0% acharam este documento útil (0 voto)
430 visualizações10 páginas

Igreja Primitiva

A Igreja Primitiva era liderada pelos apóstolos de Jesus e cresceu rapidamente após o Pentecostes. A Igreja era composta por pessoas de diferentes classes sociais e origens e as mulheres desempenhavam papéis importantes. As comunidades locais eram regidas por presbíteros e diáconos.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato RTF, PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
430 visualizações10 páginas

Igreja Primitiva

A Igreja Primitiva era liderada pelos apóstolos de Jesus e cresceu rapidamente após o Pentecostes. A Igreja era composta por pessoas de diferentes classes sociais e origens e as mulheres desempenhavam papéis importantes. As comunidades locais eram regidas por presbíteros e diáconos.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato RTF, PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 10

IGREJA PRIMITIVA

A Igreja Primitiva era a igreja do tempo dos apóstolos, ou seja, a comunidade que viveu
os primeiros anos da Igreja Cristã. A história da Igreja Primitiva se desenvolveu desde a
primeira metade do século 1 d.C. até o final do mesmo século ou o início do seguinte
quando provavelmente morreu João, o último apóstolo de Jesus.
Inclusive, o período da Igreja Primitiva faz parte de um período maior da história do
Cristianismo chamado de “Igreja Antiga”. Esse período se estende até os anos 600
d.C., quando teve início a Igreja Medieval. Então para muitos comentaristas, a
designação “Igreja Primitiva” é usada principalmente para identificar a Igreja do período
dos apóstolos dentro dessa divisão maior que compreende toda a Igreja Antiga.
A ORIGEM DA IGREJA PRIMITIVA
É amplamente aceito pelos estudiosos que a Igreja Primitiva teve origem no dia de
Pentecostes, com o derramamento do Espírito Santo (Atos 2). No entanto, tudo isso
ocorreu dentro de um pano de fundo mundo maior.
A Bíblia mostra claramente que a história da redenção foi planejada por Deus desde a
eternidade (cf. Efésios 1). Isso quer dizer que Deus dirigiu a história soberanamente
para que seu propósito fosse cumprido. Então no momento oportuno, isto é, na
“plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho” (Gálatas 4:4).
Portanto, a Igreja Primitiva surgiu num cenário meticulosamente preparado por Deus.
De fato, não haveria um momento mais adequado para a Igreja Primitiva do que
aquele. Nos séculos anteriores, o mundo havia caminhado para uma unificação jamais
vista.
O Império Grego, de Alexandre, o Grande, basicamente padronizou o idioma e a
cultura. A filosofia grega influenciou muita gente, e o grego koiné se espalhou por toda
aquela região, se tornando o idioma comum de todos aqueles povos. Nesse mesmo
tempo também já havia judeus vivendo nas mais diversas regiões.
Então quando o Império Romano despontou, ele se aproveitou daquela unidade
cultural e idiomática para trazer uma realidade singular. Diferentemente de outros
impérios, o Império Romano conseguiu manter a paz em todo o seu domínio de forma
incrível. Havia a famosa Pax Romana, com tropas imperiais mantendo a paz e a
autoridade do imperador em toda a extensão do império.
Consequentemente, houve grande prosperidade, riqueza e desenvolvimento. A
infraestrutura pública do Império Romano era algo sem igual para os padrões da
época. Todo o império era ligado por estradas que facilitavam o comércio e a
comunicação.
Então foi nesse cenário que o Evangelho começou a ser pregado, fazendo a Igreja
Primitiva crescer rapidamente de Jerusalém para as cidades mais longínquas do
mundo greco-romano, cumprindo-se a promessa do Senhor Jesus de que suas
testemunhas pregariam o Evangelho “tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e
Samaria, e até os confins da terra” (Atos 1:8).
A LIDERANÇA DA IGREJA PRIMITIVA
A Igreja Primitiva era liderada pelos apóstolos de Jesus. Esses homens foram
escolhidos especialmente por Deus para junto dos profetas lançarem os fundamentos
da Igreja (Efésios 2:20). É verdade que sabemos muito pouco sobre a maioria dos
apóstolos depois da ascensão de Jesus ao Céu.
Mas o livro de Atos dos Apóstolos, que registra parte importante da história da Igreja
Primitiva, mostra de forma destacada a atuação de alguns apóstolos na liderança da
Igreja. O trabalho do apóstolo Pedro, por exemplo, recebe grande ênfase na primeira
metade do livro de Atos. Parece que ele foi o principal porta-voz da Igreja Primitiva em
seus primeiros anos.
Pedro assumiu um papel de líder na reunião em que se deu a escolha do novo membro
do colégio apostólico que deveria ocupar o lugar deixado por Judas Iscariotes (Atos
1:15). Ele também foi o pregador no Pentecostes que, pela inspiração do Espírito
Santo, trouxe um sermão que resultou na conversão de três mil pessoas (Atos 2).
No episódio envolvendo Ananias e Safira, Pedro foi ainda o líder da Igreja Primitiva que
anunciou a disciplina àquele casal (Atos 5). Pedro também teve um papel importante
no Concílio de Jerusalém que foi reunido para resolver a primeira controvérsia na Igreja
Primitiva que dizia respeito à recepção dos crentes gentios na comunidade cristã (Atos
15). Parece que seu trabalho na Igreja Primitiva também incluiu obras missionárias em
Antioquia e depois em Roma.
Ao lado de Pedro, o apóstolo João foi outro líder de destaque na Igreja Primitiva. Ele
era uma das colunas da igreja de Jerusalém (Gálatas 2:9). Já no período final de sua
vida, ele também teve alguma participação na igreja de Éfeso.
O apóstolo Paulo também foi uma das maiores lideranças da Igreja Primitiva. Natural
da cidade de Tarso, Paulo era um perseguidor implacável dos cristãos que foi
transformado por Cristo em um dos mais notáveis missionários da história da Igreja.
Em suas viagens missionárias, Paulo fundou várias comunidades cristãs que fizeram a
Igreja Primitiva crescer.
Além dos apóstolos, outros nomes influentes também foram muito ativos na Igreja
Primitiva. Entre eles: Estevão, Filipe, Tiago, Judas, Barnabé, Silas, Marcos, Lucas,
Timóteo, Tito, Apolo, etc.
OS MEMBROS DA IGREJA PRIMITIVA
Sem dúvida a maioria dos membros da Igreja Primitiva era formada por pessoas
simples, como camponeses e pescadores. Mas havia também membros de outras
classes sociais. À luz dos textos do Novo Testamento, sabemos que entre os membros
da Igreja Primitiva estavam judeus, gentios, homens, mulheres, jovens, velhos,
soldados, senhores e escravos (Tito 2:1-10). Isso mostra que o corpo de membros da
Igreja Primitiva era uma prova de que a graça de Deus foi manifestada trazendo
salvação a todo tipo de pessoas, sem distinção (Tito 2:11).
Um ponto importante sobre os membros da Igreja Primitiva é a participação das
mulheres. Isso é interessante porque no tempo da Igreja Primitiva havia muita
discriminação para com as mulheres. No judaísmo, por exemplo, as mulheres não
podiam ser ensinadas pelos rabinos, e nem podiam ser contadas no quórum das
sinagogas.
Mas sabemos que biblicamente homens e mulheres são iguais perante o Senhor.
Ambos são criados à imagem de Deus e desfrutam das mesmas bênçãos da salvação
em Cristo (Gênesis 1:26,27; Gálatas 3:28). No entanto, também sabemos que a
igualdade bíblica entre homens e mulheres não significa que não haja uma distinção de
papeis e funções instituída por Deus. A liderança eclesiástica, por exemplo, foi confiada
por Deus ao homem (cf. 1 Timóteo 3; Tito 1).
Mas isso não implica no desprezo das mulheres ou na diminuição do papel exercido
por elas na Igreja. Muito pelo contrário! A atuação das mulheres na membresia da
Igreja Primitiva é uma prova muito clara disso. Na verdade, as mulheres são citadas
com destaque antes disso, ainda durante o ministério terreno de Jesus. Elas foram
responsáveis em grande parte por dar suporte ao ministério itinerante de Cristo e seus
discípulos. Foram elas, inclusive, as primeiras testemunhas da ressurreição de Jesus.
Esse empenho das mulheres continuou durante a história da Igreja Primitiva. Então
como Dorcas, por exemplo, as mulheres eram discípulas de testemunho notável (cf.
Atos 9:36); como Priscila, elas explicavam com clareza o Evangelho (Atos 18:26); como
Lídia, elas abrigavam missionários (Atos 16:14,15); como Maria, mãe de João Marcos,
elas abriam suas casas para a Igreja Primitiva se reunir (Atos 12:12); como as filhas do
evangelista Filipe, elas profetizavam (Atos 21:9); como Febe, elas serviam à Igreja
(Romanos 16:1); como Evódia e Síntique, elas eram cooperadoras dedicadas na obra
do Senhor (Filipenses 4:2,3).
A ORGANIZAÇÃO E REUNIÃO DA IGREJA PRIMITIVA
O principal ofício de autoridade na Igreja Primitiva era o apostolado. Mas além dos
apóstolos, havia também outros oficiais, como: profetas, evangelistas, pastores e
mestres. Todas essas pessoas tinham em comum o fato de terem sido capacitadas
pelo Espírito Santo de Deus de forma especial para servirem na Igreja de Cristo.
Inclusive, essas pessoas basicamente eram dons do Senhor para a edificação da sua
Igreja (Efésios 4:11).
A Igreja Primitiva estava espalhada por todo o Império Romano em várias comunidades
locais. Essas comunidades locais eram regidas por presbíteros (bispos) que
pastoreavam e ensinavam a igreja através da Palavra de Deus. Havia também nas
comunidades locais os diáconos, que cuidavam de outros assuntos importantes da
comunidade, como por exemplo, a assistência aos necessitados.
No tempo da Igreja Primitiva não havia templos para reunião da comunidade cristã. Os
crentes de Jerusalém até usavam o Templo para orar. Praças e sinagogas espalhadas
por todo o Império Romano muitas vezes também serviam de lugar para a pregação do
Evangelho.
Mas como Igreja, os crentes se reuniam, principalmente, nas casas uns dos outros. Por
exemplo: a casa de Maria, a mãe de João Marcos, era um ponto de encontro da igreja
de Jerusalém. Outro exemplo é a casa de Filemom que servia de lugar de reunião para
a igreja de Colossos (Filemom 1:2). Entre as reuniões da Igreja Primitiva estavam a
celebração da Ceia do Senhor, a confraternização chamada de “Festa Ágape”, e
reuniões de adoração, oração e ensino da Palavra.
A IGREJA PRIMITIVA NÃO ERA PERFEITA
Sem dúvida a Igreja Primitiva tinha muitos pontos fortes que merecem ser elogiados. A
Igreja Primitiva era uma igreja hospitaleira; uma igreja engajada em missões; uma
igreja fervorosa e unida que persevera em oração; uma igreja centrada na defesa do
Evangelho; uma igreja que colocava a causa da obra de Deus em primeiro lugar; uma
igreja que não recuava diante da oposição e enfrentava com vigor as ameaças e as
perseguições.
Nesse último ponto, a Igreja Primitiva viu seus grandes líderes sendo um a um
martirizado, mas manteve firme seu compromisso com Cristo. Além disso, obviamente
a Igreja Primitiva teve um papel fundamental para que o Evangelho chegasse até nós e
hoje pudéssemos estar aqui servindo ao Senhor.
Mas a Igreja Primitiva também tinha os seus problemas. A Igreja Primitiva era
duramente atacada por heresias disseminadas por falsos mestres e algumas vezes
suas comunidades acabavam abrigando essas pessoas.
Em algumas comunidades havia problemas doutrinários, éticos, casos de divisão e
imoralidade. Algumas comunidades da Igreja Primitiva perdiam o fervor e se tornavam
apáticas. Na verdade, as sete igrejas do Apocalipse mostram de forma clara alguns dos
problemas enfrentados na Igreja Primitiva.
Das sete igrejas da Ásia Menor, apenas duas não são repreendidas pelo Senhor Jesus.
Inclusive, parte importante dos escritos do Novo Testamento foi dada justamente para
corrigir erros graves que prejudicavam a vida cristã e que, portanto, já estavam
presentes desde os tempos da Igreja Primitiva.
Mas apesar de todos os seus problemas, a Igreja Primitiva prevaleceu e foi a primeira
base missionária que internacionalizou a pregação do Evangelho. Um grupo inicial de
pouco mais de cem pessoas em Jerusalém no primeiro século, se tornou uma multidão
incontável dedicada a fazer com que o nome de Cristo seja glorificado.
Isso mostra que a realidade da Igreja não repousa sobre as habilidades humanas. A
principal qualidade da Igreja está no fato de ela ter sido alcançada pela graça de Deus.
A Igreja pertence ao Senhor e Ele é quem preserva o seu povo firme até o fim (1
Coríntios 1:8). Foi assim com a Igreja Primitiva, é assim com a Igreja atual, e
continuará assim até o dia em que Cristo vier buscar a sua Igreja.
PERSEGUIÇÕES E MARTÍRIO
O crescimento da igreja primitiva ocorreu em meio a muito sofrimento.
Ao longo dos primeiros 300 anos da história cristã, numerosas perseguições eclodiram
contra os cristãos, levando milhares à morte. As perseguições não eram
necessariamente em todas as partes do Império — de cima para baixo — , embora
algumas, mais tarde, tornaram-se. A maioria das perseguições era local, pressionada
por autoridades provinciais. Elas eram severas, no entanto, e milhares de cristãos
foram torturados e mortos de maneiras horríveis e cruéis.
Vemos este padrão já no Novo Testamento, à partir do martírio de Estevão, passando
pelas prisões de Pedro e de Paulo. Pedro, em sua primeira epístola, até exortou aos
crentes que sofriam sob a perseguição de Nero (em 60 dC). De fato, para praticamente
todos os apóstolos, a perseguição era mais a regra do que a exceção. A tradição nos
dá conta de que eles todos partilharam de um destino comum: o martírio.
Muitas dessas histórias podem ser verdadeiras. No entanto, elas devem ser tratadas
com alguma cautela, já que no II século as igrejas em diferentes cidades começaram a
reivindicar origens apostólicas e queriam apontar um apóstolo martirizado como seu
fundador. Outra coisa: as histórias também indicam o foco que muitos cristãos
primitivos colocaram na perseguição e a reverência que eles tinham pelos que sofriam
e eram martirizados.
Com isso em mente, considere o que a tradição informa sobre o destino dos apóstolos.
E se você ou as pessoas que você conhece se perguntam se Jesus era apenas uma
farsa, considere que aqueles que o conheciam melhor estavam dispostos a morrer por
quem eles criam que ele era: o eterno Filho de Deus, o Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo. [Fonte: Livro dos Mártires, John Foxe e História Eclesiástica,
Eusébio].
Paulo foi preso sob Nero e depois decapitado em Roma
Pedro foi crucificado (diz Jerônimo) de cabeça para baixo em Roma sob Nero
Tiago, irmão de João, foi decapitado por Herodes (At 12.2)
Tomé foi até à Índia, onde foi “morto com um dardo” (flecha?)
Simão, o zelote, pregou em toda a África, e também foi crucificado
Marcos fundou a igreja no Egito e foi queimado vivo
Bartolomeu pregou na Armênia e “após diversas perseguições, foi espancado com
bastões e depois crucificado; e após ser esfolado, foi decapitado”
André evangelizou na Etiópia e foi crucificado
Mateus pregou no Egito e na Etiópia, até que o rei o fez ser “atravessado com uma
lança”
Filipe ministrou na Grécia e foi “crucificado e apedrejado até a morte”
Tiago, irmão de Jesus, foi espancado até a morte por fariseus e saduceus
João, o apóstolo, foi exilado em Patmos e depois morreu de causas naturais
Como já foi dito, as perseguições não eram universais, mas locais; não era caça às
bruxas, mas vassouradas com leis e delações de vizinhos. A paz era “deus” no Império.
A perseguição inicial, e bem conhecida, estourou sob Nero. Em 64 dC, um tremendo
incêndio tomou conta da cidade de Roma. Muitas pessoas na cidade, provavelmente
certas, culparam Nero pela tragédia. O historiador romano Tácito escreveu sobre a
resposta do imperador aos rumores:
Para matar os rumores, Nero acusou e torturou algumas pessoas odiadas por suas
práticas consideradas más — o grupo popularmente chamado de “cristãos”. O fundador
dessa seita, Christus, havia sido morto pelo governador da Judéia, Pôncio Pilatos,
quando Tibério era imperador.
Tácito continua:
Primeiro, aqueles que confessaram ser cristãos foram presos e, com base em seu
testemunho, um grande número foi condenado, embora não tanto pelo fogo em si, mas
pelo ódio ao gênero humano. Antes de matar os cristãos, Nero se divertia. Alguns eram
vestidos de peles, para serem mortos por cães. Outros eram crucificados. Outros ainda
eram incendiados no início da noite, para que pudessem iluminar. Nero abriu seus
próprios jardins para esses shows.
Observe a acusação de Tácito de “ódio ao gênero humano”.
Nero parece ter perseguido os cristãos por três razões: 1seu desejo desesperado de
distrair a atenção do grande incêndio, 2hostilidade generalizada para com os cristãos
porque eles não adoravam os deuses romanos e 3a hostilidade dos judeus pelos
cristãos.
Outro fator, relacionado à acusação de Tácito: Muitos romanos consideravam os
cristãos ateus e anarquistas por se recusarem a adorar as divindades pagãs ou o
imperador. Tal obstinação cristã enfureceu os romanos. As divindades, eles pensavam,
trariam desastres naturais, secas e doenças em retribuição à grande parte da
população que se recusava a adorá-las. Tertuliano escreveu que sempre que um
desastre natural acontecia, fosse inundação ou seca, o clamor imediatamente se
elevava: “Os cristãos para os leões!”
Outros mal-entendidos da prática cristã provocavam acusações ainda mais violentas
contra eles. Por causa da conversa dos cristãos sobre “amor” e porque até maridos e
esposas se referiam um ao outro como “irmão” e “irmã”, crentes eram às vezes
acusados de incesto. Finalmente, a observância cristã da Ceia do Senhor deu origem a
inúmeras acusações de canibalismo.
Veja você que, desde o início, a crença e a prática cristã irritaram a cultura maior.
Deveria ser diferente hoje quando dizemos coisas tais como: Casamento é a união de
um homem e uma mulher por toda a vida… Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a
vida… ?
Quanto a Nero, rivais políticos o depuseram quatro anos depois, e o tirano desonrado
tirou a própria vida. Dois anos após a deposição e suicídio de Nero, em 70 dC, as
forças romanas, reprimindo mais uma rebelião judaica, destruiu o templo e Jerusalém.
Por mais trágico que tenha sido, como aponta o historiador cristão Mark Noll, a
destruição do templo em Jerusalém marcou um “ponto de virada” decisivo na história
da igreja. O cristianismo rompeu com o judaísmo para sempre, pois perdeu seus
últimos laços com o templo e com Jerusalém, emergindo como uma fé distinta.
Mas a perseguição voltaria. Em 98 dC, o imperador Trajano lançou uma campanha
contra a igreja que duraria quase duas décadas. Em uma correspondência reveladora
entre Plínio, o Jovem, governador da província de Bitínia, e Trajano, Plínio perguntou
se a mera menção ao nome “cristão” merecia punição, ou apenas as atividades
associadas a isto. Trajano respondeu que os cristãos deveriam ser punidos apenas se
recusassem renunciar à fé e não “adorar os nossos deuses”. Se o fizerem, devem ser
libertados. Uma das cartas de Plínio descreve essa prática:
Esse é o curso que adotei. Pergunto se são cristãos. Se admitirem, repito a pergunta
uma segunda e uma terceira vez, ameaçando-os com a pena de morte. Se eles
persistirem, eu os condeno à morte, pois sua obstinação inflexível certamente deve ser
punida. Cristãos que são cidadãos romanos, reservei que sejam enviados a Roma.
Deixei ir aqueles que estavam dispostos a amaldiçoar a Cristo, algo que, diz-se,
cristãos genuínos não podem ser persuadidos a fazer.
Alguns cristãos professos realmente chegaram a renunciar a fé em Cristo, e a igreja
sofreu por séculos com perguntas sobre como tratar apóstatas (ou os “desviados” que
mais tarde solicitavam readmissão na irmandade). Com efeito, esse foi um dos efeitos
duradouros dessas primeiras perseguições.
Outro período de relativa tranquilidade e crescimento veio de cerca de 125 dC até o
reinado de Marco Aurélio (161-180 dC), que desencadeou uma nova campanha de
perseguição. Muitos cristãos foram martirizados durante aqueles anos, incluindo líderes
de igrejas eminentes como Policarpo (que foi discípulo do apóstolo João).
Após essa temporada de provação, os cristãos desfrutaram outras duas décadas de
relativa paz, enquanto a fé continuava a crescer em todo o Império. Mas de 197 a
1212, mais perseguições eclodiram. Do linchamento em Alexandria, aos ataques da
máfia em Roma e às execuções judiciais em Cartago, os crentes foram severamente
provados.
A perseguição diminuiu até 235 e depois começou a crescer novamente. As condições
se tornaram muito severas em 250, quando o novo imperador Décio (249-251) assumiu
o trono, desejando restaurar Roma à sua glória anterior. Para promover a unidade
cívica, Décio determinou que todos os cidadãos se envolvessem em sacrifícios
públicos aos deuses romanos. Aqueles que obedeciam recebiam certificados, provando
que haviam realizado os ritos necessários. Foram encontrados certificados desse tipo
no Egito no século XX. Aqueles que recusavam eram considerados traidores e punidos
severamente. Alguns cristãos não faziam os sacrifícios e ainda adquiriram os
certificados de oficiais gananciosos e corruptos. Muitos apostataram e negaram a fé.
Outros fugiram para o exílio. Alguns crentes resistiram e foram executados. Mas a
Igreja ficou complacente e estava mal preparada para lidar com aquela perseguição.
Muitos dos que ainda professavam fé se dividiram e se voltaram um contra o outro em
disputas sobre qual fé era mais genuína e quem estava mais comprometido. Em 251,
um historiador escreveu que “em todo o mediterrâneo, o cristianismo estava
aparentemente em ruínas”. Isso deve nos advertir contra a “romantização” da
perseguição ou pensar que ela sempre fortalece e faz crescer a igreja. Sob Décio, a
perseguição quase conseguiu destruir a igreja.
Antes que pudesse continuar seu extermínio contra a igreja, Décio morreu em batalha,
e a perseguição diminuiu por alguns anos. Mas em 257, o imperador Valeriano iniciou
uma nova tentativa de acabar com a igreja. Ele deu instruções detalhadas para que
bispos, presbíteros e diáconos fossem punidos imediatamente com morte, enquanto os
senadores romanos e oficiais militares que fossem cristãos perdiam dignidade e
propriedade. E os funcionários públicos que eram cristãos deveriam ser feito escravos
e enviados em cadeias para trabalhar nas propriedades imperiais. Alguns acreditam
que essa perseguição foi mais duradoura e resultou em mais mortes do que qualquer
perseguição anterior.
Valeriano foi feito prisioneiro pelos persas em 260, e seu filho sucessor permitiu relativa
liberdade religiosa, que a igreja desfrutou pelos próximos 40 anos. Durante esse
período, a igreja cresceu muito, permeando todos os níveis da sociedade romana e se
espalhando pelo norte da África, Egito, Síria e Armênia. O cristianismo alcançou
tamanha proeminência no ano 300 que Frend escreve: “a questão se resumiu aos
termos com os quais a Igreja e o Império poderiam cooperar, e se um acordo seria
selado pacificamente ou após um último encontro sangrento” (Martírio e Perseguição
no Início da Igreja, p. 325).
Em 23 de fevereiro de 303, o imperador Diocleciano deu sua terrível resposta. Na
esperança de impor uma ordem uniforme ao império sobre costumes, forças armadas,
moeda e religião, ele emitiu um decreto destinado a pôr um fim à ameaça cristã à
unidade imperial. Inicialmente, os cristãos não foram mortos, apenas aprisionados ou
escravizados, e as igrejas foram destruídas e as Escrituras queimadas. Porém, no ano
seguinte, Diocleciano adoeceu e Galério assumiu o comando, ordenando que todos os
cristãos insubordinados fossem executados. O sangue escorreu livremente, pois muitos
cristãos sofreram o martírio durante esse período, conhecido como a “Grande
Perseguição”.
O Senhor preservou sua igreja, no entanto, e em 311 Galério se retratou. Ele admitiu
fracassar em extinguir o cristianismo porque muitos cristãos se recusaram a obedecê-lo
e permaneceram fiéis. Ele emitiu um decreto dizendo “deixem os cristãos existirem
mais uma vez e que reconstruam suas igrejas […] e que orem ao seu Deus pelo nosso
bem-estar, pelo do Estado e por si mesmos”. Mais importante, os cristãos, por sua
perseverança, boas-obras, amor, e seus números crescentes eram cada vez mais
tolerados pelas massas em todo o Império Romano.
Os dois anos seguintes provocaram surtos esporádicos de perseguição, até que
Constantino assumiu o poder em 313 e declarou uma política de tolerância ao
cristianismo em todo o império. Nos primeiros três séculos, a Igreja sobreviveu a
algumas das mais severas oposições imagináveis. Poderia agora sobreviver à
aceitação?
A CONVERSÃO DE CONSTANTINO
A fé cristã tinha ultrapassado diversos limites, se espalhado por todo o mundo e
chegado a classes altas, o que incomodava os imperadores a ponto de intensificar a
perseguição a todos os que professavam a fé no ensinamentos de Jesus Cristo, mas
isso muda no momento da conversão do imperador romano Constantino.
Constantino subiu ao poder após a morte do imperador Galério, para isso foi
necessário uma grande batalha, pois o poder ficou dividido entre Maxêncio que se
intitulou imperador; e Constantino, aclamado como imperador pelos soldados. Com a
vitória de Constantino veio também sua conversão.
A história relata que Constantino viu no céu uma cruz com a inscrição “In hoc signo
vinces” – “Com este sinal vencerás”, ele associou a cruz que viu ao símbolo da fé cristã
e com sua conversão acabou com a perseguição aos cristão.
O EDITO DE MILÃO
No ano de 313, Constantino publicou o edito de milão que trazia a liberdade tão
esperada pelos cristãos:
“Havemos por bem anular por completo todas as restrições contidas em decretos
anteriores, acerca dos cristãos – restrições odiosas e indignas de nossa clemência – e
de dar total liberdade aos que quiserem praticar a religião cristã”.
Com essa medida, iniciou a unificação do Estado com a igreja cristã. Constantino
trouxe para o seio do seu império a igreja primitiva que se tornou a Igreja Católica
Romana.
A IGREJA CATOLICA
Com a institucionalização da fé cristã, por Constantino, surge a igreja católica Romana,
e seu crescimento foi muito grande a ponto de ser, em diversos países da Europa, a
única religião aceita. E mais do que nunca a igreja e o Estado se viram unificados, a
igreja tinha voz ativa entre os monarcas e, na maioria das vezes, mais poderosa do que
a voz do próprio Rei.
A igreja católica se tornou uma instituição que ditava as regras morais, éticas e
costumeiras de todo um país e chegou ao seu ápice de poder quando passou de
perseguida a perseguidora com as inquisições (perseguição àqueles que iam contra as
doutrinas católicas, os conhecidos como Hereges). E com toda essa mudança no seio,
da que era a maior representante do cristianismo no mundo, surgiram algumas
ramificações lideradas por aqueles que discordam da postura da igreja romana.
IGREJA ORTODOXA
A disputa política entre o Império Romano do Ocidente e o do Oriente provocou a
primeira grande divisão do cristianismo. Em 1504, o patriarca de Constantinopla,
Miguel Cerulário, temendo que sua autoridade fosse considerada menor do que a do
Papa, declara-se independente de Roma. Ficaram, por isso, a ser denominados
ortodoxos os cristãos da Europa Oriental, que se mantiveram separados da Igreja
Católica Romana. As semelhanças entre as duas igrejas se dão em relação aos cultos,
entretanto a ortodoxa considera-se a verdadeira igreja de Jesus e não responde a
autoridade do Papa, além de possuir uma doutrina diferente, mais reta e mais rígida.
PROTESTANTISMO
Ramificação da igreja católica Romana, o protestantismo surgiu através do desejo de
Martinho Lutero, monge católico, por uma reforma naquilo que ele acreditava ir contra
as escrituras sagradas. Reforma Protestante é o nome dado ao movimento reformista
iniciado no século XVI com a divulgação das 95 teses, onde enumerava críticas
teológicas as autoridades eclesiásticas e suas práticas, além da desaprovação da
cobrança de indulgências pela salvação, na qual Lutero acreditava que seria
conquistada mediante a fé.
A intenção de Lutero era que a reforma viesse de cima para baixo, motivada pelo seu
alerta, mas ao contrário do que ele previa, sua proposta foi rejeitada e ele perseguido
pela instituição, mas uma vez que a reforma foi iniciada, não tinha como voltar atrás. A
proporção que a reforma tomou em toda Europa se deu não apenas por aspectos
teológicos, mas econômicos e políticos.
Muitos Reis queriam se desvincular do poder do Papa e o povo dos altos tributos
cobrados pela igreja. Depois de longo conflito e batalhas, e de ser excomungado da
igreja católica, Martinho Lutero conseguiu diminuir consideravelmente o poder
institucional católico, e assim iniciar as bases de sua igreja no qual seria a ramificação
para diversas outras igrejas conhecidas na atualidade.

Você também pode gostar