RADIO: A POESIA DO SUBÚRBIO
Neste capitulo o autor fala sobre a função social do rádio durante o período
1930 a 1945. Como o surgimento desta nova tecnologia influenciou o pensamento
das pessoas do subúrbio, e criou um novo mercado musical. O radio foi a principal
ferramenta para a divulgação da musica negra no brasil, já que o radio divulgava a
musica de uma maneira discreta sem a exposição da imagem.
Passava se a ideia que ser cantor de rádio e jogador de futebol eram profissões
fáceis e que se ganhava muito dinheiro com isso. A ideia de que cantores e jogadores
ganhavam mais que políticos se sustenta ate os dias de hoje. Sendo assim, apenas os
grandes lucros das emissoras de rádio podiam justificar os altos salários pagos a
cantores como Francisco Alves e Carmem Miranda.
A revolução que o radio fez no pais, foi que os artistas do Rio de Janeiro
ficaram muito conhecidos no Brasil inteiro, e em todos os estados, artistas como
Orlando Silva, se tornaram mais famosos do que os artistas locais.
Os próximos passo da industria cultural, seria a implementação visual, com as
capas de discos e o cinema. Porém, durante os anos 30 o ato de ouvir se impôs como
o principal foco do mercado cultural. Os anúncios da rádio também tiveram uma
grande importância nessa revolução que a rádio proporcionou. Esses anúncios que
eram tocados na rádio tinham um diferencial dos anúncios de jornal. Eles podiam
passar muito mais emoção do que um algo escrito, ou uma imagem. Uma estratégia
que foi utilizada nessa época, usar os anúncios de rádio, com um locutor que seduzia
os consumidores com a voz e induzi-los a desejar o produto. Foi também nessa época
que surgiram os fãs: pessoas que idolatravam os artistas e cantores que tocavam nas
rádios. Para David Nasser, os fãs surgiram nessa época e foi um produto dos
programas de rádio.
O rádio assegurava uma perpetua emoção, diferente do cinema que era
temporário. Isto quer dizer, que na rádio as pessoas podiam ficar o dia inteiro
consumindo àquele conteúdo, já que estava disponível na casa da pessoa, e ela
poderia ligar na hora que quiser, e ouvir os programas.
-"E muito bem: o rádio era “Orlando Silva, Stokowski, Celso Guimarães,
samba, Vicente Celestino, é romance, é libertação, é sonho – tudo isso dentro de
nossa casa. E – repita-se – a “poesia da vida” na sala de jantar, em cima de um móvel,
sobre um pano de “crochet”. Seria possível querer mais por tão pouco?” (pg 78)
-"O radio mostrava a vida suburbana" (pg 78)
-"Isso porque o radio depende das pessoas do subúrbio, que se tornam fãs
afissurados por ícones, e não eventuais ouvintes da classe alta. já que as pessoas da
classe alta sempre tinham lugar para ir, como teatos, concertos, casino. já o pobre
sempre fica em casa, ouvindo a radio o dia inteiro, e vira e mexe, troca de estação.
(Nelson Rodrigues)" (pg 79)
-“Distanciamento espacial não mais implica em distanciamento temporal,
permitiu mais liberdade de imaginário por meio de um novo “sentido de “agora” não
mais ligado a um determinado lugar”. (John Thompson)
Por um lado, uma democratização da música, algo que fez com que ouvir
música fosse mais acessível para toda população, sobretudo uma música que
representasse o subúrbio, mas, por outro, a criação de um produto de consumo,
totalmente ligado à industria e a massificação da arte, que já se era possível
questionar se realmente era arte ou simplesmente uma ferramenta da propaganda. O
rádio, como todas as mídias teve sua importância na história, e revolucionou o modo
de se pensar a música e qual sua finalidade na sociedade.