva aliança, jamais passará, e já não se há
de esperar nenhuma nova revelação pública antes da gloriosa manifestação de nosso Senhor Jesus
Cristo». No entanto, apesar de a Revelação já estar completa, ainda não está plenamente
explicitada. E está reservado à fé cristã apreender gradualmente todo o seu alcance, no decorrer
dos séculos.
No decurso dos séculos tem havido revelações ditas «privadas», algumas das quais foram
reconhecidas pela autoridade da Igreja. Todavia, não pertencem ao depósito da fé. O seu papel
não é «aperfeiçoar» ou «completar» a Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a vivê-la mais
plenamente, numa determinada época da história. Guiado pelo Magistério da Igreja, o sentir dos
fiéis sabe discernir e guardar o que nestas revelações constitui um apelo autêntico de Cristo ou
dos seus santos à Igreja. A fé cristã não pode aceitar «revelações» que pretendam ultrapassar ou
corrigir a Revelação de que Cristo é a plenitude. É o caso de certas religiões não-cristãs, e
também de certas seitas recentes fundadas sobre tais «revelações» (LIBANIO & MEIRAD,
1998).
7

2.4.A revelação divina e o diálogo com as religiões


Como as religiões podem contribuir para que o fiel possa perceber a Deus, em meio a
tantos estímulos que o mundo oferece? Quem está em condições de captar a presença do
Transcendente na história? Qual religião está apta a revelar Deus? São apenas algumas questões
para início de conversa. A partir da autocompreensão cristã, que é de onde refletimos, tendo
como fundamento a teologia da revelação de Torres Queiruga, entendemos que o tema do diálogo
das religiões é, por si só, de alta complexidade, por se tratar da delicada tessitura do Mistério e
suas implicações transcendentais. O teólogo galego pondera que “toda pessoa está, em princípio,
em condições de reconhecer-se na interpretação que se propõe a ela ou de rechaçá-la, se não a
convence, ou de propor uma interpretação alternativa”. Entendemos que o fiel que dedica um
pouco de sua atenção ao mistério divino revelado em Jesus de Nazaré perceberá que, na
revelação do Deus que Jesus pôs a descoberto, tudo será transformado, transfigurado (GARCIA,
1993).
Compreendemos que para essa empreitada é preciso estarmos muito atentos à atual
insuficiência da linguagem para expressar a nova compreensão da revelação do Mistério. Faz-se
necessário termos consciência dos limites da autocompreensão, a fim de irmos elaborando,
conjuntamente, uma compreensão mais universal da percepção do amor de Deus, destinado a
todos. Daí a sugestão de Torres Queiruga em substituir a palavra diálogo por encontro. Vejamos:
Talvez por isso convenha inclusive ir substituindo – ou pelo menos completando –
a própria palavra “diálogo” pela palavra “encontro” [...]. O diálogo pode
implicar conotação de uma verdade que já se possui plenamente e que vai ser
“negociada” com o outro, que também já tem a sua. O encontro, pelo contrário,
sugere muito mais um sair de si, unindo-se ao outro para ir em busca daquilo que
está diante de todos (PADILHA, 2014).
Entendemos que em algumas posições, dependendo de onde o interlocutor está situado, as
propostas podem ser assimiladas positivamente de diferentes formas, a depender da cosmovisão
dos interlocutores.

2.5. A revelação divina e a imagem de Deus


Cultivar uma imagem genuína do Deus amoroso ao longo de uma história bimilenar, no
meio de uma realidade cultural secular e globalizada e com dimensões planetárias, nem sempre
constitui tarefa fácil. Sabemos que muitos “penduricalhos” são jogados em cima da imagem
8

divina, cuja responsabilidade de fazer eclodir a originária recai sobre a teologia da revelação.
Sabemos que, tendo em vista a necessidade pastoral de oferecer ao mundo de hoje uma genuína
imagem de Deus – revelada plenamente em Jesus Cristo, Andrés Torres Queiruga tem dispensado
muito de suas energias e atenção.
É possível perceber essa sua preocupação, de maneira muito sutil, na simples observação
dos títulos de suas próprias obras. Só para citar alguns, o modo como ele as “batiza” revela
claramente a imagem de Deus que advoga: Um Deus para hoje; Alguien asi es el Dios em quien
yo creo; Creer de outra manera; Creio em Deus Pai: o Deus de Jesus Cristo como afirmação
plena do humano; Esperança apesar do mal: a ressurreição como horizonte; Repensar a
revelação: a revelação divina na realização humana, etc. São títulos que emitem não somente
uma imagem de Deus, como também o resultado da genuína percepção dessa imagem como
condição para a realização humana, a começar por este último. Por aí percebemos uma imagem
de Deus atualizada no hoje da história (OLIVEIRA, 2011).

2.6. A revelação divina e a linguagem de Deus


A revelação divina não cria uma linguagem própria e hermética, senão, certamente, seria
algo inútil para a sua assimilação. Contudo, ela deve transformar a linguagem do cotidiano da
vida de modo que, através dessa linguagem acessível a todos, o mistério possa aparecer. É
mediante a linguagem que se faz a proclamação da fé chegar ao homem concreto. “De fato, a
proclamação da fé jamais se dirige ao ser humano em geral, pois este nunca existiu, porém
sempre a homens e mulheres vivendo numa época histórica e numa sociedade concreta”. A
questão da linguagem de Deus, como assim nos referimos, entendendo essa como linguagem
religiosa utilizada na transmissão da fé revelada, é considerada pelo teólogo galego com algo
difícil, mas essencial (ORIGENES, 2016).
Não é questão de carregar ainda mais a consideração com novas análises
deste tema difícil de abordar, mas que espero, está suficientemente claro e
sugestivo. Contudo, faltaria algo essencial à abordagem, se não se dissesse ao
menos alguma coisa acerca da linguagem religiosa. Nela se revela
necessariamente a índole e a experiência reveladora que a sustenta e, por sua vez,
constitui o ponto de sua decisiva iluminação.
Esse ponto de decisiva iluminação da revelação de Deus, mediante a índole e a experiência
reveladora da linguagem religiosa, que põe a descoberto a plenitude do Mistério, nunca é
9

absolutamente comunicável no sentido em que o próprio termo parece transparecer.


Naturalmente, a comunicação da fé revelada numa nova cultura, ao longo de sua história, sempre
enfrentou obstáculos, críticas e negações. “Isso exigia uma verdadeira revolução, que ameaçava a
própria continuidade da fé”. É preciso levar em conta conscientemente que a linguagem de Deus
sempre será “prejudicada”, uma vez que está sujeita à limitação humana. Entretanto, as
limitações e dificuldades nunca devem se sobrepor ao querer divino que é a realização última do
ser humano. Realização que se dá com Deus, que sempre vem em favor do humano (MARSILI,
2000).
A certeza da fé e a inquietude da espera farão parte da luta do teólogo, uma
luta que ele deverá travar com sua experiência de Deus, pois o fazer teológico se
faz com aquilo que se acredita, com aquilo que dá sentido e razão no existir; o
fazer teológico se faz na entrega e, principalmente, no serviço. Discursar sobre
Deus, teologicamente, é falar da realização última do ser humano com Deus, do
encontro escatológico, da plenificação humana e da concreta ação de Deus que
vem em nosso favor.
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3. CONCLUSÃO
A Revelação é a característica peculiar da nossa fé cristã. De fato, o cristianismo não é
mera religião formada de ritos, mitos e normas morais, tampouco é religião do livro. O
cristianismo vive da experiência histórica da manifestação pessoal de Deus (=Revelação). A
revelação é uma atividade pessoal de Deus. Não é uma ação necessária ou um processo
involuntário de Deus, como uma emanação. Como ação pessoal, Deus empenha seu próprio ser e
inclui a si mesmo na revelação. Além disso, a revelação é um gesto de amor no qual o Deus
transcendente condescende para se fazer próximo do homem e para o chamar à comunhão
consigo.

No decurso dos séculos tem havido revelações ditas «privadas», algumas das quais foram
reconhecidas pela autoridade da Igreja. Todavia, não pertencem ao depósito da fé. O seu papel
não é «aperfeiçoar» ou «completar» a Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a vivê-la mais
plenamente, numa determinada época da história. Guiado pelo Magistério da Igreja, o sentir dos
fiéis sabe discernir e guardar o que nestas revelações constitui um apelo autêntico de Cristo ou
dos seus santos à Igreja. A fé cristã não pode aceitar «revelações» que pretendam ultrapassar ou
corrigir a Revelação de que Cristo é a plenitude. É o caso de certas religiões não-cristãs, e
também de certas seitas recentes fundadas sobre tais revelações.
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4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ADORNO, Theodor W.(1985). Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos.
Trad. Guido Antônio de Almeida. Rio de Janeiro: Zahar.
2. AGOSTINI, Frei Nilo. (2007). Revelação e história: uma abordagem a partir da Gaudium
et Spes e da Dei Verbum. São Paulo: Paulinas.
3. ALBERTZ, R. (1999). História de la religión de Israel en el tempo del Antigo
Testamento. 2 volumes. Madrid: Editorial Trotta.
4. BALTHASAR, H.U. (1968). Seriedad con las cosas. Córdula o el caso auténtico,
Salamanca: Ediciones Sigueme.
5. CATALÁN, Joseph Otón. (2008). A experiência mística e suas expressões. Trad. M. J.
Rosado; Thiago Gambi. São Paulo: Edições Loyola.
6. GARCIA, JOSÉ A. (1993). Creio em Deus Pai: o Deus de Jesus como afirmação plena do
humano. Trad. I. F. L. Ferreira. São Paulo: Paulus.
7. LIBANIO,J. & MEIRAD, A. (1998). Introducao a teologia. São Paulo: Edicoes Loyala.
8. MARSILI. S. (2000). História da literatura cristã antiga grega e latina – Vol I: De
Paulo à era constantiniana. São Paulo: Loyola.
9. MELLO, Anthony. (2003. O canto do pássaro. Trad. Heber Salvador de Lima. 11. ed.
São Paulo: Edições Loyola.
10. OLIVEIRA, P. R. (2011). Religião e Educação para a cidadania. São Paulo: Paulinas;
Belo Horizonte: Soter.
11. ORÍGENES. (2016). Homilias sobre o Evangelho de São Lucas. Trad. Luís Carlos Lima
Capinetti. São Paulo: Paulus.
12. PADILHA, C. René. (2014). Missão integral: o reino de Deus e a Igreja. Viçosa/MG:
Ultimato.
13. TORRES QUEIRUGA, A. (1969). A dialética del devenir teológico según Amor Ruibal
y la crisis actual de la teologia. Compostellanum.

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