pouca segurança face aos dilemas politico-econômicos (não se pod de obietivação °.
Otrabalho que constitui aquela atividade prática
esquecer que é então que ele inicia o seu estudo de economia atiya éum trabalho unidimensional: reduz-se à dimenso da
política); jásurge aquela postura de crítica sistemática que semnre lucratividade, produção de valores de troca, mercadorias. E não só
vincará odiálogo marxiano com a tradição iniciada por Petty e Bois. roduz mercadorias em geral: produzindo-as, produz-se a si mesmo
guillebert, desenvolvida a partir da caracterização da economia poli. e ao produtor como mercadorias. Trata-se de uma forma histórica
tica como ciência de um mundo alienado108 11
do trabalho -otrabalhoalienado
O ponto de arranque de Marx éomais notável dos fenônmenes No trabalho alienado, o trabalhador não se realiza e não se
da sociedade contemporânea: o trabalhador tanto mais se empe. reconhece no seu próprio produto; inversamente, o que ocorreéque
brece quanto mais riquezas produz. O paradoxo coloca a contra a realização do trabalho, a produção, implica a sua perdição, a sua
dição: como pode a atividade prática - o trabalho do ser despossessão: o produto do trabalho se Ihe aparece como algo
genérico consciente l09 que éo homem conduzir não ao seu floresci
alheio, autônomo. Nisto consiste a matriz da alienação:
mento pessoal, ao despertar das suas potencialidades, mas, ao con
trário, àsuadegradação? Aresposta marxiana éclara: na sociedade "ooperário se encontra face ao produto do seu trabalho como
contemporânea, a realização da vida genérica do homem deixa de numa relação com um objeto autônomo"112
ser o objeto do seu trabalho; agora, esta atividade descentrou-se.
inverteu-se mesmo: éa vida genérica do homem que se torna um
instrumento para a consecução da sua sobrevivência fisica (orgâ Otrabalho alienado temn como corolário, para o trabalhador, una
nica, animal, natural). Nas condições desta sociedade, o trabalho, alienação dúplice:a do produto do trabalho (alienação do objeto) e a
portanto, não éa objetivação pela qual o ser genérico se realiza: é da própria atividade do trabalho (alienação de si) ". A sustentação
umaobjetivação que o perde, que oaniquila. O que Marx faz aqui é teórica do conceito de trabalho alienado, Marx a extrai da proprie
a fundamental distinção entre duas modalidades de atividade prá dade privada, da qual ele é, de fato, o recôndito segredo14. Mais
tica do ser genérico consciente: a atividade prática positiva, que é
manifestação de vida (Lebensäusserung), e a atividade prática nega
tiva, que éalienação de vida (Lebenstäusserung); fazendo-o, ele (110) Como diz Lukács: "a objetivação éuma espécie natural do domínio
distingue nitidamente -e contra Hegel - objetivação de alienação: humano do mundo, enquanto a alienação é uma variedade especial que se realiza
a objetivação é a forma necessária do ser genérico no mundo quando se dão determinadas condições sociais" (prefácio de 1967 a Historia y
enquanto ser prático e social, o homem só se mantém como tal pelas Consciencia de Clase, ed. cit., p. XXXIX). Ou ainda, na explicação de Dal Pra:
"a alienação se apresenta como un caso particular de objetivação, já que não pode
suas objetivações, pelo conjunto das suas ações, pela sua atividade existir trabalho sem objetivação, mas pode existir objetivação sem alienação" (Dal
prática, enfim;já a alienação éumaforma específica e condicionada Pra, M.: La Dialéctica en Marx, Barcelona, 1971, p. 149). Mais
exataAmente: para
Marx, 'a objetivação como tal pertence à essência do homem" (Marcuse, op. cit.,
p.68).
(111) Este conceito teve a sua estrutura caracterizada como "polemico
crítica"" (cfr. Della Volpe, G.: Rousseau y Marx, Barcelona, 1978, p. 130).
sociedade civil, estudando economia politica. Os Manuscritos de 1844, redigidos (112) Cr. Oeuvres/Economie, ed. cit., II, p. 58.
entre abril e agosto desse ano, registram, como um sismógrafo, os estímulos pole (113) Para Garaudy, o processo é ternário: a
micos que lhe desperta a leitura, entre outros, de Smith, Ricardo, Mill, Say, Sis balho, a alienação do ato do trabalho e a alienação daalienação do produto do tra
mondi e Skarbeck. R.:Karl Marx, Rio de Janeiro, p. 62 e ss.). Penso que a vida genérica (ctr. Garaudy,
alienação de si cobre os dois
(108) Noção que, a partir daí, permeará toda a obra de Marx (recorde-seo uiimos momentos assinalados por Garaudy, uma vez que, nos Manuscritos de l844,
subtítulo d'o Capita). Ao contrário de Proudhon, que acreditava necessária e Marx analisa na prática tão somente a relação abstrata do trabalhador
Ocapitalista singular"(Markus, G.:ATeoria do singular com
possivel uma '"reforma", um "aperfeiçoamento" da economia politica, Marx sempre de Janeiro, 1974, p. 34). Conhecimento no Jovem Marx, Rio
a visualizava como exigindo uma crítica'radical.
(109) O ser genérico consciente (Gattungswesen) se define como "um ser que (114) A propriedade privada, "de um lado, é o produto do trabalho alienado
se relaciona àespécie como àsua prÑpria natureza ou asi mesmo comoser genérico doutro, Omeio pelo qual o trabalho se aliena, éesta
(ctr.Oeuvres/Economie, ed. cit., iI, p. 63). Marx comparte aqui deauma antropolog1a Lconomie, ed. cit., II, p. 67). A categoria propriedadealienação realizada'" (Oeuvres/
de travo feuerbachiano, mas lhe introduz um elemento novo: "Vê realização do ser tao central na teoria da alienacão de MarX que um privada desempenha um papel
genérico no trabalho social e na transformação social da natureza" (Bedeschi, op. Presente em todas as formulacões marxianas sobreanalista insiste em que ela esta
o tema (cfr. Israel, op. cit.,
p. 346).
cit., p. 86).
56 57