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Geoconservação no Rio Grande do Sul

Este artigo apresenta uma revisão dos conceitos de geodiversidade, geopatrimônio e estratégias de geoconservação. Analisa abordagens e métodos de avaliação e discute a aplicabilidade desses conceitos no Rio Grande do Sul, Brasil.

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Geoconservação no Rio Grande do Sul

Este artigo apresenta uma revisão dos conceitos de geodiversidade, geopatrimônio e estratégias de geoconservação. Analisa abordagens e métodos de avaliação e discute a aplicabilidade desses conceitos no Rio Grande do Sul, Brasil.

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Geodiversity and geoheritage as a basis for geoconservation strategies:


Concepts, approaches, assessment methods, and applicability to the context
of the Rio Grande do Sul State

Article in Pesquisas em Geociências · January 2011

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1 author:

Andre Weissheimer de Borba


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Pesquisas em Geociências, 38 (1): 03-13, jan./abr. 2011 ISSN 1518-2398
Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil E-ISSN 1807-9806

Geodiversidade e geopatrimônio como bases para estratégias de


geoconservação: conceitos, abordagens, métodos de avaliação e
aplicabilidade no contexto do Estado do Rio Grande do Sul
André Weissheimer de BORBA
Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, Divisão de Assessoramento Técnico, Unidade de Assessoramento
Ambiental (UAA/DAT/MPRS), Rua Gen. Andrade Neves, 106, 10º Andar, CEP: 90010-210, Centro, Porto Alegre, RS,
Brasil. E-mail: [email protected].
Recebido em 07/2010. Aceito para publicação em 04/2011.
Versão online publicada em 17/10/2011 (www.pesquisasemgeociencias.ufrgs.br)

Resumo - O presente trabalho apresenta uma revisão dos conceitos de geodiversidade, geopatrimônio
e outros relacionados às estratégias de geoconservação e gestão de geoparques. Essas estratégias atual-
mente aproximam os geocientistas das questões da conservação da natureza, do ordenamento territo-
rial e do desenvolvimento sustentável de comunidades rurais. São analisadas, de forma crítica, as dife-
rentes abordagens e métodos de avaliação da geodiversidade e do geopatrimônio. Ao final, é apresenta-
do um breve panorama da geodiversidade do Rio Grande do Sul, com a sugestão de alguns contextos nos
quais seria importante a adoção de estratégias de geoconservação ou a implantação de geoparques. O
objetivo desta revisão, além de marcar premissas para uma linha de pesquisa que se inicia, é disseminar
os conceitos e práticas relacionados ao assunto aos geocientistas do Rio Grande do Sul..
Palavras-chave - Geodiversidade, geopatrimônio, geoconservação, geoparques, Rio Grande do Sul.

Abstract - GEODIVERSITY AND GEOHERITAGE AS A BASIS FOR GEOCONSERVATION STRATEGIES: CONCEPTS,


APPROACHES, ASSESSMENT METHODS, AND APPLICABILITY TO THE CONTEXT OF THE RIO GRANDE DO SUL STATE. This
paper presents a review of geodiversity, geoheritage, and other concepts related to geoconservation
practices and geopark management. Such strategies bring the geoscientists near to the issues of nature
conservation, territorial management, and sustainable development in rural areas. The different
approaches and methods for assessing geodiversity and geoheritage are critically analyzed. Finally, a
brief scenario of the geodiversity of Rio Grande do Sul is presented, pointing out some contexts in which
geoconservation and/or geopark establishment could be important. The present review aims to mark
some starting points for a research on the subject, as well as for spreading these concepts and practices
to the geoscientists of the Rio Grande do Sul State.
Keywords - Geodiversity, geoheritage, geoconservation, geoparks, Rio Grande do Sul State.

1. Introdução gens, além dos processos ativos de vulcanismo,


hidrotermalismo, intemperismo, formação de solo,
Os movimentos de conservação da natureza erosão, transporte e sedimentação. A manutenção
sempre tiveram uma clara ênfase na proteção da da integridade e da funcionalidade desses sistemas
biodiversidade (Myers et al., 2000). As iniciativas terrestres (ou geossistemas) é fundamental para a
governamentais de implantação de unidades de qualidade de vida das sociedades e determinante
conservação (parques, reservas, etc.), em todas as para o equilíbrio dos ecossistemas e para a própria
partes do mundo, quase sempre tiveram como obje- vida na Terra (Santucci, 2005; Gray, 2005). Por isso,
tivo fundamental a proteção da flora e da fauna. entende-se hoje em dia que os esforços no sentido
Como consequência, feições geológicas e geomor- da conservação da natureza devam ser planejados
fológicas importantes têm sido conservadas ape- e executados de forma integrada, utilizando-se,
nas de forma indireta. É necessário lembrar, no além dos conceitos relacionados às biociências,
entanto, que a natureza é composta por duas por- também o conhecimento geocientífico (Brilha,
ções fortemente conectadas, interdependentes e, 2002).
na prática, inseparáveis (Brilha, 2002): as frações Nas últimas duas décadas, os conceitos de
biótica e abiótica. Essa última é composta por geodiversidade e geopatrimônio (Stanley, 2000;
rochas, fósseis, minerais, formas de relevo e paisa- Gray, 2004; Koslowski, 2004; Rodrigues & Fonseca,

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2008) surgiram para aproximar os geocientistas nos, sociais e ambientais muito maiores que a
das questões da conservação da natureza, do orde- exploração econômica das mesmas áreas.
namento territorial e do desenvolvimento susten- Avaliar e quantificar a geodiversidade de um
tável das comunidades rurais. Tais conceitos, atual- território não constituem tarefas simples
mente, em diversas partes do mundo, formam a (Grandgirard, 1999), e as metodologias utilizadas
base para as estratégias reunidas sob a designação para esse fim podem empregar o estabelecimento
de geoconservação (Sharples, 2002): preservação de arcabouços geológicos de consenso entre espe-
e valorização da porção abiótica da natureza. A cialistas (García-Cortés et al., 2001; Brilha et al.,
geoconservação envolve: proteção legal das feições 2005), o uso de algoritmos matemáticos (Serrano-
geológicas e geomorfológicas de destaque em uni- Cañadas & Ruiz-Flaño, 2007), a confecção de
dades de conservação; valorização da geodiversi- mapas e avaliações comparativas com outras áreas
dade e do geopatrimônio junto às comunidades (Panizza, 2009). Realizar um inventário do geopa-
locais; educação geocientífica de crianças, jovens e trimônio de uma região ou de um país também é
adultos; e ainda geoturismo consciente, qualifica- uma atividade complexa, envolvendo principal-
do e sustentável, trazendo recursos externos e mente consulta a especialistas mediante listas de
movimentando a economia local (Brilha, 2005). critérios previamente estabelecidos (Bruschi,
Uma das estratégias mais bem sucedidas, nesse 2007; Lima et al., 2010). Após a definição dos ele-
sentido, tem sido o estabelecimento de geopar- mentos e feições dignos de conservação, ou seja, do
ques, através de redes de cooperação continentais geopatrimônio, as estratégias para sua proteção e
e de uma rede global (Global Geoparks Network, divulgação também são diversificadas e dependem
GGN), sob os auspícios da UNESCO. Os geoparques da situação de cada afloramento, paisagem ou sis-
reconhecidos e certificados pela GGN constituem tema geomorfológico ativo (Gray, 2008). Conside-
territórios dotados de um geopatrimônio singular rando-se todas essas variáveis e no sentido de inici-
e que instituam uma estrutura de gestão voltada ao ar uma linha de pesquisa voltada à temática da geo-
desenvolvimento sustentável e à geoconservação conservação, os objetivos deste trabalho são: (1)
(Zouros, 2004; McKeever & Zouros, 2005). revisar, de forma abrangente, os conceitos e abor-
O conceito de geodiversidade, entretanto, é dagens disponíveis na literatura especializada para
amplo e abrangente, permitindo diferentes inter- os termos geodiversidade, geopatrimônio e geo-
pretações e abordagens. Instituições ou profissio- conservação, marcando algumas premissas para a
nais ligados aos setores da exploração e pesquisa pesquisa; (2) apresentar, de maneira crítica, os
mineral têm utilizado o termo para designar a métodos de avaliação da geodiversidade e de defi-
diversidade de materiais geológicos existentes em nição do geopatrimônio de áreas mais ou menos
determinada área, com foco em suas aplicações e extensas; e (3) discutir brevemente a aplicabilida-
limitações ao uso (e.g. CPRM, 2009). A abordagem de desses conceitos e estratégias ao contexto geo-
citada acima ainda vê os recursos da geodiversida- lógico do Rio Grande do Sul. Objetiva-se, dessa for-
de prioritariamente em sua vertente econômica, ma, disseminar os conceitos e metodologias aqui
como “recursos minerais e energéticos”. No entan- revisados a um público especializado e diretamen-
to, a geodiversidade possui uma série de valores te envolvido, no presente ou no futuro, com a defi-
que vão muito além dessa visão voltada à explora- nição do geopatrimônio do Rio Grande do Sul e com
ção (Gray, 2005; Brilha, 2005): valores intrínsecos as estratégias para sua conservação: os próprios
ou de existência; valores culturais, como a influên- geocientistas rio-grandenses.
cia da paisagem sobre as tradições, folclore e len-
das; valores estéticos, relacionados à contempla-
ção, inspiração artística ou prática de esportes de 2. Geodiversidade: conceito e métodos de avali-
aventura na natureza; valores funcionais, inclusive ação
como substrato indispensável para os ecossiste-
mas e biomas terrestres e marinhos; e valores cien- O conceito de geodiversidade foi introduzi-
tífico-educacionais, relacionados à definição da do, ainda nos anos 1990 (Sharples, 1993), no senti-
evolução geológica das áreas e à formação de novos do de estabelecer uma analogia com o termo biodi-
profissionais de geociências. Muitos desses valo- versidade, para salientar o fato de que a natureza é
res, quando bem explorados, com ética e respeito à composta por duas frações, biótica e abiótica, pro-
natureza, têm o potencial de gerar benefícios huma- fundamente conectadas e interdependentes. A ori-

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gem do termo geodiversidade está ligada a um dade natural da superfície da Terra, em seus aspec-
momento histórico posterior à Conferência da ONU tos geológicos, geomorfológicos, de solos e águas
do Rio de Janeiro, em 1992, durante as discussões superficiais, bem como outros sistemas resultan-
sobre as maneiras adequadas de se atingir o desen- tes de processos naturais ou atividades humanas”.
volvimento sustentável (Sharples, 2002; Hjort & Essa visão, de acordo com Serrano Cañadas & Ruiz
Luoto, 2010). Em sua própria origem, percebe-se Flaño (2007), é mais ampla e integradora, cobrindo
um viés conservacionista para o assunto. O termo toda a diversidade de partículas, elementos e sítios
geodiversidade constitui, segundo Gray (2004; que materializam a variabilidade da natureza abió-
2008), uma abreviação de “diversidade geológica e tica. Serrano Cañadas & Ruiz Flaño (2007) inclusi-
geomorfológica”. Com foco nos processos de forma- ve acrescentam ainda ao conceito de geodiversida-
ção e evolução terrestre, Stanley (2000) definiu de “elementos litológicos, tectônicos, geomorfoló-
geodiversidade como “a variedade de ambientes, gicos, pedológicos, hidrológicos e topográficos,
fenômenos e processos geológicos que produzem além de processos físicos na superfície da Terra,
paisagens, rochas, minerais, solos e outros depósi- nos mares e nos oceanos”. A inclusão do termo “ati-
tos superficiais formadores do arcabouço que sus- vidades humanas” por Koslowski (2004) poderia,
tenta a vida na Terra”. Gray (2004), por sua vez, segundo J. Brilha (comun. pessoal, 2009), ensejar
focalizou os produtos geológicos e definiu geodi- uma indesejável superposição com o patrimônio
versidade como “a variedade (ou diversidade) natu- cultural construído pela humanidade. Embora isso
ral de feições ou elementos geológicos (rochas, realmente possa ocorrer, compreende-se que os
minerais, fósseis), geomorfológicos (formas de “(...) sistemas resultantes de (...) atividades huma-
relevo ou processos ativos) e de solo, incluindo nas”, para Koslowski (2004), não seriam sítios edi-
suas associações, relações, propriedades, interpre- ficados pelo homem, mas sim as mudanças antro-
tações e sistemas”. Hoje, conforme sustentado por pogênicas que têm promovido, sobretudo a partir
Gray (2008), a larga aceitação e o uso teórico e prá- do século XIX, a recirculação e concentração de
tico do termo geodiversidade já lhe outorgam o elementos tóxicos ou radioativos previamente
status de um novo paradigma no âmbito das geo- imobilizados nas rochas. Ainda assim, prefere-se,
ciências. para fins desta pesquisa, adotar as proposições
A geodiversidade que se observa atualmente formuladas por Stanley (2000) e Gray (2004), mais
na superfície da Terra é o resultado de toda a evolu- gerais e, portanto, menos suscetíveis a polêmicas
ção do planeta, desde suas origens como um corpo improdutivas sobre eventual sobreposição com o
notadamente homogêneo e de composição condrí- patrimônio cultural da humanidade.
tica (Rollinson, 2007). As principais causas para o A abordagem mais direta para avaliação da
surgimento e o progressivo aumento da geodiver- geodiversidade parte das definições do termo, ela-
sidade foram a tectônica de placas, a diferenciação boradas tanto por Gray (2004) quanto por
(variação) climática no tempo e no espaço, bem Koslowski (2004) ou Serrano Cañadas & Ruiz Flaño
como a evolução dos seres vivos e seus grandes (2007). Considera-se, de acordo com essa linha de
eventos de extinção, geradores do registro fóssil pensamento, que a geodiversidade deva englobar
(Gray, 2008). Fazendo uma analogia aos hotspots toda a variedade de feições, contextos e domínios
(ou pontos críticos) de biodiversidade (Myers et geológicos e geomorfológicos existentes em um
al., 2000), foram propostos quatro ambientes nos território. Essa filosofia tem sido aplicada em larga
quais há uma concentração maior de elementos da escala na Europa, no âmbito dos projetos da IUGS e
geodiversidade, e que seriam os candidatos a “hot- UNESCO (Geosites Project), em especial na Espanha
spots de geodiversidade” (Gray, 2008): (a) áreas (García-Cortés et al., 2001) e em Portugal (Brilha et
com evolução geológica longa e complexa; (b) mar- al., 2005). De acordo com esse sistema de avaliação,
gens de placas, especialmente limites convergen- um conjunto de especialistas relaciona e descreve
tes; (c) áreas de topografia acidentada, como mon- os arcabouços (frameworks) geológicos que carac-
tanhas ou cânions; e (d) zonas costeiras, onde pro- terizam os territórios de seus países ou regiões.
cessos terrestres e marinhos ativos compartilham Uma tentativa de quantificação de parâme-
uma mesma área da superfície do planeta. tros de geodiversidade foi apresentada por
Uma abordagem um pouco diferente para o Serrano Cañadas & Ruiz Flaño (2007), que aplica-
termo geodiversidade foi apresentada por ram sua metodologia a algumas áreas na Espanha.
Koslowski (2004), que o conceitua como “a varie- Através de uma abordagem notadamente geográfi-

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ca centrada nos elementos da geomorfologia e na por certa região. Aquele autor introduz alguns con-
topografia dos terrenos, os autores citados propu- ceitos novos, sobretudo os de geodiversidade
seram um algoritmo matemático (Gd = Eg x R / lnS) intrínseca e extrínseca. A geodiversidade intrínse-
para medir um índice de geodiversidade (Gd). O ca se refere à diversidade de feições geológicas
algoritmo multiplica o número de elementos físi- internas a uma determinada área, e a extrínseca a
cos identificados no terreno (Eg) pelo coeficiente comparações daquela área com outras regiões, no
de rugosidade (R) do mesmo, e divide o produto sentido de se verificar a real singularidade (geodi-
pelo logaritmo natural da área (lnS), medida em versidade) daquela feição ou conjunto de feições.
km2. Os elementos físicos a serem identificados no Defende, ainda, que a análise da geodiversidade
terreno referem-se a aspectos de litologia, estrutu- seja uma “avaliação crítica e específica das feições
ras, morfoestruturas, formas de relevo de erosão e geomorfológicas (ou geológicas) de um território,
acumulação, estados da água, elementos hidrológi- fazendo comparações extrínsecas e intrínsecas,
cos e classes de solos. A contagem desses elemen- levando em conta a escala, os propósitos da pesqui-
tos, evidentemente, irá depender do nível de deta- sa e o nível de qualidade científica” (Panizza, 2009).
lhamento e do conhecimento do pesquisador sobre
uma grande variedade de processos e tipos de
rochas e estruturas. O coeficiente de rugosidade é 3. Geopatrimônio: definição, abordagens e
determinado a partir de mapas de declividades e inventário
modelos numéricos do terreno. Essa abordagem
espacial da geodiversidade, sempre com foco Sabe-se que a economia e o progresso das
maior na geomorfologia, foi utilizada por Hjort & sociedades, tanto no passado quanto no presente,
2
Luoto (2010) para estudar uma área de 285 km no têm sua base na utilização e transformação de bens
norte da Finlândia. Os autores dividiram a área em minerais e energéticos, ou seja, de recursos da geo-
uma grade com quadrados de 500 metros de lado e diversidade. Dessa forma, na busca do desenvolvi-
realizaram a contagem dos elementos da geodiver- mento sustentável, deve-se estabelecer um equilí-
sidade (apresentados em tabelas) através de levan- brio entre o consumo e a proteção destes recursos
tamentos de campo, fotografias aéreas e informa- naturais. Assim, torna-se necessário definir, dentre
ções da bibliografia. Naquela área geologicamente os elementos da geodiversidade, quais merecem
muito homogênea, dominada por substrato meta- uma atenção especial no sentido de sua conserva-
mórfico e processos glaciais e periglaciais ativos, as ção. Nessa linha, surge o conceito de “patrimônio
áreas de topografia irregular e alto coeficiente de geológico” ou “geopatrimônio” (do inglês, geologi-
rugosidade revelaram, como esperado, os maiores cal heritage ou geoheritage). O geopatrimônio foi
valores de geodiversidade (Hjort & Luoto, 2010). definido por Eberhardt (1997 apud Sharples,
Uma visão completamente diferente é defen- 2002) como sendo constituído por “aqueles com-
dida por Panizza (2009). O autor critica a avaliação ponentes da geodiversidade importantes para a
da geodiversidade mediante índices, fórmulas humanidade por razões outras que não a extração
matemáticas e tratamentos estatísticos, dizendo de recursos, e cuja preservação é desejável para as
que tal trabalho estabelece “um fim em si mesmo”. atuais e futuras gerações”. Cada um desses compo-
Para ele, uma abordagem matemática não gera nentes tem sido chamado de “lugar de interesse
documentação original, mas apenas uma maneira geológico” (LIG, García-Cortés & Carcavilla Urquí,
diferente de indicar os objetos geológicos e geo- 2009) ou apenas “geossítio” (Brilha, 2005), do
morfológicos, função que os mapas temáticos (geo- inglês geosite: ocorrência ou afloramento (natural
lógicos, geomorfológicos, estruturais, etc.) já ou artificial) de um ou mais elementos da geodiver-
desempenham de maneira satisfatória. Para sidade, bem delimitado geograficamente, que apre-
Panizza (2009), a geodiversidade não pode ser sente valor singular do ponto de vista científico,
tratada apenas como “complexidade geológica”. pedagógico, cultural, turístico, ou outro (Brilha,
Pelo contrário, a avaliação da geodiversidade deve 2005). Quando o elemento considerado é uma
referir-se a uma peculiaridade que torne aquela forma de relevo, uma paisagem ou um processo
área realmente diversa (ou seja, geodiversa) de geomorfológico ativo, alguns pesquisadores da
outras áreas, sejam próximas ou distantes. Ou seja, área da geomorfologia utilizam o termo geomor-
Panizza (2009) interpreta a geodiversidade, na fossítio, do inglês geomorphosite (Panizza, 2001;
verdade, como a “(geo)singularidade” apresentada 2009; Reynard & Coratza, 2007). Neste trabalho,

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não serão feitas distinções entre elementos geoló- existência, a integridade, a funcionalidade, a aces-
gicos e geomorfológicos, uma vez que todos são sibilidade ou a simples visualização de um elemen-
produtos da evolução dos sistemas terrestres. to, processo ou feição importante da geodiversida-
Assim, será utilizado o termo geossítio para desig- de (Brilha, 2005). Essa feição pode ser um mineral
nar tanto elementos geológicos quanto geomorfo- raro, uma assembléia fossilífera singular ou diag-
lógicos de elevado valor. Um geossítio, conforme nóstica de um período geológico, uma seção-tipo
defendido por Pereira et al. (2007), pode ser tam- de unidade estratigráfica ou uma forma de relevo
bém um local específico de onde se obtém a melhor típica de certo processo geomorfológico, entre
visualização de uma paisagem ou forma de relevo outras. Entre as principais ameaças antrópicas
específica, constituindo um “local panorâmico” ou estão a mineração predatória ou desprovida de
“miradouro”. critérios técnicos e a construção de grandes obras
Assim, o geopatrimônio consiste no conjunto de infra-estrutura, como barragens, hidrelétricas e
dos geossítios de um determinado território (país, rodovias, entre outras. Ainda compõem o conjunto
estado, município, unidade de conservação), ou de ameaças as operações de florestamento e des-
seja, daqueles locais que melhor representam a florestamento, relacionadas à silvicultura, a dispo-
geodiversidade de uma dada região. Consideram- sição de resíduos sólidos urbanos ou industriais, a
se, para efeitos desta pesquisa e de futuras publica- ocupação e urbanização acelerada de áreas litorâ-
ções, os termos “patrimônio geológico” e “geopatri- neas, as atividades recreativas e turísticas acompa-
mônio” como sinônimos. Para efeitos de divulgação nhadas de vandalismo e depredação, além do des-
à sociedade, no sentido de atingir um público leigo conhecimento, por parte da sociedade e dos gesto-
ou com pouco conhecimento geocientífico, o termo res públicos e privados, sobre a importância da
geopatrimônio parece mais adequado, devido à fração abiótica da natureza e de seus locais mais
maior facilidade de assimilação do prefixo “geo” representativos (Brilha, 2005). Conforme correta-
pelo público em geral. A adoção do termo “patrimô- mente salientado por Gray (2004), a ignorância é a
nio geológico” (geological heritage, e.g. Brilha, principal ameaça à geodiversidade e ao geopatri-
2002; 2005; Pena dos Reis & Henriques, 2009) mônio.
poderia parecer restritiva, ou seja, referir-se Uma abordagem interessante para o geopa-
somente a feições geológicas, do substrato rocho- trimônio foi proposta por Pena dos Reis &
so, e não a feições geomorfológicas ou a processos Henriques (2009), com base na justificativa de que
ativos (Sharples, 2002; Rodrigues & Fonseca, a sua definição é uma questão social, onde atuam
2008). Ao mesmo tempo, designar todos os tipos pessoas com diferentes habilidades, percepções e
de geossítios (geológicos, geomorfológicos, pale- capacidades de compreensão dos conceitos geoló-
ontológicos, sedimentológicos, hidrológicos, entre gicos. Para eles, deve-se buscar um equilíbrio entre
outros) como pertencentes ao “patrimônio geoló- a visão especializada dos geocientistas e aquela
gico” poderia sugerir uma “reserva de mercado” leiga, da sociedade, para que se atinja uma conser-
para os profissionais de geologia, suscitando rea- vação do geopatrimônio com o pleno apoio da popu-
ções negativas de outros profissionais (Rodrigues lação e das autoridades. Os autores citados prepa-
& Fonseca, 2008). Isso não auxiliaria na necessária raram um gráfico que apresenta, no eixo vertical, o
e desejável integração dos conhecimentos adquiri- grau de relevância (relevance grade) atribuído a
dos por geógrafos, geomorfólogos, cartógrafos, um determinado elemento geológico pelos geoci-
paleontólogos, hidrólogos, agrônomos, biólogos e entistas e, no eixo horizontal, a perceptividade abs-
demais profissionais da área ambiental na defini- trata (abstract perceptiveness), que mede a impor-
ção dos geossítios merecedores de proteção espe- tância daquele local para a sociedade leiga. Pela
cial. Assim, preferiu-se utilizar, neste trabalho, o distribuição dos dois parâmetros subjetivos no
termo geopatrimônio para designar a herança gráfico, os conteúdos geológicos podem ser classi-
outorgada a esta e às futuras gerações pela evolu- ficados como indicativos, iconográficos, simbóli-
ção do planeta Terra, a qual é digna de valorização e cos, documentais, cênicos, conceituais ou universa-
conservação. is (Pena dos Reis & Henriques, 2009).
Consideram-se ameaças ao geopatrimônio Segundo Pena dos Reis & Henriques (2009),
quaisquer processos, naturais (mudanças climáti- os conteúdos geológicos indicativos possuem rele-
cas, subida do nível dos mares, etc.) ou induzidos vância apenas local, mas exibem clara relação entre
por atividades humanas, que coloquem em risco a os processos geológicos e seu registro. São aqueles

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André Borba

locais, segundo os autores, que aparecem em livros 2007; Lima, 2008; Lima et al., 2010).
didáticos como exemplos de feições específicas,
tais como tipos de estratificações sedimentares ou
(em uma perspectiva europeia) pavimentos glacia- 4. Estratégias de geoconservação
is estriados. Já os conteúdos iconográficos também
são de relevância apenas local, mas registram even- A geoconservação foi primeiramente defini-
tos catastróficos, instantâneos ou exóticos, como da por Sharples (2002) como “a conservação da
crateras de meteoros ou trilhas de pegadas de geodiversidade por seus valores intrínsecos, ecoló-
dinossauros. Por sua vez, os conteúdos simbólicos gicos e (geo) patrimoniais”. As estratégias de geo-
possuem grau de relevância apenas local, mas situ- conservação envolvem a efetiva proteção dos geos-
am-se em locais muito frequentados por motivos sítios, a conscientização da população e autorida-
outros que não os geológicos, podendo constituir des locais, a “geoeducação” de crianças, jovens e
“cartões-postais” e até mesmo símbolos de países, adultos, bem como o estímulo ao turismo sustentá-
sociedades ou culturas. Os conteúdos documenta- vel e a valorização das atividades, costumes e pro-
is, muito valorizados pela comunidade geocientífi- dutos locais. Os meios para a proteção dos geossíti-
ca, já possuem um valor regional, e resultam de os dependem do tipo de afloramento ou ocorrência
profundo conhecimento sobre fenômenos geológi- a ser considerado. Em pesquisa sobre geoconser-
cos importantes. Os conteúdos cênicos também vação na Grã-Bretanha, Prosser et al. (2006) reco-
possuem uma relevância regional, mas com alta nhecem a existência de três tipos principais de geos-
função recreativa e aspecto paisagístico importan- sítios: (1) os geossítios de afloramento ou exposi-
te, como em muitos parques nacionais em todo o ção (exposure sites), que apenas expõem unidades
mundo (Cataratas do Iguaçu, Grand Canyon, etc.). com boa continuidade em subsuperfície e que
São aqueles cuja conservação recebe o maior apoio necessitam apenas manutenção periódica para
por parte da sociedade e dos agentes públicos. Por conservar a exposição adequadamente visível e
fim, os conteúdos conceituais possuem importân- acessível; (2) geossítios finitos (finite sites), onde a
cia global, como ocorrências geológicas singulares, ocorrência é restrita àquele local, nos quais a remo-
constituindo um referencial teórico para a geologia ção de material deve ser controlada ou proibida; e
enquanto ciência (Pena dos Reis & Henriques, (3) geossítios de integridade (integrity sites), geral-
2009). Os autores reservaram um conteúdo uni- mente de cunho geomorfológico, nos quais devem
versal para ocorrências geológicas de singular ser mantidas a dinâmica dos processos ou a integri-
importância científica e grande significado para dade das formas de relevo (Prosser et al., 2006).
toda a humanidade. Gray (2008) lista doze métodos (ou práticas)
Na prática, a montagem de inventários de de geoconservação, cada um com aplicabilidade a
geossítios deve ser precedida da definição dos arca- certos tipos de conteúdos de geodiversidade e geo-
bouços geológicos que caracterizam o território, patrimônio. O primeiro método é a manutenção de
por equipes de especialistas na geologia regional um elemento da geodiversidade (ou, pelo menos,
da área (e.g. Bruschi et al., 2007; Lima, 2008; Lima sua localização) em segredo (secrecy), como nos
et al., 2010). A partir dessa definição inicial dos casos de camadas fossilíferas raras ou de espeleo-
arcabouços e dos geossítios que melhor os exem- temas (cavernas) com ocorrência de minerais frá-
plificam, os locais são avaliados, também por equi- geis. Sinalização (signage) ou barreiras físicas
pes de especialistas, em função dos seguintes crité- (physical restraint) para restrição de acesso podem
rios: abundância ou raridade; qualidade do conteú- ser importantes tanto em locais onde a natureza é
do e utilidade como modelo para processos; idade frágil, como em cavernas ou dunas, quanto em síti-
e grau de conhecimento científico sobre a ocorrên- os onde os processos geológicos possam trazer
cia; associação com outros conteúdos (culturais, riscos aos visitantes, como em locais de concentra-
arqueológicos, históricos e/ou ecológicos); possí- ção de gêiseres. O soterramento (reburial) é uma
veis atividades a serem desenvolvidas no local prática mais incomum, mas pode ser útil em locais
(científicas, didáticas, recreativas, esportivas e/ou onde o estudo de alguns tipos de fósseis não tenha
turísticas); proximidade de populações, condições sido ainda completado. Ainda com relação aos con-
de observação e acessibilidade; e, por fim, condi- teúdos paleontológicos, a escavação e envio do
ções socioeconômicas do entorno, grau de ameaça material para museus (excavation/curation), para
e estado de conservação do geossítio (e.g. Bruschi, estudos e exposição ao público, já é uma prática

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Pesquisas em Geociências, 38(1): 03-13, jan./abr., 2011

usual entre os pesquisadores e instituições respon- gestão que permita o desenvolvimento sustentável
sáveis. das comunidades através do seu envolvimento na
Permissões e licenças (permitting/licensing) proteção e valorização do geopatrimônio (Zouros,
são meios comuns de restringir o acesso de visitan- 2004; McKeever & Zouros, 2005). Essa estrutura
tes e pesquisadores a locais com espaço físico limi- de gestão pode envolver o poder público, as univer-
tado. Outro método importante, ainda que de sidades e escolas da região, as entidades responsá-
maior custo, é a supervisão (supervision) através de veis pelo turismo e meio ambiente, além de organi-
vigilância estática ou móvel, vigilância espontânea zações sociais não-governamentais (ONGs,
pelos moradores locais, revistas nas saídas dos OSCIPs) e outras instituições públicas e privadas.
geossítios ou parques, e ainda câmeras de seguran- Geoparques não constituem novas unidades de
ça interna. Uma importante forma de geoconserva- conservação, mas preferencialmente devem pos-
ção é a aquisição de áreas de terra portadoras de suir, dentro de seus territórios, áreas legalmente
elementos do geopatrimônio por instituições enga- protegidas.
jadas na proteção do meio ambiente, mecanismo Como parte importante da estratégia de geo-
que a literatura de língua inglesa chama de “bene- conservação, um geoparque deve promover a edu-
volent ownership” (Gray, 2008). cação geoambiental das crianças, dos estudantes e
Evidentemente, a legislação do município, de toda a população local, bem como de seus visi-
estado ou país, bem como suas políticas públicas tantes (Brilha, 2005). O geoturismo, definido como
específicas (legislation/policy), devem buscar, para um turismo sustentável (Buckley, 2003) onde os
aquelas áreas merecedoras de proteção especial, atrativos principais são as paisagens e as feições
uma figura legal que permita sua conservação fren- geológicas de destaque (Joyce, 2007), também é
te às ameaças. A gestão (ou manejo) do geossítio uma atividade importante em geoparques. Adicio-
envolve restauração de elementos naturais, como a nalmente, esses territórios podem possuir atrati-
sinuosidade de canais fluviais retificados, bem vos culturais, históricos, arqueológicos ou ecológi-
como o monitoramento das condições físicas do cos significativos, para potencializar a divulgação e
local. Por fim, e talvez esta seja uma das práticas a visitação, buscando públicos mais diversificados.
mais importantes e permanentes da geoconserva- Os primeiros geoparques europeus foram implan-
ção, a educação se aplica a todos os tipos de geossí- tados em áreas rurais da Grécia, Espanha, França e
tios. A educação para a importância do geopatri- Alemanha, regiões possuidoras de geopatrimônio
mônio envolve não apenas os currículos das facul- destacado, com alto potencial cultural e ambiental.
dades e do ensino formal, mas também programas Essas áreas, entretanto, enfrentavam atrasos no
de televisão, artigos em revistas, páginas da inter- desenvolvimento econômico (para padrões euro-
net, trilhas geológicas guiadas ou com folhetos peus), além de altas taxas de desemprego, envelhe-
explicativos, e ainda cursos de treinamento sobre cimento da população e emigração (êxodo rural)
os conceitos básicos de geoconservação para polí- para outras regiões dos respectivos países (Zouros,
ticos, técnicos, professores e gestores locais (Gray, 2004).
2008). Após legalmente protegidos e com as estra- A partir da criação dos primeiros geopar-
tégias de manejo definidas, os geossítios e seu sig- ques na Europa, foram estabelecidas redes de coo-
nificado geocientífico podem ser divulgados, medi- peração entre esses territórios, apoiadas pela
ante adaptação da linguagem científica aos dife- UNESCO (órgão das Nações Unidas para a Educa-
rentes públicos-alvo. As estratégias colocadas em ção, Ciência e Cultura). Além de terem a tarefa de
prática devem passar por monitoramento e, perio- disseminar as ideias e práticas relacionadas à geo-
dicamente, por reavaliação de sua efetividade conservação, tais redes promovem a avaliação e
(Brilha, 2005). certificação de novos territórios que se candidatem
Uma das estratégias mais modernas e bem- a obter esse reconhecimento internacional. Hoje,
sucedidas de proteção e promoção do geopatrimô- como exemplo, a rede europeia de geoparques
nio é o estabelecimento de geoparques (Zouros, (European Geoparks Network, EGN,
2004; McKeever & Zouros, 2005). Um geoparque www.europeangeoparks.org, Zouros, 2004) possui
consiste em um território habitado (município ou mais de quarenta territórios certificados, os quais
consórcio de municípios, por exemplo), possuidor permanentemente trocam experiências práticas
de geossítios de qualidade com alto valor científico, sobre como administrar e conservar o geopatrimô-
educativo, estético ou turístico, e uma estrutura de nio e sobre como promover a educação geoambien-

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André Borba

tal e o geoturismo (Zouros, 2004; McKeever & al., 2000), além de marcada expressividade em
Zouros, 2005). termos geomorfológicos. Áreas como a da Pedra do
Fora do continente europeu, a certificação de Segredo, das Guaritas e da Pedra Pintada, nos domí-
um território como geoparque (geopark) é feita nios da Bacia do Camaquã (Borba, 2006), registram
por uma rede global (Global Geoparks Network, de forma singular e completa os processos vulcâni-
GGN) ou por redes continentais/regionais, sob os cos e sedimentares do panorama semidesértico do
auspícios da UNESCO, mediante uma série de crité- interior do Gondwana no Paleozóico inferior. Os
rios científicos e administrativos, sendo esse terri- conjuntos de cerros que constituem suas exposi-
tório reavaliado a cada quatro anos. Antes da even- ções (as “guaritas”) sugerem, ainda, climas mais
tual submissão de candidatura, o território deve secos atuantes durante o Quaternário e constitu-
possuir um inventário de seu geopatrimônio, uma em, em termos paisagísticos, uma das “maravilhas”
entidade gestora em funcionamento, com um orça- turísticas (pouco exploradas, no entanto) do Rio
mento estável, e ações já implementadas de geo- Grande do Sul. A área das Guaritas do Camaquã foi,
conservação em sentido amplo (proteção de sítios, recentemente, incluída na lista SIGEP (Sítios geoló-
educação e turismo). No Brasil, até o presente gicos e paleobiológicos do Brasil, www.unb.br/ig/
momento, o único território certificado pela GGN é sigep/sitio076), através do trabalho de Paim et al.
o Geopark Araripe (www.geoparkararipe.org), que (2010).
reúne uma série de municípios no Estado do Ceará, Nos domínios das rochas sedimentares da
detentores de um geopatrimônio singular do ponto Bacia do Paraná, no Rio Grande do Sul, também há
de vista paleontológico. Há planos para a candida- registros singulares ou de grande importância para
tura de novos geoparques brasileiros à GGN, princi- o entendimento da evolução climática regional ao
palmente no âmbito do “programa geoparques” da longo do Fanerozóico. Os registros vão desde pavi-
CPRM, e outras iniciativas de responsabilidade de mentos estriados de origem glacial na região de
entidades estaduais. Cachoeira do Sul (Tomazelli & Soliani Jr., 1982) até
as grandes exposições das paleodunas desérticas
da Formação Botucatu, seja em Santa Cruz do Sul,
5. Aplicabilidade ao contexto geológico do Rio Taquara ou Santo Antônio da Patrulha. A sucessão
Grande do Sul triássica, aflorante na região em torno de Santa
Maria, possui um conteúdo fossilífero de grande
O panorama geológico e geomorfológico do geodiversidade extrínseca em termos de Brasil,
Rio Grande do Sul é bastante diversificado, e regis- tanto na fauna de tetrápodes e dinossauros, quanto
tra uma evolução geológica de 2,5 bilhões de anos, na ocorrência da floresta petrificada de coníferas
repleta de significativas mudanças tectônicas e em Mata e São Pedro do Sul (Scherer et al., 2000).
ambientais. O Escudo Sul-rio-grandense, por sua Além disso, os aspectos geomorfológicos da “cues-
longa história evolutiva e pela diversidade de ambi- ta do Haedo”, com seus cerros tabulares e seus
entes formativos (Chemale Jr., 2000), pode ser con- extensos areais, constituem testemunhos dos cli-
siderado um “hotspot de geodiversidade” (Gray, mas mais frios e secos do Pleistoceno e Holoceno
2008), merecendo estudos aprofundados de sua inferior (Suertegaray & Dias, 2009). No nordeste
geodiversidade e inventários abrangentes de seu do Rio Grande do Sul, os cânions da região de
geopatrimônio. Algumas de suas exposições são Cambará do Sul, por sua forte declividade e contro-
únicas no sul do Brasil, constituindo bons exem- le estrutural, constituem também uma geodiversi-
plos de geodiversidade extrínseca (sensu Panizza, dade única em termos de Brasil e uma paisagem
2009). A associação ofiolítica de arco magmático muito valorizada pelos turistas.
juvenil neoproterozóico do Cerro Mantiqueiras, A planície costeira do Rio Grande do Sul,
por exemplo, é a “maior sequência de rochas ultra- como registro completo das flutuações do nível do
máficas do sul do Brasil”, segundo Hartmann & mar nos últimos 400 mil anos, também constitui
Remus (2000). Estruturas tectônicas de escala um elemento singular da geodiversidade sul-rio-
crustal, como a zona de cisalhamento Dorsal de grandense. Com 33 mil km2, é a mais extensa planí-
Canguçu, apresentam uma grande diversidade de cie litorânea arenosa da costa brasileira (Tomazelli
feições de deformação e graus metamórficos, gra- & Villwock, 2000). A região é rica em processos
nitóides sin-transcorrentes e uma longa história de geomórficos sedimentares ativos, incluindo exten-
reativações durante o Fanerozóico (Hartmann et sos campos de dunas em Cidreira e Itapeva

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Pesquisas em Geociências, 38(1): 03-13, jan./abr., 2011

(Tomazelli et al., 2008), um colar de lagos e lagunas nizações da sociedade civil (ONGs e OSCIPs) e a
costeiras muito rasas, deltas lagunares na desem- órgãos estatais, entidades que poderiam no futuro
bocadura dos principais rios e canais da região, constituir ou integrar os organismos de gestão de
além de furnas e falésias na região de Torres, onde eventuais geoparques. Do ponto de vista científico,
há exposições de arenitos, basaltos e peperitos também é necessário que instituições como a
(Petry, 2006). CPRM, assim como universidades, pesquisadores
A rica geodiversidade do Rio Grande do Sul, ou grupos de pesquisa independentes realizem
exemplificada acima em linhas gerais, sofre com inventários do geopatrimônio em suas regiões de
diversas ameaças de origem antrópica: (a) a cres- interesse, no sentido de subsidiar futuras iniciati-
cente urbanização do litoral norte, caracterizada vas de proteção. Algumas áreas prioritárias, dentro
por um significativo consumo de recursos ambien- do contexto geológico do Rio Grande do Sul, encon-
tais em nome de uma ocupação apenas sazonal; (b) tram-se listadas acima. Além disso, são fundamen-
os extensos empreendimentos de silvicultura na tais estudos sobre as melhores maneiras de adap-
metade sul do Rio Grande do Sul, tanto no Escudo tar a linguagem geocientífica aos diferentes públi-
Sul-rio-grandense quanto nos domínios da Bacia cos-alvo, tornando possível a disseminação de con-
do Paraná, que ocultam formas de relevo e paisa- ceitos relacionados à geologia entre professores e
gens importantes; (c) mineração irregular ou sem alunos do ensino fundamental e médio, das áreas
um efetivo controle de areia e agregados para a de ciências e geografia, bem como uma conscienti-
construção civil nos principais cursos d'água e no zação da sociedade e dos gestores públicos em
litoral; (d) construção de barragens para geração geral.
de energia, sobretudo no rio Uruguai, e para abas-
tecimento da agricultura irrigada na metade sul
(arroios Jaguari e Taquarembó, por exemplo); (e) a 6. Considerações finais
escassez de áreas legalmente protegidas e a falta de
conhecimento, por parte das populações e das auto- Este trabalho propôs-se a revisar, de maneira
ridades, sobre a importância da geodiversidade; e abrangente, os conceitos relacionados às estratégi-
(f) a situação de fraco desenvolvimento econômico as de geoconservação, sobretudo aqueles de geodi-
e humano de inúmeras regiões, especialmente nos versidade e geopatrimônio. Esses conceitos, atual-
domínios mais orientais do Escudo Sul-rio- mente, aproximam o conhecimento geocientífico
grandense (Santana da Boa Vista, Canguçu, Pinhei- das questões da proteção do meio ambiente, do
ro Machado, Encruzilhada do Sul, entre muitos ordenamento territorial e do desenvolvimento
outros municípios), e especialmente na área da sustentável. Buscou-se também apresentar as abor-
educação. dagens e métodos de avaliação da geodiversidade,
Dessa forma, o panorama do Rio Grande do e as práticas e estratégias visando à geoconserva-
Sul possui todas as características para a aplicação, ção dos geossítios dotados de singularidade. A revi-
mediante as necessárias adaptações, das estratégi- são efetuada neste trabalho servirá como base para
as de geoconservação hoje em desenvolvimento uma linha de pesquisa na área da geoconservação,
em diversas regiões do planeta: rica e variada geo- iniciada pelo autor em 2010, integrando investiga-
diversidade, aspectos interessantes de cultura e ção geocientífica e preservação do meio ambiente.
biodiversidade, uma série de ameaças e uma popu- Também neste trabalho, foram apresentados, de
lação que necessita de educação e maior valoriza- maneira breve, alguns locais (entre muitos outros)
ção dos produtos e características locais. O primei- de significativa geodiversidade no Rio Grande do
ro passo, nesse sentido de aplicação prática, con- Sul, aos quais poderiam ser direcionados projetos
siste em divulgar a importância do geopatrimônio de inventariação do geopatrimônio e, futuramente,
e da geoconservação aos próprios geocientistas e de geoconservação. O contexto geológico do Rio
estudantes, bem como incentivá-los a se engajar Grande do Sul constitui, sem dúvida, um terreno
mais ativamente em entidades ou organismos de fértil para a difusão e o aperfeiçoamento dos conce-
proteção ambiental e desenvolvimento sustentá- itos de geodiversidade e geopatrimônio, bem como
vel. É fundamental que tais profissionais engajados para a adoção, com as adaptações necessárias, das
levem o conhecimento geocientífico e os conceitos estratégias de geoconservação e geoparques.
aqui abordados a agências ou associações de Dessa forma, espera-se ter contribuído para a
desenvolvimento municipais ou regionais, a orga- divulgação dessas ideias e para a criação, entre os

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André Borba

geocientistas, de uma cultura de utilização racional Brilha, J. 2005. Património geológico e geoconservação.
e diversificada dos recursos da geodiversidade, Palimage Editores, Braga.
visando ao desenvolvimento sustentável e à con- Brilha, J., Andrade, C., Azeredo, A., Barriga, F.J.A.S.,
servação da natureza em todas as suas dimensões. Cachão, M., Couto, H., Cunha, P.P., Crispim, J.A., Dantas,
P., Duarte, L.V., Freitas, L.C., Granja, H.M., Henriques,
M.H., Henriques, P., Lopes, L., Madeira, J., Matos, J.M.X.,
Agradecimentos - O autor agradece ao Conselho Nacio- Noronha, F., Pais, J., Piçarra, J., Ramalho, M.M., Relvas,
nal de Desenvolvimento Científico e Tecnológico J.M.R.S., Ribeiro, A., Santos, A., Santos, V.F. & Terrinha,
(CNPq), pela concessão de bolsa de produtividade em P. 2005. Definition of the Portuguese frameworks
pesquisa (PQ2), referente ao processo 307579/2009-3, with international relevance as an input for the Euro-
que contemplou o projeto “Geodiversidade e patrimônio pean geological heritage characterization. Episodes,
geológico da região de Caçapava do Sul (Rio Grande do 28 (3): 177-186.
Sul, Brasil): potencial para a geoconservação, o geoturis- Bruschi, V.M. 2007. Desarrollo de una metodologia para
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Maria Pimentel Mizusaki (UFRGS, Porto Alegre), Delia Universidad de Cantabria, España.
del Pilar Montecinos de Almeida (Unipampa, Caçapava Buckley, R. 2003. Environmental inputs and outputs in
do Sul), Fábio de Lima Noronha (FEPAM-SEMA, Porto ecotourism: geotourism with a positive triple bottom
Alegre) e José Bernardo Rodrigues Brilha (Universidade line? Journal of Ecotourism, 2 (1): 76-82.
do Minho, Braga, Portugal) durante as fases de formata- Chemale Jr., F. 2000. Evolução geológica do Escudo Sul-
ção e submissão do projeto ao CNPq. O autor agradece, rio-grandense. In: Holz, M. & De Ros, L.F. (Eds.) Geolo-
ainda, aos coordenadores da Unidade de Assessoramen- gia do Rio Grande do Sul, Edições CIGO/UFRGS, p. 14-
to Ambiental, Letícia Ayres Ramos, e da Divisão de 52.
Assessoramento Técnico, Renan Behling, pela oportuni- CPRM. Companhia de Pesquisas e Recursos Minerais.
dade singular de integrar serviço público e pesquisa 2009. Mapa geodiversidade do Rio Grande do Sul.
científica no âmbito do órgão técnico de meio ambiente SGMTM, CPRM, Brasília.
do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul. A García-Cortés, A., Carcavilla-Urquí, L. 2009. Documento
todos os colegas de UAA-DAT-MPRS, pela constante metodológico para la elaboración del inventario Espa-
troca de experiências e conceitos sobre meio ambiente, ñol de lugares de interés geológico. Instituto Geológico
cultura e sociedade, e em especial a Luiz Fernando de y Minero de España, IGME, 61 p.
Souza, Paulo Roberto Porto, Ana Carla Petry e Tanisia García-Cortés, A., Rábano, I., Locutura, J., Bellido, F., Fer-
Ávila, parceiros nas próximas fases deste projeto. Este nández-Gianotti, J., Martín-Serrano, A., Quesada, C.,
texto tornou-se melhor e menos cansativo após a cuida- Barnolas, A. & Durán, J.J. 2001. First Spanish contribu-
dosa revisão efetuada por Cristina Guimarães de Borba, tion to the Geosites Project: list of the geological
com seu talento e compreensão. As contribuições de três frameworks established by consensus. Episodes, 24
revisores anônimos e dos editores de Pesquisas em Geo- (2): 79-92.
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